1 A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO NO PROCESSO DE ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS NA VISÃO DE PROFESSORES DE ESCOLAS PÚBLICAS DE SERGIPE GT8 - Espaços Educativos, Currículo e Formação Docente (Saberes e Práticas) Hélio Magno Nascimento dos Santos 1 Antonio Hamilton dos Santos 2 Aline de Oliveira Santos3 Resumo. O presente trabalho foi desenvolvido no objetivo de verificar as concepções de professores da educação básica, de escolas públicas de Sergipe, sobre as contribuições para o exercício da prática pedagógica, proporcionadas pela utilização do Planejamento, no ensino das Ciências Naturais. A pesquisa foi realizada com 22 professores de escolas públicas municipais de Sergipe, utilizando-se de questionário (Anexo I) com questões abertas e fechadas. Que após analisadas, foram categorizadas, constatando-se que elaboração do Planejamento é uma etapa importante na execução da prática de ensino. Observou-se a partir das respostas dos educadores, que o planejamento às vezes é prejudicado pela falta de recursos didáticos e pelas deficiências de infra-estrutura das escolas. Também verificouse que dentre os métodos e estratégias de ensino mais utilizadas na elaboração do planejamento, se inserem as aulas expositivas com o uso do livro didático e a inserção de jogos lúdicos e vídeos. Palavras – chave: Escolas Públicas, Ciências Naturais, Planejamento. Abstract: This study was conducted in order to verify the concepts of basic education teachers in public schools in Sergipe, on contributions to the practice of teaching practice, resulting from the use of Planning, in the teaching of Natural Sciences. The survey was conducted with 22 teachers from public schools in Sergipe, using a questionnaire (Appendix I) with open and closed questions. That after analyzed were categorized, noting that the development planning is an important step in the implementation of teaching practice. It was observed from the responses of educators, that planning is sometimes hampered by lack of teaching resources and weaknesses in infrastructure of schools. Also it was found that among the methods and teaching strategies commonly used in the preparation of planning, fit into the lectures with the use of the textbook and the insertion of fun games and videos. Keywords: Public Schools, Natural Sciences, Engineering. ___________________________________________________________________ 1 Licenciado em Química / UFS; Especialista em Metodologias de Ensino para Educação Básica/UFS; Mestrando NPGECIMA/UFS; Bolsista de mestrado/CAPES; voluntário do Projeto Desempenho Escolar Inclusivo na Perspectiva Multidisciplinar do Observatório de Educação da CAPES/UFS. Email: [email protected] 2 Licenciado em Química / UFS, Especialista em Gestão e Educação / Faculdade Pio Décimo; Mestrando NPGECIMA/UFS, Professor da Educação Básica Secretaria de Estado da Educação Sergipe. Email: [email protected] 3 Mestranda em Ensino de Ciências e Matemática(NPGECIMA) na Universidade Federal de Sergipe. Graduação em Química Licenciatura pela Universidade Federal de Sergipe. Email: [email protected] 2 INTRODUÇÃO Considerando o processo de ensino como um conjunto de métodos e estratégias, organizadas e estruturadas pelos educadores a fim de transmitir os conteúdos científicos de determinadas disciplinas, buscando desenvolver nos alunos e alunas as habilidades necessárias a construção do conhecimento, é consenso entre alguns teóricos como Libaneo (1991) e Fusari (1998) que o planejamento se insere como etapa fundamental deste processo. Desta forma, mesmo que para alguns profissionais, discutir o planejamento de ensino se configure como um assunto ultrapassado, em razão das acomodações que a experiência em sala de aula lhes propicia, com o passar do tempo, diante da realidade atual em que os indivíduos estão inseridos, o ato de planejar as ações cotidianas é algo imprescindível para o desenvolvimento de um trabalho significativo. Sendo assim, a importância de um trabalho planejado no mundo globalizado, tem um novo sentido, já que a organização das tarefas mudou bastante, da forma como ocorria há 20 anos, conforme aponta Hernández (1998, p. 63) “[...] quando não existia a síndrome do excesso de informação, ou há 40, quando se pensava que as disciplinas se articulavam por regras estáveis, ou há 80, quando muitos campos disciplinares estavam em fase de definição”. Observa-se, portanto que o tempo altera a forma e a necessidade de se refazer os nossos planejamentos. O ato de planejar é parte da história do ser humano, pois, o desejo de transformar aspirações em realidade concreta é uma preocupação que acompanha boa parte das pessoas. Ao iniciar o dia, o homem pensa e distribui suas atividades de acordo com o seu tempo e com suas necessidades: o que tem que fazer, Como irá fazer, Para que fazer e com o que fazer. Por isso, nas ações mais simples do ser humano em seu cotidiano, quando o homem pensa de forma a compreender seus objetivos, ele está planejando, sem necessariamente registrar de forma técnica as ações que irá executar durante o dia. Assim, pode-se dizer que a ação de planejar, ou o planejamento, faz parte da vida. Aquele que não mais planeja, corre o risco de realizar as coisas de forma mecânica, alienada e, como consequência, sua ação não ter um sentido lógico. Portanto, a realização de uma ação significativa no campo pedagógico ou em outros setores da sociedade, exige de seus idealizadores a utilização de um prévio planejamento. Mas, afinal, para que se planeja? Segundo Gandin (2005, p. 17) “[...] a primeira coisa que nos vem à mente quando perguntamos sobre a finalidade do planejamento é a eficiência”, que segundo ele é “a execução perfeita de uma tarefa que se realiza”. 3 Então, pode-se dizer que quando se planeja independentemente do que está sendo planejado, busca-se o melhor resultado, pois, o objetivo principal deste ato, é alcançar a satisfação própria e também daqueles que irão usufruir da realização do trabalho posto em pratica. É por isso que Gandin (2005, p. 17) aponta que além da eficiência, “[...] o planejamento visa também à eficácia”. Partindo especificamente para o campo educacional, ao tratar do planejamento nesta área, diversos termos sobre este assunto são utilizados no cotidiano das instituições escolares, como o planejamento educacional, planejamento escolar, planejamento de ensino e planejamento curricular. Ha princípio, tem-se a impressão de que tais termos não estão relacionados com o ato de ensinar propriamente dito. Ficando o seguinte questionamento, existem diferenças entre esses termos? E antes disso, o que os teóricos falam sobre o termo planejamento? As idéias sobre planejamento são amplamente discutidas na atualidade, mas para por em prática, faz se necessário entender os conceitos atribuído a esse termo. Desta forma, é imprescindível não se deter a apenas um conceito, mas tentar dentre os diversos pensamentos expostos, equalizar uma definição que permita um entendimento global sobre este tema, assim os diversos conceitos expostos a seguir possuem algumas variações, mas colaboram significativamente para uma estruturação de idéias. Segundo Libâneo (1991, p.221) [...] O planejamento escolar é uma tarefa docente que inclui tanto a previsão das atividades didáticas em termos da sua organização e coordenação em face dos objetivos propostos, quanto a sua revisão e adequação no decorrer do processo de ensino. O planejamento é um meio para se programar as ações docentes, mas é também um momento de pesquisa e reflexão intimamente ligado à avaliação [...]. Já na concepção de Padilha (2001, p. 30) [...] Planejamento é processo de busca de equilíbrio entre meios e fins, entre recursos e objetivos, instituições, setores de trabalho, organizações grupais e outras atividades humanas. O ato de planejar é sempre processo de reflexão, de tomada de decisão sobre a ação; processo de previsão de necessidades e racionalização de emprego de meios (materiais) e recursos (humanos) disponíveis, visando à concretização de objetivos, em prazos determinados e etapas definidas, a partir dos resultados das avaliações. Percebe-se a partir desta ideia, que o ato do planejamento, apesar de se configurar como inicio de todas as etapas a serem realizadas, refletirá concretamente no resultado final. Logo, para que os educadores desenvolvam suas ações pedagógicas de forma que o processo 4 de ensino inclua os educandos, é necessário refletir sobre os diversos aspectos que intervém neste processo procurando se antecipar de forma estruturada das possíveis necessidades de seus alunos e alunas, sendo assim planejamento é o processo de estruturação e organização da ação aponta Lück (2002). Dessa forma, visando à necessidade de enfatizar a relação professor-aluno no processo de ensino, Fusari (1998, p. 46) define o “[...] planejamento como o processo que envolve a atuação concreta dos educadores no cotidiano de seu trabalho, relacionando todas as suas ações e situações, envolvendo a permanente interação entre os educadores e entre os próprios educando [...]”. No que se referem ao planejamento educacional, conforme Xavier (2000, p. 3435) [...] O planejamento da Educação, no Brasil, tem sido entendido tanto como numa acepção macro – em nível sistêmico, governamental, etc., quanto na acepção micro – em nível escolar ou mesmo de sala de aula. No primeiro caso, há duas vertentes principais. A primeira denomino aqui de governamental (envolvida diretamente com as políticas públicas em nível federal, estadual ou municipal). São várias as instituições (Conselhos de Educação, Secretarias, Ministérios, Planos de Governo) e são vários pesquisadores (Pedro Demo é um exemplo recente) que se ocupam em estudar, propor e divulgar planos (estratégicos, tácitos e operacionais) para dar conta dos problemas educacionais brasileiros. A segunda vertente micro denomino de acadêmica, não só pelos objetivos a que se dispõe, mas, também, pela estrutura do discurso que utiliza; Na acepção micro, vamos identificar também duas vertentes, mas com um recorte diferente do anterior; tratam-se de dois enfoques distintos: uma vertente tecnicista e outra que denomino de participativa ou crítica. Ambas se ocupam do planejamento e da avaliação focados na escola e na sala de aula. Portanto, é se faz necessário por parte dos educadores uma visão ampla sobre a importância de planejar sua prática, visto que, o processo não deve ser pautado apenas no sentido de atender as necessidades da sala de aula, e sim é preciso que os docentes estejam conscientes da amplitude de sua ação observando o planejamento a partir da organização e estruturação da escola e da comunidade a qual esteja inserido. Já o planejamento de ensino, é uma previsão bem feita do que será ministrado em classe, pois ajuda o aprendizado dos alunos e aprimora a prática pedagógica do professor. Desta maneira o planejamento deve conter várias intenções e objetivos, para que não se torne um ato simplesmente burocrático, como acontece em muitas escolas. A forma de se planejar não deve ser repetitiva, pelo contrário, na realização do planejamento devem ser considerados 5 diversos aspectos: alunos como indivíduos com características próprias, levar em consideração as concepções dos alunos e procurar entender os interesses da turma. Conforme Xavier (2000, p. 117) [...] Para considerar os conhecimentos dos alunos é necessário propor situações em que possam mostrar os seus conhecimentos, suas hipóteses durante as atividades implementadas, para que assim forneçam pistas para a continuidade do trabalho e para o planejamento das ações futuras. Por esta razão, nos últimos anos, a discussão a sobre maneira como se ensina tem se direcionado para a questão de como se aprende. A aprendizagem nos dias atuais é compreendida dentro de uma visão construtivista como um resultado do esforço de encontrar significado ao que se está aprendendo. E esse esforço é obtido através da construção do conhecimento, que acontece com a assimilação e acomodação dos conteúdos, que são relacionados com antigos conhecimentos que constantemente vão sendo reformulados e ou reestruturados na mente dos alunos e alunas. Desta forma, numa perspectiva construtivista, há de se levar em conta os conhecimentos prévios dos alunos, a aprendizagem a partir da necessidade, do conflito, da inquietação e do desequilíbrio, fatores estes abordados na teoria de Piaget. Logo, partindo de visões como a de Piaget, é que o professor, como mediador do processo de ensino aprendizagem, precisa se planejar definindo os objetivos e os rumos da ação pedagógica, responsabilizando-se pela qualidade do ensino. Sendo assim este trabalho configura-se como um instrumento importante na área da educação básica, pois, refletir sobre a importância do planejamento no processo de ensino e aprendizagem, é fundamental para que os educadores e demais profissionais que integram o sistema educacional reavaliem suas ações, no sentido de realizar um trabalho que contribua para o desenvolvimento dos alunos. Portanto o objetivo geral deste trabalho é descrever as concepções de 22 educadores da educação básica, a partir de suas experiências profissionais, sobre as contribuições para o exercício das ações pedagógicas proporcionadas pela utilização do planejamento de ensino, já que, em razão da sala de aula ser um ambiente dinâmico e imprevisível, considera-se como fator primordial para o sucesso prática de ensino, a organização e estruturação das atividades pautadas em um planejamento previamente elaborado e discutido no transcorrer do ano letivo. METODOLOGIA 6 O presente trabalho que tem por objetivo focalizar o processo de ensino de ciências e a relevância do planejamento neste processo, este é resultado de uma pesquisa de campo realizado a partir da aplicação de um questionário com 22 professores da educação básica, mais precisamente das series iniciais do ensino fundamental, sendo o principal tema abordado nas questões, à importância do planejamento na pratica pedagógica dos educadores especificamente durante as aulas de ciências naturais. O questionário (Anexo I) construido para realização da pesquisa era composto de 10 questões a abertas e fechadas. Os professores sujeitos da pesquisa atuam em escolas de redes municipais de Sergipe, visto que, de acordo com a nova lei de diretrizes e Bases da educação (LDB nº 9394/96) é prerrogativa dos municípios oferecerem o ensino básico das series iniciais do fundamental. Das dez questões respondidas pelos professores, seis eram fechadas, buscando a partir das informações obtidas pelas mesmas, verificar qual a formação inicial destes profissionais, a participação em processos de formação continuada como Especialização, Mestrado e Doutorado, pois, é consenso que há uma influencia positiva entre aqueles que buscam a formação continuada no desenvolvimento de suas ações pedagógicas. Estas questões também procuravam verificar a quantidade de vínculos e o tempo de exercício da profissão docente. As quatro questões restantes eram abertas, e procuravam analisar através da opinião dos professores, qual a relevância que o planejamento exerce na organização e efetivação das ações pedagógicas realizadas no cotidiano destes profissionais, já que, as questões visavam se inteirar de situações como a carga horária destinada à aplicação do planejamento nas aulas de ciências, a frequência com a qual se discutia o planejamento entre os educadores, as principais dificuldades encontradas para realizar o planejamento, e o as metodologias e estratégias usadas nas aulas. RESULTADOS E DISCUSSÕES Os resultados obtidos através dos questionários foram categorizados e estão apresentados na forma de gráficos, também são apresentadas discussões sobre as respostas dos educadores que possibilitam uma reflexão sobre o tema proposto no trabalho. A pesquisa nos mostra através da analise de seus resultados, que em relação ao tempo de exercício da profissão, os sujeitos investigados, possuem uma experiência considerável na área pedagógica, visto que, dos 22 profissionais, dezesseis exercem a profissão efetivamente a mais de quinze anos, sendo que, 18 deles possuem formação inicial 7 específica em pedagogia alem de terem buscado em processos de formação continuada se aprimorar na área da educação básica infantil. Desta forma ao se inteirar do tempo de experiência profissional dos investigados, é possibilitado uma avaliação dos argumentos destes profissionais de maneira mais precisa, pois, refletir sobre a importância que o ato de planejar exerce sobre o bom desenvolvimento da pratica docente, vai requerer relatos com base em vivencias que apenas educadores com significativo tempo de profissão pode oferecer. No gráfico 1 abaixo, é apresentado a visão dos professores sobre a relação entre os conteúdos e atividades propostas no planejamento de ensino de ciências e a carga horária disponível para efetivação desta ação, percebe-se a partir dos resultados mostrados no gráfico, que as opiniões se dividem, demonstrando visões distintas sobre a necessidade em se trabalhar os conteúdos científicos referentes as ciências naturais. Gráfico 1: Execução do planejamento com a atual carga horária de ciências no ensino fundamental 22 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Período Suficiente, conteúdo abordado superficialmente. Período Insuficiente para efetivação do planejamento. 40% 50% 10% Depende do conteúdo e da participação do aluno. Os resultados do gráfico acima expressam de forma categorizada, as respostas dos educadores, de acordo com o grau de importância que estes atribuíam à transmissão dos conteúdos de ciências organizados previamente no planejamento, onde se observa nas respectivas respostas que 40% dos educadores concordam com a carga horária atual, já que abordam os conteúdos de forma superficial, pois estes afirmaram que priorizam os conteúdos de português e matemática por entenderem que são mais importantes para vida do aluno. Para os demais professores, a carga horária é insuficiente ou depende do conteúdo especifico, neste caso, os docentes afirmaram em suas respostas que consideram o ensino de ciências relevante para a vida dos alunos e alunas, pois consideram os temas trabalhados nas ciências naturais, como meio de inserir na mente dos educandos a conscientização em relação 8 a diversos aspectos como cuidados com o corpo humano, preservação da natureza, respeito aos animais, o desperdício e poluição dos mananciais e muitos outros. Desta forma na concepção de 60% dos educadores, a atual carga horária é insuficiente, pois parte considerável dos assuntos não é trabalhada como deveria, o que iria permitir aos educandos já na infância uma reflexão maior sobre seu papel perante a sociedade a qual estão inseridos, e também sobre o meio ambiente. Portanto fica evidente nas respostas, que alguns educadores em face das deficiências de sua formação inicial ou ate mesmo, por carregarem consigo concepções errôneas anteriores a sua formação profissional, acabam direcionando suas ações pedagógicas de forma que seus alunos e alunas não percebam a importância dos conteúdos das ciências naturais em seu cotidiano, o que também irá influenciar de forma negativa na ação pedagógica dos professores em series posteriores do ensino fundamental e médio. No gráfico 2, o presente estudo vai tratar sobre a frequência com qual o planejamento é discutido entre os professores de mesma disciplina, lotados numa mesma escola ou num mesmo município, pois, considerando que a sala de aula é um ambiente dinâmico e imprevisível, não basta apenas ter um planejamento é interessante que ele seja flexível e discutido constantemente Gráfico 2: Frequencia com a qual é discutido o planejamento entre a equipe de professores 22 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Semanal Quinzenal Mensal Semestral 10% 40% 45% 5% Os resultados observados no gráfico 2, mostram que os educadores sujeitos da pesquisa, costumam discutir o planejamento do ensino de ciências com uma regularidade, visto que, mais de 80% deles afirmam discutir o planejamento entre quinze e trinta dias. Dessa forma, espera-se que a partir dos resultados destas discussões surjam ideias sobre novas metodologias a serem postas em pratica, o que contribuirá para uma reflexão sobre a própria ação pedagógica destes profissionais. 9 Portanto, a ação de planejar o processo de ensino, vai alem da escolha de um método e da organização de metodologias a serem postas em prática na sala, já que, é necessário um dialogo constante entre os educadores, no sentido de aperfeiçoar as ações, pois ao expor aos colegas de trabalho suas experiências da sala de aula e a forma como se utilizam de seu planejamento os docentes estarão estruturando significativamente o ato de ensinar. No gráfico 3, é apresentado as respostas dos docentes em relação as principais dificuldades encontradas para aplicação efetiva do planejamento durante o cotidiano de suas ações em sala. A partir dos resultados obtidos foram organizadas em categorias as diversas opiniões relatadas pelos educadores, o que resultou na análise de três situações citadas com maior frequência, possibilitando uma avaliação do processo de ensino de algumas escolas através de diferentes aspectos externos a sala de aula. Percebe-se através dos resultados, que o principal obstáculo encontrado pelos professores para aplicação efetiva do planejamento de ensino de ciências, esta na falta de recursos didáticos pedagógicos, material este que contribui para dinamizar o ensino. Gráfico 3: Dificuldades encontradas para efetivação do planejamento do ensino de ciências 22 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Recursos didáticos insuficientes Planejamento imposto pela direção sem a participação dos professores Falta apoio da equipe pedagógica 55% 32% 13% Por essa razão, muitos educadores passam a trabalhar os conteúdos de ciências superficialmente, causando o desestímulo dos alunos na busca deste conhecimento, e consequentemente tornando a ação pedagógica num ato de memorização, de forma que os alunos apenas se preocupem em memorizar os conceitos trabalhados em sala de aula para responder as avaliações, esquecendo posteriormente tudo àquilo que foi visto, pois os alunos não conseguem relacionar tais conceitos com situações de seu cotidiano. 10 Outro ponto preocupante observado nas respostas se dá em razão da falta de autonomia de alguns professores, que acabam recebendo um planejamento já pronto das secretarias de educação de seus respectivos municípios, o que implicará em um trabalho pedagógico pautado na visão de profissionais que estão fora da sala de aula, partindo de uma visão generalizada, já que estas pessoas não conhecem na maioria dos casos a clientela a ser trabalhada, e acaba construido um planejamento sem considerar as concepções prévias dos educandos. Ainda sobre as dificuldades encontradas para efetivação do planejamento em sala de aula, foi citada pelos educadores a falta de apoio da equipe pedagógica em algumas escolas, sendo que, a ausência deste apoio ocorre por vários motivos, pois, os professores alegam que em algumas escolas não contam com coordenadores pedagógicos, em outras escolas este profissional não comparece na instituição ou quando comparece não exerce de fato a função, muitas vezes por não saberem, já que estão no cargo por indicação política. Diante desta situação, onde algumas instituições de ensino básico ainda estão intrinsecamente atreladas a vinculações políticas, que não contribuem para o desenvolvimento dos educandos, devem-se fortalecer ainda mais o debate sobre a “Gestão Escolar Democrática”, pois, muitos dos problemas que hoje interferem significativamente no desenvolvimento do processo de ensino, seriam solucionados ou amenizados a partir da implantação da gestão democrática nas escolas. Portanto, percebe-se que idealizar um planejamento de ensino e colocá-lo em pratica, vai muito alem da vontade do professor, pois o processo educacional requer uma ação conjunta, em que os profissionais da educação que compõem as instituições de ensino, devem trabalhar em regime de cooperação. Alem disso, é importante que o professor tenha a sua disposição, os recursos didáticos necessários para abordagem de determinados conteúdos de ciências, que exigem por parte dos alunos uma visão abstrata. Desta forma, fica evidente que a construção do conhecimento científico, sobretudo no ensino de ciências, que muitas vezes é deixado em segundo plano, em razão de alguns educadores priorizarem os conteúdos de português e matemática, necessita de fato da construção de um planejamento, e posteriormente, que seja disponibilizado aos educadores as condições básicas necessárias a realização de ações pedagógicas que envolvam alunos e alunas, no sentido de mostrar aos discentes a importância das ciências naturais em suas vidas. No gráfico 4, o presente trabalho verificou quais os principais métodos e recursos didáticos, utilizados pelos professores na construção do planejamento para o ensino de 11 ciências, a análise das respostas obtidas possibilitou que fossem categorizadas em grupos, sendo posteriormente discutidas. Gráfico 4: Principais métodos e recursos didáticos usados no planejamento do ensino de ciências Aulas expositivas, Livro didático e jogos. 22 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Aulas expositivas, Textos e Videos 50% 36% 14% aulas expositivos com enfase interdisciplinar e contextuailização. Percebe-se através do gráfico acima, que dentre as metodologias e estratégias citadas na décima questão (Anexo I), pelas quais os educadores norteiam o exercício de sua prática docente, fica evidente que todos partem de aulas expositivas no sentido de atrair a atenção dos alunos e alunas na exposição dos conteúdos científicos, e consequentemente procurando construir o conhecimento. Observa-se também a forte influência que o livro didático, apesar da inserção das novas tecnologias, ainda exerce sobre os educadores, já que, 50 por cento dos profissionais sujeitos da pesquisa, admitem a utilização do livro como um dos principais recursos utilizados na sala de aula, sendo que esta influência ocorre por diversas razões, incluindo as deficiências da formação inicial, a falta de tempo para planejar as aulas, e ate mesmo em razão do comodismo, pois, muitos educadores exercem sua prática, com base nos anos de experiência, acreditando que não precisam buscar novos conhecimentos. Por esta razão, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB nº 9394/96) cita em um de seus artigos, que municípios, Estados e União devem oferecer a formação inicial, a formação continuada e a capacitação de seus educadores, proporcionando a estes profissionais uma frequente reflexão sobre a própria prática, algo que irá favorecer um ensino significativo aos discentes. A análise das respostas apresentadas no gráfico 4, nos permitem observar como os demais recursos didáticos disponibilizados pelas escolas são utilizados pelos educadores, onde percebeu-se que a utilização de vídeos e jogos lúdicos, vem se configurando como importantes ferramentas de auxilio para construção do conhecimento, visto que, tais recursos 12 são utilizados por mais de oitenta por cento dos professores pesquisados. É importante ressaltar também a utilização dos textos, recurso este que contribui não apenas para transmissão dos conteúdos de ciências, como no desenvolvimento do hábito da leitura. Apesar de serem citados numa proporção inferior, deve-se ressaltar a relevância que alguns educadores atribuem ao processo de ensino caracterizado pela interdisciplinaridade e contextualização, pois, ao envolver as diferentes disciplinas na transmissão dos conhecimentos, incluindo o contexto sócio-cultural e econômico dos educandos, os professores na condição de mediadores do ensino, contribuem para que os alunos possam assimilar os conteúdos trabalhados relacionando os mesmos com ações vivenciadas em seu cotidiano. Dessa forma, analisando as visões dos educadores através dos quatro gráficos, percebe-se que o planejamento do ensino das ciências, é imprescindível para o desenvolvimento do processo educacional, mas, é fundamental que os professores tenham a sua disposição os recursos básicos para efetivação deste planejamento, caso contrário o ato de planejar irá se configurar como ação burocrática do cotidiano dos educadores. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao pesquisar sobre as contribuições que o planejamento proporciona aos educadores, no exercício de sua prática pedagógica, percebe-se a importância que a pesquisa exerce no campo educacional, pois, a partir da observação e divulgação dos resultados obtidos nestes trabalhos, os educadores são estimulados a refletirem sobre suas ações, e consequentemente buscarem o aperfeiçoamento didático, no sentido de desenvolver uma prática em que os discentes construam o processo de ensino e aprendizagem com o professor. Desta forma, cabem a todos os profissionais que compõem o sistema educacional, auxiliar os educadores no desenvolvimento de um projeto de ensino, em que a construção do planejamento seja apenas a etapa inicial do trabalho a ser desenvolvido, sendo necessárias discussões posteriores, para que as ideias planejadas e organizadas no papel possam ser adaptadas no transcorrer do ano, no intuito de atender as carências de cada turma, já que, considerando as diversidades de cada grupo, nem sempre o planejamento pode ser aplicado da mesma forma em todas as salas de aulas. Portanto, ao verificar como os professores visualizam o desenvolvimento do trabalho pedagógico a partir da construção e aplicação efetiva do planejamento de ensino, observa-se que diversos fatores influenciam diretamente este processo, desde a formação inicial e continuada dos educadores, a estrutura física e os recursos didáticos disponibilizados 13 pelas escolas, alem da necessidade do engajamento das direções escolares e suas equipes pedagógicas, para que o planejamento possa de fato ser posto em pratica, contribuindo para que os educandos percebam a importância dos conteúdos abordados no ensino das ciências naturais em seu cotidiano. REFERENCIAS FUSARI, J. C. O Planejamento do Trabalho Pedagógico: Algumas. Indagações e Tentativas de Respostas. Série Ideias, n. 8. São. Paulo: FDE, 1998. p. 44-53. Disponível em: <www.cienciaemtela.nutes.ufrj.br/artigos/0208cassab.pdf>. Acesso: 23/08/2012. GANDIN, D. Planejamento como prática educativa. 10. ed. São Paulo: Loyola, 1999. HERNÁNDEZ, F. Transgressão e mudança na Educação: os projetos de trabalho. Porto Alegre: Artmed, 1998. LIBÂNEO, J. C. O planejamento escolar. LIBANEO, J. C. Didática. (Coleção Magistério 2º Grau Série Formação do Professor). São Paulo: Cortez, p. 221-247, 1991. ISNB. 85-2490298. LÜCK, H. Planejamento em orientação educacional. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 2002. PADILHA, R. P. Planejamento dialógico: como construir o projeto político-pedagógico da escola. São Paulo: Cortez; Instituto Paulo Freire, 2001. XAVIER, M. L. M.; ZEN, M. I. H. D. Planejamento em destaque: análises menos convencionais. Cadernos Educação Básica 5. Porto Alegre: Mediação, 2000. 14 ANEXO I QUESTIONÁRIO IDENTIFICAÇÃO. Pseudônimo: Sexo: ( )Masculino. ( )Feminino. Idade: _____ Município onde nasceu: __________________ Município onde mora: ______________ Município em que trabalha: _________________________ DESENVOLVIMENTO. 1. Qual sua área de formação? ( ) Química ( ) Física ( ) Biologia ( ) Pedagogia ( ) Normal superior ( ) Curso de formação em magistério (Ensino médio).Qual?____________ 2. Possui pós-graduação? ____________. ( ) Especialização (Lato-sensu) ( ) Mestrado ( ) Doutorado 3. Há quantos anos atua no magistério? ( ) 01 ano ( ) 02 a 3anos ( ) 04 a 5 anos ( ) Outros. Quantos?_________ 4. Com relação a sua situação profissional você é? ( ) Efetivo ( ) Contratado ( ) Outros. Qual?______________ 5. O senhor (a) possui quantos vínculos na função de professor? ( ) Apenas um ( ) Dois ( ) Três ( ) Outros. Qual?______________ 6. A carga horária de ciências no ensino fundamental é satisfatória, para realização das atividades propostas no planejamento? ( ) Sim. Porquê_________________________________________________________ ( ) Não. Porquê_________________________________________________________ ( ) Talvez. Porquê_______________________________________________________ 7. Com qual frequência o Senhor (a) discute o planejamento de ensino, com outros professores da área? ( ) Toda aula ( ) Toda Semana ( ) Uma vez no mês ( ) Uma vez no semestre ( ) Uma vez no ano ( ) Nunca discute ( ) outros. Qual?________________ 8. Existe alguma dificuldade para realização do planejamento de ensino? Qual? 9. O senhor (a) costuma participar de eventos (congressos, seminários, encontros, palestras) da área? Em caso afirmativo com qual frequência e que tipo de evento? 10. Quais metodologias e estratégias de ensino o senhor (a) utiliza no planejamento das suas aulas? Por quê? ( ) Aulas expositivas ( ) Experimentação ( ) Utilização de textos ( ) Contextualização ( ) Interdisciplinaridade ( ) Vídeo didático ( ) Jogos didático ( ) Seminário ( ) Outros. Qual?______