“Eu quero uma casa no campo...” “Além do horizonte existe um lugar Bonito e tranquilo pra gente se amar” Profa. Karla Faria ARCADISMO ARCADISMO- 1768 (NEOCLASSICISMO-SETECENTISMOESCOLA MINEIRA) Contexto e estilo: “ ARCADISMO origina-se da Arcádia grega, região do Olimpo, habitada por pastores e governada pelo Deus Pan. No final do século XVII a palavra Arcádia passou a ser utilizada para designar associações de poetas adeptos das regras clássicas e da poesia pastoril, a contar da fundação da primeira dessas agremiações: A ARACÁDIA ROMANA, centro dispersor do movimento para os outros países”; ALÉM DO HORIZONTE (ROBERTO E ERASMO) Além do horizonte deve ter Algum lugar bonito pra viver em paz Onde eu possa encontrar a natureza Alegria e felicidade com certeza Lá nesse lugar o amanhecer é lindo Com flores festejando mais um dia que vem vin do Onde a gente pode se deitar no campo Se amar na relva escutando o canto dos pássar os Aproveitar a tarde sem pensar na vida Andar despreocupado sem saber a hora de volt ar Bronzear o corpo todo sem censura Gozar a liberdade de uma vida sem frescura Mas se você não vem comigo nada disso tem va lor De que vale o paraíso sem o amor Se você não vem comigo tudo isso vai ficar No horizonte esperando por nós dois Além do horizonte existe um lugar Bonito e tranquilo Pra gente se amar Mas se você não vem comigo nada disso tem va lor De que vale o paraíso sem amor Se você não vem comigo tudo isso vai ficar No horizonte esperando por nós dois Além do horizonte existe um lugar Bonito e tranqüilo Pra gente se amar http://www.youtube.com/watch?v=12j2IE80Xxg &NR=1 O ARCADISMO Arcadismo ou Neoclassicismo são as denominações que recebem o movimento artístico do século XVIII; Caracteríza-se pelo estabelecimento do equilíbrio clássico, rompimento durante o período Barroco. Define-se como uma reação aos exageros verbais da arte Barroca, opondo-se aos rebuscamentos, à ornamentação exagerada, às sutilezas do barroquismo, uma volta à simplicidade e à clareza, orientadas no sentido da razão, da verdade e da natureza; O século XVIII é marcado pela superação dos conflitos espirituais da época anterior. A fé, a religião são substituídas pela razão e pela ciência. È o século das luzes( vindo de Portugal que seria afetado pelas idéias francesas); O século da luzes, ou seja, o Iluminismo, caracterizou-se pela confiança no poder da razão e na possibilidade de se reorganizar radicalmente a sociedade; A dúvida, o pessimismo, a negação do homem, a mortificação da carne, atitudes típicas do Barroco, são substituídas pelo Otimismo, pela crença no valor da Ciência como fator de transformação e progresso do homem, na certeza de que o exercício da Razão levaria ao conhecimento de todas as verdades; PANORAMA HISTÓRICO BRASILEIRO Forma-se neste período um grupo de escritores da região: Os poetas Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga. Estes participaram da Conjuração Mineira- circulação de manuscritos anônimos das Cartas Chilenas (sátira violenta contra os desmandos e prepotências da administração portuguesa no Brasil); A simplicidade natural da poesia árcade européia encontra, no Brasil, ambiente propício à exteriorização do sentimento do poeta: apego aos valores nacionais- o nativismo; O poeta encontra no tipo de vida em contato coma natureza o ideal: a vida pastoril, devido a isto utiliza pseudônimos; O fingimento poético- Uma vez que todos os poetas moravam nos centros urbanos, eram burgueses e neste centro estavam todos os seus interesses econômicos, há uma grande contradição- a realidade do progresso urbano e o mundo bucólico por eles idealizado (estado de espírito)- daí o fingimento poético; PANORAMA HISTÓRICO BRASILEIRO (APEGO AOS VALORES NACIONAIS) LIMITES CRONOLÓGICOS: INÍCIO: 1768- Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa; TÉRMINO: Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães, obra inaugural do Romantismo; A sociedade brasileira passa por grandes mudanças; Com a crise da lavoura açucareira e com a descoberta de minas de ouro e pedras preciosas, a economia do Brasil centraliza-se na região de Minas Gerais e no Rio de Janeiro, capital da colônia; Vila Rica- acontecimentos significativos: a mineração e a Inconfidência Mineira; ARCADISMO SÉCULO XVIII Equilíbrio; Influência clássica; Antropocentrismo; Racionalismo; Fugere urbem; Carpe diem; Aurea mediocritas; Influência iluminista; Bucolismo; Inconfidência mineira; Autores: Tomás Antônio Gonzaga e Claudio Manuel da Costa. CARACTERÍSTICAS DO ARCADISMO O Arcadismo é um movimento de reação ao exagero Barroco, que havia avançado um ponto de saturação. Racionalmente, influenciados pelas idéias iluministas francesas, os poetas buscam a retomada da simplicidade e resgatam alguns princípios da Antiguidade, por considerarem ser este o período da maior equilíbrio e pureza; Carpe Diem (aproveita o dia): Significa viver o presente, aproveitando-o ao extremo, visto que o tempo passa rapidamente; Inutilia Truncat (cortar o inútil): desejo de retirar dos textos tudo o que for excessivo, exagerado ou redundante; Fugere Urbem (fugir da cidade): princípio de valorização da natureza, visto como lugar de perfeição e pureza, em oposição à cidade, onde tudo é conflito; Lócus Amoenus (lugar aprazível):: consiste na idealização de lugares amenos, onde o poeta aclimatava os suaves idílios campestres, ou convidava sua musa ou pastora; Áurea Mediocritas (mediania ou equilíbrio de ouro): marcava-se pelo ideal de vida serena, sem grandes efeitos ou grandes conflitos; GÊNEROS E AUTORES O Arcadismo foi, no Brasil, um movimento eminentemente poético, desdobrando-se me três vertentes: POESIA LÍRICA: oscilando dos resíduos Barrocos às antecipações do Romantismo. Cláudio Manuel da Costa, Silva Alvarenga, Alvarenga Peixoto e Caldas Barbosa, em proporções variáveis dentro de suas obras, reproduzem aqui as formas e temas do Neoclassicismo europeu; POESIA ÉPICA: representada por Basílio da Gama e Santa Rita Durão, por meio de, respectivamente, URAGUAI e CARAMURU. Marca a introdução do Indianismo como tema literário, ganhando o índio papel de guerreiro em ação, tomado como personagem; POESIA SATÍRICA: refletindo a insatisfação com os desmandos dos prepostos da Coroa Portuguesa no Brasil, AS CARTAS CHILENAS, de Tomás Antônio Gonzaga, atestam o inconformismo dos habitantes da colônia em relação à administração portuguesa e aos seus agentes; AUTORES Cláudio Manuel da Costa (1729- 1789): Obra- OBRAS POÉTICAS (1768)- Reúne a produção lírica do poeta; VILA RICA: poema épico clássico, derivação imitativa de Os Lusíadas de Camões. A substância heróica e histórica é a descoberta das minas e a fundação de Vila Rica. Há uma antecipação do nativismo e indianismo; Usava como pseudônimo- GLAUCESTE SATÚRNIO; Influência de Camões( sonetos), e resíduos cultistas ( transição Barroco- Arcadismo); Dilaceramento interior provocado pelo contraste entre o rústico mineiro e a experiência intelectual e social na Europa; Platonismo amoroso. Nise é a musa mais freqüente. Temas: O amante infeliz e a tristeza da mudança das coisas em relação à permanência dos sentimentos; O contraste rústico e civilizado: POEMA- CLÁUDIO MANUEL DA COSTA “ Quem deixa o trato pastoril amado Pela ingrata, civil correspondência, Ou desconhece o resto da violência Que bom é ver nos campos transladado No gênio do pastor, o da inocência.” TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA ( 1744-1810) Obras- Lírica- Liras de Marília de Dirceu. Satírica- As Cartas Chilenas.( poema na qual um morador de Vila Rica ataca a corrupção do governador Luis da Cunha Menezes) Jurídica- Tratado de Direito Natural; Usava o pseudônimo DIRCEU; A imitação direta na natureza de Minas, e não a natureza reproduzida do bucolismo Greco- Romano ou Renascentista; O lirismo como expressão pessoal, construído em torno da produção artística de seu modo de ser e pensar, inspirado na estilização de sua alegria ou seu drama, decalcado no alicerce biográfico; MARÍLIA DE DIRCEU... “Eu, Marília, não sou algum vaqueiro, Que viva de guardar alheio gado; De tosco trato, d’ expressões grosseiro, Dos frios gelos, e dos sóis queimado. Tenho próprio casal, e nele assisto; Dá-me vinho, legume, fruta, azeite; Das brancas ovelhinhas tiro o leite, E mais as finas lãs, de que me visto. Graças, Marília bela, Graças à minha Estrela! Eu vi o meu semblante numa fonte, Dos anos inda não está cortado: Os pastores, que habitam este monte, Com tal destreza toco a sanfoninha, Que inveja até me tem o próprio Alceste: Ao som dela concerto a voz celeste; Nem canto letra, que não seja minha, Graças, Marília bela, Graças à minha Estrela!” POETAS LÍRICOS MENORES: Manuel Inácio Silva Alvarenga ( 1749- 1814)- Com seus rondós madrigais, envolvidos por intensa musicalidade, apresenta uma natureza decorativa; pode ser considerado precursor do Romantismo;- Usava como pseudônimo ALCINDO PALMIRENDO; Inácio José de Alvarenga Peixoto ( 1744- 1793): sua obra atrelava-se a clichês árcades; Fazia poesias encomiásticas e laudatórias, enaltecendo o despotismo do Marquês de Pombal; Atribui o lema da bandeira da Inconfidência: LIBERTAS, QUAE SERA TAMEM ( liberdade ainda que tardia); Domingos Caldas Barbosa ( 1740- 1800): Localizado como poeta popular por compor modinhas que deveriam ser acompanhadas por violas; Em sua obra encontra-se –lirismo, sensibilidade, tristeza nativa, sensualismo amoroso, cunho popular singelo e espontâneo A POESIA ÉPICA Basílio da Gama ( 1741- 1795): Obra: Epitalâmio às núpcias da Senhora Dona Maria Amália O Uraguai. Usou como pseudônimo TERMINDO SIPÍLIO; Dentro do Arcadismo soube fugir ao artificialismo da linguagem mitológica e aos lugares- comuns do bucolismo dominante; Com Uraguai faz menção a uma Literatura nacionalista ( índioLindóia- heroína); O URAGUAI “Para morrer a mísera Lindóia. Lá reclinada, como que dormia, Na branda relva e nas mimosas flores, Tinha a face na mão, e a mão no tronco De um fúnebre cipreste, que espalhava Melancólica sombra. Mais de perto Descobrem que se enrola no seu corpo Verde serpente, e lhe passeia, e cinge Pescoço e braços, e lhe lambe o seio. Fogem de a ver assim, sobressaltados, E param cheios de temor ao longe; E nem se atrevem a chamá-la, e temem Que desperte assustada, e irrite o monstro, E fuja, e apresse no fugir a morte.” SANTA RITA DURÃO (1722- 1784) Obra- Caramuru Durão faz menção ao estilo neocamoniano; Penetra na vida do índio com um intento analítico; Em Caramuru encontramos uma narrativa histórica do descobrimento e conquista da Bahia. O poema caracteríza-se pela exaltação das terras brasileiras, incorrendo o autor em descrições de paisagens lembrando a literatura informativa. Também observase uma visão analítica indígena http://www.energiasul.com.br/material/josiane /arcadismo.ppt CARAMURU “Choram na Bahia as ninfas belas Que nadando a Moema acompanhavam; E vendo sem dor navegam elas, À branca parai com furor tornavam: Nem pode o claro herói sem pena vê-las, Com tantas provas, que de amor lhe davam; Nem mais lhe lembre o nome de Moema Sem que ou amante a chore, ou grato gema.”