O que considerar com relação ao uso de contraste? Erika Gondim Gurgel Ramalho Lima Agosto 2014 Meios de Contraste Iodado 8 milhões de litros em 2003 no mundo 80 milhões/ano Intervenções ↑ 300% nos últimos 20 anos (EDUARDO et al., 2008; SUGAWARA, 2004) Meios de Contraste Iodado -Líquido viscoso, translúcido -Reduz a viscosidade a 37oC -Fotossensível -Via intra arterial ou intra venoso -Volume máximo: 5mL/kg ou 300mL -Procedimentos diagnósticos e terapêuticos Meios de Contraste Iodado Propriedades básicas - Ionicidade - Osmolalidade - Estrutura química - Viscosidade (EDUARDO et al., 2008, ROUSSEFF, 2010) Classificação dos Contrastes - Alta osmolalidade 600 a 2100 mOsm/Kg de água - Baixa osmolalidade 290 e 860mOsm/Kg de água - Isoosmolar 286mOsm/Kg de água (SUGAWARA, 2004; SANTOS et al.,2009; ROUSSEFF, 2010). Tipos de Contraste Nome químico Classe Osmolalidade (mOsm/Kg) Viscosidade (Cp,37C) • Diatrizoato de Meglumina (pielograf) Monômero iônico 1860 5,0 • Iohexol 350 (ominipaque) Monômero não iônico 844 5,8 • Ioxaglato 320 (hexabrix) Dímero iônico • Iodixanol 320 (visipaque) Dímero não iônico 600 290 6,3 11,4 (SUGAWARA, 2004; SANTOS et al.,2009; ROUSSEFF, 2010). Farmacocinética dos Meios de Contraste - Equilíbrio 2 horas após injeção - Não é metabolizado - Eliminado inalterado na urina por filtração glomerular - Não é reabsorvido nos túbulos - Meia vida 2 horas - 75% eliminado em 4 horas - 98% eliminado em 24 horas - IRC excreção prolongada (SANTOS et al.,2009) EFEITOS SISTEMA NERVOSO CENTRAL Barreira Hematoencefálica (BHE) - Protetor natural → impede passagem de substâncias do plasma para SNC - Efeito tóxico direto MCI → Aumento da permeabilidade - Difusão nos espaços ventriculares e alcança estruturas cerebrais → lesões cerebrais - Contrastes não iônicos são menos agressivos à BHE e menos tóxico às estruturas cerebrais (SUGAWARA, 2004) EFEITOS FUNÇÃO CARDIOVASCULAR Contratilidade cardíaca ↓ força em função da associação de íons cálcio com o MCI, levando a uma diminuição de íons cálcio disponíveis, levando a hipocalcemia relativa, e diminuição do débito cardíaco Sistema de condução Cargas elétricas do MCI alteram o equilíbrio elétrico, levando a arritmias. Mais freqüentemente a bradicardia. (SUGAWARA, 2004) EFEITOS FUNÇÃO CARDIOVASCULAR Alterações no ECG São mais observadas em coronariografias no momento da injeção, maior incidência na coronária direita, observando-se infra ST, inversão de T, prolongamento do intervalo PR, BAV. Ocorrem 5 a 10 segundos após a injeção e desaparecem com 60 segundos. (SUGAWARA, 2004) EFEITOS FUNÇÃO CARDIOVASCULAR Osmolalidade A hemoglobina carreia menos O₂, diminuindo a oferta de O₂. Na presença de doença coronariana pode ocorrer quadro anginoso. (SUGAWARA, 2004) EFEITOS FUNÇÃO CARDIOVASCULAR Vasodilatação periférica Alta osmolalidade leva a vasodilatação, diminuindo a pressão arterial e débito cardíaco. Nos pacientes com insuficiência coronariana pode ocorrer roubo de fluxo e quadro anginoso. (SUGAWARA, 2004) EFEITOS PAREDE DOS VASOS, PELE E TISSULAR Dor no leito vascular ( arteriografias e flebografias) MCI – osmolalidade > 1000 mOsmol/Kg - dor intensa MCI – osmolalidade 600 a 800 mOsmol/Kg - dor moderada MCI – osmolalidade < 500 mOsmol/Kg praticamente indolor (RIBEIRO, 2003) EFEITOS FUNÇÃO PULMONAR Alta osmolalidade - Broncoespasmo Incidência reduzida com não iônico - DPOC - ↑ 5x possibilidade de evento adverso (BIANCO, GRAZZIANO, COSTA,, 2004) EFEITOS FUNÇÃO GASTROINTESTINAL Náuseas e vômitos - Parar ou reduzir velocidade de infusão do contraste (RIBEIRO, 2003) EFEITO ANAFILACTÓIDE Hipersensibilidade - Imprevisíveis Independe da dose Mais comum com alta osmolalidade 5x risco nos alérgicos (RIBEIRO, 2003) EFEITOS FUNÇÃO RENAL -Insuficiência renal aguda (IRA) -Vasoconstricção renal reativa -Necrose tubular proximal (alta osmolalidade) (RIBEIRO, 2003) NIMC Nefropatia Induzida por Meio de Contraste - 3ª causa iatrogênica de IRA em pacientes hospitalizados - Definição: -Declínio agudo da função renal, 24-48 h após a administração -↑ relativo da creatinina sérica em 25% ou -↑ absoluto da creatinina sérica em 0,5mg/dL -Pico máximo da creatinina 3º ao 5º dia -7º ao 10º retorna aos níveis basais -Sumário de urina com células epiteliais e cilindros granulosos (INDA FILHO, 2004; ULTRAMARI et al., 2006; ROUSSEFF, 2010) Fatores de risco para NIMC -Insuficiência renal preexistente -Diabetes Mellitus -Volume do contraste administrado -Desidratação -Doença aterosclerótica -Insuficiência cardíaca congestiva -Uso concomitante de drogas nefrotóxicas -Uso de contrastes de alta osmolalidade -Idade (WAYBILL; WAYBILL, 2001) ARMAZENAMENTO MCI - Local escuro ( fotossensível ) - Longe de aparelhos de Rx ( radiação quebra as partículas de iodo ) - Temperatura ideal 15 – 25o C ( pode cristalizar em temperaturas baixas – inverno ) - Recipiente/cabine aquecido a 37o C por tempo que não exceda três meses (SUGAWARA, 2004) ARMAZENAMENTO MCI - Não utilizar frascos abertos por mais de 24 horas - Não pode ser reesterilizado frascos já abertos - Após aspirado não pode retornar ao frasco original - Verifique prazo de validade - Aquecer a 37o C reduz a viscosidade, melhora a fluidez e dilui mais rapidamente o efeito osmótico, reduzindo efeitos adversos (SUGAWARA, 2004) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • ANDRADE, L.; SEGURO, A. C. Revisão/Atualização em insuficiência renal aguda: nefrotoxicidade induzida pelo radiocontraste. J. Bras. Nefrol., v. 19, n. 2, p. 208-211, 1997. • BALHLMANN, J.; GIEBISCH, G.; OCHWADT, B. Micropuncture study of isolated perfused rat kidney. Am. J. Physiol., v. 212, p. 77-82, 1967. • BARTHOLOMEW, B. A.; HARJAI, K. J.; DUKKIPATI, S.; BOURA, J. A.; YERKEY, M.W.; GLAZIER, S.; GRINES, C. L.; O’NEILL, W. W. Impact of nephropathy after percutaneous coronary intervention and a method for risk stratification. Am. J. Cardiol., v. 93, p. 1515-1519, jun. 2004. • EDUARDO, J. C. C.; MACEDO, H. W.; CALDAS, M. L. R.; SILVA, L. E. Nefropatia induzida por contraste: avaliação da proteção pela n-acetilcisteína e alopurinol em rato uninefrectomizados. Radiol. Bras. v. 41, n. 3, p. 177-181, Mai/Jun. 2008. • FONTELES, M. C.; GANAPATHY, V.; PASHLEY, D. H.; LEIBACH, F. H. Dipeptide metabolism in the isolated perfused rat kidney. Life Sci., v. 33, n. 5, p. 431-436, aug.1983. • GRIVICICH, I.; REGNER, A.; DA ROCHA, A. B. Morte celular por apoptose. Rev. Bras. Cancerologia, v. 53, n. 3, p. 335-343, jan. 2007. • HENETIX iobitridol. Rio de Janeiro: Guerbet, 2009. Folder. • INDA FILHO, A. J.A. Nefropatia induzida por contraste: Podemos prevenir? J. Bras. Nefrol. v. 26, n. 2, p. 84-95, fev. 2004. • ISRAELS, L. G.; ISRAELS, E. D. Apoptosis. Steam Cells, n. 17, p. 306-313, 1999. • KOEPPEN, B. M.; STANTON, B. A. Transporte de solutes e água ao longo do néfron: Função tubular. In:______. Berne & Levy: Fisiologia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. p. 581-595. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • KOEPPEN, B. M.; STANTON, B. A. Homeostase de potássio, cálcio e fosfato. In:______. Berne & Levy: Fisiologia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. p. 621-637. • MACHADO, M. C.; CASTAGNA, M. T. V.; REIS, G.; MOTTA, M. S.; OLIVEIRA, J. V.; OLIVEIRA, A. L.; CAMPOS NETO, M. S. Nefropatia por radiocontraste: Tendências atuais. Rev. Bras. Cardiol. Invas. v. 11, n. 4, p. 27-30, 2003. • MCCULLOUGH, P. A; WOLYN, R.; ROCHER, L. L.; LEVIN, R. N.; O’NEILL, W. W. Acute renal failure after coronary intervention: incidence, risk factors, and relationship to mortality. Am. J. Med., v. 103, p. 368-375, nov. 1997. • NISHI ITSUTSUJI-UWO, J. W.; ROSS,B. D.; KREBS, H. A. Metabolic activities of the isolation perfused rat kidney. Biochem. J., v. 103, n. 3, p. 852-862, 1967. • PAROLIN, M. B.; REASON, I. J. M. Apoptose como mecanismo de lesão nas doenças hepatobiliares. Arq. Gastroenterol., v. 38, n. 2, p. 138-144, fev. 2001. • RIBEIRO, L. Avaliação da produção de óxido nítrico em cultura de células da Artéria renal de ratos expostas aos diferentes meios de contraste radiológico. 2003. Dissertação (Mestrado em ciências nefrológicas) – Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 2003. • RIHAL, C. S.; TEXTOR, S. C.; GRILL, D. E.; BERGER, P. B.; TING, H. H.; BESTE, P. J.; SINGH, M.; BELL, M. R.; BARSNESS, G. W.; MATHEW, V.; GARRATT, K. N.; HOLMES JR, D. R. Incidence and prognostic importance of acute renal failure after percutaneous coronary intervention. Circulation, v. 105, p. 2259-2264, apr. 2002. • ROMANO, G.; BRIGUORI, C.; QUINTAVALLE, C.; ZANCA, C.; RIVERA, N. V.; COLOMBO, A.; CONDORELLI, G. Contrast agents and renal cell apoptosis. European Heart Journal, v. 29, p. 2569-2576, may. 2008. • ROSS, B. D. The isolated perfused rat kidney. Clin. Sci. Mol. Med. Suppl., v. 55, n. 6, p. 513-521, 1978. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ROUSSEFF, P. Avaliação de risco para nefropatia induzida por contraste iodado após exames de imagem em hospital terciário. 2010. Dissertação (Mestrado em ciências clínicas) – Programa de pós-graduação de ciências aplicadas à saúde do adulto da faculdade de medicina, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2010. RUDNICK, M. R; TUMLIN, J. A. Pathogenesis, clinical features, and diagnosis of contrast-induced nephropathy. UpToDate, p. 01-12, jun. 2011. SANTOS, A. P.; GAIVÃO, A. M.; TAVARES, A.; FERREIRA, S. Produtos de contraste iodados. Acta. Med. Port., v. 22, p. 261-274, jan. 2009. SEELIGER, E., FLEMMING, B.; WRONSKI, T.; LADWIG, M.; ARAKELYAN, K.; GODES, M.; MOCKEL, M.; PERSSON, P. B. Viscosity of contrast media perturbs renal hemodynamics. J. Am. Soc. Nephrol. v. 18, p. 2912– 2920, jun. 2007. SUGAWARA, A. M.; DAROS, K. A. C. Manual de meio de contraste em Rx. São Paulo: Centro Universitário São Camilo, 2004. 102p. TELEBRIX ácido ioxitalâmico. Rio de Janeiro: Guerbet, 2009. Folder. ULTRAMARI, F. T.; BUENO, R. R. L.; CUNHA, C. L. P.; ANDRADE, P. M. P.; NERCOLINI, D. C.; TARASTCHUK, J. C. E.; FAIDIGA, A. M.; GUÉRIOS, E. E. Nefropatia induzida pelos meios de contraste radiológico após cateterismo cardíaco diagnóstico e terapêutico. Arq. Bras. Cardiol., v. 87, n. 3, p. 378-390, sep. 2006. Viscosidade. Disponível em:< http://pt.wikipedia.org/wiki/Viscosidade ˃. Acesso em: 16 out. 2011. WAYBILL, M. M.; WAYBILL, P. N. Contrast media-induced nephrotoxicity: identification of patients at risk and algorithms for prevention. J. Vasc. Interv. Radiol., v. 12, p. 3-9, 2001. OBRIGADA!!! [email protected]