Capacitação profissional, um desafio para toda a sociedade Muito se tem falado sobre a dificuldade de encontrar profissionais capacitados para o mercado de trabalho. Tenho lido matérias em que profissionais de Recursos Humanos dizem que estão tendo que diminuir seus pré- requisitos para conseguir recrutar profissionais para as organizações por não estarem conseguindo preencher as vagas. Primeiramente, é importante compreender por que estamos passando por esse processo no Brasil. Há várias razões que nos levaram a esse cenário. A primeira, e inegável, é a baixa qualidade da educação brasileira. Se ampliamos os números de estudantes nas escolas nos últimos anos,não o fizemos de forma sustentável e com qualidade. O ensino superior,por exemplo, deve apresentar um crescimento de 11% em número de alunos, em 2012,em relação ao ano passado, chegando a 6,1 milhões de estudantes no país, segundo estudo do Semesp, sindicato que reúne grupos privados de ensino superior do Estado de São Paulo. O levantamento mostra ainda uma forte evolução no número de matrículas entre 2000 e 2010, período em que o crescimento acumulado atingiu 103%. Além da qualidade do ensino nos mais diversos níveis, um segundo ponto a se considerar é o impacto causado pelas novas tecnologias da informação e comunicação no mundo do trabalho. Veja o exemplo de minha área de atuação, a logística e o marketing promocional. A atividade, que envolve o controle de diversos processos (recrutamento de mão de obra, treinamento, gestão de estoque, reposição de produto no ponto de venda, promoção para efetivação de vendas), está cada vez mais contando com o suporte de ferramentas tecnológicas que exigem habilidades operacionais. Nesse contexto, hoje, a tecnologia tem caráter obrigatório para o sucesso da atividade promocional e de tantas outras. São utilizados softwares para gestão de equipes, controle do fluxo de reposição de produtos, meios informatizados de precificação de itens nas gôndolas etc.Há, cada vez mais, novos e específicos softwares para o bom desenvolvimento das tarefas,, alguns criados pelas próprias empresas, a fim de atender necessidades particulares dos clientes dos mais distintos segmentos: medicamentos, alimentos etc. Assim sendo, é de se esperar que haja uma dificuldade maior de inserir e capacitar os profissionais para ocuparem as vagas nas organizações. Integrar a iniciativa privada com as necessidades de nossa sociedade contemporânea no campo do trabalho é imprescindível. Por isso, entendemos que a capacitação é também papel das organizações. Nesse sentido, desenvolvemos o Projeto Capacitar, que já acontece há quatro anos e que treina, gratuitamente, 300 profissionais por ano para atuarem em atividades promocionais. Entendemos que, assim, melhoramos a qualidade da mão de obra que opera em nosso segmento e ampliamos o reconhecimento,por parte de nossos clientes, parceiros, e dos próprios consumidores, no que concerne à seriedade e importância da atividade promocional. Para que haja um bom desempenho da indústria e do varejo, é fundamental que exista qualificação do funcionário que atua no marketing promocional. Dos 300 profissionais que formamos no ano passado, muitos foram aproveitados em nossa própria operação. Alguns são recrutados de imediato, para ações pontuais, outros passam a integrar equipes de atendimento contínuo de indústrias clientes, ou, ainda, tem seus currículos registrados em nossos bancos de dados para aproveitamento em oportunidades futuras, o que realmente acontece. Geramos, anualmente, um total 10 mil oportunidades de emprego no Brasil, entre efetivos e temporários. É importante lembrar que, ao fazermos parte de um segmento, temos compromisso com toda a cadeia que ele agrega, e mais, com toda a comunidade, com a sociedade em que está inserida. Ao investir em treinamento, melhora-se o desempenho do setor, decrescem os prazos produtivos, aumentam as motivações individuais, diminuem os acidentes trabalhistas e transtornos diversos. Isso vale para o marketing promocional, para a construção civil, para o segmento industrial, enfim,para qualquer campo de atividade. A qualificação da mão de obra é um dos grandes problemas que o Brasil terá que enfrentar para continuar crescendo. Nós estamos atentos e buscando colaborar para transpor esse gargalo. Jonathan Dagues é CEO do Work Able Group, diretor do Comitê de Trade Marketing da Associação de Marketing Promocional, AMPRO, e Coordenador de Promoção e Merchandising do Sindicato das Empresas de Prestação de Serviços a Terceiros, Colocação e Administração de Mão-de-Obra e de Trabalho Temporário no Estado de São Paulo, Sindeprestem.