Conselho Regional de Nutricionistas da 1ª. Região – CRN-1 Prêmio Científico Helena Feijó ESTRATÉGIAS DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL PARA PROMOÇÃO DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL E REDUÇÃO DO DESPERDÍCIO Brasília-DF 2015 Estratégias de educação alimentar e nutricional para promoção da alimentação saudável e redução do desperdício Trabalho apresentado ao VIII Prêmio Científico Helena Feijó, promovido pelo Conselho Regional de Nutricionistas da 1ª. Região – CRN-1. Brasília-DF 2015 RESUMO Este trabalho teve por objetivo inicial promover a alimentação saudável e sustentável de uma instituição filantrópica do Distrito Federal usando como ferramenta estratégias de educação nutricional. Em Instituições Educacionais, a conscientização sobre uma alimentação saudável bem como os prejuízos do desperdício de alimentos e os benefícios com a redução deste, proporcionam uma nova visão para as crianças que estão em constante observação e aprendizado. Com isso, ações educacionais e corretivas que promovam a criação dessa conscientização são altamente eficazes para o ideal comportamento com o alimento. O processo metodológico realizado foi composto por 09 etapas, a saber: i) Capacitação e conscientização dos funcionários da instituição (professores, monitores, serviços gerais, diretor, pessoal administrativo e psicólogo) antes no início do ano letivo; ii) Convocação dos pais para reunião inicial; iii) Avaliação antropométrica das crianças; iv) Elaboração de ações de educação nutricional para promover a alimentação saudável, o não desperdício de alimentos, respeito ao meio ambiente e ao próximo; v) Segunda capacitação e iniciação do projeto complementar: Banana, fonte de vida; vi) Ações de educação nutricional com as crianças acerca do tema: Banana fonte de vida (oficinas culinárias,teatro e atividades em sala de aula com auxilio das educadoras e professoras); vii) Incentivo ao não desperdício de alimentos nos refeitórios com um projeto complementar chamado: Desperdício Zero; viii) Promoção de uma feira de ciências cuja participação envolveu funcionários, alunos, pais e convidados; ix) Premiação com medalhas de honra ao mérito às crianças que participaram do projeto. A partir dos resultados obtidos constatou-se que foi possível por meio de estratégias de educação alimentar e nutricional trabalhar não somente com as crianças assistidas, mas também aos familiares e aos funcionários da instituição conceitos de uma alimentação saudável e sustentável além de desmitificar que alimentação para ser saudável deve ser algo difícil e de elevado valor financeiro. A conscientização da comunidade escolar sobre hábitos saudáveis e a oportunidade de incluir na dieta um alimento de baixo custo, de elevado valor nutricional e rico em amido resistente, torna o fruto um produto de grande potencial para consumo no âmbito escolar. Esta experiência mostrou o quanto o profissional nutricionista é capaz de disseminar o conhecimento e estabelecer nas pessoas um estilo de vida mais saudável trabalhando em equipe de forma interdisciplinar e multidisciplinar. Palavras-chave: Educação Nutricional, Sustentabilidade, desperdício zero 4 1 INTRODUÇÃO Existem diversas definições para Educação Alimentar e Nutricional (EAN). De acordo com Fagioli e Nasser (2006) a educação nutricional é “uma variedade de experiências planejadas, para facilitar a adoção voluntária de hábitos alimentares ou de qualquer comportamento relacionado à alimentação, que conduz à saúde e ao bem estar”. Já para Macedo e Costa (2004) a Educação Nutricional “dá ênfase ao processo de modificar e melhorar o hábito alimentar a médio e longo prazo; preocupa-se com as representações sobre o comer e a comida, com os conhecimentos, as atitudes e valores da alimentação para a saúde, buscando sempre a autonomia do individuo”. Independentemente da definição, a EAN tem sido fator determinante para a prevenção e controle das doenças crônicas não transmissíveis, redução das deficiências nutricionais, a criação de hábitos saudáveis, a redução do desperdício de alimentos e a promoção do consumo sustentável (RIGO et al, 2010). No contexto de Educação Nutricional, o ambiente escolar é considerado um excelente lugar para o desenvolvimento de ações direcionadas a promoção de saúde e qualidade de vida, isso porque na idade de pré-escolar, de 2 as 6 anos, o individuo esta passando pelo processo de maturação biológica. De acordo com Marin et al (2009), a formação correta hábitos alimentares na infância favorecem a uma boa saúde ao longo da vida. Outro motivo é a possibilidade de inclusão da comunidade social, familiar e escolar em todo o processo de formação e consolidação de hábitos (JUZWIAK et al, 2013). O Educar é um processo que valoriza as potencialidades do indivíduo favorecendo a descoberta e o desenvolvimento de suas habilidades individuais. Dessa forma, na escola é possível a utilização de técnicas lúdicas que permitam aproximação e interação dos alunos juntamente com os diferentes profissionais nela lotados, ou seja, a comunidade escolar. Entende-se por comunidade escolar, conforme resolução 380/05, “conjunto formado por alunos, pais ou responsáveis pelos alunos e pelos profissionais da educação em efetivo exercício das respectivas atividades no estabelecimento de ensino” O contexto desafiador da educação nutricional exige o desenvolvimento e a prática de abordagens educativas que permitam abraçar os problemas alimentares em sua complexidade, tanto na dimensão biológica como na social e cultural. As abordagens inter e transdisciplinares são opções que podem oferecer caminhos alternativos dentro da escola (BOOG, 2003). Juntamente com a educação nutricional, a promoção da alimentação saudável deve se basear em um ambiente onde as práticas e escolhas diárias sejam adequadas para cada individuo. O Guia Alimentar para a População Brasileira (Brasil, 2005) é o primeiro documento oficial que define as diretrizes alimentares para orientar escolhas mais saudáveis de alimentos pela população brasileira a partir de 2 anos de idade. O ato de comer já não é mais considerado apenas para atender as necessidades biológicas, mas é também fonte de prazer, socialização, e expressão cultural (Meloetal, 2012). Os atuais estilos de vida causam influências significativas na maneira alimentar da população, oferta de opções de alimentos e preparações alimentares, a influência do marketing, da tecnologia de alimentos e da mídia geram novos comportamentos em relação ao alimento. Portanto, promover uma alimentação 5 saudável em um ambiente escolar permite consolidar os novos hábitos que serão utilizados pelo restante da vida (BRASIL, 2012). Além de todo o respaldo sobre como a alimentação saudável deve ser compreendida, a Educação Nutricional também abrange áreas como o desperdício de alimentos e a redução do mesmo. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), cerca de 30% dos alimentos produzidos no Brasil são desperdiçados, seja nos supermercados, no momento da produção ou quando são rejeitados pelos consumidores. Em Instituições Educacionais, a conscientização sobre os prejuízos do desperdício de alimentos e os benefícios com a redução dele, proporcionam uma nova visão para as crianças que estão em constante observação e aprendizado. Com isso, ações educacionais e corretivas que promovam a criação dessa conscientização são altamente eficazes para o ideal comportamento com o alimento (ANDRADEet al, 2012). Com base na importância da Educação Alimentar e Nutricional, promoção da alimentação saudável e redução do desperdício de alimentos, o presente projeto abriga ações que foram desenvolvidas em um instituto educacional com crianças de 2 as 6 anos. Essas ações foram importantes, pois incentivaram a criação de hábitos saudáveis, a conscientização sobre o melhor tratamento do alimento no que concerne aos aspectos higiênicos sanitários, ambientais e culturais, como também a valorização do meio ambiente e não desperdício de alimentos, da promoção do convívio social. 6 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral Construir estratégias sobre a importância de uma alimentação saudável e sustentável 2.2 Objetivos específicos Capacitar todos os funcionários e crianças sobre os temas: alimentação saudável, sustentabilidade e redução de desperdício de alimentos. Diagnosticar o perfil antropométrico das crianças atendidas pela instituição antes e depois da intervenção nutricional. Avaliar periodicamente a taxa de desperdício de alimentos nas refeições ao longo do ano; Adaptar o cardápio da instituição conforme observação feita nos refeitórios acerca do desperdício. 3 MATERIAIS E MÉTODOS Trata-se de um projeto elaborado com o intuito de levar conhecimentos diversos acerca dos alimentos em toda sua complexidade, tanto na dimensão biológica, social, ambiental e cultural. O projeto iniciou-se no mês de fevereiro de 2014 e envolveram todos os funcionários da instituição, alunos de 2 a 6 anos e a família dos alunos. Para um melhor aproveitamento e entendimento do projeto ele foi dividido em etapas que foram executadas no decorrer do ano de 2014 com ações continuas e pontuais. As ações contínuas de conscientização foram feitas em murais e em sala de aula, enquanto as ações pontuais como palestras e/ou eventos relacionados à saúde obedeceram a um cronograma prévio de forma a não interferir as ações do calendário escolar. O projeto foi desenvolvido em 9 etapas: 3.1Etapa I: Capacitação e conscientização dos funcionários da instituição (professores, monitores, serviços gerais, diretor, pessoal administrativo e psicólogo) antes no início do ano letivo; Em fevereiro de 2014 foi feita uma palestra antes de iniciar o ano letivo com os educadores e demais funcionários do Instituto. O objetivo desta capacitação foi levar informação sobre os seguintes temas: o que é nutrição, sua importância em todas as fases da vida com ênfase na infância, comportamento alimentar nos refeitórios, aspectos higiênicos sanitários do manipulador de alimentos, aspectos psicopedagógicos do alimentar-se, o incentivo à autonomia da criança, a redução do desperdício de alimentos e incentivo á alimentação saudável. Foi explanado neste momento quais seriam as etapas seguintes do projeto “Nutrição muito além do refeitório” a serem executadas no ano letivo de 2014. 3.2 Etapa II: Convocação dos pais para reunião inicial Ao início do ano letivo convocaram-se os pais dos alunos para uma reunião com o objetivo de informar sobre o projeto. Os pais foram informados sobre os serviços oferecidos na instituição, normas e condutas a serem adotadas de forma a estimular o conhecimento adquirido na escola também dentro de casa. Dentre as 7 orientações dadas aos pais estavam: Olhar a agenda dos filhos, pois seriam enviadas receitas, orientações sobre a alimentação ou convocações após a avaliação antropométrica. Os pais neste momento também foram orientados sobre boa conservação dos alimentos, doenças transmitidas por falta de higiene assim como a oferecer uma boa alimentação em casa. 3.3 Etapa III: Avaliação antropométrica de todas as crianças (n=170) As medições antropométricas foram realizadas por nutricionista e estagiários de nutrição, segundo a proposta de Lohmanet al,1988. As medições foram realizadas aceitando-se a variação máxima de 1cm para altura e 10g para peso. Para a aferição de altura foi utilizado uma fita métrica, marca Avanutri, com 150 cm de comprimento. Para aferição de peso utilizou-se balança de bioimpedância da marca Avanutri, com capacidade para 150 kg. Todas as aferições foram realizadas em triplicata, seguidos de uma média dos valores colhidos. O diagnóstico nutricional foi calculado utilizando-se o software Anthro e Antro plus da WHO. 3.4 Etapa IV: Elaboração de ações de educação nutricional para promover a alimentação saudável, o não desperdício de alimentos, respeito ao meio ambiente e ao próximo Uma vez por mês as crianças recebiam em sala de aula ou dentro dos refeitórios palestras lúdicas ou oficinas elaboradas pela nutricionista e estagiários de nutrição de forma a ajudá-las a entender melhor sobre alimentação saudável e não desperdício de alimentos. Dentre as atividades desenvolvidas inclui-se: boas maneiras com a turma da Monica (vídeo), higiene das mãos (música e prática de como lavar as mãos), conhecendo os alimentos de acordo com as cores primárias (as crianças lavaram frutas e hortaliças e depois degustaram), teatro sobre a importância de uma boa alimentação e higiene dos alimentos, teatro com o tema desperdício zero, oficinas culinárias saudáveis (brigadeiro de cenoura, cupcake de beterraba, bolo de feijão, cookies e sucos) e higiene bucal. 3.5 Etapa V: Segunda capacitação e iniciação do projeto complementar: Banana, fonte de vida. Houve uma segunda capacitação com as professoras e educadoras acerca da biomassa de banana verde. Esse alimento foi escolhido por ser de fácil acesso, baixo custo e boa aceitação. Além de incorporar os conceitos almejados (comportamento social, higiene pessoal, higiene dos alimentos, alimentação saudável e sustentabilidade). Esse projeto complementar foi chamado de: “Banana fonte de vida”, nome sugerido pelos professores. Nesta capacitação foi mostrado como fazer a biomassa de banana verde e quais seus benefícios. Foi aberto um debate e sanadas todas as dúvidas dos professores de como prepará-la, conservála e usa-la em preparações do dia a dia para que elas levassem a informação para as crianças de forma lúdica, divertida e prática. As professoras foram multiplicadoras do conhecimento. Alunos de 2 a 6 anos foram orientados a desenvolver atividades com a temática. Vale ressaltar que todas as turmas sabiam explicar da colheita à preparação da biomassa de banana verde de forma que os conceitos almejados fossem trabalhados conforme citado acima. Para melhor entendimento das crianças, 8 as professoras usaram roda de conversa, confecção de brinquedos com materiais reciclados, pesquisas sobre o tema, murais e cartazes, massinha caseira para fazer o processo de produção da biomassa de banana verde da colheita ao preparo da biomassa, criaram músicas com o tema e preparações culinárias com experimentação e degustação de novos alimentos. 3.6 Etapa VI: Ações de educação nutricional com as crianças acerca do tema: Banana fonte de vida (oficinas culinárias,teatro e atividades em sala de aula com auxilio das educadoras e professoras). Para capacitar as crianças foram executadas oficinas começando da colheita da banana verde na horta da creche. Neste momento foi explicada a importância de preservar o meio ambiente, cuidar bem das plantas, e de si mesmo para termos alimentos pra vida toda. Depois de colher as bananas as crianças levaram as bananas para o refeitório onde foram lavadas uma a uma com água corrente e detergente neutro, cozidas sob panela de pressão por dez minutos, descascadas e, posteriormente, as polpas foram homogeneizadas em processador de alimentos doméstico previamente higienizado por cinco minutos sem adição de água conforme esquema a seguir: Figura 1: Preparo da biomassa de banana verde As crianças puderam experimentar o purê, para na etapa seguinte elaborar uma receita com a biomassa de banana verde. As turmas foram divididas de forma que cada turma desenvolvesse uma atividade com o tema conforme a faixa etária, respeitando as habilidades cognitivas dos alunos. Abaixo alguns exemplos das atividades executadas: Maternal I (2 anos): Foram elaborados dois murais, sendo um com o tema bananal usando colagem e outro com o preparo da biomassa. Além disso, fizeram a elaboração da biomassa de banana verde em formato de mural e cookies usando a biomassa de banana verde. Maternal IIA e IIB (3 anos): A turma criou uma música e fizeram um suco usando a biomassa de banana verde. O suco foi chamado de "suco da beleza" – composto por laranja, beterraba e biomassa. Todas as crianças participaram de uma oficina culinária para aprender a fazer o suco e 9 experimentá-lo. Todas levaram para casa a receita do suco e foram incentivadas a pedir os pais que replicassem a receita em casa. 1º Período I e II (4 anos): Preparação do bolo de feijão – composto por feijão preto e biomassa.As crianças tiveram uma oficina de culinária ensinando a preparar o bolo de feijão com biomassa e experimentaram. Esta receita foi escolhida pelo seu valor nutritivo, fácil preparo, baixo custo e pelo reaproveitamento dos alimentos (usa feijão preto cozido sem tempero, farinha de rosca, farinha de trigo, água, ovos, fermento e açúcar) além de não conter lactose. 2º Período I (05 anos): Confecção de uma maquete que representou o processo de colheita, higienização, preparação da biomassa e elaboração do bolo de banana com aveia. 2º Período II (56 anos): A turma juntou todo conhecimento para montar uma bandeja com a demonstração do uso da biomassa e confecção de um livro sobre alimentação saudável. 1o Passo do projeto com a turma do 2º Período (conhecimentos prévios) No primeiro dia do projeto “banana, fonte de vida” com subtema “alimentação saudável”, foi verificado os conhecimentos prévios dos alunos por meio de uma roda de conversa informal sobre o tema designado para essa turma trabalhar em sala. Neste momento as crianças foram incentivadas a expressarem suas ideias e opiniões sobre a temática. Após o momento da construção de ideias, formaram-se grupos para realização de um trabalho de pesquisa com recorte e colagem de alimentos saudáveis e não saudáveis para a construção de cartazes coletivos. Na montagem dos cartazes pôde-se perceber que alguns eram desconhecidos por algumas crianças, como sendo nocivos à saúde. Por exemplo: caixa de suco está colada no cartaz de alimentos saudáveis. 2oPasso do projeto com a turma do 2º Período (entendimento sobre o que é uma alimentação saudável) Objetivos do 2o Passo do projeto com a turma do 2º Período Ampliar paulatinamente o interesse pela alimentação saudável; Compreender o que é alimentação saudável e sua importância para a saúde Identificar as preferências alimentares dos alunos. Incentivar os bons hábitos alimentares; Metodologia do 2o Passo do projeto com a turma do 2º Período Após, verificar os conhecimentos prévios dos alunos acerca da temática (Banana, fonte de vida e alimentação saudável), partiu-se para o momento de construção do conhecimento. Iniciada com a roda de conversa, para falar da importância da alimentação saudável e benefícios para a saúde, no intuito de proporcionar a reflexão e construção paulatina dos hábitos alimentares; Cada 10 criança, após orientada sobre a alimentação saudável, montou seu prato de acordo com suas preferências. Nesta atividade, as crianças aprenderam de forma lúdica como se monta um prato com fontes de: Proteína animal (carne bovina ou suína, peixe, frango, ovo), proteína vegetal (feijão, ervilha, soja, grão de bico), Carboidratos (arroz, macarrão) e Vegetais e Hortaliças. Os alunos também expressaram suas preferências alimentares. Tais atividades foram desenvolvidas durante uma semana, com o trabalho de pesquisa em revistas, vídeos, músicas, recortes, colagens e montagens. O resultado da pesquisa ficou assim no final da semana. 3o Passo do projeto com a turma do 2º Período - Aprendendo sobre a banana e a bananeira Objetivos do 3o Passo do projeto com a turma do 2º Período Conhecer algumas curiosidades sobre a banana e a bananeira; Iniciar a montagem do livro coletivo sobre as curiosidades da banana e da bananeira; Dar a oportunidade de conhecer a árvore que produz as bananas: bananeira Conhecer a cor e a textura da banana verde Metodologia do 3o Passo do projeto com a turma do 2º Período Nesta etapa, inicia-se o processo de conhecimento das crianças sobre a banana e a bananeira, pois considera-se fundamental, conhecer o alimento que foi o protagonista do projeto (banana verde). Inicialmente, as crianças foram conduzidas à área externa da escola para terem contato com a bananeira, onde foi possível, tocarem e observarem suas características, como também expressarem suas ideias, instigando a curiosidade. 4oPasso do projeto com a turma do 2º Período - Conhecendo a Biomassa Objetivos do 4o Passo do projeto com a turma do 2º Período Compreender o conceito de Biomassa; Confeccionar fantoches de banana verde; Preparar a receita da biomassa; Instigar a curiosidade acerca da temática (biomassa) Compreender passo a passo o processo de preparação da biomassa; Confeccionar brinquedos temáticoscom material reciclado, Participar da roda de conversa e das atividades com os estagiários; Metodologia do 4o Passo do projeto com a turma do 2º Período Inicialmente falou-se informalmente sobre que é biomassa e como poderia ser inserida na alimentação e deixar as refeições mais saudáveis. Contou-se com o apoio dos estagiários de nutrição que realizaram apresentações em sala, abordando o conceito,dando ênfase nos benefícios a saúde, uso na culinária e a quantidade de porções diárias a ser consumida. Foram respondidas questões como: o que 11 sabemos/ queremos saber; e porquê, como e quantas vezes é inserida nas refeições da escola?. Após esta etapa o projeto continuou e os alunos ficaram curiosos e instigados com o assunto. Nesta etapa, para que assimilassem bem a temática, foram propostas, atividades lúdicas, como a montagem de uma música, confecção de dedoches para encenarem, jogos de quebra cabeça e bonecos feito de material reciclável. 5º Passo com a turma do 2º Período Nesta etapa a família também foi inserida no projeto Objetivo do 5o Passo do projeto com a turma do 2º Período Integrar a família no projeto banana fonte de vida o Metodologia do 5 Passo do projeto com a turma do 2º Período As nutricionistas da escola juntamente com os estagiários de nutrição realizaram uma palestra para os familiares e toda a comunidade escolar. 3.7 Etapa VII:Incentivo ao não desperdício de alimentos nos refeitórios com um projeto complementar chamado: Desperdício Zero O primeiro passo foi pesar os restos dos alimentos que sobravam nos pratos das crianças. Depois de pesado por dois meses foi calculada uma média de desperdício por refeitórios e por turma. Com o intuito de promover o não desperdício dos alimentos foi elaborado um teatro com a temática e apresentado para as crianças e educadoras. Após a apresentação do teatro foram fixados murais nos refeitórios e as crianças e educadoras foram incentivadas a não desperdiçar alimentos, ou seja colocar porções menores no prato e repetir quando quisessem. Os valores de restos foram anotados nos murais. Quando a turma desperdiçava abaixo de 200g recebiam uma carinha feliz e parabéns da nutricionista, das educadoras e dos estagiários de nutrição. Acima de 200g era colocado no mural uma carinha triste e as crianças questionadas sobre o motivo de terem deixado tanta comida no prato. Quando observado que o desperdício era constante com determinadas preparações, as mesmas foram modificadas de forma a diminuir o desperdício durante a execução do projeto, o qual foi executado até dezembro de 2014. 3.8 Etapa VIII: Promoção de uma feira de ciências cuja participação envolveu funcionários, alunos, pais e convidados. Para incentivar e motivar as crianças foi realizada uma feira de ciências dentro da instituição. Os pais e toda a comunidade escolar foram convidados a prestigiar os trabalhos dos alunos. Cada turma montou sua exposição. Convidamos alguns professores de nutrição para avaliar as crianças segundo critérios préestabelecidos como o grau de participação, criatividade e envolvimento nas atividades conforme os eixos solicitados: alimentação saudável e sustentabilidade. 12 3.9 Etapa IX:Premiação das crianças que participaram do projeto. Ao término da feira de ciências as crianças foram levadas ao pátio da escola e ansiosas por saber quem havia ganhado a competição, foram surpreendidas com medalhas individuais de honra ao mérito a todos os alunos. No encerramento do projeto complementar banana fonte de vida, além das medalhas foi servido um lanche com todas as preparações feitas pelas turmas com a biomassa de banana verde, assim todos puderam degustar todas as preparações. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na vigência do projeto observou-se muitos resultados positivos, dentre os quais se pode destacar: Houve adesão e comprometimento de toda a equipe (42 pessoas) durante a execução do projeto o que fez com que tivéssemos êxito e sucesso alcançados; Uma das dificuldades que se encontra em creches e escolas, em geral, é a efetiva participação dos pais no processo educativo. No referido projeto houve uma participação em torno de 60%no que se refere a reunião para informar e iniciar o projeto. O andamento do projeto sem adesão dos pais não faria sentindo uma vez que as ações de educação nutricional e atividades educativas visam transformar a criança em um multiplicador do conhecimento levando-os a inserir os conhecimentos adquiridos no âmbito familiar A segunda avaliação antropométrica realizada em setembro/outubro de 2014 (83% eutrofia, 1,3% magreza acentuada, 1,95% magreza, 3,9% risco de sobrepeso, 9,75% sobrepeso) não era um objetivo direto do projeto, porém, por fazer parte da rotina da instituição, corroborou para a iniciativa do projeto de educação nutricional após observação dos percentuais obtidos com crianças em risco nutricional. Por meio do projeto foi possível promover a interação das crianças e dos educadores do ponto de vista social e cultural, assim como o incentivo a mudança de hábitos não saudáveis para práticas mais saudáveis, redução do desperdício de alimentos e respeito ao meio ambiente com foco na sustentabilidade. Estes conceitos foram trabalhados em toda a instituição.. Alguns conceitos foram trabalhados concomitantes ao projeto com medidas simples como fechar a torneira ao escovar os dentes, não demorar no banho, reutilização da água de higienização dos alimentos para higienização do piso, lixeiras separadas para lixo seco e lixo orgânico e uso racional das lâmpadas nos ambientes onde não há iluminação natural. O treinamento realizado para capacitação dos educadores (professores) sobre a banana verde, preparação da biomassa e possíveis receitas, trouxe uma conscientização sobre a importância deste alimento bem como dos benefícios da biomassa para a saúde da sociedade. Esta etapa foi primordial, pois após entendimento houve também engajamento e o projeto ganhou força. Destaca-se que um projeto como esse só é viável e possível quando as ações prévias de nutrição já acontecem e os conhecimentos são somados, uma vez que se junta as habilidades de nutrição e as habilidades de pedagogia. Após a capacitação das educadoras, com auxílio das mesmas, foram traçadas estratégias de atividades educativas e distribuídas de forma a respeitar a habilidade cognitiva de acordo com a faixa etária (02 anos a 05anos). As turmas 13 realizaram as várias atividades com muito entusiasmo. Cada turma desenvolveu uma receita saudável que deveria conter a biomassa de banana verde, além de brinquedos utilizando materiais reciclados relacionados ao tema: 1. Maternal I (2anos): fizeram receita de cookies saudáveis, além de um mural ensinando a preparar a biomassa de banana verde (montagem de um bananal); O cookie foi escolhido para esta turma por estar vinculado ao ensino pedagógico que estava sendo abordado em sala as, no caso, forma geométricas.Outro objetivo foi o de estimular a coordenação motora e autonomia das crianças. 2. Maternais A e B (3 anos): fizeram suco verde (couve com laranja) e suco da "beleza (beterraba com laranja) além de reproduzir com caixas de papelão o liquidificador e os alimentos usados para fazer os sucos. As crianças também criaram uma paródia ensinando a fazer o sucos. Neste contexto os sucos foram escolhidos por conter a cor verde, as crianças tendem a rejeitar os folhosos nas refeições. Trabalhar de forma lúdica com os alimentos associando as cores primárias por exemplo, podemos "quebrar" um pouco a resistência com as preparações verdes. O outro suco de beterraba com laranja chamado carinhosamente de suco da beleza, já havia sido trabalhado em outras aulas de educação nutricional e tinha boa aceitação pelas crianças, apenas foi adicionado a biomassa. Colocar uma preparação menos aceita e outra já conhecida pelos alunos ajudou a motivar as crianças a participar com mais entusiasmo no projeto. 3. 1º Período I e II (4anos):as crianças desenvolveram uma preparação de bolo de feijão com biomassa de banana verde e construíram um bananal com materiais recicláveis dentro da sala. Foi gratificante ver o processo de aprendizagem e transformação dos ingredientes em um produto final com paladar muito aceitado pelas crianças. Durante as oficinas culinárias as crianças aprenderam conceitos de matemática, pois precisavam medir os ingredientes, cores, origem dos alimentos usados, benefícios para a saúde e o aproveitamento de sobras dos alimentos. Após a oficina recebíamos ligações dos pais na instituição querendo saber como fazer o bolo de feijão. Falha que foi corrigida durante o projeto. Fizemos todas as receitas e entregamos aos pais na feira de ciências que finalizou o projeto. 4. 2º Período I (5anos): desenvolveram uma receita de bolo de banana, com aveia, uva passas e a biomassa de banana verde, além de montar uma maquete com materiais reciclados e massinha de modelar caseira demonstrando todo o processo da colheita e higienização da banana verde e preparo da biomassa.Montaram também um cartaz com todos os benefícios da biomassa de banana verde para a saúde. A evolução da turma foi surpreendente, as crianças sabiam explicar todo o processo de preparação da biomassa bem como os benefícios que ela proporciona a saúde. Ouvimos as crianças indicar a biomassa de banana verde para os colegas e para as famílias. Ouve relato de pai, que durante a feira comentou que estava com dor na barriga e a criança pediu para usar a biomassa. Ouvir um relato destes deixa qualquer profissional enaltecido com os resultados alcançados. 5. 2ºPeríodo II (5 anos): Esta turma participou da oficina culinária da preparação da biomassa, no entanto a professora da turma surpreendeu-nos 14 trazendo para o dia da feira de ciências uma tortelete com recheio de banana que foi entregue aos pais como lembrança aos que visitaram a feira de ciências. Esta turma teve uma atividade diferenciada das demais ao invés de criar uma receita eles fizeram um livro sobre alimentação saudável mostrando a utilização da biomassa em diversas opções de refeição usadas na instituição tais como: sopas, no caldo de feijão, nos molhos de carnes e lanches. Também se utilizando pratos descartáveis criaram modelos de pratos saudáveis contendo todos os grupos de alimentos além da paródia incentivando a incorporação de hábitos mais saudáveis como estilo de vida. Mesmo com todas as dificuldades enfrentadas em uma instituição filantrópica, dentre elas a falta de recursos financeiros, não foi fator impeditivo para fazer o projeto acontecer. A força de vontade, o engajamento, a liderança, empenho de toda a equipe, diretora da instituição, dos estagiários de nutrição e das crianças mostram o quanto o fator humano pode fazer a diferença na disseminação do conhecimento em uma geração que vive de tecnologias eletrônicas. Levar informação e o conhecimento mostrou que podemos transformar a vida das pessoas e emponderálas. O projeto teve repercussão na comunidade em que as crianças estão inseridas, no jornal local (DFTV) e em uma feira de ciências promovida no parque da cidade de Brasília, pois as crianças foram convidadas pela secretaria de educação de Brasília a participar e mostrar seus trabalhos (maquetes e receitas) para o público presente na feira. 5 CONCLUSÃO Portanto a escolha em inserir as preparações com a Biomassa de banana verde proporcionou aos participantes do projeto um conhecimento prático de alimentação saudável bem como noções de respeito ao meio ambiente e sustentabilidade, higienização dos alimentos, e o não desperdício dos mesmos. Além disso, com a elaboração desse projeto houve maior adesão das crianças a inserção de novas preparações no cardápio oferecido e formação de hábitos saudáveis, uma vez que a biomassa não confere sabor e o aroma nos alimentos. Foi possível através das estratégias de educação alimentar e nutricional levar não somente para as crianças assistidas, mas também aos familiares e aos funcionários da instituição conceitos de uma alimentação saudável e sustentável, e desmitificar que alimentação para ser saudável deve ser algo difícil e de elevado valor financeiro. A conscientização da comunidade escolar sobre hábitos saudáveis e a oportunidade de incluir na dieta um alimento de baixo custo, de elevado valor nutricional e rico em amido resistente, torna o fruto um produto de grande potencial para consumo no âmbito escolar. Esta experiência mostrou o quanto o profissional nutricionista é capaz de disseminar o conhecimento e promover as pessoas com um estilo de vida mais saudável trabalhando em equipe de forma interdisciplinar e multidisciplinar. 15 REFERÊNCIAS ANDRADE. J. C.; CAMPOS. F. M; Porcionamento, adequação energética e controle do desperdício em uma creche. Demetra: alimentação, nutrição &saúde. 7(3); 157-180, 2012. Brasil. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Marco de referência de educação alimentar e nutricional para as políticas públicas. – Brasília, DF: MDS; Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, 2012. . Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição. Guia alimentar para a população brasileira: Promovendo a alimentação saudável / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição – Brasília: Ministério da Saúde, 2005. FAGIOLI, D.; NASSER, L. A. Educação nutricional na infância e na adolescência: planejamento, intervenção, avaliação e dinâmicas. São Paulo: RCN Editora. 2006. 244 p. JUZWIAK, C. R.; CASTRO, P. M.; BATISTA, S. H. S. S. 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