JORNAL DA associação médica Outubro/Novembro 2012 • Página 13 ECIAL junto aos planos de saúde Alexandre Guzanshe CONHEÇA AS CINCO PRINCIPAIS REIVINDICAÇÕES DA CLASSE MÉDICA Em assembleia, médicos exigem contratualização e não abrem mão da CBHPM Estado adere à paralisação Seguindo as diretrizes nacionais, a proposta inicial da Associação Médica de Minas Gerais (AMMG), Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed MG), Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM MG) e Federação Nacional das Cooperativas Médicas (Fencom) foi de paralisação dos atendimentos eletivos no período de 10 a 18 de outubro. A adesão dos médicos ao movimento ficou entre 60% a 80% no estado, dependendo do nível de negociação junto às operadoras. Em cidades como Barbacena, Paracatu e Lavras, onde os planos de saúde utilizam a Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM) vigente, não houve suspensão dos atendimentos. Já em Ipatinga, Poços de Caldas, Pouso Alegre, Sete Lagoas, Juiz de Fora e Uberlândia, dentre outras, a paralisação superou 80% de adesão. Na capital mineira, a participação dos médicos variou também de acordo com a especialidade, com a expressiva adesão, dentre outros, dos anestesiologistas, pediatras e suspensão de 100% dos procedimentos cirúrgicos eletivos em alguns hospitais gerais de Belo Horizonte como Felício Rocho, Vera Cruz, Santa Casa e Vila da Serra. Todos os atendimentos de urgência e emergência foram preservados. Nos consultórios, consultas e exames foram transferidos para outras datas, sendo al- gumas antecipadas ao dia 10, dia de início da paralisação. Durante assembleia geral realizada no CRM MG, dia 18 de outubro, médicos de várias especialidades debateram sobre a ampla jornada de trabalho, a falta da valorização do profissional nessa área e a remuneração. Dentre as propostas estão a redução no número de consultas via operadoras de saúde e o descredenciamento de planos que não acatarem as reivindicações. A fragilidade do profissional de medicina diante de questões administrativas como contratos de credenciamento, pagamentos e glosas também foi lembrada. Outro item citado durante a assembleia diz respeito à necessidade de mais união da classe médica para as conquistas da categoria. Neste sentido, foi ressaltado o importante papel das entidades. O apoio da população, que se demonstrou sensível à causa do médico, e a cobertura integral da imprensa, que compareceu à entrevista coletiva realizada na AMMG, no dia nove de outubro, também foram lembrados. Ao final da assembleia foram definidos, como pontos primordiais para a permanência dos atendimentos às operadoras de planos de saúde em Minas Gerais, a utilização da CBHPM vigente e a contratualização com inserção de critérios de reajuste anual, com índices e pe- riodicidade determinados por meio de negociação coletiva. CBHPM é consenso Para o presidente da Comissão de Honorários Médicos e diretor de defesa do exercício profissional de assuntos de remuneração da AMMG, Juraci Gonçalves de Oliveira, a adoção da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM) é inquestionável. Ele explica que a Classificação é a principal conquista da classe médica, desde 2003, sendo um referencial ético do piso da remuneração médica. “Ela representa a sistematização de custos operacionais e portes, de acordo com a complexidade, tecnologia e técnicas envolvidas em cada ato.” Outro aspecto a ser considerado, segundo Oliveira, é o fato de a Classificação poder ser modificada a cada dois anos, seja na hierarquização ou na inclusão de novos procedimentos. “A CBHPM permite variações a partir da comprovação ética e científica de novos tratamentos e tecnologias. Para sua adoção, precisa ser do ano vigente e estar em sintonia com as práticas de mercado.” Conforme o diretor da AMMG, no tripé médico, paciente, operadora, o único elo que não é essencial é o da operadora, por isso, a classe médica deve permanecer firme em seus propósitos. “Antes de 1. Reajuste dos honorários de consultas e outros procedimentos, tendo como referência a CBHPM; 2. Inserção nos contratos de critério de reajuste, com índices definidos e periodicidade, por meio de negociação coletiva; 3. Inserção nos contratos de critérios de descredenciamento; 4. Resposta da ANS, por meio de normativa, à proposta de contratualização, encaminhada pelas entidades médicas; 5. Fim da intervenção antiética na autonomia da relação médicopaciente. tudo esse é um movimento dos profissionais de medicina, uma aspiração dos médicos que as instituições abraçaram para organizar e fortalecer o pleito, tendo como consequência melhor qualidade de vida para os profissionais e atendimento digno para os usuários do setor suplementar”, finalizou Oliveira. Dia 23 de outubro, a Comissão de Honorários da AMMG, Sinmed MG, CRM MG e Fencom encaminharam carta às operadoras apresentando o resultado da assembleia geral e concedendo o prazo de 30 dias para cumprimento das solicitações. Até o fechamento desta edição do Jornal da AMMG, apenas a União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (Unidas) buscou negociar junto às entidades, em reunião realizada na sede da AMMG. A operadora recebeu a proposta e garantiu um posicionamento até o dia 19 de novembro. Foi decidida ainda a realização de encontros mensais de avaliação e manutenção do movimento. A próxima assembleia está marcada para o dia 26 de novembro, às 19h, no CRM MG.