JORNAL DA associação médica Abril/Maio 2014 • Página 3 HONORÁRIOS Comissão atua há uma década Alexandre Guzanshe A Comissão Estadual de Honorários Médicos (CEHM) completou uma década e atualmente tem recebido representantes de sociedades de especialidades para apresentar suas reivindicações. Seguindo orientações da Associação Médica Brasileira (AMB), são realizadas reuniões semanais para debater o tema. Em dez anos de atividades, completados no final de 2013, além de fomentar a Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), recorre às operadoras de planos de saúde em busca de um entendimento com a classe médica. Muitos ganhos foram conseguidos com a união da Associação Médica de Minas Gerais (AMMG), Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM MG), Federação Nacional de Cooperativas Médicas (Fencom) e Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed MG). O histórico das lutas dos profissionais de medicina está sendo construído com base na procura de um diálogo com os planos de saúde, mas também com espaço aberto para as sociedades de especialidades e médicos que queiram participar individualmente. O diretor de Defesa do Exercício Profissional para Assuntos de Remuneração da AMMG, Juraci Gonçalves de Oliveira, relata que desde o ano passado a Comissão tem recebido queixas e, inclusive, listas com os valores que estão sendo praticados por alguns planos: “Glosas, baixa remuneração, procedimentos retirados da tabela e até o não cumprimento de contrato estão entre as reclamações mais frequentes”, explica. O diretor, que também coordena a CEHM, afirma que, por muitas vezes, os representantes das especialidades não sabem como recorrer e por isto solicitam apoio. “Do final de 2013 pra cá, recebemos a visita de cerca de dez sociedades de especialidades. É importante lembrar que, nas negociações, só atuamos diretamente sob demanda. Estamos dispostos a orientar e a buscar um acordo entre as partes. As portas estão abertas para quem nos procurar”, reitera Oliveira. Além do coordenador Juraci Gonçalves de Oliveira, integram a CEHM Alcebíades Leal Filho e Már- Da esquerda para a direita, João Tadeu Leite, representando a Fencom, Nétali Leite, secretária da Comissão, João Batista Gomes Soares (CRM MG), Juraci Gonçalves de Oliveira, coordenador da CEHM, Regina Eto (CRM MG), Alcebíades Leal Filho (AMMG), Andrea Donato e Ewaldo Aggrippino (Sinmed MG) cio Fortini, representado a AMMG, Andrea Lúcia Resende Martins Donato e Ewaldo Aggrippino, representando o Sinmed MG, Cáthia Rabelo e Eudes Arantes Magalhães, representando a Fencom, João Batista Gomes Soares e Regina Eto, representando CRM MG, e a jornalista Nétali Leite que secretaria a Comissão. As reuniões acontecem todas as segundas-feiras, às 19h30, na sede da Associação Médica de Minas Gerais. Saiba mais informações e/ou agende sua visita pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone (31) 3247 1639. Histórico A constituição da Comissão Estadual de Honorários Médicos (CEHM) veio para atender à solicitação da Comissão Nacional de Mobilização da Associação Médica Brasileira (AMB), também criada em 2003, responsável por coordenar o movimento de implantação da CBHPM em todo o país. Representantes da AMB, Conselho Federal de Medicina (CFM), Federação Nacional dos Médicos (Fenam) e Confederação Nacional dos Médicos, com o apoio da Fipe/USP, se uniram. Cada sociedade de especialidade listou e classificou por ordem de complexidade, tempo de execução, cognição e riscos dos seus procedimentos médicos. A consulta foi o procedimento médico usado como referência e recebeu o mesmo valor, independentemente da especialidade. Embora o mote para o surgimento tenha sido a CBHPM, a atuação da CEHM foi cerceada por um processo no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que, na época, acusou as entidades médicas de cartel. O processo está em andamento e o papel das Comissões em todo o Brasil está sendo o de orientar as sociedades de especialidades sobre acordos com as operadoras de planos de saúde. No final de 2003, quando foi efetivada a abertura da Comissão em Minas, o então diretor adjunto de Defesa Profissional para Assuntos de Remuneração da AMMG, Edno Lopes Caldeira, sinalizou que a meta da Comissão seria estudar a melhor maneira de tornar a Classificação Hierarquizada uma realidade na saúde suplementar. “Trata-se de um trabalho permanente e vigilante, de suma importância para o médico. Não podemos mais conviver com o achatamento brutal da remuneração”, afirmou na ocasião. Entenda como foi elaborada a Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos, que demandou três anos de estudo: 4 Os procedimentos classificados como mais complexos que a consulta recebem maior pontuação e os menos complexos, menor pontuação, respeitando sempre a hierarquia escolhida pelos médicos; 4 Procedimentos comuns a mais de uma especialidade foram confrontados, para não haver classificações distintas; 4 São 14 portes, identificados pelos números 1 a 14, e três sub-portes, identificados pelas letras A, B e C; 4 Procedimentos mais complexos e que exigem maior remuneração, como o transplante cárdio-pulmonar, recebem porte máximo: 14 C; 4 Procedimentos mais simples, como remoção de cerumem e eletrocardiograma de repouso, são classificados no porte mínimo: 1 A; 4 Os procedimentos são organizados por região anatômica e não mais por especialidade, como acontecia em tabelas anteriores da AMB; 4 A Classificação está disponível nos sites da AMB e CFM para que médicos e seus representantes opinassem; 4 O valor monetário do porte pode ser 20% menor ou maior, dependendo da região ou cidade do país. O valor médio proposto para a consulta, por exemplo, é de R$ 71,68, podendo variar entre R$ 57,34 e R$ 86; 4 Uma Comissão Permanente de Avaliação acompanha a implantação do rol de procedimentos, para corrigir eventuais falhas (sub ou supervalorização de algum procedimento, por exemplo); 4 Hoje a CBHPM é editada a cada dois anos, com uma valoração anual; 4 A CBHPM não é mais nomeada por número da edição, mas por ano, e a última foi impressa em 2012. Fontes: AMB e AMMG.