Leitura e interpretação de
texto
Professor Ms. Miguel Angelo Manasses
Aula 1
As linguagens da língua
• O que é a língua?
– A língua está presente em todas as nossas atividades.
São as palavras que estabelecem as nossas relações e os
nossos limites. Em teoria, as palavras dizem o que
somos, quem são os outros, onde estamos, o que vamos
fazer e o que fizemos.
– É pela linguagem que somos indivíduos únicos. Somos o
que somos depois de um processo de conquista da nossa
palavra, afirmada no meio de milhares de outras
palavras e com elas compostas.
As linguagens da língua
• O que é a língua?
– Contudo, ainda que seja praticamente indispensável em
nossa vida, a linguagem as vezes parece não nos
pertencer, soando como alguma coisa “estrangeira”,
principalmente em sua forma escrita.
– Neste caso, a primeira coisa a se fazer ao se pensar
sobre a realidade da língua é separá-la em duas
categorias principais: língua falada e língua escrita.
As linguagens da língua
• O que é a língua?
– A fala é a realidade primeira da língua, tanto na
história da humanidade, quanto na nossa história
pessoal. Ou seja, a escrita surgiu depois, e
fundamentada na realidade da fala. Vamos observar
alguns exemplos apenas da fala, nos quais o que
interessa é apenas o som, desconsiderando, portanto, os
erros de grafia.
As linguagens da língua
• O que é a língua?
– Eu conheço ele dês que a gente era colega de colégio.
– Eu o conheço desde o tempo em que éramos colegas no
colégio.
– O sinhô vai armoçá gorinha memo? Não faiz mar, nóis
vorta despois.
– O senhor vai aumoçá nesse momento? Não faz mau, nós
voutamos depois.
– Vós poderíeis dizer, excelência, que estou equivocado.
As linguagens da língua
• O que é a língua?
–
–
–
–
–
Você podia dizê, cara, que eu errei.
Comprei um pacótchi di lêitchi.
Comprei um pacote de leite.
Mas tu quiria u quê?
Porém, tu querias o quê?
As linguagens da língua
• O que é a língua?
– Os enunciados acima não diferem apenas pelas
informações veiculadas, mas também quanto às formas
empregadas. Existem diferenças de sons, vocabulário,
formas verbais, de tratamento, etc.
– Vejamos: sinhô – senhor – você- tu- vós
armoçá - aumoçá
despois – depois
eu o conheço – eu conheço ele
As linguagens da língua
• O que é a língua?
– Estes são apenas alguns exemplos de como podemos nos
expressar de forma diferenciada, pois a fala apresenta
uma grande variedade.
– Esta é a palavra-chave para qualquer compreensão da
língua, o ponto de partida do nosso estudo: variedade.
As linguagens da língua
• Um conjunto de variedades
– Pelo que já vimos até aqui, já temos um ponto de
partida para definir a língua: toda língua é um conjunto
de variedades.
– A tradição escolar passa a ideia de que a língua é algo
homogêneo, fixo e uniforme. Esta mesma tradição
também costuma separar as ocorrências linguísticas em
dois grupos: o certo, identificado sempre com as formas
gramaticais escolares, e o errado, identificado com tudo
aqui que falamos e ouvimos o dia inteiro.
As linguagens da língua
• Um conjunto de variedades
– Frases como Será que falei certo? ou Mas que língua
mais difícil essa tal de português são extremamente
comuns no ambiente escolar e colaboram para que a
palavra se mantenha como algo que nunca pode ser
totalmente dominado, como algo “estrangeiro”.
– Ocorre que quando se fala em variedades da língua há
uma certa confusão de conceitos.
As linguagens da língua
• Um conjunto de variedades
– Primeiro porque, como já vimos, há uma grande
diferença entre língua falada e língua escrita, em que as
pessoas tendem a julgar a língua apenas como uma
realidade escrita.
– Segundo porque ocorre uma confusão no sentido da
palavra gramática. As pessoas, de modo geral,
entendem gramática apenas como o livro que contém as
regras ”certas” da língua.
As linguagens da língua
• Diversidade linguística
– Por enquanto, vamos esquecer os conceitos de certo e
errado, a noção da gramática e os fatos da língua
escrita e nos concentrar na imensa diversidade
linguística da oralidade, na língua real que vivemos
todos os dias, pois já percebemos que a língua é um
imenso conjunto de variedades.
– Tecnicamente podemos dividir essas variedades em
quatro tipos básicos:
As linguagens da língua
• Diversidade linguística
– Diferenças sintáticas: aquelas que decorrem da ordem
das palavras na fala (ele me disse x ele disse-me) ou de
diferentes modos de realizar a concordância verbal (tu
querias x tu queria ou nós estávamos x nós estava);
– Diferenças morfológicas: aquelas que decorrem da
forma da palavra, tomada individualmente (vamos x
vamo);
As linguagens da língua
• Diversidade linguística
– Diferenças lexicais: isto é, diferentes nomes para o
mesmo objeto (pandorga x pipa x papagaio x raia);
– Diferenças fonéticas: pronúncias diferentes da mesma
unidade sonora sem distinção de significado (poRta,
com erre aspirado x porta, com erre “caipira”).
– E quais são os fatores que determinam essa variedade?
– Por que as pessoas falam mais ou menos diferente umas
das outras? Considerando os exemplos acima podemos
citar algumas razões:
As linguagens da língua
• Diversidade linguística
– A região do falante;
– O nível social do falante, sua escolaridade e sua relação
com a escrita;
– A situação da fala, que talvez seja a mais difícil de
compreender de forma imediata, mas que trata das
circunstâncias que cercam o momento do enunciado.
Ou seja, o mesmo falante empregará variedades
diferentes da linguagem dependendo de onde ele está.
As linguagens da língua
• Variedade e valor
– As variedades mantêm uma relação de valor umas com
as outras, ou seja, todas as sociedades humanas
estabelecem uma hierarquia entre suas variedades,
atribuindo valores a este ou àquele traço da fala.
– Por motivos sociais e históricos, algumas variedades são
consideradas boas (a essas damos o nome técnico de
variedade padrão ou língua padrão) e outras más.
– Quando alguém diz algo interpretamos não somente as
informações que nos são passadas pelas palavras, mas
também o próprio falante e costumamos avaliar toda a
situação em que a fala ocorre.
Atividades
1.
Reelabore o diálogo abaixo, usando a
linguagem formal:
• O meu, vê se não me deixa numa furada. Essa de
pagar mico toda hora já tá me azucrinando todo e
mais, no arrasta-pé das minas lá no morro, não vai
aprontar pra cima de mim.
• Podes crer, irmão! Não vou deixar a peteca cair e nem
dar mancada. O lance é o seguinte: a amizade aqui vai
sacar uma mina que é um estouro e você vai ficar
babando!
Atividades
• 2. Casamento de classe média:
• Noivos: Suzana e Nestor.
• Espaço: igreja repleta de convidados.
• Cena: Encaminhamento normal da cerimônia até a
hora do “sim”. Nestor diz sim. Todavia, quando chega
a vez de Suzana, esta se levanta, encara as pessoas e
diz: “Gente, eu pensei e não vai dar. Não quero me
casar.”
• Pânico geral. Burburinhos, gestos descontrolados. Os
convidados se agitam. A mãe do noivo desmaia...
Atividades
• 2. Casamento de classe média:
• Considerando o nível de linguagem, escreva o comentário que
provavelmente elas fizeram.
• padre;
• amiga fofoqueira;
• jornalista - feminista radical;
• casal de namorados adolescentes;
• avô de Nestor - de moral intransigente;
• Marli, sobrinha de Suzana - 10 anos;
• Marcos, padrinho do noivo – político;
• Dr. Pimentel, padrinho da noiva – advogado;
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