Cateterização de
Vasos Umbilicais
Cateterização de Vasos Umbilicais
 Procedimento invasivo cujo
objetivo é o de estabelecer uma
linha de acesso à corrente
sangüínea.
 Finalidades : infusão de
líquidos, monitorizações,
intervenções cardíacas, infusão
de drogas, trocas sangüíneas,
entre outras.
 Ainda é a principal via de
escolha para acesso vascular
na sala de parto e no período
neonatal imediato.
Canulização da Artéria
Umbilical
Canulização da Artéria Umbilical
Indicações
Colheitas freqüentes de amostras
sangüíneas para exames gasométricos;
Monitorização contínua da pressão
sangüínea;
Infusão de soluções;
Exsangüineotransfusão.
Canulização da Artéria Umbilical
Material Necessário
 Campos cirúrgicos; cateter arterial umbilical (3,5 French (F)
para lactentes menores de 1200 g e 5, 0 F para RN maior
1200g); gaze 4 x 4; solução anti-séptica; torneira de três
vias (tree-way), pinças hemostáticas, fitas adesivas para
fixação umbilical, fios de sutura com agulha pequena
curva, seringas, solução de heparina em soro fisiológico
(1u/1ml), lidocaina 2% sem adrenalina, luvas estéreis,
máscaras e capotes.
Canulização da Artéria Umbilical
Técnica
 Posição da criança : decúbito dorsal e devidamente
imobilizada. Deve estar aquecida adequadamente, ou
sob fonte de calor ou envolta em algodão ortopédico e
crepom.
 Mensurar devidamente a distância ombro/umbigo ou
a medida corporal total, para o cálculo do tamanho do
cateter a ser inserido. 2/3 da distância ombro/umbigo
geralmente é apropriada.
Canulização da Artéria Umbilical
Técnica
 Colocar capote, máscara e luvas, após escovação das
mãos.
 Checar todo o equipamento necessário. Colocar
solução de heparina na seringa, obedecendo a
proporção de 1u/1ml de SF. Conectar a seringa com a
solução ao tree-way e ao cateter e retirar todo o ar
injetando a solução em seu interior.
 Solicitar ao assistente que levante o coto umbilical e
praticar uma boa assepsia com solução anti-séptica,
não só no umbigo, como na parede abdominal, com
movimentos circulares.
Canulização da Artéria Umbilical
Técnica
 Colocar os campos no umbigo. Amarrar a base do
umbigo com um fio, dando um nó simples (previne o
sangramento durante a passagem do cateter). O
cordão é cortado horizontalmente 0,5 a 1 cm da base.
Caso exista sangramento o nó pode ser apertado.
 Limpar com uma gaze o sangue proveniente do corte
e identificar os vasos umbilicais : uma veia, com
paredes finas e elíptica e as artérias, com paredes
grossas e arredondadas.
Canulização da Artéria Umbilical
Técnica
 Segurar com uma das mãos ou com
uma pinça hemostática o coto
umbilical, fazendo um leve eversão
de sua face. Evitar de pinçar o vaso.
 Introduzir um estilete oftalmológico
na luz da artéria, com leves
movimentos circulares até atingir
uma distância de 0,5 cm.
 Manter o estilete na luz por 30
segundos e depois retirá-lo. Repetir
esse movimento até que a artéria
esteja suficientemente dilatada, o
suficiente para aceitar o cateter.
Canulização da Artéria Umbilical
Técnica
 Segurar o cateter 1 cm da
extremidade com uma pinça ou
com polegar/indicador e inserir
na luz da artéria. Aplicar uma
delicada pressão, com
movimentos rotatórios, para
avançar o cateter a distância
necessária.
 Aspirar sangue e introduzi-lo
novamente para atestar a
posição intra-luminal do cateter.
Canulização da Artéria Umbilical
Técnica
 A fixação do cateter deve ser
realizada com a formação de uma
“bolsa” ao redor da geleia. Também
pode ser realizada uma fixação
simples. De preferência, antes da
fixação, a posição do cateter deve
ser checada com RX.
 Nenhuma fixação deve
permanecer caso esteja
comprimindo a pele ao redor do
umbigo, pelo risco de necrose.
Canulização da Artéria Umbilical
Posições possíveis
 Posição Alta - entre a 6 a
e a 9 a vértebras
torácicas.
 Posição Baixa - entre a
3a e 4 a vértebras
lombares.
Canulização da Artéria Umbilical
Posições
 A localização baixa tem uma maior incidência de
vasoespasmo, comparada com a posição alta. A
freqüência de hipertensão é similar nas duas
posições.
 Complicações tromboembólicas para intestino e rins
é superior na posição alta, embora alguns estudos
mostrem uma ocorrência grande também na
posição inferior.
Canulização da Artéria Umbilical
Posições
 Nunca avançar um cateter para posição alta, após ter
permanecido em posição baixa por algum tempo (risco
de infecção). O cateter deve ser retirado e um outro
introduzido.
 O cálculo do tamanho do cateter a ser introduzido é feito de
várias formas. Pode ser calculado pela distância
ombro/umbigo, tamanho total corporal e pelo peso do RN.
Foram desenvolvidos gráficos em cima desses parâmetros,
que devem ser consultados, quando necessários.
Canulização da Artéria Umbilical
Posições
Distância
Ombro
Umbigo (cm)
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
Linha Umbilical
Posição Baixa
Artéria Umbilical
5.0
5.5
6.3
7.0
7.8
8.5
9.3
10.0
11.0
12.0
Distância Inserção Cateter (cm)
Posição Alta
Linha Venosa
Artéria Umbilical
Umbilical
9.0
5.7
10.5
6.5
11.5
7.2
13.0
8.0
14.0
8.5
15.0
9.5
16.5
10.0
17.5
10.5
19.0
11.5
20.0
12.5
Canulização da Artéria Umbilical
Posições
 Shukla & Ferrara (Am J Dis Child 140:786-788, 1986) estabeleceram, em
função do peso, gráficos e fórmulas para a instalação do cateter umbilical
em RN :
 arterial umbilical : ponta localizada entre T6 e T10
 veia umbilical : ponta com posicionamento acima do
diafragma, na veia cava inferior perto ou no átrio direito.
 Equações : artéria umbilical : 2,5 x peso + 9,7
veia umbilical : 1,5 x peso + 5,6
onde o peso é expresso em kg e o tamanho em centímetros
Canulização da Artéria Umbilical
Problemas na Passagem do cateter
 Resistência 2 a 3 cm da penetração : soltar o laço na
base do coto umbilical, dilatar a artéria, aplicando uma
gentil pressão por 30 a 60 segundos e, logo após, injetar
0,1 a 0,2 ml de lidocaína sem epinefrina para relaxar o
vasoespasmo.
 Resistência 5 a 8 cm da penetração : é devida ao
contorno do vaso ao redor da bexiga; aplicar um pressão
suave durante 30 a 60 segundos, além de poder usar a
solução com lidocaína.
Canulização da Artéria Umbilical
Problemas na Passagem do cateter
 Falso Pertuito : teremos a sensação de um
estalido, associado a não progressão do cateter
e ao não refluxo de sangue. A técnica do duplo
cateter pode ser utilizada (o cateter é passado
para ocupar a área do falso trajeto; um outro
cateter é passado até que haja êxito na
penetração) ou a outra artéria pode ser
acessada.
Canulização da Artéria Umbilical
Problemas na Passagem do cateter
 Penetração na Artéria Ilíaca : deve ser retirado e
reintroduzido; a técnica do duplo cateter ou a outra
artéria podem ser utilizadas.
 Cateter Dobrado ou em um Ramo da Aorta : o cateter é
tracionado para gerar a desobstrução e, então colocado
em uma posição baixa. Esse problema ocorre quando se
utiliza um cateter pequeno para a criança. Se o cateter
não desdobrar deve ser removido.
Canulização da Artéria Umbilical
Remoção do Cateter
 Deve ser realizada vagarosamente de forma a levar
alguns minutos, com o intuito de se evitar um espasmo
arterial. A infusão de fluidos deve ser descontinuada
durante a remoção. Se houver sangramento aplicar uma
pressão sobre o cordão. Quando o cordão é longo, pode
ser utilizada uma pinça hemostática e permanecer nesse
estado durante alguns minutos. Remover as suturas
quando da retirada do cateter.
Canulização da Artéria Umbilical
Complicações
 vasoespasmo causando palidez intensa de um
membro inferior ou nádega é a mais comum das
complicações. O vasoespasmo é resolvido
aquecendo a perna contra-lateral. Caso não
exista a melhora, o cateter deverá ser removido.
 perfuração vascular - necessita de intervenção
cirúrgica.
Canulização da Artéria Umbilical
Complicações
 trombose e acidentes embólicos são riscos em
potencial. Trombose de aorta é a mais grave já
descrita. Embolismo causando perda de uma
das extremidades, infarto de dedos ou pés e
infarto de vários órgãos são descritos.
Canulização da Artéria Umbilical
Complicações
 hemorragia por perfuração vascular,
disconecções acidentais, saída acidental do
cateter, quebra do cateter podem gerar a
necessidade de transfusões.
 infecção e enterocolite necrozante usualmente
requerem a retirada do cateter.
Canulização da Artéria Umbilical
Complicações
 hipertensão arterial pode se desenvolver se a
ponta do cateter estiver próxima à origem da
artéria renal.
 outras complicações mais raras : perfuração
peritonial, hipoglicemia quando o cateter está
localizado em posição oposta ao eixo celíaco,
falso aneurisma, embolismo aéreo, paralisia de
nervo ciático e secção de uma onfalocele.
Canulização da
Veia Umbilical
Canulização de Veia Umbilical
Indicações
 Acesso intravenoso para ressuscitação hídrica ou
medicamentosa em situações de emergência.
 Acesso por período de tempo indeterminado em RN de
muito baixo peso ao nascer.
 Monitorização da pressão venosa central.
 Exsangüineotransfusão.
 Introdução de balão para septostomia atrial.
Canulização de Veia Umbilical
Material Necessário
É basicamente o mesmo da canulização
arterial, sendo que o tamanho dos
cateteres é de 5F para uma criança abaixo
3,5kg e 8F para crianças acima de 3,5kg.
Canulização de Veia Umbilical
Cálculo do Tamanho do Cateter
 Em situações de emergência e para EXT, o cateter é
introduzido o suficiente para que exista um bom fluxo
sangüíneo. Geralmente 4 a 5 cm da base do umbigo são o
suficiente para um fluxo adequado. Nessa posição a ponta do
cateter permanece abaixo da origem da veia porta. Deve ser
removido tão rápido quanto for possível ou colocado um novo
cateter, caso haja necessidade de uma maior permanência.
 Quando a indicação justifica uma longa permanência, o cateter
deve ser passado pelo ducto venoso até que atinja a veia cava
inferior.
Canulização de Veia Umbilical
Técnica
 O preparo é o mesmo da canulização da artéria. A veia é
identificada por ter a parede mais fina e elíptica e ser
maior que as artérias.
 Remover coágulos com a pinça. O cateter deve estar
preenchido com solução heparinizada antes da
introdução no vaso. Após esses cuidados deve ser
introduzido até o ponto desejado.
Canulização de Veia Umbilical
Técnica
 Se houver uma resistência 2 a 3
cm, o cordão deve ser puxado
caudalmente. Essa movimentação
gera uma retificação dos
tortuosos vasos, facilitando a
penetração do cateter. Se não
houver refluxo após uma
penetração de 2 a 3 cm, pode
existir um coágulo. Uma leve
sucção com seringa deve ser
aplicada, enquanto o cateter é
retirado. Essa manobra facilita a
saída do coágulo. O cateter, então,
deve ser reinserido.
Canulização de Veia Umbilical
Técnica
 Se o cateter encontra uma resistência ou
apresenta um movimento retrógrado antes da
chegada a marca, deve ter se localizado em
sistema porta. Deve ser puxado, rodado e
reintroduzido para uma nova tentativa de
passagem pelo ducto venoso. Força excessiva
nunca deve ser realizada para inseri-lo em
posição correta.
Canulização de Veia Umbilical
Técnica
É fixado com ponto em “bolsa” com a
utilização de um fio 4-0 para sutura na
geleia de Wharton. Antes da fixação, se
possível, realizar um RX para visualizar o
posicionamento da posta do cateter. Deve
estar localizada entre 8 a e 11 a vértebras
torácicas, logo acima do diafragma.
Canulização de Veia Umbilical
Técnica
 Nunca deve ser introduzido aberto, digo, em
contato atmosférico, em função da possibilidade
de embolismo aéreo.
 Se o cateter estiver em uma posição abaixo da
que estava estipulada, deve ser removido e uma
nova cânula deve ser introduzida. Nunca
avançar um cateter já posicionado em função do
risco de infecção.
Canulização de Veia Umbilical
Técnica
A técnica de retirada é a mesma utilizada
na artéria. Se ocorrer sangramento, uma
leve pressão deve ser exercida no local.
Canulização de Veia Umbilical
Complicações
 Infecções generalizadas ou localizadas em
função de longas permanências;
 Mal posicionamento em sistema porta pode
causar necrose hepática e enterocolite
necrozante. Quando localizado no coração pode
causar efusão pericárdica, tamponamento
cardíaco, arritmias e endocardites;
Canulização de Veia Umbilical
Complicações
 Trombose da veia umbilical e do sistema portal
podem culminar em embolismo pulmonar e
hipertensão do sistema porta. Embolias
sistêmicas como para rins, fígado e cérebro
podem ocorrer quando a ponta do cateter está
localizada em átrio esquerdo;
 Perfuração do cólon logo após
exsangüineotransfusão já foi descrita.
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