ESTUDO DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DE CONCRETO AUTODRENANTE COM RESÍDUO DE SOLAS DE SAPATOS PICADOS (EVA) Arthur Rosinski do Nascimento (PIC/CNPq-UEM), Paulo Fernando Soares (Co-orientador), Romel Dias Vanderlei (Orientador), e-mail: [email protected] Universidade Estadual de Maringá/Departamento de Engenharia Civil/Maringá, PR. Engenharia – Engenharia Civil Palavras-chave: permeável. concreto autodrenante, piso ecológico, concreto Resumo: Está pesquisa se propõe a desenvolver um tipo de concreto, denominado concreto autodrenante, para ser aplicada em passeios públicos; tendo em sua composição a incorporação de material reciclado (resíduo de solas de sapatos picados). Foram desenvolvidas placas de concreto autodrenante e realizados ensaios para verificar suas resistências à compressão e flexão, e taxa de permeabilidade. Os resultados mostraram que o concreto autodrenante estudado apresentou resistência à compressão de 15,17MPa, resistência à flexão de 3,89 MPa e coeficiente de permeabilidade médio de 2,51x10-3 cm/s. Com isso, pode ser dizer que o concreto estudado pode ser aplicado nos espaços públicos voltado ao trânsito de pedestres. Apesar de existirem estudos sobre calçadas ecológicas, a necessidade de métodos para avaliação de decisões que contribuam positivamente na consecução do desenvolvimento sustentável é premente. Introdução Na busca de soluções quanto aos problemas do desenvolvimento urbano como, o ruído urbano (também produzido pelo tráfego de veículos), o conforto térmico e luminoso, a sustentabilidade, a acessibilidade e a drenagem urbana, esta pesquisa se propõe a avaliar as características de placas feitas com concreto autodrenante, voltadas à pavimentação para pedestres na área urbana. A tipologia do pavimento proposto possui um desenho que visa auxiliar na melhoria da drenagem do solo, a fim de minimizar um dos desconfortos que o processo de urbanização gera para os seus habitantes e transeuntes. Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. Materiais e métodos Os materiais utilizados para a composição do piso ecológico foram caracterizados conforme as normas da ABNT e para alguns materiais foram utilizadas as especificações dos fabricantes. Foi utilizado o cimento Portland de Alta Resistência Inicial, CP V ARI, do fabricante Cauê Cimentos. Conforme a NBR 6474/1984 este material possui massa específica de 3.140kg/m3. Conforme a análise granulométrica, realizada segundo a NBR 7217/87, a areia utilizada possui diâmetro máximo característico de 1,2 mm, módulo de finura (MF) igual a 1,80, sendo classificada como muito fina, conforme a NBR 7211/1983. Com massa unitária de 1.571 kg/m3, conforme a NBR 7251/1982 e massa específica de 2.857 kg/m3. Como agregado graúdo foi utilizado pedra britada de origem basáltica. Sua massa específica foi de 2.828 kg/m3 e absorção de 1,97%, conforme o método da Balança Hidrostática. A massa unitária foi de 1.438 kg/m 3, segundo a NBR 7251/82. Pela análise granulométrica obteve-se que o diâmetro máximo característico foi de 9,5mm. O ensaio foi realizado de acordo com a NBR 7217/87. Como agregado reciclado utilizou-se o resíduo de retalhos e aparas do copolímero de etileno-acetato de vinila (E.V.A.), usado na elaboração de solados, palmilhas e entre-solas de calçados. A densidade aparente do material seco foi de 150 a 170 kg/m3 e a análise granulométrica utilizada foi a apresentada pelo fabricante sendo o diâmetro máximo característico de 6,3mm (BRITALEVE, 2009). Após os estudos de dosagem definiu-se o seguinte traço em massa: 1:2:4,23:0,09:0,57 (cimento:areia:pedrisco:britaleve®:água) O piso ecológico foi projetado para ser composto de placas retangulares com as seguintes dimensões: 40 cm de comprimento, 25 cm de largura e 6 cm de altura. Para confecção dessas placas elaborou-se uma fôrma metálica. O processo foi executado manualmente, envolvendo as etapas de elaboração da fôrma; seleção do material; produção da mistura do concreto; moldagem e desforma das peças; secagem e cura. O concreto fresco foi posto nas formas sobre uma mesa vibratória, untadas com óleo, e depois vibradas com um tempo suficiente para manter o concreto poroso. Na seqüência, o processo de desforma foi executado sobre paletes de madeira e deixado a peça moldada sobre ela para secagem por no mínimo 48 horas. Após isto, as mesmas eram levadas para a cura na câmara úmida. Resultados e Discussão O ensaio de resistência à compressão foi realizado conforme a NBR 9780/87 Peças de concreto para pavimentação – Determinação da resistência à Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. compressão. Na realização do ensaio foi adotado o método de capeamento utilizado por FIORITI (2007), que consistiu em substituir o capeamento tradicional (enxofre ou gesso) por chapas de papelão sobrepostas nas duas faces da peça. Foram ensaiados 6 exemplares do piso ecológico, com idades de 7 e 28 dias. Conforme a NBR 9781/87, a resistência característica do lote de peças de concreto para pavimentação deve possuir no mínimo 35 MPa para solicitações de carga de veículos comerciais de linha e 50 MPa para tráfego de veículos especiais ou para acentuados efeitos de abrasão. Portanto, obedecendo a NBR 9781/87 o piso ecológico deve possuir resistência ≥ 35 MPa. A resistência característica do piso ecológico obtida no ensaio foi de 15,17 MPa, o que não atende a norma brasileira. O ensaio de resistência à flexão foi realizado conforme adaptação da NBR 13858/2007: Telhas de Concreto – Parte 2: Requisitos e métodos de ensaio. Na realização do ensaio foi adotado como apoios três cilindros de ferro de 38 mm de diâmetro, para a adaptação da prensa existente. Os ensaios foram realizados, com idades do corpo-de-prova de 7 e 28 dias. Os resultados deste ensaio mostrou que a resistência à flexão foi de 3,89MPa. Ao comparar a resistência à flexão do piso com concreto autodrenante com o piso comercial Braston, de resistência à flexão de 4,1 MPa e, com as placas de concreto com resistência à flexão de 3,5 MPa, pode-se dizer que o resultado da resistência à flexão do piso estudado é satisfatório para a sua aplicabilidade em passeios públicos. O teste de permeabilidade foi realizado conforme adaptação da Lei de Darcy, utilizado para medir a permeabilidade de solos. A montagem do teste busca mensurar o coeficiente de permeabilidade do piso ecológico. Os resultados deste ensaio mostraram que o coeficiente de permeabilidade médio foi de 2,51x10-3 cm/s. Conclusões Conforme FIORITI (2007), as normas da Austrália e África do Sul mostram que a resistência à compressão de 15 MPa é suficiente para suportar as sobrecargas exigidas em locais como calçadas, praças e espaços com trânsito leve. Mostrando que o piso ecológico pode ser aplicado nos espaços públicos voltado ao trânsito de pedestres com sua resistência à compressão igual a 15,17 MPa e resistência à flexão de 3,89MPa. Quanto à permeabilidade do concreto, os resultados dos ensaios mostraram que o coeficiente de permeabilidade foi maior de que pedregulho, o que demonstra que o concreto autodrenante estudado possui alta permeabilidade. Agradecimentos A Prefeitura do Campus da Universidade Estadual de Maringá. Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT (1991). NBR 5733: Cimento Portland de alta resistência inicial. Rio de Janeiro, BR. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT (1984). NBR 6474: Cimento Portland e outros materiais em pó: determinação da massa específica. Rio de Janeiro, BR. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT (1983). NBR 7211: Agregado para concreto. Rio de Janeiro, BR. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT (1982). NBR 7217: Determinação da composição granulométrica do agregado miúdo e graúdo. Rio de Janeiro, BR. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT (1982). NBR 7251: Agregado em estado solto – determinação da massa unitária: método de ensaio. Rio de Janeiro, BR. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT (1987). NBR 9780: Peças de concreto para pavimentação – Determinação da resistência à compressão. Rio de Janeiro, BR. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT (1987). NBR 9781: Peças de concreto para pavimentação. Rio de Janeiro, BR. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT (2007). NBR 13858: Telhas de Concreto – Parte 2: Requisitos e métodos de ensaio. Rio de Janeiro. BR. BRASTON PISOS ARQUITETÔNICOS. Disponível http://www.braston.com.br>, acesso em 16 de julho de 2008. em < FIORITI, César Fabiano (2007). Pavimentos intertravados de concreto utilizando resíduos de pneus como material alternativo. Tese de Doutorado, Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, São Carlos, BR. Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.