COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. Estudo da Permeabilidade de Solos Argilosos Disponíveis para Recuperação de Áreas Degradadas pela Mineração de Carvão no Sul de Santa Catarina Morgane Brogni Pazzetto CTCL/SATC, Criciúma, Brasil, [email protected] Álvaro José Back UNESC, Criciúma, Brasil, [email protected] Mariane Brogni Pazzetto CTCL/SATC, Criciúma, Brasil, [email protected] RESUMO: A região Carbonífera Sul Catarinense possui uma vasta área degradada pela exploração do carvão, seja pela deposição de rejeitos oriundos do beneficiamento ou pela explotação a céu aberto. De acordo com o Terceiro Relatório de Monitoramento dos Indicadores Ambientais (2009), existem hoje 6.341,88 ha de áreas impactadas pela mineração de carvão, divididas em: argila (354,60 ha), lagoa ácida interna (191,36 ha), revegetação (3.405,12 ha), urbanizado (821,28 ha ) e rejeito ou área minerada a céu aberto (1.569,52 ha). Sem a devida proteção, essas áreas impactadas podem sofrer severa infiltração das águas meteóricas e superficiais, gerando drenagem ácida a partir da reação dessas águas com os sulfetos presentes. Estas águas ácidas provocarão a lixiviação de diversos elementos químicos, tendo como conseqüência direta a poluição hídrica. Para minimizar a geração de acidez nas pilhas de resíduos de mineração, as alternativas normalmente utilizadas têm sido as chamadas coberturas secas, que consistem no recobrimento da área do depósito com camadas de solo. O objetivo desta técnica é minimizar o acesso do oxigênio e de água para o interior do material reativo, minimizando assim o processo gerador de gases sulfurosos e drenagem ácida. O bom desempenho desta técnica depende substancialmente dos materiais utilizados, dos aspectos construtivos e das condições climáticas. O objetivo desta pesquisa é conhecer os valores de permeabilidade da argila in situ e compactada além de compará-los com os valores exigidos pelos órgãos ambientais para recuperação de áreas degradadas pela mineração de carvão na região da Bacia Carbonífera Sul Catarinense. O presente trabalho aborda aspectos de caracterização física, mecânica e de permeabilidade das argilas da jazida Morozini localizada em Treviso – SC, Brasil. Foram analisadas amostras extraídas a 30 cm e 130 cm de profundidade. Com a finalidade de avaliar a permeabilidade natural da argila amostras indeformadas foram coletadas com auxilio do trado tipo “Uhland”. Outras amostras também foram moldadas em laboratório, na umidade ótima, com o objetivo de comparar e quantificar o aumento ou a diminuição da permeabilidade com a compactação do material. Os resultados obtidos indicaram que as amostras compactadas tiveram uma redução entre 4 e 7 vezes, em relação ao coeficiente de permeabilidade se comparadas com a amostra em seu estado natural. PALAVRAS-CHAVE: Permeabilidade, Compactação, Recuperação de Áreas Degradadas, Carvão, Coberturas secas. 1 INTRODUÇÃO deposição de rejeitos oriundos do beneficiamento ou pela explotação a céu aberto. A atividade de mineração resulta na produção de grandes quantidades de material estéril ou A região Sul Catarinense possui uma vasta área degradada pela exploração do carvão, seja pela 1 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. retrabalho. Para dirimir dúvidas sobre os padrões de recuperação ambiental, o GTA – Grupo de Assessoramento à Sentença, elaborou e o juiz responsável homologou, os “Critérios para recuperação de áreas degradadas”. Este documento foi um grande passo para padronizar a recuperação das áreas degradadas, porém ainda existem algumas lacunas que não foram preenchidas por falta de estudos mais acurados. A questão da permeabilidade da cobertura de argila é uma dessas lacunas. Com este estudo pretende-se responder às seguintes questões: 1) Há na região material argiloso com capacidade de minimizar consideravelmente o contato da água com os materiais reativos? 2) Qual a condutividade/permeabilidade dos materiais disponíveis para a cobertura? O objetivo desta pesquisa é conhecer os valores de permeabilidade da argila in situ e compactada além de compará-los com os valores exigidos pelos órgãos ambientais para recuperação de áreas degradadas pela mineração de carvão. rejeitos sólidos de beneficiamento ricos em sulfetos. Pelas próprias características das camadas de carvão (Barro Branco, Irapuá e Bonito), a extração deste bem mineral no Estado de Santa Catarina torna-se uma atividade potencialmente poluidora. De acordo com o Terceiro Relatório de Monitoramento dos Indicadores Ambientais (2009), existem hoje 6.341,88 ha de áreas impactadas pela mineração de carvão, divididas em: argila (354,60 ha), lagoa ácida interna (191,36 ha), revegetação (3.405,12 ha), urbanizado (821,28 ha ) e rejeito ou área minerada a céu aberto (1.569,52 ha). Sem a devida proteção, essas áreas impactadas podem sofrer severa infiltração das águas meteóricas e superficiais, gerando drenagem ácida a partir da reação dessas águas com os sulfetos presentes. Estas águas ácidas provocarão a lixiviação de diversos elementos químicos, tendo como conseqüência direta a poluição hídrica. Para minimizar a geração de acidez nas pilhas de resíduos de mineração, as alternativas normalmente utilizadas têm sido as chamadas coberturas secas, que consistem no recobrimento da área do depósito com camadas de solo. O objetivo desta técnica é minimizar o acesso do oxigênio e de água para o interior do material reativo, minimizando assim o processo gerador de gases sulfurosos e drenagem ácida. O bom desempenho desta técnica depende substancialmente dos materiais utilizados, dos aspectos construtivos e das condições climáticas. As empresas do setor carbonífero de Santa Catarina foram condenadas por uma Sentença a recuperar todas as áreas degradadas pela atividade de mineração e beneficiamento de carvão. Junto com essa ação várias dúvidas surgiram na forma de como conduzir a recuperação dessas áreas, de forma a atingir os objetivos propostos. Não existe um consenso entre os técnicos das empresas e, principalmente, não existe consenso entre os técnicos dos órgãos fiscalizadores desta sentença. Por este motivo várias áreas que foram consideradas recuperadas necessitam de 2 MATERIAIS E MÉTODOS 2.1 Definição da área de estudo Inicialmente foi realizado um contato com os geólogos da CPRM - Serviço Geológico do Brasil, que indicaram a realização da pesquisa em duas áreas: uma de material proveniente da Formação Palermo, e outra proveniente dos Leques Aluviais. A primeira área indicada pertence à empresa CSN - Companhia Siderúrgica Nacional, situada na localidade de Morozini, município de Treviso. Neste local o substrato rochoso é formado por litologias pertencentes à Formação Palermo (Figura 1). Na região do Campo Morozini, a espessura do manto de alteração (solo) é em média de 5 m. Segundo Krebs (2004), a espessura total da Formação Palermo, na região de Criciúma e Forquilhinha é da ordem de 92 m. 2 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. Figura 3 – Localização da área de estudo Fonte: Google Earth, 2009. Figura 1. Jazida Morozini. 2.2 Amostragem Outro local indicado foi uma área da Carbonífera Criciúma, na localidade de Verdinho, município de Criciúma. A jazida existente neste local se encontra no sistemas de leques aluviais (Figura 2). As amostras indeformadas foram retiradas em dois locais, e foram denominadas como amostra 01 (coletadas a 30 cm do topo do talude) e amostra 02 (coletadas a 1,30m do topo do talude), conforme ilustrado na figura 4. Figura 2. Solo do Sistema Leques Aluviais – Verdinho. Figura 4. Locais de coletas das amostras. Optou-se por fazer o estudo na jazida Morozini, por apresentar melhor característica geotécnica e por ser a Formação geológica de maior abrangência na região. Sabe-se que material de empréstimo (solos) relacionado à Depósitos de Leques Aluviais, apresentam características geotécnicas bastante variável de um local para o outro e até mesmo na própria jazida, por serem constituídos por alterações dos cascalhos, originados de rochas basálticas. Na figura 3 pode-se observar uma imagem de satélite da jazida estudada. Em cada patamar foram coletadas 03 amostras indeformadas com o uso do trado tipo “Uhland”. As amostras indeformadas foram envolvidas com filme de PVC, com o objetivo de conservar a umidade existente no momento da coleta. Para os demais ensaios: limite de liquidez, limite de plasticidade, análise granulométrica, e os ensaios de “proctor”, foram coletados aproximadamente 50 kg de material solto em cada profundidade. 3 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. até que a ranhura fosse fechada. 2.3 Ensaios 2.3.1 Preparação das amostras O material coletado no campo foi encaminhado ao laboratório, onde foi iniciado o processo de preparação das amostras para realização os ensaios. A primeira etapa para preparação das amostras consiste na secagem ao ar livre do material. Num segundo momento, inicia-se o destorroamento do material, com auxilio do almofariz e a mão de gral (Figura 5). Figura 6. Ensaio de liquidez. Ensaio de limite de plasticidade Para a realização do ensaio de plasticidade foi necessário moldar uma porção de solo de forma cilíndrica, através da rolagem do material em uma placa de vidro fosco (Figura 7). Figura 5. Destorroamento do solo. Como última etapa da preparação das amostras o material destorroado foi passado em peneira de abertura de malha de 4,75mm. Apenas o material passante na peneira é utilizado para a realização dos ensaios, o material retido é descartado. 2.3.2 Ensaios de caracterização física Figura 7. Realização do ensaio do limite de plasticidade. Ensaios de limite de liquidez O objetivo é que essa porção de solo fique com 3 mm de diâmetro. Para isso utiliza-se um gabarito como referência. A partir do momento que o solo atingiu as dimensões e forma desejada, continua-se rolando o solo sobre o vidro até que a fissuração do solo se inicie. Após a fissuração, a amostra é pesada e seca em estufa. A norma NBR 6459/84 descreve e padroniza o ensaio de limite de liquidez. Este ensaio consiste em adicionar água no solo até que o mesmo obtenha a consistência de pasta homogênea. Após obter esta homogeneidade o solo foi moldado no Aparelho Casagrande. Com um cinzel foi realizada uma ranhura no centro da amostra (Figura 6), e posteriormente foram realizados diversos golpes com o mecanismo existente no aparelho 2.3.3 Análise granulométrica por peneiramento 4 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. O ensaio de permeabilidade foi baseado no método B da NBR 14545, que descreve a determinação do coeficiente de permeabilidade de solos argilosos a carga variável. As amostras foram revestidas lateralmente com uma camada fina de parafina, aplicada no estado líquido (Figura 9). Para obter a curva granulométrica do solo e determinar as percentagens em peso de cada fração constituinte do material foi realizado o ensaio de peneiramento com as amostras passantes nas peneiras de no10 (2,00 mm) e no 200 (0,075 mm). 2.3.4 Ensaio de caracterização mecânica Para a caracterização mecanica foi realizado o ensaio de compactação, utilizando o solo passante na peneira nº 4 (4,75 mm). Para a determinação da umidade ótima e do peso específico máximo empregou-se a energia do “Proctor” Normal. O material foi moldado em cilindros e submetido a 26 golpes através de um soquete padrão (2,5 kg). O material é compactado no cilindro em três etapas e submetidos aos golpes (Figura 8). Figura 9. Amostra parafinada. A base do permeâmetro foi preparada colocando na tampa inferior uma tela de arame e sobre ela uma camada de areia grossa com espessura aproximada de 1 cm recoberta por um anel de borracha. Em seguida a amostra parafinada foi posicionada no centro do cilindro e envolvida com argila plástica do tipo bentonita até o nível superior da amostra (Figura 10). Figura 8. Ensaio de compactação. Após a compactação o material é nivelado e pesado, podendo-se assim determinar a massa específica do solo. De posse desses resultados traçou-se um gráfico para se obter a densidade máxima seca e a umidade ótima correspondente. Com os valores encontrados de máxima densidade e umidade ótima da amostra 1 e da amostra 2, foram moldados 2 corpos de prova (um para cada amostra) para determinação do coeficiente de permeabilidade no permeâmetro de carga variável. Figura 10. Amostra revestida com argila. 2.3.5 Ensaios de permeabilidade O restante do espaço livre do permeâmetro foi preenchido com areia e o permeâmetro fechado 5 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. para o início da fase de saturação. Para saturação, o permeâmetro foi colocado em um recipiente com água, de modo que a saturação ocorresse de forma ascendente (Figura 11). As 3 amostras do solo denominado como amostra 01 (coletado a 30 cm de profundidade), segundo a classificação TRB, enquadra-se no grupo A7-5. Os solos deste grupo são solos de granulometria fina, definidos como silteargilosos, possuem alto LL, são plásticos e sofrem grande mudança de volume. Contêm todos os materiais com IP moderado em relação ao LL, podendo ser altamente elásticos. O solo deste grupo é a argila, tendo 75% ou mais passante na peneira 200. Características LL (%) LP (%) IP (%) % passante # 200 IG HRB 1A 64,1 31,7 32,4 99,1 20 A7-5 1B 65,2 33,7 31,5 99 20 A7-5 1C 61,2 37,7 23,5 97,1 18 A7-5 Média 63,5 34,36 29,13 98,4 _ _ Figura 11. Adição de água para saturação do material. Tabela 1: Características físicas da amostra 01 Utilizando este método a saturação ocorreu de forma muito lenta (5 dias). Adaptou-se então um reservatório de água, confeccionado com garrafa “pet” e conectado através de uma mangueira ao orifício de entrada de água do permeâmetro. O reservatório foi instalado a 1 metro de altura do permeâmetro, com o objetivo de fornecer pressão ao liquido percolante. Com a fase de saturação concluída, foi conectada no orifício superior da tampa do cilindro uma mangueira cuja outra extremidade estava conectada em uma bureta graduada. Adicionou-se água na bureta e inicou-se as medições, nos intervalos de tempo estipulados. O ensaio prosseguiu até a obtenção de quatro determinações do coeficiente de permeabilidade relativamente próximos, os quais não apresentaram tendências evidentes, quer de crescimento, quer de diminuição. Os valores do índice de grupo mostram a relação com os valores do índice de plasticidade, quanto maior o IP maior o valor do IG, e conseqüentemente maior a porcentagem passante na peneira 200. De acordo com a classificação “SUCS”, classificação unificada, as amostras 01-B e 01C são classificadas como “MH”, sendo um silte de alta compressibilidade. Apenas a amostra 01-A é classificada como “CH”, que corresponde a uma argila de alta compressibilidade. 3 3.1.2 Caracterização mecânica Os dados obtidos para as compactações realizadas nas amostras 01 podem ser observadas na tabela 2. Tabela 2: Característica mecânica amostra 01 Parâmetros 1A 1 B Média Densidade seca máxima (g/cm³) 1,33 1,32 1,33 Umidade ótima (%) 30,30 29,1 29,7 RESULTADOS OBTIDOS 3.1 Amostra 01 Com base nos resultados podemos concluir que o material analisado, localizado a 30 cm de profundidade, para atingir a máxima densidade deve estar com uma umidade próxima a 30%, e a máxima densidade que este material irá 3.1.1 Caracterização física Um resumo dos resultados obtidos na caracterização física da amostra 01 pode ser observado na tabela 1. 6 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. O solo típico do grupo A6 é a argila com 75% ou mais que passante na peneira 200, no caso específico apresentou 95,3% passante na peneira citada. Solos do grupo A7-6 contêm material semelhante ao grupo A6, tendo, porém alto LL. Ambos os grupos são solos de granulometria fina definidos pela TRB como silte-argilosos. De acordo com a classificação “SUCS” (classificação unificada de solos), as amostras 02-A e 02-B são classificadas como “ML”, sendo um silte de baixa compressibilidade. Apenas a amostra 02-C é classificada como “CL”, que corresponde a uma argila de baixa compressibilidade. atingir será aproximadamente 1,33 g/cm³. Se o material for compactado com uma umidade superior ou inferior a 30% a densidade máxima não será atingida. 3.1.3 Coeficiente de permeabilidade Foram estudadas duas situações, a primeira com uma amostra “indeformada” e a segunda moldada em laboratório na umidade ótima. Os valores encontrados de permeabilidade para esta amostra estão descritos na tabela 3. Tabela 3: Coeficiente de permeabilidade da amostra 01 Amostra 01 Coeficiente de permeabilidade (cm/s) K20 Natural (indeformada) Compactada 3.2.2 Caracterização mecânica 1,06 E -05 2,76 E -06 Os dados obtidos para as compactações realizadas nas amostras 02 podem ser observadas na tabela 5. Com a leitura da tabela 3, podemos observar que houve uma diminuição de 3,8 vezes no valor da permeabilidade se compararmos a amostra compactada com o valor da amostra indeformada, ou seja, coletada na jazida e analisada em estado natural. Tabela 5: Característica mecânica da amostra 02 Caracteristicas Densidade seca máxima (g/cm³) Umidade ótima (%) 3.2 Amostra 02 Um resumo dos resultados obtidos na caracterização física da amostra 02 pode ser observado na tabela 4. Tabela 4: Características físicas da amostra 02 2A 40 26,2 13,8 95,3 10 A6 2B 41,3 26,6 14,7 96,4 10 A7 -6 2C 41,1 21,9 19,2 96,6 12 A7 -6 1,46 25,5 -2B Média 1,46 24,6 1,46 25,05 Com base nos resultados podemos concluir que o material analisado localizado a 1,30 m de profundidade para atingir a máxima densidade deve estar com uma umidade próxima a 25%. E a máxima densidade que este material irá atingir será aproximadamente 1,46 g/cm³. Se o material for compactado com uma umidade superior ou inferior a 25% a densidade máxima não será atingida. 3.2.1 Caracterização física Características LL (%) LP (%) IP (%) % passante # 200 IG HRB - 2A Média 40,8 24,9 15,9 96,1 _ _ 3.2.3 Coeficiente de permeabilidade Para a análise da permeabilidade da amostra 2 também foram estudadas as mesmas situações impostas para a amostra 1. O primeiro ensaio foi realizado com uma amostra “indeformada” e o segundo em laboratório moldada na umidade ótima. Os valores encontrados de permeabilidade para esta amostra estão descritos na tabela 6. Uma amostra do solo denominado como amostra 02 (coletado a 1,30 m de profundidade), segundo a classificação TRB está classificada no grupo A6. As outras amostras estão classificadas como A7-6. Os solos do grupo A7-6 contêm materiais com alto valor de IP em relação ao LL, estando sujeitos a grandes variações de volume. 7 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. Tabela 6: Coeficiente de permeabilidade da amostra 02 Coeficiente de permeabilidade Amostra 02 (cm/s) K20 Natural (indeformada) 3,78 E -06 Compactada 5,31 E -07 permeabilidade pode ser reduzida em até 7 vezes, se o solo for objeto de compactação correta. Desta forma pode vir a auxiliar os técnicos na escolha do material a ser utilizado nos diversos trabalhos de engenharia. Sugere-se finalmente que, jazidas ocorrentes no âmbito de outras formações geológicas, com suas diversidades intrínsecas, sejam alvo dos mesmos procedimentos e ensaios utilizados neste trabalho, tendo em vista que solos provenientes de rochas diferentes oferecerão respostas diversas. Com a leitura da tabela 6, pode-se observar que houve uma diminuição de 7 vezes no valor da permeabilidade se compararmos a amostra compactada com o valor da amostra indeformada, ou seja, coletada na jazida e analisada em estado natural. 4 CONCLUSÃO REFERÊNCIAS Com base nos ensaios físicos pode-se concluir que os materiais ensaiados são classificados como silte-argilosos. O material coletado a 30 cm de profundidade possui alta compressibilidade, ao contrário do material coletado a 1,30m de profundidade, que possui baixa compressibilidade. Os ensaios mecânicos de compactação mostram que o solo coletado a 30 cm de profundidade necessita maior umidade para atingir a densidade máxima se comparado com o material coletado a 1,30 m de profundidade. Outro fato importante relativo à compactação é que o material coletado em maior profundidade atingirá uma densidade máxima 10% maior que o material coletado em menor profundidade. Quanto à permeabilidade, observa-se a influência do efeito da estrutura dos solos compactados na diminuição da permeabilidade. Nos ensaios realizados nas amostras indeformadas, ou seja, na condição natural, sem compactação o coeficiente de permeabilidade chega a ser de 4 a 7 vezes maior do que nas amostras compactadas com umidades ótimas. Conclui-se, ainda, que o material analisado coletado a 1,30m de profundidade, se compactado corretamente, pode atingir 10-7 cm/s, parâmetro este citado e muitas vezes exigido nos trabalhos de recuperação ambiental por técnicos dos órgãos fiscalizadores. Assim, verifica-se a existência de materiais argilosos com capacidade de minimizar consideravelmente o contato da água com materiais reativos. O índice encontrado indica que a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT): NBR 6457: Amostras de solos - Preparação para ensaios de compactação e ensaios de caracterização. Rio de Janeiro, 1986. ____. NBR 14545 – Determinação do coeficiente de permeabilidade de solos argilosos a carga variável. Rio de Janeiro, 1984. ____. NBR 6459 – Determinação do Limite de Liquidez. Rio de Janeiro, 1984. ____. NBR-7180: Determinação do Plasticidade. Rio de Janeiro, 1984. Limite de ____. NBR-7181: Análise granulométrica. Rio de Janeiro, 1984. ____. NBR-7182: Solo – Ensaio de Compactação. Rio de Janeiro, 1984. Brasil. Justiça Federal. 1ª Vara Federal de Criciúma, SC. Processo nº 2000.72.04.002543-9. Autor: Ministério Público Federal. Réu: Nova Próspera Mineração S.A. e outros. Recuperação dos passivos ambientais decorrentes da mineração de carvão no sul do Estado de Santa Catarina. Terceiro relatório de monitoramento dos indicadores ambientais. Criciúma, set. 2009. 312 p. Krebs, A.S.J. Contribuição ao conhecimento dos recursos hídricos subterrâneos da bacia hidrográfica do Rio Araranguá, SC. Florianópolis, UFSC, Departamento de geografia, 2004. v.1. 375 p. (Tese de doutorado). 8