ABORTO: Legalizar ou Não? eis a questão! O que seria o Aborto? ABORTO s.m. Interrupção da gravidez antes que o embrião ou feto tenha condições de sobreviver fora do corpo da mulher. O aborto resulta na morte do feto, e pode ser provocado ou espontâneo. Em um aborto espontâneo, o feto é expulso do corpo da mulher. Muitos abortos espontâneos resultam de causas naturais. No aborto provocado, o feto é removido por meios artificiais, geralmente médicos. O aborto constitui, já há muito tempo, uma questão extremamente controvertida. Um dos aspectos mais importantes dessa controvérsia consiste em saber se a mulher deve ser autorizada por lei a praticar o aborto e, em caso afirmativo, em que circunstâncias. Discute-se também como, e em que medida, as leis devem assegurar à criança que está por nascer o direito à vida. Quais os argumentos contra? Os Argumentos Contra o Aborto baseiamse na suposição de que o aborto representa a eliminação não justificada da criança que está por nascer. As pessoas que se opõem ao aborto partem do princípio de que a vida humana tem início no momento em que o espermatozóide fertiliza o óvulo. Conseqüentemente, acreditam que a destruição de um embrião ou feto vivo constitui ato moralmente condenável. Outro argumento contra o aborto é que a sua autorização legal estimularia a gravidez irresponsável e o desrespeito à vida humana. A mais firme adversária do aborto é, provavelmente, a Igreja Católica Romana, que é contra o aborto em qualquer circunstância. Muitas pessoas de outras religiões, particularmente do budismo e hinduísmo, também se opõem ao aborto, da mesma forma que certos grupos de judeus e protestantes. Vários médicos o condenam com base no argumento de que sua missão consiste em salvar vidas, não em destruí-las. Quais os argumentos a favor? Os Argumentos a Favor do Aborto. Muitas pessoas admitem o aborto sob determinadas circunstâncias como, por exemplo, quando a vida ou a saúde da mulher é ameaçada pela gravidez. Outros recomendam o aborto quando houver perigo de que a criança venha a nascer com grave defeito físico ou lesão mental. Consideram válido o aborto também quando a gravidez for provocada por estupro. Muitos defensores do aborto entendem que o feto não é um ser humano completo e, conseqüentemente, não faz jus aos direitos normalmente assegurados aos seres humanos. Sustentam que a mulher deveria ser livre para decidir se quer ou não dar à luz a criança. Há ainda os que consideram o aborto um bom método de controle da natalidade. Outro argumento a favor é que a legalização da prática do aborto, sempre que desejado pela mulher, reduziria o número de abortos clandestinos. Realizados, com freqüência, por indivíduos não qualificados, os abortos clandestinos podem causar sérios prejuízos à saúde e até mesmo a morte da mulher. Leis Relativas do Aborto As Leis Relativas ao Aborto variam muito de país para país. Nos países latino-americanos e em muitas das nações da Europa ocidental, o aborto só é permitido para salvar a vida da mulher. Na Dinamarca e na Suécia uma mulher pode fazer legalmente um aborto por muitas razões. Na Hungria e no Japão basta que a mulher o deseje. No Brasil, o aborto é classificado entre os crimes contra a vida, sendo permitido por lei em apenas dois casos: quando a gravidez é gerada por estupro ou quando põe em risco a vida da mãe. Essa lei é de 1940 e atualmente a tendência do poder judiciário é ampliar o direito de aborto. Os juízes têm deferido a favor do aborto sempre que há uma anomalia fetal grave que inviabilize a sobrevida fora do útero. Esses juízes alegam que a legislação é antiga e não evoluiu para acompanhar a medicina, que atualmente é capaz de diagnosticar com precisão a malformação de um feto (os casos de erros de diagnósticos são de um em mil). Assim sendo, eles apoiam o aborto nesse caso, considerando-o uma transgressão aceitável. Não haveria razão, então, para obrigar a mulher e a família ao sofrimento de gerar durante nove meses uma criança sem chances de sobrevida. Os juízes costumam ser bastante criteriosos, exigindo o laudo de três especialistas, comprovando que o feto não tem chances de sobrevida fora do útero, além de um atestado psicológico afirmando que a mãe tem condições emocionais que a permitem decidir pelo aborto. ... O primeiro alvará concedido nesse sentido foi em 1989, em Rondônia, e o segundo em 1991, no Mato Grosso. Em 1999, estima-se que mais de 400 alvarás tenham sido expedidos em todo o Brasil. Em cerca de 70% dos casos, os fetos sofrem de anencefalia, ou seja, desenvolvem-se sem a formação do cérebro. Métodos Métodos Usados para Provocar o Aborto. Os médicos podem realizar um aborto de diversas maneiras. Antes que se tenham completado 12 semanas de gravidez, muitos médicos optam por um método denominado dilatação curetagem, pelo qual raspam o feto, retirando-o do útero. Outro método consiste em extrair o feto por sucção, por meio de um instrumento que realiza a aspiração a vácuo. Depois da 12ª semana de gravidez, o método mais comum consiste em injetar uma solução de sal no líquido que circunda o feto. Essa solução mata o feto e provoca a sua expulsão do corpo da mulher. Os abortos praticados antes da 12ª semana de gravidez raramente são perigosos para a mulher. Depois disso, tornam-se cada vez mais arriscados. Aborto Espontâneo Aborto espontâneo ,que pode ser chamado de aborto involuntário, aborto natural ou “falso parto”,é a perda do feto por causas naturais (geralmente devido à morte do feto), antes do desenvolvimento adequado para que ele consiga sobreviver(geralmente por volta de 20 semanas) . Um evento natural, não um procedimento escolhido ou um aborto terapêutico. Causa e fatores de risco A causa da maioria dos abortos involuntários é a morte do feto devido à anomalias de crescimento não causados pela mãe. Sendo que ¾ ocorrem nos primeiros três meses de gravidez .Além disso estima que mais da metade dos óvulos fertilizados morrem e são perdidos espontaneamente sem a mulher saber que está grávida. “Mais da metade dos abortos espontâneos são causados por alterações genéticas no embrião. Um estudo da Universidade Federal de São Paulo, realizado pelo pesquisador Saul Antonio Sachetti, conclui que as desordens cromossômicas ocorreram em 51% desses casos. (...)” Fonte: Jornal da Paulista, Ano 15 - N° 164. Outras causas possíveis são: infecção, defeitos físicos da mãe, fatores hormonais (endócrino),respostas imunes e doença sistêmicas graves (como diabetes, pressão alta ou problemas da tireóide por exemplo). Dentre as grávidas , a taxa de aborto natural é de aproximadamente 10% ,que geralmente acontece entre a sétima e décima segunda semanas de gestação. O risco de aborto aumenta em mulheres : acima dos 35 anos em 20%, do que na idade de 20 anos ,dos 40 ao 44 o risco já aumenta para 50%,com doenças sistêmicas e com histórico de 3 ou mais abortos anteriores. Aborto terapêutico Aborto provocado para salvar a vida da gestante, para preservar a saúde física ou mental da mulher, para dar fim à gestação que resultaria numa criança com problemas congênitos que seriam fatais ou associados com enfermidades graves, para reduzir seletivamente o número de fetos para minorar a possibilidade de riscos associados a gravidez múltipla(mais de um feto). A questão do aborto( Por Dr. Drauzio Varella) Desde que a pessoa tenha dinheiro para pagar, o aborto é permitido no Brasil. Se a mulher for pobre, porém, precisa provar que foi estuprada ou estar à beira da morte para ter acesso a ele. Como consequência, milhões de adolescentes e mães de família que engravidaram sem querer recorrem ao abortamento clandestino, anualmente. A técnica desses abortamentos geralmente se baseia no princípio da infecção: a curiosa introduz uma sonda de plástico ou agulha de tricô através do orifício existente no colo do útero e fura a bolsa de líquido na qual se acha imerso o embrião. Pelo orifício, as bactérias da vagina invadem rapidamente o embrião desprotegido. A infecção faz o útero contrair e eliminar seu conteúdo. O procedimento é doloroso e sujeito a complicações sérias, porque nem sempre o útero consegue livrar-se de todos os tecidos embrionários. As membranas que revestem a bolsa líquida são especialmente difíceis de eliminar. Sua persistência na cavidade uterina serve de caldo de cultura para as bactérias que subiram pela vagina, provoca hemorragia, febre e toxemia. A natureza clandestina do procedimento dificulta a procura por socorro médico, logo que a febre se instala. Nessa situação, a insegurança da paciente em relação à atitude da família, o medo das perguntas no hospital, dos comentários da vizinhança e a própria ignorância a respeito da gravidade do quadro colaboram para que o tratamento não seja instituído com a urgência que o caso requer. A septicemia resultante da presença de restos infectados na cavidade uterina é causa de morte frequente entre as mulheres brasileiras em idade fértil. Para ter idéia, embora os números sejam difíceis de estimar, se contarmos apenas os casos de adolescentes atendidas pelo SUS para tratamento das complicações de abortamentos no período de 1993 a 1998, o número ultrapassou 50 mil. Entre elas, 3.000 meninas de dez a quatorze anos. Embora cada um de nós tenha posição pessoal a respeito do aborto, é possível caracterizar três linhas mestras do pensamento coletivo em relação ao tema. Há os que são contra a interrupção da gravidez em qualquer fase, porque imaginam que a alma se instale no momento em que o espermatozóide penetrou no óvulo. Segundo eles, a partir desse estágio microscópico, o produto conceptual deve ser sagrado. Interromper seu desenvolvimento aos dez dias da concepção constituiria crime tão grave quanto tirar a vida de alguém aos 30 anos depois do nascimento. Para os que pensam assim, a mulher grávida é responsável pelo estado em que se encontra e deve arcar com as conseqüências de trazer o filho ao mundo, não importa em que circunstâncias. No segundo grupo, predomina o raciocínio biológico segundo o qual o feto, até a 12ª semana de gestação, é portador de um sistema nervoso tão primitivo que não existe possibilidade de apresentar o mínimo resquício de atividade mental ou consciência. Para eles, abortamentos praticados até os três meses de gravidez deveriam ser autorizados, pela mesma razão que as leis permitem a retirada do coração de um doador acidentado cujo cérebro se tornou incapaz de recuperar a consciência. Finalmente, o terceiro grupo atribui à fragilidade da condição humana e à habilidade da natureza em esconder das mulheres o momento da ovulação, a necessidade de adotar uma atitude pragmática: se os abortamentos acontecerão de qualquer maneira, proibidos ou não, melhor que sejam realizados por médicos, bem no início da gravidez. Conciliar posições díspares como essas é tarefa impossível. A simples menção do assunto provoca reações tão emocionais quanto imobilizantes. Então, alheios à tragédia das mulheres que morrem no campo e nas periferias das cidades brasileiras, optamos por deixar tudo como está. E não se fala mais no assunto. A questão do aborto está mal posta. Não é verdade que alguns sejam a favor e outros contrários a ele. Todos são contra esse tipo de solução, principalmente os milhões de mulheres que se submetem a ela anualmente por não enxergarem alternativa. É lógico que o ideal seria instruí-las para jamais engravidarem sem desejá-lo, mas a natureza humana é mais complexa: até médicas ginecologistas ficam grávidas sem querer.Não há princípios morais ou filosóficos que justifiquem o sofrimento e morte de tantas meninas e mães de famílias de baixa renda no Brasil. É fácil proibir o abortamento, enquanto esperamos o consenso de todos os brasileiros a respeito do instante em que a alma se instala num agrupamento de células embrionárias, quando quem está morrendo são as filhas dos outros. Os legisladores precisam abandonar a imobilidade e encarar o aborto como um problema grave de saúde pública, que exige solução urgente. Imagens: Dilatação e Curetagem Sucção,Aspiração á Vácuo Injeção de substancias salinas Anomalia Genética Losna Abortativa