Conclusão 6. Conclusão Sendo que o nosso estudo tinha como objectivo geral concluir em que estádio de motivação para a mudança se encontravam os indivíduos, aquando da entrada para tratamento e de o grau da sua dependência influencia assim o estádio em que o mesmo se encontrava, podemos concluir que os indivíduos se encontravam no estádio de contemplação. O estádio de contemplação, é o estádio do consumidor «indeciso», que tem a intenção de alterar o seu comportamento ao longo dos próximos 6 meses. Tem consciência tanto das vantagens como das desvantagens da mudança. Tal pode gerar uma ambivalência capaz de manter alguns indivíduos neste estádio durante muito tempo, ou seja, existe uma ponderação das vantagens e desvantagens do consumo e da abstinência (Benyamina, 2008). É coerente falar-se de um estádio de contemplação crónica ou de comportamento de procrastinação. Estes indivíduos não estão preparados para iniciar um programa de tratamento e vivem um verdadeiro dilema (Benyamina,2008). A permanência neste estádio de mudança, durante longos períodos de tempo, é devido a uma estagnação nos processos de decisão, que é motivada pela excessiva ambivalência, dai serem chamados, “contempladores crónicos”. Resumindo, neste estádio, o indivíduo encontra-se consciente que necessita de mudar, mas ainda não tomou nenhuma iniciativa para que essa mudança ocorra. A pessoa sabe o que quer, mas não esta pronta para comprometer-se efectivamente com a mudança, sendo que, passa a considerar os factores favoráveis, desfavoráveis e as consequências de mudar ou não, experimentando a ambivalência frente à mudança durante meses, anos ou nunca chega a concretizar-se. Podemos assim concluir que estes indivíduos ainda não se encontram preparados para efectuar a mudança. Encontram-se entre a ambivalência de mudar o seu comportamento ou manter-se igual. Tal como alguns estudos indicam, justifica-se que a motivação não é algo estanque, mas sim, como já referimos anteriormente, o indivíduo vai transitando de um estádio para o outro, não sendo obrigatório passar por todos eles (Araújo, Camilo, Laranjeira, Oliveira & Schneider, 2003). 35 Conclusão Desta maneira, para quem trabalha na área das dependências, este conhecimento é importante, no sentido de que, não se avalia os indivíduos como estando motivados ou não, mas sim tenta-se compreender a motivação como sendo um processo não obrigando o individuo a mudar, mas sim, tentar agir de maneira a adaptarmos-nos ao seu estádio para que eles queiram mudar (Araújo, Camilo, Laranjeira, Oliveira & Schneider, 2003). Outro objectivo deste estudo era tentar perceber se o grau de dependência alcoólica iria influenciar o estádio de motivação para a mudança. Estudos dizem que se esta relação existir é de enorme importância no sentido que os profissionais de saúde e mesmo indivíduos dependentes do álcool, referem que quanto maior for a gravidade da dependência mais difícil é do sujeito ser tratado o que pode interferir no facto de nem os terapeutas nem os indivíduos investirem no tratamento (Araújo, Camilo, Laranjeira, Oliveira & Schneider, 2003). Contudo apesar dos indivíduos se encontrarem no estádio de contemplação neste estudo, ficou comprovado que existe correlação entre o grau de dependência e o estádio de motivação. Quanto maior for o grau de dependência maior ser a motivação para a mudança, visto que estes indivíduos já se encontram numa fase avançada da doente e com maior disponibilidade para mudar. Essas razões poderão ser de ordem pessoal, familiar o até mesmo profissional. Por vezes, estes sujeitos já realizaram pelo menos um tratamento que não resultou, tendo o seu problema agravado, e por sua ordem os seus problemas também. O facto de a família também se encontrar, por vezes, saturada de tais comportamentos leva a que estes tomem uma posição de mudança, pois concluem que o seu problema começa a tornar-se cada vez mais fora do controle. Estes indivíduos chegam mesmo a perder o emprego, a divorciar-se, voltando para casa dos pais ou ficam a viver sozinhos. Contudo por vezes, estes factores que se referiu podem ser de risco, visto que são situações em que ficam sozinhos, sem ajuda ou apoio e perdem o controlo da situação. De qualquer das maneiras, pode ser uma motivação para que queiram mudar, visto que devido a sua dependência acabaram por perder aspectos significativos na sua vida, devido ao seu consumo. Podemos assim concluir, que neste estudo os indivíduos estão no estádio de contemplação, podendo estar prontos para iniciar uma mudança. 36