Ministério da Educação Universidade Tecnológica Federal do Paraná Câmpus Londrina Assessoria de Comunicação Matéria publicada na FolhaWeb em 16/01/2014 em: http://www.folhaweb.com.br/?id_folha=2-1--170420140116&tit=pms+aprendem+a+lingua+de+sinais Elaborada por: ( ) Assessoria de Comunicação (X) (próprio jornal, site) PMs aprendem a língua de sinais Policiais passam por qualificação, visando melhoria no atendimento à população As aulas são oferecidas gratuitamente e acontecem uma vez por semana "Eu já tinha muito interesse em aprender e descobri que havia um interesse coletivo", conta a soldado Andreza Cabo Jomar: "Esse aprendizado é essencial para nossa profissão" Londrina - Ontem de manhã, cerca de 40 policiais e bombeiros militares de Londrina tiveram a primeira aula da Língua Brasileira de Sinais (Libras). A ação é inédita e é resultado de uma parceria entre o comando do 5º Batalhão de Polícia Militar e a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Em 60 horas de aula, a corporação irá aprender noções básicas e essenciais para o atendimento à população. "Nossa intenção é melhorar a comunicação nas ocorrências e a percepção dos policiais frente a algumas situações", afirma o capitão Ricardo Eguedis, porta-voz do Centro de Operações da PM (Copom). Em sala, era possível encontrar quem já é familiarizado com a língua, como o cabo Jomar da Costa Medeiros. "Sei da importância de se aprender a língua, pois já fui convidado para um evento e, quando cheguei, descobri que o público era de surdos. Tive que me virar com a ajuda de um manual, mas ao mesmo tempo fiquei interessado em aprender", comenta. Ao saber do curso, Medeiros enxergou uma grande oportunidade. "Esse aprendizado é essencial para nossa profissão. Tanto no atendimento de uma vítima que pode ser surda ou até mesmo de uma testemunha", ressalta. A iniciativa do curso é da soldado Carmem Andreza dos Santos, que ficou sabendo por meio da FOLHA que a UTFPR estava ofertando aulas de Libras. "Eu já tinha muito interesse em aprender e descobri que havia um interesse coletivo. Fiz uma proposta para o comando e deu certo", conta Andreza, que tem formação em Serviço Social e atuou diretamente com surdos. "Eu sentia muita dificuldade em me comunicar", completa. Para quem não tinha noção nenhuma da língua, falar com as mãos é uma novidade. "Estou tendo o primeiro contato, mas apesar de ser bem diferente não parece ser difícil", diz o tenente Paulo Henrique Moreno, um dos cinco bombeiros inscritos no curso. As aulas são oferecidas gratuitamente e acontecerão uma vez por semana, durante três horas, na sede do 5º Batalhão. A intenção é que ao longo do ano a qualificação seja progressiva, atingindo um número maior de militares. "Não é uma língua difícil. Ela apenas tem uma estrutura visual e gestual diferente do que estamos acostumados", diz a professora de Libras e intérprete da UTFPR, Gabriele Cristina Rech, que ministra as aulas. Inclusão De acordo com Gabriele, a iniciativa do curso para policiais e bombeiros não trata apenas da questão da acessibilidade, mas de ordem linguística. "Espero que essa importância também seja despertada para outros profissionais, principalmente na área da Saúde", diz. Segundo o Censo de 2010, são 344 mil surdos em todo o país. A garantia dessa população está estabelecida no decreto 5.296, de 2004, que regulamenta a Lei 10.048 de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica. Além disso, a Lei 10.098 estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. O decreto estabelece que "os órgãos da administração pública direta, indireta ou fundacional, as empresas prestadoras de serviços públicos e as instituições financeiras deverão dispensar atendimento prioritário às pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida" e que, "os serviços de atendimento para pessoas com deficiência auditiva deve ser prestado por intérpretes ou pessoas capacitadas em Libras". Porém, para Silvana Araújo Silva, docente de Libras na Universidade Estadual de Londrina e professora no Instituto Londrinense de Educação de Surdos (Iles), ainda há muito o que melhorar na prática, inclusive em instituições como bancos e hospitais. "É por isso que essa qualificação é muito interessante. Além de facilitar a comunicação, vai promover a compreensão. A gente percebe que a sociedade consegue compreender as deficiências físicas aparentes, mas com os surdos não. Isso porque a sociedade não compreende a dificuldade que eles têm no dia a dia, já que a surdez é imperceptível à primeira vista", salienta. A ação também é vista com muito otimismo para o assessor especial para Assuntos de Acessibilidade em Londrina, Almir Escatambulo. "É uma mostra que as instituições públicas estão se preocupando com a inclusão da pessoa com deficiência", comenta, relembrando que em 2007 um rapaz foi preso em uma padaria em Londrina porque a proprietária não entendeu que ele era surdo e tentava se comunicar com as mãos. "Ele ficou quase 11 dias preso por engano. Essa é uma prova da importância desse curso para policiais", conclui. Micaela Orikasa - Reportagem Local