CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM: POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E GESTÃO DO SUAS MÓDULO 2 M2 D3: GESTÃO POR RESULTADOS PROFESSORES: TATIANA SANDIM E MARCELO GARCIA COORDENADOR DE CONTEÚDO: MARCELO GARCIA DIRETORA PEDAGÓGICA: MARIA UMBELINA C. SALGADO JANEIRO DE 2012 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA “GESTÃO POR RESULTADOS” Cara aluna, caro aluno, Na aula do dia 15 de fevereiro, vamos iniciar duas novas disciplinas, e “Gestão por Resultados” é uma delas. Este texto tem a finalidade de propiciar elementos e informações que permitam a você acompanhar as aulas bem como conhecer os pontos mais relevantes desse modelo de gestão. Na Parte I, abordaremos o planejamento estratégico, instrumento e o próprio modelo de Gestão para Resultados. Para trabalhar esse tema de gestão é preciso conhecer seus fundamentos, aqui trabalhados por meio do planejamento estratégico. Serão apresentadas definições, princípios e objetivos da Gestão para Resultados. Na Parte II serão apresentados exemplos com o intuito de fortalecer o processo de aprendizagem por meio da reflexão a partir de casos práticos. Serão apresentadas ao final algumas críticas a esse modelo. METODOLOGIA TELEPRESENCIAL Como nas demais disciplinas, são fundamentais para sua aprendizagem, a leitura cuidadosa do Guia de Estudo e o estudo dos textos complementares de leitura obrigatória indicados para o Estudo Individual Orientado (EIO). Aulas telepresenciais A proposta da metodologia telepresencial é que você acompanhe as aulas por meio dos slides que, posteriormente, são disponibilizados no Espaço do aluno. É importante que participe das aulas e apresente suas dúvidas para que o professor possa ajudá-lo(a) a situar-se melhor e a desenvolver bem o Estudo Individual Orientado. Estudo Individual Orientado O Guia de Estudo orienta seu trabalho individual a distância, apresentando uma síntese da aula telepresencial, de modo a permitir-lhe refletir, com mais tranquilidade, sobre os temas tratados e apropriar-se deles para sua prática. 1 Textos Complementares de Leitura Obrigatória Os textos complementares de leitura obrigatória visam ao enriquecimento ou à exemplificação/contextualização do tema tratado em cada aula. Para cada parte do Guia de Estudo você tem a indicação de um texto complementar, cuja leitura é indispensável e deve preceder a resposta da Lista de Exercícios correspondente. Listas de Exercícios As Listas de Exercícios constituem um elemento de avaliação formativa, isto é, ao mesmo tempo em que permitem caracterizar seu desempenho na disciplina, oferecem grande oportunidade de estudo e de apropriação da temática de cada aula. É importante resolver os exercícios com atenção e não deixá-los para a última hora. Você terá sempre três semanas para completar cada lista. Confira o dia de entrega cada uma no fim deste tópico, no quadro Calendário Atualizado da Disciplina. Caso haja algum imprevisto que resulte em atraso na postagem de uma lista, a data de entrega será prorrogada por tempo igual. Fórum O Fórum constitui um espaço de interação e debate. Ao longo de cada Módulo serão postados ao menos quatro tópicos e você deve escrever um comentário para cada um deles. Portanto, serão necessários quatro comentários para que você obtenha a pontuação mínima de 70% do total dos 40 pontos correspondentes ao Fórum, em cada módulo. Esses 40 pontos são distribuídos igualmente pelas quatro disciplinas, ou seja, 10 pontos para cada uma. Calendário Atualizado da Disciplina Datas Aulas Tele o N Lista Data ExerPoscícios tagem Guia de Estudo Textos Complementares de Leitura Obrigatória Parte I http://www.bresserpereira.org.br/Documents/MARE/ Terceiros-Papers/02-Garces53(4).pdf 3 16/02 06/03 14 e 28 mar. Parte II http://www.marcelogarcia.com.br/monitoramentoeav 2012 aliacao.pdf 5 15/03 27/03 15 e 29 de fev. 2012 Data Final Prova: ver calendário 2 OBJETIVOS DA APRENDIZAGEM Os objetivos específicos norteiam o resultado desejado, indicando os aspectos que os coordenadores do curso e o professor da disciplina consideram mais relevantes para sua formação como Especialista em Gestão do Suas. Leia cada um deles atentamente e verifique, ao longo das aulas e do EIO, se você está apresentando o desempenho esperado. Desse modo, você poderá monitorar seu próprio progresso nos estudos. Ao concluir o estudo desta disciplina, esperamos que você demonstre capacidade para: 1. Compreender em que contexto se insere a adoção do modelo de Gestão para Resultados. 2. Descrever os objetivos de um Planejamento Estratégico e quais são os principais instrumentos por ele utilizado. 3. Explicar os princípios e diretrizes da Gestão para Resultados bem como as vantagens de sua adoção para a administração pública. 4. Descrever os procedimentos necessários para elaboração de um modelo de Gestão para Resultados. 5. Discorrer acerca dos planejamentos plurianuais de governos desenvolvidos a partir dos princípios da Gestão para Resultados, apresentando seus princípios, visões e projetos estruturadores. 6. Compreender as críticas lançadas contra o modelo de Gestão por Resultados. CONTEÚDO Gestão para Resultados (GpR), eficiência, eficácia e efetividade das políticas. Princípios básicos da Administração Pública: legalidade, impessoalidade, moralidade administrativa, publicidade, eficiência. Objeto de trabalho e objetivos da GpR. Estrutura da GpR: componentes do processo de criação de valor; esferas; ferramentas; agentes envolvidos. Principais desafios. Ferramentas teóricas e práticas para o desenho, gestão e avaliação de projetos sociais. Concepção, ciclos e planejamento dos projetos sociais. Indicadores e gestão de projetos. Monitoramento/acompanhamento avaliativo. Construção de indicadores. Potencialidades na implementação de projetos sociais. INTRODUÇÃO Há uma tendência entre os governos subnacionais de adoção de modelos de gestão mais modernos e robustos que permitam aumentar a 3 eficiência e a efetividade da ação governamental e, ainda, a transparência e o accountability, princípios fundamentais para uma boa gestão pública. Ao se tratar do tema Gestão para Resultados é possível observar que ao definir e explicitar os resultados pretendidos, os governos permitem aos cidadãos acompanhar a evolução das ações e, sobretudo, conhecer previamente quais são os caminhos que pretendem traçar para alcançar os objetivos a que se propõem. Quando se trata de gestão de políticas sociais ou de estratégias de superação da pobreza, o conhecimento acerca desse modelo de gestão permite ao profissional não só utilizar em sua prática cotidiana os instrumentos aqui apresentados como também conhecer na estrutura governamental qual é a importância das questões sociais para os governos atuais e, sobretudo, como se pretende avançar para a melhoria do bem-estar da população atendida. Na primeira parte deste texto serão apresentados os princípios e funções do planejamento estratégico, considerando-o como peça fundamental para a Gestão para Resultados. Em seguida, esse tema será abordado de forma direta, apresentando sua definição, objetivo e princípios. Com o objetivo de potencializar o processo de aprendizagem, na segunda parte dois exemplos práticos serão trabalhados. Um deles é o planejamento governamental elaborado pelo governo federal. Serão discutidos seus objetivos, princípios e estrutura básica. O segundo exemplo é do planejamento de longo prazo elaborado pelo governo de Minas Gerais. Este Estado tem sido frequentemente apresentado como exemplo em razão da relevância que instrumentos de gestão para resultados têm assumido em seu cotidiano, impactando diretamente toda a ação e a estrutura do governo. Ao final, serão apresentadas brevemente algumas críticas ao modelo de Gestão para Resultados. PARTE 1 A crise do Estado, discutida em todo o mundo desde a década de 1970, foi marcada principalmente por dificuldades fiscais e pelo esgotamento do modelo burocrático de gestão pública. Com uma crise determinada por fatores financeiros e administrativos que afetavam diretamente o desempenho do Estado, este se viu forçado a se transformar. As mudanças implementadas tiveram como objetivo atribuir maior capacidade de governança e atuação econômica, política e social bem como promover maior eficiência no gasto dos recursos públicos, permitindo, assim se esperava, a garantia dos direitos sociais e necessidades dos cidadãos. 4 Aliado à esse imperativo, diretamente relacionado com a própria trajetória do Estado, existe outro fator importante. A sociedade moderna é marcada por incerteza, diversidade, turbulência e complexidade. Muitas mudanças de ordens econômica, cultural e social estão acontecendo, a desigualdade entre as classes sociais se acentua, ampliando questões complexas, como a pobreza em diversos países, por exemplo. Os governos se veem às voltas com o imperativo de lidar com esse novo contexto social, oferecendo à sociedade respostas mais efetivas para problemas igualmente complexos e, se valendo de ferramentas e instrumentos pouco eficientes para esse tipo de ação. Ineficientes porque foram criados quando a sociedade era determinada por fatores diferentes destes atuais, que tornavam essas ferramentas adequadas para o momento e, sobretudo, adequadas para os tipos de problemas com os quais a administração pública tinha que se haver. Diante desse quadro, pode ser considerada uma consequência saudável a adoção de novas teorias. Estas foram construídas a partir da crítica ao modelo burocrático e buscavam reduzir o tamanho do setor estatal. Seu conteúdo se baseia no modelo de gestão privada e sua adoção trouxe para dentro do aparato estatal um modelo gerencial utilizado em larga escala na iniciativa privada. Esse modelo gerencial de gestão adotado por muitos governos é chamado de Nova Gestão Pública. O principal ganho decorrente de sua implementação é a instituição de um modelo pós-burocrático de organização, mais flexível, capaz de inovar e de aprender continuamente, de prestar serviços com maior qualidade e, ainda, ser orientado para os resultados. Tamanha foi a atratividade desse modelo que inúmeros países passaram a utilizá-lo para organizar a estrutura governamental. No Brasil, as práticas da Nova Gestão Pública demoraram a ser adotadas em razão de, principalmente, dois fatores. O primeiro deles é que, nas décadas finais do século XX, os esforços se concentravam no combate à inflação acelerada, à negociação da dívida externa e na tentativa de retomar o crescimento econômico. O segundo fator importante é a impossibilidade técnica e política de planejar a médio ou a longo prazo num ambiente marcado por tanta instabilidade. A Nova Gestão Pública se caracteriza por uma série de mudanças empreendidas na estrutura governamental, na tentativa de tornar o Estado mais eficiente e responsivo às demandas dos cidadãos. Considerando sua natureza de modelo gerencial, muitas das técnicas e ferramentas que passam a ser utilizadas pela administração pública neste contexto são tomadas da administração privada, o que não é realizado sem problemas que, por sua vez, suscitam críticas. Estas serão apresentadas ao final do presente texto. Para efeito dessa disciplina, uma das faces desse novo modelo de gestão interessa 5 mais especificamente: o planejamento. Isso porque para tratar do tema Gestão para Resultados é preciso iniciar pela importância do planejamento nessa concepção de gestão. 1. O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO O planejamento é algo corriqueiro, inclusive na vida de muitas pessoas. É o simples ato de verificar quais são os melhores meios e formas de alcançar um determinado resultado. Mas, o que muda quando trata-se de um planejamento estratégico? Importante! Estratégia é um conjunto coerente de grandes escolhas e de um pequeno cardápio de experimentos inovadores, de grande alcance potencial, que orienta a construção do futuro almejado e o gerenciamento do presente sob condições de incerteza (PORTO, et al., 2010 pp. 13-14) Assim, o planejamento estratégico é uma metodologia gerencial que estabelece as diretrizes a serem seguidas pela organização, considerando o ambiente nessa definição. É um processo contínuo no qual estão claramente colocados a missão, a visão de futuro, os objetivos e os projetos que a organização pretende desenvolver para alcançar a mudança almejada. Esse planejamento deve ser continuamente revisado para verificação dos rumos tomados. A essência do planejamento estratégico contempla: A antecipação de demandas, oportunidades e desafios de uma dada organização, num dado momento; O exercício de realizar grandes escolhas, vistas como prioridade, da organização, apontando a direção que a organização deve seguir (visão de futuro) e o que deve ou não ser feito num horizonte temporal de longo prazo; A definição de linhas de ação e a destinação de recursos e competências necessárias para que sejam alcançados os objetivos propostos; A preparação para a implementação, com definição clara de 1) prioridades imediatas, indicando por onde começar e 2) como fazer o que se pretende, informando como fazer por meio dos projetos prioritários. O planejamento estratégico deve prover para a organização uma orientação única, sinérgica e integradora de sua totalidade. É uma importante 6 ferramenta gerencial para impor os melhores meios para a tomada de decisões, para estimular a convergência e o alinhamento e para focalizar a atenção das pessoas responsáveis pelas decisões nos fatores-chave para o sucesso. O sucesso nesse caso deve ser compreendido como o alcance do futuro almejado e planejado. Assim, um bom planejamento estratégico é como uma bússola que orienta o desenvolvimento e a construção do futuro num horizonte temporal de médio ou longo prazos (PORTO, et al., 2010). De acordo com Porto e Silveira (2010), o significado de um plano estratégico é muito simples e representa o caminho que a instituição escolheu para avançar de uma situação real e presente para outra, desejada, sob condições de incerteza. No esquema abaixo, tais condições de incerteza estão representadas por meio de vários cenários possíveis. Nessa concepção, o planejamento estratégico representa claramente qual é o futuro almejado pela instituição e qual é o caminho que deverá ser percorrido para que este futuro, hoje somente no plano do anseio, se torne real no intervalo de tempo coberto pelo planejamento. Assim, um planejamento estratégico informa em que áreas devem ser concentrados mais esforços e recursos, tornando-se uma referência gerencial útil para coibir a dispersão de esforços, a pulverização de recursos e promover o gerenciamento focado na resolução de problemas imediatos. Cenário A Cenário C Estratégia Como evoluir de A para B Onde estamos? (A) Presente Aonde pretendemos Chegar? (B) Futuro Cenário B Cenário D Diagrama esquemático do conceito de planejamento estratégico. Fonte: Porto e Silveira (2010 apud Macroplan Prospectiva, Estratégia & Gestão, s/d). 1.1. PRINCIPAIS ELEMENTOS DE UM PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO 7 Missão A missão define o que é a organização e como pretende atuar no dia a dia. Consistem em sua razão de ser e determina a identidade da organização. Para se definir qual é a missão de uma instituição, as seguintes perguntas deverão ser respondidas: - o que a organização faz? - para quem a organização faz? - como a organização faz o que faz? Visão A visão expressa onde e como a organização pretende estar no futuro. É um elemento motivador, que propicia a criação de um ambiente propício ao surgimento de novas ideias. A visão demonstra a capacidade empreendedora e visionária dos integrantes da empresa, representa suas ambições e descreve o quadro futuro que se quer alcançar dentro de um período longo de tempo. É esse o elemento que propicia um alinhamento do planejamento estratégico a ser implementado pela organização. Valores São as convicções e crenças em que as pessoas da organização acreditam e que devem balizar as atividades e relações com o público-alvo. São elementos que direcionam as ações das pessoas, dando unidade e coerência ao trabalho. Por meio dos valores a organização expressa como deverá se comportar para atingir os objetivos a que se propõe, que por sua vez garantirão a realização da visão de futuro proposta. Objetivos Estratégicos São sempre vários os objetivos estratégicos das organizações. Isto porque estes representam a definição do que a empresa fará para cumprimi sua missão e atingir a visão prevista. Devem ser claramente definidos, por pessoas no nível estratégico e, uma vez escolhidos, orientam a todos na organização sobre onde concentrar seus esforços. Também devem ser possíveis de serem alcançados e flexíveis para o caso de haver necessidade 8 de modificá-los. Por fim, devem ser mensuráveis e definidos no tempo com prazos pré-determinados. 1.2. EFICIÊNCIA, EFICÁCIA E EFETIVIDADE Estes três conceitos estão sempre presentes quando são abordados os temas presentes neste texto. Quando se fala em eficiência, fala-se na melhor utilização dos recursos existentes para conseguir os objetivos propostos. Assim, eficiência é um projeto que gasta o mínimo possível para fazer tudo o que se propõe. Por outro lado, a eficácia de uma política ou programa deve ser entendida como o grau em que os objetivos são alcançados. Ou seja, um projeto qualquer é eficaz quando alcança os objetivos previstos quando este foi desenhado. É preciso que os objetivos sejam claramente definidos para que, ao final, seja possível aferir se estes foram ou não atingidos ou, em outras palavras, se o projeto foi eficaz ou não. A efetividade, por sua vez, alude a uma relação entre os resultados obtidos (previstos ou não) e os objetivos propostos (MOKATE, 1999). Em outras palavras, a efetividade refere-se à mudança ocorrida na vida das pessoas beneficiárias, principalmente, ocasionadas pelas ações do projeto em análise. Ou seja, consiste em responder à questão: e com o fim deste projeto, a vida das pessoas mudou? E foi para melhor? Se sim para ambas as questões, o projeto foi efetivo. Os três conceitos são sempre abordados quando se fala em Gestão para Resultados. Isso porque um resultado deve ser alcançado com eficiência, em nome da qualidade do gasto e da ação pública. Mas, também os projetos desenvolvidos para alcançar os resultados propostos devem ser eficazes, ou seja, devem alcançar os objetivos a que se propõem e, por fim, esses objetivos, uma vez alcançados, devem promover uma mudança positiva no bem-estar da população beneficiária. 1.2 INDICADORES SOCIAIS Indicador é aquilo que aponta algo. É uma medida utilizada, geralmente em formato numérico, para mostrar e tornar concreta uma ideia abstrata ou um conceito social importante. Sempre traz informações sobre aspectos da realidade social e indica mudanças que estão acontecendo. 9 Um indicador social é uma medida em geral quantitativa (mas não exclusivamente), dotada de significado social substantivo, usado para evidenciar, quantificar ou operacionalizar (que significa dar “materialidade”, dar “concretude”) um conceito social abstrato, de interesse teórico (para pesquisa acadêmica) ou programático (para formulação de políticas). NAS PALAVRAS DO AUTOR... “Se bem empregados, os indicadores sociais podem enriquecer a interpretação empírica da realidade social e orientar de forma mais competente a análise, formulação e implementação de políticas sociais.“ (JANNUZZI, 2002) É preciso estar atento à utilização dos indicadores. Diferentes formas de se definir o que é pobreza, por exemplo, levam a diferentes métodos e indicadores para medir essa realidade, o que implica na identificação de públicos distintos e também diferentes maneiras de se conceber estratégias para sua superação. Os indicadores ocupam um papel importante na Gestão para Resultados uma vez que é por meio deles que os resultados obtidos são comparados com os resultados planejados, quando da elaboração do planejamento estratégico. NÃO SE PREOCUPE! Os indicadores serão abordados novamente adiante, inclusive com exemplos, para que fique mais clara sua definição e função na Gestão para Resultados. 2. GESTÃO PARA RESULTADOS “Não há grande mistério em formular um bom plano estratégico. O verdadeiro desafio é fazê-lo acontecer” (ANSOFF, et al., 1993). Durante muito tempo, acreditou-se que o desenho de projetos ou programas era a fase mais importante de todo o ciclo de vida deste projeto ou programa. (ou O ciclo de vida de um projeto ou de uma política é formado pelo desenho formulação ou planejamento), implementação (ou execução, 10 desenvolvimento) e avaliação. Este ciclo não é formado por fases estanques, separadas formalmente umas das outras. Pelo contrário, devem ser entendidas como um processo no qual se pode, sempre que necessário, retornar às fases anteriores com o intuito de corrigir erros ou problemas e avançar de forma mais eficiente em busca dos resultados pretendidos. Esse conceito pode ser aplicado em qualquer tipo de projeto, seja ele utilizado no âmbito público ou não. Ao pensar em uma representação gráfica das fases de um projeto qualquer se deve ter em mente algo como uma mola. Nela se pode perceber que as fases do projeto não são consecutivas e subsequentes. Assim, por exemplo, quando o desenho de um projeto é concluído, passa-se à fase de implementação. Contudo, nada deve impedir que se retorne à fase de desenho para corrigir algum problema não previsto quando a equipe ocupava-se do planejamento deste projeto e, em seguida, continue-se avançando em direção aos objetivos propostos. Retomando o raciocínio anterior, a fase do planejamento do projeto foi vista durante longo tempo como a fase determinante do sucesso ou do fracasso deste projeto. A percepção era de que um desenho bem feito só poderia dar certo, visto que a implementação era uma etapa meramente administrativa, mecânica, em relação à qual só restava executar bem o que havia sido planejado com todo esmero. A ideia por trás dessa teoria é que uma boa execução garantiria – com certeza – o sucesso do projeto. O planejamento bem elaborado, então, não cabia a possibilidade de erros. Com o tempo e a percepção de que muitos projetos fracassavam ou, ainda, não obtinham os resultados planejados, mesmo cumprindo à risca todo o planejamento, novas teorias a respeito do assunto surgiram. Fazendo uma analogia, é como se um navio saísse de um porto com um planejamento para chegar em um outro porto distante. De acordo com a primeira teoria, o planejamento correto, só poderia levar o navio ao porto de destino. Contudo, sucessivas observações perceberam que, ao longo do caminho, problemas não considerados como tempestades, insuficiência de recursos como marinheiros capacitados, por exemplo, levavam o navio a situações inesperadas como não chegar no tempo previsto, não chegar ao ponto exato previsto ou, simplesmente, não chegar a lugar nenhum. Essa diferença é chamada de “hiato da implementação” e fez com que o desenvolvimento dos projetos se tornasse uma fase muito importante, a respeito da qual se deve manter vigília constante e ininterrupta, corrigindo os rumos, antecipando problemas, mantendo o foco no objetivo que se deseja alcançar, entre outros pontos. Entra em cena, nesse contexto, a gestão estratégica. São várias possibilidades deste tipo de gestão. O foco desta disciplina é a Gestão Estratégica para Resultados, por ser uma das mais difundidas, principalmente, na administração pública. 11 IMPORTANTE! Por RESULTADOS deve-se entender a “mudança desencadeada na realidade pelo produto final. Refere-se também ao conceito de “efeitos”: aquilo que uma intervenção alcançará ou alcançou no curto e no médio prazo” (MUNIZ, et al., 2010 p. 37) 2.1 DEFINIÇÃO Segundo Albert Serra (2008), existem várias definições para o termo Gestão para Resultados. Muitos governos nacionais e subnacionais ao redor do mundo utilizam modelos similares e os definem com algumas diferenças. Para Porto e Silveira (2010), Gestão Estratégica é um macroprocesso integrado e contínuo de formulação, implantação, gerenciamento, monitoramento e avaliação das estratégias. A Gestão Estratégica Orientada para Resultados é norteada pelos seguintes princípios: Mobilização de recursos e parcerias Participação direta do público-alvo Portfólio de projetos para implementar a estratégia Atitude empreendedora Gestão intensiva em tempo real Foco em resultados Todos esses princípios têm como objetivo primordial produzir mais e melhores resultados (Porto e Silveira, 2010). Quando se trata da participação direta do público-alvo, o que se pretende é delimitar claramente quem irá se beneficiar de cada ação planejada com vistas a definir quais serão as demandas que deverão ser consideradas. Esse é ponto primordial para o planejamento, uma vez que as necessidades a serem atendidas impactarão diretamente em todo o ciclo do projeto. O princípio de orientação das ações para a produção de resultados, foca nos recursos tangíveis, mensuráveis e pactuáveis. Os resultados devem ser definidos previamente e são comumente mensurados por meio de indicadores. A definição e pactuação de resultados deve ser feita com as partes interessadas, internas ou externas à organização. O portfólio de projetos refere-se a uma carteira limitada de ações (projetos ou programas) que será colocada em prática para que a estratégia 12 final seja alcançada. Na prática observa-se que cada projeto se relaciona com uma parcela do objetivo planejado (estratégia), ou seja, eles são o desdobramento desse objetivo em pequenas partes possíveis de serem executadas. A atitude empreendedora refere-se à profissionalização e valorização das pessoas. Trata-se de criar condições para o desenvolvimento das pessoas que conduzem projetos ou programas estratégicos na organização. Para a valorização destas pessoas, frequentemente, são implantados mecanismos de estímulo à criatividade e compromisso ético com os resultados e, ainda, recompensa pelo bom desempenho e contribuição com os resultados. A mobilização de todo tipo de recursos e parcerias pressupõe um trabalho em rede e uma organização de toda a organização para focalizar os recursos no alcance dos resultados esperados. Importante! É fundamental trabalhar com os parceiros internos e externos de forma integrada. Dentro da organização (parceiros internos) é preciso para facilitar o contato entre os responsáveis e as diversas unidades de apoio técnico e administrativo. A formação desta rede é primordial para que o projeto obtenha sucesso! A gestão intensiva e em tempo real é um princípio fundamentado na liderança e responsabilização pelos resultados, na capacitação dos gestores, na formação de equipes de monitoramento do portfólio de projetos e na utilização de sistemas de informações gerenciais que apóiem a gestão dos projetos e das ações pelos gestores. Essas condições aumentam a capacidade e agilidade nas respostas facilitando, assim, a adoção de medidas preventivas ou corretivas para superar os obstáculos e avançar na execução dos projetos. O propósito é corrigir os rumos e potencializar as chances de os resultados serem alcançados (Porto e Silveira, 2010). Como foi dito, vários são conceitos para a Gestão para Resultados. O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento a denomina mais especificamente como Gestão para Resultados de Desenvolvimento sob a alegação de que o foco deve ser o desenvolvimento das pessoas e a define especificamente como uma estratégia geral de gestão que tem como objetivo principal conseguir o melhor desempenho e apresentado em resultados demonstráveis. A boa gestão dos resultados é um processo contínuo no qual a retroalimentação, o aprendizado e a busca de melhorias estão presentes de maneira permanente. Nessa definição, a modificação regular dos planos elaborados com base nas lições aprendidas nos processos de controle e avaliação são características básicas (MUNIZ, et al., 2010). Nessa definição, os princípios utilizados são: 13 Diálogo com os múltiplos interessados nos resultados Alinhamento resultados dos programas, monitoramento e avaliação dos Promoção e manutenção de processos de simples medição e informação dos resultados por meio de indicadores Gestão para e não por resultados Informação sobre os resultados como aprendizado e apoio na tomada de decisões. matéria-prima para o Como pode ser observado, os princípios apresentados pelas duas definições trazidas não diferem muito. Certamente, a diferença mais curiosa seja a Gestão PARA Resultados e não POR Resultados. Albert Serra (2008) chama atenção para essa diferença em sua publicação sobre o assunto. Segundo este autor, é contraditório se orientar POR resultados quando o mais natural é obter resultados ao fim de um processo. Além disso, é mais adequado utilizar PARA, “enfatizando desse modo uma gestão orientada à consecução de resultados pré-determinados, pré-definidos,esperados” (SERRA, 2008, pág. 23). 2.2 OBJETIVOS Para o PNUD, os principais objetivos da Gestão Para Resultados são: Apoiar uma prestação de contas substantivas dos governos; Induzir à ação corretiva; Assegurar uma tomada de decisão bem fundamentada; Promover a gestão de riscos; Melhorar a aprendizagem individual e organizacional. O que está colocado no centro desse modelo de gestão é a medição do desempenho da gestão pública. É exatamente sobre esse ponto que se colocam as críticas a esse modelo, como será visto adiante. A preocupação final da Gestão Para Resultados é, então, o desenvolvimento de um processo que culmine na geração de valor público dentro de um regime democrático. Valor público são as respostas efetivas às demandas que possuam prioridade coletiva e que requeiram mudanças sociais (resultados) que modifiquem alguns aspectos no conjunto da sociedade. A gestão para resultados foca o cidadão ao definir claramente os objetivos governamentais e orientar a mudança social (MUNIZ, et al., 2010). 14 3. E NA PRÁTICA, COMO FUNCIONA? – EXEMPLOS Vários governos têm utilizados técnicas de planejamento e os princípios da Gestão Para Resultados. Serão apresentados aqui dois exemplos que têm por objetivo fixar os conhecimentos e trabalhar os conceitos trazidos neste texto de forma prática e objetiva. 3.1 O GOVERNO FEDERAL Na esfera federal, o governo nacional desenha e implementa o Plano PluriAnual (PPA). Recentemente foi lançado o PPA para o período 2012-2015. Em seu documento de apresentação, o plano traz a Visão de Futuro almejada para o Brasil para o período contemplado por esse planejamento (até 2015), os princípios e valores norteadores da ação governamental, bem como a relação dos desafios que deverão ser superados para que a visão de futuro (objetivo estratégico) se torne real. O plano é denominado Plano Mais Brasil. Em outras palavras, uma das importantes contribuições do PPA 20122015 é explicitar o que o país almeja para o horizonte temporal de 4 anos e, sobretudo, tornar público para toda a população qual é o caminho que o governo democrático pretende percorrer para que esse objetivo seja alcançado. Ao mesmo tempo, o PPA já traz indicações sobre a destinação dos recursos para alcançar a visão de futuro pretendida. A Visão de Futuro apresentada no PPA pretende tornar o Brasil um país reconhecido: Por seu modelo de desenvolvimento sustentável, bem distribuído regionalmente, que busca a igualdade social com educação de qualidade, produção de conhecimento, inovação tecnológica e sustentabilidade ambiental. Por ser uma Nação democrática, soberana, que defende os direitos humanos e a liberdade, a paz e o desenvolvimento no mundo. Fonte: PPA 2012-2015 (Brasil, 2011). Os Valores que alicerçam a visão de futuro são: Soberania Democracia 15 Justiça Social Sustentabilidade Diversidade Cultural e Identidade Nacional Participação Social Excelência na Gestão Apesar de não afirmar categoricamente a adoção da Gestão para Resultados, o PPA traz na apresentação do modelo de planejamento vários de seus princípios. Esse documento relata que o PPA foi construído por meio da análise dos vários cenários possíveis (conforme trazido no modelo esquemático do planejamento estratégico) e, ainda, por meio do envolvimento das partes interessadas, dentro e fora da estrutura governamental. Além disso, o PPA define quais indicadores deverão ser acompanhados para verificação de que os objetivos estão sendo ou não alcançados. São apresentadas as situações atuais de cada indicador e também a projeção anual para sua evolução. Está também prevista uma estrutura de monitoramento e avaliação, mediada por sistemas de gestão da informação que permitam aos gestores a tomada de decisão mais rápida e fundamentada nos fatos. Outro princípio presente é a focalização dos recursos, fundamental para a garantia da implementação adequada e, assim, da consecução dos resultados esperados. De forma esquemática, a análise do cenário atual (tendências recentes), os desafios a serem enfrentados e a visão de futuro estão representados nos círculos laranja na figura abaixo: 16 Fonte: PPA 2012-2015 (BRASIL, 2011). O PPA traz, ainda, no que ele denomina de Dimensão Tática a apresentação dos 65 Programas Temáticos criados ou mantidos de períodos anteriores, considerados fundamentais para o alcance dos objetivos estratégicos para este período de tempo. Estes programas temáticos são agrupados por áreas (social, infraestrutura, desenvolvimento produtivo e ambiental e programas especiais). Para cada área é apresentado o montante de recursos financeiros que será investido e para cada programa o percentual deste valor total destinado a ele. Para a área social é destinada a maior parte dos recursos, 57%. Por ser considerada uma área mais afeita à grade curricular do curso de pós-graduação a que se destina este texto, serão apresentados aqui apenas os Programas Temáticos da área social. São eles: Aperfeiçoamento do Sistema Único de Saúde (SUS) Bolsa Família Fortalecimento do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) Segurança Alimentar e Nutricional Educação Básica Educação Profissional e Tecnológica Educação Superior - Graduação, Pós-Graduação, Ensino, Pesquisa e Extensão Cultura: Preservação, Promoção e Acesso Esporte e Grandes Eventos Esportivos Planejamento Urbano Resíduos Sólidos Segurança Pública com Cidadania Coordenação de Políticas de Prevenção, Atenção e Reinserção Social de Usuários de Crack, Álcool e Outras Drogas Cidadania e Justiça Agricultura Familiar Reforma Agrária e Ordenamento da Estrutura Fundiária Trabalho, Emprego e Renda Previdência Social 17 Políticas para as Mulheres: Enfrentamento à Violência e Autonomia Enfrentamento ao Racismo e Promoção da Igualdade Racial Promoção dos Direitos de Crianças e Adolescentes Promoção e Defesa dos Direitos Humanos Promoção dos Direitos de Pessoas com Deficiência Autonomia e Emancipação da Juventude Proteção e Promoção dos Direitos dos Povos Indígenas Recomendamos... Todo o PPA 2012-2015 está disponível na página do Ministério do Planejamento. Acesse o link abaixo e obtenha todas as informações a respeito desse instrumento de gestão do governo federal: http://www.planejamento.gov.br/noticia.asp?p=not&cod=7571&cat=155&sec=10 Os indicadores a serem acompanhados são apresentados na dimensão estratégica do PPA por cenário considerado: social, ambiental, econômico e regional. A título de exemplo, será apresentado um dos indicadores da área social: o indicador de Pobreza e Desigualdade, o Índice de Gini. Veja o gráfico: Fonte: PPA 2012-2015 (BRASIL, 2011). 18 O que se pode observar é um histórico do Índice de Gini desde 1995 e uma projeção deste indicador até o ano de 2015. Ou seja, considerando a evolução histórica deste dado e o cenário em que o país se encontra, o plano é que a evolução deste indicador ocorra como apresentado no gráfico. Os Programas Temáticos serão desenvolvidos com o intuito de que, por meio dos resultados que cada um gerar, essa projeção se torne verdadeira. Saiba mais! O Índice de Gini é um índice criado para medir a desigualdade na distribuição de qualquer recurso. É frequentemente utilizado para medir a desigualdade na distribuição de renda, como no exemplo apresentado. Quanto mais próximo de 0, melhor a distribuição da renda entre a população. Quanto mais próximo de 1, maior a concentração de renda em uma pequena parcela da população. Por exemplo: se o Índice de Gini for igual a 0, significa que toda a população possui a mesma renda. Se for igual a 1 significa que uma única pessoa detém toda a renda e os demais não tem nada. 3.2. O GOVERNO DE MINAS GERAIS O governo de Minas Gerais tem se destacado no cenário nacional pela utilização de ferramentas de Gestão Para Resultados desde 2003. Neste estado existe o planejamento de longo prazo, denominado PMDI (Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado), o planejamento de médio prazo, o PPAG (Plano Plurianual de Ação Governamental) e o Planejamento de Curto Prazo, a LOA (Lei Orçamentária Anual). Com o intuito de ampliar as possibilidades de aprendizagem, este texto se deterá no planejamento de longo prazo, ainda não abordado de forma mais específica. Em 2011, o PMDI foi revisto e seu horizonte temporal foi renovado. Agora, o planejamento se estende por mais 20 anos, a partir de 2011. Como aconteceu nos anos anteriores, o PMDI 2011-2030 foi revisto e sua metodologia modificada com vistas a atender de forma mais efetiva às demandas da população e, ainda, modernizar as estruturas de gestão governamental. Uma das principais mudanças nesse novo PMDI é a integração dos órgãos e entidades da administração pública em sistemas setoriais, agrupados em quatro áreas de atuação: governança institucional; planejamento, gestão e finanças; direitos sociais e cidadania; e desenvolvimento sustentável. Está ainda previsto nesse arranjo a cooperação com outras esferas da sociedade. 19 Não se Preocupe! A proposta do PMDI 2011-2030 é que os programas e projetos a serem desenvolvidos pelo governo se preocupem primordialmente com a efetividade da ação pública. Assim, um determinado problema que o projeto pretende resolver pode não ter sucesso se for desenvolvido por uma única secretaria, por exemplo. Assim, várias secretarias devem se unir e trabalhar de forma integrada para o alcance do resultado almejado que é a solução do problema em questão. Quando for apresentado o modelo esquemático do PMDI 2011-2030 esse conceito ficará mais claro. A visão de futuro permanece a mesma das versões anteriores: “Tornar Minas o melhor Estado para se viver” e passa a se basear em quatro princípios: transparência, prioridades claras, engajamento da sociedade civil e participação com qualidade. Também são apontados os atributos implícitos na visão almejada: prosperidade, qualidade de vida, sustentabilidade e cidadania. Os desafios – focos prioritários da ação governamental – são apresentados de forma esquemática: Fonte: PMDI 2011-2030 (MINAS GERAIS, 2011). A representação gráfica do PMDI traz, além da Visão de Futuro e dos atributos implícitos nesta visão, as redes de desenvolvimento integrado criadas 20 para organizar a ação governamental de forma transversal. Nesse ponto é importante esclarecer que uma rede não é formada por um único órgão ou instituição governamental. Uma vez que seu objetivo é promover o desenvolvimento integrado na área, sendo este o resultado mais importante a ser alcançado, a estrutura governamental é que passa a se adaptar às necessidades do cidadão. Fonte: PMDI 2011-2030 (MINAS GERAIS, 2011). Na rede de desenvolvimento social e proteção, por exemplo, estão envolvidas as Secretarias de Estado de Desenvolvimento Social, de Esportes e Juventude e de Trabalho e Emprego. Os Programas Estratégicos que compõem essa rede são: Assistência Social e Direitos Humanos; Cultivar, Nutrir e Educar Desenvolvimento Social dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e Norte de Minas 21 Jovens Mineiros Protagonistas Travessia Para cada rede é apresentada além dos indicadores projetos para 2011, 2023 e 2030, uma meta síntese dessa rede de desenvolvimento integrado. A meta-síntese proposta da rede de desenvolvimento social e proteção é: Minas sem Pobreza e com Baixa Desigualdade Social. Seus objetivos estratégicos também estão postos: Erradicar a miséria em Minas Gerais Romper o ciclo da pobreza e reduzir a desigualdade social Aumentar as expectativas dos jovens quanto ao futuro e o protagonismo destes na sociedade Promover os direitos humanos dos grupos historicamente discriminados Ampliar e efetivar o sistema de garantias de direitos da criança e do adolescente. Saiba mais! O planejamento governamental de Minas Gerais está disponível para consulta pela internet! Acesse: http://www.planejamento.mg.gov.br/governo/publicacoes/arquivos/pmdi_2011_ 2030.pdf 4. CRÍTICAS AO MODELO DE GESTÃO POR RESULTADOS As críticas em relação ao modelo de gestão por resultados focalizam, na maior parte das vezes, a inadequação de um modelo pensado e elaborado para empresas privadas na administração pública. Isso porque, quando se trata de uma empresa não estatal a definição de seus objetivos é muito mais simples assim como também o é a definição da estratégica para alcançar tais objetivos. Na administração pública o assunto é bem mais controverso porque a finalidade é complexa. 22 Reflita! Empresas privadas existem para gerar lucros para seus proprietários. E o Estado, existe para quê? Como aferir se um governo é eficiente, eficaz ou eficiente? Considere que a Gestão Para Resultados focaliza as mudanças que deverão ser geradas num horizonte temporal definido e tais mudanças serão aferidas por meio da evolução de indicadores previamente definidos e pactuados com as áreas interessadas, como apresentado neste texto. Agora, considere as dificuldades existentes na geração de resultados dessa natureza quando se trata de uma estrutura burocrática como os governos tradicionais. Outra limitação da adoção do modelo de Gestão Para Resultados na administração pública refere-se à dificuldade de se criar mecanismos de incentivo e recompensa efetivos para motivação dos gestores e trabalhadores envolvidos no projeto, como visto nos princípios da Gestão Para Resultados. A participação social ainda é bastante incipiente para produzir conhecimento relevante acerca das demandas da população ou, ainda, para conhecer quais são as principais respostas que a população espera para os problemas que vivenciam. Por fim, a medição de resultados é igualmente complicada. Um índice como o de Gini apresentado aqui pode ser influenciado por uma infinidade de acontecimentos sobre os quais os governos não têm autonomia ou governabilidade alguma. Imagine que em uma região se descubra um potencial turístico enorme e que a população se organize de forma a explorar esse potencial de forma sustentável, gerando renda excepcional para uma pequena comunidade antes muito pobre. O desenvolvimento desta região, certamente, influenciará positivamente a distribuição de renda do município, do estado e, em menores proporções, do país. Agora, imagine que um município é devastado por uma enchente ou que uma crise internacional é desencadeada causando grave recessão no país e aumentando o desemprego entre as pessoas mais pobres. O que acontecerá com as projeções do Índice de Gini para o país até 2015? BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA CORREA, Izabela Moreira. Planejamento estratégico e gestão pública por resultados no processo de reforma administrativa do estado de Minas Gerais. Rev. Adm. Pública [online]. 2007, vol.41, n.3, pp. 487-504. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0034- . Acessado em 15 de jan. 2012. 23 GRIN, Eduardo José. Estrutura e metodologia de Gestão para Resultados em governos locais. Disponível em: http://portalegp.com.br/arquivo/51arquivo.pdf . Acessado em 01 de fev. 2012. SERRA, Albert. 2008. Modelo Aberto de Gestão Para Resultados no Serviço Público. Natal : SEARH/RN, 2008. Disponível em: http://www.escoladegoverno.pr.gov.br/arquivos/File/Estados_Brasileiros%20/Ri o_Grande_do_Norte%20/Livros/modelo_aberto_de_gestao_para_resultados_n o_setor_publico.pdf Acessado em 21 de jan. 2012. REFERÊNCIAS ANSOFF, Igor e MCDONNEL, Edward. 1993. Implantando a administração estratégica. São Paulo : Atlas, 1993. MOKATE, Karen. 1999. EFICACIA, EFICIENCIA, EQUIDAD Y SOSTENIBILIDAD: Que queremos decir? 1999. Banco Interamericano de Desarrollo, Instituto Interamericano para el Desarrollo Social (INDES). MUNIZ, Reynaldo Maia, SILVEIRA, Mauro César da e BECHELAINE, Cinthia. 2010. O Caminho em Direção à Gestão por Resultados em Minas Gerais: uma análise dos Planos Mineiros de Desenvolvimento Integrado. [A. do livro] Tadeu Barreto GUIMARÃES, Iran Almeida PORDEUS e Eder Sá Alves. CAMPOS. Estado para Resultados: Avanços no monitoramento e avaliação da gestão pública em Minas Gerais. Belo Horizonte : UFMG, 2010. PORTO, Cláudio Américo de Figueiredo e SILVEIRA, José Paulo. 2010. O Planejamento e a Gestão Estratégica e sua Função em Minas Gerais. [A. do livro] Tadeu Barreto GUIMARÃES, Iran Almeida PORDEUS e Eder Sá Alves. CAMPOS. Estado para Resultados: Avanços no monitoramento e avaliação da gestão pública em Minas Gerais. Belo Horizonte : UFMG, 2010. SERRA, Albert. 2008. Modelo Aberto de Gestão Para Resultados no Serviço Público. Natal : SEARH/RN, 2008. 24 25