Diário
DIVERSÃO
& ARTE
SANTA MARIA
QUINTA-FEIRA, 1 DE JULHO DE 2010
2
JEAN PIMENTEL – 12/05/10
SINDICATO
REJEITA
FILME
SOBRE
CARTEIRO
Zoom
Editor: Francisco Dalcol ☎ 3220.1872
✉ [email protected]
Voz em cena
O barítono Guilherme Rosa
circula o país com a ópera,
‘O Barbeiro de Sevilha’,
em cartaz na Capital
LUCIANA CAMARGO, DIVULGAÇÃO
FRANCISCO DALCOL
E
le diz que “é o maior projeto de
música clássica já realizado no
país”. Guilherme Pires Rosa tem
experiência para afirmar isso.
Depois de uma trajetória que
começou em Santa Maria, incluiu prêmios
e continuou na Europa, o barítono começa
uma nova fase. Na recém-criada Companhia
Brasileira de Ópera, dirigida pelo maestro
John Neschling, Guilherme circula pelo Brasil
com a ópera O Barbeiro de Sevilha. A turnê,
que passará por 15 cidades brasileiras, está
orçada em R$ 10,3 milhões, financiados por
Ministério da Cultura, Petrobras e Banco do
Brasil. A estreia foi dia 24 em Belo Horizonte. Ontem, o grupo começou temporada em
Porto Alegre, onde segue até domingo.
Trata-se da ressurreição de Neschling após
ser demitido, em 2009, da direção da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp),
por e-mail, em consequência de longo e polêmico desentendimento com o então governador José Serra. O carioca de origem austríaca
é um maestro de renome internacional e rege
orquestras na Europa como convidado.
O Barbeiro de Sevilha (1816), do compositor italiano Gioachino Rossini (1792-1868),
conta, de forma cômica, como o barbeiro Fígaro ajuda o Conde d’Almaviva a arquitetar
uma estratégia para conquistar Rosina e se
casar. O “inimigo” é Dr. Bartolo, que também
quer se casar com ela.
Os cantores também interpretam e dançam. Na montagem da Companhia Brasileira
de Ópera, de 150 minutos, uma tela reproduz
um desenho animado com os personagens
da ópera. O recurso diminui custos e facilita o
transporte e a montagem da estrutura do espetáculo. No total, estão envolvidos 50 músicos e 24 cantores, que se revezam nas viagens.
Entre eles, Guilherme, que falou com o Diário
na véspera da estreia em Belo Horizonte.
Diário de Santa Maria – Como foi a seleção da Companhia Brasileira de Ópera?
Guilherme Pires Rosa – Foram feitas audições em São Paulo, em novembro do ano
passado. Cada cantor tinha que cantar uma
ária de Rossini, preferencialmente da ópera O
Barbeiro de Sevilha.
Diário – O elenco se divide durante a
turnê. Como é a organização?
Guilherme – São dois elencos, que se dividem durante a turnê. A ópera conta com um
pequeno coro, que está sendo sempre local,
com uma orquestra de 28 músicos de altíssimo nível, em que os instrumentistas foram
escolhidos a dedo pelos maestros da companhia, e com sete solistas, sendo que cinco
desses se revezam dia sim, dia não. Temos
ainda três diretores de cena, dois pianistas e
quatro maestros viajando juntos. É uma logística incrível, muita gente viajando junto.
EM RESUMO
■ O quê: ópera O
Barbeiro de Sevilha
■ Quando: de
hoje a sábado, às
21h, e domingo,
às 19h. Duração
de 150 minutos.
Récita infantil no
domingo, às 16h
(com 50 minutos de
duração)
■ Onde: em Porto
Alegre, no Teatro
do Sesi (Av. Assis
Brasil, 8.787), fone
(51) 3347-8787
■ Quanto: R$ 30
(mezanino), R$ 60
(plateia alta) e
R$ 70 (plateia
baixa). Para a
récita infantil, preço
único de R$ 2.
À venda apenas
pelo site www.
ingressorapido.
com.br
QUEM É
■ Nascido em Corumbá, no Mato
Grosso do Sul, Guilherme Pires Rosa
veio para Santa Maria aos 3 anos
■ Estudou piano e canto na UFSM
■ Sua voz já rendeu diversos prêmios
no Brasil. Aos 21 anos, foi vencedor do
badalado Concurso Internacional de
Canto Bidu Sayão, realizado em Belém
(PA), em 2003
■ Depois, foi para o Conservatório
Superior de Música do Liceu de Barcelona, na Espanha
■ Agora, aos 28 anos, faz parte do elenco da Companhia Brasileira de Ópera,
pela qual estará em turnê até o fim de
novembro com O Barbeiro de Sevilha
MAIS
Vozes
No canto lírico
masculino, o
barítono fica entre
as vozes de baixo
(grave) e tenor
(agudo). Na voz
feminina, os nomes
são contralto
(grave), mezzosoprano e soprano
(agudo)
Cantor foi selecionado para trabalhar na Companhia Brasileira de Ópera (na foto, um ensaio)
Diário – Como é a organização da parte
vocal, da qual você faz parte?
Guilherme – A companhia está com 24
cantores, sendo um uruguaio, cinco italianos,
uma polonesa e 19 brasileiros. Como serão
quase quatro meses de apresentações, para
esta primeira montagem da companhia, foi
praticamente impossível ter cantores desse
nível à disposição durante todo esse tempo.
Muitos deles já tinham compromissos no
Exterior durante esses meses. O calendário
lírico europeu, em alguns países, chega a ser
marcado com cinco anos de antecedência.
Por isso, alguns entrarão depois e cantarão
em algumas cidades.
Diário – Qual é o seu envolvimento?
Guilherme – Eu e a soprano gaúcha Luisa
Kurtz temos papéis menores e cantaremos
em todas as apresentações. Sou o que mais
participará em número de apresentações.
Das 15 cidades, estarei presente em 13.
Diário - Como é trabalhar com o maestro John Neschling?
Guilherme – Uma experiência e tanto. A
fama de exigente não é à toa. É um profissional que quer que cada um faça seu trabalho
e assuma responsabilidades. Um excelente
administrador e visionário. Acredita nesse
projeto e seu entusiasmo é muito claro.
Diário – O que chamou sua atenção
neste trabalho?
Guilherme – É o maior projeto de música clássica já realizado no país. A proposta
é gigantesca, e o plano é que a companhia
seja estável, com uma montagem sendo feita a cada ano e as anteriores mantidas, o que
possibilitaria uma presença forte de ópera
durante o ano no Brasil. O espetáculo tem
uma interação com desenhos animados, e
tudo tem que ser muito bem marcado e ensaiado. É muito detalhista e milimétrico. É a
primeira vez que isso está sendo feito, numa
linguagem totalmente nova para a ópera.
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O Barbeiro de Sevilh