caderno de REsUMOs 2 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada JORNAL ESCOLAR E LETRAMENTO MIDIÁTICO CRÍTICO A (RE) ESCRITA MEDIADA PELA WEB 2.0 NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES ADAIR BONINI (UFSC) ADAIR VIEIRA GONÇALVES (UFGD) Resumo de Paper Resumo de Pôster O trabalho ideológico da mídia tem sido um dos principais sustentáculos do neoliberalismo e da globalização desigual, à medida que, via práticas e discurso midiático (principal‑ mente do jornalismo), naturalizam‑se representações do mundo segundo as quais, por exemplo, o Estado deve ser mínimo, pois o setor público seria menos eficaz que o em‑ presarial. Nesse contexto, o trabalho escolar com o letra‑ mento midiático crítico envolve não apenas a entrada nas práticas da mídia, mas a entrada de forma questionadora. O ensino de produção textual de notícias, por exemplo, que se centra apenas nas ações necessárias para que se produza um texto como notícia pode favorecer, muitas vezes, que a escola reproduza as pautas dos meios de comunicação de massa e se torne, desse modo, mais um propagador da ide‑ ologia hegemônica. O enfoque proposto pelos PCNs para o ensino e a aprendizagem da linguagem ganhou espaço no material didático e em muitas escolas desde a época da pu‑ blicação deste documento. Nessa trilha e, mais recentemen‑ te impulsionado por projetos governamentais (como o Mais Educação), ampliou‑se também o trabalho de construção de mídias escolares, principalmente o jornal e a rádio escolar. Torna‑se pertinente, desse modo, pensar como estão sen‑ do construídas essas mídias, e quais caminhos se colocam para que elas se desenvolvam e auxiliem na aprendizagem de linguagem como parte da formação do cidadão crítico. Neste trabalho, são analisadas quatro dessas experiências realizadas na rede de escolas públicas municipais da cidade de Florianópolis. São considerados os jornais produzidos e entrevistas realizadas com os/as professores/as envolvidos na condução dos projetos. O objetivo é levantar o discurso dos/as professores/as quanto ao letramento midiático e o modo como esses jornais se configuram como resultado das práticas de letramento postas marcha. Procede‑se, assim, a uma reflexão sobre os caminhos percorridos e sobre as tri‑ lhas que se abrem. Partimos da premissa de que é possível o ensino/aprendi‑ zagem da (re) escrita, mais especificamente do letramento acadêmico com a utilização de plataformas digitais. Nosso objetivo é investigar se os procedimentos de reescrita do modelo grafocêntrico tradicional e das pesquisas em pla‑ taformas digitais representadas por trabalhos asiáticos (BRAINE 1997, 2001; CHANG, 2012; SONG & USAKA, 2009) e Europeu (SCHULTZ, 2000) são produtivos quando a ferra‑ menta utilizada é o Correio Eletrônico (CE). Os procedimen‑ tos grafocêntricos são intitulados por Signorini (2006) de gêneros catalisadores quando funcionam como ferramentas de intervenção docente no texto do estudante, tais como: Correção Indicativa, Resolutiva e Classificatória (SERAFINI, 1995), Correção Textual‑Interativa (RUIZ, 2001), e Listas de Controle/Constatações (GONÇALVES, 2009). Decorrentes desse objetivo, analisamos: i) os procedimentos de reescrita incorporados nas plataformas digitais a partir da transposi‑ ção didática do gênero artigo de opinião; II) as estratégias utilizadas pelos estudantes que serão orientadas pelas re‑ gularidades obtidas nas interações típicas das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) e nas relações mo‑ ventes entre os polos da investigação; e, por fim, III) os pro‑ cedimentos utilizados na reescrita de forma longitudinal. Situamos a pesquisa no âmbito da Linguística Aplicada, de natureza transdisciplinar e adotamos como aparato meto‑ dológico: i) a Pesquisa–Ação Integrada e Sistêmica –PAIS‑ (MORIN, 2004); ii) a abordagem etnográfica (LILLIS, 2003; FLOWERDEW, 2006; MARINHO, 2010; FIAD, 2011), porque favo‑ rece a análise de textos, falados ou escritos, focalizando‑ os etnograficamente como “um traço de uma situação social que inclui igualmente os valores, regras, significados e ati‑ tudes, e modelos de comportamentos dos participantes, ou produtores e recebedores de texto” (MARINHO, 2010, p.375). 3 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada AS REPRESENTAÇÕES DO PROCESSO AVALIATIVO PRESENTE NOS DOCENTES EGRESSOS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA ADRIANA CÉLIA ALVES (UFU) Resumo de Paper Este estudo pretende analisar como os discentes egressos do Curso de Letras da Universidade Federal de Uberlândia veem o processo avaliativo. Buscaremos problematizar como os professores de Línguas em exercício, formados na Universidade Federal de Uberlândia, trabalham com o processo avaliativo: o que aprenderam durante o curso de graduação, como avaliam seus alunos, quais suas repre‑ sentações sobre a avaliação e as possíveis influências des‑ ses processos para o ensino‑aprendizagem. Na conjuntura educacional, a avaliação é parte integrante e indissociável do ensino‑aprendizagem, pois ela não está presente apenas para diagnosticar, mas tem a função de reorientar, refletir e regular o processo de ensino‑aprendizagem. Por isso, pro‑ põe‑se um estudo que investigue de que maneira os discen‑ tes de um curso de Letras aprendem a avaliar e a influência desse processo na prática profissional, no intuito de levar o tema “avaliação” a ser discutido e repensado de forma me‑ nos estereotipada. Buscaremos verificar se o processo ava‑ liativo sofreu transformações na prática dos docentes para atender às mudanças propostas nos PCN’s e na LDB. Para compreendermos esse processo, a fizemos entrevistas com quatro alunos egressos do curso de Letras da Universidade Federal de Uberlândia, atuantes em contextos diversos de ensino. Para a interpretação dos dados utilizaremos a me‑ todologia qualitativa interpretativista. Ainda, os enunciados proferidos pelos discentes são analisados por meio da con‑ cepção de representações de Bronckart (1997), objetivando problematizar as representações dos professores de Línguas egressos da Universidade Federal de Uberlândia e sua in‑ fluência para o ensino‑aprendizagem, bem como, verificar como acontece a formação dos alunos do curso de Letras da UFU, referente ao processo avaliativo. PERSPECTIVISMO CRÍTICO, INTERPRETAÇÃO DISCURSIVA E INTERAÇÃO PEDAGÓGICA: SUBSÍDIOS PARA UMA PROPOSTA DE LEITURA CRÍTICA A PARTIR DO LIVRO DIDÁTICO DE INGLÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA ADRIANA CRISTINA SAMBUGARO DE MATTOS BRAHIM (CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL UNINTER) Resumo de Pôster Esta comunicação tem como o bjetivo apresentar alguns as‑ pectos de análise e os resultados de uma pesquisa realizada durante o programa de doutoramento no IEL/UNICAMP. A in‑ vestigação foi realizada através da abordagem qualitativa de pesquisa, orientada por reflexões teóricas sobre concepções de discurso (FAIRCLOUGH, 2001, 2003; WIDDOWSON, 2004) leitura crítica (WALLACE, 2003) e tipos de interação pedagó‑ gica (VAN LIER, 1997). O objetivo foi avaliar – através de aná‑ lises de eventos pedagógicos selecionados de aulas – uma proposta de intervenção pedagógica nas aulas de inglês do Curso de Letras. Essa proposta foi guiada pelo “perspectivis‑ mo crítico” a partir do qual sugerimos uma prática de leitura que contemplasse, por um lado, os textos e o tema (“o mun‑ do do trabalho”) presentes no livro didático de inglês, e, por outro, textos externos, de mesmo tema, que apresentassem perspectivas discursivo‑ideológicas diferentes. Sendo assim, nossa análise teve como corpus as análises pré‑pedagógicas e cinco aulas registradas em que atuamos como professo‑ ra‑formadora/pesquisadora, a partir das quais investiga‑ mos os efeitos de vários tipos de interação pedagógica que ocorrem no processo de leitura crítica que parte de uma in‑ terpretação textual, para então chegar a uma interpretação do discurso que leva a um posicionamento de aliança ou de resistência. As análises nos mostraram que uma aula de lei‑ tura que se quer crítica pode acontecer através de diferentes tipos de interação pedagógica, sendo em alguns momentos mais e, em outros, menos contingentes. Como professo‑ ra‑formadora tivemos, em alguns momentos, um papel im‑ portante de apoio nas interpretações textuais e discursivas e, em outros momentos, os alunos mostraram autonomia nas interpretações discursivo‑ideológicas. As conclusões apon‑ taram caminhos interessantes para um planejamento em contextos de exigência pela adoção de um material didático. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 4 CRENÇAS SOBRE O ENSINO DE INGLÊS NAS ESCOLAS PÚBLICAS EM MATO GROSSO DO SUL DO IMPRESSO AO DIGITAL: A LEITURA NO ENSINO SUPERIOR ADRIANA LÚCIA DE ESCOBAR CHAVES DE BARROS (UEMS) Resumo de Paper Esta pesquisa tem como objetivo refletir sobre fatos e mitos a respeito do ensino de Inglês nas escolas públicas dos mu‑ nicípios de Jardim, Guia Lopes, Bela Vista e Campo Grande, em MS, a partir das crenças de uma aluna de graduação em Letras Português–Inglês da UEMS, sua professora de Formação Pedagógica e duas professoras da Secretaria de Educação, uma do Estado de Mato Grosso do Sul e outra do Município de Campo Grande. Pesquisas sobre as crenças dos professores de Inglês vêm acontecendo há mais de 30 anos. No entanto, ainda há muito sobre o que se investigar e me‑ lhorar. Os cursos de formação universitária encontram‑se bastante aquém das expectativas dos alunos de Letras, no que diz respeito à capacitação de língua inglesa. Esse é um forte motivo para que esses aprendizes se sintam desmo‑ tivados, desestimulados, desassistidos, despreparados e malformados. Dessa maneira, permeada de reflexões, esta pesquisa sugere a necessidade de se ouvir mais sobre as expectativas, os medos e os receios de professores, alunos dos cursos de Letras, alunos das escolas e todos os atores envolvidos no processo de ensino‑aprendizagem de Língua Inglesa nas escolas públicas, para que se possa, em outro momento, (re) significar os seus (pré) conceitos, adequan‑ do‑os às diversas realidades. ADRIANE BELLUCI BELÓRIO DE CASTRO (FATEC–BT) Resumo de Paper Paralelamente ao crescente surgimento de novas tecnolo‑ gias de informação e de comunicação, ocorre a mudança no perfil do leitor. Acompanhando a transformação tecno‑ lógica, a possibilidade de leitura passa a ser mais ampla e a atingir maior número de leitores. Entretanto, com essas mudanças tecnológicas, surgem leitores de diferentes per‑ fis. Santaella (2005) define três tipos de leitor associados a mudanças dos meios de comunicação. O primeiro, chamado leitor contemplativo, é o meditativo da idade pré‑industrial, o leitor da era do livro impresso e da imagem expositiva, fixa. Um segundo tipo, o leitor movente é o leitor do mundo em movimento, dinâmico, mundo híbrido, de misturas sígni‑ cas. Um terceiro tipo, o leitor imersivo é aquele que começa a emergir nos novos espaços incorpóreos da virtualidade; o navegador é também um leitor, na medida em que desen‑ volve determinadas disposições e competências que o habi‑ litam a navegar através de fluxos informacionais – sonoros, visuais e textuais – que são próprios da hipermídia. A partir desses pressupostos, pretende‑se, com este trabalho, discu‑ tir como a leitura ocorre na sociedade do conhecimento em que se tem a convivência e a possível transição do impresso para o digital, a alteração do perfil do leitor e, consequente‑ mente, o reflexo dessa alteração sobre o ensino‑aprendiza‑ gem da leitura, especificamente para alunos ingressantes do ensino superior. Por meio de confrontos teóricos e metodo‑ lógicos, a fim de selecionar aspectos que sejam pertinentes e complementares para o desenvolvimento de estratégias de ensino‑aprendizagem da leitura, deseja‑se, também, apre‑ sentar uma proposta de trabalho didático‑pedagógico que proporcione a prática da leitura reflexiva, crítica e prazerosa. 5 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada CONTRIBUIÇÃO DOS GÊNEROS NO ENSINO‑APRENDIZAGEM DA LITERATURA NO 1º ANO DO ENSINO MÉDIO AELISSANDRA FERREIRA DA SILVA (UFAC) Resumo de Pôster Tendo como base teórica os estudos sobre os gêneros discur‑ sivos e concebendo‑os não apenas como instrumentos de comunicação, mas também como objeto de ensino‑apren‑ dizagem, este trabalho aborda questões relativas à expla‑ nação da obra Auto da barca do inferno, de Gil Vicente, em diversos gêneros. Primeiramente foi feita uma contextuali‑ zação da obra e do autor pela professora regente. Depois, foi feita a leitura dramatizada da obra em sala de aula. Em se‑ guida, foi feita a divisão da apresentação do trabalho em gêneros diversos. Cada grupo teve a orientação e o acompa‑ nhamento da professora durante três semanas para a exe‑ cução do trabalho. Terminado o prazo, os grupos fizeram a apresentação e no final foi entregue um questionário aos alunos avaliando o trabalho realizado. A análise visa enfocar se antes os alunos tinham utilizado diversos gêneros em um único trabalho, bem como se a forma como o trabalho foi estruturado contribuiu para uma melhor compreensão da obra analisada. Assim, por meio dos trabalhos apresenta‑ dos e do questionário aplicado, tornou‑se possível explorar as habilidades propostas tanto para a fala quanto para a es‑ crita, contemplando, dessa forma, a variedade da interação verbal e, consequentemente, uma melhor compreensão da obra analisada. IMPLEMENTAÇÃO DE UM PROJETO DE ENSINO DE LÍNGUA INGLESA INSTRUMENTAL ON‑LINE NO IFAL: ANÁLISE DE EXPECTATIVAS E EXPERIÊNCIAS DO SUJEITOS ALUNOS AGNALDO PEDRO SANTOS FILHO (IFAL) NIEDJA BALBINO DO EGITO (IFAL) GISELE FERNANDES LOURES DOMITH (UFMG) Resumo de Paper O Governo Federal nos últimos anos vem investindo na in‑ ternacionalização da educação brasileira devido à neces‑ sidade e aos benefícios obtidos com tal ferramenta. Prova desse fato são os convênios firmados entre o Brasil e as ins‑ tituições de ensino no exterior, além do desenvolvimento de iniciativas como o Ciências Sem Fronteiras que estimula o compartilhamento do conhecimento entre instituições de países diferentes. Uma das condições primordiais para se aproveitar tais oportunidades é a compreensão e uso da Língua Inglesa, por ser essa o idioma mais usado nos âmbi‑ tos acadêmicos internacionais e de propagação da ciência. Dentro desse contexto, o Instituto Federal de Alagoas – IFAL tem buscado parcerias com Instituições que têm programas de desenvolvimento dentro dessa área. Faremos um relato da institucionalização do programa IngRede no IFAL. O pro‑ jeto está sendo implantado em convênio com a Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG e tem o objetivo de promo‑ ver o aprendizado de língua inglesa através do uso de Novas tecnologias da Informação e Comunicação – TICs. Estamos vivendo no período da sociedade da informação, na qual o uso das novas tecnologias implica em uma mudança no modo de se fazer a educação, acompanhando o desenvolvi‑ mento da era digital onde o aprendizado não ocorre apenas dentro da sala de aula. A educação à distância (EAD), tem representado um importante papel na mudança dos parâ‑ metros educacionais, uma vez que possibilita novas formas de aprender, rompendo barreiras de espaço e tempo. Através do uso das TICs são desenvolvidas plataformas de ensino de inglês à distância com o objetivo de facilitar e democratizar o ao aprendizado de inglês, propiciando ao aprendiz uma maior autonomia na organização e no gerenciamento do tempo de seus estudos. Nesta comunicação, vamos apre‑ sentar as tomadas de posição dos sujeitos participantes desse projeto no IFAL quanto à participação no projeto e a aprendizagem de línguas estrangeiras através das TICs. 6 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O DEBATE SOBRE POLÍTICAS LINGUÍSTICAS E EDUCACIONAIS EM TIMOR‑LESTE: PROBLEMAS HISTÓRICOS E QUESTÕES CONTEMPORÂNEAS NA INTERPRETAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA PORTUGUESA ALAN SILVIO RIBEIRO CARNEIRO (UNICAMP) Resumo de Paper O território de Timor‑Leste tem 14.919 quilômetros quadra‑ dos e uma população de 1.066.409 habitantes, sendo que 41,4% desta tem de 0 a 14 anos (TIMOR‑LESTE, 2011). O país apresenta ainda um alto índice de crescimento populacional (BANCO MUNDIAL, 2008), o que coloca uma série de desafios para o planejamento de suas políticas públicas, principal‑ mente na área de educação. Timor‑Leste tem como línguas oficiais: o português e o tétum. O país ainda tem duas lín‑ guas de trabalho, o inglês e o indonésio e, ao menos, outras 15 línguas nacionais (ENGELENHOVEN, 2006). Para a reintro‑ dução da língua portuguesa no sistema escolar, após muitos anos de proibição do uso dessa língua durante o regime in‑ donésio, os timorenses estabeleceram convênios, principal‑ mente entre os anos de 2001 e 2002, com Portugal e Brasil para o desenvolvimento de projetos de cooperação na área educacional, dentre esses projetos, destaca‑se a criação do curso de Licenciatura em Língua Portuguesa e Culturas Lusófonas, da Universidade Nacional Timor Lorosa’e (BOLINA, 2005). O objetivo desta comunicação é apresentar a histó‑ ria desse curso e a perspectiva dos professores formados e de alunos em formação acerca de suas vivências, bem como identificar as suas visões sobre o rumo atual das políticas lin‑ guísticas e educacionais, procurando evidenciar o seu papel em processos sócio‑políticos mais amplos que ainda estão em andamento no território. Os dados apresentados aqui são resultado de uma pesquisa etnográfica realizada entre janeiro e junho de 2012, que incuiu entrevistas centradas nas histórias de vida desses professores e desses alunos. O en‑ foque nas análises esteve centrado nas entrevistas como evento interacional, com particular destaque para o funcio‑ namento das ideologias linguísticas na interação, que apon‑ ta para a compreensão das políticas linguísticas como uma prática situada, na qual os agentes evidenciam os seus posi‑ cionamentos, negociando as suas identidades sociais. A CANÇÃO/ LETRA DE CANÇÃO COMO ATIVIDADE SOCIAL PARA O DESENVOLVIMENTO DE LEITURA E ESCRITA EM SALA DE AULA ALBA VALERIA ALVES IGNACIO (puc–sp) Resumo de Paper Este estudo visa compreender criticamente o ensino‑apren‑ dizagem de leitura e escrita no contexto escolar por meio de uma atividade social do gênero canção/letra de canção. A compreensão de forma crítica e reconhecimento do gê‑ nero canção quanto a sua função social, seu contexto de produção e seu estilo, avaliação da sua temática, atentan‑ do para as mensagens trazidas nas letras de canção anali‑ sadas, pelo fato de se tratar de um gênero que está sempre circulando em diversas esferas e por ser um grande instru‑ mento de conscientização e de socialização dos alunos é o foco central. Desse modo, a compreensão de leitura e de escrita, neste estudo, será apoiada, respectivamente, nos pressupostos referentes à capacidade de leitura de Rojo (2009), nos gêneros discursivos (Bakhtin, 1952–53/2003) e no trabalho com gêneros orais e escritos na escola proposto por Dolz e Schneuwly, 1998), bem como nos aportes teóri‑ cos sobre performance de Holzman(2002) e aos construtos de ZPDs mútuas (John‑Steiner, 2000). “Como definido por Vygotsky e explicitado pelas definições de Engeström (2007), para Holzman (2002) a ZPD é a relação entre ‘ser e tornar‑se’.” (Magalhães, 2009). Este estudo se constitui como uma pesquisa crítica de colaboração (PCcol), visto que concebe a linguagem como papel central e busca a transformação dos participantes. A pesquisa crítica de colaboração está in‑ serida no paradigma crítico que tem por objetivo intervir e transformar contextos (Magalhães, 2009). Essa metodolo‑ gia possibilita a formação dos educadores e alunos com foco no desenvolvimento e na formação de um profissional refle‑ xivo‑crítico. Tem como base teórica as discussões da Teoria da Atividade Sócio‑histórico cultural (TASCH), concebida por Vygotsky (1930, 1934), Leontiev (1977), E 7 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada REPRESENTAÇÕES DO AGIR DOCENTE EM MATERIAIS DIDÁTICOS DESTINADOS À FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES VISÕES DE LEITURA DE ALUNOS‑PROFESSORES DE INGLÊS: PRAGMATISMO E CONCEPÇÕES FILOSÓFICAS ALCIONE GONÇALVES CAMPOS (UEL) ALCIONE DA SILVA SANTOS (UFCG) Resumo de Paper Resumo de Paper Este trabalho é parte dos resultados obtidos em uma pesquisa realizada com professores do 4º ciclo do Ensino Fundamental em um curso de formação continuada cujo objetivo foi orientar docentes da Educação Básica acerca dos tópicos e descritores que guiam a formulação de questões da Prova Brasil. O objetivo desse artigo é investigar as repre‑ sentações observáveis do agir docente no Caderno PDE 2009, material didático produzido pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) para embasar o curso em referência. A base teórica que serviu para a análise de dados está constituída de estudos sobre representações sociais (MOSCOVICI, [1976] 2010), o agir humano (HABERMAS 2002; REESE‑SCHÄFER, 2009), o agir docente (MACHADO, 2009), bem como so‑ bre os extratos textuais para análise dos textos/discursos (BRONCKART, 2008; 1999; BRONCKART E MACHADO, 2005 e 2004). Os resultados da análise dos dados mostraram que, no instrumento da instância oficial, são observadas duas representações sobre o agir docente: o agir cognitivo, re‑ lacionado à aquisição de conhecimentos específicos sobre competências de leitura; e o agir especifico em sala de aula, relacionado às alternativas metodológicas a serem desen‑ volvidas pelo professor por meio do uso de ferramentas/ instrumentos para a formação do leitor proficiente. Esses dois tipos de representações sugerem que a instância oficial, através do Caderno PDE 2009, age praxiologicamente, orien‑ tando o professor para que este execute tarefas. Há diferentes formas de ler e de entender a leitura. Decodificação, julgamento de validade, leitura compensató‑ ria, leitura de ideologias são algumas posições adotas. Todas as quais pressupõem diferentes visões de língua(gem), texto. Nesta comunicação, o objetivo é relatar resultados prelimi‑ nares de análise de dados do projeto pesquisa Pensamento Crítico para Ação Transformadora, cujo contexto de coleta de dados é naturalístico – disciplina de Leitura em Língua Inglesa, da segunda série da graduação em Letras/Inglês da Universidade Estadual de Londrina. O qual tem como objetivo geral mapear o desenvolvimento dos licenciandos em língua inglesa enquanto professores e leitores nesta lín‑ gua adotando‑se modelo longitudinal de coleta de dados por meio de instrumentos ecológicos. Partindo de visão de linguagem enquanto expressão de pensamento e discurso, o projeto, situado no campo do Letramento crítico, adota epistemologia construcionista social e ontologia subjeti‑ vista, crítica e dialógica. A disciplina, contexto de coleta de dados, busca, por um lado, oferecer amplo leque de visões de leitura, concepções de língua(gem) e texto, e por outro, incentivar que a leitura seja instrumento para consciência crítica. Portanto, analiso dados oriundos de um exercício aplicado na disciplina de Leitura em Língua Inglesa no qual os alunos‑professores precisam se colocar como professo‑ res e preparar atividades de leitura voltada ao Letramento Crítico. Uma das questões que os alunos‑professores res‑ pondem pede que estabeleçam objetivos para uma aula de leitura com base em dois textos multimodais. A partir da análise das respostas dos alunos procurei identificar suas concepções de leitura. Os resultados apontam para concep‑ ções diferenciadas e relacionadas principalmente a questões pragmáticas, por um lado, e filosóficas, por outro. 8 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada INCLUSÃO SOCIAL NAS AULAS DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: PERCEPÇÕES E CONFLITOS ALESSANDRA CORACINI ZANELLO MACHADO (UTFPR) MIRIAM SESTER RETORTA (UTFPR) DIFERENÇAS CULTURAIS PERCEBIDAS POR BRASILEIROS NO EXTERIOR VERSUS ABORDAGEM CULTURAL NOS LIVROS DIDÁTICOS DE INGLÊS ALESSANDRA SARTORI NOGUEIRA (UNICAMP) Resumo de Pôster O objetivo deste trabalho é relatar resultados preliminares de uma pesquisa de campo que originalmente foi conce‑ bida no ENFOPLI (Grupo de Formadores de Professores de Língua Inglesa de Instituições de Ensino Superior Públicas e Particulares do Estado do Paraná) e posteriormente, condu‑ zida e desenvolvida na Universidade Tecnológica Federal do Paraná por alunos do curso de Licenciatura Letras Português/ Inglês. A pesquisa teve como questionamento quais eram as percepções e sentimentos dos stakeholders (indivíduos en‑ volvidos direta ou indiretamente com o fenômeno ou pro‑ blemática) sobre a inclusão de alunos com necessidades es‑ peciais nas aulas de língua inglesa. As teorias que embasam a investigação são as de crenças e percepções de Barcelos (2000,2001, 2004), Coelho (2005), Trajano (2005), Silva (2007), Madeira (2008). Para coletarmos os dados, foram utilizados sete questionários: um para os alunos regulares, um para alunos com necessidades especiais, um para os pais, um para os professores, um para os gestores da escola, um para os coordenadores/orientadores da escola e um para os funcionários das escolas. A coleta foi feita por alunos de es‑ tágio obrigatório de língua inglesa em escolas públicas no ano de 2011. Os resultados estão sendo analisados e discuti‑ dos por uma das alunas, a qual decidiu transformar o projeto em um Trabalho de Conclusão de Curso. Alguns resultados preliminares mostram que há uma descrença e desânimo em relação à inclusão escolar da maneira que tradicional‑ mente está sendo conduzida. Os alunos com necessidades especiais dizem ser bem recebidos pelos colegas e professo‑ res e se sentem parte do grupo, porém têm consciência de que não conseguem desenvolver suas competências e habi‑ lidades acadêmicas a contento. Sentimento também com‑ partilhado pelos pais, professores e alunos regulares. Resumo de Paper Apostando na inseparabilidade entre língua e cultura, este estudo tem por objetivo explorar um recorte dessa relação a partir de relatos sobre conflitos culturais vividos por bra‑ sileiros no exterior. São explorados sete relatos, quatro dos quais relacionam cultura com questões linguísticas, como pronúncia, entonação, gramática e vocabulário, algo que era inesperado. Os outros três relatos envolvem diferenças comportamentais, como horário de chegada às festas, di‑ ficuldades encontradas no processo de instalação de tele‑ fone e modo de oferecer um lanche ao amigo. Em seguida, selecionamos em alguns livros didáticos (LDs) as categorias abordadas pelos respondentes, a fim de verificar que tipo de tratamento cultural é dado a essas questões (tanto lin‑ guísticas, como comportamentais). Os resultados sugerem que os LDs veiculam a ideia segundo a qual língua e cultura são por vezes entidades distintas: apresentam, por um lado, como fatos culturais textos sobre filmes, música, persona‑ lidades e história relacionados a outros países e, por outro lado, atividades gramaticais ignorando‑se os aspectos cul‑ turais que lhe são intrínsecos. Além disso, os dados lançam luz sobre algumas questões. Primeiro, constituem exemplos concretos da inseparabilidade entre língua e cultura, con‑ ceito bastante repetido, mas talvez pouco compreendido na prática. Segundo, demonstram como os aprendizes são subestimados em relação à noção de língua e cultura que já carregam consigo. A riqueza de seus conhecimentos prévios nunca pode ser desprezada. Terceiro, as histórias demons‑ tram de que maneira a fluência não é fator determinante para livrar o aprendiz dos equívocos. Propomos, por fim, que o professor amplie a concepção de cultura veiculada pelas atividades dos LDs, permitindo que o aprendiz passe a movi‑ mentar‑se entre as culturas, movimento este que acontece no espaço discursivo chamado terceiro lugar, terceiro espa‑ ço ou entrelugar. 9 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada PRÁTICAS INTERDISCIPLINARES EM AULAS DE LÍNGUA MATERNA E ESTRANGEIRA: DIÁLOGOS NOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO E COMPREENSÃO DE TEXTOS A POLÍTICA LINGUISTICA EM MOÇAMBIQUE E AS CONTROVÉRSIAS NA EDUCAÇÃO FORMAL ALEXANDRE ANTÓNIO TIMBANE (UNESP) ALEX BEZERRIL TOLEDO (UFRJ) Resumo de Paper Resumo de Pôster Este pôster tem como foco a análise de projetos interdisci‑ plinares voltados para compreensão e produção de textos desenvolvidos em aulas de língua materna e estrangeira por professores‑participantes do projeto “Práticas de Linguagem em diferentes áreas do conhecimento na escola pública” (PLIEP), o qual integra universidade e escola. O PLIEP par‑ te dos pressupostos de que a linguagem ocupa papel cen‑ tral na construção e reconstrução de significados e de que a transposição didática de gêneros em práticas letradas é fundamental em todas as áreas do conhecimento. Partindo dessas concepções, tem‑se por objetivo entender como a interdisciplinaridade é enfocada em aulas de LM e LE das escolas participantes; que gêneros circulam nos projetos interdisciplinares; e como se dá a interação entre os partici‑ pantes e atividades propostas no processo de co‑construção do conhecimento. Para alcançar tal objetivo haverá coleta de dados no ambiente escolar através da filmagem de aulas e constantes diálogos com os envolvidos no processo de en‑ sino‑aprendizagem através de questionários e entrevistas. Espera‑se que as práticas interdisciplinares co‑construídas ao longo da pesquisa gerem reflexões sobre a centralidade da linguagem em práticas pedagógicas de diferentes áreas do conhecimento. Por fim, objetiva‑se discutir a importân‑ cia de atividades de produção e compreensão de textos em todas as áreas do conhecimento. A história do Português em Moçambique está intimamente ligada à colonização, pois foi este processo que implantou no séc. XIX. A política lingüística do sistema colonial classificava as mais de vinte línguas bantu faladas no território como dialetos, fato que contraria estudos, pois estas línguas são completas, com estrutura gramatical, sintática, morfológi‑ ca, fonética‑fonológica e lexical própria. A presente pesquisa visa analisar e explicar a situação linguística de Moçambique bem como o impacto da política linguística na escolariza‑ ção e na vida dos moçambicanos. Da pesquisa se conclui que o número de cidadãos com língua bantu como língua materna tende a baixar, ascendendo assim a variante mo‑ çambicana que Dias (2009), Vilela (1995), Gonçalves (1996), Timbane (2012), Lindegaard (2009) designam por Português Moçambicano. Esta variante hoje atinge cerca de 50.4% (GONÇALVES, 2012, p.4); a educação bilingue pode ajudar a reduzir o número de reprovações principalmente nas zonas rurais, tal como sustentam Ngunga, Nhongo, Langa et alli (2010); a literatura em línguas bantu iria aumentar, até por‑ que já foi feita padronização das línguas bantu em 2008; o preconceito ou desprezo com relação às línguas bantu pode reduzir com políticas que encorajam e valorizam as línguas bantu. A experiência da África do Sul (cujas as línguas oficiais de origem africana são usadas nas escolas, nas instituições públicas) serve de lição para se entender que Moçambique perdeu muito pelo fato de não ter oficializado as línguas ban‑ tu. Hoje, os sul‑africanos investiram na pesquisa das línguas locais, fato que resultou na criação de dicionários, de gramá‑ ticas e de muita literatura. Em Moçambique falta a “vontade política” para que as línguas bantu faladas por 85,2% dos mo‑ çambicanos (GONÇALVES, 2011, p.4) sejam legalmente presti‑ giadas e que algumas delas não caiam na extinção. 10 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O MATERIAL DIDÁTICO DE LÍNGUA INGLESA E O LETRAMENTO CRITICO O PAPEL DE INTENSIFICADORES LEXICAIS NA ANÁLISE DE SENTIMENTOS VIA TWITTER ALICE HELEN GRIGOLO (UFPR) ALINE AVER VANIN (PUCRS) LARISSA ASTROGILDO DE FREITAS (PUCRS) Resumo de Paper O presente trabalho vem propor uma abordagem focada no Letramento Crítico para o material didático utilizado em uma franquia de ensino de Inglês como L2. Esse material já apresenta atividades que inserem a reflexão, o debate e a discussão de diferentes pontos de vista, mas percebemos que essas discussões podem avançar em direção a aquilo que o Letramento Crítico propõe (JORDÃO, 2007; SOUZA, 2011). Desta forma, utilizando os mesmos tópicos do material di‑ dático incluiremos atividades que promovam a percepção das diferentes perspectivas, levando o aluno a refletir sobre suas implicações. Essas atividades serão elaboradas a par‑ tir da metodologia OSDE ‑ Open Spaces for Dialogue and Enquiry (ANDREOTTI, 2006) tendo como princípio que todo conhecimento é válido, legítimo, parcial, incompleto, possí‑ vel de ser questionado e construído a partir de nossas expe‑ riências de vida. É através do diálogo, da investigação e do envolvimento crítico dos participantes que buscamos uma percepção das diferentes realidades construídas discursiva‑ mente. Também se pretende problematizar os temas abor‑ dados pelo material didático, orientando o debate para uma perspectiva crítica, desestabilizando as crenças dos alunos e fazendo‑os questionar as diferentes formas de vermos o mundo. Dentro desse contexto apresentado, o papel do pro‑ fessor será problematizar os temas e facilitar a criação e ma‑ nutenção de um ambiente aberto para discussão. Espera‑se que os alunos possam desenvolver novos procedimentos in‑ terpretativos, tornando‑se produtores de conhecimento, e, portanto, agentes de transformação social. Resumo de Paper A comunicação por meio de redes sociais tornou‑se am‑ plamente difundida para todos os setores da vida cotidia‑ na. Com o advento da era da informação, computadores fazem a mediação entre pessoas, instituições e empresas. Além disso, muitas vezes, relações virtuais se consolidam pelo uso constante e cada vez mais frenético dessas redes. Nesse contexto, é possível observar que opiniões coletadas em redes sociais, acerca de qualquer assunto, podem refle‑ tir no comportamento das próprias entidades referenciadas. Ou seja, tendo em vista um determinado assunto em pau‑ ta (e.g., um novo produto no mercado), indícios da opinião do público podem refletir na sua comercialização. O Twitter pode ser considerado uma ferramenta de divulgação de in‑ formações, de interação e de compartilhamento de opiniões. Em um limite de 140 caracteres, verifica‑se um conteúdo ex‑ presso por uma linguagem sintética e dinâmica que licencia o uso de elementos que se aproximam daqueles utilizados em diálogos orais. Assim, neste estudo são utilizadas ferra‑ mentas de Processamento de Linguagem Natural (PLN) na análise de sentimentos, isto é, na verificação da atitude, da opinião e do estado emocional presentes nos tweets com relação a entidades de domínios específicos. A partir disso, pretende‑se observar os elementos lexicais envolvidos no fenômeno da intensificação, haja vista que a intensificação pelo uso de adjetivos e de advérbios relacionados, especial‑ mente pela repetição lexical (“muito, muito”) e de caracteres (“muuuuito”), pode provocar mudanças substanciais na aná‑ lise de sentimento. 11 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada FILHOS DE OFICIAIS E PRAÇAS DE CARREIRA DO EXÉRCITO BRASILEIRO – ALUNOS MULTICULTURAIS E SUA ADAPTAÇÃO EM UMA NOVA ESCOLA NAS AULAS DE LÍNGUA INGLESA ENSINO, APRENDIZAGEM E AVALIAÇÃO DA MODALIDADE ESCRITA EM PORTUGUÊS PARA ESTRANGEIROS EM CONTEXTO TELETANDEM ALINE DE SOUZA BROCCO (UNESP ‑ IBILCE) DOUGLAS ALTAMIRO CONSOLO (UNESP) ALINE CARNEIRO DOS SANTOS COSTA (UFRJ) Resumo de Paper Resumo de Pôster O presente trabalho destina‑se a apresentar o pré‑projeto de mestrado que trata da multiculturalidade dos filhos de militar, que mudam de cidade, estado e até mesmo de país constantemente devido às transferências obrigatórias exi‑ gidas pela profissão dos pais. Tais mudanças acarretam não somente uma adaptação no âmbito familiar, como tam‑ bém inserção em uma nova cultura, novo ambiente escolar e novo círculo social, entre outros. Sem opção de escolha, crianças e adolescentes são obrigados a deixar amigos, o ambiente escolar conhecido e o ritmo a que estavam ha‑ bituados para encarar os novos desafios impostos por um novo ambiente. Como resultado das constantes mudanças, temos crianças multiculturais, com experiências diversas convivendo com outras que, em sua maioria, só conhecem a cidade onde moram ou redondezas. O projeto que venho desenvolvendo tem o intuito de observar os filhos de militar no ambiente escolar, mais especificamente na faixa do sexto ao nono ano, dependendo da demanda desses alunos nessas séries. A ideia inicial é acompanhar de 10 a 15 adolescentes e verificar como se dá sua adaptação nas aulas de língua ingle‑ sa e como o seu conhecimento de mundo influencia ou não de forma diferenciada no novo ambiente. Em paralelo, pre‑ tendo explorar a postura da escola e dos professores diante dos novos alunos, bem como a expectativa dos pais perante a nova escola. Partindo de uma triangulação de dados, bus‑ carei desvendar um pouco do universo desses adolescentes e contribuir para a divulgação desta realidade até agora não explorada no Brasil. Para tanto, lançarei mão dos estudos de Oxford (2003), Kramsch (1998), Freire (1996), Benson (1997), entre outros autores que tratam da autonomia em sala de aula, organização da sala de aula, língua e cultura. O objetivo desta apresentação é divulgar apontamentos sobre o ensino e a aprendizagem de português para es‑ trangeiros em contexto teletandem durante a vigência e desdobramentos do projeto Teletandem Brasil: línguas es‑ trangeiras para todos, por meio de resultados de pesquisas desenvolvidas neste contexto. O teletandem é um contexto virtual que propicia o ensino e aprendizagem por intermédio de computadores, valendo‑se concomitantemente da pro‑ dução e compreensão oral, da escrita e de imagens. Nesse contexto, duas pessoas, cada uma proficiente em uma lín‑ gua, encontram‑se regularmente para aprender a língua um do outro. Essas pessoas buscam, então, de forma autônoma e colaborativa, aprender a língua e a cultura do outro em in‑ terações autênticas, sendo que o parceiro mais proficiente ajuda o menos proficiente na língua e vice‑versa. As pesqui‑ sas evidenciam que o contexto em questão funciona como um complemento para a sala de aula; desenvolve as com‑ petências intercultural, linguístico‑comunicativa e peda‑ gógica; contribui para a formação de professores; propicia substancial insumo para a aprendizagem; e proporciona o ensino da forma com fins comunicativos, entre outros bene‑ fícios. Enquanto um contexto de ensino e aprendizagem de português como língua estrangeira (PLE), o teletandem pro‑ porciona a difusão da língua e da cultura portuguesa e facili‑ ta o contato com o Brasil por meio da comunicação on‑line. Em etapa mais recente, de implementação de parcerias de teletandem integradas a disciplinas de língua estrangeira na universidade, os interagentes foram incumbidos de produzir textos na língua‑alvo e corrigir textos elaborados pelos es‑ trangeiros em língua portuguesa. Esta prática de produção escrita suscitou questionamentos a respeito do feedback re‑ alizado pelos interagentes brasileiros sobre a produção tex‑ tual de seu parceiro, e nesta apresentação ilustra‑se a dis‑ cussão com produções textuais em PLE para discussão sobre como se caracteriza a correção desses textos. 12 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada PERSPECTIVAS DE ENSINO E A FORMAÇÃO DE SUJEITOS CRÍTICOS: REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA O LIVRO DIDÁTICO E A ENSINAGEM DE INGLÊS: AS VOZES BAKHTINIANAS E VYGOTSKYANAS NO PNLD ALINE L DE A V DOS S VIEIRA (UFRJ) ALINE DEOSTI (UFPR) ANDERSON NALEVAIKO MARQUES (IFPR) KATIA BRUGINSKI MULIK (UFPR) Resumo de Paper O ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras na edu‑ cação básica vem sendo fortemente afetado pela complexi‑ dade das transformações sociais e culturais e do desenvol‑ vimento tecnológico oriundas do processo de globalização. Assim, ensinar uma língua estrangeira não se resume no repasse de informações linguísticas e no trabalho com ha‑ bilidades comunicativas, mas na formação de um indivíduo capaz de compreender as relações complexas do mundo que vive e que saiba pensar e agir criticamente a partir delas. Nesse sentido, propomos neste artigo a discussão de algu‑ mas perspectivas de ensino que enfatizam a formação do aluno crítico – pedagogia crítica, leitura crítica e letramen‑ to crítico e multiletramentos – buscando identificar em que sentido(s) essas perspectivas se diferem e se aproximam e que aspectos as constituem, bem como a forma como con‑ ceituam o termo crítico. Após a discussão das perspectivas apresentamos alguns elementos propostos por Pennycook (2003) que sintetizam o trabalho crítico (pensamento críti‑ co, relevância social, modernismo emancipatório e prática problematizadora) buscando associá‑los a discussão das perspectivas debatidas. Finalmente, nas considerações fi‑ nais, sintetizamos os elementos recorrentes nas três pers‑ pectivas de ensino e traçamos nossa conclusão no que tan‑ ge ao ensino de línguas estrangeiras na educação básica em uma perspectiva crítica. Resumo de Pôster O livro didático de inglês pode atuar na promoção da heu‑ rística, conduzindo o aluno à compreensão de sua função no mundo, facultada pelos valores recebidos em casa, for‑ talecidos na escola e praticados na sociedade. Este trabalho tem o objetivo de entender como o livro didático de inglês pode influenciar a ensinagem, repensando os papéis do pro‑ fessor, enquanto agente co‑construtor do conhecimento, e dos alunos, enquanto agentes críticos e transformadores. Serão analisadas as vozes bakhtinianas e vygotskyanas do Programa Nacional do Livro Didático, que tem como princi‑ pal objetivo subsidiar o trabalho pedagógico dos professores por meio da distribuição de coleções de livros didáticos aos alunos da educação básica, mas prima não somente pela qualidade do material didático, como também, traça metas a serem alcançadas pelo professor através de sua prática docente. A fundamentação teórica deste trabalho baseia‑se em Vygotsky e a teoria sociointeracional e nos princípios bakhtinianos de dialogismo, alteridade e estudos quanto aos gêneros do discurso. 13 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada UM ESTUDO SOBRE A FORMAÇÃO LINGUÍSTICA DE FUTUROS PROFESSORES DE INGLÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA ALINE MARA FERNANDES (UNESP) Resumo de Paper Esta comunicação tem o objetivo de mostrar os resulta‑ dos preliminares de um estudo sobre a proficiência oral em língua inglesa de alunos‑formandos de um curso de Licenciatura em Letras de uma universidade pública do in‑ terior do estado de São Paulo. Os dados que compõem o es‑ tudo foram coletados no ano de 2012 e obtidos a partir de (1) gravações em áudio do desempenho de oito alunos no teste oral do EPPLE (Exame de Proficiência para Professores de Línguas Estrangeiras), (2) gravações em áudio e vídeo de seminários apresentados por esses alunos nas aulas de lín‑ gua inglesa na universidade, (3) observações de aulas e (4) questionários aplicados a alunos e professores da disciplina de inglês. O foco da análise dos dados está no uso da meta‑ linguagem. Busca‑se estabelecer possíveis relações entre a qualidade das aulas de inglês do 4º ano do curso de Letras da universidade em questão e a qualidade da produção oral dos alunos‑formandos no que concerne à proficiência oral dos futuros professores para lidar com a língua‑alvo para fins de ensino. Este estudo é parte de uma pesquisa de doutorado em andamento que objetiva o levantamento de uma tipolo‑ gia de tarefas pedagógicas que favoreçam o desenvolvimen‑ to da competência metalinguística dos alunos‑formandos, ou seja, o conhecimento sobre o funcionamento da língua e a capacidade dos futuros professores de falar sobre a língua‑ ‑alvo, utilizando‑se de taxonomia adequada. A motivação para tal pesquisa está na necessidade de se traçar parâme‑ tros mais específicos para a formação linguística e pedagó‑ gica do professor de línguas estrangeiras no Brasil. Sendo as‑ sim, acredita‑se que a avaliação da proficiência do professor de LE é necessária para o estabelecimento de níveis de com‑ petência linguístico‑comunicativa desejados e, consequen‑ temente, para melhoras nas condições de ensino do inglês principalmente nas escolas regulares no país. NECESSIDADES FORMATIVAS DO PROFESSOR DE INGLÊS DO OESTE BAIANO ALINE RIBEIRO PESSÔA (UFBA) Resumo de Paper Diversos estudos sobre formação de professor de língua es‑ trangeira chamam a atenção para a importância da forma‑ ção continuada, especialmente para a formação de um do‑ cente reflexivo e crítico. A discussão (Celani, 2002; Gimenez, 2005; Vieira‑Abrahão, 2004, entre outros) tem considerado a reflexão da prática pedagógica como um caminho promis‑ sor para o docente se perceber como transformador por ser conhecedor do cenário que o cerca. Entretanto, uma signi‑ ficativa parcela de professores de língua inglesa ainda não compreende o sentido de um fazer docente reflexivo e crí‑ tico, principalmente em virtude de sua formação inicial ser incompleta. Deve‑se, portanto, pensar em formação conti‑ nuada que considere as reais necessidades do professor de línguas, em seu cenário de atuação, e busque um diálogo de modo que lhe seja possível gerar reflexão que funcione para reorganizar seu conhecimento prático e, assim, fomentar a formação e um profissional reflexivo e crítico. Nesse senti‑ do, esta pesquisa objetiva identificar o perfil do professor de inglês do oeste baiano, conhecer suas condições de traba‑ lho e diagnosticar suas necessidades, com a principal finali‑ dade de subsidiar ações que visam contribuir com a forma‑ ção continuada desses profissionais. Os informantes desta pesquisa exploratória, qualitativa que apresenta algumas quantificações, são os professores de inglês de escolas pú‑ blicas, municipais e estaduais, de nove municípios do oeste baiano. Os dados foram coletados por meio de questionário semi‑estruturado e autoavaliação de proficiência linguísti‑ ca que considerou a matriz do Quadro Comum Europeu de Referência para as Línguas. Os resultados demonstram as lacunas da formação inicial desses professores com nível elementar de proficiência, e a disposição em participar de oficinas e grupos de pesquisa colaborativa. 14 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada IDENTIDADE NACIONAL VERSUS IDENTIDADE RACIAL: PERFORMATIVIDADE E INJÚRIA RACIAL NO BRASIL O ENSINO DA FONÉTICA E FONOLOGIA NO CURSO DE LETRAS/ESPANHOL DA UNEB: RELATO DE EXPERIÊNCIAS ALINE RUIZ MENEZES (UFOP) ALINE SILVA GOMES (UNEB) Resumo de Pôster Resumo de Paper Este trabalho é parte da pesquisa de Iniciação Científica, que está sendo desenvolvida dentro do Departamento de Letras da UFOP, intitulada “Mídia e intolerância racial: aná‑ lise de uma prática”, que tem como objetivo principal ana‑ lisar o discurso da mídia em relação aos casos de intolerân‑ cia racial protagonizados por grupos ou indivíduos no país. Realizamos uma pesquisa de cunho qualitativo e quantita‑ tivo, baseada primeiramente no levantamento bibliográfico, na leitura e produção textual acerca do material pesquisado. O corpus foi formado por (i) Leis que criaram as Delegacias de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRADI); (ii) Boletins de ocorrência de crimes de ódio, de cunho racial, obtidos na DECRADI de São Paulo, a pioneira nesta questão; (iii) notícias veiculadas eletronicamente por cinco grandes jornais brasileiros e a análise da nomeação dos grupos cata‑ logados pela DECRADI. Tendo em vista a perspectiva teórica da Pragmática e dos Estudos Culturais, bem como da Análise do Discurso Crítica, temos como objetivo principal, neste trabalho, apresentar como os recorrentes casos de injúria racial, observados nos boletins de ocorrência, nos ajudam a compreender a construção da identidade nacional a partir da questão racial. Partimos da concepção de Fairclough (2001) de que o discurso é uma forma de agir sobre o mundo e sobre o Outro, sendo assim, é a partir do discurso que a sociedade se estrutura, se reflete e se modifica. Salientamos que para esta pesquisa, raça é visto como um conceito sociológico, e não biológico, o que auxilia na explicação de termos crimes baseados em questões raciais em nosso país. O que está em jogo não é que todos façamos parte da mesma raça huma‑ na, mas que nossas relações sociais são racializadas hierar‑ quicamente (Munanga, 2004). Dessa forma, encontramos a necessidade de compreender essas construções identitárias a partir da questão racial e perceber a forma como discurso produz ações, no caso das injúrias raciais. A formação docente no Brasil tem sido um dos temas mais discutidos e explorados no âmbito educacional nas últimas décadas e, no que se refere à formação de professores de língua espanhola, esta seja talvez uma das maiores dívidas do governo brasileiro junto a nossa sociedade, como afirma Moreno (2005). Com a finalidade de contribuir de alguma maneira nessas discussões, e no contexto em que estamos inseridos, esta apresentação visa compartilhar os resulta‑ dos das práticas de ensino desenvolvidas entre os discen‑ tes do curso de Licenciatura em Letras – Língua Espanhola e Literaturas de Língua Espanhola –, da Universidade do Estado da Bahia (UNEB – Campus I), na disciplina Estudos Contrastivos em Fonética e Fonologia da Língua Materna e Língua Espanhola, no primeiro semestre de 2012. O objetivo geral do curso é estudo contrastivo das estruturas fonéticas e fonológicas da língua portuguesa e da língua espanhola. A comunicação está estruturada em três seções: primeiro, explica‑se o componente curricular em questão; em seguida, mencionam‑se os materiais e métodos utilizados durante as aulas ministradas; logo, apresentam‑se os resultados sobre algumas atividades realizadas pelos discentes. Por último, nas considerações finais, discorre‑se sobre a importância dos conteúdos fonético‑fonológicos na formação dos futu‑ ros professores de espanhol. Adotam‑se como referência os trabalhos de Poch Olivé (2001) e Llisterri (2003). 15 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada DISCURSOS E IDENTIDADES EM XEQUE NA SALA DE I/LE ALVARO MONTEIRO CARVALHO (UFRJ) COMPARANDO A PRODUÇÃO DE BRASILEIROS E ANGLÓFONOS DE CLUSTERS INICIADOS POR /S/ AMANDA DO NASCIMENTO BURGO (UFRJ) Resumo de Paper Apesar de o tema sexualidade estar abarcado em um dos te‑ mas transversais propostos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), a orientação sexual, Louro (1997) assevera que tal temática não é discutida de forma aberta na escola por ser considerada uma responsabilidade da família. Em ra‑ zão disso, as práticas escolares parecem corroborar para a reprodução e solidificação de significados que são produzi‑ dos por uma matriz de inteligibilidade de ordem heterosse‑ xual (BUTLER, 1990). O efeito dessas práticas é a aparente constante contribuição da educação para a naturalização de certas formas de ser, conhecer e pensar sobre o corpo e o desejo, desconsiderando outras formas de experiência e de construção de significados. Refletindo sobre esse cenário, este trabalho tem dois objetivos: 1) apresentar um projeto pedagógico – desenvolvido com alunos/as de uma turma de 9º ano de inglês como língua estrangeira – que discute questões relacionadas a identidades estigmatizadas como a sexualidade, por exemplo; e 2) discutir alguns dos efeitos da implementação de tal projeto. A partir de teorizações advindas da Teoria Queer (SULLIVAN, 2003; BUTLER, 2004) e da perspectiva socioconstrucionista (MOITA LOPES, 2003), esse estudo procura problematizar processos tradicionais de construção de conhecimento, buscando também a de‑ sestabilização de conceitos fundamentalistas acerca das masculinidades. Os dados, gerados por meio de procedi‑ mentos de teor etnográfico e abordados de acordo com princípios da Sociolinguística Interacional (GOFFMAN, 1974 e 1981; GUMPERZ, 1982; BLOOMMAERT, 2009), não indicam total desestabilização e/ou renegociação, mas sim movimentos ainda tímidos de desestabilização. Entretanto, pode‑se dizer que, tais movimentos sutis constituem passos significativos em direção à agência e à mudança. Resumo de Pôster Este trabalho faz parte do projeto de pesquisa: “Análise do Processo de Ensino/Aprendizagem de Línguas Estrangeiras a Brasileiros – Problemas de Sotaque e de Pronúncia”, que está, de certa maneira, relacionado à temática da inclusão ou ex‑ clusão social por meio da linguagem. O projeto mencionado serve como base da nossa pesquisa que é a realização dos clusters por falantes de Português Brasileiro (PB) ao falarem inglês. Denomina‑se clusters as “seqüências de duas ou mais consoantes dentro de uma sílaba” (Prator & Robinett: 1985, 174). Um brasileiro, na fase de aprendizado do inglês como língua estrangeira (LE), insere /i/ antes de /s/, o que leva a um processo de ressilabação – quebra os constituintes do cluster. Essa inserção acontece por influência da língua ma‑ terna, o português (que não tem esse cluster), constituin‑ do‑se, então, em marca de sotaque. Sabe‑se, também, que algumas dessas marcas podem levar a estereótipos sociais, atitudes negativas voltadas contra o falante que se esforça para aprender o novo idioma. Mostraremos alguns de nos‑ sos dados gravados provenientes de alunos de Inglês de sex‑ to período da Faculdade de Letras (UFRJ), comparando‑os com os dados de falantes nativos e analisando‑os por inter‑ médio do programa computacional PRAAT. Desse modo, ten‑ taremos dar algumas explicações para o problema da inser‑ ção vocálica em clusters, apontando que o suposto nível de gravidade da pronúncia inadequada ainda é menor do que a possível atitude de exclusão social sofrida pelo aprendiz de inglês. 16 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O PROCESSO DE ELABORAÇÃO DE SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS EM LÍNGUA INGLESA NO CONTEXTO DE UM SUBPROJETO DE PIBID ANA CAROLINA DE LAURENTIIS BRANDÃO (UNEMAT) Resumo de Paper Este trabalho tem como objetivo apresentar e discutir ex‑ periências de elaboração de material de língua inglesa, vi‑ venciadas por alunos de um curso de Letras e uma profes‑ sora de inglês da rede pública em um subprojeto de PIBID. O PIBID (Programa de Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) é uma iniciativa da CAPES no sentido de melhorar a Educação Básica no país, oferecendo bolsas de estudos a professores universitários (coordenadores institucionais e de área), professores da rede pública (supervisores) e discentes de cursos de Licenciatura. O subprojeto em questão é parte de um projeto de PIBID de uma universidade do Mato Grosso, e tem o intuito de contribuir para a formação inicial e conti‑ nuada de profissionais da área de ensino de língua inglesa, por meio do desenvolvimento de uma proposta de ensino com base em gêneros textuais. As atividades envolvendo os gêneros seguem o modelo de sequência didática, segundo Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), e serão aplicadas no primeiro semestre de 2013. O aporte teórico‑metodológico deste trabalho é a Pesquisa Narrativa (CLANDININ; CONNELLY, 2000). Os textos de campo envolvem excertos de relatos escritos por mim, coordenadora de área, e pelos bolsistas, bem como as sequências didáticas elaboradas. A análise desse material é feita com base na Composição de Sentidos, segundo Ely, Vinz, Downing e Anzul (2001). Até o momento, foi possível perceber dificuldades relacionadas à articula‑ ção da teoria envolvendo os gêneros, estudada na primeira fase do subprojeto, e a prática de elaborar as sequências, e à contemplação de outros conhecimentos além do sistêmi‑ co, sugeridos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Estrangeira. A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES DE PROFESSORES NA MÍDIA: QUEM PODE ENSINAR INGLÊS NO BRASIL? ANA CASTELLO (UNB) MARIANA R. MASTRELLA‑DE‑ANDRADE (UNB) Resumo de Pôster Este trabalho tem com objetivo apresentar os resultados de uma investigação sobre a maneira como a mídia tem parti‑ cipado na construção de identidades de quem ensina inglês no Brasil. Teoricamente, entende‑se aqui que as investiga‑ ções com foco em identidades implicam em deslocar a ênfa‑ se sobre a descrição de sujeitos, voltando‑a sobre a ideia de tornar‑se, uma concepção que envolve movimento e trans‑ formação a partir de uma noção de linguagem que opera e realiza o que se diz (BUTLER, 1997). Assim, enfocar a maneira como a identidade de professores é construída significa, so‑ bretudo, entender as relações sociais, discursivas e de poder que a propiciam, já que, como ressaltam Norton (2000) e Mastrella (2007), as identidades não são algo simplesmente abstrato ou neutro, mas são todas políticas, engendradas em relações desiguais de poder. Tendo então essa perspec‑ tiva teórica, esta pesquisa buscou analisar, a partir da co‑ leta e seleção de reportagens e anúncios de instituições de ensino de inglês no Brasil, como os discursos constroem as identidades de quem ensina inglês, considerando, segundo Bourdieu ( 1997), que a mídia tem o poder de formar opiniões e atitudes em massa, tornando‑se especialista ou guardiã de valores coletivos. A análise foi conduzida com base na teoria dos Atos de Fala de Austin (1976) e conforme os trabalhos de Pinto (2002), que entendem língua como performativida‑ de. Os resultados mostram indícios de que os discursos que sustentam as informações sobre ensinar inglês no Brasil es‑ tabelecem quem é o “bom professor” e o que ele representa, aproximando‑o, de modo geral, a um estereótipo marcado por aparência física e sotaque bastante aproximados aos dos de falantes anglo‑saxônicos, ressaltando, em prima‑ zia, questões exclusivas do falar inglês em detrimento de outras habilidades. 17 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O CERTIFICADO DE PROFICIÊNCIA EM LÍNGUA PORTUGUESA PARA ESTRANGEIROS (CELPE–BRAS): UM INSTRUMENTO DE AÇÃO POLÍTICO‑LINGUÍSTICA ONDE E COMO SE APRENDE A LER INFOGRAFIA? ANA CATARINA MORAES RAMOS NOBRE DE MELLO (UFRJ) Este trabalho tem como objeto de estudo a leitura de info‑ grafia e o letramento visual de estudantes de ensino médio de duas escolas públicas mineiras. O infográfico em foco é aquele que circula no âmbito do jornalismo, tanto em mídia impressa quanto eletrônica, mas especialmente naquela, em suportes como revistas e jornais. Cada vez mais presente nesses produtos editoriais, o infográfico, texto multimodal por excelência, demanda do leitor habilidades que envol‑ vem noções de língua, imagem, matemática, entre outras. Os projetos gráficos de jornais, por exemplo, têm, cada vez mais, há algumas décadas, proposto ao leitor páginas em que imagens e palavras aparecem de forma interpolada, op‑ tando por desenhar o que não se pode ou não se prefere des‑ crever ou narrar. Fundamentam este trabalho concepções de infográfico como a de Teixeira (2010), aspectos da pro‑ dução editorial e dos projetos gráficos (Ribeiro, 2009; 2010), uma concepção de letramento visual (Dondis, 2007), assim como noções de letramentos e de multimodalidade pro‑ postas pelos estudos de Kress (2010) e Kress e Van Leeuwen (1996; 2001). O método de pesquisa empregado foi o grupo focal, conduzido com jovens estudantes de terceiro ano do ensino médio, sendo um primeiro em uma escola pública fe‑ deral e outro em uma escola pública estadual. As questões abordadas nos grupos eram relativas ao reconhecimento de infográficos, à leitura desses textos, aos letramentos en‑ volvidos nessa ação e às agências desse letramento. Os da‑ dos gerados foram analisados tomando‑se como referência resultados do Enem que apontam problemas no desenvol‑ vimento de habilidades de leitura e matemáticas. Os resul‑ tados da pesquisa apontam para a escola como uma impor‑ tante agência de letramento visual, embora isso quase nun‑ ca seja ou pareça sistematizado ao longo do período escolar. Também é importante corroborar pesquisas anteriores que apontam o pouco espaço que as aulas de língua materna de‑ dicam ao letramento visual. Resumo de Paper Dentre os diversos instrumentos de ação político‑linguís‑ tica implementados pelo Governo brasileiro que visam à internacionalização da Língua Portuguesa (LP) e da cultura brasileira, destaca‑se a criação do Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros (CELPE–Bras). Observa‑se, ao longo dos 15 anos de sua vigência, um au‑ mento expressivo no quantitativo de candidatos participan‑ tes do Exame para sua obtenção: em 1998, 127 participaram do exame realizado em 5 universidades brasileiras e nos 3 pa‑ íses que compunham o MERCOSUL; em 2012, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), foram 8044 inscritos em 26 postos aplicadores no Brasil e outros 48 em diversos países de to‑ dos os continentes. Evidencia‑se, portanto, uma iniciativa bem‑sucedida, decorrente, principalmente, do momento político e econômico relevante vivenciado pelo Brasil, por intermédio dos diversos intercâmbios econômicos, culturais e científicos firmados com outros países. No tocante à área linguística, vem sendo subsidiado pela “criação e manuten‑ ção de políticas de língua protagonizadas pelo Estado e por outros atores sociais que apontam para uma maior circula‑ ção e valorização” da LP (Carvalho, 2012). Diante dessa reali‑ dade, considera‑se este Exame, via os textos apresentados tanto na prova oral quanto na escrita, configurações oficiais das diferentes representações sociais e culturais do Brasil e de brasileiros ali mostradas. Objetiva‑se, com este trabalho, traçar um paralelo entre algumas representações depreen‑ didas no material (elementos provocadores) utilizado na prova oral (Lima, 2008) e em alguns vídeos que compõem parte dos textos de partida para a realização de tarefas co‑ municativas propostas na prova escrita. ANA ELISA FERREIRA RIBEIRO (CEFET MG) Resumo de Paper 18 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada GLOBALIZAÇÃO E CULTURA: PENSANDO A TRADUÇÃO DE NOVELAS A INSERÇÃO DOS QUILOMBOS NOS MATERIAIS DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA ANA ELISA TOLEDO LIMA NASCIMENTO (UNICAMP) ANA FÁTIMA CRUZ DOS SANTOS (UNIJORGE) Resumo de Paper Resumo de Paper Vivemos em um mundo caracterizado por mudanças cons‑ tantes e fluxo global e contínuo de bens, recursos, informa‑ ções e imagens. O mundo está interconectado. A existên‑ cia de um sistema global de comunicação, composto por Internet, satélites, computadores, celulares e demais apara‑ tos tecnológicos que proporciona a atualização de noticias minuto a minuto, o deslocamento geográfico sem o deslocar físico e o contato com diferentes comunidades lingüísticas é apenas uma das muitas evidências. Contudo, ainda que haja uma conotação de unicidade fortemente relacionada à idéia de globalização, especialmente quando se abordam temas como economia global e globalização de mercado, essa não pode ser aplicada à esfera cultural. Segundo Renato Ortiz (2011), uma cultura mundializada não implica o aniquila‑ mento de outras manifestações culturais, ela co‑habita e se alimenta delas. Para o autor, o universo das “comunicações” contém uma dimensão que extravasa os quadros nacionais: ele implica técnicas e práticas transnacionais, assim como a elaboração de formatos narrativos que transcendem as fron‑ teiras. Diante desse cenário e somado ao fato do Brasil ser um dos principais países exportadores de novela, o presen‑ te trabalho tem como objetivo estudar a relação globaliza‑ ção‑tradução, abordando o modo como o fenômeno global vem interferindo nos estudos de tradução, em especial em seu funcionamento no ambiente midiático; com destaque para a exportação de novelas brasileiras e o processo neces‑ sário para sua comercialização. Para a realização de nossa pesquisa, faremos uso de autores de diversas áreas entre as quais, sociologia, cinema e comunicação. O estudo das tra‑ duções será realizado com base em conceitos formulados por teóricos das linhas pós‑estruturalista como Rosemary Arrojo (1993, 1998, 2000 e outros), Lawrence Venuti (1995, 1998, 2000, 2002, 2008) e Susan Bassnett (2009). A produção de materiais didáticos com conteúdos de Língua Portuguesa ainda expressam uma deficiência quanto ao assunto quilombos e sua relevância na formação linguísti‑ ca brasileira ao longo dos séculos XIX e XX. A presente pes‑ quisa, educação quilombola em sala de aula, analisou livros didáticos da Editora FTD, três volumes do Ensino Médio do ano de 2008, a fim de observar estes possíveis elementos de educação de quilombos na aquisição de linguagem sob a in‑ fluência dessas comunidades que envolvia diferentes povos/ cor/posição política e que ainda são referência da formação identitária, cultural e de linguagem presentes na contem‑ poraneidade. Sob o método qualitativo‑interpretativista, expõe‑se critérios de análise desse material verificando fi‑ guras, discursos e citações utilizadas. Sugere‑se pontos de discussão em sala de aula a serem utilizados pelo docente de acordo com críticas paradidáticas de outros autores so‑ bre o tema. Conclui‑se a ausência de citações ou referências construtivas sobre uma formação educacional quilombola nesses livros didáticos analisados. 19 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA: NOVOS/VELHOS DISCURSOS E PRÁTICAS? ANA KARINA DE OLIVEIRA NASCIMENTO (UFS) A LÍNGUA PORTUGUESA COMO UNIDADE ABSTRATA E IMAGINÁRIA: UMA LEITURA DO NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO ANA LUCIA CHELOTI PROCHNOW (UFSM) Resumo de Paper Pensar em formação continuada de professores de uma maneira mais ampla e naquela direcionada a professores de língua inglesa de maneira mais particular perpassa por va‑ riadas questões que abrangem diversificadas formas de en‑ tender o ensino, a aprendizagem, a relação professor‑aluno, a formação crítica do discente, as diferentes metodologias de ensino, enfim, várias questões envolvidas no fazer peda‑ gógico. É levando em conta essa diversidade de temáticas, que este trabalho, cuja base de análise centra‑se na teoria dos novos letramentos, propõe‑se a discutir uma experiên‑ cia de formação continuada direcionada a professores de língua inglesa da rede pública de educação básica de Sergipe. Trata‑se da análise de três dos instrumentos utilizados du‑ rante o processo (questionário, entrevista e gravação de aula), a qual busca entender os novos/velhos discursos e práticas dos professores envolvidos. Nesse percurso, diver‑ sas interpretações e interlocuções foram possíveis, as quais se mostraram ricos elementos para uma análise acerca do processo de ensino e aprendizagem de língua inglesa. SILVANA SCHWAB DO NASCIMENTO (UFSM) ADRIANA SILVEIRA BONUMÁ (UFSM) Resumo de Paper O novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), que passou a ser adotado em janeiro de 2009 e visa a unifi‑ car as duas ortografias oficiais do português, a do Brasil e a de Portugal, efetivamente, deverá ser utilizado a partir de ja‑ neiro de 2013 por toda lusofonia. Em virtude desse momen‑ to de transição, este trabalho se propõe a analisar como os conceitos que permeiam as questões de política de línguas, tais como nação, estado, língua nacional, língua oficial, lín‑ gua materna, língua imaginária e língua fluida, são aborda‑ dos nesse documento. Para tanto, em um primeiro momen‑ to, serão discutidos alguns textos de autores que tratam a respeito da política linguística no Brasil. Depois, serão discu‑ tidos de que forma determinados aspectos do novo acordo estão relacionados com as políticas de língua. A partir disso, pretende‑se mostrar em que medida o novo Acordo conce‑ be a língua portuguesa como unidade abstrata e imaginá‑ ria. Para tanto, o suporte teórico está embasado em autores como Hobsbawm (1990), Orlandi (1988) e Guimarães (2007), que abordam questões propriamente de política linguística; e em Fiorin (2009) e Silva Sobrinho (2009), que discutem o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa relacionado com a política linguística no Brasil. 20 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada HISTÓRIAS DE LETRAMENTO E PERFIL SOCIOCULTURAL DE PROFESSORES EM FORMAÇÃO MUITO ALÉM DE APRENDIZ: O PAPEL DA TAREFA PARA PROMOVER MÚLTIPLAS CATEGORIAS DE PARTICIPANTES ANA LÚCIA DE CAMPOS ALMEIDA (UEL) ANA LUIZA PIRES DE FREITAS (UNISINOS) Resumo de Paper Resumo de Paper Nesta comunicação pretendo discorrer sobre um projeto de pesquisa em etapa inicial de desenvolvimento coordena‑ do por mim junto ao Departamento de Letras Vernáculas e Clássicas da Universidade Estadual de Londrina – PR. O ob‑ jetivo deste projeto é investigar as práticas de letramentos vernaculares, locais e situados a partir do levantamento e análise de um corpus constituído por produções escritas, histórias de letramento, de alunos do Curso de Licenciatura em Língua Portuguesa – professores em formação. A pesqui‑ sa empreendida pretende ainda construir um perfil sociocul‑ tural de letramento dos futuros professores com intuito de compreender os modos de apropriação pertinentes à aqui‑ sição do modelo da cultura escrita denominado letramento dominante. A fundamentação teórica provém dos Novos Estudos de Letramento, que incentivam a produção de inves‑ tigações voltadas para as práticas socioculturais de usos de escrita em comunidades locais, situadas em esferas distintas da hegemônica e/ou acadêmica, Esta vertente de estudos vem sendo representada pelos autores: Heath (1982,1983,); Barton (1998); Barton e Hamilton (1994); Barton, Hamilton e Ivanic (2000); Street (1984, 1993, 1995, 2003, 2010), Kleiman (1995, 2001, 2006), Marinho e Carvalho (2010), Soares (1998, 2008, 2010), entre outros. As observações preliminares rea‑ lizadas na etapa exploratória da pesquisa permitem afirmar que a maior parte dos sujeitos pesquisados demonstra não ser possuidora dos letramentos de prestígio e não ter tido acesso aos modelos de escrita da esfera acadêmica; antes apresentam contato intenso com as práticas comunicati‑ vas e interacionais da cultura oral e com o desenvolvimen‑ to de práticas de letramento próprias das esferas religiosas, do cotidiano e de locais de trabalho vinculadas a camadas sociais populares. O objetivo deste trabalho é o de examinar a relação entre o leque de ações construídas pelos participantes de uma sala de aula de língua adicional com a atividade pedagógica que é levada a cabo. Para tanto, analisamos três segmentos de fala‑em‑interação a partir dos pressupostos da ACE. O pri‑ meiro segmento (Mondada, Doehler, 2004) se passa em uma sala de aula de francês e mostra os participantes rea‑ lizando a atividade pedagógica de prover verbos derivados dos substantivos. Assim, a ação a ser realizada por quem executava a atividade pedagógica se restringia a produzir um turno que apresentasse um verbo, em resposta ao subs‑ tantivo apresentado no turno. O segundo segmento (Mori, Hasegawa, 2009) se passa em uma sala de aula de japonês e mostra os participantes realizando a atividade pedagógi‑ ca de, a partir de figuras, elaborar frases. Em tal segmento, observamos que as ações levadas a cabo pelos participan‑ tes se restringiam à produção de enunciados soltos. Nesses dois primeiros segmentos, as ações desempenhadas pelos participantes eram bastantes restritas, na medida em que são balizadas por atividades pedagógicas que delimitam a participação à produção de enunciados e verbos. Já o tercei‑ ro segmento (Freitas, 2006 e Salimen, 2009) acontece em uma sala de aula de inglês e mostra os participantes reali‑ zando uma atividade pedagógica de encenação em grupos. Nesse segmento, os participantes realizaram diversas ações, como: discordar, levantar hipóteses, responder a uma hipó‑ tese levantada, entre outras. Em contraste aos dois outros segmentos, nesse último, o leque de ações a serem realiza‑ das para cumprir a atividade pedagógica não só é mais am‑ plo, mas também é mais relacionado com a realização de ações no mundo. A partir de tais resultados, este trabalho contribui para os estudos de ACE que estudam a aprendiza‑ gem de línguas, por apontar que, apesar de as tarefas peda‑ gógicas poderem ser re‑configuradas pelos participantes, elas balizam as possibilidades de ação desempenhadas. 21 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O ESTUDO DAS EMOÇÕES DE PROFESSORES DE LÍNGUAS: DE ONDE VIEMOS, ONDE ESTAMOS E PARA ONDE VAMOS? ANA MARIA FERREIRA BARCELOS (UFV) Resumo de Paper Sabemos que as emoções fazem parte do conhecimento do professor e que podem influenciar suas ações muito mais do que as crenças (Borg, 2006). Apesar disso, o fator afetivo, de acordo com Borg (2006), é um dos menos compreendidos e mencionados na pesquisa de cognição de professores de lín‑ guas. Borg acredita que pesquisas futuras precisam tentar “compreender como os fatores cognitivos e afetivos intera‑ gem em moldar o que os professores fazem” (p. 272). A neces‑ sidade de melhor compreensão sobre emoções já foi mencio‑ nada por vários outros autores (NESPOR, 1987; ROSIEK, 2003; FRIJDA, MANSTEAD E BEM, 2000) que afirmam que “emoção e afeto tem implicações importantes em como os profes‑ sores aprendem e usam o que aprendem” (Nespor, p. 324). Embora os trabalhos sobre emoções de professores na área de educação estejam bem avançados no exterior, no Brasil, na Linguística Aplicada (LA), a pesquisa sobre emoções de professores ainda se encontra na sua infância, com poucos trabalhos sobre esse tópico. Nesta apresentação, faço um apanhado histórico do estudo de emoções de professores na LA no Brasil e no exterior, trazendo desenvolvimentos recen‑ tes no exterior e os desdobramentos desses resultados na pesquisa de ensino de línguas no Brasil. Os objetivos desta apresentação são: a) traçar as origens do interesse pelo es‑ tudo de emoções de professores (de línguas); b) apresentar o panorama atual dessa investigação expondo brevemente resultados de trabalhos realizados no Brasil e no exterior; c) propor encaminhamentos futuros para a pesquisa de emo‑ ções de professores de línguas. Isso será feito primeiramente em termos dos trabalhos realizados no exterior, e em segun‑ do lugar, a respeito dos poucos trabalhos existentes no Brasil, concluindo com sugestões e uma agenda de pesquisa sobre emoções no contexto brasileiro da Linguística Aplicada. LINGUAGEM E IDENTIDADE: AS REPRESENTAÇÕES CULTURAIS DO “SER BRASILEIRO” DISCURSIVAMENTE CONSTRUÍDAS EM LIVROS DE PORTUGUÊS PARA ESTRANGEIROS ANA PAULA DE ARAUJO LOPEZ (UFSJ) Resumo de Pôster Atuamos sócio‑politicamente pela linguagem e, a cada afi‑ liação discursiva, identidades sociais emergem, contribuin‑ do para que o sistema identitário seja múltiplo, dinâmico e reconstruído cotidianamente nas práticas sociais. Nessa direção, a língua não pode ser definida como um sistema abstrato de categorias gramaticais, mas sim como uma vi‑ são de mundo, saturada de ideologia. No contexto de ensi‑ no de línguas estrangeiras, o livro didático é um facilitador do processo de ensino/aprendizagem e figura como um dos principais meios de contato do aprendiz com a cultura do país cuja língua está aprendendo. Pressupondo que qualquer livro didático enuncie a visão de seus autores e que essas re‑ fletem determinados sistemas ideológicos, o presente tra‑ balho buscou averiguar quais identidades sociais associadas ao “ser brasileiro” são construídas discursivamente em livros didáticos de Português para Estrangeiros, nos seus varia‑ dos textos e imagens. Para tanto, tomou‑se como referen‑ cial teórico‑metodológico a proposta de Análise Crítica do Discurso de Paul Gee (1999), principalmente seu conceito de Modelos Culturais e as reflexões acerca da questão da identi‑ dade social. A análise desenvolvida oferece um entendimen‑ to mais profundo das representações da vida dos brasileiros construídas discursivamente nesses livros e como essas representações, ao mesmo tempo em que refletem as prá‑ ticas de alguns grupos sociais, simultaneamente, excluem as práticas de outros, estabelecendo processos e inclusão e exclusão via linguagem. Esses processos são constituídos pela construção de modelos culturais hegemônicos, vincula‑ dos a determinadas identidades sociais estereotipadas, que são veiculadas no discurso dos livros. O não reconhecimen‑ to dessas questões pode levar os usuários dos livros didáti‑ cos – professores, principalmente – a reproduzirem e conso‑ lidarem práticas hegemônicas, que desconsideram o caráter múltiplo e dinâmico do sistema identitário e a diversidade presente na cultura brasileira. 22 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada ANÁLISE DE ATIVIDADES DO CADERNO DE INGLÊS DA REDE PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO E SUA RELAÇÃO COM AS ORIENTAÇÕES CURRICULARES: CORRELAÇÕES ENTRE TEORIA E PRÁTICA ANA PAULA DE LIMA (UNICAMP) GUILHERME JOTTO KAWACHI (UNICAMP) Resumo de Paper Entre 1980 e 1990, o Brasil passou por um processo de re‑ formulação curricular, entretanto, considerando os resulta‑ dos insatisfatórios obtidos em avaliações como o Sistema de Avaliação da Educação Básica, a Prova Brasil e o Exame Nacional de Ensino Médio, o governo reconhece que seus es‑ forços foram insuficientes para garantir a aprendizagem dos alunos nos níveis almejados. Nesse sentido, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (SEE/SP) propõe‑se a coor‑ denar e avaliar o desenvolvimento dos currículos do Ensino Fundamental e Médio, elaborando propostas que maximi‑ zem e garantam a gestão do currículo na sala de aula, dispo‑ nibilizando sugestões de atividades, materiais complemen‑ tares, avaliações e projetos de recuperação paralela. Como parte dessas reconfigurações, a SEE/SP publicou a Proposta Curricular (BRASIL, 2008), visando mudanças políticas, ide‑ ológicas, metodológicas e especialmente curriculares em face do impacto da globalização na educação. Essas orienta‑ ções estão pautadas em concepções de língua e linguagem consideradas mais adequadas ao momento sócio‑histórico pós‑moderno, distanciando‑se de ênfase comunicativas, estruturalistas e apoiando‑se nos estudos dos letramentos. Portanto, a fim de verificar se as orientações curriculares são, de fato, traduzidas em práticas fundamentadas em epistemologias críticas e plurilíngues, propomo‑nos a ana‑ lisar algumas atividades do caderno de Língua Inglesa volta‑ do para alunos do 5º ano do Ensino Fundamental II. Nosso objetivo é avaliar se as atividades do material didático são condizentes às premissas dos letramentos, especialmente considerando os estudos sobre multiletramentos (COPE & KALANTZIS, 2000) e letramentos múltiplos, críticos e multis‑ semióticos (ROJO, 2009; MOITA LOPES, 2006). Interessa‑nos, também, verificar se as propostas práticas do material têm potencial para estimular a sensibilidade intercultural dos estudantes, fundamental para sua atuação sob bases éticas, críticas e protagonistas (ROCHA, 2012). ASPECTOS HISTÓRICOS DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASIL ANA PAULA KUCZMYNDA DA SILVEIRA (UFSC ‑ IFSC) Resumo de Paper Esta comunicação tem por objetivo discutir, sob uma pers‑ pectiva bakhtiniana e com base nos estudos de letramen‑ to, a constituição sócio‑histórica do professor de Língua Portuguesa ao longo da história da escola no Brasil, com foco especialmente voltado aos séculos XIX e XX. Para fazê‑ ‑lo apoiamo‑nos em dados obtidos a partir de pesquisa do‑ cumental de cunho qualitativo, desenvolvida com base na consulta a textos‑enunciados produzidos na esfera escolar e em esferas que a tangenciam, os quais materializam discur‑ sos acerca da formação inicial e continuada do professor e a respeito de seu papel na escola e na sociedade em diferentes momentos da história. Nesse percurso histórico, parece‑nos relevante pensar que a constituição do professor de língua portuguesa nunca se efetivou alijada de influências que ultrapassam a microcultura escolar e que se alinharam/ali‑ nham a um projeto de cidadão útil ao Estado, a um projeto de sociedade, de sujeito e de escola que se desejou materia‑ lizar. Do professor catequisador ao professor reflexivo, traça‑ mos um percurso que revela a maneira como o ethos do pro‑ fessor se constitui pela alteridade, atravessado por relações de poder, por instabilidades, pelo discurso da salvação, do descrédito, e por novas e frequentes demandas de formação. 23 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada PRESCRIÇÕES OFICIAIS PARA O ENSINO‑APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS PARA FINS ESPECÍFICOS E O TRABALHO COM GÊNEROS TEXTUAIS ÉTICA, RESPOSTA E CRÍTICA NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUAS: (PERTURB)AÇÕES EM CURSO ANA PAULA MARTINEZ DUBOC (USP) ANA PAULA MARQUES BEATO CANATO (UFRJ) Resumo de Paper Resumo de Paper O trabalho com línguas para fins específicos (ESP) tem se am‑ pliado gradativamente no Brasil. Tratando especificamente da rede pública de ensino, tal expansão se deve ao aumento significativo de instituições técnicas federais (IFs). Em uma tentativa de direcionar o ensino‑aprendizagem nesse con‑ texto, o governo federal lançou em 2012 diretrizes oficiais. Tendo atuado nesse contexto, temos a intenção de avaliar as convergências e divergências entre o trabalho que vinha sendo realizado e as prescrições oficiais. Para isso, retoma‑ mos alguns conceitos do ESP e fazemos uma breve análise dos documentos. Em seguida, nos debruçamos sobre uma sequência didática (DOLZ; SCHNEUWLY, 2004), que procura contribuir para o desenvolvimento de capacidades de lin‑ guagem em torno do gênero ficha de segurança de laborató‑ rio. Finalmente, estabelecemos as relações entre a proposta oficial e o material utilizado. Concluímos que o trabalho com base no interacionismo sociodiscursivo, conforme defende‑ mos (BEATO‑CANATO, 2011; CRISTOVÃO; BEATO‑CANATO, prelo) está em consonância com a proposta oficial, cujos objetivos ultrapassam o ensino de estratégias de leitura e o aprofun‑ damento em vocabulário, como o ESP é conhecido no Brasil, especialmente por leigos. Propostas curriculares contemporâneas nos âmbitos nacio‑ nal e internacional vêm sinalizando a importância de repen‑ sar a educação sob a ótica da multiplicidade, complexidade e instabilidade, rompendo, assim, com saberes unos, homo‑ gêneos e estáveis predominantes no paradigma moderno. No campo do ensino de línguas estrangeiras, isso implica abordar temas e linguagens de forma mais plural e inclu‑ siva, na medida em que passamos a legitimar saberes até então apagados pelo currículo escolar. A tarefa, no entanto, nos coloca novos desafios, pois não estamos habituados a lidar com a diferença e o dissenso na sala de aula. Esta apre‑ sentação tem como objetivo compartilhar algumas ações pedagógicas discutidas e/ou implementadas em contextos de formação docente as quais visam formar professores éticos, responsáveis e críticos como pré‑condição para que possam desenhar suas ações docentes futuras pautando‑se na diferença. Tais ações se fundamentam nos debates sobre letramentos críticos (GREEN, 1997; MENEZES DE SOUZA, 2011; MONTE MÓR, 2011, 2012) e em propostas contemporâneas de educação, dentre as quais a noção de pedagogia da pertur‑ bação (BIESTA, 2006, 2010) e seu entendimento de aprendi‑ zagem como resposta. Além do compartilhamento de algu‑ mas dessas ações, serão apresentadas algumas impressões de alunos de um curso de Letras diante dessas novas teorias como importante dado para direcionamentos futuros em pesquisas da área. 24 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada CARTA DE RECLAMAÇÃO COMO PRÁTICA SOCIAL NO CONTEXTO ESCOLAR REVISTAS PARA MULHERES: PARA QUÊ? ANA PAULA RABELO E SILVA (UFC) ANA PAULA MARTINS ALVES (UFC) Resumo de Paper Resumo de Paper Estudos sobre o letramento têm sido desenvolvidos des‑ de a década de 1980, apresentando um variado quadro te‑ órico sobre as habilidades de leitura e escrita na sociedade contemporânea. Fundamentando‑se nos pressupostos de Street (1981, 1984), Heath (1983, 1984) e Barton & Hall (2000), o presente estudo teve por escopo analisar cartas de re‑ clamação de alunos do 4º ano do EF de uma escola pública municipal de Fortaleza, observando aspectos socioculturais do letramento expressos na escrita dos estudantes. Para os propósitos desta pesquisa analisamos 39 produções de alunos do 4º ano do Ensino Fundamental participantes de uma sequência didática, desenvolvida ao longo de dois me‑ ses. Na análise, observamos aspectos estruturais do gênero carta de reclamação, bem como os aspectos destacados por Barton & Hall (2000), a saber: a dêixis presente nas cartas, a força dos atos de fala e os papéis e identidades assumidas pe‑ los escritores. Ao analisarmos tais aspectos intencionamos perceber os valores culturais e o contexto social de produção das cartas como prática social. Com este estudo, discutimos os aspectos estruturais da carta, analisamos os valores cul‑ turais, tais como noções de limpeza e boa qualidade de edu‑ cação, bem como o contexto social dos alunos presentes na produção das cartas, isto é, foi possível perceber a situação atual da escola e através dela algumas pistas que descrevem a comunidade em que a escola está situada. Identificamos ainda o papel e a identidade assumida pelos escritores das cartas, e os posicionamentos destes em suas produções. A presente pesquisa analisou a relação entre os textos ver‑ bais e não verbais das revistas impressas femininas de cir‑ culação nacional e a concepção de identidade do feminino consolidada pelas mulheres leitoras da cidade de Fortaleza. Entendemos que as práticas sociais em diversas esferas da atividade humana interferem para a consolidação de uma concepção histórica que trata a mulher como obje‑ to, colocando‑a em segundo plano no mundo dos homens. Recuperamos essas representações de poder, mas optamos pela por uma definição mais próxima dos conceitos que fun‑ damentam a Análise do Discurso Crítica. Como afirma Del Priori (1988), mesmo com benefícios no que diz respeito à garantia de direitos, ela se sujeitou ao acúmulo de trabalhos, à obrigação de estar (e ser) bela, à ampliação das esferas de atuação em situações precárias. Para tanto, fizemos um le‑ vantamento da leitura das revistas mais lidas pelas mulheres de oito bairros da capital do Ceará. Durante o mês de julho de 2012, foram visitados mais de setenta salões de beleza. Verificamos que, ao contrário do esperado, não são revistas como Cláudia, Nova, Marie Clarie ou Elle as mais lidas nos salões investigados. Independentemente do poder aquisi‑ tivo, há preferência pelas revistas Caras e Quem. A função da leitura de revistas de salão é entretenimento e busca por representações. Um aspecto relevante de comportamento social é que a construção das representações de feminino pelas mulheres dos bairros de maior poder aquisitivo passa por uma elaboração com filtro na identidade individual. Elas desejam ser únicas e optam por uma montagem de caracte‑ rísticas das artistas diferentes (a cor do cabelo de uma atriz e o corte da outra, por exemplo). Em bairros de classes sociais com menor poder, ainda há duas concorrentes: as revistas: Una e Cabelos e Cia. Cabe um estudo posterior em clínicas de estética para avaliar que revistas são lidas e como se dá o processo de espelhamento das mulheres. 25 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada IMPLEMENTAÇÃO DE CURRÍCULO COM BASE EM TEMÁTICAS E PROJETOS NA DISCIPLINA DE INGLÊS II DO CURSO DE LETRAS DA UFRGS APLICABILIDADE DAS FERRAMENTAS COGNITIVAS PROPOSTAS POR KIERAN EGAN NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA PARA PRÉ‑ADOLESCENTES ANA PAULA SEIXAS VIAL (UFRGS) ANA RAQUEL FIALHO FERREIRA CAMPOS (UFPR) ANAMARIA KURTZ DE SOUZA WELP (UFRGS) Resumo de Paper Resumo de Pôster A discussão a respeito do currículo baseado em projetos na escola vem ganhando força desde o início dos anos 2000. Porém, o debate parece estar apenas começando quanto ao ensino de línguas no ensino superior. Conforme Duboc (2011), a reconceituação de língua e de conhecimento suscita um maior questionamento: o de pensar um currículo de línguas adicionais que responda às novas configurações no proces‑ so de significação dos sujeitos da era digital. Assim, o proje‑ to “Construção de Programa de disciplina de Língua Inglesa para o Curso de Graduação em Letras” tem por objetivo elaborar cadernos com projetos e tarefas pedagógicas para cada disciplina de língua inglesa dos cursos de licenciatura e bacharelado em Inglês. Dessa maneira, propomos uma abordagem curricular alinhada às teorias dos novos letra‑ mentos, cuja progressão curricular é organizada em temá‑ ticas relevantes para a formação dos alunos e toma o lugar de uma lista de conteúdos prescritivos sugerida nos currícu‑ los mais tradicionais. Para isso, realizaram‑se reuniões com o corpo docente do Setor de Inglês do Instituto de Letras a fim de discutir a manutenção das temáticas existentes, dis‑ cutiram‑se as propostas com alunos da graduação e, então, construíram‑se os novos programas das disciplinas. Neste trabalho, apresentamos os resultados obtidos da imple‑ mentação dessa nova proposta de currículo na disciplina de Inglês II, cuja temática é “Como outros países veem o Brasil”. São propostos 2 projetos a serem realizados durante o se‑ mestre: Brazil in the eyes of the other e What’s on the news. Esperamos, portanto, oferecer contribuições por organizar um currículo voltado ao crescimento do aluno enquanto profissional, além de disponibilizar um material que poderá servir como referência para trabalho semelhante em currícu‑ los de outras línguas. Através das reuniões com os professo‑ res, buscamos também propiciar um trabalho colaborativo que favorece a integração dos professores em busca de um trabalho interdisciplinar. Esta pesquisa teve como objetivo confirmar a real aplicabi‑ lidade dos estudos de Kieran Egan sobre ferramentas cog‑ nitivas baseados nos estudos de Vygotsky, e através destes estudos, tornar o ensino mais efetivo, engajando a imagina‑ ção dos alunos e produzindo um maior resultado de aprendi‑ zagem. O contexto de pesquisa foi um curso de línguas com clientela de classe média / média alta, no qual foram selecio‑ nadas 4 turmas de diferentes professoras com aproximada‑ mente 10 alunos de 9 a 12 anos cada turma. A ferramenta de pesquisa escolhida foi a Prática Exploratória. As reflexões fei‑ tas pelas professoras e pesquisadora ocorreram em reuniões pedagógicas semanais, essas reuniões já fazem parte do cro‑ nograma das professoras e portanto não houve um acrésci‑ mo de trabalho, possibilitando que a pesquisa seja susten‑ tável, um dos princípios da Prática Exploratória. As ferra‑ mentas cognitivas de Kieran Egan usadas nessa pesquisa foram: EXTREMOS E LIMITES DA REALIDADE, ASSOCIAÇÃO COM O HERÓICO, HUMANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO, COLEÇÕES E HOBBIES, e REVOLTA E IDEALISMO. As aulas foram prepara‑ das juntamente com a pesquisadora e aplicadas pelas qua‑ tro professoras escolhidas. Através de reuniões gravadas semanalmente e questionários quinzenais, que também já existem na instituição, foram analisadas as percepções des‑ tas quatro professoras de língua inglesa quanto à motivação e ao engajamento dos alunos em sala de aula. Os resultados obtidos revelam que as ferramentas cognitivas propostas por Kieran Egan são favoráveis e fazem a diferença na busca por um maior engajamento, uma maior motivação, e con‑ sequentemente, um maior resultado de aprendizagem dos alunos em sala. 26 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A CONSTRUÇÃO DE SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS NO ENSINO‑APRENDIZAGEM DE GÊNEROS TEXTUAIS: UMA EXPERIÊNCIA DO PIBID NA FORMAÇÃO DO ALUNO DE PEDAGOGIA DA UNIVERSIDADE MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL (USCS) ANA SILVIA MOÇO APARICIO (USCS) MARIA DE FÁTIMA RAMOS DE ANDRADE (USCS) Resumo de Paper Neste trabalho, apresentamos os resultados da análise de uma experiência de formação de alunos de Pedagogia, ten‑ do como foco o processo de construção de sequências didáti‑ cas no ensino‑aprendizagem de gêneros textuais, no âmbito do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) na Universidade Municipal de São Caetano do Sul. Esse projeto tem como eixo principal a realização de ações orientadas pela metodologia da “Engenharia Didática”, foca‑ lizando o ensino da Língua Portuguesa, seguindo a aborda‑ gem do trabalho com gêneros textuais do grupo de didática de línguas de Genebra. Inseridos nesse processo, os alunos bolsistas e professores regentes de séries iniciais do ensino fundamental do município de São Bernardo do Campo (SP), colaborativamente, planejam, elaboram e realizam sequ‑ ências didáticas para o ensino‑aprendizagem de gêneros textuais. Os dados gerados nesse processo (registros de encontros de formação, registros de aula, produções das crianças, entre outros), gravados em áudio e/ou vídeo, com‑ põem o corpus da pesquisa. A metodologia utilizada para a análise dos dados é de base qualitativo‑interpretativista, orientada pelos princípios da pesquisa‑ação. Os resultados apontam principalmente para as dificuldades de analisar as produções textuais das crianças de modo formativo, que permite ao professor avaliar as capacidades dos alunos já apreendidas e ajustar as atividades da sequência didática às dificuldades e possibilidades reais da turma. Por outro lado, o envolvimento dos bolsistas e dos professores no processo propiciado pelo PIBID é, de fato, um fator determinante para a (re)construção do fazer docente, aliando teoria e prática, contribuindo para a transformação de suas crenças, hábitos, atitudes, habilidades e tornando‑os melhor preparados para a docência. GÊNERO TEXTUAL ABSTRACT: O TRABALHO DE ESCRITA NA FORMAÇÃO DOS FUTUROS PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA ANA VALÉRIA BISETTO BORK (UTFPR) MIRIAM SESTER RETORTA (UTFPR) Resumo de Paper Nas últimas décadas, a língua inglesa alcançou um status de língua franca e, no meio acadêmico, todo pesquisador que deseja compartilhar sua pesquisa com um número maior de interessados na área em que atua deve publicar seu tex‑ to em inglês. Esta comunicação objetiva apresentar alguns resultados e reflexões sobre um trabalho realizado com alu‑ nos do curso de licenciatura em Letras (Português/Inglês) da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) do Campus Curitiba. A pesquisa foi desenvolvida na disciplina de Laboratório de Escrita IV no primeiro semestre de 2012 cujo objetivo principal foi organizar um artigo acadêmico em língua inglesa sobre o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) dos alunos formandos. Porém, para o propósito desta comunicação, nossa exposição versará sobre a elaboração do gênero textual abstract, o qual também fez parte do planejamento e desenvolvimento da disciplina. O estudo com gêneros textuais (Marcuschi, 2008) possibilita aos es‑ tudantes em formação reconhecer os gêneros peculiares ao contexto educacional e acadêmico e analisar seus aspectos linguísticos e discursivos. Para a realização desta proposta utilizamo‑nos da abordagem teórico‑metodológica calcada no Interacionismo Sociodiscursivo (ISD) de Bronckart (1999) e, para a construção e produção do gênero textual propos‑ to, tomamos como base os trabalhos de Dolz e Schneuwly (2004), no que se refere ao procedimento de sequências di‑ dáticas (SDs). Também foram observadas questões referen‑ tes às capacidades de linguagem. Para ilustrar o trabalho serão apresentadas partes dos textos produzidos pelos alu‑ nos, seguida de uma avaliação da disciplina realizada pelos discentes e pelo professor da turma. 27 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada LETRAMENTO ACADÊMICO: UMA PROPOSTA DE CURRÍCULO COM BASE EM PROJETOS ANAMARIA KURTZ DE SOUZA WELP (UFRGS) ANA PAULA SEIXAS VIAL (UFRGS) JONATHAN ZOTTI DA SILVA (UFRGS) LETRAMENTO DIGITAL E PRÁTICAS SOCIAIS DE FÃS BRASILEIRAS EM AMBIENTES VIRTUAIS ANAMARIA PANTOJA MASSUNAGA (UFRJ) Resumo de Paper Resumo de Paper O projeto de pesquisa “Construção de Programa de disciplina de Língua Inglesa para o Curso de Graduação em Letras”, em andamento no Instituto de Letras (IL) da UFRGS, visa refor‑ mular os programas das disciplinas de língua inglesa para posteriormente elaborar cadernos com projetos e tarefas pedagógicas para cada disciplina com base nas noções de le‑ tramento dos Referenciais Curriculares do Rio Grande do Sul (2009). De acordo com nossa proposta, o currículo consiste em uma orientação para o desenvolvimento de competên‑ cias e habilidades em língua adicional. Através de uma prá‑ tica pedagógica que parte do texto, não como um pretexto a ser explorado para ensinar pontos gramaticais, mas como uma prática social, o aprendizado da língua adicional é con‑ textualizado e permite produzir a transparência da constru‑ ção de sentido orientada pela textualidade em todos os ní‑ veis do sistema linguístico. O ensino com base em projetos promove a construção conjunta do conhecimento, propor‑ cionando um ambiente de colaboração entre professores e alunos, conduzindo à constante reflexão e ao pensamento crítico e criativo. O aluno se apropria do conhecimento, ex‑ perimentando, planejando, analisando, resolvendo proble‑ mas, interagindo e usando a língua dentro e fora da sala de aula. Para chegarmos aos resultados desejados, a pesquisa foi organizada da seguinte forma: em um primeiro momen‑ to, foram realizados encontros com o corpo docente respon‑ sável pelas disciplinas de inglês com o propósito de se obter um levantamento das temáticas e dos gêneros do discurso ministrados; em um segundo momento, foi efetuada uma enquete com os alunos da graduação; e, na sequência, fo‑ ram feitas reuniões com representantes discentes de cada etapa do curso para se discutir a respeito da relevância dos conteúdos oferecidos nas disciplinas. Neste trabalho, apre‑ sentaremos os resultados alcançados até o momento: os programas de algumas das disciplinas e as produções finais de alguns dos projetos desenvolvidos pelos alunos. Este trabalho tem como objetivo investigar as práticas de fãs brasileiras nos diversos ambientes online nos quais cir‑ culam. A motivação desse trabalho partiu da minha própria experiência como fã que vem interagindo nesses espaços, que considero extremamente ricos e instigantes, há mais de uma década. Pesquisas sobre fãs e seu universo são no‑ vas no Brasil (Vargas, 2005; Barros, 2009; Valarini, 2010), e concentram‑se no fenômeno das fanfictions e nas fãs ado‑ lescentes que as escrevem, buscando entender quem são essas fãs, quais são as suas motivações para escrever e de que forma essa atividade pode contribuir para suas práticas de letramento escolares. Embora considere esses objetivos interessantes, ao trabalhar somente com as escritoras, dei‑ xa‑se de considerar a enorme quantidade de leitores “invisí‑ veis” que estão interagindo nesses ambientes virtuais, assim como outras formas de participação. É essa lacuna que este trabalho pretende preencher. Através de uma abordagem de cunho etnográfico, busco investigar as diversas formas de participação das três fãs‑participantes e os impactos dessas em suas vidas a partir de entrevistas e observações de cam‑ po. Entendo o ambiente virtual onde as fãs circulam como um artefato cultural e uma forma de cultura (Hine, 2000), onde são criadas e mantidas diversas comunidades virtuais, que podem ser entendidas como espaços de afinidade (Gee, 2004). Nesses locais, as fãs se engajam em práticas de letra‑ mento, entendido com práticas sociais situadas (Lanksheare & Knobel, 2010). O desenvolvimento das novas tecnologias digitais possibilitou o surgimento de novas formas de ver e interagir com o mundo social; novas formas de ser a agir. (Lanksheare & Knobel, 2008). A partir do relato das fãs e da observação de suas práticas locais, apresento e discuto algu‑ mas dessas novas formas de ser e agir: construções identi‑ tárias (online e offline), produções artísticas e colaborativas, investimento emocional e sentimento de pertencimento. 28 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada PONTUAÇÃO: ESTUDO CRÍTICO SOBRE PROPOSTAS DE ENSINO ANDERSON CRISTIANO DA SILVA (PUC–SP) Resumo de Paper Esta pesquisa objetiva analisar as propostas de ensino sobre a pontuação nos volumes do 6º ao 9º ano de duas coleções didáticas: Português: uma proposta para o letramento, de Magda Soares, e também a coleção Português: linguagens de William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães. O trabalho justifica‑se pela necessidade de refletirmos a res‑ peito do assunto com vistas ao aprimoramento das práticas de ensino, revelando‑se uma forma de questionar as pro‑ postas em uso, permitindo também novos olhares sobre o conteúdo da pontuação, cujos resultados possam contribuir para expansão do assunto no campo da Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem. Assim sendo, temos como princi‑ pal questão de pesquisa a seguinte pergunta: As propostas de ensino sobre a pontuação encontradas nas coleções de livros didáticos distribuídas nas escolas públicas conseguem suprir as lacunas que a perspectiva normativo‑prescritiva não consegue abarcar? Para responder a essa pergunta, nos‑ sa hipótese é a de que abordagens de ensino baseadas unica‑ mente na perspectiva prescritivo‑normativa não dão conta de sanar tal deficiência. Para alicerçar nossa investigação, a pesquisa tem como arcabouço teórico as contribuições da Análise Dialógica do Discurso, tendo como aporte alguns conceitos‑chave desenvolvidos por Bakhtin e os membros do Círculo. Da perspectiva metodológica, seguimos o seguinte percurso: (a) analisar as duas coleções didáticas elencadas a partir das características que cada uma apresenta sobre as propostas de ensino da pontuação; (b) levantar a tradição prescritivo‑normativa sobre os sinais de pontuação em gra‑ máticas normativas contemporâneas, tendo como critério uma visão sincrônica contrastiva, além disso, faremos uma busca diacrônica em uma gramática normativa vislumbran‑ do estabelecer parâmetros críticos para análise do nosso corpus. Em nossas considerações preliminares, percebemos discrepâncias consideráveis na maneira de propor o ensino da pontuação nas coleções elencadas. PERSPECTIVAS DE ENSINO E A FORMAÇÃO DE SUJEITOS CRÍTICOS: REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA ANDERSON NALEVAIKO MARQUES (IFPR) Resumo de Pôster O ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras na edu‑ cação básica vem sendo fortemente afetado pela complexi‑ dade das transformações sociais e culturais e do desenvol‑ vimento tecnológico oriundas do processo de globalização. Assim, ensinar uma língua estrangeira não se resume no repasse de informações linguísticas ou no trabalho com ha‑ bilidades comunicativas, mas na formação de um indivíduo capaz de compreender as relações complexas do mundo que vive e que saiba pensar e agir criticamente a partir de tais relações. Nesse sentido, propomos neste artigo a dis‑ cussão de algumas perspectivas de ensino que enfatizam a formação do aluno crítico – pedagogia crítica, leitura crítica e letramento crítico e multiletramentos – buscando iden‑ tificar em que sentido(s) essas perspectivas se diferem e se aproximam e que aspectos as constituem, bem como a for‑ ma como conceituam o termo crítico. Após a discussão das perspectivas apresentamos alguns elementos propostos por Pennycook (2003) que sintetizam o trabalho crítico (pensa‑ mento crítico, relevância social, modernismo emancipatório e prática problematizadora) buscando associá‑los à discus‑ são das perspectivas debatidas. Finalmente, nas considera‑ ções finais, sintetizamos os elementos recorrentes nas três perspectivas de ensino e traçamos nossa conclusão no que tange ao ensino de línguas estrangeiras na educação básica em uma perspectiva crítica. 29 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O USO DE REDES SOCIAIS COMO COMUNIDADES DE PRÁTICA PARA A ENSINAGEM DE LÍNGUAS ANDERSON SILVA MATOS (UFRJ) Resumo de Pôster A autonomia “é a capacidade de responsabilizar‑se pelo pró‑ prio aprendizado” (Holec, 1981:3). Para Oxford, a autonomia é obtida através da interação social com uma pessoa mais capaz em um ambiente particular (OXFORD, 2003). Com a internet, a noção de ambiente ganha uma dimensão não‑geográfica enquanto “estas tecnologias possibilitam o desenvolvimento de novas formas de interacção[...]” (PONTE, 2002:20). Uma das maiores representações dessa transposi‑ ção de espaços está na popularização das Redes Sociais que “[...] permitem que usuários se apresentem, articulem suas redes de contatos, e estabeleçam e mantenham conexões uns com os outros.” (ELLISON, STEINFIELD & LAMPE, 2007). Em tais espaços, usuários podem utilizar diversas ferramen‑ tas para expor conteúdos de sua vida social e interagir com usuários, mantendo contato com pessoas já conhecidas off‑line e interagindo com outros usuários, criando novos padrões de relacionamento socio‑virtual. Tendo em vista o crescente uso das Redes Sociais na sociedade, o presen‑ te trabalho procura observar se e de quais formas o uso de uma rede social pode tornar‑se uma comunidade virtual de prática e encaminhar seus usuários para o desenvolvimento de um aprendizado autônomo. Procura ainda entender de que forma o uso de uma rede social pode se relacionar com o aprendizado em “sala de aula”. Para isso, uma rede social foi criada e alguns alunos foram convidados a utilizá‑la li‑ vremente. A partir deste uso, foram observadas a geração de material na rede social e a interação entre os usuários gerados espontaneamente. A pesquisa conta com diários de classe do professor, com a análise da página de perfil e das atividades dos usuários da rede social e com narrativas semi‑estruturadas baseadas em questionários respondidos pelos mesmos alunos a respeito da rede social. Os resulta‑ dos indicam que os usuários utilizaram a rede social de for‑ ma autônoma e conseguiram interagir livremente na língua adicional, tornando‑a uma comunidade de prática. ALTERNATIVAS PARA A DESCOLONIZAÇÃO DE PRÁTICAS COMUNICATIVAS: A APROPRIAÇÃO DO HIP HOP E DAS REDES SOCIAIS PARA RESISTÊNCIAS INDÍGENAS ANDRÉ MARQUES DO NASCIMENTO (UFG) Resumo de Paper O propósito deste trabalho é apresentar uma análise de prá‑ ticas comunicativas contemporâneas produzidas por indiví‑ duos indígenas no Brasil, sob o pano de fundo dos estudos decoloniais, pós‑coloniais e interculturais latino‑america‑ nos. Nesta direção, são enfocados usos transidiomáticos em contextos de multilinguismo que se emergem na composi‑ ção de Rap e em mensagens postadas em redes sociais, nas quais observa‑se o uso das línguas minorizadas juntamen‑ te com o uso da língua politicamente hegemônica no país. A principal linha argumentativa desta análise postula que tais práticas comunicativas híbridas são mais bem compre‑ endidas como formas de apropriação e resistências locais a projetos globais, cujas origens remontam ao colonialismo europeu, como os são as ideologias subjacentes à relação entre línguas, territórios, povos e identidades, assim como o estágio atual da chamada globalização. A partir de uma lógica outra que coloca em relevo a agência intercultural in‑ dígena, os usos de práticas transidiomáticas são concebidos como eventos que, para além de indiciarem e performarem novas e complexas configurações identitárias, desafiam a subalternidade indígena, ao mesmo tempo em que dela se origina, realçando, por exemplo, como estas pessoas his‑ toricamente marginalizadas têm operado no sentido de se apropriarem de aparatos culturais não‑indigenas, como prá‑ ticas comunicativas em língua portuguesa, a cultura hip hop e a internet, para resistirem às diversas formas de opressão e silenciamentos. 30 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A INFLUÊNCIA DOS EXAMES EXTERNOS NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA: O ENEM EM FOCO ANDREA BARROS CARVALHO DE OLIVEIRA (UNICAMP) A FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE PORTUGUÊS EM QUESTÃO: O QUE DIZEM PROFESSORES FORMADORES DA UFRN ANDRÉA JANE DA SILVA (UERN) Resumo de Paper O objetivo deste trabalho é investigar o efeito retroativo do Enem nas práticas educacionais que o precedem, especifica‑ mente no ensino de língua inglesa. O efeito retroativo é um fenômeno complexo cuja “natureza e abrangência são con‑ troladas por uma ampla gama de fatores educacionais, in‑ dividuais e sociais” (Chapelle e Brindley, 2002). Desta forma, procederemos a uma pesquisa de cunho etnográfico que envolve a aplicação de questionários e entrevistas com pro‑ fessores e estudantes participantes do ProFis–Unicamp, um programa destinado à alunos de escol as públicas que utiliza a nota do Enem como forma de acesso à Unicamp. Também procederemos a uma análise: a) do conteúdo das questões de língua inglesa do Enem e de sua matriz de referência para inferir o construto teórico que a orienta, e b) dos escores do Enem, para saber se podem ser usados para compor um ar‑ gumento de validade desse exame. Adotamos a noção de validade como um argumento que se constrói acerca de um exame com base na interpretação e no uso, ou seja, o grau em que as interpretações e os usos de um exame podem ser justificados. (Scaramucci, 2009) Resumo de Paper Nosso objetivo neste artigo é o de buscar compreender o que significa ser professor de Português por meio da análise dos enunciados de professores formadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Tomamos como base os es‑ tudos de Garcia (1999), Tardif (2002) e de outros estudiosos para as leituras das questões que envolvem os processos formativos. Os dados foram construídos através de entre‑ vista semi‑estrutura e individual com quatro professores de áreas de atuação diferentes (Literatura, Linguística, Língua Portuguesa, Leitura e Produção Textual), no ano de 2009. Todos os interactantes são professores dessa instituição há mais de dez anos. A análise dos enunciados releva a pro‑ blemática complexa que cerca a formação de professores de Língua Portuguesa. Os entrevistados trazem à tona o problema da pouca proficiência dos alunos, futuros profes‑ sores, quanto às habilidades de leitura e escrita, ao mesmo tempo que colocam como essencial ao professor de Língua Portuguesa ensinar seus alunos a lerem e a escreverem. Por outro lado, a análise curricular do Curso nos mostra uma ên‑ fase numa formação mais característica de um bacharelado e com poucas discussões sobre o ensino e sobre a didatiza‑ ção de certos saberes vistos na graduação. Por fim, devemos ressaltar que perceber que esses formadores reconhecem o contexto complexo que o ensino de Português e a formação de professores dessa área. Ademais, entendem as dificul‑ dades por que passa o ensino universitário, e têm buscado, cada uma a seu modo, fazer e/ou sugerir modificações para promoverem melhorias. 31 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada “EU TIVE UM PROFESSOR QUE ME INSPIROU”: PROMOVENDO ESPERANÇA NAS EXPERIÊNCIAS DE APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA ANDRÉA SANTANA SILVA E SOUZA (FACULDADE SABERES) A IMPORTÂNCIA DO MÉTODO DE TRADUÇÃO PARA AQUISIÇÃO DE CONHECIMENTO EM INGLÊS TÉCNICO NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL ANDRÉIA DELLANO MENDES NUNES (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) Resumo de Paper Pesquisas revelam que ensinar línguas deve levar em consi‑ deração a realidade dos alunos (PRABHU, 2003), sua cultura (BRUNER, 1996), contexto (ROGERS, 1983), e, em alguns casos, os propósitos específicos da aprendizagem (HUTCHINSON & WATERS, 1987); e que aprender línguas deve ser uma tarefa orientada por estratégias e estilos de aprendizagem (BROWN, 2000), fluida na afetividade (ARNOLD, 1999) e na interação social (VYGOTSKY, 1978 apud LIGHTBOWN & SPADA, 1999). Investigar a influência da esperança (FREIRE, 1992; SNYDER et al, 2002; 2005; HALPIN, 2003; MURPHY & CARPENTER, 2008) nas experiências vivenciadas dentro e fora da sala de aula (MICCOLI, 1996; 1997; 2000; 2001a; 2001b; 2006; 2007a; 2007b; 2007c; 2007d), por sua vez, parece iluminar a com‑ preensão de fatores que propiciam o engajamento dos alu‑ nos no processo de aprendizagem de segunda língua, poten‑ cializando‑o (SNYDER & LOPEZ, 2007; LARSEN, 2009). Neste trabalho, tenho como objetivo apresentar o mapeamento de 50 narrativas de aprendizagem de alunos do curso de Letras na Universidade Federal de Minas Gerais, responden‑ do a seguinte pergunta: o que/quem nutre a esperança de um aluno em processo de aquisição de língua estrangeira? O resultado da triangulação das análises descritiva quanti‑ tativa e qualitativa e interpretativista fenomenológica evi‑ dencia que a esperança é mobilizada essencialmente por meio do agenciamento da carreira estudantil e nutrida nos relacionamentos. Isso implica na relevância de uma atitude (cri)ativa, propositada e aberta (em relação às possibilida‑ des) do aprendiz, destacando a amplitude da influência do educador que promove empoderamento. Uma pedagogia orientada pela esperança cultiva aquilo que se tem de mais singular e vital: visões e sonhos para o futuro. Resumo de Pôster O presente trabalho teve como objetivo principal investi‑ gar a importância e a eficiência do método de tradução no ensino de inglês técnico para os estudantes de ensino téc‑ nico profissionalizante na área da Metalmecânica. Informa quais os fatores motivacionais ocasionados por este ensino para que tais alunos despertem para a aquisição de uma segunda língua, o inglês. Com essa intenção, buscou‑se fundamentação nas teorias sobre técnicas utilizadas para o aprendizado da língua inglesa ao longo do tempo, assim como acervo de termos técnicos, específicos da área a ser trabalhada. A metodologia foi desenvolvida a partir de uma pesquisa de campo, e como instrumento de coleta de dados foram aplicados questionários a alunos e professores do Ensino Profissionalizante Técnico da área da Metalmecânica do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI, na escola CEPT, localizada na BR 135, Km 05, Bairro Tibiri, no mu‑ nicípio de São Luís/MA. Diante dos dados obtidos, parte‑se para a verificação das expectativas do trabalho efetivamen‑ te desenvolvido e dos resultados obtidos. 32 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada PROJETO BRASILEIRINHOS: PORTUGUÊS COMO LÍNGUA DE HERANÇA NA COMUNIDADE BRASILEIRA DE BARCELONA, ESPANHA ANDREIA SANCHEZ MORONI (UAB ‑ UN. AUTÔN. DE BARCE) Resumo de Paper Dentro do contexto das novas migrações internacionais, o presente trabalho pretende enfocar a situação dos filhos de brasileiros residentes no exterior e iniciativas possíveis para transmissão da língua portuguesa brasileira como língua de herança da família. Tais iniciativas se configuram hoje como políticas linguísticas familiares, criadas pelas fa‑ mílias e direcionadas a elas. Concretamente, o artigo apre‑ sentará a iniciativa da Associação de Pais de Brasileirinhos da Catalunha, associação civil sem fins lucrativos formada por um grupo de famílias que organiza aulas de português para crianças filhas de brasileiros de 2 a 12 anos e encontros culturais em Barcelona, Espanha. Estas aulas foram bati‑ zadas de Projeto Brasileirinhos. Atualmente, a Espanha é o terceiro país que mais recebe brasileiros, atrás somente dos EUA e de Portugal. Assim, a iniciativa da APBC se insere num marco de políticas linguísticas voltadas para as famí‑ lias, tendo importante papel inclusive na reivindicação des‑ te espaço e direito dos brasileiros nascidos no exterior ante órgãos como Consulados Gerais ou o Ministério de Relações Exteriores do Brasil. O artigo pretende fazer um retrato do Projeto Brasileirinhos, apresentando a proposta pedagógica e dados como idade dos participantes, perfil das famílias e alguns resultados observados. A IMPORTÂNCIA DOS PACOTES LEXICAIS NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM AUTÔNOMA ANDRESSA RODRIGUES GOMIDE (UFMG) Resumo de Pôster A aprendizagem autônoma de uma língua permite que o aprendiz selecione seus próprios métodos, monitore seu processo de aquisição e determine, desta forma, seus ob‑ jetivos (Holec, 1981). Entretanto, a aplicação destas habili‑ dades na produção de textos acadêmicos enfrenta alguns obstáculos, uma vez que a auto‑avaliação das atividades e a estipulação de parâmetros para a correção é limitada pelo próprio caráter da produção criativa. Desta forma, podemos encontrar na Linguística de Corpus uma forma de suprir esta limitação através do trabalho feito com sequências de pala‑ vras que comumente co‑ocorrem em discurso natural (Biber et al., 1999), também conhecido como pacotes lexicais. Para auxiliar a aprendizagem autônoma, estes grupos de pala‑ vras podem ser identificados na escrita de falantes nativos e servir de referência ao aprendiz de uma língua estrangeira. O presente trabalho tem como objetivo identificar quais são os erros mais recorrentes na escrita de aprendizes e verificar a razão entre o mau uso de expressões do ponto de vista léxi‑ co‑gramatical (i.e. expressões recorrentes em que estrutura e léxico estão em um mesmo nível de igualdade) e os demais erros. Cinco fragmentos compostos por excertos contendo de 35 a 78 palavras presentes no BrICLE – um corpus com‑ posto de 160.000 palavras e ainda em fase de compila‑ ção – foram selecionados e submetidos à avaliação feita por professores de inglês e por falantes nativos da língua, que identificaram os erros cometidos pelos aprendizes. Por erros entende‑se aspectos gramaticais, lexicais, relacionados a grafia e inadequação à escrita acadêmica. Ao final da cole‑ ta, observou‑se que uma grande parte das marcações – um valor que variou entre 62% e 85% em cada fragmento – es‑ tava relacionada ao uso incorreto dos pacotes lexicais. Este uso inadequado dos pacotes lexicais ressaltou a relevância dos estudos que focam na linguagem formulaica através da Linguística de Corpus e sua inclusão no processo de aprendi‑ zagem autônoma, no qual 33 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada CONSIDERAÇÕES SOBRE A HOMOGENEIZAÇÃO DAS IDENTIDADES NO CONTEXTO DA SURDEZ FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA TRABALHAR COM ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO EM ESCOLAS BILÍNGUES ANDREZA BARBOZA NORA (UNICAMP) ANGELA B. CAVENAGHI T. LESSA (PUC/SP) Resumo de Paper Resumo de Paper Atualmente, em parte pela Lei de Libras (Lei nº 10.436/2002) e de todos os temas afeitos a ela (organização de classes bilíngues, obrigatoriedade da inclusão da disciplina Libras nos cursos de Licenciatura, processo de regulamentação da profissão de intérprete etc.), parece que se invisibilizou o fato de que há uma grande parcela de surdos que não se identifica com a língua de sinais e utiliza apenas o português em suas práticas discursivas e interacionais. Ou, como em tantos outros casos, faz uso da língua de sinais, mas de‑ monstra maior identificação com a linguagem oral, a língua portuguesa. A referência no singular – o surdo – a um grupo que não é uno, mas sim heterogêneo, ora fruto de um falar “descompromissado” ora fruto de uma tentativa homogenei‑ zante de quem referencia, não encobre apenas questões de classe, gênero, faixa etária. A referência a um grupo contida na determinação de um substantivo, o surdo, encobre tam‑ bém outra questão fundamental no contexto político da sur‑ dez: a questão linguística, que se colocou em pauta princi‑ palmente após as determinações legais. Tendo em vista esse panorama, o presente trabalho pretende discutir a negação ou a invisibilização da existência de uma heterogeneidade linguística e identitária no contexto da surdez e da educação de surdos, problematizando, para tanto, à luz dos Estudos Culturais (Hall, 2000; Silva, 2009; Woodward, 2009), o con‑ ceito de identidade surda, oriundo dos Estudos Surdos. Considerando que o Surdo e sua Comunidade (a) necessitam de uma língua que proporcione a formação social da mente e que, neste caso específico é uma língua sinalizada; (b) an‑ seiam passar de geração para geração sua língua e cultura e (b) têm obtido desempenho insatisfatório no processo de escolarização nas escolas ditas inclusivas, estabelecemos como objetivo desta apresentação refletir sobre a formação de professores de língua portuguesa que trabalham com o processo de alfabetização e letramento de crianças surdas que possuem LIBRAS como primeira Língua. Os dados que serão analisados foram coletados por integrantes do Grupo de Pesquisa Inclusão Linguística em Cenários de Atividades Educacionais (ILCAE) e compreendem gravações de aulas, diários de campo e sessões reflexivas. O Grupo apoia‑se nas concepções de linguagem de Bakhtin e Vygotsky e tem nos conceitos de defectologia e ensino‑aprendizagem de crian‑ ças com Necessidades Educativas Especiais (NEEs) vigot‑ skianos suporte teórico que permite argumentar a favor im‑ portância de se trabalhar tendo como meta linhas de desen‑ volvimento e aprendizagem únicas, isto é, que não podem ser comparadas com a das crianças ditas normais uma vez que, a partir das possibilidades biológicas que cada criança apresenta é possível criara novas linhas de desenvolvimento. A análise dos conteúdos curriculares e das interações entre alunos surdos, ouvintes, professora ouvinte e intérpretes de LIBRAS revelam que há ainda um enorme abismo nas esco‑ las consideradas bilíngues e inclusivas e que tanto alunos como professores e intérpretes sentem‑se à margem das ações educacionais. 34 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A ESCRITA ACADÊMICA NOS DOCUMENTOS OFICIAIS ÂNGELA FRANCINE FUZA (UNICAMP/CNPQ) Resumo de Paper Esta pesquisa está vinculada aos Grupos de Pesquisa:“Escrita: ensino, práticas, representações e concepções” (Unicamp) e “Interação e Escrita” (www.escrita.uem.br), fundamenta‑se em discussões recentes sobre o letramento acadêmico feitas por estudiosos dos Novos Estudos do Letramento (STREET, 1984; GEE, 1996; LEA E STREET, 1998; LILLIS, 1999, entre outros) e na concepção dialógica de linguagem segundo os princí‑ pios teóricos do círculo de Bakhtin. Como objetivo, busca analisar os principais documentos oficiais brasileiros que fundamentam a prática da escrita acadêmica, a fim de ve‑ rificar como tal prática é concebida. Assim, são destacados, primeiramente, os pressupostos sobre escrita apresentados pela Constituição Federal de 1988, pela LDB – aprovada em 20 de dezembro de 1996 (Lei nº 9.394/96) –, pelo Plano Nacional de Educação (PNE) de 2000, entre outras leis e instrumentos legais (medidas provisórias, decretos, portarias, resoluções etc.). Tais instrumentos legais foram selecionados, tendo em vista sua influência na organização das universidades. Os resultados das análises mostram a falta de clareza e flu‑ tuações no trato com a escrita, uma vez que esta prática não recebe um espaço de discussão específico. UMA REFLEXÃO SOBRE UMA ATIVIDADE DE LEITURA NO FÓRUM, PLATAFORMA MOODLE, PELO VIÉS DA COMPLEXIDADE Angélica Miyuki Farias (GEALIN – GPeAHF FECAP – UNIFAI) Resumo do Paper Este trabalho objetiva apresentar uma reflexão à luz do Pensamento Complexo (Morin, 2008) sobre uma atividade desenvolvida por alunos do segundo semestre do curso de comunicação social em ambiente presencial numa institui‑ ção privada na cidade de São Paulo. Embora não seja uma graduação a distância, a instituição incentiva a utilização da plataforma Moodle em todos cursos que oferece. Entre os recursos que tal plataforma possui, selecionamos o fó‑ rum para desenvolver uma das etapas da atividade em que, após a apresentação dos capítulos do livro intitulado “A me‑ nina que roubava livros”, os alunos postaram sua reflexão a respeito da leitura. O título deste trabalho foi originalmente a proposta do fórum mencionado. Ressaltamos ainda que inseridos em um contexto educacional cuja referência é o paradigma newtoniano‑cartesiano, a tentativa de superar uma visão linear e fragmentadora serviu‑nos como principal motivação para a realização de cada etapa da atividade, pois acreditamos que o aprendiz deva desenvolver uma compre‑ ensão crítica, tornando‑se cidadão participativo e trans‑ formador. Ao utilizarmos a ferramenta de fórum de discus‑ são, nossa perspectiva pedagógica foi ampliar a interação entre professora, alunos e conteúdo. Além disso, fazemos os seguintes questionamentos: é possível considerarmos a etapa da atividade como um momento de diálogo dos opos‑ tos, percebemos a quebra de linearidade e a instauração de um movimento circular aberto, finalmente, verificamos o aspecto hologramático do todo/partes? Palavras‑chave: fórum, complexidade, interface digital Temas abordados: Complexidade, interfaces, ensino‑aprendizagem de línguas 35 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A CONTEXTUALIZAÇÃO DO CONTEÚDO GRAMATICAL E EXERCÍCIOS PROPOSTOS NO LIVRO “SÍNTESIS” ANNY THAIS DE MENEZES SANTOS (UFS) JULIMAR ALVES NASCIMENTO (UFS) Resumo de Pôster A ideia de contextualizar o ensino da gramática e dos exer‑ cícios propostos sobre ela vincula‑se à nova tendência de educação brasileira de como ensinar língua desde uma perspectiva do funcionamento para aquisição gramatical. Percebeu‑se a importância de deixar de lado a aprendizagem voltada para a memorização de regras, conhecimento frag‑ mentado sem representar sentido de uso real para o aluno, bem como exercícios com propostas descontextualizadas que buscavam o preenchimento de lacunas e organização de frases soltas. Assim, a substituição do conteúdo meramente normativo por propostas onde o ensino da língua estran‑ geira acontece de forma contextualizada e interdisciplinar se faz latente inclusive na documentação que rege a educa‑ ção nacional LDB (1996), PCN (1998), OCN (2006) e guia PNLD (2012). A proposta de contextualização vem com o intuito de permitir uma formação mais consciente e reflexiva sobre de‑ terminado conteúdo que se aprende. Além disso, nesse tipo de aprendizagem o aluno passa a ter um papel mais ativo na construção do conhecimento, pois ele poderá fazer cone‑ xões entre os conhecimentos. Esse trabalho tem como ob‑ jetivo refletir sobre o ensino da gramática contextualizada bem como os exercícios que estão sendo apresentados no livro didático “Síntesis” de Ivan Martin da editora Ática, que é utilizado para o ensino do espanhol nas escolas públicas do estado de Sergipe. A escolha do material em análise se deve ao fato de ter sido selecionado para o ensino de espanhol nos ensino médio pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) 2012 para a implementação do espanhol nas escolas públicas do Brasil. Nesse breve estudo, propomos analisar a seção de “Gramática Básica” para fomentar discussões de como o conteúdo gramatical está sendo abordado e também como se manifestam os exercícios propostos nessa seção e esperamos que o conteúdo gramatical e os exercícios pro‑ postos sigam as orientações de perspectiva contextualizada. LETRAMENTO VISUAL: INVESTIGANDO RELAÇÕES ENTRE LINGUAGEM VERBAL E VISUAL EM WEBSITES EM LÍNGUA INGLESA ANTONIA DILAMAR ARAÚJO (UECE) Resumo de Paper Na era da tecnologia da informação, texto e imagens estão crescentemente integrados criando os textos multimodais para representar o conhecimento e a experiência. Os tex‑ tos multimodais estão presentes na internet, na mídia, nos materiais didáticos, incluindo os online e que agora se apre‑ sentam pleno de cores, formas, imagens, sons e movimen‑ tos. Neste trabalho, utilizamos os pressupostos teóricos da gramática visual de Kress e van Leeuwen (1996, 2006) e a categorização das relações entre texto e imagem propostos por Martinec e Salway (2005), com o objetivo de investigar e categorizar como os significados são construídos na intera‑ ção da linguagem verbal com a linguagem visual em textos multimodais presentes em websites educacionais para o ensino de língua inglesa. Utilizando‑se de uma metodologia exploratória‑descritiva e com um corpus constituído de ati‑ vidades de leitura de textos multimodais em 15 websites ins‑ trucionais de livre acesso, examinamos se e como a percep‑ ção das relações entre linguagem verbal e visual é explorada nas atividades para ajudar a desenvolver habilidades de lei‑ tura crítica nos aprendizes. Os resultados preliminares apon‑ tam para a diversidade de relações entre as duas linguagens nos textos das atividades de leitura, porém pouca atenção é dada para a compreensão dos sentidos veiculados aos textos visuais e para a percepção da relação entre linguagem verbal e visual. 36 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada CONSCIÊNCIA LINGUÍSTICA EM COMUNIDADES QUILOMBOLAS DO RIO GRANDE DO SUL ANTONIO CARLOS SANTANA DE SOUZA (UEMS) PRÁTICAS E EVENTOS DE LETRAMENTO NO CURSO DE LETRAS À DISTÂNCIA DO IFAL: PERSPECTIVAS, LIMITES E POSSIBILIDADES ANTONIO CARLOS SANTOS DE LIMA (IFAL) Resumo de Paper Esta comunicação traz um levantamento acerca da consci‑ ência linguística entre os afrodescendentes de Comunidades Quilombolas do Rio Grande do Sul (RS). É uma parte de mi‑ nha pesquisa de doutoramento onde buscamos descrever a modalidade da língua portuguesa existente nessas comuni‑ dades onde se concentram os descendentes de escravizados trazidos para o Brasil. Nesse sentido, delimitamos para esta análise cinco comunidades do RS. Dentre nossas indagações destacaram‑se: Como ocorre a Educação na Comunidades Negras Quilombolas? Quais os principais desafios educacio‑ nais nessas comunidades? Quem são os responsáveis pela educação? Quais as iniciativas governamentais relaciona‑ das à Educação em comunidades negras? Nessa perspecti‑ va, lançamos mão de pesquisa de campo, envolvendo me‑ todologia de História Oral e da Sociolinguística. Verifiquei o que sabem sobre língua e memória, por meio de histórias dos quilombos, histórias do povo negro, da escravidão e da libertação, histórias do mundo social do interior e, histórias de crianças e adultos. Alguns dados sobre as comunidades sul rio‑grandenses contidos neste estudo encontram‑se em fontes históricas e bibliográficas. Com esta pesquisa pre‑ tende‑se despertar o olhar de todos os envolvidos com as questões educacionais à valorização das diferenças étnicas, à necessidade do reconhecimento e respeito aos povos qui‑ lombolas, povos que tiveram e ainda tem papel fundamen‑ tal na formação e desenvolvimento de nosso país. Resumo de Paper O presente trabalho é o relatório de uma pesquisa empreen‑ dida no Instituto Federal de Alagoas cujo objetivo foi analisar as implicações da presença ou ausência de práticas e even‑ tos de letramento na formação de professores agentes de letramento em cursos de Letras à distância do IFAL. Isso por considerar que esse formato de educação tem se consolida‑ do, sobretudo, pela ampla possibilidade de interação de que os indivíduos dispõem graças ao desenvolvimento tecnoló‑ gico; diferentemente do espaço presencial, essa modalida‑ de de educação utiliza o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Assim, o diálogo entre professores e alunos se dá, em muitas das vezes, através do uso de ferramentas desse am‑ biente. Nessa interação, o uso da leitura e da escrita é indis‑ pensável, principalmente se considerarmos que elas detêm a capacidade também de encurtar distâncias. Diante disso, o papel do letramento ganha terreno por ser um “conjunto de práticas socioculturais, histórica e socialmente variáveis, que possui uma forte relação com os processos de aprendi‑ zagem formal da leitura e da escrita, transmissão de conhe‑ cimentos e (re)apropriação de discursos” (Buzen, 2010, p. 101). Em cursos de formação de professores, esse letramento deve proporcionar ao futuro professor uma gama de conhe‑ cimentos que vão desde a escolha teórico‑metodológica até os processos de avaliação, devendo configurá‑lo como um agente de letramento. Nessa perspectiva, e para aten‑ der ao objetivo proposto, este estudo articulou pesquisa de campo e documental. A pesquisa de campo realizou‑se atra‑ vés da observação participante, que permitiram acesso às mais diversas formas de interação tanto no ambiente virtual quanto em momentos presenciais. A análise documental se deu através da análise de produções de alunos e professores. Os resultados nos possibilitaram refletir sobre as propos‑ tas do curso de licenciatura em Letras à distância do IFAL para, assim, contribuir para uma mais eficiente formação de professores. 37 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O TRABALHO DOS PROFESSORES FORMADORES DOS CURSOS DE LICENCIATURA EM ESPANHOL DOS INSTITUTOS FEDERAIS: COMPOSIÇÃO DE SENTIDOS MEDIANTE NARRATIVAS DE VIDA “COLORLESS GREEN IDEAS SLEEP FURIOUSLY”: USO DE SINTAXE PARA COMPREENSÃO LEITORA DE TEXTOS ACADÊMICOS EM LÍNGUA INGLESA ANTONIO JOSÉ MARIA CODINA BOBIA (UESB) ANTONIO FERREIRA DA SILVA JÚNIOR (CEFET/RJ) Resumo de Paper Resumo de Paper Os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia são instituições equiparadas às universidades federais brasileiras a partir do ano de 2008 e passam a ser vistas como institutos de “educação superior, básica e profissional, pluricurriculares e multicampi” (BRASIL, 2008). Sua lei de criação determina a necessidade de oferta de pelo menos 20% do total de suas vagas em cursos de licenciatura, bem como programas es‑ peciais de formação pedagógica, com vista à formação de professores para a Educação Básica. Diante de tal realida‑ de, interessa‑nos pesquisar a inserção dos Cursos de Letras/ Espanhol no cenário da Rede Federal. Atualmente, os cursos de licenciatura em Espanhol existentes na Rede são três: na Região Nordeste (no IFRN, no campus Natal), na Região Norte (no IFRR, no campus Boa Vista) e na Região Sudeste (no IFSUDESTE MG, no campus São João del Rei). A proposta desta comunicação pretende apresentar e discutir os resul‑ tados alcançados em nossa pesquisa de Pós‑Doutoramento em Linguística Aplicada, cujo objetivo central estava em estudar as concepções de ensino de língua por meio de nar‑ rativas de professores formadores que idealizaram e atuam nos respectivos cursos. Para esta comunicação, resolvemos direcionar nosso olhar para as narrativas docentes de qua‑ tro professores, que narram sobre seu fazer docente. Como estratégia de análise das narrativas, adotamos a composi‑ ção de sentidos (MELLO, 2004), a partir da interpretação do material coletado, da intervenção de minhas experiências pessoais e profissionais e da confrontação com os discursos prescritos nos Projetos Pedagógicos de cada curso. O inte‑ racionismo sócio‑discursivo, as concepções de trabalho do‑ cente propostas pelas Ciências do Trabalho e as teorias so‑ bre o professor reflexivo fundamentam teoricamente nossa investigação. Para alcançar tais objetivos, recorremos, prin‑ cipalmente, aos estudos teóricos de CELANI (2001), TELLES (2002), MELLO (2004), PAIVA (2005), DAHER (2006), DAHER e SANT’ANNA (2010). Embora o ensino de “Inglês com Fins Específicos” (IFE) – tam‑ bém chamado de “Inglês Instrumental” – já seja uma área reconhecida e amplamente difundida no Brasil, não se pode deixar de perceber que a maioria dos materiais didáticos para compreensão leitora produzidos no país quase não abordam a questão das estruturas sintáticas. Isto, logicamente, se reflete na metodologia usada pelos professores de IFE. Esta problemática também ocorre na leitura de textos acadêmi‑ cos em língua inglesa, onde os aprendizes têm claras dificul‑ dades em identificar a estrutura frasal e os vários sintagmas que a formam quando lidam com períodos mais longos. Este trabalho pretende, em um primeiro momento, fazer um le‑ vantamento de alguns livros didáticos de IFE para mostrar a carência do estudo de sintaxe funcional que é sintomática na área de IFE no Brasil. Para tanto, utilizar‑se‑á como re‑ ferencial teórico um dos poucos estudos que relacionam o conhecimento de sintaxe à compreensão leitora, The Role of Syntax in Reading Comprehension: A Study of Bilingual Readers (MARTOHARDJONO et al., 2005). Finalmente, pro‑ por‑se‑á uma metodologia de trabalho que inclua, não so‑ mente técnicas de skimming, scanning, etc., mas também formas de ensino que ajudem o aprendiz a reconhecer me‑ lhor as estruturas frasais em língua inglesa. 38 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada DOCÊNCIA DA LÍNGUA PORTUGUESA NO ENSINO SUPERIOR: RELATO DE EXPERIÊNCIA RELAÇÕES DE PODER NAS RELAÇÕES DE GÊNERO REPRESENTADAS EM LIVROS DIDÁTICOS DE LE ARIÁDNE CASTILHO DE FREITAS (UNITAU) ARIOVALDO LOPES PEREIRA (UEG) Resumo de Paper Resumo de Paper Este resumo relata o processo de ensino/aprendizagem da disciplina Língua Portuguesa na Universidade de Taubaté – SP. Pesquisou‑se nas portarias e deliberações da Instituição e nas atas de reuniões dos professores dessa disciplina dos anos de 1987 a 2012. Os resultados revelam que a discipli‑ na, denominada atualmente Português Instrumental, está sob a responsabilidade do Grupo de Estudos de Língua Portuguesa, GELP, implantado em outubro de 1987 e em atividade até hoje. A disciplina é obrigatória nas séries ini‑ ciais dos 42 cursos e trabalha a leitura e a produção de gê‑ neros discursivos acadêmicos e profissionais. Os professores conscientizam os alunos sobre a importância do estudo da língua materna e dão oportunidade para que eles se tor‑ nem linguisticamente competentes. Para tanto, a prática pedagógica do docente é importante para interagir com o aluno e construir o conhecimento linguístico do acadêmico e futuro profissional. O material didático é construído de forma conjunta pelos componentes do GELP; seu conteúdo passa por revisões, alterações e atualizações, após pesquisa do perfil do aluno, feita no início de cada ano letivo. Os do‑ centes do grupo têm horas de pesquisa e realizam diversas ações, como oferecimento de aulas de reforço, correção das provas do vestibular da Universidade, participação em cur‑ sos, palestras e congressos e publicação das pesquisas em revistas e livros. Desde 2011, integram o grupo de pesquisa Docência da Língua Portuguesa no Ensino Superior, creden‑ ciado junto ao CNPq, com o objetivo principal de discutir e desenvolver estratégias didáticas para aprimoramento da prática docente em sala de aula. Ressalta‑se que o diferen‑ cial dos professores do Grupo é preparar os acadêmicos para o uso que farão da língua em sua futura atuação profissional. Por tudo isso, o trabalho desenvolvido durante 25 anos pe‑ los professores do GELP tem sido avaliado de forma positiva pelos alunos, diretores de departamentos e administração superior da Universidade. Esta comunicação é o relato de investigação sobre as formas de representação das relações de poder nas relações entre gê‑ neros, em livros didáticos de língua estrangeira (LE) – inglês. Trata‑se de uma pesquisa qualitativa cujo objeto são as duas coleções de livros didáticos para o ensino de língua inglesa no ensino fundamental indicadas no Guia do Livro Didático do Programa Nacional de Livro Didático – PNLD/LE/2011. Como parte da fundamentação teórica, são discutidos os conceitos de gênero (Sunderland, 1995; 1994; 1992; Coates, 1993; Louro, 1999; Moita Lopes, 2002; Cameron, 1999), dis‑ curso (Howarth, 2000; Mills, 1997; Gee, 1996; Foucault, 1972; 1998), ideologia (Eagleton, 1997; Crespigny e Cronin, 1999; Thompson, 2009) e poder (Kaplan e Lasswell, 1998; Bobbio, 1999; Fairclough, 1989; Foucault, 2004). Num primeiro mo‑ mento, procedeu‑se à análise de textos escritos e imagéticos (ilustrações) que retratam relações entre gêneros (homem e mulher), na busca de se identificar possíveis discursos ideo‑ lógicos que reforcem ou contestem as relações de poder pre‑ sentes nas práticas sociais. A base para esta análise foram os princípios da Análise de Discurso Crítica – ADC (Fairclough 1992; 1995; 1997; 2001; 2003; Fairclough e Wodak, 1996; Pennycook, 2001). A segunda etapa da pesquisa foi realizada em campo e nela buscou‑se conhecer o posicionamento de alunos(as) e professores(as) sobre os livros didáticos analisa‑ dos e sua percepção dos discursos ideológicos que subjazem os textos desses materiais. A análise dos dados é realizada através da triangulação dos resultados das duas etapas e evidencia uma incongruência entre ambas. 39 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A FORMAÇÃO DISCURSIVA DOCENTE EM COMUNIDADES DE APRENDIZAGEM: NOVOS OLHARES SOBRE O LETRAMENTO DIGITAL ARLINDA CANTERO DORSA (UCDB–MS) Resumo de Paper Este artigo é fruto de uma pesquisa desenvolvida junto ao Grupo de Pesquisas e Estudos em Tecnologia Educacional e Educação a Distância (GETED), da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB, Mato Grosso do Sul), que desde 2007 pesquisa a questão da formação continuada no âmbito presencial e a distância, além de estudar a linguagem, as interrelações e as ferramentas de tecnologias de informação e comunicação. A temática volta‑se à análise da formação discursiva docente em uma comunidade indígena na Escola General Rondon na Aldeia Bananal, localizada em Taunay‑ MS e tem como foco o uso de tecnologias de informação e comunicação com um duplo objetivo: (i) investigar como tem ocorrido a formação continuada de cada professor participante da comunidade; (ii) analisar as estratégias de leitura, produção e comunica‑ ção nas práticas discursivas dos docentes voltadas ao letra‑ mento digital. Quanto à formação continuada docente, foi utilizado inicialmente o ambiente virtual NING e posterior‑ mente a rede social Facebook. Com relação ao letramento digital, pode‑se afirmar ainda que parcialmente, que há ne‑ cessidade da capacitação continuada para que os docentes tenham condições de serem mediadores no uso das novas tecnologias em suas práticas pedagógicas. Conclui‑se que as variadas culturas indígenas sofrem modificações e reela‑ borações constantes com o passar do tempo. Integram‑se ao avanço tecnológico e multicultural presente na socieda‑ de como sujeitos ativos e passivos, simultaneamente, em relação às tecnologias e a multiculturalidade. O PROFESSOR DE LÍNGUAS EM TEMPOS DE REFLEXÃO: INSTANTÂNEOS DA FORMAÇÃO DOCENTE AUGUSTO CÉSAR LUITGARDS MOURA FILHO (UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA) Resumo de Paper Esta comunicação relata uma pesquisa em andamento que é iluminada pelo construto teórico Professor Reflexivo (SCHÖN, 1992; PIMENTA, 2003 e MOURA FILHO, 2011) e confi‑ gura‑se como um estudo de caso, mais especificamente na modalidade história de vida. O objetivo da investigação que relato é revelar o papel das narrativas pessoais na formação de docentes de línguas estrangeiras. Tal perspectiva se justi‑ fica por indicar como esses docentes superaram as históricas inadequações da formação em Letras (MOITA LOPES, 1996 e PAIVA, 2004, inter alios), que envolvem o acesso restrito a ex‑ periências acadêmicas significativas, o desconhecimento da importância da formação continuada e, não raro, uma for‑ mação profissional alienada, a qual ignora as reais deman‑ das da sociedade ao formar profissionais que agem mais re‑ ativamente do que proativamente. Diante de um quadro ad‑ verso de formação de professores, inclusive dos de línguas, a formação reflexiva de docentes, que emergiu com a mudan‑ ça do paradigma da concepção do próprio papel a ser desem‑ penhado por esses profissionais, apresenta‑se como uma alternativa de transformação de concepções equivocadas que se cristalizaram ao longo dos anos. Tal formação guarda identidade com várias propostas de formação de docentes que surgiram no princípio da década de 80 do século passa‑ do, tais como as que preveem a figura do professor‑pesqui‑ sador e a pedagogia crítica, por exemplo. O estudo de caso interpretativista mostrou‑se a metodologia mais adequada para a condução da pesquisa relatada. Segundo Merriam (2001, p. 28), pesquisas realizadas com o apoio desse cons‑ truto viabilizam a revelação de fatores capazes de promover uma compreensão profunda do fenômeno investigado. 40 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada TRADIÇÕ EES DISCURSIVAS EM PROCESSOS‑CRIMES: UMA ANÁLISE EM TEXTOS INTRODUTÓRIOS A (DES)CONSTRUÇÃO DA FACE: (IM)POLIDEZ LINGUÍSTICA NA INTERLÍNGUA AURÉLIA LEAL LIMA LYRIO (UFES) AUREA SUELY ZAVAM (UFC) Resumo de Paper Resumo de Paper Dando continuidade aos estudos sobre gêneros numa pers‑ pectiva histórica que vêm se desenvolvendo no âmbito do grupo de pesquisa Tradice, este trabalho tem como objeti‑ vo maior investigar a constituição/reelaboração do proces‑ so‑crime, um gênero do domínio jurídico. A concepção que norteia a proposta deste estudo é a de tradição discursiva, utilizada na descrição histórica das línguas. Dentro dessa concepção, proposta por romanistas alemães (KOCH, 1997; KOCH & OESTERREICHER, 2001; KABATEK, 2003, 2004), os es‑ tudos sempre consideram o contexto social e histórico ao descrever os propósitos e os elementos formais e linguísti‑ cas dos textos, entendidos como práticas discursivas que se repetem continuamente até se fixarem plenamente, a ponto de serem identificados como tais na comunidade em que circulam, isto é, como tradições discursivas. Como par‑ te da investigação maior, este estudo procura responder as questões: Quais são as fórmulas textuais típicas que carac‑ terizam os elementos constitutivos dos processos‑crimes? Quais desses elementos se conservaram e quais sofreram mudanças? Que traços permitem estabelecer limites entre suas partes constitutivas? Em relação à parte introdutória do processos‑crimes, este estudo analisa as funções que desempenham os elementos dêiticos tão recorrentes e tão característicos desta parte do todo enunciativo. Ao desven‑ dar as estratégias empregadas na introdução desses textos, reveladas pelas marcas linguísticas investigadas, não só se desvela o contexto social e histórico no qual se desenvolveu esse gênero, como também se descobre a relação entre tra‑ dições discursivas e expressões dêiticas. Acreditamos que os resultados obtidos podem assim nos ajudar a compreen‑ der melhor o uso de elementos dêiticos como modo de di‑ zer constitutivo da introdução dos processos‑crimes, como também nos ajudam a lançar mais luzes às pesquisas que se dedicam a investigar a história da língua vinculada à história dos textos. As pesquisas, tanto em língua estrangeira como em língua materna, demonstram que os aprendizes não se utilizam das normas de polidez linguística adequadamente, ou, mes‑ mo, não a utilizam (PIIRAINEN‑MARSH, 1995, NIKULA, T., 1996). Dessa forma, empregam atos de fala altamente ameaçado‑ res tanto da face positiva como da negativa do interlocutor e da própria, o que vai culminar com o insucesso da intera‑ ção. A competência pragmática, atualmente, é vista como altamente necessária tanto para os falantes nativos de uma língua como para aqueles de LE (BARDOVI‑HARLIG, HARTFORD, MAHAN‑TAYLOR, MORGAN, AND REYNOLDS, 1991; KASPER, 1997). Em vista disso, o presente trabalho analisa a utilização/não utilização de estratégias de polidez por aprendizes de in‑ glês como língua estrangeira (LE) no decurso da interação, para construir, manter, ou resgatar a própria face e a do seu interlocutor. A pesquisa se baseia na Teoria da Polidez de Brown e Levinson (1978, 1987), de Lakoff (1972) e de Leech (1983). Almejamos empregar os resultados na conscientiza‑ ção desses aprendizes, bem como no ensino de estratégias de polidez condizentes com as normas de um convívio mais harmônico em sociedade. 41 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada ASPECTOS COGNITIVOS NA AQUISIÇÃO DE L2/LE: ENTENDENDO A RELAÇÃO ENTRE AS ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM E A MOTIVAÇÃO COMO EXPERIÊNCIAS VIVENCIADAS NO PIBID E NO INÍCIO DA CARREIRA DOCENTE PODEM MODIFICAR AS CRENÇAS DE PROFESSORES DE ESCOLAS PÚBLICAS BÁRBARA CAROLINE DE OLIVEIRA (UNB) BÁRBARA COTTA PADULA (UFV) BÁRBARA CAROLINE DE OLIVEIRA (UNB) Resumo de Pôster Resumo de Paper Este trabalho tem por objetivo compreender a relação entre o uso de estratégias e a motivação no processo de aprendiza‑ gem de uma segunda língua – L2 ou língua estrangeira – LE, com vistas a contribuir para a construção do conhecimento relacionado ao processo ensino‑aprendizagem. Trata‑se de um estudo bibliográfico, que primeiramente, faz caracteri‑ zação da aprendizagem assente na compreensão da plurali‑ dade de teorias. Em segundo lugar, são apresentados fatores que melhor explicam as diferentes estratégias de aprendiza‑ gem. E em seguida, elucida fatores influenciadores da mo‑ tivação que podem conduzir os alunos no estudo de L2/LE. Por fim, relaciona as estratégias e a motivação observando como estas convergem para a ASL. O processo de aquisição e/ ou aprendizagem de uma L2/LE é complexo e pode ser carac‑ terizado por um número significativo de variáveis. Diversos modelos de aprendizagem e pesquisas em aquisição de uma L2/LE têm buscado explicar dos fatores que interagem nes‑ se processo, tais como questões relativas ao contexto de aprendizagem, características do professor, diferenças indi‑ viduais do aprendiz, como aptidão, autonomia, estratégias de aprendizagem e a motivação, por exemplo. Visto isso, o conhecimento mais acurado sobre o processo de aquisição pode contribuir para que os pares, envolvidos nas tarefas de ensinar e aprender línguas, professores e aprendizes, aper‑ feiçoem seu desempenho na tarefa de ensinar e aprender LE. Cabe ressaltar, que no cenário atual, o processo de ensino e aprendizagem de uma L2/LE é entendido como uma constru‑ ção que inclui um papel ativo por parte do aprendiz. Nessa perspectiva, torna‑se relevante que o aluno desenvolva a capacidade de estabelecer as próprias metas, planejar e mo‑ nitorar seus esforços, com vistas a direcionar sua aprendiza‑ gem e ter mais sucesso no uso da língua. Estudiosos (COELHO 2005; BERNARDO, 2007) entendem a relevância de estudos relacionados à realidade das escolas públicas e, portanto, às experiências vivenciadas no PIBID, já que neste projeto o professor em formação tem a opor‑ tunidade de vivenciar a realidade de um profissional atuan‑ te nessas escolas e assim direcionar sua formação. Assim, percebe‑se que estudos que averiguem experiências nesses contextos podem auxiliar na modificação das crenças dos professores em pré‑ serviço ou em carreira inicial, já que segundo Miccoli (2010) através da investigação de experiên‑ cias pode‑se compreender partes importantes do processo de ensino e aprendizagem. Além disso, faz‑se necessário ressaltar que de acordo com BARCELOS (2006) as crenças são dinâmicas, portanto estão suscetíveis a mudanças. Assim, este trabalho tem o objetivo de verificar se as experiências vivenciadas no PIBID e, posteriormente, como professora de escola publica, modificaram ou não as crenças de uma pro‑ fessora recém‑formada e atuante neste contexto em relação à docência e decisão de continuar ou não ensinando. É inte‑ ressante lembrar que antes de ingressar no curso de Letras ela tinha a intenção de lecionar nessas escolas e tinha a cren‑ ça de que poderia ser uma agente modificadora do ensino. Neste estudo, para a coleta de dados, foi solicitada a profes‑ sora, que é ex‑bolsista do PIBID, uma narrativa na qual ela teve a oportunidade de fazer uma reflexão sobre as crenças que tinha antes de ingressar no curso de Letras em relação ao ensino, sobre suas experiências vivenciadas na partici‑ pação no projeto supracitado e, por fim, sobre suas crenças atuais em relação à docência e, consequentemente, suas expectativas profissionais. Dessa forma, serão apresentados os resultados da análise dos dados observando a contribui‑ ção da experiência no PIBID para a modificação ou não das crenças da participante e sobre seus anseios profissionais. 42 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada DISCURSO E CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE E NA WEB: PRÁTICAS ‘NÃO ESCOLARES’ NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUAS BÁRBARA CRISTINA GALLARDO (UNEMAT) Resumo de Paper Este estudo é um recorte da minha pesquisa de doutorado desenvolvida na Unicamp e que teve como objeto de estu‑ do a Comunicação Transnacional Mediada por Computador. A ideia inicial surgiu do fato das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) serem atualmente parte inerente do cotidiano das pessoas nos níveis pessoal e profissional. Isto torna a inclusão dos letramentos digitais na formação esco‑ lar um assunto primordial no mundo todo. Nessa perspec‑ tiva, o objetivo deste estudo é investigar a construção de identidades nacionais de futuros professores no Facebook na interação com estrangeiros. A representação multimodal em páginas de Redes Sociais Virtuais é um recurso expressi‑ vo de construção discursiva do Self que exige o entrelace de letramentos e sensibilidade adquiridos no trânsito entre os meios on e offline. Entendo que o estudo dessa construção pode auxiliar na reflexão, tanto na formação pessoal e pro‑ fissional do público‑alvo como na minha própria, de como os discursos locais/globais são reproduzidos nas vozes de futuros formadores. A metodologia utilizada neste estudo é de natureza quanti‑qualitativa e exploratória. A base te‑ ória está fundamentada em trabalhos que discorrem sobre o impacto da globalização na identidade cultural e nacional das pessoas e em estudos que analisam o comportamento dos usuários da internet. A linguagem utilizada nas inte‑ rações é abordada através da metafunção ideacional da Linguística Sistêmico‑ Funcional (LSF). Os pressupostos da Análise Crítica do Discurso (ACD) são usados na observação da construção de identidades pelo discurso multimodal no espaço virtual do Facebook. Os resultados mostram a construção de imagens globais como condição para o esta‑ belecimento de relações interpessoais transnacionais. Este resultado aponta para a proposição de projetos nos Cursos de Licenciatura em Letras que promovam práticas digitais transnacionais como autoconhecimento em uma perspecti‑ va global e reflexões sobre o poder dos discursos. PROJETO RIO CRIANÇA GLOBAL: INVESTIGANDO PROPOSTAS E PRÁTICAS BEATRIZ DE SOUZA ANDRADE MACIEL (UFRJ) Resumo de Paper Entendendo‑se a centralidade do conhecimento de inglês em um mundo cada vez mais globalizado (MOITA LOPES, 2005), objetiva‑se neste trabalho investigar o contexto de ensino de inglês no Projeto Rio Criança Global, implantado pela Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro a fim de ampliar o número de cariocas falantes de inglês até as Olimpíadas de 2016 (SME/RJ, 2010). O interesse pelo projeto surge da percepção do contraste entre a proposta de abran‑ ger estratégias que desenvolvam a compreensão/produção escrita e oral da língua estrangeira (LE) desde as primeiras séries do Ensino Fundamental (Orientações Curriculares/ SME, 2012) e a fala corrente entre professores quanto à in‑ viabilidade da prática oral de LE em escolas (MICCOLI, 2010), bem como entre a proposta de ensino de LE para crianças (LEC) e a ausência de cursos de Letras que contemplem a especificidade deste ensino (ROCHA, 2008). Tendo‑se em vista, portanto, que o projeto aponta para práticas diferen‑ ciadas das que antes guiavam o professor de LE em escolas públicas, busca‑se investigar a relação entre a proposta do projeto e o modo como ela é percebida e efetivada por pro‑ fessores envolvidos, e como se processam estratégias para o desenvolvimento profissional voltado à eficiência no desem‑ penho docente. Sob uma perspectiva interpretativista, esta pesquisa utiliza a) análise da documentação que norteia o projeto, para entender a identidade pedagógica e os concei‑ tos de linguagem que descrevem/delineiam a proposta, b) entrevistas semiestruturadas com professores do projeto, a fim de compreender a forma de atuação e postura adotada, orientações e instigações à reflexão sobre a prática docen‑ te, e dificuldades/conflitos na realização daquilo que o pro‑ fessor entende ser o seu papel na perspectiva da proposta. Ao problematizar a relação entre a proposta teórica do pro‑ jeto e sua efetivação segundo a percepção dos professores, pretende‑se traçar contribuições para os resultados a serem alcançados com o projeto. 43 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada REPRESENTAÇÕES DE DOCENTES DA FL/UFRJ EM UM PROJETO INTERDISCIPLINAR ROBINSON CRUSOE: O LUGAR DO ROMANCE NO DISCURSO DO NOVO MUNDO BERNARDO PUGA NUÑEZ LOPES (UFRJ) BIANCA DOROTHÉA BATISTA (UFRJ) Resumo de Pôster Resumo de Paper O presente estudo tem como objetivo analisar as represen‑ tações de docentes da Faculdade de Letras da UFRJ evol‑ vidos em um contexto de projeto de pesquisa acadêmico. O referido projeto, denominado Práticas de Linguagem em Diferentes Áreas do Conhecimento na Escola Pública (PLIEP), tem como pressuposto central a ideia de que a transposição didática de gêneros (BRONCKART, 2010) para inserção em práticas letradas é fundamental em todas as áreas do conhe‑ cimento. Suas bases teóricas giram em torno da perspecti‑ va sociointeracionista, defendendo que as ações sociais são mediadas pela linguagem e o conhecimento é transdiscipli‑ nar (ABREU JÚNIOR, 1996). Neste sentido, reúne professores e pesquisadores de diversas áreas que atuam em diferentes instituições, o que permite o estreitamento, através de um viés interdisciplinar, do diálogo entre universidade/escola e entre graduação/pós‑graduação. A investigação desenvol‑ vida durante a execução do PLIEP analisa os motivos que levaram os docentes da FL/UFRJ a se engajarem no projeto, o porquê do tema escolhido ter lhes interessado, suas ex‑ pectativas quanto a ele para formação de professores, bem como o papel que pretendem desempenhar junto aos outros participantes envolvidos. A coleta de dados foi realizada por meio de e‑mails e entrevistas gravadas no decorrer do pro‑ jeto, buscando verificar possíveis modificações das expec‑ tativas e conflitos dos participantes em foco. Os resultados foram analisados a partir das concepções de ideologia do círculo de Bakhtin (Voloshinov, 1929; Bakhtin, 1953) e do con‑ ceito de Zona Proximal de Desenvolvimento (Vygotsky, 1930, 1934). Procura‑se, assim, promover uma reflexão crítica so‑ bre o projeto e contribuir para a atuação e a formação con‑ tinuada de professores em uma perspectiva interdisciplinar. Num contexto de expansão marítima, os relatos de viagens publicados expandem‑se através da Imprensa dando acessi‑ bilidade ao Novo Mundo. Desta forma, surgem exigências de historicidade e mecanismos de controle, como afirma Costa Lima (2009) para que estes relatos sejam considerados reais. Em virtude disso, muitas narrativas eram escritas em pri‑ meira pessoa, possuiam uma linguagem simples e descrição detalhada para que o leitor fosse persuadido de que o texto diante dos seus olhos era verdadeiro. No romance de Daniel Defoe, Robinson Crusoe (1719), o editor afirma que a vida de Crusoe é uma história de fatos e por isso suas aventuras são dignas de serem tornadas púbicas além de servirem de instrução para os leitores. A exaltação da veracidade e o re‑ púdio à ficção correspondem ao que Michael Mckeon (1985) denomina de “questions of truth”, uma crise epistemológica sobre como expressar a verdade numa narrativa. A afirma‑ ção do novo gênero literário, o romance, fez com que sur‑ gisse a distinção entre “novel” (romance) e “romance” (relato ficcional/ romance de cavalaria). Para negar a ficcionalidade da obra, era necessário utilizar‑se dos mesmos artifícios dis‑ cursivos, e até mesmo paratextuais, dos documentos acerca de viagens circundantes nos séculos XVII e XVIII. O presente trabalho propõe analisar o discurso do personagem e narra‑ dor Robinson Crusoe e os mecanismos utilizados na narrati‑ va para ofuscar sua ficcionalidade, convertendo assim a um status de veracidade. Neste cenário, as fronteiras entre o ro‑ mance e relatos de viagem, ou seja, entre ficção e literatura tornam‑se indefinidas. 44 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O LETRAMENTO CRÍTICO E OS MULTILETRAMENTOS NA LEITURA DE UM READER EM UMA TURMA DE PIBID BRUNA CARREIRA DA SILVA E SILVA (UFRJ) Resumo de Pôster Devido à carga horária reduzida, turmas lotadas e hete‑ rogêneas, o ensino de língua inglesa nas escolas públicas atualmente tem, muitas vezes, focado na habilidade de leitura dos alunos (cf. Parâmetros Curriculares Nacionais de Línguas Estrangeiras, Reorientação Curricular de Língua Estrangeira do estado do RJ), já que esta seria essencial em outras etapas da vida daqueles indivíduos, como por exem‑ plo, o acesso destes à universidade (ENEM, Vestibular, exa‑ me instrumental de acesso à pós‑graduação). Seguindo essa linha de raciocínio, o estímulo aos multiletramentos (COPE & KALANTZIS, 2000) e ao letramento crítico (BRASIL, 2006) em si não deveriam parecer distantes da realidade de sala de aula dos alunos, uma vez que observa‑se uma cobrança no setor de línguas estrangeiras quanto a formação do cidadão multicultural. Dessa forma, através de um questionário a ser aplicado para alunos que participam do projeto PIBID em uma escola da rede pública na cidade do Rio de Janeiro, este trabalho busca analisar a reação dos estudantes quanto aos temas e gêneros apresentados tanto quanto observar a ca‑ pacidade dos mesmos de utilizar seus multiletramentos na leitura de um reader – um livro paradidático criado ou adap‑ tado para diferentes níveis de estudantes de inglês. O reader “L.A. Detective” apresenta um mistério no qual um detetive precisa procurar a filha de um senhor rico. A partir desta lei‑ tura, será observado como os alunos entendem a posição da mulher na história e constatar se estes observam os aconte‑ cimentos violentos recorrentes na história como presentes na sociedade em que vivem. Além disso, o trabalho também busca saber a opinião dos alunos em relação ao ato da leitu‑ ra e se há um interesse – ou mesmo acesso – por parte deles à literatura em geral. Assim, os resultados obtidos poderão abrir espaço para uma reflexão quanto ao papel da leitura no ensino de língua inglesa e servir de base para uma discus‑ são sobre a exclusividade do ensino desta habilidade na aula de LE. PROPOSTAS PEDAGÓGICAS DE LEITURA E ESCRITA ACADÊMICA PARA ESTUDANTES INDÍGENAS: O LETRAMENTO ACADÊMICO ORIENTANDO AÇÕES DA POLÍTICA DE PERMANÊNCIA NA UFRGS BRUNA MORELO (UFRGS) CAMILA DILLI NUNES (UFRGS) Resumo de Paper O projeto de extensão Curso de Inglês para Estudantes Indígenas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) foi criado no segundo semestre de 2008. O curso em desenvolvimento desde então está em sua 8ª edição. O obje‑ tivo deste trabalho é apresentar esse projeto como parte da política de permanência desenvolvida pela UFRGS com os es‑ tudantes indígenas, bem como apresentar contribuições en‑ volvendo o uso da linguagem quanto a diretrizes para orien‑ tar novas ações para a permanência de grupos étnicos mi‑ noritários, partindo de dois projetos de mestrado (MORELO, 2011; DILLI, 2011) voltados ao estudo das práticas sociais de leitura e escrita na universidade gerados no contexto deste curso. O curso se destinou originalmente a oportunizar aos alunos indígenas o desenvolvimento de leitura em língua inglesa com vistas à maior participação deles em sua vida acadêmica, nas suas próprias comunidades e na sociedade, tendo como meta principal o desenvolvimento de letra‑ mento acadêmico (LEA & STREET, 1998, 2006). Com base na análise do projeto em seus quatro anos de trajetória, apon‑ tamos para novos objetivos do curso e a estruturação de um currículo mais amplo, que abranja letramentos comuns aos estudantes, tanto fora como dentro da universidade. É im‑ portante destacar que o curso possibilita uma sala de aula exclusivamente indígena, na qual todos os estudantes indí‑ genas da UFRGS podem ser colegas, tornando‑se, assim, um contexto distinto de todos os outros na Universidade. A par‑ tir dos resultados alcançados, apontamos novas pesquisas na área que poderiam contribuir para redimensionar o curso como parte da construção de uma política de permanência dos estudantes indígenas na UFRGS. 45 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada DESENVOLVIMENTO DE UMA DISCIPLINA SEMI‑PRESENCIAL: CONFLITOS COMO POSSIBILIDADES DE RECONSTRUÇÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA A ESCRITA ESCOLARIZADA EM REDAÇÕES DE VESTIBULAR: UM ESTUDO DISCURSIVO BRUNA SCHEINER GOMES PIMENTA (UFRJ) Este trabalho visa a apresentar algumas reflexões a respeito do gênero redação de vestibular, sob a perspectiva discur‑ siva, com fundamentação em Bakhtin e em estudos volta‑ dos para a análise da construção do discurso. A redação de vestibular se configura como um gênero discursivo híbrido (Wilson, 2012), no qual diversas linguagens se articulam jun‑ to aos diversos tipos de conhecimento, a saber, o escolar, o científico e o cotidiano. Dessa forma, pretende‑se compre‑ ender os fatores que intervêm no processo de produção des‑ se gênero, em especial no que toca à tentativa de os escre‑ ventes se apropriarem da escrita escolar(rizada), buscando, assim, reconhecer os fenômenos associados ao uso dessa escrita em contextos específicos tais como o evento vesti‑ bular. Assumimos, para tanto, a concepção de que a escola constitui um espaço onde diversos conhecimentos se fazem presentes, tendo como eixo principal os saberes escolares, em que a escrita (associada à leitura) representa um tipo de conhecimento que os alunos aprendem ainda quando não se esteja ensinando a ler ou a escrever explicitamente (Rockwell, 1985). Assim, também consideramos as políticas linguísticas envolvidas no ensino da língua escrita, porque entendemos com Corrêa (2004) a natureza heterogenea‑ mente constitutiva da escrita, pois nela atuam forças cen‑ trípetas e centrífugas da língua (Bakhtin, 1993), associam‑se, fundem‑se linguagens sociais (Goulart, 2007) nos diferentes modos de apropriação da palavra alheia e da palavra própria (Bakhtin, 2003), mesmo em textos em que se exige o chama‑ do padrão culto da língua em seu registro formal. Resumo de Paper A presente pesquisa é motivada pelo estudo que realizo no Programa de Pós‑Graduação em Linguística Aplicada em ní‑ vel de Mestrado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e corrobora com minha experiência docente nesta instituição. Este trabalho objetiva compartilhar algumas re‑ flexões sobre a importância do conflito (conceito trazido da Teoria da Atividade) para a reconstrução (ou não) da prática pedagógica do professor universitário na modalidade semi‑ ‑presencial de ensino. A pesquisa desenvolvida é uma pes‑ quisa‑ação de cunho etnográfico que teve como contexto de investigação uma turma de Inglês Instrumental cuja carga horária contava com um Ambiente Virtual de Aprendizagem. Três questões constituíram‑se como fios condutores para a investigação. Sendo elas: Que conflitos foram identificados pela professora, ao longo e ao final do curso, como oportuni‑ dades de mudança e reconstrução de sua prática pedagógi‑ ca (seja no curso em foco ou em próximos cursos)? A que ele‑ mentos do sistema de atividade (no caso, o curso investiga‑ do) os conflitos estavam relacionados? O que foi feito diante das oportunidades de mudança e reconstrução da prática percebidas pela professora? Questionários, diários e regis‑ tros em fórum foram usados como instrumentos para a ge‑ ração de dados. O arcabouço teórico da pesquisa fundamen‑ tou‑se em três pilares: Formação de professores (LIBERALLI, 2009), Ensino a distância e semi‑presencialidade (MORAN, 2004) e Teoria da Atividade (ENGESTRÖM, 1987, 1999). BRUNO ARAUJO DE OLIVEIRA (UERJ) Resumo de Pôster 46 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada “O NOVO PERFIL DO PROFESSOR”: REPRESENTAÇÕES DOCENTES EM UMA REPORTAGEM DE NOVA ESCOLA CAINARA RODRIGUES DOS SANTOS SILVA (UFSJ) Resumo de Paper Esta pesquisa foi desenvolvida com o intuito de identificar e analisar as representações docentes apresentadas pela re‑ vista Nova Escola na reportagem intitulada “O novo perfil do professor”. Com um breve histórico da representação docen‑ te no Brasil e um estudo sobre o discurso informativo, mais especificamente a revista Nova Escola, chegamos ao estu‑ do das representações docentes trazidas pela reportagem analisada. Através de uma análise visual fundamentada nos Estudos Culturais e na Gramática do Design Visual (LISTER e WELLS, 2001; HALL, 1997; KRESS; VAN LEEUVEN, 1996) e de um análise verbal baseada nas heterogeneidades enunciativas (AUTHIER‑REVUZ, 1990, 1998, 2004) e dos ditos e não‑ditos propostos por Ducrot (1987), conseguimos fazer um levan‑ tamento das diversas vozes que compõem o discurso sobre “O novo perfil do professor”, assim como alguns aspectos que a reportagem também silencia, como os direitos dos do‑ centes e as consequências que o excesso de trabalho pode causar. Identificamos que as diversas representações que são construídas sobre esse profissional o torna o principal responsável pelo sucesso e/ou fracasso escolar. São tantas as representações atribuídas a ele, que ficou difícil definir um único perfil. Assim, chegamos a conclusão de que há uma tentativa fracassada da revista Nova Escola em traçar o novo perfil docente, pois através das representações trazi‑ das, o professor não se situa em UM perfil. Vários são os per‑ fis definidos, no qual há uma mistura de vozes que o não o levam para o novo e nem tampouco o deixam no velho, mas o situa em um entre‑lugar. A CONSTITUIÇÃO DE UMA AÇÃO DE POLÍTICA LINGUÍSTICA COM BASE EM UM ESTUDO DE LETRAMENTO ACADÊMICO: ORIENTAÇÕES PARA UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA DE LEITURA E ESCRITA PARA UNIVERSITÁRIOS INDÍGENAS CAMILA DILLI NUNES (UFRGS) BRUNA MORELO (UFRGS) Resumo de Paper O objetivo deste trabalho é, sob o viés de estudos de letra‑ mento acadêmico (Lea e Street, 1998, 2006), discutir leitura e escrita em disciplinas de primeiro semestre da faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e elaborar como essas práticas sociais de leitura e escrita podem ou devem orientar propostas pedagógicas para calouros no Projeto de Extensão Leitura e Escrita na Universidade para Estudantes Indígenas da UFRGS. Esse projeto é parte das políticas de permanência adotadas para esses estudantes no âmbito das Ações Afirmativas da UFRGS desde o segundo semestre de 2008 e constitui‑se como uma política linguística (Ricento, 2006; Hornberger, 2006; Wiley, 2006). A discussão será feita sobre dados gerados por traba‑ lho de campo etnográfico nos dois períodos letivos de 2012, incluindo 67 horas de observação em duas disciplinas do cur‑ so de Medicina, coleta de textos escritos e entrevistas em áu‑ dio (Dilli, 2013). Pretende‑se analisar usos sociais da escrita: eventos de letramento neste contexto, textos envolvidos e tarefas de leitura e escrita, incluindo de avaliação, e como esse levantamento pode corroborar com um projeto de po‑ lítica linguística que visa a uma permanência de qualidade para os estudantes indígenas desde o primeiro semestre, em seus cursos de graduação. 47 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada ESCRITA COLABORATIVA EM LÍNGUA INGLESA EM UMA PÁGINA WIKI. CAMILA MARIA DA COSTA KAMI (IBILCE/UNESP/SJ RIO PRETO) A COESÃO TEXTUAL EM TEXTOS DE ESTUDANTES DE LÍNGUA INGLESA DO NÍVEL INTERMEDIÁRIO AVANÇADO CAMILA NATHÁLIA DE OLIVEIRA BRAGA (UFPB) Resumo de Paper As novas tecnologias de informação e comunicação (NTICs), a Internet, as conexões de banda larga e a web 2.0 criaram novas oportunidades para o ensino e o aprendizado de lín‑ guas. Entretanto, cabe ao professor a seleção de recursos tecnológicos que propiciem a autonomia e a colaboração no processo de ensino e aprendizagem de língua estrangei‑ ra (LE). Apesar de os alunos estarem em constante contato com as NTICs, eles as utilizam para atividades sociais e re‑ creativas. É preciso lembrar que as habilidades necessárias para tais atividades nem sempre são aquelas desejáveis em contextos virtuais de aprendizagem de LEs, os quais podem exigir o uso de um registro formal, competência intercultu‑ ral e um conhecimento mais aprofundado da L‑alvo (O’DOWD, 2007). O presente trabalho teve o objetivo de conduzir uma experiência sobre o uso da tecnologia wiki em uma faculda‑ de de tecnologia do interior do estado de São Paulo, mais especificamente no curso de Gestão Empresarial. O ambien‑ te selecionado foi o Wikispaces, o qual permite a criação de páginas na web, upload de arquivos e figuras, a comunica‑ ção por meio de e‑mail entre os colaboradores dentre outros recursos (MANTOVANI; VIANNA, 2008). A proposta foi engajar alunos do quinto termo em ema escrita colaborativa com o intuito de que as estruturas e os conteúdos desenvolvidos durante os dois anos de estudo da Língua Inglesa (LI) fos‑ sem colocado em prática. Portanto, foi selecionada uma unidade do livro didático cujo tema era a competitividade de empresas e focava o uso dos comparativos em inglês. Os alunos foram divididos em grupos e cada grupo pensou em um restaurante, desenvolvendo uma página no ambien‑ te Wikispaces para apresentar sua empresa. Os grupos de‑ veriam pensar sobre o nome do restaurante, sua missão, o menu e os preços. Trata‑se, portanto, de um trabalho qua‑ litativo e de natureza etnográfica. Foi uma experiência en‑ riquecedora, uma vez que eles praticaram a escrita em LI de uma forma dinâmica e colaborativa. Resumo de Paper Este trabalho apresenta um estudo longitudinal com dura‑ ção de um semestre no qual foram analisadas três redações (uma no início, uma no meio e uma no final do semestre leti‑ vo) produzidas em língua inglesa por alunos do curso Inglês para Fins Acadêmicos da UFMG. Os sujeitos, alunos de diver‑ sos cursos de graduação da universidade, no momento da coleta de dados cursavam a disciplina IFA I, equivalente ao nível intermediário avançado (B1+ de acordo com o Common European Framework of Reference). O curso IFA, em sua totalidade (cinco semestres, finalizando no nível C1), visa preparar os alunos para atingirem a pontuação necessária no TOEFL (IFA IV) e para a vivência em uma universidade es‑ trangeira (IFA V) em programas de intercâmbio acadêmico no nível da graduação. O foco específico deste estudo são as produções escritas dos alunos, pois, ao trabalhar a habi‑ lidade escrita, o aluno é motivado a pensar, organizar ideias, desenvolver a habilidade de resumir, analisar e criticar. Além disso, essa habilidade fortalece o aprendizado, o pensamen‑ to e a reflexão dos estudantes de língua estrangeira, além de ser uma das competências de produção (juntamente com a fala), o que possibilita uma avaliação mais completa do nível linguístico do aluno. Uma vez que a habilidade escrita re‑ presenta um escopo de pesquisa muito amplo, foi feita uma opção por enfocar aspectos coesivos nos textos dos alunos. A opção pela coesão foi feita devido ao fato de muitos pes‑ quisadores (HALLIDAY; HASAN, 1976; HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004) apontarem sua importância para a sustentação de um texto. As redações produzidas pelos sujeitos foram anali‑ sadas e anotadas de acordo com os tipos de coesão propos‑ tos por Halliday e Hasan (1976) e em relação à propriedade e impropriedade de seu uso. Além deste estudo com duração de um semestre, pretende‑se acompanhar os mesmos sujei‑ tos ao longo dos dois próximos semestres a fim de fazermos um mapeamento mais completo do desenvolvimento da co‑ esão em sua habilidade escrita. 48 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada EFEITOS DA INSTRUÇÃO FORMAL DE PRONÚNCIA NA PRODUÇÃO DOS PADRÕES DE VOICE ONSET TIME DAS PLOSIVAS SURDAS E SONORAS INICIAIS POR BRASILEIROS APRENDIZES DE INGLÊS (L2) LETRAMENTO DIGITAL: CONCEPÇÕES DOS PARTICIPANTES DE UM CURSO DE PRÁTICA ESCRITA 1 CAMILA SAVICZKI MOTTA (UFRGS) O processo de letramento é entendido como o domínio de práticas sociais de leitura e escrita necessárias para a parti‑ cipação efetiva e competente em diversos contextos e ati‑ vidades sociais (Rojo, 2009; Soares, 2004). Com o advento das novas tecnologias da informação e comunicação (NTICs), uma nova dimensão é adicionada a esse conceito, fazendo surgir a concepção de letramento eletrônico para represen‑ tar o conjunto de conhecimentos que permite a participação do indivíduo em práticas letradas da era digital. A aquisição desse tipo de letramento, dito eletrônico ou digital, depen‑ de, dentre outros fatores, da exposição do indivíduo a prá‑ ticas de linguagem coletivas em que a escrita mediada por computador seja significativa (Buzatto, 2001). O ensino de produção escrita em língua estrangeira, por sua vez, deve envolver atividades de aprendizagem direcionadas a propó‑ sitos comunicativos específicos, que reflitam usos reais do idioma em práticas comunicativas do cotidiano. O presente trabalho é o relato de uma pesquisa exploratória, conduzida no âmbito do projeto Letras 2.0, desenvolvido pelo núcleo de pesquisas em Linguagem, Educação e Tecnologia – LingNet/ UFRJ para apoio à oferta de cursos e disciplinas na modali‑ dade on‑line ou semipresencial na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O estudo com‑ preende a discussão de resultados iniciais de uma pesquisa cujo objetivo é descrever e analisar práticas de produção escrita em língua estrangeira propostas no contexto da dis‑ ciplina de Prática Escrita 1, ministrada a alunos do curso de graduação em Letras (Português–Inglês). Busca‑se valorizar as perspectivas da professora e de estudantes envolvidos nos processos abordados – cujas percepções procurou‑se conhecer a partir da análise de posts na plataforma Moodle e de entrevistas semiestruturadas. Discutem‑se as contri‑ buições dessas práticas para a aprendizagem da expressão escrita em LE em contextos educacionais mediados pelas novas tecnologias. Resumo de Pôster O escopo deste trabalho consiste em verificar e analisar os padrões de Voice Onset Time (VOT) a partir de coletas de produção feitas com brasileiros aprendizes de inglês como língua adicional em diversos níveis de proficiência, bem como os possíveis efeitos de instrução formal nessa produ‑ ção. Para a verificação dos efeitos da instrução na aquisição deste aspecto fonético‑fonológico no campo da produção, contou‑se com três grupos de aprendizes: (a) um grupo de controle, que não recebeu instrução alguma acerca do as‑ pecto da L2 investigado; (b) um primeiro experimental (E1), que recebeu instrução explícita com caráter comunicativo (seguindo‑se Celce‑Murcia et al., 2010); (c) um segundo grupo experimental (E2), que recebeu instrução explícita de caráter não‑comunicativo e descontextualizado acerca da aspiração dos segmentos plosivos surdos iniciais. A estes participantes foram aplicados um pré‑teste, um pós‑teste e um pós‑teste postergado, consistindo na leitura em voz alta de palavras do inglês. As palavras‑alvo eram monossilábicas, iniciadas pelas plosivas sonoras /b/, /d/ e /g/ ou surdas /p/ /t/ e /k/, seguidas de uma vogal alta, contexto esse que possi‑ bilita valores mais acentuados de VOT (YAVAS, 2007). As pro‑ duções foram gravadas e posteriormente analisadas no software Praat (BOERSMA & WEENINK, 2012 – version 5.3.04) e o valor de VOT de cada uma das dezoito palavras‑alvo foi medido, num total de trinta e seis tokens por participante. Espera‑se, com o presente trabalho, verificar a efetiva neces‑ sidade de um ensino de pronúncia de caráter efetivamente comunicativo, em oposição a abordagens de ensino do com‑ ponente fonético‑fonológico que se voltem apenas a uma tradicional descrição dos aspectos da forma‑alvo. CARLA ALMEIDA DE LIMA (UFRJ) Resumo de Paper 49 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada HEBE POR HEBE: UM ESTUDO DAS CONSTRUÇÕES IDENTITÁRIAS NO DISCURSO DE SI A FORMAÇÃO DE PROFESSOR DE INGLÊS PARA CRIANÇAS E A INTERAÇÃO ENTRE UNIVERSIDADE E COMUNIDADE CARLA CARVALHO SILVA (UFSJ) CARLA CONTI DE FREITAS (UEG) TATIANA NATHÁLIA DE PAULA (UFSJ) Resumo de Paper Resumo de Paper O ano de 2012 ficará marcado como aquele em que o país se despediu de uma das personagens mais emblemáticas da TV brasileira: Hebe Camargo. A apresentadora, que des‑ de 2010 lutava contra um câncer, veio a falecer no dia 29 de setembro. Nos dias posteriores à sua morte, foi possível vislumbrar como o fato repercutiu na mídia. Nesse cenário, chamou‑nos a atenção a matéria veiculada na revista Caras (05 de outubro de 2012, edição nº 987), que homenageou a artista ao trazer na edição supracitada não somente as ima‑ gens de todas as capas as quais ela protagonizou para a re‑ vista, mas também a primeira e a ultima matéria realizada com Hebe. Nessas matérias a apresentadora fala de si, deli‑ neando um perfil de cunho “autobiográfico”. De acordo com Amossy, “todo ato de tomar a palavra implica a construção de uma imagem de si” (2005, p.09), imagens estas construí‑ das não apenas na autodescrição, mas também pela veicula‑ ção de crenças implícitas, estilo, competências linguísticas e enciclopédicas do sujeito. Nesse sentido, propomos analisar como a apresentadora se autorrepresenta nas matérias vei‑ culadas em Caras e que imagem constrói de si. Será realizada uma articulação entre este material e a entrevista concedi‑ da pela apresentadora ao programa De frente com Gabi, que foi ao ar no dia 06/06/2010 pelo SBT. Pela ampla temática abordada nessa entrevista – TV, amor, saúde – a apreensão da autoimagem que Hebe constrói fica igualmente eviden‑ ciada. Para cumprir os objetivos propostos, após o levanta‑ mento dos dados, será feita uma análise discursiva dos dois materiais a partir da Análise do Discurso, mais precisamente da teoria Semiolinguística, proposta por Patrick Charaudeau (2009), no que se refere ao modo de organização discursivo descritivo. Na problematização dos conceitos referentes à identidade, o aparato teórico foi composto por Hall (2006) e Rajagopalan (2010). Já com relação à construção das ima‑ gens de si no discurso, será utilizado o que propõe Amossy (2005). Há, hoje, uma crescente oferta do ensino de inglês para crianças nas escolas regulares públicas e particulares, es‑ colas de idiomas e escolas bilíngues. Concomitantemente a esta demanda, surge a necessidade da formação do profis‑ sional para atuar nessa área, destacando a necessidade de se repensar o currículo do curso de Letras, tendo em vista possíveis reformulações no que tange à formação desse pro‑ fissional. Neste contexto, busca‑se discutir em que medida as reais oportunidades de trabalho têm sido consideradas ao longo da formação inicial de professores de língua, com vistas a contribuir para a melhoria dos cursos de formação inicial de professores de inglês e, a partir disso, destacar a importância da interação entre universidade e comunida‑ de para que suas ações gerem novas possibilidades para o ensino e para a aprendizagem de línguas para crianças, con‑ tribuindo para a formulação de políticas de visem a atender a esta necessidade. Para isso, desenvolvemos uma pesquisa em Linguística Aplicada, considerando‑a como um campo transdisciplinar que, buscando tratar das questões da lin‑ guagem, compreende também as questões sociais, culturais e políticas em que elas estão envolvidas. Como abordagem metodológica, utilizamos a pesquisa de cunho transdis‑ ciplinar, uma vez que ela propõe uma visão mais ampla da realidade, levando o pesquisador a não somente descrever o ambiente pesquisado, mas problematizá‑lo, com vistas a provocar mudanças. Assim, em se tratando da formação para o ensino de inglês para crianças, defendemos que é pre‑ ciso ter uma visão da língua estrangeira como instrumento para contribuir também para a formação do ser humano, contribuindo, desse modo, para a formação de indivíduos sensíveis às diferenças, mas ao mesmo tempo, com identi‑ dades e discursos próprios. 50 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A TASHC NA ELABORAÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO PARA O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA NA UNIVERSIDADE: UMA UNIÃO NA POLÍTICA LINGUÍSTICA PELA VIDA IN POTENTIA SUBJETIVIDADE DO TRADUTOR: A SINGULARIDADE DE UMA ESCRITA CARLA LIMA RICHTER (UFPE) Este trabalho tem como objetivo rastrear os traços da sub‑ jetividade do tradutor no texto traduzido, levando em consi‑ deração os pressupostos teóricos da Psicanálise, a existência do inconsciente e a inextricabilidade entre o escritor e sua escrita. A subjetividade do tradutor é forjada entre a “sua” lín‑ gua e a do outro, nos entre‑lugares, nos entre mundos, nas diversas línguas que habita e que por elas se deixa habitar. Uma das preocupações dos tradutores é com a fidelidade que devem ao texto original. Na tradição da atividade de tradução, o texto original parece ocupar um lugar “sagrado”, intocável e o trabalho do tradutor parece representar algo de menor importância. Trazemos a análise sobre o conto de Clarice Lispector, “Viagem a Petrópolis” e a tradução do mes‑ mo conto para o inglês “Journey to Petropolis”. Esse conto e sua tradução constitui parte do corpus de nossa tese de dou‑ torado sobre escritas singulares e/ou “sinthomaticas” (LACAN, 2007) como as de Clarice Lispector, Virginia Woolf, James Joyce, que busca refletir sobre as implicações para o traba‑ lho de tradução de produzir sentidos a partir de escritas tão peculiares. Os resultados da análise apontaram para o fato de que o tradutor, apesar de ter como valor de sua ativida‑ de, a fidelidade ao texto original, deixa marcas de sua “pas‑ sagem” pelo texto, constituindo‑se como autor de um novo texto, diferente e, ao mesmo tempo, semelhante ao original. Para além do reprodutor de sentido, aparece um criador de sentidos novos, ilusão permitida pela adição de significantes novos provenientes do sujeito tradutor. Resumo de Paper Esta pesquisa está inserida no campo da Linguística Aplicada ( LA ), por ser um estudo da linguagem em um con‑ texto acadêmico que promove mudanças de papéis sociais (DAMIANOVIC, 2012). No caso focal, o reposicionamento so‑ cial do discente na graduação das engenharias, que sai da posição de aluno de língua inglesa para a de pesquisador que desenvolve e divulga seus estudos em eventos inter‑ nacionais. Fundamenta‑se na TASHC, Teoria da Atividade Sócio‑Histórico‑Cultural (VYGOTSKY, 1934/2007; LEONTIEV, 1977/1997; ENGESTRÖM, 1987/1999), um lócus no qual o sujei‑ to está em constante interação com o outro, em um con‑ texto histórico e culturalmente construído (LIBERALI,2009). Segundo Mateus (2007), em se tratando de língua estran‑ geira, a elaboração, implementação e avaliação de mate‑ rial didático além de suprir necessidades prementes pouco contempladas nas politicas educacionais vigentes, possi‑ bilitam o desenvolvimento de professores de línguas como profissionais engajados com uma reestruturação curricular dos conteúdos.O material didático constitui‑se como um poderoso artefato de mediação que oferece ao sujeito opor‑ tunidades de reconstrução do agir linguístico em um mundo social‑histórico‑culturalmente determinado ( DAMIANOVIC, 2007). Nesse panorama, esta comunicação discute a elabo‑ ração, avaliação e implementação de um material didático (RICHTER, a, b,c) nas aulas de língua inglesa, na graduação de Engenharia de uma universidade federal do nordeste do Brasil. O procedimento metodológico está alicerçado na Pesquisa Crítica de Colaboração (PCCOL) (MAGALHÃES, 2006) e a discussão dos dados construídos será à luz das catego‑ rias enunciativas, discursivas e linguísticas (LIBERALI, 2012). Os resultados preliminares revelam que o material didático elaborado pode contribuir para os alunos agirem amplian‑ do sua envergadura in potentia por meio da linguagem na atividade social “submissão de resumo para apresentação de pôster em eventos científicos internacionais”. CARLA MARIA DOS SANTOS FERRAZ ORRÚ (UNICAMP) Resumo de Paper 51 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A BIBLIOTECA PÚBLICA E SEU PÚBLICO NA FORMAÇÃO DE LEITURA PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA: LINGUAGEM, IDENTIDADE E EXCLUSÃO CARLA MARIA FRANÇA DO NASCIMENTO (UFBA) CARLOS ALBERTO CASALINHO (UNICAMP) Resumo de Paper Resumo de Paper O engajamento do profissional da Linguística Aplicada (LA) em diversas outras áreas de trabalho, de domínios discur‑ sivos outros, é cada vez mais visível na atual economia do mercado de trabalho do Brasil. Refletir sobre estratégias políticas que viabilizem a sua atuação nas várias instân‑ cias discursivas nas quais estão inseridos, tem sido agenda do dia para esses profissionais no que tange à formação de leitores,formação de professores, ensino e aprendizagem de línguas, políticas linguísticas, entre outras demandas da LA. Este trabalho visa a apresentar e analisar atividades ob‑ servadas e experienciadas em uma biblioteca pública, num cotejo entre o Manifesto da IFLA/UNESCO para as Bibliotecas públicas (1994) e as discussões sobre formação de leitores no seio da Linguística Aplicada. Numa Biblioteca Pública volta‑ da primeiramente para o público infantojuvenil na cidade do Salvador, saraus de leitura, oficinas de leitura, “contação” de histórias infantojuvenis, peças de teatro, dramatizações, uma diversidade de gêneros num mesmo ambiente de cir‑ culação de cultura são ofertados à comunidade escolar que lá busca formação e informação. A biblioteca, vista como “centro local de informação, tornando prontamente acessí‑ veis aos seus utilizadores o conhecimento e a informação de todos os gêneros” (UNESCO, 1994) é vista nesse cotejo como ambiente possível onde manifestações multi‑interacionais e as semioses possuem lugar em ousadas e efetivas inicia‑ tivas de formação de leitura. Quem é esse público leitor que adentra a biblioteca? Quem são os agentes de leitura que mediam, promovem essas atividades? O que pensam sobre a política que contorna suas ações? Quais recursos utiliza‑ dos para atingir os fins desejados? O cenário da observação foi uma Biblioteca Pública do Governo do Estado da Bahia, localizada no centro da cidade do Salvador, tendo como par‑ ticipantes a diretora da unidade, funcionários‑agentes de leitura e estudantes visitantes. Hoje, a população de rua não se restringe mais à figura tra‑ dicional do mendigo pois seu perfil é cada vez mais diverso: homens e mulheres desempregados, doentes mentais, mi‑ grantes, portadores de HIV, dependentes químicos e outros marginalizados que, pelo fato de a maioria estar em con‑ dições de vida precária, vêem na rua uma alternativa de vida e o medo da sociedade faz com que sejam encaradas como alguém que não deve ser olhadas. São vistas como uma ameaça por quem está dentro do sistema e, dada sua aparência, roupas e corpos sujos e maltratados, provocam medo e, também, por não terem domicílio fixo são conside‑ rados como seres invisíveis. Fazem parte do cenário urbano e passam despercebidos por grande parte da população, mesclando‑se ao meio da paisagem; pessoas passam por eles, agem com indiferença, como se eles não existissem. Quando conversamos com eles, manifestam e constroem sua heterogeneidade como evidência de um discurso silen‑ ciado por um sistema que não permite que se configurem como seres com identidade legitimada pelo discurso domi‑ nante. Partindo de entrevistas realizadas com essa popula‑ ção, propomos problematizar – através da análise em uma abordagem discursiva‑desconstrutivista, perpassada pelo olhar derrideriano, pela psicanálise freudo‑lacaniana, en‑ trecruzando‑se, sem conflitos, com a filosofia foucaultia‑ na – em suas falas, a relação entre a linguagem, identidade e exclusão que caracterizam esse grupo social. Considerando que a identidade resulta das representações que cada um faz cde si e do outro e que essas representações partem sempre do outro, nosso corpus constitui‑se dos dizeres dos passan‑ tes de rua em situação de albergue; uma vez que temos, na modernidade, a política social de abrigagem como forma de solucionar os problemas de abandono, violência e miséria. O abrigo torna‑se naturalizado como o lugar de uma possí‑ vel igualdade que, na experiência de abrigo, nega e silencia a linguagem que traduz a identidade dos passantes de rua. 52 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O TRABALHO DOCENTE ENTRE O PRESCRITO E O RENORMALIZADO: E AGORA, O QUE FAZER? O PERFIL DO APRENDIZ DE INGLÊS ATRAVÉS DE UMA ANÁLISE FOCADA EM PACOTES LEXICAIS CARLOS HÉRIC SILVA OLIVEIRA (puc–sp) CAROLINA BOHÓRQUEZ GRONDONA (UFMG) Resumo de Paper Resumo de Paper No contexto da Linguística Aplicada, os estudos sobre o trabalho tornam‑se cada vez mais atraentes. Assim, este artigo objetiva apresentar uma reflexão sobre o trabalho docente. Visto o ensino como trabalho, os aportes ergológi‑ cos propõem analisar a atividade humana como desenvolvi‑ mento social composta de normas antecedentes à realiza‑ ção da atividade. Todavia, no trabalho docente, o prescrito torna‑se antecedente da renormalização que humaniza a atividade docente. O distanciamento entre prescrição e re‑ normalização aparece tanto quanto entrecruzada focando a situação do trabalho do professor como desenvolvimento humano em situação educacional. A prescrição é vista como antecipação do trabalho e a renormalização é o possível realizável da atividade do trabalho docente. Desta feita, o quadro epistemológico a ser abordado direciona o estudo à Ciência do Trabalho (DANIELLOU, 2004), (NOUROUDINE, 2002) e Ergologia (SCHWARTZ, 1997, 2002, 2007, 2008), (SOUZA‑e‑SILVA, 2002, 2004). Pretende‑se, com o olhar er‑ gológico mostrar a relação precisada entre a prescrição e a renormalização nas atividades do contexto educacional em situação do trabalho docente, justificando sua relevância na complexa atividade do trabalho como instrumento in‑ trínseco entre o prescrito/planejado e a atividade provável renormalizadora do trabalho do professor. Sendo assim, a atividade humana quando desenvolvida através do prescrito revelar‑se aliada à atividade de renormalização do trabalho docente recriado. A área de Ensino e Aprendizagem de Inglês como Língua Adicional pode ser favorecida pelas descobertas da Linguística de Corpus por esse campo reforçar uma visão de língua que integra o léxico e a gramática, permitindo ofere‑ cer aos aprendizes uma perspectiva da língua em uso. Neste trabalho focamos nos pacotes lexicais – sequências de pala‑ vras que comumente co‑ocorrem em discurso natural (Biber et al. 1999) – por se destacarem como importantes unidades de significado. Anteriormente, estudamos a correlação das variáveis ‘proficiência’ e ‘uso de pacotes lexicais’ (Bohórquez et al. 2012), partindo de pesquisas de corpora de aprendizes brasileiros (Shepherd 2009; Dutra, Orfano & Berber‑Sardinha 2012; Dutra & Berber‑Sardinha no prelo). O presente traba‑ lho analisa os tipos de pacotes lexicais usados por aprendi‑ zes menos e mais proficientes, comparando sua produção à de nativos no contexto da escrita acadêmica. Para tanto, investigou‑se a lista de pacotes lexicais de dois subcorpora do International Corpus of Learner of English (ICLE), repre‑ sentantes dos níveis menos e mais proficientes, e a lista de pacotes lexicais do Louvain Corpus of Native English Essays (LOCNESS). Os pacotes foram classificados de acordo com a Lista de Fórmulas Acadêmicas (Simpson‑Vlach & Ellis 2010) e os testes estatísticos utilizados para comparar os corpo‑ ra foram o Chi‑quadrado, ANOVA e Análise de Aglomerados. Resultados preliminares mostram que a produção de pa‑ cotes lexicais dos aprendizes menos proficientes, em algu‑ mas situações, se aproxima do discurso oral, demonstra uso excessivo de determinadas subcategorias e apresenta um número menor de tipos e quantidades de pacotes lexicais quando comparada à produção de nativos. A comparação que apresentamos busca estabelecer traços de similaridade e discrepância entre a produção do continuum aprendiz‑na‑ tivo, para que futuramente seja possível propor intervenções para o desenvolvimento da fluência e acuidade de alunos de inglês na escrita acadêmica. 53 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada FRAMEWORK DE EXPERIÊNCIAS: CAPTURANDO A COMPLEXIDADE NO ENSINO E APRENDIZAGEM DE LE CAROLINA VIANINI AMARAL LIMA (UFMG) LAURA STELLA MICCOLI (UFMG) Resumo de Paper Experiências podem ser consideradas sistemas adaptativos complexos, por encapsularem processos, cuja compreensão exige desenrolar o emaranhado de eventos conectados à experiência, pelos quais a experiência se constitui. Por sua emergência natural em depoimentos de professores e estu‑ dantes sobre o que vivenciam em sala de aula, defendemos compreendê‑la como construto para documentar a com‑ plexidade do ensino e aprendizagem de LE. O ‘framework de experiências de estudantes e professores’ detalha a natureza de experiências narradas, evidenciando que ensino e apren‑ dizagem extrapolam a exclusividade do pedagógico e cogni‑ tivo na sala de aula. Integram‑se a eles, domínios de experi‑ ências sociais, afetivas, contextuais, conceptuais, pessoais e futuras, confirmando ensino e aprendizagem como proces‑ sos dinâmicos, não‑lineares e, portanto, abertos a imprevisi‑ bilidades. Neste trabalho, argumentamos pela utilização do framework como instrumento metodológico capaz de cap‑ turar tal complexidade e apresentamos depoimentos de alu‑ nos (Miccoli 1997, 2000, 2003; Bambirra, 2009) e professoras (Miccoli 2006,2010, Zolnier, 2011, Vianini, 2012) que a eviden‑ ciam empiricamente. A experiência, como construto, tem se mostrado profícua, na medida em que fomenta e possibilita estudos sobre várias questões que perpassam dinâmicas en‑ tre participantes dentro e fora de salas de aula de LE, propor‑ cionando visão holística desses processos e compreensão do seu sentido maior. BARREIRAS NA COMUNICAÇÃO INTERCULTURAL ONLINE: ANÁLISE DA CONVERSA INTERCULTURAL EM BLOGS DE PLA. CAROLINE CAPUTO PIRES (UFV) Resumo de Paper Visando a analisar os aspectos de interação intercultural relacionados ao ensino de português como língua adicional, o presente artigo apresentará uma análise das barreiras en‑ frentadas por alunos na comunicação intercultural online em blogs de PLA. O artigo mostra como o aspecto da comu‑ nicação intercultural, no qual consiste nas atividades produ‑ zidas pelos alunos intercambistas da Universidade Federal de Viçosa na participação de um blog, enfatiza as barreiras linguísticas na interação linguística. Os blogs de PLA são lu‑ gares de uma comunicação intercultural entre vários alunos intercambistas de nacionalidades variadas e com diferentes visões do mundo. Percebe‑se que a questão da cultura é cla‑ ramente analisada em blogs de comunicação intercultural, então se observa a necessidade de observar as barreiras que os alunos de PLA enfrentam ao participarem e inserir obser‑ vações que auxiliem na identificação de aspectos intercul‑ turais associados à nova língua e a interação online. Para subsidiar esse trabalho nos apoiamos na experiência de en‑ sino de línguas e de ensino PLA e em teóricos como GUMPERZ 1998, GOFFMAN 1980, 1988, GARCEZ 2006, SCHRÖDER 2008, MARCUSCHI 1998. Os resultados do estudo mostraram que as barreiras enfrentadas pelos alunos na comunicação onli‑ ne juntamente com impedimentos linguísticos dificultam o aprendizado da nova língua, aumentando os obstáculos que possam ter na aquisição da língua estrangeira, o que limita‑ rá o processo de ensino e aprendizagem. 54 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O GÊNERO BIOGRAFIA NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA E O DESPERTAR DO PENSAMENTO CRÍTICO E DA AUTOPERCEPÇÃO EM SALA DE AULA: DA AULA REAL PARA O VIRTUAL CASSIANA BITTENCOURT MUSHASHE (UTFPR) GISELE DOS SANTOS DA SILVA (UTFPR) Resumo de Pôster Nesse trabalho apresentaremos o resultado de uma ativida‑ de realizada com uma turma de Ensino Médio de um colégio estadual da periferia de Curitiba, envolvendo os gêneros bio‑ grafia e blog. Após observação e convívio ao longo de um se‑ mestre enquanto bolsistas do PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) com uma turma de 1º ano, notamos que não havia muita interação e união entre os membros do grupo. Sendo assim, decidimos desenvolver um exercício que além de ensinar a língua inglesa, também per‑ mitisse que os alunos se conhecessem melhor e trocassem algumas experiências. Posto isso, tendo em vista a perspec‑ tiva de ensino de língua a partir de gêneros textuais como propõe as DCEs de Língua estrangeira e, segundo a proposi‑ ção de Marcuschi (2002) de que toda interação verbal acon‑ tece por meio de gêneros, sendo a língua entendida como prática social, histórica e cognitiva que privilegia sua nature‑ za funcionalista e interacionista, optamos por trabalhar, pri‑ meiramente, com o gênero biografia. Este gênero, aplicado sob a visão do letramento crítico, além de possibilitar a abor‑ dagem de aspectos linguísticos do inglês, ainda foi uma for‑ ma eficaz de levar os alunos a refletirem criticamente sobre suas histórias de vida e perceberem seus papéis enquanto sujeitos participantes em determinado contexto social, his‑ tórico e cultural. Em conseguinte, após notarmos o quanto os alunos estavam envolvidos com a tecnologia – estavam sempre usando celulares, comentando sobre redes sociais e jogos – decidimos utilizar o gênero digital “blog” para que os alunos publicassem suas biografias e pudessem comparti‑ lhar suas histórias com os demais colegas de classe. O uso do blog também foi a maneira que encontramos para trabalhar o letramento digital com aquele grupo. Em suma, podemos dizer que o resultado alcançado com esse trabalho foi posi‑ tivo e ressignificante tanto para os alunos quanto para nós enquanto professoras. AS CONSEQUÊNCIAS DA REFLEXÃO COLABORATIVA SOBRE UMA PESQUISADORA CHARLENE STEPLANY MARYLIN MENESES DE PAULA (UFG) Resumo de Paper Nesta comunicação, apresento as consequências que o processo de reflexão colaborativa (SMYTH, 1991; IBIAPINA, 2008; MATEUS, 2009; MOITA LOPES, 2006; PESSOA; BORELLI, 2011) – base de sustentação da pesquisa colaborativa que realizei em 2011 no meu curso de mestrado – desempenhou sobre mim. Tal processo, realizado ao longo de quatro me‑ ses em nove sessões reflexivas, foi permeado por micropo‑ deres (FOUCAULT, 2008), que acarretaram inúmeros confli‑ tos (IBIAPINA, 2008; PAULA, 2010) e diferentes resistências (FOUCAULT, 2008), advindos tanto do professor (Henrique) e da professora (Sílvia) participantes quanto da pesquisadora. As minhas resistências apoiavam tipos específicos de verda‑ des: aquelas que rompiam com o socialmente instituído e naturalizado. Entretanto, essas resistências, de certa forma, acabaram sendo vistas por Henrique e Sílvia como imposi‑ ções derivadas de minhas posições ideológicas legitima‑ das em minha autoridade teórica de pesquisadora, ou seja, tornaram‑se veículos de repressão (ELLSWORTH, 1989). Isso me levou a reconsiderar a posição social que eu e também os participantes ocupávamos naquele momento e a pro‑ blematizar minhas narrativas, minha relação com o saber acadêmico e a suposta completude e imparcialidade de todo conhecimento (ELLSWORTH, 1989). Dessa forma, os resulta‑ dos mostram a existência de verdades “para além daquelas que o indivíduo faz ressurgir no seu discurso e na sua prática” (IBIAPINA, 2008, p. 27). Além disso, revelam o levantamento de questionamentos existenciais: os fundamentos científi‑ cos que eu considero estarem me libertando, não estariam, na verdade, me oprimindo? Que tipo de saberes e que rela‑ ções de poder nos produzem? Por que temos a necessidade de acreditar em dogmatismos? A meu ver, essas mudan‑ ças simbolizam o fortalecimento e o amadurecimento de uma pesquisadora. 55 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada LETRAMENTO DIGITAL E APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES CHRISTIANE HEEMANN (UFSC/UAB) Resumo de Paper O cenário mundial vem sofrendo inúmeras mudanças decor‑ rentes do processo de globalização e surgimento sucessivo de novas tecnologias de informação e comunicação. Para as organizações, tal mudança contínua faz com que elas busquem a necessidade de investir no seu capital intelectu‑ al e uma resposta para essas transformações é a Educação Corporativa por meio da Educação a Distância, onde as or‑ ganizações encontraram espaço para atender um grande número de pessoas. Esta expansão se justifica pelos custos elevados da educação presencial, limitações geográficas e de tempo. Nas organizações a aprendizagem também ocorre, e o engajamento em atividades online e as diversas interações levam a diferentes tipos de aprendizagem que requerem a apropriação das tecnologias de informação e comunicação pelos participantes. Tal aprendizagem está li‑ gada ao letramento digital que demanda uma nova maneira de ser no mundo e de se relacionar. O domínio perfeito para se refletir sobre a aliança do conhecimento, aprendizagem e prática no local de trabalho é a ideia central de uma co‑ munidade de prática (LAVE e WENGER, 2006). Este trabalho almeja apresentar questões relacionadas à aprendizagem no local de trabalho e comunidades de prática, vislumbran‑ do possibilidades futuras de ensino e aprendizagem em contextos diferenciados. A IDENTIDADE DO PROFESSORADO DE LÍNGUA INGLESA DE UMA REDE PÚBLICA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO E SEUS MAIORES DESAFIOS NA SALA DE AULA DE UMA CAPITAL BRASILEIRA CHRISTINE SANT ANNA DE ALMEIDA (Puc–SP) Resumo de Paper Esta proposta de comunicação tem por objetivo apresentar parte de uma pesquisa de doutorado em andamento. Tal pesquisa tem como objetivo maior elaborar uma proposta de educação continuada para o grupo de professores de lín‑ gua inglesa de uma rede pública municipal de educação bá‑ sica em um estado da região sudeste da federação brasileira. O específico foco desta apresentação está na identidade do professor de língua inglesa de uma rede pública municipal de educação em uma capital do sudeste brasileiro, bem como na visão desses ao elencarem seus maiores desafios dentro de sala de aula. Esses dados foram obtidos por meio de ques‑ tionários (FOWLER, 1990, e GILLHAM, 2000) na coleta de da‑ dos realizada entre maio e setembro de 2012, que continham questões que versavam quanto ao perfil do profissional da educação, quanto a seus maiores desafios no seu fazer pe‑ dagógico, bem como quanto suas aspirações e desejos em relação a um programa de educação continuada, que real‑ mente vise suas necessidades e trilhe sólidos caminhos para seu desenvolvimento profissional. 56 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada POLÍTICA DE EDUCAÇÃO ONLINE CHRISTOPHER DANE SHULBY (USP) Resumo de Paper O objetivo deste artigo é mostrar a necessidade de prepa‑ ração adequada dos docentes e as normas especificamente para o ambiente online e examina a literatura atual utilizan‑ do o método de síntese agregadora. Diversas instituições de educação e governo foram analisados em uma abordagem temática. Os temas explorados são: 1) moderna geração “nativo digital” de alunos; 2) nuances da sala de aula online; 3) ensino online eficaz; 4) tecnologia hoje; 5) programas de formação de professores. Os observações foram sintetiza‑ dos para fazer recomendações objetivas para o futuro da aprendizagem online. Verificou‑se que que a web traz novas possibilidades, bem como limitações e deve ser avaliada por padrões diferentes de qualidade sem excesso de degradação, nem valorização. No papel novo de facilitador, o professor deve ser orientador dos alunos numa abordagem centrada no estudante. Isto requer uma mudança também no papel do aluno de passivo para ativo. O facilitador deve criar prá‑ ticas eficazes orientadas para o aluno que assistem a aquisi‑ ção de novos conceitos. As práticas eficazes começam com uma melhor filosofia pedagógica organizada, que é melho‑ rada por usos inovadores de tecnologia. Com a abundância atual de opções, é importante para os programas online planejar bem. Não há falta de ferramentas, mas sim de pro‑ fissionais com formação adequada na área. A educação no ensino online no estado atual é verde e muito pouco desen‑ volvida. As universidades e agências governamentais devem desenvolver um padrão de qualidade para os professores e os componentes da sala de aula virtual. A sala de aula virtual é diferente, mas ela deve oferecer aos estudantes resultados comparáveis aos da sala de aula tradicionais. INTERAÇÃO E APRENDIZAGEM EM SITES DE REDES SOCIAIS: UMA ANÁLISE A PARTIR DAS CONCEPÇÕES SÓCIO‑HISTÓRICAS DE VYGOTSKY E BAKTHIN. CÍNTIA REGINA LACERDA RABELLO (UFRJ) Resumo de Paper A forte inserção das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) no contexto educacional no século XXI apresenta grandes desafios para a educação. Por outro lado, se abrem também inúmeras oportunidades de transforma‑ ção nos contextos de ensino e aprendizagem onde profes‑ sores e alunos dispõem de diversas ferramentas online que ampliam as possibilidades de interação e construção colabo‑ rativa de conhecimento para além do ambiente da sala de aula como é o caso da utilização de Sites de Redes Sociais (SRSs). Este trabalho tem como objetivo refletir sobre a con‑ tribuições das concepções sócio‑históricas de Vygotsky e de Bakhtin na aprendizagem mediada pelas TICs a partir de uma experiência de utilização de Site de Rede Social no ensino de língua inglesa no ensino superior. O trabalho relata um estu‑ do exploratório de um grupo formado no SRS Facebook com o objetivo de expandir as interações realizadas na sala de aula. A pesquisa, de caráter interpretativista com elementos de etnografia virtual, buscou identificar como as interações realizadas no SRS contribuíram para a criação de áreas de desenvolvimento potencial que conduzem à aprendizagem. 57 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A INTERAÇÃO EM UM PROJETO DE MULTILETRAMENTOS NA UNIVERSIDADE: HIBRIDISMO DE COMPETÊNCIAS O USO DE TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC) EM SALA DE AULA NO ENSINO DE INGLÊS CLARA DORNELLES (UNIPAMPA) CLARA VIANNA PRADO (PUC–SP) ANTONIA NILDA DE SOUZA (UNIPAMPA) Resumo de Paper Resumo de Paper As tecnologias que nos circundam favorecem a reorgani‑ zação dos papéis desempenhados pelos sujeitos em suas práticas sociais (SANTAELLA, 2007) e esse processo se desen‑ volve pela articulação entre letramentos escolares e multi‑ ‑hipermidiáticos (SIGNORINI, 2012). Para verificar como essas dinâmicas ocorrem em contextos específicos de ensino‑ ‑aprendizagem, este trabalho tem o propósito de analisar os papéis assumidos pelos editores do Jornal Universitário do Pampa (JUNIPAMPA), ao interagirem para co‑construírem o jornal. O JUNIPAMPA, uma ação do Laboratório de Leitura e Produção Textual (LAB), integra em sua equipe professores, alunos e técnicos de uma universidade federal no sul do país, além de membros da comunidade não acadêmica, e visa pro‑ porcionar o uso da linguagem em diferentes práticas sociais, contribuindo para a expressão informativa, crítica e artística, na perspectiva dos multiletramentos (ROJO, 2012; SIGNORINI, 2012). Neste trabalho, analisamos a interação co‑construída pela equipe editorial do JUNIPAMPA, em momentos conside‑ rados “chaves” para o (re)direcionamento das ações em curso. Buscamos na etnografia virtual (MONTEIRO, 2012; ESTALELLA, ARDÈVOL, 2007) os elementos que nos permitiram fazer al‑ gumas escolhas metodológicas e de análise, e na socio‑ linguística interacional o conceito de ‘footing’ (GOFFMAN, 2002), que possibilitou verificar “o que está acontecendo” na interação focalizada e quais papéis os interagentes estão as‑ sumindo. Os dados foram gerados no período de abril a no‑ vembro de 2012, e incluem interações realizadas pela equipe editorial no Facebook, por e‑mail e em reuniões registradas em vídeo, além de anotações de campo. Os resultados apon‑ tam para a simetria de papéis e hibridismo de competências entre os participantes, em que o ensino‑aprendizagem se dá de forma transdisciplinar, orientado para a resolução de problemas. (Projetos CNPq no. 475305/2010–8 /FAPESP no. 2010/41497–9 /PIBIC e PROEXT MEC) O presente trabalho visa apresentar contribuições acerca do uso das tecnologias de informação e comunicação (TIC) em sala de aula no ensino de inglês. Pretende, ainda, con‑ tribuir para (1) um melhor entendimento de como se tem usado a tecnologia (2) como os alunos adolescentes fazem uso destes equipamentos em seu dia a dia (3) discutir as pos‑ sibilidades de aplicação destas tecnologias na sala de aula do ensino de inglês. As bases teóricas que sustentam o es‑ tudo são a Teoria Sócio Histórica e Cultural que tem foco no desenvolvimento e aprendizagem e na Teoria da Tecnologia da Informação. Este projeto se configura em uma pesquisa qualitativa interpretativista de natureza etnográfica e os instrumentos de coleta serão questionários e filmagens de entrevistas conduzidas com alunos adolescentes de diversos contexto durante um período de 6 meses a contar de novem‑ bro de 2012. A realidade atual e a necessidade de estudos so‑ bre o uso de tecnologia na escola é revelada pela existência de diversas pesquisas nacionais e internacionais como por exemplo o projeto interinstitucional “Perspectivas globais no ensino e desenvolvimento através de mídias de edição de vídeo digitais: Um estudo qualitativo no dia a dia de adoles‑ centes marginalizados” que já vêm sendo desenvolvidas pelo programada de Pós Graduação em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem da PUC–SP em conjunto com universi‑ dades estrangeiras ao qual esta pesquisa está ligada; por pu‑ blicações sobre o tema, como Novas Tecnologias, Pressões e Oportunidades por Demo (2009) ou Tecnologias para Transformar a Educação por Sanchos e Hernandez (2006). 58 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A INTEGRAÇÃO DE CALL – COMPUTER ASSISTED LANGUAGE LEARNING – NOS CURSOS DE LETRAS DO ESTADO DO PARANÁ CLAUDIA BEATRIZ MONTE JORGE MARTINS (UTFPR) LETRAMENTOS TRANSNACIONAIS E FORMAÇÃO PLURILÍNGUE: IMPLICAÇÕES PARA PESQUISA EM ENSINO DE LÍNGUA E FORMAÇÃO DE PROFESSORES CLÁUDIA HILSDORF ROCHA (CEL/UNICAMP) Resumo de Paper A relevância da tecnologia no ensino de línguas estrangeiras (LE) é inegável. Entretanto, assim como em outras áreas, a integração não tem ocorrido como se esperava. O ensino de LE é uma das únicas áreas de estudos que possui um campo com nome específico para estudar a sua relação com a tec‑ nologia: CALL ‑ Computer Assisted Language Learning. Esse acrônimo, apesar das críticas, é sigla consolidada em pes‑ quisas e organizações que focam LE e tecnologia. CALL é um ramo jovem da Linguística Aplicada e é por natureza inter‑ disciplinar. Apesar das inúmeras pesquisas sobre CALL, ainda existem lacunas significativas, especialmente no tocante à sua integração em sala. Nesta comunicação serão apresen‑ tados e discutidos os resultados de um estudo que analisou a integração de CALL nos cursos de Letras do Paraná, a partir da perspectiva dos professores de LE. O referencial teórico usado foi o Modelo Esférico de Integração de CALL de Hong (2009). Esse modelo sintetiza descobertas anteriores e mos‑ tra que são três os conjuntos de fatores que representam a essência dessa integração: formação de professores em CALL/tecnologia, fatores individuais e fatores contextuais. A pesquisa foi do tipo levantamento quantitativo. O instru‑ mento de coleta de dados foi um questionário fechado (seis seções / escalas Likert), distribuído para todos os professo‑ res de LE de Letras do Paraná. O uso da tecnologia não foi considerado um construto unitário, mas sim multifacetado. Buscou‑se evitar as limitações analíticas em casos onde os professores usam a tecnologia para diferentes propósitos. Os resultados obtidos mostram como os três conjuntos de fatores do modelo se relacionam com esses usos multiface‑ tados e quais são determinantes para a integração de CALL. A partir desses resultados, professores, formadores de pro‑ fessores, administradores, etc. podem tomar decisões in‑ formadas sobre CALL e são mostrados caminhos para que a integração deixe de ser um problema sem solução. RUBERVAL FRANCO MACIEL (UEMS) Resumo de Paper Se ler e escrever são meios pelos quais as pessoas alcan‑ çam e são alcançadas por outros contextos, então há mais questões acontecendo localmente do que a prática social (WARRIER, 2009). O estudo dos letramentos no âmbito das línguas estrangeiras como prática social tem pouco teori‑ zado o letramento também como uma prática que envolve a habilidade de se manter, viajar, integrar e, neste sentido, Brandt e Clinton (2002) sugerem que as pesquisas nesta temática considerem os potenciais transcontextualizados e transcontextualizantes do que são frequentemente des‑ critos como práticas sociais locais. Nessa direção e com foco mais específico no ensino de línguas adicionais, al‑ guns pesquisadores têm buscado aproximar as filosofias dos Multiltramentos (COPE; KALANTZIS, 2000) e dos Novos Letramentos (GEE, 2010) das teorizações bakhtinianas, com vistas à formação plurilíngue (ROCHA, 2010; 2012). Assim sendo, esta comunicação tem por objetivo apresentar algu‑ mas considerações iniciais sobre o conceito de letramentos transnacionais (SPIVAK, 1992; BRYDON, 2012; BLOMMAERT, 2010; PRINSLOO, 2009; MACIEL, 2012; MOHANTY, 2009) e sua interface com o ensino de língua de base crítica (PENNYCOOK, 2012), ecológica (NUNES, 2005) e participatória (JENKINS, 2009). Além disso, pretende‑se brevemente relatar as pes‑ quisas desenvolvidas em contextos internacionais sobre le‑ tramentos transnacionais, visando à discussão acerca de fu‑ turas direções e de suas possíveis implicações para o ensino de línguas em um mundo globalizado. Por fim, será relatado um diálogo de pesquisa envolvendo universidades brasilei‑ ras e canadenses – Brazil–Canada knowledge Exchange: de‑ veloping transnational literacies (BRYDON et al, 2010). 59 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A CONSTRUÇÃO DIALOGICA DOS SABERES NO CURSO TÉCNICO DE MECÂNICA CLAUDIA MARIA VASCONCELOS LOPES (CEFET/RJ) Resumo de Paper Há muito tempo a sala de inglês para fins específicos tem sido palco para o ensino‑aprendizagem de leitura de textos em áreas específicas. Porém, novas demandas educacionais fazem com que nós, professores de língua inglesa,inaugu‑ remos novas práticas na sala de ESP. Tendo em vista a lei‑ tura como prática social,a educação como um fenômeno interdisciplinar (Cf. Fazenda 2011),e a tendência contem‑ porânea de transpor barreiras disciplinares através da con‑ traposição e articulação de conhecimentos (BASTOS; MOITA LOPES, 2010) percebo a necessidade de visitar práticas que coadunem com as essas novas demandas (Cf. Lopes, 2007). Assim sendo, esta comunicação tem como objetivo princi‑ pal discutir a leitura em língua estrangeira como fonte de conhecimento no viés da interdisciplinaridade. Dessa forma, desenvolvo uma investigação de base etnográfica, seguindo o paradigma interpretativista, a fim de melhor compreender a sala de aula de inglês inserida no contexto do curso técnico de Mecânica com objetivo de buscar novos caminhos para a construção do conhecimento. AS MARCAS EVIDENCIAIS NA FALA DOS ACADÊMICOS ANGOLANOS: UMA REFLEXÃO SOBRE O ESTATUTO DA LÍNGUA PORTUGUESA FUNDAMENTADA NO CORPUS DO PROFALA CLÁUDIA RAMOS CARIOCA (UFC) Resumo de Paper Na linha de pesquisa sobre as políticas linguísticas, o pre‑ sente estudo explicita o quadro sociolinguístico de Angola, particularizando a política linguística e o estatuto da língua portuguesa, como também mostra as representações que os acadêmicos guineenses constroem em seu dizer de língua materna (LM), língua segunda (L2) – língua oficial (LO) e lín‑ gua nacional (LN) – e língua estrangeira (LE) (GROSSO, 2005). A metodologia adotada far‑se‑á em duas etapas: a primei‑ ra diz respeito ao levantamento bibliográfico acerca do es‑ tatuto linguístico de Angola, tendo como foco a situação de oficialidade da língua portuguesa neste país; a segunda apresenta uma análise linguístico‑discursiva das falas de dez dos acadêmicos angolanos, constituídas a partir do corpus do projeto Variação e Processamento da Fala e do Discurso: análises e aplicações (PROFALA) que utiliza o questionário do Atlas Linguístico Brasileiro (ALIB) para realização das entrevistas. O questionário é constituído por questões que focalizam aspectos fonético‑fonológicos, semântico‑lexi‑ cais, morfossintáticos, pragmáticos e metalinguísticos. Este trabalho faz um recorte do questionário e analisa três das perguntas metalinguísticas que foram reformuladas para o contexto africano. Nas falas dos angolanos, a análise focali‑ zará as marcas evidenciais (DIK, 1989; HENGEVELD, 1989), que revelam o nível de comprometimento dos acadêmicos com as várias línguas que coexistem no território angolano. 60 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada NARRATIVAS DE APRENDIZAGEM DE INGLÊS COMO LINGUA ESTRANGEIRA NA FORMAÇÃO DE ALUNOS‑PROFESSORES DE AÇU/RN CLEITON CONSTANTINO OLIVEIRA (UFSC) Resumo de Paper Considerando pesquisas recentes que se preocupam com o estudo do indivíduo, este artigo apresenta um recorte de uma investigação biográfica realizada com quatro alunos universitários de Inglês do estado do Rio Grande do Norte/ Brasil. O estudo objetiva capturar as especificidades e com‑ plexidades nos processos desenvolvimentais de dois grupos de alunos de Inglês como língua estrangeira: dois alunos de graduação e dois de especialização. Assim, a pesquisa tem o intuito de compreender (a) como esses alunos concebem suas próprias aprendizagens de Inglês e (b) como eles veem a si próprios enquanto alunos de Inglês. Os dois grupos de alunos verbalizaram, por meio de entrevistas semi‑estrutu‑ radas, suas experiências passadas com a aprendizagem de Inglês em diferentes contextos. A biografia dos alunos foi organizada em histórias de aprendizagem e analisadas sob uma abordagem narrativa. Essas biografias revelaram que as abordagens de aprendizagem adotadas pelos alunos são particularmente influenciadas pelo impacto dos diferentes contextos de aprendizagem sob os quais eles estiveram expostos durante o processo educacional. Os resultados da pesquisa indicam que os dois grupos de abordagens pa‑ recem estar altamente vinculados ao interesse por cursos de Inglês no grupo da graduação; e auto‑esforço no grupo da especialização. Os resultados também sugerem que es‑ sas abordagens são flexíveis, fluidas e sujeitas a mudanças constantes, e que, portanto, são capazes de se entrelaçarem uma com as outras. DESAFIANDO O PARADIGMA DE QUE NÃO SE APRENDE INGLÊS NA ESCOLA CLIMENE F. B. ARRUDA (UFMG) Resumo de Paper A literatura retrata problemas e desafios (BARCELOS E COELHO, 2007), em relação ao processo de ensino/apren‑ dizagem de língua estrangeira, que poderiam justificar o paradigma da ‘escola como lugar da não aprendizagem do inglês’, em especial, as da rede pública de ensino. Vários estudos revelam um quadro desfavorável ao ensino de in‑ glês na escola pública, como, por exemplo, os descritos em Gimenez et al. (2003), Gasparini (2005), Uechi (2006), den‑ tre outros. No entanto, é preciso alimentar a esperança na possibilidade da aprendizagem de inglês na escola regular e buscar evidências de experiências de sucesso nesse contexto. Sendo assim, o objetivo deste trabalho é mostrar algumas histórias de sucesso na aprendizagem, na escola pública e particular, narradas pelos aprendizes e por seus respectivos professores, a fim de discutir como se explicam essas expe‑ riências bem‑sucedidas, bem como, quais experiências se relacionam ao sucesso na aprendizagem, buscando, assim, desconstruir o paradigma de que é impossível aprender nes‑ te contexto. Para tanto, a investigação narrativa foi adota‑ da como método de estudo. Desse modo, foram coletadas narrativas estudantes –da rede pública e da rede privada de ensino, bem como, narrativas de seus professores. No ma‑ peamento e categorização das experiências bem‑sucedidas, vivenciadas pelos estudantes participantes, utilizou‑se o marco de referência de experiências de Miccoli & Bambirra (2009). Os resultados demonstram que o agenciamento (AHEARN, 2001) dos aprendizes, relacionado à motivação, tem efeitos significativos na aprendizagem da língua. As im‑ plicações desses resultados evidenciam que tratar de ques‑ tões relacionadas a experiências de aprendizagem, na sala de aula de língua, pode fazer diferença no aprendizado dos estudantes de língua inglesa da escola regular. 61 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada POLÍTICAS LINGUÍSTICAS E FORMAÇÃO DE PROFESSORES: (DES)ARTICULAÇÕES DOS DISCURSOS FORMADORES LETRAMENTO E ETNOLEXICOGRAFIA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES COSME BATISTA DOS SANTOS (UNEB) CLORIS PORTO TORQUATO (UEPG) Resumo de Paper Resumo de Paper Neste trabalho, que é parte de uma pesquisa mais ampla, discuto diferentes ações de políticas linguísticas desenvol‑ vidas pelo Estado voltadas, sobretudo, para formação de professores. Essas políticas, enunciadas em documentos oficiais que se pretendem orientadores do ensino, tratam do ensino de língua portuguesa, de línguas indígenas, de LIBRAS e de línguas adicionais. No presente recorte da pesquisa, a metodologia utilizada é caracterizada como análise docu‑ mental, com especial enfoque para a produção dos textos analisados. Com base no arcabouço teórico‑metodológico bakhtiniano, são conceitos fundamentais para análise: sig‑ no ideológico, gêneros do discurso e dialogismo. Neste tra‑ balho, são analisados diferentes volumes dos Parâmetros Curriculares Nacionais relativos ao ensino de línguas (por‑ tuguesa e adicionais), documentos relativos ao ensino de LIBRAS ou de língua portuguesa para surdos e documentos relativos à educação escolar indígena. Uma análise prévia destes documentos mostra, dentre outros aspectos, que, embora tenham sido produzidos no âmbito do Ministério da Educação, parece não haver articulação entre os textos, como se a realidade linguística de cada grupo sociolinguís‑ tico (como surdos e indígenas) em foco no documento não estivesse articulada ao contexto sociolinguístico mais am‑ plo. Essa ausência de articulação pode afetar a formação dos professores no sentido de estes não desenvolverem ações pedagógicas adequadas à complexidade sociolinguística mais ampla em que estão inseridos. No mês de março de 2012, em um curso de sociolinguística re‑ alizado no curso de Licenciatura Intercultural em Educação Escolar Indígena – LICEEI ‑ UNEB, foi apresentada como uma das demandas de formação, o estudo lexicográfico das va‑ riantes linguísticas em uso nas comunidades indígenas en‑ volvidas no curso. O objetivo deste artigo é analisar a produ‑ ção de verbetes dos professores indígenas em conflito com os verbetes sugeridos nos dicionários tradicionais de língua Portuguesa. O pressuposto metodológico se filia à pesquisa qualitativa, do tipo pesquisa‑ação‑formação, e o pressupos‑ to teórico é da Linguística Aplicada, de base interdisciplinar, envolve um quadro conceitual configurado pelos estudos do letramento intercultural, da sociolinguística e pelos estudos etnolexicográficos. A produção dos professores levou em conta o respeito pelo dialeto em uso, como uma demanda da sociolinguística e da cultura, e, ao mesmo tempo, o regis‑ tro escrito dos verbetes, como uma demanda da formação do professor da educação escolar indígena 62 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O QUE É APRENDER INGLÊS A DISTÂNCIA? CRENÇAS DE ALUNOS E A MOTIVAÇÃO CRISTIANE MANZAN PERINE (UFU) A GENRE‑BASED METHODOLY FOR TEACHING ENGLISH AS FOREIGN LANGUAGE IN A PUBLIC SCHOOL IN BRAZIL CRISTIANE MARIA MARTINS GALVÃO (IFG) Resumo de Paper Considerando a Linguística Aplicada com ciência responsiva à vida social contemporânea (MOITA LOPES, 2006) e, posto que, o contexto social contemporâneo é mediado por tec‑ nologias digitais, neste trabalho, focalizamos como se con‑ figuram construtos afetivo‑cognitivos em ambientes virtu‑ ais de aprendizagem. Propomos, então, discutir os resulta‑ dos parciais de uma pesquisa de mestrado que investiga as crenças de alunos acerca da aprendizagem de língua inglesa a distância e sua conexão com a motivação para aprender. Entendemos crenças como ideias, opiniões e pressupostos que alunos têm a respeito dos processos de ensino/aprendi‑ zagem de línguas formulados a partir de suas experiências (BARCELOS, 2001) e motivação algo que nos leva a iniciar e sustentar uma ação (DÖRNYEI, 2005). Essa investigação contou com a participação de 10 alunos de diferentes cur‑ sos de graduação de uma universidade federal no interior de Minas Gerais, inscritos na disciplina “Inglês Instrumental a Distância” (IngRede). Nesta pesquisa de cunho qualita‑ tivo, os dados foram coletados por meio de questionários, diários reflexivos, entrevistas virtuais e observação da par‑ ticipação dos alunos na plataforma Moodle. Na análise dos dados, fez‑se útil o WordSmith Tools. Os dados indicam que os alunos possuem diversas crenças sobre aprender inglês a distância, o uso do computador e os papéis de professores e alunos nesse contexto. Apontam ainda para uma perspec‑ tiva dinâmica da motivação, a qual parece ser intensificada em um contexto a distância, e as múltiplas influências entre o contexto formal de aprendizagem e crenças de aprendizes. Esperamos que este trabalho venha a contribuir com estu‑ dos sobre crenças e motivação buscando apontar implica‑ ções para o processo de ensino/aprendizagem de línguas a distância, visto que tais construtos têm sido pouco explo‑ rados nesse contexto, bem como fomentar discussões e de‑ safios no campo acadêmico referente à disponibilização de disciplinas de línguas em ambientes virtuais. Resumo de Pôster This presentation describes a genre‑based methodolo‑ gy of teaching English as a foreign language in a public high‑school in Brazil. The purpose of the chosen method‑ ology was involving students with the process of learning English as a foreign language and encouraging them to construct meaning through different modalities of texts. All activities were proposed and based on a theoretical re‑ search on genres, motivating the students through written and oral production with the focus on purposeful commu‑ nicative situations that were appropriate to their age and needs. Through this methodology the participants learned vocabulary, text types, grammar, pronunciation, intonation according to different contexts, themes or topics. The activ‑ ities were all developed in groups in order to maximise lan‑ guage interaction encouraging risk taking. The texts types used were: music through lyrics and karaoke, telephone conversation, biographies, directions and many others. The findings of this experience are particularly suitable for edu‑ cational contexts where the students are low in proficiency of English as a foreign language (EFL). 63 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada COCONSTRUINDO NARRATIVAS E NEGOCIANDO AUTORIDADE: A FABRICAÇÃO DA ESTRUTURA FORMAL DA NARRATIVA EM INTERAÇÕES COTIDIANAS FAMILIARES NA FALA‑EM‑INTERAÇÃO CRISTIANE MARIA SCHNACK (UNISINOS) Resumo de Paper Narrativas materializam o mundo, e são o espaço intera‑ cional no qual nos posicionamos em relação às experiências que tivemos (OCHS; CAPPS, 2001). Ao propor que narrativas orais sejam tornadas objeto legítimo de pesquisa, Labov e Walestky (1967) possibilitam que tais narrativas sejam es‑ crutinadas em sua estrutura formal (LABOV; WALESTKY, 1967) e interacional (SACKS, 1992). Narrar possibilita que narra‑ dor e endereçados tornem‑se conarradores da existência (C.GOODWIN, 1984). Para além de sua estrutura formal inter‑ na, uma narrativa sustenta‑se e organiza‑se em função de seus propósitos interacionais (M.GOODWIN, 1990; DE FINA, 2009), que norteiam a posição a ser adotada pelos conarra‑ dores. Calcado na etnografia (O´REILLY, 2009), este estudo analisa narrativas familiares sobre a experiência escolar de uma criança valendo‑se do arcabouço teórico‑analítico da análise da fala‑em‑interação (SACKS, 1992). Participar e en‑ volver‑se em narrativas constitui‑se a “cola” social (OCHS; CAPPS, 2001) que cria e mantém laços familiares. Contudo, as análises demonstram que participar e envolver‑se estão intrinsecamente relacionados à atividade realizada através da narrativa, como a negociação de autoridade familiar, por exemplo. A pesquisa contribui para os estudos de narrati‑ vas, no âmbito da Linguística Aplicada, ao evidenciar que a estrutura formal da narrativa não se sustenta senão na in‑ teração, sendo fruto da atividade na qual os interlocutores se engajam. O TRABALHO COM O GÊNERO CARTA DE SOLICITAÇÃO A PARTIR DE SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS: POTENCIALIDADES DE UMA ABORDAGEM. CRISTIANE NORDI (UFSCAR) Resumo de Paper Esta pesquisa tem o objetivo de problematizar o trabalho com gêneros na escola, a partir de uma proposta de interven‑ ção, junto a uma turma de sexto ano do Ensino Fundamental de uma escola pública do interior de São Paulo. O referencial teórico está pautado nos estudos do Interacionismo Social (BAKTHIN, 2000, 2002; VYGOTSKY, 1989) e especificamente nos estudos advindos do Interacionismo Sócio discursivo, em sua vertente didática sobre a utilização dos gêneros textuais em sala de aula (BRONCKART; DOLZ, NOVERRAZ e SCHNEWULY, 2004, 2005, 2006, 2007). A fim de desenvol‑ ver um trabalho que integrasse as práticas lingüísticas, que favorecesse o uso situado da língua e que contribuísse com o desenvolvimento efetivo dos alunos, optou‑se metodo‑ logicamente pelo desenvolvimento de uma seqüência di‑ dática (SD), enquanto instrumento de trabalho docente e de coleta de dados para a investigação. Assim, adotamos a perspectiva da Pesquisa–Ação, encontrando no paradigma qualitativo o caminho natural, já que esta pesquisa é uma forma orientada para a resolução de problemas e/ou a trans‑ formação de uma dada situação. Os resultados alcançados com a pesquisa demonstraram algumas potencialidades da SD enquanto metodologia de trabalho com a língua. Esta é um excelente método para identificar as capacidades e difi‑ culdades dos alunos e de melhor adaptar o trabalho do pro‑ fessor na aula. Dessa maneira, os resultados demonstraram que o desenvolvimento da Sequência Didática é produtivo e viável, porque torna possível ao professor trabalhar conteú‑ dos formais (ortografia, flexão verbal) e a produção textual ao mesmo tempo, além, do mais importante, que é a função social do gênero. Por fim, não menos importante, a elabo‑ ração do modelo didático e da própria SD fez com que me apropriasse de teorias importantes para a minha formação, o que me fez perceber que só mudamos a prática quando en‑ tendemos e nos apropriamos de teorias adequadas à natu‑ reza da linguagem. 64 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA: ESTUDOS ACERCA DA COGNIÇÃO INFORMADA E COGNIÇÃO REPRESENTADA NA PRÁTICA CRISTIANE OLIVEIRA CAMPOS GONELLA (UFSCAR) CLAUDIA JOTTO KAWACHI‑FURLAN (UFSCAR) ELIANE HERCULES AUGUSTO‑NAVARRO (UFSCAR) Resumo de Paper Nesta comunicação, apresentaremos dados obtidos em duas pesquisas de pós‑graduação que buscaram investigar a cognição do professor de língua inglesa pré‑serviço e em serviço. De acordo com Borg (2006), a prática de professores é influenciada por uma gama de cognições pré‑ativas, inte‑ rativas e pós‑ativas. Nesse sentido, o ensino de línguas pode ser visto como um processo que é definido por interações dinâmicas entre cognição, contexto e experiência. Em um dos trabalhos, buscamos investigar a cognição do professor recém formado com relação ao ensino‑aprendizagem de gramática, tendo em vista que a formação teórica desses participantes foi pautada nos estudos de Batstone (1994) e Larsen‑Freeman (2003) que defendem a visão de gramática fundamentada na possibilidade de desenvolvê‑la como ha‑ bilidade (grammar as a skill / grammaring). Em outro estudo, analisamos a cognição de professores em formação acerca da utilização de gêneros discursivos na produção de material didático para o ensino de inglês. Investigamos tanto a cog‑ nição informada como a cognição representada na prática, ambas discutidas por Borg (2006), sendo que a análise da última revelou grande empenho por parte dos participantes no sentido de integrar o conhecimento teórico à atividade prática (JOHNSON, 2006). Os resultados de ambos os estu‑ dos sugerem que as oportunidades de prática assistida du‑ rante a formação docente contribuíram para a articulação teoria e prática. Desse modo, verificamos que quando o foco da formação deixa de ser o que os futuros professores devem saber para recair sobre quem são eles e como eles aprendem a ensinar (GRAVES, 2009), a formação se estabelece como um processo de desenvolvimento, com impactos mais signi‑ ficativos e melhor compreendidos. RELAÇÕES ÉTNICO‑RACIAIS NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO DE LÍNGUA INGLESA CRISTIANE ROSA LOPES (UEG) Resumo de Paper Apesar de vários documentos oficiais, como, por exemplo, os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998, 2000) e a Lei Federal 10.639/03 (BRASIL, 2003), tornarem obrigatória a educação das relações étnico‑raciais nas escolas públicas e privadas de Ensino Fundamental e Médio, pesquisas indi‑ cam que muitos cursos de formação de professores/as ain‑ da não integraram a diversidade étnico‑racial às suas pau‑ tas (FERREIRA, 2006, 2008, 2009; GONÇALVES, MENEZES & TEODORO, 2011; MOITA LOPES, 2002; SILVA, 2011). Diante disso, as universidades estão sendo formalmente instruídas para a inclusão de discussões sobre diversidade em seus currículos (BRASIL, 2002, 2005). Esta comunicação visa discutir resul‑ tados iniciais de uma pesquisa, que tem como objetivo ca‑ pacitar alunos/as da graduação em Letras: Português/Inglês, de uma universidade pública no interior de Goiás, para a in‑ corporação de atividades críticas, focando o tema raça/et‑ nia, nas aulas de língua inglesa do Estágio Supervisionado. A discussão tem como embasamento teórico: a Linguística Aplicada Crítica (MOITA LOPES, 1999, 2002, 2006; PENNYCOOK, 2001, 2006); a formação crítica de professores/as (FERREIRA, 2006, 2009; GIROUX, 1997, PESSOA & BORELLI, 2011); racismo e educação (CAVALLEIRO, 2001, FERREIRA, 2011). 65 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada USO DE CORPORA PARA O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA PARA PROFISSIONAIS DE PUBLICIDADE CONTRIBUIÇÕES FOUCAULTIANAS PARA A POLÍTICA LINGUÍSTICA: PODER E DISCURSO EM TELA CRISTINA MAYER ACUNZO (PUC–SP) CRISTINE GORSKI SEVERO (UFSC) Resumo de Paper Resumo de Paper Esta pesquisa objetivou o desenvolvimento de atividades de ensino de inglês como Língua Estrangeira com o uso de corpora para profissionais da área de Publicidade. O ensino Línguas Estrangeiras para profissionais de áreas específi‑ cas é um desafio, por existir pouco material disponível no mercado que atenda às necessidades dos alunos de comu‑ nicar‑se em seu meio profissional. Além disso, o uso de cor‑ pora na preparação de materiais e sua aplicação na sala de aula ainda são incipientes. Baseamo‑nos na Linguística de Corpus, que proporciona a pesquisa, o estudo e a explora‑ ção da língua em uso (BERBER SARDINHA, 2004) por meio da análise de um corpus e de ferramentas computacionais que nos permitem extrair os padrões lexicogramaticais distinti‑ vos da área estudada. Coletamos e analisamos um corpus de 1 milhão de palavras da área de Publicidade e desenvolve‑ mos dois tipos de atividades, que envolveram pressupostos de ensino variados, de forma a mostrar que atividades com corpora podem ser utilizadas independentemente da abor‑ dagem de ensino usada pelo professor. Alguns dos padrões estudados e usados nas atividades são: ad spending, ad network(s), ad revenue, ad campaign(s), run an ad, launch an ad, place an ad e do an ad. As atividades proporcionam aos alunos a exploração dos padrões por meio de textos, bem como das ferramentas WordSmith Tools, AntConc e do concordanciador COCA (Corpus of Contemporary American English). Com o uso da Linguística de Corpus em sala de aula, objetivamos levar o aluno à reflexão sobre a linguagem e ao uso da língua com eficiência, dando‑lhe voz, de forma que o ensino possa partir de seus questionamentos sobre esse uso e o professor possa agir como um guia e facilitador, ajudan‑ do‑o a encontrar suas respostas e customizando o ensino às suas necessidades. O presente trabalho visa explorar, apresentar e discutir as possíveis contribuições dos trabalhos de Michel Foucault, em especial de sua fase genealógica dedicada ao estudo da relação entre poder, discurso e subjetividade, para as refle‑ xões do campo de saber intitulado “Política Linguística”. Para tanto, inicialmente, procede‑se a um levantamento dos conceitos de política, poder e língua, bem como das meto‑ dologias, que constituem este saber. Na sequência, apresen‑ tam‑se os conceitos foucaultianos de relações de poder e de discurso, considerando suas contribuições para o campo a partir de uma questão comum a todas as concepções de po‑ líticas linguísticas: Quem planeja o que para quem e como? (Cooper, 1989). Com isso, desmembram‑se as reflexões sobre as “Políticas Linguísticas” considerando, a partir de um olhar foucaultiano, os participantes e instâncias reguladoras dos discursos e práticas, o objeto e os sujeitos‑alvos do planeja‑ mento, e as diferentes formas de atuação/intervenção das políticas linguísticas. Para tanto, ilustra‑se a discussão com dois casos: (i) o multilinguismo na rede digital e (ii) o multi‑ linguismo em contextos pós‑coloniais, em especial na África do Sul. Tais casos permitirão refletir sobre a complexidade da relação entre línguas, discursos e poder em que estão em jogo, respectivamente, (i) a dimensão tecnológica cuja en‑ grenagem de funcionamento é política e opera como instân‑ cia reguladora de discursos e práticas, (ii) a dimensão local de uso da língua em que as avaliações e apreciações dos sujei‑ tos envolvidos são basilares para o planejamento linguístico. 66 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada OS GÊNEROS POÉTICOS NA SALA DE AULA: UM LUGAR DE TRAVESSIA E POIÉSIS. CYNTHIA AGRA DE BRITO NEVES (UNICAMP) AVALIAÇÃO DE DUAS DISCIPLINASDE UM CURSO ON‑LINE DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES CYNTHIA REGINA FISCHER (IFSP/GEALIN–Puc–sp) Resumo de Paper Este trabalho é parte de uma pesquisa de campo realizada em salas de aula em dois “lycées” de Grenoble, na França, ao longo de 2011. Acompanhei, como pesquisadora‑observado‑ ra, atividades que envolviam a circulação dos gêneros poéti‑ cos em classes do ensino secundário francês, contrastando essas dinâmicas com as observadas aqui no Brasil, em dois colégios de São Paulo, durante 2010 e 2012. Sob essa pers‑ pectiva, constatei semelhanças e diferenças didáticas no ensino de literatura lá e cá, bem como observei heranças e influências da pedagogia francesa em nosso ensino/aprendi‑ zagem de poesias no Ensino Médio – foco da minha tese de doutorado, ainda em andamento. Destaco, contudo, neste trabalho, a dificuldade dos professores franceses e brasilei‑ ros em “transpor didaticamente” (Chevallard, 1991) os gêne‑ ros poéticos para a sala de aula, distanciando os alunos do “prazer do texto” (Barthes, 2006). Na França, os docentes co‑ bram de seus alunos a “lecture expressive”, isto é, a leitura de poesias em voz alta e direcionam essas leituras muitas vezes visando à composição do “commentaire composé” – ambas exigências do “baccalauréat” (o “bac”). No Brasil, os gêneros poéticos são lidos no Ensino Médio em função dos vestibu‑ lares e do ENEM. Tanto em território francês como em terri‑ tório nacional, os gêneros poéticos se encontram fragmen‑ tados em materiais didáticos, engessados em questionários estereotipados, cuja atenção se dirige ao aspecto formal do poema e à busca pelas figuras de estilo; na classificação de Gebara (2002), um tipo de leitura de decodificação ou “leitu‑ ra eferente”. De acordo com a crítica de Petit (2002) e Rouxel (2004), o Ensino Médio transformou a leitura em uma práti‑ ca formal, dissecante, longe de desenvolver a sensibilidade e/ou a criatividade dos alunos. Acredito, no entanto, que a sala de aula deva ser o espaço – e por que não? – da “poié‑ sis”; defendo ainda, um ensino/aprendizagem de poesias menos preocupado com a transposição e mais inspirado na travessia. MARIA APARECIDA GAZOTTI VALLIM (FATEC–ZL; FOC) Resumo de Paper De acordo com Filatro (2008), como acontece na educação presencial, o modelo de aprendizado eletrônico adotado em um curso de educação a distância tem “importantes implica‑ ções para os processos de desenho instrucional”. O motivo dessas implicações é a influência da opção por uma deter‑ minada abordagem pedagógica e/ou andragógica que nor‑ teará o design instrucional do curso. Este trabalho tem por objetivo analisar o design instrucional de duas disciplinas de um curso de Formação Pedagógica para Docentes de Ensino Profissional de Nível Médio na modalidade à distancia em ambiente digital para quatro polos de educação a distân‑ cia no estado de São Paulo. As disciplinas Fundamentos da Didática e Metodologia de Ensino I e Escola e Currículo fo‑ ram avaliadas com o intuito de criar subsídios para sua re‑ ‑elaboração e reaplicação. O design instrucional em foco é analisado à luz das tecnologias adotadas, modelos de apren‑ dizado eletrônico e modelos de design instrucional (FILATRO, 2008). As disciplinas foram oferecidas para o segundo mo‑ dulo da primeira turma do curso, com cerca de 200 alunos. 67 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O TRABALHO DE ENSINO COM TEXTOS E A IDENTIDADE DO PROFESSOR: REFLEXÕES SOBRE AS PEDRAS DO CAMINHO GÊNERO E FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA ESTRANGEIRA MEDIADO PELO COMPUTADOR DAIANE DA COSTA BARBOSA (UFAL) DANIE MARCELO DE JESUS (UFMT) JOSÉ ADAILTON CORTEZ FREIRE (UFAL) Resumo de Paper Resumo de Paper Este trabalho tem por objetivo refletir sobre a visão do pro‑ fessor acerca do processo de leitura, procurando analisar como seu trabalho de ensino contribui para a formação da identidade profissional. Configura‑se como um ensaio teóri‑ co, qualitativo‑descritivo, motivado pela experiência docen‑ te dos autores, sustentando‑se nos postulados de Geraldi (1997), quando afirma que, ao longo da história da educação brasileira, foram construindo‑se diferentes identidades so‑ bre a ação de ensinar, a partir da relação entre o conteúdo de ensino e o produto da pesquisa científica. São elas: o profes‑ sor enquanto mestre, como transmissor de conhecimentos e enquanto controlador da aprendizagem. Observou‑se que esta última identidade ainda é muito presente e disputa o espaço com a segunda identidade. Entretanto, a primeira, o professor enquanto mestre, distancia‑se cada vez mais do perfil docente atual. Geraldi sustenta que a presença do texto na sala de aula pode desconstruir essa realidade, per‑ mitindo que o trabalho do professor volte a ser o de produtor de conhecimentos, configurando‑o como mestre. Contudo, tem se percebido que, apesar da presença do texto na sala de aula, há muitos casos em que a identidade do professor não apresenta mudança significativa, revelando a existên‑ cia de outros aspectos e suas implicações para o proble‑ ma. Os apontamentos aqui traçados discutem ainda o pa‑ pel do livro didático, enquanto intermediador do trabalho de ensino. O objetivo deste trabalho é investigar as representações de alunos do curso de Letras/língua inglesa em um blog educa‑ cional de uma Universidade Federal brasileira. O propósito é entender como o tema sobre gênero é apresentado no dis‑ curso dos participantes. O estudo se insere numa perspec‑ tiva crítica do discurso, apoiado nos estudos sobre gênero e sexualidade. A metodologia de pesquisa é de caráter inter‑ pretativo, e a análise buscou apreender as representações discursivas que se materializam nas escolhas linguísticas dos usuários do blog. A metodologia de pesquisa é de caráter in‑ terpretativo, e a análise buscou apreender as representações discursivas que se materializam nas escolhas linguísticas dos usuários do blog. As conclusões apontam que a reflexão crítica pode ser uma excelente ferramenta para questionar o discurso hegemônico heteronormativo na formação de pro‑ fessores. As conclusões apontam que a reflexão crítica pode ser uma excelente ferramenta para questionar o discurso hegemônico heteronormativo na formação de professores. Esta investigação faz parte de uma série de trabalhos de ca‑ ráter interpretativo a respeito do ensino e da aprendizagem de língua no espaço virtual. O enfoque pretendido é enten‑ der com as práticas ciberespaciais podem alterar o dizer e o fazer de docentes em serviço e em pré‑serviço envolvidos em experiências educativas sob a égide de interações mediadas pelo computador. Dos resultados, espera‑se colher subsídios que possam auxiliar na discussão da formação de educado‑ res na seara digital. 68 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada ENGLISH LANGUAGE TEACHING IN VOCATIONAL EDUCATION: SOME PEDAGOGICAL PRACTICES DANIEL DE MELLO FERRAZ (USP) Resumo de Paper Vocational (technical/technology) education has been emphasized and valued by government´s discourses and practices. São Paulo´s Etecs and Fatecs, for example, have more than tripled in terms of schools and of students in the past decade. According to Fartes, Santos and Gonçalves (2010), educational reforms have pointed to recognition of vocational education, and the teacher´s professional knowledge assumes an important role within this context. My interest is the debate between the technical and the critical education which, according to Martins (2000), is the great challenge of technical education. I believe this de‑ bate should also be incentivized in contexts other than vo‑ cational education. For this presenation, I briefly introduce some theoretical grounding of this work. Then, I discuss some activities that were done in my classes at FATEC as attempts to focus on both linguistic enhancement and crit‑ ical awareness (Menezes de Souza and Monte Mór, OCEM, 2006). In the end I suggest some other activities and some articles through a handout. GÊNEROS DO DISCURSO ORAL PÚBLICO: UMA PROPOSTA DE AVALIAÇÃO DE UM PROJETO PEDAGÓGICO DE APRESENTAÇÕES ORAIS DANIELA DONEDA MITTELSTADT (UFRGS) CAROLINE SCHEUER NEVES (PPE ‑ UFRGS) Resumo de Paper Este trabalho tem como objetivo apresentar e discutir a pro‑ posta de avaliação de um projeto pedagógico desenvolvido em uma turma de português como língua adicional. O proje‑ to foi desenvolvido na disciplina de Práticas do Discurso Oral, cujo foco é a aprendizagem de gêneros do discurso orais pú‑ blicos. Para o desenvolvimento do curso e da sua posterior análise, partimos das concepções de projeto pedagógico como plano de ação com abertura para possibilidades de en‑ caminhamento e de resolução (BARBOSA, 2004) e de avalia‑ ção como processo contínuo e coerente com o trabalho em sala de aula (SCHLATTER; GARCEZ, 2012). O projeto em foco tinha como objetivo o desenvolvimento de uma apresen‑ tação oral com PowerPoint sobre variação linguística para ser apresentada para uma turma de uma escola destinada à Educação de Jovens e Adultos de Porto Alegre. A avaliação mostrou‑se como uma forma de dar aos alunos mais oportu‑ nidades para refletir sobre o seu desempenho, bem como de fomentar a discussão sobre quais critérios são importantes no planejamento e na realização de uma apresentação oral com PowerPoint. Com este trabalho, pretendemos contri‑ buir para a discussão sobre o desenvolvimento de projetos envolvendo gêneros orais e o seu processo de avaliação em aulas de língua adicional. 69 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O ENSINO DA GRAMÁTICA NA SALA DE AULA DE ITALIANO COMO LÍNGUA ADICIONAL DANIELA NORCI SCHROEDER (UFRGS) Resumo de Paper O ensino da gramática é um tema fundamental para a didá‑ tica do ensino de línguas. A proposta desta comunicação é refletir sobre o modo como trabalhamos as questões gra‑ maticais na sala de aula de italiano como língua adicional em contexto brasileiro. A revisão teórica deste estudo parte dos conceitos de ensino com foco na forma como propostos por Long (1991), Long & Robinson (1997) e Spada (1997, 1999, 2004). Spada (1997) definiu o tratamento com foco na forma como “a ação pedagógica utilizada para chamar a atenção dos aprendizes para uma determinada forma linguística de modo implícito ou explícito”. Levo em consideração tam‑ bém os documentos oficiais que balizam o ensino de línguas em contexto brasileiro, como os Parâmetros Curriculares Nacionais – Língua estrangeira (1998) e, mais recentemen‑ te, os Referenciais Curriculares da Secretaria de Educação/ RS: Língua Portuguesa e Literatura, Línguas Estrangeiras Modernas – Espanhol e Inglês (2009). A reflexão que propo‑ nho procura questionar os seguintes aspectos: abordagem da gramática em sala de aula, maneiras como o profes‑ sor pode inserir o ensino com foco na forma na sua prática docente e em que momentos estas ações podem ser mais eficientes. Não há como aprender uma língua sem apren‑ der a estrutura desta língua. A discussão é quando, como e porque aprofundar questões gramaticais aos alunos de língua adicional. CENTROS DE AUTOACESSO: UMA PROPOSTA PARA CURRÍCULO BILÍNGUE A FUNÇÃO DOS CENTROS DE AUTOACESSO NA APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA E NO DESENVOLVIMENTO DA AUTONOMIA DO APRENDIZ DANIELE BLOS BOLZAN (UFRGS) Resumo de Paper Este trabalho de pesquisa analisa o processo do desen‑ volvimento da autonomia de três alunos da 4ª série do Ensino Fundamental de uma escola com currículo bilíngue Português / Inglês. Baseando‑se em princípios etnográficos, os dados foram gerados durante um trimestre letivo em que os alunos participantes frequentaram, semanalmente, nas aulas de língua inglesa, centros de autoacesso. O objeti‑ vo dos centros de autoacesso era proporcionar a interação entre os alunos para a co‑construção de diálogos, com ou sem a intervenção da professora, tendo em vista os concei‑ tos de teoria sociocultural (Vygotsky, 1984) como mediação, internalização, Zona de Desenvolvimento Proximal e scaf‑ folding, a partir da crença de que aprendizagem ocorre na performance (Swain & Lapkin, 1998) e princípios das perspec‑ tivas sociocultural I e II de autonomia propostas por Oxford (2003). Relato na análise quais foram os critérios utilizados por cada participante na escolha do centro a ser trabalhado e descrevo sua atuação dentro dos diferentes moldes de ta‑ refas propostas em diferentes etapas, assim como seu papel no grupo durante a atividade. Por fim, trago dados acerca do background familiar e personalidade dentro e fora dos centros, obtidos nas entrevistas com os familiares. Os resul‑ tados mostraram que a partir de um objetivo comum na sala de aula, que é a aprendizagem de língua inglesa e mais espe‑ cificamente a construção de diálogos, existe uma negocia‑ ção de papéis (Lantolf, 2000). Há momentos em que aquele aluno mais experiente, através da interação, colaboração, imitação, experiência compartilhada e pistas, auxilia outros menos experientes e momentos em que ele é o auxiliado a fim de que aquilo que ele consegue fazer com o auxílio do ou‑ tro em determinada etapa da atividade, consiga fazer com maior autonomia no futuro, levando‑o a tornar‑se um usuá‑ rio mais autônomo de segunda língua e a tornar‑se cada vez mais responsável pela busca de seu conhecimento. 70 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada LA LITERACIDAD CRÍTICA EN EL AULA DE E/LE: LA LECTURA LITERARIA AUXILIANDO EN ESE PROCESO DANIELE MENDONÇA DE PAULA CHAVES (UFPA) Resumo de Pôster Comprendemos que el proceso de aprendizaje de una len‑ gua involucra más que solamente el estudio de las reglas estructurales de ese idioma. Así, para el efectivo aprendiza‑ je de un idioma, el individuo no puede ignorar la sociedad a que esta lengua esta sometida, ni tampoco sus ideolo‑ gías y estructuración de poder, contribuyendo así para que esta persona reflexione sobre la lengua y la sociedad en la que esta se presenta. De este modo, la persona es capaz de desarrollar también una reflexión crítica en relación a la so‑ ciedad en que esta insertada. En este sentido, la literacidad crítica viene contribuir para la construcción de una compre‑ sión e interpretación de la realidad, de uno mismo en cuanto miembro de una sociedad y de las prácticas sociales a desa‑ rrollar. Esto nos lleva a plantear las Orientações Curriculares (2006) cuando resalta la función social de la enseñanza de lenguas extranjeras y la formación y cambio de actitudes proporcionadas por el contacto con el otro. Dentro de este abordaje, esta investigación propone el uso de la literatura en las clases de ELE, principalmente con obras relacionadas a la Amazonia, como una manera de desarrollar la literacidad crítica en el aprendiente de E/LE en Brasil. Para tanto el basa‑ mento teórico de esta investigación se plasma en el estudio de temas como literacidad crítica, lectura literaria, metodo‑ logía de enseñanza, además de análisis de procedimientos de comprensión lectora en una lengua extranjera. POLÍTICAS E PLANEJAMENTO DO ENSINO MÉDIO (INTEGRADO AO TÉCNICO) E DA LÍNGUA ESTRANGEIRA (INGLÊS): NA MIRA(GEM) DA POLITECNIA E DA INTEGRAÇÃO DANIELLA DE SOUZA BEZERRA (IFG) Resumo de Paper Partindo da hipótese de que a proposta de integração cir‑ cunscrita ao Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnica (EMIEPT) devia implicar de alguma forma em uma constituição idiossincrática das dimensões do ensino de seus componentes curriculares, recorre‑se à história, aos construtos teóricos e às políticas curriculares com vistas a apreender como o que é historicizado, almejado e pres‑ crito (deveria) impacta(r) a materialização desse conjunto na elaboração da dimensão do planejamento de ensino do Componente Curricular Língua Estrangeira–Inglês (CCLEI). Para tanto, este estudo se caracteriza como exploratório e descritivo (GIL, 1996) e faz uso das pesquisas bibliográfica e documental (CELLARD, 2008). No total, são analisados, qua‑ li‑quantitavamente (FLICK, 2009), sessenta e duas matrizes curriculares, vinte e dois planos de cursos e quatorze emen‑ tários, os quais foram catalogados nos sítios eletrônicos de IFs. Os resultados da análise bibliográfica evidenciam que o EMIEPT 1) se singulariza pelos fundamentos oriundos da con‑ cepção de educação omnilateral e politécnica e de escola uni‑ tária baseado no programa de educação de Marx (e Engels) e de Gramsci, pelos fundamentos de currículo integrado e pela missão de escamotear a dualidade de classes brasileira via superação da dualidade histórica entre formação geral e for‑ mação profissional; 2) tem seus fundamentos hibridizados no âmbito das recentes políticas curriculares de modo que o horizonte da politecnia acaba ficando a cargo das próprias instituições que o adotarem e 3) e o CCLEI podem se sincro‑ nizar caso os objetivos linguísticos e instrumentais se con‑ juguem com os objetivos educacionais (específicos) o que pode ser feito à luz abordagem de letramento crítico (BRASIL, 2006) integrada (ou não) às outras abordagens de ensino he‑ gemônicas no Brasil. Já os resultados da análise documental mostram que o que é almejado e prescrito para o CCLEI não está sendo incorporado pelos planejamentos de ensino. 71 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada ABORDAGEM SOCIOLÓGICA E COMUNICACIONAL DE CURRÍCULOS LATTES: UMA AMOSTRA DA CONSTITUIÇÃO DAS IDENTIDADES COLETIVAS. DANIELLE BRITO DA CUNHA (UFRN) JOÃO PAULO LIMA CUNHA (UFRN) Resumo de Paper Os estudos em ciências humanas, de modo geral, tem se pautado em apresentar as múltiplas facetas das identida‑ des em tempos líquidos. Nesse pensamento, a Linguística Aplicada (LA) tem se posicionado de forma indisciplinar (MOITA LOPES, 2006), frente às identidades, sejam elas indi‑ viduais ou retratos dessa individualidade em identidades co‑ letivas (sociais). Este estudo está inserido nessa problemati‑ zação, mais especificamente, sobre as identidades coletivas de sujeitos pesquisadores da linguagem, com alguma for‑ mação em literatura. O presente trabalho se propõe ao le‑ vantamento e análise dos usos linguísticos na constituição das identidades valorizadas e suas implicações para enten‑ der a prática social que reveste o currículo como um discurso acadêmico. Ratificando uma LA autônoma, esta pesquisa tem como base teórico‑metodológica a Análise Crítica do Discurso (ACD). Contudo, sabendo que essa corrente possui diversas abordagens, utilizaremos a Abordagem Sociológica e Comunicacional do Discurso (ASCD) dado ao seu foco abrangente quanto ao estudo do sujeito e das identidades individuais e coletivas. A ASCD utiliza como suporte teórico, dentre outros, os estudos sociológicos de Guy Bajoit (2008) e os estudos da Linguística Sistêmico‑Funcional. Em nosso enfoque, analisamos 10 (dez) currículos lattes de estudiosos da literatura de 2 (duas) Instituições Federais – Universidade Federal de Sergipe (UFS) e Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A escolha de apenas um campo do saber da linguagem visou, exclusivamente, o cumprimento do objetivo do trabalho, sendo assim, não há uma pretensão quantitativa, mas um método qualitativo‑interpretativo que não se responsabiliza por cálculos em forma de porcen‑ tagem ou probabilidade sobre os textos apurados. Acima de tudo, nossa análise demonstrou que é possível conferir a presença dessa identidade fragmentada, fluída, mutante mesmo em um gênero considerado cristalizado. ESTUDO SOBRE AULAS DE HISTÓRIA COM FOCO NO USO DA LÍNGUA ESCRITA DANUSE PEREIRA VIEIRA (UFRJ) Resumo de Paper Nas escolas, costuma‑se atribuir a baixa proficiência em lín‑ gua escrita como responsabilidade do professor de Língua Portuguesa. Com base no quadro teórico proposto por Bakhtin, Vygotsky, Wittgenstein e Fairclough, que aponta para a linguagem como prática social e para o uso socioin‑ teracional do discurso e do ensino, refleti, durante minha pesquisa de mestrado, o papel e o uso da leitura e escrita em duas diferentes classes de História de uma escola pú‑ blica. Certamente, ao optar por esse campo de pesquisa, deparei‑me com questões que nos levam a pensar sobre o letramento do aprendiz, em como tornar o ensino mais sig‑ nificativo, para que este possibilite o aluno atuar no meio social de forma mais crítica e reflexiva. Colocando‑me como pesquisadora, não quis indicar modelos a serem seguidos, nem tampouco uma forma correta ou errada de atuação do‑ cente, não trabalhei sobre esta dicotomia, nem quis provar hipóteses. No entanto, o estudo possibilitou‑me sublinhar a necessidade de se colocar a linguagem como elemento cen‑ tral no processo educacional. O objetivo nesta comunicação é dividir o resultado de minha pesquisa e refletir o uso do par leitura–escrita operando como ferramenta de (re)constru‑ ção do mundo e de letramento escolar. 72 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada IRONIA: DOU MINHA PALAVRA! DARCILIA MARINDIR PINTO SIMOES (UERJ /CNPQ) Resumo de Paper Entende‑se que o trabalho com o léxico não tem sido pres‑ tigiado suficientemente nas classes de língua portugue‑ sa. Por isso vimos desenvolvendo uma pesquisa destinada a demonstrar a importância da seleção lexical adequada, como garantia para a consecução do projeto comunicati‑ vo subjacente ao texto. Para demonstrar sumariamente o processo de investigação, esta comunicação se constituirá da seguinte forma: 1) Explanação da meta da pesquisa que é um estudo do semântico‑estilístico do léxico na produção de efeitos irônicos nos textos. 2) Base teórica na iconicidade verbal e na perspectiva lexicogramatical, com apoio digital. 3) Articulação entre a base teórica e a constituição técnica da ironia. 4) Demonstração da proposta de análise em pe‑ ças textuais. 5) Considerações finais sobre a possibilidade de aplicação das respostas obtidas na orientação discente de leitura e produção textual. Partindo da premissa de que a base representativo‑expressional dos textos tem no plano lexicogramatical seu arcabouço semântico‑estilístico, vi‑ mos fazendo levantamentos auxiliados pela ferramenta do WordSmith Tools que, em seguida, são discutidos com su‑ porte na ferramenta de em que seus cotextos são observa‑ dos, para identificar valores e funções semântico‑estilísticas orientadas para a construção da ironia. Essa pesquisa o obje‑ tivo de subsidiar estratégias didático‑pedagógicas relativas à leitura e à produção de textos, inicialmente, no ensino su‑ perior, mas com vista a sua expansão para os outros níveis de ensino. OS CURSOS DE LETRAS APÓS A EXPANSÃO UNIVERSITÁRIA DA “ERA LULA”: MAPEAMENTO E RUMOS DAVID JOSÉ DE ANDRADE SILVA (UFPR) Resumo de Paper A política expansionista universitária iniciada na primeira gestão do ex‑presidente Luís Inácio Lula da Silva com o pro‑ jeto “Expandir” e o programa de Reestruturação e Expansão Universitária – REUNI marcou um salto de ampliação de va‑ gas federais no ensino superior e o sonhado acesso das po‑ pulações interioranas à universidade. Contudo, a deflagra‑ ção de greves nas Instituições Federais de Ensino Superior – IFES desde de 2011 tem exposto pontos frágeis na política do Ministério da Educação no que concerne à qualidade do tra‑ balho docente e, consequentemente, à atividades de ensi‑ no, pesquisa e extensão que propiciem aos estudantes uma educação plena. Relacionado à este cenário macro, as ins‑ tâncias deliberativas das IFES também possuem grande par‑ cela de responsabilidade no processo decisório de apoio às políticas do MEC e na execução dos projetos que submetem para receber os recursos e implantar as metas pactuadas. O presente trabalho objetiva centrar as discussões sobre o eixo ensino nesse processo de expansão, considerando que é a primeira representação do ensino universitário para a so‑ ciedade pela idealização profissional almejada nos cursos de graduação. Assim, serão apresentados dados relativos aos cursos de Letras criados a partir de 2003 nas IFES, incluindo perfil, condições de oferta, corpo docente e vagas discentes. Será dada ênfase aos cursos de formação de professores, em especial os de Língua Inglesa. A metodologia apoiar‑se‑á na busca virtual de documentos fornecidos pelas instituições e outros canais oficiais do MEC que produzem dados para o tema em pauta. A fundamentação teórica se embasará nas discussões sobre: política linguística, de Rajagopalan (2003, 2005, 2006); formação de professores, de Saviani (2009); for‑ mação de professores de línguas, de Celani (2008), Almeida Filho (2008) e Paiva (2003, 2004, 2005). 73 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada CRENÇAS NO PROCESSO DE ENSINO‑APRENDIZAGEM DE ESPANHOL COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA (ELE) A BRASILEIROS: UMA ANÁLISE SOB A PERSPECTIVA DA FONOLOGIA DE USO CYBER LOVE: A REPRESENTAÇÃO DE IDENTIDADES MASCULINAS EM SITES BRASILEIROS DE RELACIONAMENTO DAVIDSON MARTINS VIANA ALVES (UFRJ) Segundo van Leeuwen (2008), todas as representações do mundo e do que nele ocorre, sejam elas mais ou menos abs‑ tratas, devem ser interpretadas como representações (ou recontextualizações) de práticas sociais. Nessa linha, utilizo o marco analítico para a análise do discurso de viés crítico proposto por esse autor, assim como os preceitos da Análise Crítica de Discurso e da Linguística Sistêmico‑Funcional, para discutir a recontextualização midiática de elementos chave de uma prática social particular, a busca de uma par‑ ceira amorosa – seus atores, seus papeis e identidades; as ações das quais participam e com que estilos performáticos; os cenários de atuação, as relações de tempo‑espaço, etc. Minha análise também explora, a partir de uma perspecti‑ va das ciências sociais críticas, as conexões entre identida‑ de e consumo, ou o que Bauman (2008) chama de fetichis‑ mo da subjetividade: a representação dos sujeitos sociais como produtos que estabelecem relações comerciais entre si. Mais especificamente, investigo como homens usuários de sites de relacionamento recontextualizam a prática so‑ cial da “busca amorosa” em um gênero discursivo particular: os perfis construídos por usuários de três sites de relacio‑ namento disponíveis no Brasil – Badoo, Par Perfeito e POF (Plenty of Fish). Como esse trabalho faz parte de um projeto de pesquisa em andamento, ainda não há resultados finais a serem apresentados. Resumo de Pôster O presente trabalho faz parte do projeto de pesquisa deno‑ minado: Análise do Processo de Ensino/Aprendizagem de Línguas Estrangeiras a Brasileiros – Problemas de Sotaque e de Pronúncia, que, de certo modo, tangencia o tema da in‑ clusão/exclusão social por meio da linguagem e objetiva dis‑ cutir o ensino de Espanhol como língua estrangeira (ELE) sob aspectos fonético‑fonológicos. Nesse processo, os conceitos de prestígio e de estigma, variantes padrão e não‑padrão, pronúncia popular e standard são fortemente evidenciados. Parte‑se do ponto de vista preconizado por Labov (2008) (trad. BAGNO, M. apud CALVET (2002) [trad. MARCIONILO, M.]) de que o objeto de estudo da linguística não é apenas uma língua em particular ou várias línguas, mas a comunidade social vista também sob seu aspecto linguístico. No que tan‑ ge à evolução fonética das consoantes espanholas sabe‑se que durante o século XV já eram perceptíveis notáveis mu‑ danças fonéticas relacionadas ao uso e a significativos ele‑ mentos extralinguísticos. Entretanto, como a língua nun‑ ca interrompe seu fluxo de funções e nem deixa de evoluir, outros fatos linguísticos também atuaram diretamente no sistema e seus efeitos se fizeram sentir, como o que ocorreu com as três sibilantes do espanhol do século XVI que se con‑ centravam em um espaço articulatório reduzido, pelo seu contraste fonético ser pequeno. Nessa perspectiva cita‑se Bybee (2001a), que relaciona a produtividade de um padrão a sua frequência de tipo e de ocorrência, vinculando‑a aos propósitos comunicativos do falante e a sua competência pragmática. Por fim, busca‑se entender a sistematização de determinados modos de falar, bem como a construção de uma imagem identitária dos falantes de Espanhol como Língua Estrangeira. DEBORA DE CARVALHO FIGUEIREDO (UFSC) Resumo de Paper 74 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada CRÍTICA TEXTUAL, LIVRO DIDÁTICO E ENSINO: UMA ABORDAGEM FILOLÓGICA DÉBORA DE SOUZA (UFBA) WILLIANE SILVA COROA (UFBA) O CAMPO PROFISSIONAL DOS EGRESSOS DE LICENCIATURA EM LÍNGUA INGLESA NA CIDADE DE BELO HORIZONTE – UMA DESCRIÇÃO POSSÍVEL DÉBORA FERNANDES DE MIRANDA (UFMG) Resumo de Paper A Crítica Textual, atividade de restituição dos textos, é uma vertente da prática filológica. Entre uma das preocupações da Crítica Textual está a elaboração de normas editoriais que devem ser utilizadas em transcrições de textos (principal‑ mente literários) para espaços outros (incluindo‑se os livros didáticos). Observando‑se que, em geral, as casas publica‑ doras brasileiras geralmente não preservam a integridade do texto e que os textos transcritos para os livros didáticos apresentam problemas como supressão de trechos, por exemplo, propõe‑se, neste trabalho, observar como tex‑ tos literários aparecem em livros didáticos, de modo geral, adotando como fundamentação teórico‑metodológica os pressupostos da Crítica Textual em que se tem como objeti‑ vo principal a edição e a interpretação de textos. Nessa pers‑ pectiva, observa‑se a importância de uma prática editorial voltada, sobretudo, para o estabelecimento de textos em li‑ vros didáticos, a partir de critérios filológicos, levando‑se em consideração, por um lado, a necessidade de preservação e de transmissão daqueles, e por outro, a responsabilidade e o compromisso da escola na formação de cidadãos competen‑ tes. Nesse sentido, desenvolve‑se uma análise do processo de transmissão de alguns textos literários apresentados em livros didáticos, o que permite fazer uma leitura de que tex‑ tos são oferecidos aos alunos, e de que maneira os mesmos estão expostos. Resumo de Paper O objetivo desta comunicação é apresentar os resultados parciais de uma pesquisa de doutorado sobre o valor do diploma de licenciatura em inglês no contexto contempo‑ râneo, marcado pela massificação do ensino e pela desva‑ lorização da profissão docente (DURU‑BELLAT, 2006; GATTI, BARRETO, 2009). Para o desenvolvimento da pesquisa, foi necessário traçar um cenário do principal campo profissio‑ nal dos professores de inglês em Belo Horizonte: escolas públicas, escolas particulares e cursos de idiomas. Para isso, quatro diretores de cada um desses campos escolares foram entrevistados e questionados sobre os seguintes assuntos: a) o valor do ensino de inglês nas instituições; b) o trabalho do professor de inglês; e c) o perfil do professor de língua in‑ glesa. O que se evidencia nos depoimentos dos diretores das escolas públicas é a distância entre o que seria ideal e o que de fato ocorre nas aulas não somente de língua inglesa, mas também de todas as disciplinas. Fatores como indisciplina e desinteresse por parte dos alunos tornam o ambiente bas‑ tante desafiador para os docentes, que têm adoecido e se ausentado mais. Nas escolas particulares, os depoimentos indicam que o valor e a eficiência da disciplina estão dire‑ tamente relacionados aos objetivos do ensino de inglês na escola pesquisada. Quanto mais difusos, menor o valor da disciplina, mais difícil o trabalho e maior rotatividade de professores. Quanto mais bem definidos, melhor o ensino, melhor o desempenho dos alunos, maior valorização da matéria e permanência prolongada do mesmo professor na escola. Por meio do depoimento dos coordenadores, é possí‑ vel afirmar que a licenciatura em inglês possui importância apenas relativa quando a questão é a seleção de professores para cursos livres. O requisito imprescindível continua sendo a proficiência no idioma. Porém, a tendência nesse campo é o surgimento de mais professores não só fluentes no idioma, mas também formados ou cursando Letras. 75 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O PROFISSIONAL DO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA E O SEU OBJETO DE ENSINO: “DO YOU KNOW WHAT I MEAN?” DEBORA I. BALSEMÃO OSS (UNISINOS) Resumo de Paper Este estudo qualitativo interpretativista tem por referência a pesquisa na área da formação de professores de segunda lín‑ gua (L2) e aspira à melhoria da qualidade de ensino como um todo. De natureza reivindicatória / participatória (Creswell, 2010), os procedimentos investigativos comtemplam a voz do professor de língua inglesa que atua no ensino médio da educação básica brasileira, através das suas narrativas autobiográficas (Paiva, 2009; Kalaja, Menezes e Barcelos, 2008; Bruner, 2004; Johnson e Golombek, 2002; Connelly e Clandinin, 1990) e das relações possíveis de serem depreen‑ didas a partir da análise dos dados gerados por estes profis‑ sionais, pelo pesquisador (Borg, 2006; Clandinin e Connelly, 2000; Freeman, 1998; Moen, 2006; Pavlenko, 2007; Rabelo, 2011). O estudo abraça elementos especificamente relacio‑ nados à cognição dos professores (Borg, 2009, 2006 e 2003) para proporcionar a elevação da consciência dos participan‑ tes do estudo – inclusive a do próprio pesquisador – com vis‑ tas a uma formação coerente com o papel que o professor de L2 do ensino médio pode desempenhar na formação dos jovens. Idealmente, uma formação que vislumbre coerência com as necessidades intelectuais e técnicas da formação de nossos jovens e que abra espaços educacionais que contem‑ plem a diversidade de interesses da parcela jovem da popu‑ lação brasileira, pode contribuir com a promoção de ações sociopolíticas necessárias para a ampliação de opções dos jovens egressos deste nível escolar (Schwartzman, 2010; Castro, Barros, Ito‑Adler e Schwartzman, 2012). A TRADUÇÃO REPRESENTADA: UMA ANÁLISE DE QUESTÕES TRADUTÓRIAS A PARTIR DA RELAÇÃO ENTRE REPRESENTAÇÕES COGNITIVAS, SOCIAIS E PÚBLICAS DE TRADUTORES EM FORMAÇÃO DÉBORA MENDES NETO (UFOP) Resumo de Paper Este estudo apresenta os resultados parciais de uma pesqui‑ sa em andamento que objetiva realizar uma análise acerca de questões tradutórias – definição de tradução, competên‑ cias necessárias à atividade tradutória, papel e status do tra‑ dutor e da tradução na sociedade – a partir da identificação e análise das representações dessas questões por tradutores em formação. Baseando‑se nos conceitos apresentados pela Teoria da Relevância (Sperber& Wilson, 1986/1995), procu‑ ra‑se verificar até que ponto as representações enunciadas por tradutores em formação são observadas nas práticas tradutórias e o nível de consciência desses aprendizes sobre o papel de tais representações na formação de representa‑ ções públicas e no reforço de determinados estereótipos culturais sobre o tradutor e a tradução. A pesquisa tem como outros referenciais teóricos Alves (1996), Gutt (2000), Sperber (2001) e Gonçalves (2006) que, utilizando a Teoria da Relevância, trazem valiosas contribuições para o entendi‑ mento de questões cognitivas pertinentes à tradução; além do aporte de Moscovisci (2000) e Charaudeau (2006), que nos permitirão uma reflexão sob o ponto de vista sociodis‑ cursivo das representações analisadas. A metodologia cons‑ ta de: a) aplicação de um questionário prospectivo, para pa‑ dronização do perfil dos informantes; b) realização de uma atividade tradutória com auxílio dos programas Translog e Camtasia, que possibilitam a documentação das ações dos tradutores; e c) uso de protocolos retrospectivos que, por meio dos comentários sobre as ações documentadas, nos permitirão a análise de possíveis relações entre representa‑ ções explícitas e as tomadas de decisão em determinadas passagens da tarefa de tradução. Espera‑se encontrar atra‑ vés das análises dos registros, marcas implícitas e explícitas de representações mentais que refletirão representações so‑ ciais a respeito da problemática da tradução, que contribui‑ rão para aprofundar questões teóricas e didático‑pedagógi‑ cas na formação do tradutor. 76 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O POTENCIAL DA PLATAFORMA GALANET PARA PRÁTICAS ESCOLARES DE LÍNGUA ESTRANGEIRA E MATERNA DÉBORA SECOLIM COSER (UNICAMP) Resumo de Paper O objetivo dessa comunicação é discutir o papel da inter‑ compreensão entre línguas próximas como potencial ideal para a aprendizagem tanto de língua estrangeira como de língua materna. A partir de postulados correntes sobre mul‑ tiletramentos na literatura pertinente à linguística aplica‑ da, parte‑se para a análise de um contexto específico que fomentaria essas práticas na escola: o uso da plataforma Galanet. Essa plataforma emprega a heterogeneidade e a pluralidade das práticas sociais contemporâneas de leitura e escrita por meio da multiplicidade de linguagens, semioses e mídias nos textos multimodais que nela circulam, e tam‑ bém pela pluralidade e diversidade cultural experenciadas pelos usuários nas interações plurilíngues. O estudo dos ambientes de comunicação mediada por computador da plataforma busca demonstrar que nos encontros intercultu‑ rais promovidos pelo Galanet o ato de aprender e/ou ensinar uma língua no contato com o outro torna‑se um exercício reflexivo, despertando interesses metalinguísticos nos inte‑ ractantes. Destaca‑se, ainda, o refinamento de capacidades discursivas necessárias para o sucesso em eventos interati‑ vos, tais como as de detectar mal‑entendidos e colocar‑se hi‑ poteticamente no lugar do outro durante a interaçãO, capa‑ cidades essas que o processo educional tradicional busca de‑ senvolver nos alunos por meios ultrapassados. Defende‑se que o uso de plataformas que visam a intercompreensão em contextos plurilíngues, como é o caso da Galanet, pode ser pensado tambem como caminho para um novo letramen‑ to que teria impactos qualitativos no ensino de português nas escolas brasileiras, levando‑se em conta contextos reais de aprendizagem e práticas transculturais que os alunos já desenvolvem no seu cotidiano às margens do conteúdo que lhes é passado na escola. O CORPO DIFERENTE EM NARRATIVAS DE SUPERAÇÃO DEBORA SOARES PESSOA (UFV) Resumo de Pôster O corpo concebido como um constructo histórico, social e cultural, meio pelo qual a sociedade se expressa e se cons‑ titui no mundo (BUTLER,2008), muitas vezes acaba sendo docilizado, controlado, disciplinado pelas estruturas e insti‑ tuições (FOUCAULT,1987). O culto ao corpo perfeito se tornou quase uma obrigação, e o corpo que é marcado, de algum modo, pela deficiência ou diferença (o corpo diferente) é, muitas vezes, marginalizado, silenciado e ocultado pelas mí‑ dias. O discurso como modo de ação e interação é o meio pelo qual os indivíduos podem agir e se posicionar sócio‑ ‑historicamente no mundo (FAIRCLOUGH,2003). As práticas discursivas, ao contribuírem para a construção, reprodução, contestação e reestruturação das identidades sociais e po‑ sições do sujeito (FAIRCLOUGH,2001), por um lado, reprodu‑ zem a sociedade, mas por outro, possibilitam o indivíduo a transformá‑la socialmente. Assim, as pessoas que passaram por uma situação, acidente ou doença, que modificou em algum aspecto o seu corpo, ao relatarem suas experiências, resignificam e reconstroem suas identidades e crenças por meio do discurso. O presente trabalho tem por objetivo prin‑ cipal promover reflexões acerca de como o corpo diferente é representado no gênero situacional narrativa de superação à luz da Análise do Discurso Crítica. O corpus é constituído por dez narrativas midiáticas, extraídas do Portal da Superação, produzido para a novela Viver a Vida, da emissora de tele‑ visão Rede Globo. Para a análise das narrativas, utilizou‑se o Sistema de Transitividade (HALLIDY & MATHIESSEN,2004). A análise discursivo‑crítica nos permite compreender me‑ lhor o diferente, além de possibilitar‑nos analisar as relações de poder que são mantidas ou desafiadas, as ideologias evi‑ denciadas no texto e as mudanças sociais que podem resul‑ tar do poder constitutivo e ideológico do discurso. 77 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada PARCERIA DA EDUCAÇÃO CONTINUADA E A INICIAL: ENSINO E APRENDIZAGEM DEISE PRINA DUTRA (UFMG) MATEUS EMERSON DE SOUZA MIRANDA (UFMG) MÉTODOS RECONSTRUTIVOS NA PESQUISA EM ENSINO DE LÍNGUAS: MÉTODO DOCUMENTÁRIO E ANÁLISE DA CONVERSA DENISE GISELE DE BRITTO DAMASCO (UNB) Resumo de Pôster O ensino de línguas requer um profissional crítico e reflexi‑ vo e, para isso, é preciso que a formação inicial contribua de forma significativa, preparando os futuros profissionais com autonomia e atitude investigativa (Gimenez e Cristóvão, 2004). Nesse sentido, o projeto de educação continuada que participamos também oferece aos alunos da graduação, a oportunidade de contato com os professores‑alunos (pro‑ fessores de inglês da rede pública de ensino), envolvendo‑os com a realidade educacional dos participantes e, assim, pre‑ parando‑os para o exercício da docência. Para os alunos de graduação este é um momento para serem expostos às dis‑ cussões metodológicas e à prática reflexiva (Dutra e Mello, 2004). Desta forma, o objetivo desta pesquisa é investigar a) o papel do projeto de formação continuada na formação inicial dos alunos do curso de Letras em seus processos de desenvolvimento da identidade como professores, e b) como os professores‑alunos entendem sua colaboração na forma‑ ção inicial dos monitores. Os dados foram coletados através de narrativas escritas pelos alunos da graduação, atuais e ex‑monitores, e questionários respondidos pelos profes‑ sores‑alunos do projeto. Inicialmente, verificamos que o Projeto proporciona aos graduandos maior segurança para atuação em sala e conhecimento de novas técnicas de ensi‑ no baseadas nos textos teóricos indicados pelo projeto, des‑ tacando‑se a importância de basear a prática nas reflexões propostas pela Linguística Aplicada. Os professores‑alunos consideram o contato com os graduandos fundamental, e acreditam colaborar para a construção do perfil profissional dos alunos em formação inicial. A experiência em um progra‑ ma de educação continuada proporciona a reflexão sobre os processos de ensinar e aprender línguas e colabora com o desenvolvimento profissional durante o curso de graduação, envolvendo os alunos de graduação com a realidade educa‑ cional fora da universidade. Resumo de Paper Essa comunicação apresenta o referencial teórico‑meto‑ dológico de uma pesquisa de doutorado da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília que aborda dois eixos: juventude e língua estrangeira. Aproxima‑se do campo da linguagem, pois tratar de língua estrangeira significa tratar de linguagem e língua. Pretende‑se conhecer o/a jovem es‑ tudante e a/o jovem professor/a da rede pública do Distrito Federal que se encontra em escolas específicas de idiomas e entender suas visões de mundo e seu universo. Como percurso metodológico utilizou‑se métodos reconstruti‑ vos de análise de dados qualitativos, a saber: a) o Método Documentário de Ralf Bohnsack na análise de entrevistas em grupos de discussão com jovens estudantes e jovens professores/as de língua estrangeira, cujas bases estão na Sociologia do Conhecimento de Karl Mannheim e b) Análise da Conversa, que se encontra ancorada na Etnometodologia e na Sociolinguística Interacional, a partir de Garfinkel, Traverso e Marcuschi. O Método Documentário e a Análise da Conversa oferecem aportes teórico‑metodológicos para realizar pesquisas no âmbito dos estudos das práticas so‑ ciais, dentre as quais pesquisas educacionais. Pretende‑se apresentar como instrumento de coletas de dados o grupo de discussão a partir de Bohnsack e Weller. Mesmo ciente de que no Brasil, há uma tendência para utilizar o grupo focal em pesquisas qualitativas educacionais, optou‑se pelo gru‑ po de discussão, pois o mesmo favorece a interação entre os/ as participantes e a compreensão das orientações coletivas que surgem dessa interação. Pretende‑se apresentar um exercício metodológico realizado com jovens estudantes de línguas do Distrito Federal durante esta pesquisa doutoral. 78 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada OBJETO(S) DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NOS DOCUMENTOS PARAMETRIZADORES DE ENSINO MÉDIO E SUA FILIAÇÃO TEÓRICA: DEFINIÇÕES E IMPLICAÇÕES PARA A FORMAÇÃO DOCENTE LÍNGUA E CULTURA NO ENSINO‑APRENDIZAGEM DE PORTUGUÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA DENISE LINO DE ARAÚJO (UFCG) A partir da década de sessenta, o ensino de língua estrangei‑ ra ou segunda língua direcionou‑se para uma visão comu‑ nicativa (HYMES, 1994). Neste tipo de abordagem, o aluno passa a ser treinado para usar estratégias de comunicação e analisar o seu próprio discurso, familiarizando‑se com a realidade cultural a qual está sendo exposto. A aprendiza‑ gem de uma língua estrangeira/segunda língua implica na assimilação de uma nova cultura, segundo Ferreira (1998) ou como defende Brown(1987, p.128): “a aprendizagem de uma segunda língua, em alguns aspectos, envolve a aquisição de uma segunda identidade”. Acredita‑se que, trabalhando de modo mais enfático o envolvimento entre língua e cultura dentro e fora da sala de aula, é possível que o aluno venha a produzir uma forma mais eficiente de comunicação em circunstâncias reais de uso, favorecendo a construção do significado, de identidades sociais e o desenvolvimento de um conhecimento compartilhado, procurando ajudar o aprendiz de LE a desenvolver um senso crítico sobre língua e cultura e a se comunicar apropriadamente na língua‑alvo. Em uma perspectiva interculturalista, argumenta‑se a fa‑ vor da valorização do saber cultural do aprendiz através da aquisição da cultura estrangeira, a partir do conhecimento da língua e da cultura maternas. Legitimando esta posição, Kramsch (2000) afirma que o entendimento de uma cultura estrangeira requer a colocação desta em relação com a nati‑ va, apresentando uma maneira de pensar mais cuidada so‑ bre a cultura alvo e a de origem. O professor que adota uma posição interculturalista passa a ser definido como um edu‑ cador consciente que constrói o conhecimento junto com o aluno, despertando o seu senso crítico e contribuindo para o seu crescimento como pessoa. Resumo de Paper A expressão objeto(s) de ensino tem sido usada recorren‑ temente na área de Linguística Aplicada, todavia carece ainda de uma revisão sistemática capaz de apontar os sen‑ tidos que lhe tem sido imputados. Este trabalho se vincula a uma pesquisa mais ampla na qual se buscou realizar um esboço do estado da arte sobre essa expressão, tendo como escopo os documentos nacionais parametrizadores do en‑ sino médio. Para este trabalho especificamente, apresen‑ tamos a noção de objeto de ensino tal como aparece nas Orientações Curriculares para o Ensino Médio (Brasil, 2006) e nos Fundamentos Teóricos Metodológicos do ENEM e cor‑ relacionamos um dos objetos – escrita – à filiação teórica es‑ boçada, tendo em vista realizar uma reflexão sobre o efeito retroativo desses documentos na formação de professores de português como língua materna. Este trabalho se funda‑ menta no paradigma interpretativo, apoiando‑se na teoria da complexidade, que nos permite realizar uma (re)leitura da noção de objeto de ensino, tal como proposta pela escola de Genebra (Dolz, Gagnon e Decândio, 2010). Trabalhamos na pesquisa como com dados bibliográficos entendidos como documentos/monumentos (Le Goff 1997), recolhidos dos documentos parametrizadores citados. Os resultados ainda em andamento apontam que não há definição do conceito objeto de ensino nos documentos, muito embora vários objetos sejam apresentados, nem sempre os mesmos. A filiação teórica ora faz apagar determinados objetos ora faz surgir outros. Este quadro nos parece potencialmente crítico pelo efeito retroativo (SCARAMUCCI 2004) causado no ensino médio e na formação docente. As principais con‑ tribuições deste trabalho situam‑se na articulação de uma proposta, em fase de construção, de leitura crítica dos do‑ cumentos parametrizadores na formação de professores de português como língua materna. DENISE MARIA OLIVEIRA ZOGHBI (UFBA) Resumo de Paper 79 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada LETRAMENTOS NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA: DIVERSIDADES E ALTERIDADES NO ENSINO E APRENDIZAGEM DE LEM ENTRE ALUNOS DE EJA DENISE SILVA PAES LANDIM (USP) Resumo de Paper A finalidade do trabalho é apresentar a investigação realiza‑ da como pesquisa de mestrado sobre as relações de diversi‑ dade e alteridade no processo de ensino e aprendizagem de Língua Inglesa entre alunos de Ensino de Jovens e Adultos. A pesquisa qualitativa de cunho etnográfico adotou como procedimento a observação de aulas de língua inglesa de duas professoras em duas escolas municipais em bairros da periferia da cidade de São Paulo. Além da observação de aulas, ocorrida entre os meses de setembro a novembro de 2012, as duas professoras e alguns alunos participaram de entrevistas semi‑abertas e aplicaram‑se questionários im‑ pressos e online. Com a fundamentação teórica dos estu‑ dos de novos letramentos e multiletramentos (Lankshear, Knobel, Gee, Freebody, Luke, Cope, Kalantzis, Lemke, entre outros) preconizam‑se ensinos e aprendizagens de letra‑ mentos no contexto das transformações sociais, linguísticas e cognitivas advindas do desenvolvimento da sociedade glo‑ balizada e em rede (Castells). Entende‑se que os letramen‑ tos apropriados para o mundo contemporâneo contemplem a variedade e a diversidade de linguagens, discursos, repre‑ sentações e culturas que as novas tecnologias e a globaliza‑ ção têm proporcionado às pessoas. Nessa variedade e diver‑ sidade, encontram‑se múltiplas possibilidades de alteridade, elemento constitutivo de identidades. Nesse sentido, acre‑ dita‑se que o emprego dos multiletramentos pode capacitar os alunos a alcançar os objetivos da educação contemporâ‑ nea: criar acesso à linguagem – sempre em mudança – do trabalho, ao poder e à comunidade, apoiando o engajamen‑ to crítico para que se planejem futuros sociais. O tema se mostra relevante por proporcionar a reflexão diante da cons‑ tatação de que os alunos investigados compõem um grupo de indivíduos a que diversos bens simbólicos, econômicos e culturais, como a própria escolarização, foram restritos. Tal situação se torna ainda mais complexa no contexto das de‑ mandas da sociedade em rede e globalizada. CRENÇAS E EMOÇÕES DE PROFESSORES DE INGLÊS EM SERVIÇO DENIZE DINAMARQUE DA SILVA (UFV) Resumo de Pôster Há cada vez mais trabalhos sendo realizados no Brasil sobre crenças e emoções no ensino e aprendizagem de línguas (Barcelos e Coelho, 2010; Aragão, 2005, 2008; Mastrella, 2002; Mastrella‑de Andrade 2012). Sabe‑se que as crenças são co‑construídas e resultantes das nossas experiências e da interação social (Barcelos, 2006), estando intrinsica‑ mente relacionadas de maneira complexa com a agência do aprendiz, e do professor e com ações que ora facilitam ou di‑ ficultam aprendizagem ou ensino de uma língua estrangeira. Da mesma forma, a emoção está presente na sala de aula de línguas (Wright, 2006; Aragão, 2005, 2008), já que a motiva‑ ção está ligada ao domínio emocional. O presente trabalho busca estabelecer uma correlação entre crenças e emoções de professores. Utilizando questionários semiabertos e en‑ trevistas narrativas gravadas, este estudo, em andamento, procura identificar as crenças e emoções de professores de inglês em serviço e compreender a relação dessas com sua prática, bem como investigar o que esses professores de in‑ glês acreditam e sentem sobre suas práticas atuais de ensi‑ no da língua e como essas crenças e emoções se relacionam. Trata‑se de um estudo qualitativo de cunho exploratório e descritivo que conta com a participação de 12 professores de inglês em serviço de escolas públicas de uma cidade da Zona da Mata de Minas Gerais. 80 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada NAVEGANDO CONTRA A MARÉ: UMA ANÁLISE DISCURSIVA DE DIZERES SOBRE A (NÃO) ADESÃO ÀS REDES SOCIAIS MULTICULTURALISMO: UMA ANÁLISE DO(S) DISCURSO(S) MULTICULTURAL(IS) DO CANADÁ E DA AUSTRÁLIA DEUSA MARIA DE SOUZA PINHEIRO PASSOS (USP) DIEGO BARBOSA DA SILVA (UERJ) Resumo de Paper Resumo de Paper A popularidade das redes sociais, no Brasil, medida, princi‑ palmente, pelo crescimento acelerado do número de inter‑ nautas adeptos dos vários sites disponíveis, em especial, o Facebook, reflete o alcance desses meios de comunicação e sua pertinência para a configuração das formas de interação humana. Os brasileiros, em especial, ocupam um dos pri‑ meiros lugares no rol dos usuários mais integrados e fami‑ liarizados com o meio, no qual celebram diariamente uma existência “faceboqueana”, alimentando, com disciplina quase inabalável, essa dimensão da sua identidade, afetada, em sua constituição, pelos efeitos discursivos de sua relação com a sociedade na qual se inserem e dos modos de circula‑ ção de seus dizeres. O grande número de adeptos das ditas novas práticas do ciberespaço tende a tornar estranha qual‑ quer manifestação contrária ao reconhecimento da rede so‑ cial como lugar onde se deve estar. Recorrendo à noção de ética como responsabilidade, este trabalho busca investigar, a partir da análise de um corpus composto por entrevistas com alunos de graduação de inglês de uma universidade pú‑ blica de São Paulo, como se enuncia a não‑adesão às mídias sociais. Interessa‑nos, sobretudo, o modo como, no gesto de recusa do pertencimento ao meio, se constrói discursi‑ vamente a exclusão voluntária como alternativa para a ex‑ pressão de singularidades, por meio de uma voz localizada na direção oposta ao imaginário pró‑redes sociais. Nestas últimas décadas observamos o crescimento da mi‑ gração e a intensificação da globalização que, favorecendo o contato entre culturas, trouxe e traz uma série de ques‑ tões e desafios de convivência e de reformulação de con‑ ceitos como nacionalismo, cidadania, direitos humanos e sujeito universal. Nossa pesquisa de doutorado visa justa‑ mente pensar estas questões por meio da análise discursiva (PÊCHEUX, 2009 [1975]; ORLANDI, 2007) do multiculturalismo, sobretudo o discurso multicultural da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Para esta apresentação analisamos, a partir da noção de acontecimento discursivo de Pêcheux (1997; 1999), o surgi‑ mento do termo multiculturalismo no Canadá e na Austrália, os primeiros países onde foi utilizado nos anos 1960 e 1970. O que está em jogo e o que não está quando se diz multi‑ culturalismo? O que esses sentidos silenciam? Há paráfrases e deslizamentos em torno desses sentidos? No Canadá, um dos poucos países colonizados por duas metrópoles euro‑ peias, observamos que seu surgimento está relacionado à reivindicação de direitos pela minoria francófona, com a adoção de uma política baseada na ideia de “uma nação mul‑ ticultural, mas bilíngue”. Ambas as histórias desses países, no entanto, estão marcadas pela imigração e povoamento de vasto território, primeiramente feita com europeus e só mais recentemente de maneira significativa com povos de outros continentes. Analisando, pudemos perceber que o surgimento do multiculturalismo nesses países, enquanto acontecimento, está relacionado à colonização e à emigra‑ ção europeias e a uma formação discursiva liberal‑capitalis‑ ta, e não à ideia de aceitação da diferença, sendo seu sentido, portanto, um deslocamento do assimilacionismo cultural. 81 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada ATIVIDADES METACOGNITIVAS DE LEITURA EM ESPANHOL ‑ LÍNGUA ADICIONAL EM CONTEXTO ESCOLAR DIEGO DA SILVA VARGAS (UFRJ) “O QUE SIGNIFICA APRENDER INGLÊS PARA VOCÊ?” LICENCIANDOS REFLETINDO SOBRE AFETO E CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES DIEGO FERNANDES COELHO NUNES (FFP/UERJ) Resumo de Paper Esta pesquisa tem como objetivo refletir sobre as leituras realizadas por alunos do 9º ano do Ensino Fundamental da rede pública do município de Niterói/RJ em aulas de Espanhol, por meio de sua interação com propostas de ativi‑ dades focadas no desenvolvimento de habilidades metacog‑ nitivas. Os principais referenciais curriculares nacionais in‑ dicam que a principal tarefa do ensino de línguas adicionais na Educação Básica é se unir ao ensino de língua materna em busca da ampliação do letramento do aluno. Entretanto, diversos trabalhos já revelaram que o trabalho com a lei‑ tura na escola ainda ensina prioritariamente ao aluno que, enquanto aprendiz, ele deve se comportar como sujeito‑re‑ produtor, por meio da seleção de informação explicitamen‑ te apresentada na linearidade do texto. Acreditamos que os Estudos em Metacognição possam, então, contribuir para a alteração dessa situação, trazendo critérios metodológicos para a elaboração de atividades de leitura que visem colo‑ car o aluno como sujeito de seu processo de construção de significados. Entende‑se como metacognição a capacidade do ser humano de pensar e refletir sobre seus processos cog‑ nitivos, monitorando‑os, regulando‑os e reformulando‑os quando necessário, em função de um determinado objetivo. Em uma atividade escolar de leitura, a metacognição atua principalmente no que se refere à elaboração e flexibilização de hipóteses de leitura e ao estabelecimento de objetivos de leitura. Neste trabalho, então buscamos analisar as respos‑ tas dos alunos dadas a atividades pensadas para o desen‑ volvimento dessas atividades, com o objetivo de entender, por um lado, o processo de leitura desenvolvido na mente do aluno‑leitor, e, por outro, (re)pensar as atividades de lei‑ tura desenvolvidas hoje nos ambientes de educação formal, visando a estruturar novos objetivos para que se possa levar o aluno ao entendimento e à realização de leituras de quali‑ dade de um texto, dentro e fora da escola. Resumo de Pôster Neste trabalho, através de narrativas geradas em ‘conversas exploratórias’ (MILLER, 2001; MORAES BEZERRA, 2007) por meus colegas e por mim, licenciandos em Letras (Português/ Inglês) de uma universidade pública no estado do Rio de Janeiro, apresento reflexões acerca da influencia que o afeto parece exercer no processo de aquisição de uma língua es‑ trangeira e de que forma tal influência interfere no aprendi‑ zado, aproximando ou afastando pessoas, integrando‑as ou causando conflitos (KUSCHNIR, 2003). Além disso, também apresento reflexões sobre a constante construção e recons‑ trução de identidades desses praticantes no decorrer do pro‑ cesso de reflexão sobre o ensino‑aprendizagem de línguas no momento em que contamos estórias (BASTOS, 2004, 2005; MOITA LOPES, 2003). Baseando‑me nos princípios da Prática Exploratória (MILLER, 2001; ALLWRIGHT e HANKS, 2009, inter alia), a busca por entendimentos sobre as questões aponta‑ das é conduzida de forma inclusiva no sentido de envolver todos os praticantes nesse processo. Fundamento‑me, ain‑ da, na teoria sociocultural (VYGOTSKY, 1987, 1994), segundo a qual todo aprendizado acontece situado no social e na histó‑ ria, que permeiam as interações construídas pelo aprendiz e por seu par mais competente. 82 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A IMAGEM MIDIÁTICA: DO PICTÓRICO À REPRESENTAÇÃO SOCIOCULTURAL DINA MARIA MARTINS FERREIRA (UECE) FERNANDO HENRIQUE RODRIGUES DE LIMA (UECE) Resumo de Paper A linguagem imagética se organiza por múltiplos caminhos, muitas vezes entrelaçados por nós, que ora se harmonizam, ora se apertam, ora se desatam. E pela multifacetada rede conceitual, nossa primeira preocupação é delimitar os sen‑ tidos que vamos adotar de imagem, ou seja, figura, visual, pictórico, simbólico e afins desse campo semântico. E, como um campo semântico, seus signos compósitos vão com‑ partilhar a característica “traço delineado”. Esse eixo sêmi‑ co, sem dúvida, não divide a imagem abstrato‑mental da imagem concreto‑externa, já que, ao se pensar em imagem, não se pode separar a percepção mental das figuras exter‑ nas que rodeiam os nossos corredores sociais. Nosso estudo parte do visual midiático, mais especificamente da charge jornalística, cuja natureza figurativa cruza o simbólico para alcançar à imagem‑representação social – representação do mundo exterior constituída pela manifestação simbó‑ lica, alimentada pela charge que, por sua própria natureza, critica e denuncia situações político‑sociais. E é pela análise da imagem charge se alcança a crítica à normatização da di‑ ferença. Enquanto o desenho da charge selecionada – sob a temática da camada de ozônio e seu calor cabonizante mais a relação entre elite e não‑privilegiados – delineia traços grá‑ ficos – imagem figurativo‑pictórica –, vão se construindo imagens simbólicas que se tornam imagens representativas de valores sociais em um espaço político‑histórico. A TRADUÇÃO COMO SISTEMA COMPLEXO ADAPTATIVO DIOGO NEVES DA COSTA (UFRJ) Resumo de Paper Se traduzir é uma realidade póstuma ao mito de Babel, re‑ montando a séculos, seu registro como item pela Modern Language Association Bibliography se faz somente a partir de 1983 sob o nome de “Teoria da Tradução” (GENTZLER. 2009 p.21). E, tendo o campo da tradução um caráter interdisci‑ plinar, pensadores e pesquisadores se apoiaram em diferen‑ tes alicerces teóricos para sua análise, além de abordarem o fenômeno “tradução” de acordo com suas necessidades e interesses. E, ao lado de toda reflexão e produção intelec‑ tual, temos a prática tradutória, muitas vezes observada como independente de toda teoria. Pretende‑se, então, de‑ fender a tradução dentro do paradigma da complexidade, este que observa o mundo organizado como um arquipéla‑ go de sistemas no oceano da desordem (MORIN, 2001, p. 57). Acreditamos que através do paradigma da complexidade po‑ deríamos observar a tradução sem reduzi‑la às suas partes (sistema reducionista) e nem vê‑la de forma excessivamente abrangente (sistema holístico). E, através de exemplos pro‑ venientes tanto da história da tradução quanto de estudos sobre o fenômeno da tradução, defenderemos que sua com‑ posição é feita tanto por circuitos fechados quanto circuitos “caóticos” e imprevisíveis, de forma que estaríamos diante de um sistema complexo adaptativo. Destacaremos ao longo da apresentação, com base em Holland (1995) e Nussenzveig (1999), nove características dos sistemas complexos adapta‑ tivos que nos parecem suficiente para a definição de siste‑ mas dessa natureza e demonstrar que a tradução as possui. Entretanto, não basta apenas defender a tradução como um sistema complexo adaptativo, pretendemos apresentar um uma possibilidade para sua análise com base em Palazzo (1999) que sugerirá a análise por “redes”. Ao final, concluire‑ mos que, a princípio, a tradução corresponde às caracterís‑ ticas dos sistemas complexos adaptativos, sendo este um caminho promissor para a análise desse fenômeno. 83 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada POLÍTICA LINGUÍSTICA E O PROFESSOR EM FORMAÇÃO: IMPLICAÇÕES E APLICAÇÕES POR QUE OLHAR A HISTÓRIA DO ENSINO DE LÍNGUAS? DÖRTHE UPHOFF (USP) DJANE ANTONUCCI CORREA (UEPG) Resumo de Paper Resumo de Paper Este trabalho abaliza‑se nas perdas causadas pela ausência de uma autonomia maior por parte dos professores median‑ te as descrições de situações sociolinguisticamente comple‑ xas e também nas consequentes aplicações e implicações dessas visões no âmbito didático e pedagógico. Trata‑se de um recorte de um estudo maior, em andamento, que discu‑ te a estreita relação que se estabelece entre políticas linguís‑ ticas (RAJAGOPALAN, 2004, 2008, 2009; PENNYKOOK, 2006; MAKONI, MEINHOF, 2006; CALVET, 2007; OLIVEIRA, 2007, 2009) e escrita (BRITTO, 2008; CORREA, 2009a, 2009b, 2011a; 2011b). Utilizando o viés da pragmática (PINTO, 2005, 2009; RAJAGOPALAN, 2010). O objetivo geral do estudo é fazer um levantamento sobre a compreensão atual que os professo‑ res de Língua Portuguesa, em formação na UEPG/PR, têm de língua(gem) atualmente para subsidiar discussões sobre ensino de língua. Os objetivos específicos são: discutir polí‑ ticas linguísticas e averiguar se tais discussões os auxilia a compreender os mecanismos que definem o(s) uso(s) da lín‑ gua(gem); retomar com os professores em formação o fato de que as práticas linguísticas heterogêneas acompanham a evolução sociocultural de todas as línguas do mundo e que os movimentos em direção da homogeneidade linguís‑ tica são determinados por fatos sociais, políticos e históri‑ cos. A hipótese de pesquisa é “a constante discussão sobre os processos históricos, socioculturais, linguísticos e de po‑ líticas linguísticas que envolvem a constituição das línguas propicia maior autonomia para propor estudos, discussões e encaminhamentos pedagógicos, seja sob a égide de uma posição científica, seja de uma proposta intervencionista no campo social e educacional”. Utilizando métodos qualitati‑ vos (TRIVIÑOS, 2009; THIOLLENT, 2009) os resultados até o momento apontam maior visibilidade às indagações, difi‑ culdades e experiências de professores em formação oriun‑ das de situações sociolinguisticamente complexas. A comunicação propõe uma reflexão sobre as formas e os possíveis sentidos de se estudar a história dos méto‑ dos de ensino de línguas estrangeiras na formação inicial e continuada de professores da área. Parte‑se, com Hüllen (2000), da observação que o ensino de línguas cultiva uma memória relativamente curta, compreendendo sobretu‑ do o período desde o advento da abordagem comunicativa. Características da prática de ensino anterior a essa marca costumam ser relembradas de maneira bastante esquema‑ tizada, em forma de princípios didáticos como a repetição mecânica de frases isoladas ou a concepção de língua como mero sistema gramatical, que hoje são considerados ultra‑ passados. Constrói‑se, assim, uma visão do passado como uma época de equívocos e enganos metodológicos, à qual é preciso se contrapor para desenvolver uma prática peda‑ gógica competente e eficaz. Na comunicação aqui proposta, sugere‑se um deslocamento desse olhar para a história e a adoção de um enfoque que põe em evidência as condições de produção do ensino, ou seja, o conjunto, sempre variável, de conceitos teóricos, recursos materiais e fatores sociopo‑ líticos, com os quais os professores se defrontam quando articulam o seu ensino. Advoga‑se, dessa forma, uma visão da história que não procura identificar o certo e o errado nas práticas pedagógicas, mas que entende o desenvolvimen‑ to dos diferentes métodos de ensino como tentativas de equacionar os desafios inerentes ao ensino/aprendizagem de um idioma estrangeiro. Para dar subsídio à discussão, se‑ rão analisados os enfoques adotados em diversas obras de referência que apresentam um retrospecto dos métodos de ensino de línguas. 84 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A PROFICIÊNCIA LINGUÍSTICOCOMUNICATIVA-PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: ALINHAVANDO PESQUISAS EM AVALIAÇÃO PARA NOVAS POLÍTICAS LINGUÍSTICAS NO BRASIL SOBRE A MULHER E AS (DES) IDENTIFICAÇÕES: O FEMINISMO E AS VOZES DE RESISTÊNCIA NA CONTEMPORANEIDADE DOUGLAS ALTAMIRO CONSOLO (UNESP) Através de uma análise baseada nos estudos discursivos per‑ cebe‑se que estes não se voltam meramente para o conteú‑ do informacional dos enunciados, mas para o modo como esse conteúdo é enunciado: importa menos o que foi dito, importando mais como foi dito. Assim, o foco no modo de enunciar permite ao analista identificar momentos de ten‑ são, contradição dos dizeres do sujeito. Logo, o questiona‑ mento deve existir através da reflexão que surge a partir da confrontação dos enunciados com as ideologias em circula‑ ção na sociedade. Em relação a estas constatações procura‑ mos exemplificá‑las a partir das formas de discursivização e subjetivação postas em circulação na contemporaneidade pelos discursos feministas. Procuramos também analisar pelo viés dos estudos culturais, principalmente nos estudos como os de Santos (2011), Silva (2000) e Charthier (1990), no que tange ao fenômeno das (des)construções de identida‑ des para analisar como estas noções podem ser percebidas nos discursos feministas enquanto discursos de oposição e resistência aos discursos que tentam se apoderar do corpo da mulher (a partir das regras sociais que se lhe impõem os discursos machistas, por exemplo). Também procura‑ mos atentar para noção de gênero tal como percebida por Schienbinger (2001), que aponta para relações de poder e hierarquia entre os sexos. Finalmente, em todas as áreas de contribuições, seja a AD, sejam os estudos culturais ou os estudos de gênero, podemos perceber a noção de ideologia que atuam na AD dentro das Formações Discursivas e para os estudos culturais e os estudos de gênero como funcionando de diversas maneiras, prescrevendo características e com‑ portamentos aceitáveis para homens e mulheres. Ambos os estudos problematizam essa questão de ideal masculino ou feminino, em que aparecem (nos atos de construção iden‑ titária) situações de afirmação /diferença, de acordo com a (des)identificação com as atribuições de gênero empresta‑ das pela sociedade em discursos de dominação. VERA LUCIA TEIXERIA DA SILVA (UERJ) Resumo de Paper A proficiência linguística do professor de língua estrangei‑ ra, entendida na perspectiva da manifestação de um con‑ junto de competências e habilidades e do conhecimento sobre e de uso da linguagem para as finalidades específi‑ cas de ensino e de apoio à aprendizagem, constitui ques‑ tão pertinente para investigações em Linguística Aplicada. Resultados de pesquisas sobre essa proficiência, no âmbito de projetos individuais e coletivos, embasados em dados de contextos de ensino‑aprendizagem de línguas no Brasil e no exterior, e balizados por processos de elaboração e utili‑ zação de três instrumentos de avaliação, a saber, o TECOLI (Teste de Compreensão Oral em Língua Italiana), o TEPOLI (Teste de Proficiência Oral em Língua Inglesa) e finalmente o EPPLE (Exame de Proficiência para Professores de Línguas Estrangeiras), nos permitem relatar, nesta comunicação, um percurso em pesquisas na área de avaliação, com visíveis desdobramentos e implicações para políticas linguísticas no contexto educacional brasileiro. Apontamos, a partir de um acervo de artigos científicos, dissertações de mestrado e teses de doutorado, questões sobre a validade do EPPLE enquanto um exame de proficiência para professores de línguas, tais como a manifestação do construto em faixas de proficiência, e a viabilidade da avaliação dessa proficiên‑ cia, nas modalidades escrita e oral, e preferencialmente por meio do computador. Tratam‑se de recortes de uma profici‑ ência de caráter complexo, alinhavados em contribuições de um projeto que retoma aspectos de caráter terminológico, teórico e metodológico para a implementação do EPPLE no cenário nacional, contando‑se com um instrumento válido e confiável que atenda aos objetivos de uma avaliação de proficiência linguístico‑comunicativa‑pedagógica de pro‑ fessores embasada em resultados de pesquisas iluminando o construto do exame, bem como as maneiras de utilizá‑lo, tanto em formato presencial como em formato eletrônico. ÉDERSON LUÍS DA SILVEIRA (FURG) Resumo de Pôster 85 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada PERSPECTIVAS SOBRE A IMPORTÂNCIA DA LINGUÍSTICA APLICADA (LA) NA FORMAÇÃO INICIAL DOS PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA (LI) ÉDINA APARECIDA CABRAL BÜHRER (UNICENTRO) Resumo de Paper O objetivo deste trabalho é provocar uma discussão em torno dos problemas e desafios na formação inicial de pro‑ fessores de língua inglesa (LI) no processo de construção identitária propiciada pela Linguística Aplicada (LA). A base da argumentação é parte constitutiva da pesquisa de dou‑ torado na qual enfatizo a importância da linha de pesquisa de formação de professores de línguas, principalmente da LI, como uma linha de investigação que viabiliza que novos es‑ tudos direcionados a melhoria profissional do professor de línguas sejam realizados. No desenvolvimento da pesquisa focalizo a formação do professor de língua inglesa no con‑ texto do Estágio Curricular Supervisionado fazendo uma breve trajetória da linha de pesquisa de formação de profes‑ sores que deslocou o objeto de pesquisa direcionado à sala de aula para o professor. Não se trata aqui de uma discussão que busca pelas raízes ou pelas minúcias do início da linha de pesquisa no Brasil, mas apresentar perspectivas da LA que posicionam a linha de pesquisa de formação de professores e possibilitam a abertura de oportunidades nos cursos de pós‑graduação em Letras para que tópicos como o que dis‑ cuto na tese possam ser tratados no âmbito dos Estudos da Linguagem e não apenas na área da Educação. Essa aber‑ tura da LA considera o envolvimento do professor formador dos cursos de Letras tanto com aspectos linguísticos quan‑ to com questões pedagógicas, didáticas, sociais, políticas e culturais. Na pesquisa, faço um mapeamento dos estudos sobre a formação de professores de LI no Brasil baseado em Gil (2005), na sequência enfatizo os desafios contemporâ‑ neos dos professores de línguas na sua formação (GIMEMEZ, 2005) a partir das contribuições da Linguística Aplicada (LA) e finalizo com as lacunas e os avanços nos estudos da LA que tratam da formação de professores de LI no Brasil (ORTENZI, 2007). A discussão sobre a linha de pesquisa, formação de professores de LI, traz inúmeras contribuições para que se possa repensar os cursos de graduação e também a própria formação do professor formador. OS DOCENTES DO CURSO DE LETRAS E AS TESES ACERCA DO ENSINO DE GRAMÁTICA EDMAR PEIXOTO DE LIMA (UERN) Resumo de Paper Os discursos que permeiam a sociedade se configuram de modo geral como discurso argumentativo. Essa argumen‑ tação torna‑se mais preponderante quando as discussões abordam a gramática como objeto de ensino da Língua Portuguesa. Portanto, este artigo se propõe a discutir qual(is) a(s) tese(s) que os docentes do curso de Letras de‑ fendem quando discutem o ensino de gramática e, conse‑ quentemente, qual a concepção de gramática a que eles se filiam em suas ações pedagógicas. Esse trabalho está vincu‑ lado ao Programa de Pós‑graduação (PPGL) da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), haja vista ter‑ mos participado do Projeto de Cooperação Acadêmica: Disciplinas voltadas às Metodologias de Ensino de Língua Portuguesa (PROCAD). O nosso corpus faz parte das entre‑ vistas realizadas com os docentes do curso de Letras das três IES participantes do referido projeto. Utilizamos como aporte teórico os estudos que envolvem a argumentação (PERELMAN E TYTECA, 2005), as pesquisas realizadas por Neves (2007), Antunes (2003 e 2007) e Geraldi (2006), entre outros autores que nortearão nossas reflexões. Assim, os docentes entrevistados demonstram em seus discursos as teses de que: (i) o professor necessita formar alunos cons‑ cientes de sua posição social e a gramática contribui para o acesso à produção e compreensão dos discursos que circu‑ lam nas práticas sociais; (ii) o domínio da linguagem se con‑ figura como elemento de acesso ao conhecimento, já que orador e auditório influenciam‑se mutuamente nas defesas das teses. Com relação ao que os docentes dizem acerca da concepção de gramática que norteia o ensino na graduação: (i) o ensino de gramática está pautado na norma padrão; (ii) a necessidade do aluno saber manipular os conhecimentos linguísticos na produção de texto; e (iii) a preferência pela gramática descritiva. Acreditamos que com essas discussões podemos ampliar o debate acerca da gramática como obje‑ to de ensino de língua portuguesa na universidade. 86 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A CONSTRUÇÃO DE UM PPC DE LETRAS NA MODALIDADE DE EAD: DESAFIOS E PERSPECTIVAS EDNA MARTA OLIVEIRA DA SILVA (UNINTER) ADRIANA CRISTINA SAMBUGARO DE MATTOS BRAHIM (CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL UNINTER) Resumo de Paper Em meados dos anos 90, com a disseminação das tecno‑ logias de informação e de comunicação, começam a surgir programas oficiais e formais de EaD por parte das Secretarias de Educação municipais e estaduais, isoladas ou em parce‑ ria com as universidades, com as iniciativas de Formação Continuada de professores da rede pública, dada a deman‑ da da necessidade de formação de professores. Em 2001 o Ministério da educação publica as Diretrizes Curriculares para os cursos de Licenciatura, a partir dos quais as IES pu‑ deram organizar seus projetos pedagógicos e ter um me‑ lhor direcionamento em relação às exigências de formação. Conforme aponta Pinto (2002), a busca por uma nova iden‑ tidade profissional requer esforço conjunto das instâncias institucionais bem como do colegiado dos professores, di‑ recionado para a construção de uma identidade dos cursos de licenciaturas, a partir de uma nova proposta de forma‑ ção docente, fundada na práxis, como lugar de produção da consciência crítica e da ação qualificada. Apoiando‑nos em trabalhos de pesquisadores da área de EaD (BELLONI, 2008; SILVA, 2010; MORAN, MASETTO e BEHRENS, 2000; LÉVY, 1999; OLIANI e MOURA, 2012, entre outros) fomos procurar subsí‑ dios para a construção do Projeto Pedagógico de um curso de Licenciatura em Letras na modalidade a distância que atenda as Diretrizes Curriculares e aspectos da formação inicial de professores, e que também proponha uma pers‑ pectiva contemporânea de EaD, diferente de atuais mode‑ los fordistas (MATTAR, 2012). Assim, este trabalho tem como objetivo apresentar aspectos do processo de elaboração e implementação de um PPC de Letras, mostrando os princi‑ pais desafios encontrados, bem como as perspectivas que se apresentaram no decorrer do processo de construção deste projeto na modalidade de EaD. A AQUISIÇÃO DOS PRONOMES CLÍTICOS DE 3ª PESSOA NA PRODUÇÃO ESCRITA DE BRASILEIROS APRENDIZES DE ESPANHOL: INSTRUÇÃO COM FOCO NA FORMA EDUARDO DE OLIVEIRA DUTRA (UNIPAMPA) Resumo de Paper Neste trabalho investigamos a aquisição dos pronomes clíti‑ cos de 3ª‑ pessoa como forma simples por brasileiros apren‑ dizes de espanhol como língua adicional. Em virtude do caráter predominantemente descritivo das pesquisas exis‑ tentes a respeito da aprendizagem desse aspecto linguísti‑ co (González, 1994; Villalba, 1995; Cruz, 2001 Semino, 2001; Simões, 2010) e dos resultados das pesquisas que caracteri‑ zam essa forma‑alvo de difícil aquisição por brasileiros, op‑ tamos pela investigação do objeto desse objeto de estudo. O contexto de pesquisa é um curso livre de uma universidade pública do sul do Brasil, localizada no interior do Rio Grande do Sul. Os participantes desta investigação foram cinco es‑ tudantes do primeiro semestre de um curso livre. Este estu‑ do é uma pesquisa mista, isto é, uma investigação quanti‑ tativa e qualitativa, na qual a análise dos dados linguísticos é complementada por dados não‑linguísticos. Os dados linguísticos serão gerados a partir de três testes (pré‑tes‑ te, pós‑teste e teste postergado) e apontados por meio de índices numéricos. A coleta desses dados ocorreu através de produções escritas: controladas e livres. Com o propósi‑ to de obtermos os dados não‑linguísticos, faremos uso de informações provenientes de ficha social em que constam informações pessoais e experiências escolares a respeito do processo de ensino/aprendizagem da língua‑alvo. Após o período de coleta dos dados não‑linguísticos, serão obede‑ cidas quatro etapas, a saber: a) leitura das fichas sociais; b) categorização das informações; c) sistematização dos dados não‑linguísticos; d) elaboração de tabelas. Adotamos uma abordagem transversal com a intenção de averiguarmos os efeitos da Instrução com o Foco na Forma (IFF) no que tange à aquisição dos pronomes clíticos do espanhol como forma simples por aprendizes brasileiros, na perspectiva da pesqui‑ sadora canadense Nina Spada (1997, 1999, 2000, 2005, 2010). Os dados estão em processo de análise. 87 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada GÊNERO DEBATE NA ESCOLA ELAINE CRISTINA FORTE‑FERREIRA (UFC) Resumo de Paper O gênero debate como objeto de ensino na escola consti‑ tui o centro de nossa atenção nesta pesquisa. Este traba‑ lho, como recorte de nossa tese em andamento, objetiva investigar a maneira como os alunos de ensino fundamen‑ tal constroem o tópico discursivo, ou o desviam, em gêne‑ ros orais, como o debate. Para embasar teoricamente esta pesquisa, apoiamo‑nos nos conceitos de gênero do discurso (BAKHTIN, 1997), no de gêneros escolarizados (SCHNEUWLY E DOLZ, 2004); nos estudos da modalidade oral da língua (MARCUSCHI, 2001; 2003; ANTUNES, 2003; FÁVERO, ANDRADE E AQUINO, 2003; BUENO, 2009); na proposta de sequência didática (DOLZ, NOVERRAZ E SCHNEUWLY, 2004; SWIDERSKI E COSTA‑HUBES, 2009); no de tópico discursivo (BROWN E YULE, 1983; JUBRAN, 1993; 2006; PINHEIRO, 2006). Nosso estudo, que é uma pesquisa‑ação de natureza qualitativa, conta com a participação de uma turma de alunos do 7º ano do ensino fundamental. O processo de coleta de dados apre‑ sentou os seguintes procedimentos: visita à escola e intera‑ ção com os alunos a partir da elaboração de atividades para a produção do gênero debate. Os dados foram registrados em áudio e vídeo. As produções são constituídas de textos orais, elaborados por alunos, a partir da apresentação de te‑ máticas que suscitam discussão por terem a característica de serem polêmicas, o que, no nosso entender, pode ser a base para dar início à produção textual dos alunos, no caso, o debate. A partir desses procedimentos, construímos um corpus em 12 aulas que aconteceram durante o segundo se‑ mestre de 2012. Para este trabalho, entretanto, recortamos apenas duas aulas do corpus para explicitar como aconteceu o desvio de tópico na construção da argumentação durante a produção textual. CRIAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO E PROPOSTAS OFICIAIS PARA O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA: UMA ANÁLISE DA PRÁTICA DOCENTE NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA ELAINE CRISTINA MEDEIROS FROSSARD (UESC) Resumo de Paper Este trabalho teve como finalidade analisar se a utilização de materiais didáticos e a criação de atividades e material de apoio ao ensino‑aprendizagem de língua inglesa atende aos objetivos estabelecidos pelos documentos oficiais de con‑ cretização curricular para o ensino de língua estrangeira (LE) no Brasil. Tendo como embasamento teórico documentos como os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM, 1998), as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEM, 2006) e os pressupostos da Linguística Aplicada (LA) e da Linguística Aplicada Crítica (LAC), por meio dos trabalhos de Moita Lopes (1996), Almeida Filho (2002; 2005), Pennycook (1994; 2001), dentre outros, buscou‑se es‑ tabelecer uma relação entre o objeto de estudo e questões da linguagem inseridas na prática social real. Além disso, as contribuições de Bakhtin (1929/1999; 1929/2005; 1979) e Authier‑Revuz (1982/2004; 1990; 1998) também serviram de apoio a este estudo no que tange à análise dos discursos dos professores entrevistados quanto a suas concepções de língua, linguagem e propósitos do ensino de língua inglesa, o que constituiu fator de grande importância para a com‑ preensão dos resultados. A pesquisa foi desenvolvida em 3 escolas públicas de Ensino Médio selecionadas na cidade de Itabuna, estado da Bahia, e propôs‑se uma análise interpre‑ tativa e qualitativa dos dados, que foram obtidos junto aos docentes participantes da pesquisa por meio de questioná‑ rios, entrevistas e análise autorizada de seu planejamento e prática em sala de aula. 88 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada (DIS)POSICIONAMENTOS DE PROFESSORES/AS E POLÍTICAS PÚBLICAS DE FORMAÇÃO PARA A DOCÊNCIA: UMA ANÁLISE CRÍTICO‑DISCURSIVA DE SUBPROJETOS PIBID ELAINE FERNANDES MATEUS (UEL) Resumo de Paper O campo educacional tem sido marcado por transformações que incorporam práticas sociais próprias do neoliberalismo. Assim como na economia global, também políticas educa‑ cionais têm se fundamentado nos ideais de parcerias e redes colaborativas de trabalho como formas de gerenciamento das práticas de ensino. Nessa direção, o MEC lançou em 2007 o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) e, como parte dele, o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid). A alegação de base que se encontra na proposição do Pibid é a de que há um quadro atual na forma‑ ção de professores/as que deve ser alterado – indicando que aquilo que existe não corresponde ao que se deseja – e que a alteração do quadro se faz por meio da relação permanente entre universidades e escolas, isto é, por meio de parcerias. Nesse cenário, as normativas do Pibid reformulam o siste‑ ma posição‑prática associado à formação de professores/as, possibilitando, por um lado, a criação de espaços híbridos com potencial transformador e, por outro, projetanto (dis) posições artificiais, não previstas e não objetivadas nas prá‑ ticas de muitas das instituições de ensino envolvidas e, por esta razão, com potencial regulador. Partindo disso, investi‑ ga‑se, por meio de estudo crítico do discurso, subprojetos na área de Letras/Inglês de cinco Instituições de Ensino Superior, contemplados por Editais Pibid entre 2009 e 2012. O objetivo é explorar princípios de recontextualização ligados a atores sociais, seus papéis e (dis)posições nestas práticas específi‑ cas de formação de professores/as. Os resultados sinalizam (i) posições objetivas flutuantes; (ii) maior flutuação nas po‑ sições dos/as licenciandos/as; (iii) rejeições/apagamentos de (dis)posicionamentos de professores/as da universidade; (iv) (re)posicionamentos vazios para professores/as da edu‑ cação básica. As implicações deste estudo dizem respeito aos modos como diferentes (dis)posicionamentos reprodu‑ zem‑transformam relações institucionalizadas de poder. ENTREVISTAS DA PARTE ORAL DO EXAME CELPE–BRAS: UM ENFOQUE NAS ATITUDES E REAÇÕES DO ENTREVISTADOR ELEONORA BAMBOZZI BOTTURA (UFSCAR) Resumo de Pôster A tendência mercadológica tem impulsionado o interesse pela língua/cultura brasileira intensificando a procura por aprender a língua portuguesa aumentando, consequen‑ temente, o número de instituições públicas e privadas que têm oferecido cursos de português como língua estrangeira (PLE) no mundo.Nesse contexto, é válido ressaltar a crescen‑ te procura de estrangeiros para a obtenção do Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros (Celpe–Bras), oficialmente instituído pelo Ministério da Educação em 1994 tendo as inscrições para a obtenção do mesmo aumentado consideravelmente nos últimos anos. Esses elementos propulsores do ensino de PLE e a busca de muitos estrangeiros para se tornarem proficientes em por‑ tuguês, instigam diversos pesquisadores a trabalhar com di‑ ferentes processos que envolvem o ensino‑aprendizagem‑a‑ valiação de línguas estrangeiras.Esta pesquisa busca inves‑ tigar as entrevistas orais da Parte Oral do exame Celpe–Bras. Pretende‑se analisar as entrevistas do segundo semestre de 2012 de um Posto Aplicador de uma universidade do interior paulista, dando enfoque na questão do comportamento do entrevistador e qual impacto este possui no desempenho do candidato. Pesquisas seminais da área estudam tal relação e elucidam a necessidade de realizar estudo detalhado e sis‑ tematizado das variáveis envolvidas na relação entrevista‑ dor/ candidato.Neste trabalho, objetiva‑se analisar a papéis, atitudes e comportamentos dos entrevistadores em intera‑ ção face‑a‑face no exame elucidando possíveis elementos, presentes no discurso do entrevistador, que favoreçam ou prejudiquem o desempenho do candidato. Perguntamo‑nos acerca de qual é a relação que se estabelece na interação, uma vez que a atuação do entrevistador como interlocutor pode implicar no resultado do desempenho e, também, da proficiência do candidato.Pretende‑se, assim, buscar enca‑ minhamentos sobre a validade da avaliação oral em exames de proficiência. 89 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada FORMAÇÃO DE PROFESSORES COORDENADORES E GESTORES PARTICIPANTES DA FORMAÇÃO: GRUPO DE REFERÊNCIA AVALIAÇÃO EM LÍNGUA INGLESA: ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA ELIANA KOBAYASHI (UNICAMP) ELIANA APARECIDA OLIVEIRA BURIAN (Puc–sp) Resumo de Paper Resumo de Paper O presente estudo pretende descrever e interpretar o fenô‑ meno da Formação de Professores Coordenadores e Gestores participantes da Formação: Grupo de Referência desenvolvi‑ do em uma Diretoria de Ensino da Capital do Estado de São Paulo durante o ano de 2012. O objetivo é revelar o significado da experiência vivenciada pelos Professores Coordenadores do Ensino Fundamental I e II e do Ensino Médio, atuantes em Escolas da Rede Pública do Estado de São Paulo, participan‑ tes do grupo de Referência da referida Diretoria de Ensino. Os textos para interpretação serão produzidos por meio do relato de experiência dos participantes. O propósito é ofere‑ cer insights sobre como se constitui o fenômeno da forma‑ ção dos Professores Coordenadores e Gestores participantes do Grupo de Referência da diretoria em questão, do ponto de vista dos participantes, e da pesquisadora observado‑ ra. O estudo é embasado na teoria do desenvolvimento de base Vygotskiana, e a metodologia de pesquisa adotada é a Abordagem Hermenêutico‑Fenomenológica, por ser uma abordagem que representa a possibilidade de entrar em contato, descrever e compreender as representações que os participantes fazem sobre a experiência e por favorecer o entendimento da complexidade que o fenômeno da for‑ mação de Professores Coordenadores representa. O estudo Hermenêutico – Fenomenológico (vAN MANEN,1990 e FREIRE, 2006) se dará por meio da interpretação dos relatos de expe‑ riência dos participantes procurando revelar a natureza do fenômeno da formação dos Professores Coordenadores e Gestores participantes do Grupo de Referência desta direto‑ ria possibilitando oferecer contribuições para os interessa‑ dos na área. Apresentamos os resultados de uma pesquisa realizada em uma empresa na área de avaliação em língua inglesa rela‑ cionada ao processo seletivo e ao curso de inglês subsidiado aos funcionários. Para tanto, foram utilizados instrumentos, como entrevista com o diretor responsável pela avaliação de língua inglesa dos candidatos a emprego na empresa, ques‑ tionários junto aos funcionários e análise dos testes usados. Os resultados revelam como ocorre a seleção profissional e o acompanhamento dos funcionários que participam do curso, identificando descompassos entre a concepção de linguagem inferida pela entrevista com o diretor e a opera‑ cionalizada nos testes utilizados, assim como entre a esco‑ la que ministra o curso e a empresa. Neste estudo, defen‑ demos que a avaliação de desempenho seria a forma mais adequada para analisar a capacidade de uso da língua nesse contexto empresarial, visto que possibilita avaliar o parti‑ cipante desempenhando atividades que simulam ou repre‑ sentam uma amostra do critério, ou seja, o desempenho alvo subsequente ao teste (Scaramucci, 2004; Clark, 1996; Hamayan, 1995; McNamara, 1996,1997; 2000). Discutimos também que devido às características específicas do uso da língua, a avaliação deveria ser em inglês para propósitos es‑ pecíficos (Douglas 2000; Sullivan, 2006), neste caso, inglês para negócios. 90 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada PROGREDIR NA APRENDIZAGEM DE LE NA ESCOLA PÚBLICA: O QUE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL II PERCEBEM SOBRE ESSE DESAFIO ELIANE FERNANDES AZZARI (IEL/ UNICAMP) Resumo de Paper Em um contexto educacional que privilegia o paradigma cur‑ ricular, cresce a preocupação em dar voz aos protagonistas da aprendizagem, de modo a compreender suas opiniões e percepções, valorizando o que eles já conhecem e como po‑ dem contribuir para sua tarefa de aprender. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Estrangeira (PCNs de LE) publicados em 1998, a aprendizagem de uma lín‑ gua estrangeira (LE) é um direito do cidadão. Segundo ainda os PCNs de LE é função da escola garantir, a todo cidadão, o ensino de uma língua adicional de modo que os alunos se‑ jam capazes de atuar na sociedade por meio da criação de significados através do uso dessa LE. Mas de que maneira a visão de ensino de LE na escola pretendida nos PCNs atende às necessidades e expectativas do alunado de hoje? O que é e como é aprender uma LE na escola pública, sob o ponto de vista do aprendiz? Que resultados esses aprendizes esperam atingir após sete anos de aulas de LE? Como esses apren‑ dizes percebem que estão (ou não) progredindo? Estas são questões que motivam nossa pesquisa. Realizando grupos focais e entrevistas individuais com alunos da rede pública em Valinhos, no interior do estado de SP e pesquisando na literatura (Leffa,1991; William e Burden, 1999), levantamos 49 afirmativas que expressam opiniões sobre a ideia cen‑ tral que norteia a pesquisa. Na etapa seguinte, usando o instrumento de pesquisa oferecido pela Metodologia Q, 26 aprendizes do 8º e 9º anos formaram 4 perfis diferentes, de acordo com as opiniões que compartilham/os diferem entre si.Adotando uma visão meta‑cognitivista e sócio‑construti‑ vista da aprendizagem (Williams e Burden,1997), colocamos a perspectiva do aprendiz em pauta esperando que, ao ouvi‑ ‑lo, possamos repensar nossas práticas e currículos escola‑ res entendendo ainda que seja papel da escola fornecer uma educação linguística que contemple os diferentes perfis de alunos, de modo a capacitá‑los para atuar em uma socieda‑ de cada vez mais multiletrada. GÊNEROS TEXTUAIS E APRENDIZAGEM DO TRABALHO DE ENSINAR ELIANE GOUVÊA LOUSADA (USP) Resumo de Paper Nesta comunicação, apresentaremos um recorte de um projeto de pesquisa que visa a estudar a formação dos pro‑ fessores iniciantes de línguas estrangeiras pela perspectiva de algumas das Ciências do Trabalho. Mais especificamente, procuraremos mostrar como o jovem professor se apropria do trabalho de ensinar e constroi sua identidade profissional por meio dos textos que produz em sua situação de trabalho. Nesse sentido, discutiremos, também, o papel que podem exercer os gêneros textuais na aprendizagem da atividade docente. Para tanto, apoiar‑nos‑emos em duas vertentes te‑ óricas que compartilham os pressupostos do Interacionismo social (Vigotski, 1997, 2009): i) por um lado, o Interacionismo sociodiscursivo (Bronckart, 1999, 2006, 2008; Machado, 2007, 2009), no que diz respeito ao agir profissional e à aná‑ lise das práticas linguageiras em situação de trabalho; ii) por outro lado, a Clínica da atividade (Clot, 1999, 2001, 2008) e a Ergonomia da atividade dos profissionais da educação (Faïta, 2004, 2011; Amigues, 2004; Saujat, 2004), no que diz respei‑ to à formação pelo trabalho e ao trabalho de ensino (Faïta, 2011; Machado, 2004). Após a apresentação do quadro teóri‑ co‑metodológico que orienta nossa pesquisa, mostraremos o contexto em que os dados são coletados, exemplificando os diferentes gêneros textuais que permeiam a atividade profissional dos professores iniciantes. Em seguida, apon‑ taremos os textos usados para esta apresentação, a saber: gravações em áudio de discussões sobre textos escritos pe‑ los professores iniciantes e sobre sua atividade profissional. Dando continuidade, indicaremos o que as análises desses textos revelam sobre a apropriação do trabalho de ensino. Finalmente, teceremos alguns comentários sobre o papel desses gêneros textuais e, portanto, das práticas linguagei‑ ras para o desenvolvimento profissional. 91 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O IDOSO NO LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUAS ELIANE RIGHI DE ANDRADE (UNICAMP) Resumo de Paper Este trabalho propõe‑se a problematizar as representações de idosos que circulam nos livros didáticos de língua ingle‑ sa no ensino básico, particularmente das coleções didáti‑ cas aprovadas pelo Plano Nacional do Livro Didático, uma vez que esses livros, ao serem selecionados, colocam‑se como recursos de aprendizagem que reúnem qualidades que legitimam sua aprovação e posterior adoção nas esco‑ las. A partir dessas considerações sobre o material didático, procuraremos analisar se há uma preocupação desse mate‑ rial, no discurso didático‑pedagógico que o constitui, com a representação da diversidade sociocultural que constitui as identidades vigentes na contemporaneidade, particular‑ mente focando‑nos nas representações de idoso, uma vez que, com o envelhecimento da população brasileira, tem‑se uma nova organização social, a qual se reflete na formação de novas identidades na contemporaneidade. Procuramos discutir, assim, como os livros didáticos de língua inglesa têm apresentado os idosos aos sujeitos em formação na es‑ cola e as representações que aparecem como regularidades discursivas nesses livros. Nossa investigação se apoia nos estudos discursivos da linguagem, em seu imbricamento com os estudos sociais sobre a identidade e os da psicanálise sobre o sujeito. Como metodologia, utilizaremos também a Análise do Discurso como dispositivo analítico do corpus de pesquisa, construído a partir de recortes discursivos sig‑ nificativos selecionados das diferentes coleções destinadas ao ensino de língua inglesa. Como resultados desse estudo, pretende‑se apontar algumas relações de poder presentes no discurso do livro didático e questionar as representações de idosos que podem remeter a sentidos estabilizados no imaginário social, buscando ressignificar o papel do idoso na atual sociedade, bem como o do livro didático de línguas na formação de identidades do sujeito aprendiz, esboçando, assim, novas possibilidades de sentido para a velhice. A AÇÃO PENAL 470 E A MANIPULAÇÃO DISCURSIVA: REPRESENTAÇÕES DO PROCESSO DO “MENSALÃO” CONSTRUÍDAS POR ENTREVISTADOS ELIANE VELLOSO MISSAGIA (UFSJ) Resumo de Paper Este trabalho objetiva investigar os procedimentos linguís‑ tico‑discursivos utilizados no processo de representações sociais em entrevistas que tratam do julgamento do “mensa‑ lão”, feitas com o ex‑presidente do STF, Carlos Velloso, (Época, 30 de Julho de 2012); com Márcio Thomaz Bastos, advogado de José Roberto Salgado, (ÉPOCA, 6 de Agosto de 2012) e com Eliana Calmon, ministra do STF (Veja, 12 de Setembro de 2012). Buscamos investigar o caráter manipulador, atribuído aos textos midiáticos, tomando como corpus de análise en‑ trevistas publicadas em revistas de informação. Nosso foco centra‑se no processo de manipulação, bem como no jogo entre os interlocutores envolvidos, atentando para a dispu‑ ta de poder em torno dos sentidos que constituem as visões a respeito da corrupção no Brasil, do poder judiciário e das possíveis mudanças resultantes do processo em julgamento. Pretende‑se, portanto, investigar as entrevistas como ins‑ trumentos de constituição da opinião pública, compreen‑ dendo que a aceitação ou recusa das representações veicu‑ ladas nas entrevistas resultam da constituição de enuncia‑ dos relevantes. Nesse sentido, propõe‑se, do ponto de vista metodológico, uma articulação entre a Teoria da Relevância de Sperber e Wilson e a Análise Crítica do Discurso, como procedimento de análise das práticas representacionais. Partimos da noção de Van Dijk (2008) de que a mídia con‑ trola o acesso ao discurso, constituindo‑se como a instância que definirá, dentre outras coisas, quem será entrevistado e, consequentemente, a definição de quem acerca da situa‑ ção social ou política será aceita. Primeiramente, será feita a investigação do papel da linguagem na manipulação dis‑ cursiva, através da descrição de processos inferenciais que nos guiam às possíveis implicaturas pretendidas. Por fim, as representações produzidas a partir das implicaturas de‑ vem ser analisadas para compreendermos o seu funciona‑ mento ideológico, as relações de poder em jogo e o efeito de manipulação discursiva, 92 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada OS EXAMES DE LÍNGUAS E A POLÍTICA LINGUÍSTICA BRASILEIRA PARA A LÍNGUA INGLESA: FOCO NO VESTIBULAR UNICAMP ELIAS RIBEIRO DA SILVA (UNIFAL–MG) Resumo de Paper Nos últimos anos, vários pesquisadores (Schiffman, 1996, 2006; Spolsky, 2004; Shohamy, 2006, 2008; entre outros) têm argumentado que uma análise efetiva da política lin‑ guística de um país ou região deve englobar a descrição das práticas sociais que envolvem as línguas faladas e/ou ensi‑ nadas na comunidade. Esses autores partem do pressupos‑ to de que, frequentemente, a legislação oficial sobre a ques‑ tão linguística não corresponde à real política linguística em vigor na sociedade. Shohamy (2006), especificamente, pro‑ põe que os pesquisadores focalizem o funcionamento dos mecanismos de política linguística, isto é, aqueles dispositi‑ vos que atuam na legitimação de uma determinada língua. Para autora, as placas de trânsito, o vestuário, os materiais didáticos, os exames de línguas etc. são mecanismos ou dis‑ positivos de política linguística na medida em que operam, no interior de práticas sociais, como instâncias de legitima‑ ção de uma língua ou variedade linguística. A partir desse referencial teórico, objetiva‑se, nesta comunicação, discutir o papel da Prova de Inglês do Vestibular Unicamp, entendi‑ do como uma prática social, no funcionamento da política linguística brasileira para a língua inglesa. O material de análise é composto por entrevistas semi‑estruturadas com alunos de um curso pré‑vestibular voltado para o exame de entrada da Unicamp. Trata‑se de uma análise qualitativa na qual são mobilizados os modos de operação da ideolo‑ gia descritos por Thompson (2002). A partir das entrevistas, busca‑se identificar as representações sobre a língua inglesa e sobre o Vestibular Unicamp presentes no imaginário dos participantes da pesquisa. Identificadas essas representa‑ ções, procura‑se, a partir da formulação teórica adotada, de‑ monstrar que o exame da Unicamp atua como instância de reafirmação/legitimação das representações sobre a língua inglesa que circulam na sociedade brasileira, funcionando, portanto, como um mecanismo da política linguística brasi‑ leira para essa língua. INDIGNADOS: A POSIÇÃO DE DOIS SITES DE NOTÍCIAS SOBRE UM MESMO EVENTO SOCIAL ÉLIDE GARCIA SILVA VIVAN (UNIP/SP ‑ CENTRO PAULA SOUZA / FATEC TATUÍ) Resumo de Paper Este trabalho analisa o discurso de duas mídias jornalísticas online, Folha Online e Portal de Notícias G1, sobre o movi‑ mento anticapitalista “Os Indignados”, e verifica o posiciona‑ mento de ambos. A análise foi fundamentada na teoria de Norman Fairclough (2008 e 2009) Análise do Discurso Crítica (ADC). A ADC considera o discurso como forma de represen‑ tar o mundo, e tem três efeitos construtivos (a construção das identidades sociais, a contribuição para “a construção dos sistemas e crenças” e a formação das relações sociais) acompanhados das três funções da linguagem (identitária, ideacional e relacional). Neste trabalho focamos a função ideacional, que envolve a ideologia do “eu discursivo”. Alem disso, apresentamos os conceitos de representações de eventos sociais, de mídia, de globalização e discurso jornalís‑ tico. O trabalho contextualiza o movimento dos Indignados e a história das organizações das mídias, Folha de São Paulo e Rede Globo. O corpus é composto por 89 matérias, 52 da Folha Online, entre elas 15 colunas, oito matérias exclusivas para assinantes e sete entrevistas, 37 matérias do Portal de Notícias G1 e três vídeos. A análise foi realizada através de leitura minuciosa, buscando evidências que levassem a uma identificação do posicionamento das mídias, verificando a escolha lexical na descrição do movimento. Ao fim da aná‑ lise, percebemos que a Folha Online se posicionou frente ao assunto ao divulgar o movimento, discutindo e explicando o tema, além de trata‑lo de forma global. O Portal de Notícias G1 não esclarece, em sua maioria, o que é o movimento, tra‑ ta‑o como diferentes movimentos dependendo da posição geográfica em que ocorrem as manifestações, não demons‑ tra posicionamento claro, dificultando a compreensão sobre o propósito do movimento. 93 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A PRODUÇÃO DE STOP MOTION CONTRIBUINDO PARA DESENVOLVIMENTO DAS CAPACIDADES DA ÁREA DE LINGUAGEM ESTRANHANDO A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUAS ÉLIDI P. PAVANELLI‑ZUBLER (CEFAPRO/SINOP–MT ‑ MEEL UFMT) Neste estudo, busca‑se refletir sobre a relevância de um currículo queer na formação inicial de professores de lín‑ guas. A sociedade tem testemunhado um crescimento as‑ sustador da violência homofóbica nas escolas que se agrava mediante a incapacidade de os/as professores/as lidarem com o tema (ABRAMOVAY, CASTRO e SILVA, 2004) (JUNQUEIRA, 2009). Como qualquer discurso, o currículo, ao normalizar e normatizar a sexualidade, legitima ou marginaliza iden‑ tidades (LOURO, 2001) (SILVA, 2003). Assim, a teoria queer surge como uma crítica ao essencialismo com o qual as iden‑ tidades de gênero e sexualidade são encaradas, enfatizando seu caráter performativo (BUTLER, 2001) (LOURO, 2004). Por conseguinte, os sujeitos, que não se adequam à norma he‑ terossexual, estão fadados a ocupar um lugar abjeto na so‑ ciedade (BUTLER, 2003). Uma vez que as identidades são (re) construídas na e pela linguagem, a sala de aula de línguas constitui um espaço privilegiado para abordar a diversidade sexual (MOITA LOPES, 2002). No entanto, a fim de promover uma pedagogização da sexualidade consciente e livre de preconceitos, torna‑se necessário, além de reconhecer a fa‑ ceta erótica da educação (WOOKS, 2001), que os/as profes‑ sores/as compreendam seu papel na formação de cidadãos/ cidadãs refexivos e críticos da realidade. JOANA RODRIGUES MOREIRA LEITE (UFMT) Resumo de Pôster As Orientações Curriculares da Educação Básica do Estado de Mato (MT) apontam que o conceito de linguagem envolve indivíduo, história, cultura e sociedade em uma relação di‑ nâmica entre produção, circulação e recepção, ricas em sis‑ temas semióticos expressos e registrados ligados intrinseca‑ mente ao modo como o ser humano produz, (re)constrói e (re)significa e sustenta sua práticas sociais. Para atender a essas orientações muitos professores buscam novas meto‑ dologias e formas de trabalhar as diferentes linguagens, nes‑ sa busca por inovação surge – a partir dos projetos de apren‑ dizagem – a possibilidade de trabalhar com Stop Motion que é uma técnica de animação que consiste em fotografar objetos, quadro a quadro, resultando em um vídeo. Os pro‑ fessores sentem‑se motivados a trabalhar com essa técnica quando percebem que, além de ser bastante atrativa, pos‑ sibilita o desenvolvimento de capacidades como leitura e interpretação, vivência e ressignificação de diversas práticas linguísticas e a produção de textos nas diferentes linguagens. Propomos, portanto, neste trabalho apresentar e discutir a utilização da técnica de animação Stop Motion em escolas públicas de MT como possibilidade de desenvolvimento das capacidades da área de linguagem. As discussões propostas são resultados do envolvimento de professores formado‑ res do Centro de Formação e Atualização dos Profissionais da Educação Básica de MT na formação continuada de pro‑ fessores que, a partir do desenvolvimento de projetos de aprendizagem, sentiram a necessidade de compreensão e aprofundamento da técnica. A utilização desta técnica cer‑ tamente resulta em um maior envolvimento e comprome‑ timento dos alunos que tornam‑se autores em seu processo de aprendizagem. O professor também passa a perceber a necessidade de buscar em sua formação continuada práti‑ cas do letramento digital. Toda essa mobilização de novas práticas resulta em uma aprendizagem mais significativa para todos os envolvidos. ELIO MARQUES DE SOUTO JUNIOR (UFRJ) Resumo de Paper 94 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada REMIDIAÇÃO E MULTIMODALIDADE COMO CAMINHOS POTENCIAIS PARA A APRENDIZAGEM: O CASO DO LIVRO DIGITAL “OUR CHOICE” ELIS NAZAR NUNES SIQUEIRA (UNICAMP) Resumo de Pôster A invenção de Gutenberg representou forte impacto no pro‑ cesso editorial na medida em que aumentou a tiragem de produção e promoveu uma consequente redução de tem‑ po e de custo. Todavia, a prática de leitura de textos não foi fundamentalmente alterada, uma vez que cadernos costu‑ rados à mão já existiam e a estrutura de códex se mantinha (CHARTIER, 1998). Já atualmente, a emergência das novas tecnologias da informação e comunicação tem organizado, promovido, incentivado e sustentado, além dos novos mo‑ dos de produção industrial, novas práticas para recepção e produção de conteúdos, participação social e construção do conhecimento. Sobretudo, essa emergência, caracterís‑ tica da contemporaneidade, desenvolve uma reorganização no sistema de mídias (BRIGGS; BURKE, 2004), cujas relações não necessariamente são de competição ou substituição, pois, constantemente, essas mídias coexistem, reconfigu‑ ram‑se de modo a se manter, complementar ou formular um novo uso. Por isso, é inviável tratar as relações existen‑ tes nesse sistema com base em rupturas e isolamentos. Diante desse conceito, o livro digital “Our Choice”, do ativista Al Gore, é exemplo de prática remidiada, pois foi produzido a partir do documentário “An Inconvenient Truth”, também baseado nas ideias do ex‑vice‑presidente. Ademais, o livro digital em questão é constituído por inúmeros gráficos, ví‑ deos, imagens, sons e outras atividades interacionais, de‑ sencadeando, assim, uma leitura influenciada por recursos multimodais. Desse modo, os objetivos deste trabalho são, primeiramente, analisar algumas das especificidades dos processos de remidiação (BOLTER; GRUSIN, 2000) presentes nesse livro e, em seguida, considerando os aspectos vantajo‑ sos que a multimodalidade pode propiciar ao ensino (BRAGA, 2010), identificar e analisar como os recursos multimodais proporcionam experiências e caminhos enriquecedores à aprendizagem. O PROGRAMA DE LICENCIATURAS INTERNACIONAIS (PLI) E A FORMAÇÃO DE UMA PROFESSORA DE LÍNGUA INGLESA EM TERRAS PORTUGUESAS: IDENTIDADES E INVESTIMENTO NA ERA GLOBAL ELISABETE ANDRADE LONGARAY (FURG) Resumo de Paper O estudo de caso aqui relatado consiste na análise qualitati‑ va de uma série de narrativas curtas elaboradas por uma pro‑ fessora de língua inglesa em formação. Aluna regularmente matriculada no curso de Licenciatura em Letras Português – Inglês de uma universidade federal no extremo sul do Brasil e bolsista do Programa de Licenciaturas Internacionais (PLI) promovido pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), a participante desta pesquisa faz uso de anotações em diário a fim de expressar seus desejos e aspirações, medos e angústias no que diz respeito à apren‑ dizagem do inglês como língua adicional (LA). Elaborados em língua inglesa e enviados para a pesquisadora por meio eletrônico, os registros mensais produzidos pela bolsista dão conta das experiências vividas por ela enquanto aprendiz de inglês desde os tempos de escola até o presente momento em que atua como bolsista PLI em uma universidade portu‑ guesa. A leitura desses registros revela a construção de iden‑ tidades flexíveis e mutáveis e o desejo de pertencimento a uma comunidade falante de língua inglesa que, nas palavras da própria bolsista, pode lhe conferir maior “status social” (excerto do diário do mês de outubro de 2012). Os conceitos de identidade (Norton, 1995, 2000, 2001), de investimento (Norton, 1995, 2000) e de pesquisa narrativa (Norton e Early, 2011) têm caráter fundamental para esta investigação. 95 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O TRABALHO INTERDEPENDENTE ENTRE A ESCRITA DE UM SCRIPT E A ELABORAÇÃO DE DOCUMENTÁRIOS PARA UMA PARTICIPAÇÃO CIDADÃ EM UMA MOSTRA CULTURAL NO COLÉGIO MILITAR ELIZABETH DE OLIVEIRA CAMELO (UFPE) Resumo de Paper Esta pesquisa objetiva discutir a produção interdependen‑ te (LIBERALI, 20120 na escrita em Língua Inglesa do gênero script de documentário por sujeitos focais de alunos do 9º Ano do Ensino Fundamental do Colégio da Polícia Militar de Pernambuco para participarem de atividade social (LIBERALI, 2011) – a performance (FUGA & DAMIANOVIC, 2010) de elaboração e apresentação de documentários na Mostra Cultural Anual do referido colégio. Para tanto será discutida a elaboração, aplicação e avaliação de um material didático (CAMELO, 2012) que focaliza na escrita de script de documen‑ tários (LARRÉ, 2012) com base no papel da argumentação (Leitão, 2011; Liberali, 2011; Leitão e Damianovic, 2011) na estruturação da compreensão e produção escrita do gênero (MARCUSCHI, 2008) script de documentário. Esta é uma pes‑ quisa crítica de colaboração (MAGALHÃES, 2009) e os dados construídos revelam que ao elaborar o material didático, a professora‑pesquisadora pôde, por meio da implementação e avaliação do mesmo, rever sua prática pedagógica recons‑ truindo o sentido (Vygotsky, 1933) do papel da linguagem na sua formação docente crítico‑colaborativa (LIBERALI, 2009). Além disso, ao perceber o impacto do material didático à luz da atividade social, a discussão revela o incremento da par‑ ticipação discente na mostra cultural focal. Os resultados indicam que o ensino de língua inglesa que parte de uma perspectiva Sócio‑Histórico‑Cultural (Engestrom, 2012) pos‑ sibilita ao estudante e ao professor se identificarem como participantes ativos nos seus reposicionamentos sociais (DAMIANOVIC, 2012). ATENDENDO AS NOVAS DEMANDAS DO MERCADO DE TRABALHO NO IFRJ ELZA MARIA DUARTE ALVARENGA DE MELLO RIBEIRO (MS) Resumo de Paper A partir da criação dos Institutos Federais de Educação Ciência e Tecnologia pelo governo federal, o ‘inglês instru‑ mental’ oferecido como disciplina nos cursos médio‑técnicos, precisa, nem tanto, rever a terminologia do nome da maté‑ ria, mas, principalmente, revisitar os construtos teóricos do ESP (English for Specific Purposes) para reformulação de prá‑ ticas, especialmente no que se refere à análise das necessi‑ dades dos alunos frente às novas demandas do mercado de trabalho contemporâneo e globalizado onde são inseridos. Programas recém lançados pelo governo em parceria com organizações internacionais como o ‘Ciência sem fronteiras’, que estimula o envio de alunos dos Institutos Federais para o exterior com o mínimo de proficiência oral também corro‑ boram a necessidade de colocar os profissionais envolvidos com aprendizagem de língua estrangeira em permanente estado de revisão da análise de necessidades. O presente trabalho tem por objetivo apresentar o resultado do ‘encon‑ tro’ entre (1) as expectativas das as empresas que procuram pelos alunos concluintes em relação às funções que os estu‑ dantes desempenharão em língua estrangeira no período de estágio, com (2) aquilo que para os alunos concluintes é uma exigência inédita e desafiadora a fim de suprir tal lacuna, com foco no que se refere a gêneros orais e, ainda, (3) com as exigências governamentais e de órgãos afiliados quando do interesse dos alunos em participarem dos programas de in‑ tercâmbio cultural. Nessa relação empresa‑governo‑escola, o antigo ‘inglês instrumental’ precisa se aproximar do concei‑ to de ESP, aqui baseado em Hutchinson and Waters (1987), a fim de oferecê‑lo mais eficaz, eficiente e significativamente, colaborando para a formação integral do aluno como profis‑ sional de ponta na sua área de formação. Para tal, busca‑se o diálogo dos gêneros atuais da grade com os que precisam ser incluídos, com foco nos orais, através da constante reno‑ vação de materiais didáticos. 96 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada PROFESSOR DE LÍNGUAS COMO SUPERVISOR DE PROGRAMA DE INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA: ESCRITA DE RELATÓRIOS E IDENTIFICAÇÕES PSICANALÍTICAS POLÍTICAS E PLANEJAMENTO LINGUÍSTICOS: MAPEAMENTO DAS PESQUISAS SOBRE ENSINO DE LÍNGUAS ADICIONAIS NO BRASIL EMANUELLE AVELAR GOMES (UNEB) TAISA PINETTI PASSONI (UNEB) ELZIRA YOKO UYENO (UNITAU) Resumo de Pôster Resumo de Paper O objeto da pesquisa a se relatar é o processo de constru‑ ção identitária do professor da rede de ensino público como supervisor de bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/Capes. Mais precisamente, constitui o processo de construção da identidade do pro‑ fessor‑supervisor de um projeto que se insere no preferido programa e visa ao incentivo à docência de alunos de licen‑ ciatura em Letras. Apresentado o contexto da pesquisa, a percepção de que, a despeito das orientações e procedimen‑ tos a serem assumidos pelos profesores‑supervisores fos‑ sem os mesmos, os projetos conduzidos não produziam os efeitos esperados, sobretudo com relação a adesão dos bol‑ sistas sob sua supervisão, constitiu o problema deflagrador desta pesqisa. A hipõtese para esses desvios foi que ocorria algum procedimento de natureza externa à epistemológica relativa à língua e ao ensino de língua, foco do projeto. Sob o pressuposto de uma concepção de identidade que contem‑ pla processos de subjetivação que compreedem modos de objetivação e modos de subjetivação e processos de identi‑ ficações psicanalíticas, analisaram‑se os relatórios mensais acerca de suas atividades de supervisão das de bolsistas sob sua responsabilidade, relatóros esses que devem entregar ao coordenador do projeto. Objetivou‑se por essa análise perceber indicios de procedimentos que transcendiam aos de natureza epistemológica e aos de natureza pedagógica. Resultados da análise do corpus de pesquisa revelaram su‑ pervisores que, a despeito da dificuldade de ordens variadas que enfrentam não apenas institucionais como a de super‑ visionar sujeitos que, por se subjetivam não mais em uma sociedade verticalizada na qual se interditavam e, por con‑ seguinte, submetiam‑se à hierarquização como a uma bús‑ sola, mas numa sociedade horizontalizada em que tenden‑ cialmente se desbussolam de que fala Forbes, responsabili‑ zam‑se, inventando um novo amor, de que fala Forbes, uma nova forma de supervisionar. Com a globalização têm‑se um crescimento concomitante de relações entre diferentes culturas, etnias e línguas. Junto com este processo, desponta a necessidade de se discutir as políticas que regem o ensino e aprendizagem do instrumen‑ to agente neste entrosamento entre as diferentes comuni‑ dades, a saber: a língua. De acordo com Calvet (2007), as lín‑ guas existem para servir aos homens e não o oposto. Diante disto, tornam‑se relevantes as decisões que norteiam os processos de ensino‑aprendizagem das línguas no contexto de globalização. Tal perspectiva abrange uma série de ques‑ tões que nos levam a refletir sobre a condição do ensino e aprendizagem de Línguas Adicionais no Brasil. Esta reflexão é imprescindível para os profissionais da área de ensino de línguas, a fim de desvelar os aspectos políticos e ideológi‑ cos que norteiam o seu trabalho. Assim sendo, por meio de revisão bibliográfica de natureza crítico‑interpretativista, o presente estudo apresenta um projeto de iniciação cientí‑ fica que pretende elaborar um mapeamento das pesquisas realizadas nos últimos cinco anos no Brasil, em programas de pós‑graduação constantes na base de dados do sistema CAPES, acerca da política e do planejamento linguísticos em relação às Línguas Adicionais. A partir destas pesquisas, buscamos analisar as relações entre o ensino destas lín‑ guas na escola de Educação Básica brasileira com os aspec‑ tos políticos e ideológicos subjacentes às leis que regem o sistema escolar. 97 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada APRENDER A APRENDER, APRENDER A ENSINAR: DESDOBRAMENTOS ÉTICOS, DIDÁTICOS, PEDAGÓGICOS DO CONCEITO DE “AUTONOMIA DO APRENDIZ” EM AULAS DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS ÉRICA SCHLUDE WELS (UFRJ) Resumo de Paper Encontramos as raízes da “Autonomia” aplicada à Educação nas obras de Paulo Freire. É esse teórico que inaugura a Pedagogia crítica em nosso país (ASSIS‑PETERSON, 2001). Como “(...) educar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para a sua própria produção ou a sua constru‑ ção.” (FREIRE, 2007), defendemos a visão de uma Autonomia de raízes políticas, construída eticamente, na relação dia‑ lógica entre mestre e aprendiz. Segundo Nicolaides (2003), a autonomia é destacada como um dos valores mais re‑ levantes no contexto das Leis de Diretrizes e Bases (1996). Nas Diretrizes Curriculares do Curso de Letras (Secretaria de Educação Superior do MEC, 1999), a autonomia é salien‑ tada como prioridade na formação do professor de línguas. No ensino superior, pesquisas geradas na Academia pouco influenciam a realidade escolar (NICOLAIDES, 2003). Além disso, é grande a distância entre muitos dos valores trans‑ mitidos pelo discurso acadêmico, e a necessidade do mer‑ cado de trabalho, caracterizando um cotidiano profissional utilitarista, isto é, o ensino de língua estrangeira como um produto facilmente vendável, longe de uma prática refle‑ xiva (CELANI, 2001). Entre os alicerces da presente pesqui‑ sa, destacamos a revisão conceitual dos conceitos de ética, moral, responsabilidade e liberdade, com vistas à construir um arcabouço teórico interdisciplinar, de caráter indiscipli‑ nar (MOITA LOPES; FABRÍCIO, 2006) O traçado metodológico escolhido privilegia a etnografia, a partir de pesquisas qua‑ litativas (LÜDKE, 1986, MATOS, 2001), com os instrumentos da observação participante (BORTONI‑RICARDO, 2008) e das práticas da pesquisa‑ação. Entendemos que as questões aqui levantadas se incluem no campo atual da Lingüística Aplicada, já que ética, interdisciplinaridade, autonomia, pe‑ dagogia crítica, formação de professores são aspectos que encontram ampla repercussão no mundo, configurando questões de interesse social. PRÁTICA DE PESQUISA NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO: UMA PROPOSTA REFLEXIVA ERIKA REGINA SOARES DE SOUZA (UNEMAT) Resumo de Paper Este trabalho tem como objetivo apresentar os resultados de um estudo feito na disciplina de Estágio Supervisionado do curso de Letras da UNEMAT – campus Pontes e Lacerda. As constantes contradições entre os discursos dos alunos e suas práticas no estágio, bem como as mudanças no siste‑ ma educacional decorrentes das novas tecnologias de infor‑ mação e comunicação, motivaram os professores da discipli‑ na do Estágio Supervisionado do referido campus a elabora‑ rem um novo projeto político‑pedagógico que adequasse à prática docente a atual realidade educacional. Esse projeto considera o período do estágio como um momento de pro‑ dução reflexiva de conhecimentos, em que a ação é pro‑ blematizada e refletida no contexto presente. Deste modo, considera‑se a pesquisa e a reflexão no ensino de uma lín‑ gua como um dos fatores primordiais na formação inicial do acadêmico. Nesse sentido, a linguagem é concebida como uma prática social, e as pesquisas devem ser desenvolvidas dentro do contexto aplicado (Moita‑Lopes, 2006). Nessa direção, esta pesquisa baseia‑se nos pressupostos teóricos de autores como Donald Shön (1992), Moita‑Lopes (2008), Bortoni‑Ricardo (2008), Vieira‑Abrahão (2011), Pimenta (2002) e Celani (2003). A análise interpretativa, feita com base nos relatórios produzidos pelos alunos, demonstrou que, instigar os alunos estagiários a planejarem as suas aulas a partir de uma problemática, motiva a pesquisa e a reflexão a cerca da sua própria prática visando a busca de possíveis respostas; os dados também revelaram que a pesquisa‑refle‑ xiva resulta em aulas produtivas e interativas. Diante disso, espera‑se que este estudo, a partir do projeto elaborado na disciplina de estágio, contribua com uma formação docente critica e, sobretudo, demonstre a relevância de se pensar em uma prática reflexiva como um dos prováveis caminhos de mudanças de posturas em relação ao ensino de línguas. 98 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada VOZES DISCORDANTES NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DA MULHER EM CENAS DE GABRIELA FORMAÇÃO DOCENTE NA CONTEMPORANEIDADE E PRÁTICA TECNOLÓGICA: UMA ANÁLISE LINGUÍSTICA ERINALDO DA SILVA SANTOS (UNEAL) ESTELA SERAGLIO FURRER (ONZE DE MARÇO) JOSEFA MENDES DA SILVA (UNEAL) Resumo de Paper Resumo de Pôster Nesse início do século XXI, parece ainda existir uma “guerra dos sexos”, ou melhor, uma luta, mesmo que velada, entre os gêneros masculino e feminino. Sendo assim, deparamo‑nos com a compreensão de que o homem é superior à mulher, e esta tem um papel menor na sociedade, ficando restri‑ ta a atividades do ambiente privado, mesmo com todos os ganhos do feminino no mundo do trabalho. Nessa arena, a linguagem é fator importante para a construção do mascu‑ lino e do feminino, visto que compreendemos que gênero é um constructo. Entendendo dessa maneira, compreen‑ demos que a ficção, através da telenovela, torna‑se impor‑ tante para a reflexão sobre a identidade da mulher, mesmo quando a narrativa acontece há exato um século, no início do século XX. No estudo, analisamos cenas da telenovela da rede de TV Globo, Gabriela, compreendendo a partir da personagem Malvina as vozes discordantes na construção da performance feminina (Austin, 1990; Marcuschi, 2003). A telenovela é uma adaptação do romance “Gabriela cravo e canela”, de Jorge Amado e narra a vida na cidade de Ilhéus (Bahia) no início da década de 1920. Na pesquisa, objetiva‑ mos analisar como os recursos linguísticos e paralinguísti‑ cos utilizados pela personagem Malvina contribuem para subverter os padrões de submissão que foram/são impostos às mulheres. Para a realização deste trabalho, optou‑se pelo método qualitativo (Bortoni‑ Ricardo, 2008). Para funda‑ mentar este estudo, tomamos por base as ideias de Goffman (1964), Marcuschi (2003), Austin (1990), Hoffnagel, (2010), Van Dijk (1998), e outros. As reflexões realizadas possibilita‑ ram‑nos verificar que em suas performances comunicativas, Malvina questiona o fato de ser condicionada a repetir os padrões dominantes e ter seus limites definidos socialmen‑ te, demonstrando interesse de ser protagonista e não seguir o discurso patriarcal construído pelas grandes instituições, reivindicando tratamento igualitário, objetivando dissipar qualquer discriminação em função do gênero. Esta pesquisa que se encontra em desenvolvimento tem como propósito apresentar uma análise linguística do dis‑ curso docente e discente no que diz respeito ao uso das no‑ vas tecnologias no contexto acadêmico. Os participantes da pesquisa são docentes e discentes do curso de Letras de uma universidade do centro‑oeste. Pressupomos então que a tecnologia se faz presente nas diversas atividades diárias na contemporaneidade. Assim, pensar a formação docen‑ te integrada à prática tecnológica é fundamental nos dias atuais. Nessa direção, a comunicação é mediada, em sua maioria, pelo computador. Em consequência desse cenário, um ambiente linguístico é recriado artificialmente, em que o professor e o material didático são forçados a se integra‑ rem nesse mundo digital (Paiva, 1995). Diante disso, pro‑ pomos verificar se há uma “consonância” acerca da prática tecnológica na formação docente, na opinião de professores formadores e alunos em formação do curso de letras/inglês. Para tanto, utilizamos os construtos teóricos da Linguística Sistêmico‑Funcional com base nos estudos de Halliday (1994) Halliday e Mathiessen (2004), Eggins (1994) e a forma‑ ção de professor de língua estrangeira (Celani, 2003; Paiva, 1996; Moita‑Lopes, 2006; Assis‑Peterson e Cox, 2007). A aná‑ lise linguística será feita com base nos dados coletados por meio de observação e gravação de aulas e entrevistas com os professores e acadêmicos. Os dados serão transcritos, or‑ ganizados e categorizados pela ferramenta computacional WordSmith tools (Scott, 1997). Serão destacados os elemen‑ tos léxico‑gramaticais presentes no discurso dos participan‑ tes relacionados à formação docente e prática tecnológica. Espera‑se, portanto, que este estudo reflexivo contribua com pesquisas futuras na área da Linguística Aplicada (LA) com foco na formação docente e, sobretudo, instigue prá‑ ticas tecnológicas no contexto ensino/aprendizagem de lín‑ guas na contemporaneidade, especificamente “no ambiente de formação docente”. 99 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada EM ANGOLA, A LÍNGUA PORTUGUESA DE QUEM É? A INFLUÊNCIA DO DIALETO NSOLONGO NA CONCORDÂNCIA VERBO‑NOMINAL DO PORTUGUÊS DE LUANDA. REPRESENTAÇÕES DE TECNOLOGIA E O PAPEL DA LINGUAGEM NA PERSPECTIVA DE PESQUISADORES DE AMBIENTES VIRTUAIS IMERSIVOS EUGÉNIA KOSSI (UNIPIAGET) EVALDO CARNEIRO DE MELLO SOBRINHO (UFRJ) Resumo de Paper Resumo de Paper O presente trabalho pretende discutir a problemática da fuga à Língua Portuguesa (LP) padrão, que muita gente chama de mau português, para uma que recebe traços dos pressupostos culturais de um povo que tem um passado se‑ cular. Tal memória alimenta uma tradição oral que se traduz na língua oficial com características identitárias próprias das línguas nacionais ou locais. Tendo como foco as várias influ‑ ências linguísticas que o Português de Angola recebe, traça‑ remos uma comparação entre o nsolongo e a língua trazida pelos europeus nas comunidades asolongo de Luanda. Isto, com intuito de provar que um povo respeita as suas raízes e atualiza a Língua de colonização tendo como base o seu contexto pragmático, cultural. Infelizmente, ainda há uma resistência em se reconhecer que tais mudanças não são invasões, mas variações naturais proporcionadas pela gra‑ mática implícita de um povo. Chomsky bem o evidenciou ao definir a gramática universal como sendo “o sistema de princípios, condições, e regras que são elementos ou pro‑ priedades de todas as línguas humanas não meramente por acidente, mas por necessidade – naturalmente, necessidade biológica e não lógica. Assim a GU pode ser entendida como a expressão da “essência da linguagem humana””. A partir de um corpus coletado em comunidades de asolongo, observa‑ mos que, por ter tal língua um plural prefixal, os falantes não reconhecem o plural sufixal da LP permitindo a ocorrência de frases como “os menino foi embora”. Queremos com isso mostrar que, apesar de a LP em Angola seguir uma norma europeia, já existe uma língua portuguesa angolana com manifestações próprias que merecem ser estudadas do pon‑ to de vista científico e social. Este trabalho discute os resultados de uma pesquisa que buscou trazer para o primeiro plano a problematização da própria pesquisa acadêmica – entendida como prática so‑ cial – examinando discursos em trabalhos acadêmicos en‑ volvendo as novas tecnologias de informação e comunica‑ ção. Foi adotada, portanto, uma perspectiva crítica e refle‑ xiva tal como postulada por Moita Lopes (2008), Pennycook (2008) e Rajagopalan (2003). Desta forma, a pesquisa que divulgamos investigou as representações de tecnologia dos pesquisadores de ambientes virtuais imersivos (AVIs) – espe‑ cificamente games, realidade virtual, virtual heritage etc –, assim como seu posicionamento em relação ao entendi‑ mento dessas mídias como novas linguagens. Para tanto, um corpus de dezessete trabalhos – teses de doutorado e dissertações de mestrado produzidas em universidades bra‑ sileiras nas áreas de Engenharia, Computação, Educação e Comunicação – foi analisado utilizando‑se dispositivos da Análise Crítica do Discurso, segundo o modelo tridimensio‑ nal de Fairclough (2001). Recorreu‑se, ainda, a dispositivos defendidos por Orlandi (2010) e Gill (2002). Em uma segun‑ da etapa, nossa interpretação foi confrontada com dados de entrevista e questionários aplicados a um grupo selecionado dentre os autores das pesquisas analisadas. Os resultados evidenciam que alguns pesquisadores, ainda que inseridos em áreas que reivindicam objetividade e “neutralidade cien‑ tífica”, mostram‑se claramente engajados em processos de transformação social. Evidencia‑se também a presença de visões utópicas da tecnologia e, ainda, um grande “silêncio” em relação ao fato de que os AVIs se constituem em novas linguagens produtoras de sentido. Discute‑se, assim, o pa‑ pel dos profissionais das áreas da linguagem nos projetos de desenvolvimento dos AVIs, as relações de poder entre as diversas disciplinas envolvidas nesses projetos interdiscipli‑ nares, e, finalmente, os desdobramentos ideológicos das vi‑ sões utópicas identificadas. 100 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada UM OLHAR PARA A IDENTIDADE DO PROFESSOR DE LÍNGUA INGLESA NA EDUCAÇÃO BÁSICA EM REGIÕES DO EXTREMO SUL DA BAHIA DISCURSIVIDADES SOBRE O ENSINO E APRENDIZAGEM DE INGLÊS: O QUE É SER FLUENTE? EVELYN CRISTINE VIEIRA (UFG) EVELLIN BIANCA SOUZA DE OLIVEIRA (UNEB) LUCIANA CRISTINA DA COSTA AUDI (UNEB) Resumo de Pôster Considerando que a identidade não é estanque, ou seja, que ela se reconstitui pelas nossas práticas sociais, enfatizamos a relevância de estudos relacionados aos processos de (re) construção da identidade do professor de Língua Inglesa. Desta forma o presente trabalho, pretende apresentar um projeto de Iniciação Científica que visa realizar estudos sobre a (re) construção da identidade profissional de professores de língua inglesa, e, concomitantemente, pesquisar o per‑ fil dos professores de Língua Inglesa que atuam nas escolas públicas de Educação Básica em dez municípios da Região do Extremo Sul da Bahia, dentro de uma perspectiva funda‑ mentada nos pressupostos da teoria sócio‑histórico‑cultu‑ ral. O projeto constitui‑se de estudos sobre a identidade e levantamento de dados sobre a formação dos profissionais atuantes nas salas de aula de língua inglesa no ensino fun‑ damental e médio na região. Pretende‑se traçar o perfil des‑ tes profissionais e promover a discussão de trabalhos que tratam sobre questões de identidade dos professores, como ela vem sendo formada, como se dá suas crenças e como a sociedade influencia nesse processo de formação identitária. Espera‑se que as ações do projeto venham a possibilitar a formação de profissionais que, conhecedores de suas reali‑ dades, atuem na promoção da cidadania e se tornem, eles mesmos agentes transformadores de suas próprias comuni‑ dades, contribuindo para a formação de políticas públicas e programas na área de educação. Resumo de Paper Esse trabalho tem como objetivo refletir sobre discursivida‑ des no ensino de Inglês como Língua Estrangeira no Brasil, especialmente no que diz respeito ao termo “fluência” e as características atribuídas a esse termo. Nossa preocupação surgiu do uso do termo “fluência” em diferentes âmbitos e como parte de diversos discursos – acadêmico, publicitário, pedagógico – acerca do ensino de idiomas. Inicialmente, propomos pensar a questão da fluência em um contexto mais amplo e não minimizá‑lo a uma única habilidade, como propõe alguns enunciados discursivos do discurso pedagó‑ gico. Portanto, nosso intuito é que ao revisitar os conceitos de fluência nos estudos de Linguística Aplicada, possamos pensar como as discursividades acerca do mesmo são cons‑ truídas e como influenciam o meio em que circulam, ou seja, que efeitos de sentidos retornam a esses lugares discursivos. Os participantes de nossa pesquisa foram alunos e professo‑ res de escolas de idiomas, a fim de que pudéssemos coletar dados que mostrassem discursivamente suas concepções e crenças envolvidas no processo de aquisição de língua ingle‑ sa. O arcabouço teórico da pesquisa se compôs na interface entre a Linguística Aplicada e a Análise Dialógica do Discurso, baseada nos pressupostos do Círculo de Bakhtin, com seus estudos a respeito da natureza da linguagem e seu funcio‑ namento em constante diálogo. Sabemos que tais diálogos ocorrem ininterruptamente no âmbito escolar, na sala de aula de língua estrangeira em específico, no discurso midi‑ ático, no universo acadêmico. Por isso, intentamos verifi‑ car tais relações dialógicas a fim de compreender como são produzidas e, principalmente, que impactos provocam no processo de aquisição de uma língua. Assim, analisaremos com base nos pressupostos teóricos as sequências discur‑ sivas dos envolvidos na pesquisa a fim de problematizar a noção de fluência e o processo de ensino e aprendizagem de Inglês, especificamente no contexto das escolas de idiomas no Brasil. 101 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O IMAGINÁRIO SOCIAL ACERCA DO PROFESSOR: UMA ANÁLISE CRÍTICO‑DISCURSIVA DA SAGA “HARRY POTTER” UMA ABORDAGEM DISCURSIVA DA PRODUÇÃO DE SABERES EM ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO FABIANO SILVESTRE RAMOS (UFV) FÁBIO CARLOS DE MATTOS DA FONSECA (PUC–SP) Resumo de Paper Resumo de Paper O objetivo do presente trabalho é investigar, a partir de uma perspectiva social do discurso, a maneira como o professor é retratado na mídia cinematográfica. Proponho‑me a ana‑ lisar a saga Harry Potter, que compreende 08 filmes. Em li‑ nhas gerais, a história da saga se passa na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, centro de referência no meio bruxo no que diz respeito ao ensino de jovens bruxos, para onde eles vão aos 11 anos de idade e saem aos 17, já preparados para o “mercado de trabalho”. A escolha do corpus se justifica pela abrangência da saga no contexto internacional e pelo papel de construção de opinião desenvolvido pela mídia nos dias atuais. Dessa forma, tentar compreender a maneira como o profissional de ensino é retratado em tal contexto nos au‑ xilia na compreensão do imaginário social acerca da figura do professor. Como aporte teórico e instrumental de análise, utilizo a Teoria Social do Discurso, proposta por Fairclough (2001). Segundo o autor, o discurso seria uma forma de prá‑ tica social, um modo de agir sobre o mundo e sobre a socie‑ dade, sendo um elemento da vida social inter‑relacionado a outros elementos (RESENDE e RAMALHO, 2006). Sendo assim, o discurso deve ser considerado tridimensional, sendo essas três dimensões (texto, prática discursiva e prática social) passíveis de análise. Os dados nos revelam a existência de di‑ versos perfis de professores que conflitam, entre si, na maio‑ ria das vezes. Os mais recorrentes são aqueles de professores com instintos paternais, que em diversos momentos deixam transparecer esses instintos na interação com os aprendizes. Um outro perfil recorrente é o de professor autoritário, que impõe medo e não permite nenhum tipo de interação em sala de aula. Eleger o estágio curricular supervisionado como tema cen‑ tral de pesquisa se deve a uma especificidade muito própria, sua natureza ambígua, híbrida, por estar situado justo no ponto de interseção de dois mundos: o da formação e o da profissão (Brasil, 2008). É um momento duplamente críti‑ co e tenso para os sujeitos nele engajados, posto que, para realizarem as suas atividades, sofrem as coerções de pres‑ crições heterodeterminadas e heterogêneas entre si. Esta pesquisa, mobilizando os protagonistas do estágio curri‑ cular supervisionado (estagiário, orientador e supervisor) pretende lançar alguma luz sobre esta questão. Para tanto, o estudo se inscreve numa perspectiva teórica multidiscipli‑ nar que envolve a Ergonomia da atividade (Ferreira, 2000), a Ergologia (Schwartz, 2002; Schwartz & Durrive, 2007), a Clínica da Atividade (Clot, 2006) e a Análise do Discurso de base enunciativa (Maingueneau, 2008). A proposta de me‑ todologia realiza o cruzamento de dois procedimentos: (a) pesquisa documental de prescritos, a partir da qual serão le‑ vantados os documentos legais que regulam o estágio curri‑ cular supervisionado a fim de se ter acesso as suas múltiplas concepções; (b) prospecção de textos reflexivos sobre a ati‑ vidade no estágio curricular supervisionado, interpelando, por um lado, orientador e supervisor por meio da instrução ao sósia (Faïta, 2005; Clot, 2006) e, por outro, a figura do próprio estagiário, por meio da autoconfrontação (Muniz & Nepomuceno, 2011; Vieira, 2004). É importante frisar que há um interesse específico quanto ao tipo de estágio curricular supervisionado: o que é realizado pelos alunos do Ensino Médio Técnico Integrado em Mecânica e Eletrotécnica do IFRJ. Focalizando o tema do saber sob uma dupla perspec‑ tiva, a da formação e a da profissão, o objetivo geral deste projeto é investigar a atividade de estágio curricular supervi‑ sionado enquanto processo de formação que integra formas heterogêneas de saber. 102 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A MULTIMODALIDADE DO INFOGRÁFICO: UMA ANÁLISE ATRAVÉS DA GDV INGLÊS PARA FINS ESPECÍFICOS: INGLÊS PARA ADVOGADOS FABRÍCIO OLIVEIRA DA SILVA (Puc–sp) FÁBIO NUNES ASSUNÇÃO (UECE) ANTONIA DILAMAR ARAÚJO (UECE) Resumo de Paper Por anos a informação vem sendo transmitida principalmen‑ te através de textos verbais. No entanto, percebe‑se hoje a importância do uso de diferentes modos para a elaboração de textos com sentidos mais completos e acessíveis. Quando diferentes modos semióticos são utilizados na construção de um texto, cada modo contribui com suas próprias carac‑ terísticas para completar o sentido deste. A este fenômeno dá‑se o nome de multimodalidade. Gêneros multimodais já fazem parte do cotidiano, mas os leitores devem estar pre‑ parados para eles, para que possam assimilar seu conteúdo de forma crítica. Assim, é importante que gêneros multimo‑ dais estejam presentes em ambientes educacionais. Entre eles, destaca‑se o infográfico. O infográfico é utilizado para formatar notícias que não cabem nos limites da enunciação verbal ou fotográfica, como mapas, localização geográfica ou simulação de movimento. Devido à natureza multimodal deste gênero, propõe‑se uma análise sobre ele, realizada se‑ gundo os aportes teóricos da Gramática do Design Visual, de Kress e van Leeuwen (1996). Tal análise tem como objetivo descobrir se este gênero segue os padrões de composição multimodal ocidental, apresentado pelos autores em sua obra. Assim, o presente artigo tem como propósito apresen‑ tar esta análise, focalizando as três funções apresentadas na obra: representacional, interativa e composicional. A análise comprovou que os elementos das funções foram emprega‑ dos na elaboração do infográfico e que este de fato seguiu o padrão de composição multimodal ocidental, apresentado por Kress e van Leeuwen. Resumo de Paper Uma característica central da abordagem de Línguas para Fins Específicos é a análise de necessidades e, segundo Long (2005), todo e qualquer programa de ensino de línguas deve partir dessa análise. Este trabalho tem por objetivo desen‑ volver uma análise de necessidades de inglês para advoga‑ dos de uma cidade do interior do Estado de São Paulo e da capital paulista, estes últimos alunos de um curso de leitura e um curso de redação jurídica. O arcabouço teórico desta pesquisa em Ensino‑Aprendizagem de Línguas para Fins Específicos está fundamentado, principalmente, nos precei‑ tos de Hutchinson e Waters (1987), Dudley‑Evans e St John (1998) e Ramos (2004), entre outros. Nesta pesquisa qualita‑ tiva com referencial metodológico do estudo de caso, segun‑ do as orientações de Lüdke (1983), Lüdke e André (1986), Gil (1987), Johnson (1992), Stake (1998) e Denzin e Lincoln (1998), foram realizadas quatro entrevistas com dois informantes especialistas, que permitiram levantar informações para a elaboração de dois questionários que foram, então, apli‑ cados ao grupo de participantes, composto por 8 profissio‑ nais de Sorocaba/SP, 17 alunos do curso de leitura e 6 alunos do curso de redação, ambos ministrados na cidade de São Paulo, totalizando 31 participantes. Em razão da carência de pesquisas que busquem levantar as necessidades de inglês de profissionais do Direito, esta pesquisa traz uma contri‑ buição original para a área de Línguas para Fins Específicos e pode auxiliar no melhor entendimento desse contexto de trabalho para profissionais que se envolvem com o ensino de inglês para advogados. Identificando necessidades de aprendizagem e da situação‑alvo os resultados desta inves‑ tigação fornecem dados que permitirão elaborar cursos de inglês para advogados em Sorocaba, bem como avaliar e/ ou (re)desenhar os cursos de inglês jurídicos frequentados pelos participantes. 103 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada TECNOLOGIAS DIGITAIS E FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: EXPERIÊNCIAS HÍBRIDAS FABRÍCIO TETSUYA PARREIRA ONO (USP) Resumo de Paper A reforma do pensamento tida como emergente por Morin (2004), a cultura da convergência discutida por Jenkins (2008), as novas teorias de letramento (SNYDER, KRESS, 2000), multiletramentos (COPE E KALANTZIS, 2000; NEW LONDON GROUP, 1996) e ensino crítico (LANKASHEAR e KNOBEL, 1997; MONTE MOR, 2009 E MENEZES DE SOUZA E MONTE MOR, 2006) apontam um movimento de ressignifição da educação diante das mudanças socioculturais, cognitivas e tecnológi‑ ca. Tendo em vista as questões apontadas por esses autores e considerando que os novos letramentos e multiletramentos reconhecem a multiplicidade de significados pela combina‑ ção de vários modos de comunicação (KRESS e VAN LEUWEEN, 1996,) e encorajam a leitura, a escrita e a comunicação por meio de diversas mídias, gêneros, dialetos e línguas, como também os contextos sociais. Além disso, este encontro hí‑ brido de mais de um meio de comunicação “é um momento de liberdade e libertação do entorpecimento e do transe que eles impõem aos nossos sentidos” (McLUHAN, 1964). Desta forma, centralizo esta discussão na formação continuada de professores de língua estrangeira, tendo como contexto um curso de pós‑graduação latu senso em Estudos Avançados de Língua Inglesa na cidade de São Paulo, com um público formado, em grande parte, por professores do ensino regu‑ lar, da esfera pública e privada. Para tanto, com o objetivo de fomentar discussões e questionamentos acerca do tema e, também, dialogar com as pesquisas realizadas em outros contextos, analiso um elemento multimodal, elaborado por professores em‑serviço da rede pública participantes do cur‑ so. No elemento produzido pelos professores participantes, há uma discussão das teorias dos novos letramentos e mul‑ tiletramentos, indicando um processo reflexivo na (re)cons‑ trução de suas perspectivas teóricas e que poderão refletir em suas práticas de sala de aula. AS MACRO‑ESTRUTURAS NA ATIVIDADE PRÁTICA DO PROFESSOR DE INGLÊS FÁTIMA APARECIDA CEZARIM DOS SANTOS (UNESP–IBILCE, CAMPUS SÃO JOSÉ DO RIO PRETO, BOLSIS) Resumo de Paper Habilidade em língua inglesa é vista como vital aos paí‑ ses que queiram fazer parte da economia global, havendo, portanto, uma demanda mundial por professores de inglês competentes e abordagens mais eficazes para o desenvolvi‑ mento profissional (BURNS e RICHARDS, 2009). Na perspecti‑ va da teoria sócio‑cultural (VIGOTSKI, 2003), a formação de professores de línguas é compreendida em todos os aspec‑ tos profissionais e em todos os diferentes contextos sociais de atuação (JOHNSON e GOLOMBEK, 2011). Assume‑se que a prática docente é uma atividade que emerge da participa‑ ção nas práticas sociais em sala de aula de línguas, logo, a atividade de ensino de língua estrangeira é socialmente si‑ tuada (JOHNSON, 2009). Tendo a formação de professores de línguas a função de prepará‑los para o mundo profissio‑ nal, torna‑se importante considerar como as atividades dos professores moldam ou são moldadas pelas macro‑estru‑ turas sociais, que constituem a vida profissional do profes‑ sor (JOHNSON, 2009). Com essa exposição conceitual, esta comunicação visa apresentar análise do posicionamento de professores de inglês acerca do efeito das macro‑estruturas institucionais em suas atividades docentes. Os dados são parciais e emergem de dois espaços interligados: a) de um projeto de formação continuada colaborativa com um gru‑ po de professoras de inglês; b) de duas professoras de inglês, participantes de minha pesquisa de doutorado, em anda‑ mento. Todas as participantes atuam em uma rede pública, no ensino fundamental, de uma cidade paulista. A análise de dados deu‑se a partir dos enunciados das participantes e de minha observação em campo. Até o momento, pode‑se constatar que as macro‑estruturas mantêm uma interrela‑ ção relevante com a qualidade do trabalho docente, no que tange a dois importantes aspectos: a) condições emprega‑ tícias; b) recursos materiais, de acordo com o ponto de vista das professoras. 104 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada EXPLORANDO O POTENCIAL DA LINGUÍSTICA COGNITIVA PARA A APRENDIZAGEM ONLINE DE PREPOSIÇÕES EM LÍNGUA INGLESA FERNANDA BURATTI PORTAL (UNISINOS) ISA MARA DA ROSA ALVES (UNISINOS) Resumo de Paper Com o crescimento cada vez maior da Educação a Distância (EAD), há a necessidade de (re)formular e (re)avaliar as prá‑ ticas de ensino, a fim de suprir necessidades e interesses da nova era digital. Observa‑se também que os fundamentos teóricos que orientam a prática dos professores podem in‑ fluenciar diretamente nos tipos de resultados alcançados pelos alunos. Além disso, particularmente na EAD, faz‑se fun‑ damental levar em consideração os fatores afetivos e as opi‑ niões expressos pelos alunos, uma vez que eles influenciam nos processos mentais, como memorização, raciocínio, mo‑ tivação, atenção (PERGHER, 2005). Nesse contexto, tem‑se como objetivo explorar o potencial da Linguística Cognitiva (LANGACKER, 1987; LAKOFF, 1987) para a aprendizagem de preposições em inglês em ambientes virtuais de aprendiza‑ gem. Para tanto, o trabalho desenvolve‑se dentro de cinco grandes fases: (i) descrição das preposições à luz da aborda‑ gem teórica adotada (ex.: BRUGMAN, 1981; TYLER, 2008); (ii) estudo da metodologia de ensino baseada em uso proposta pela Linguística Cognitiva (ex.: TYLER & EVANS, 2003; TYLER, 2008); (iii) desenho e construção de materiais educacionais digitais (MEDS) (BEHAR, 2009) para o ensino de preposições na modalidade a distância; (iv) análise do desempenho dos alunos e; (v) análise das percepções dos alunos a partir da aula. Optou‑se pela Linguística Cognitiva porque se entende que essa teoria pode trazer avanços para a descrição das pre‑ posições e benefícios para o ensino‑aprendizagem de LE, em especial, na modalidade a distância. A partir desse estudo, pretende‑se elaborar um conjunto de princípios metodoló‑ gicos para o ensino das preposições, levando em considera‑ ção o desempenho dos alunos e suas percepções ao realizar as atividades propostas. GESTÃO E PRODUÇÃO DE SIGNIFICADOS COMPARTILHADOS FERNANDA COELHO LIBERALI (Puc–SP) Resumo de Paper Esta apresentação discute uma abordagem para a gestão es‑ colar a partir de uma tradição Vygotskiana (1934) que implica que a produção coletiva de significados compartilhados seja entendida como aspecto essencial para o desenvolvimento de uma possibilidade criativo‑colaborativa para transfor‑ mar a escola. Será debatido o “Projeto de Gestão em Cadeias Criativas”, que foi desenvolvido a partir de uma demanda da Secretaria Municipal de Educação (SME) de uma grande capital do sudeste do Brasil para o desenvolvimento amplo de vários níveis da gestão escolar. A discussão focalizará a produção coletiva de significados para o conceito de gestão, desenvolvida ao longo de 2011 e 2012. Além disso, abordará também o resultado da implementação de atividades de Gestão para o Ensino Fundamental que foram desenvolvidas com diretores e formadores de educadores da Secretaria de Educação, com treze Diretorias Regionais e com parte das 541 escolas dessa rede. Para a apresentação, primeiramen‑ te, será feita a exposição do projeto proposto à Secretaria Municipal de Educação, a análise e a interpretação, de for‑ ma breve, do conceito de gestão em contextos gerais e edu‑ cacionais e sua posterior reelaboração no quadro da Teoria da Atividade Sócio‑Histórico‑Cultural. Na sequência, será descrito o quadro de pesquisa e intervenção colaborativa em que o estudo e a ação sobre gestão nesse enfoque fo‑ ram realizados. Para finalizar, serão discutidos os processos de produção de significado e os resultados que este projeto apresentou após dois anos de sua implementação. 105 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O MOODLE COMO FERRAMENTA NO COMPARTILHAMENTO E NA REFLEXÃO DE CRENÇAS SOBRE O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS GÊNEROS DISCURSIVOS COMO INSTRUMENTOS NO PROCESSO DE ENSINO‑APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA E FÍSICA. FERNANDA MENESES RODRIGUES DA COSTA (UFRJ) FERNANDA COSTA RIBAS (UFU) Resumo de Pôster Resumo de Paper Nesta comunicação discutirei o potencial da plataforma Moodle no sentido de fomentar o compartilhamento e a re‑ flexão de crenças de mestrandas sobre o processo de ensino de aprendizagem de línguas a partir de situações de intera‑ ção e colaboração em fóruns de discussão. Discorrerei não só a respeito da reflexão das alunas sobre suas próprias cren‑ ças instigada nos fóruns, como também sobre o processo colaborativo de construção de conhecimento acerca do que sejam crenças. Os dados que serão apresentados foram cole‑ tados em uma disciplina oferecida a um grupo de sete alunas no Curso de pós‑graduação em Estudos Linguísticos, intitu‑ lada “Tópicos em Linguística Aplicada 1: Crenças no ensino/ aprendizagem de línguas: interfaces afetivas e contextuais”. A disciplina teve carga horária de 60 horas presenciais, as quais foram complementadas por tarefas e fóruns propos‑ tos na plataforma virtual de aprendizagem, utilizada simul‑ tânea e paralelamente às aulas semanais. Além de recortes dos fóruns de discussão, serão apresentados também dados de um questionário aplicado às alunas via Moodle que visou o registro de suas impressões acerca da utilização da plata‑ forma no curso. A análise e discussão dos dados se baseiam nos trabalhos de Paiva (2010), López et al. (2010), Rozenfeld et al. (2010) e Warschauer (2011) que tratam do uso de tec‑ nologias no desenvolvimento de práticas colaborativas e aprendizagem experiencial. Diante dos recentes índices do ENEM e de outros exames que medem a qualidade da educação no país, podemos no‑ tar que a educação pública brasileira vem tendo um fraco desempenho em matemática e física. Além disso, o ensino dessas duas disciplinas costuma ser descontextualizado, distante da realidade social do aluno, não proporcionan‑ do, portanto, a verdadeira reflexão e participação criativa do estudante em seu meio. Dessa forma, o presente pôster, fruto do projeto Práticas de Linguagem em Diferentes Áreas do Conhecimento na Escola Pública (PLIEP), busca, a partir da concepção de gêneros do discurso do círculo de Bakhtin e de construtos relacionados a processos de aprendizagem‑ ‑e‑desenvolvimento de Vygotsky, entender os gêneros que organizam a construção de conhecimento em matemática e física, as características desses gêneros e de que forma os conceitos científicos destas disciplinas são trabalhados na sala de aula. Os dados serão coletados em escolas do ensino fundamental participantes do PLIEP, através da observação de aulas, de questionários respondidos por alunos e profes‑ sores e do levantamento dos gêneros discursivos que circu‑ lam nas aulas. Este pôster pretende, portanto, apresentar os resultados da triangulação dos dados gerados a partir destes três instrumentos. Em uma etapa futura da pesquisa, a dis‑ cussão destes resultados com os professores‑participantes pretende desencaderar a co‑construção de práticas situadas de compreensão e produção de gêneros numa perspectiva interdisciplinar, de forma a propiciar o engajamento em prá‑ ticas situadas de construção do conhecimento em matemá‑ tica e física que estabeleçam relações mais significativas en‑ tre os conceitos científicos destas disciplinas e a vida social. 106 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O CURSO DE TRADUÇÃO NA UFOP: PADRÕES PROTOTÍPICOS DE EDIÇÃO NA TRADUÇÃO DE TEXTOS TÉCNICO‑CIENTÍFICOS O ESPAÇO PARA A AGÊNCIA DO APRENDIZ DE LÍNGUA INGLESA SOBRE SUA PRÓPRIA APRENDIZAGEM FERNANDA PASSOS DA TRINDADE JORGE NERES (UFRJ) FERNANDA MOREIRA FERREIRA (UFOP) Resumo de Paper Resumo de Pôster Esse trabalho apresentará os resultados de uma pesquisa em andamento que visa investigar o desenvolvimento de tradutores em formação, no início e no final do Bacharelado em Tradução da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), comparando os seus resultados com aqueles obti‑ dos na pesquisa com tradutores profissionais, realizada na Universidade Federal de Minas Gerais (Alves e Gonçalves, no prelo). Investigaremos vinte alunos, 10 entre o 3º e o 4º pe‑ ríodos, e 10 entre o 7º e o 8º períodos do Curso. Serão utili‑ zados, para a realização de um experimento com tradução, dois resumos de artigos acadêmico‑científicos com cerca de 250 palavras. O processo será registrado pelo software TRANSLOG (Jakobsen, 1999) e, após a realização das tarefas de tradução, serão feitas entrevistas semiestruturadas cujas respostas serão gravadas em áudio. A análise dos dados será feita com base no mapeamento do padrão de edição no par linguístico português‑inglês, utilizando o sistema Litterae (Alves e Vale, 2011). Serão comparados os resultados entre os alunos iniciantes e concluintes e, então, serão comparados os resultados desta pesquisa com os de Alves e Gonçalves (no prelo), que, a partir dos trabalhos de Alves & Vale (2009; 2011), propuseram uma metodologia de mapeamento dos padrões prototípicos de edição na tradução, a fim de com‑ preender melhor algumas características do processo tra‑ dutório e da relação entre os elementos de codificação/de‑ codificação (codificadores procedimentais e conceituais) (cf. Wilson, 2011) e a competência do tradutor. Pretende‑se, assim, perceber com mais clareza as dificuldades dos alunos em relação ao processo tradutório, observar o desenvolvi‑ mento da chamada competência tradutória e, ainda, apre‑ sentar propostas didáticas que visem à melhoria de cursos de tradução a partir dos resultados obtidos. A autonomia, por exercer uma função central na aprendiza‑ gem bem sucedida de línguas (Little, 2000), tem sido tema central de muitas pesquisas acadêmicas. De acordo com Oxford (2011) a autonomia do aprendiz combina responsabi‑ lidade e agência, ou seja, o aprendiz autônomo é responsá‑ vel, já que aceita deveres e obrigações de uma forma inten‑ cional. Ainda segundo essa mesma autora uma visão mais flexível e realista de aprendiz autônomo seria a de pessoas ativas, reflexivas e responsáveis em diferentes contextos so‑ ciais. A partir dessa fundamentação teórica proponho esta pesquisa qualitativa com princípios etnográficos que tem como objetivo analisar o espaço para a agência do aprendiz de língua inglesa sobre sua própria aprendizagem. A análise dessa agência, seguindo os pressupostos teóricos citados, envolve todos os aspectos do aprendiz autônomo (atividade, reflexividade e responsabilidade). A geração de dados desse estudo acontece em uma escola de ensino fundamental da rede pública da cidade do Rio de Janeiro, durante aulas de in‑ glês, por meio da análise do diário de pesquisa, de entrevista com a professora e de gravação e transcrição das observa‑ ções de aulas de inglês e das sessões de visionamento com a professora e com os aprendizes participantes. 107 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada DESDOBRAMENTOS DISCURSIVOS, HISTÓRICOS E CULTURAIS DO INTERCÂMBIO ACADÊMICO ENTRE O COLÉGIO TÉCNICO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS E A ESCUELA MANUEL BELGRANO DA UNIVERSIDADE NACIONAL DE CÓRDOBA, ARGENTINA FERNANDA PEÇANHA CARVALHO (UFMG) Resumo de Paper No ano de 2012 o COLTEC–UFMG firmou um convênio de inter‑ câmbio de reciprocidade com a Escuela Superior de Comercio Manuel Belgrano, dependente da UNC, Argentina. Devido ao fato de ambas as instituições terem um potencial estabeleci‑ do em educação técnica, superior e em pesquisa, o objetivo da experiência acadêmica internacional foi proporcionar aos estudantes uma formação acadêmica complementar, além de ampliar suas perspectivas profissionais e culturais. O pro‑ jeto piloto de intercâmbio teve como pré‑requisito o desen‑ volvimento de projetos de pesquisa de temática lingüística, histórica e cultural a partir dos desdobramentos advindos da experiência de intercâmbio. Tais projetos objetivam uma maior inserção dos intercambistas no cenário acadêmico internacional. Através de entrevistas, questionários, análise e registro de imagens, investigações bibliográficas e outras metodologias de pesquisa em ambos os países, os intercam‑ bistas investigaram temas como: fonética cordobesa, práti‑ cas de lazer de jovens cordobeses e belorizontinos, empreen‑ dedorismo no ensino profissional, ensino técnico ofertado por ambas as escolas, etc; aspectos de interesse científico e cultural acessíveis no processo de troca cultural e acadêmi‑ ca. O presente trabalho objetiva apresentar um breve histó‑ rico do projeto de intercâmbio, compartilhar as etapas e os resultados parciais dos projetos de pesquisa desenvolvidos, visando expor o pensamento crítico e analítico, o senso cria‑ tivo e capacidade de aprendizagem por meio da investiga‑ ção científica nacional e internacional dos estudantes bra‑ sileiros do COLTEC, bem como o discurso dos intercambistas como embaixadores do Brasil no período de imersão cultural internacional e a conduta como divulgadores das pesquisas desenvolvidas em ambos os países. A análise das condutas será estudada, tendo como referencial teórico conceitos ad‑ vindos da AD francesa, que parte dos estudos pecheutianos em interface com a psicanálise. SINAIS DE MUDANÇA NAS CRENÇAS DE ADOLESCENTES APRENDENDO INGLÊS NA ESCOLA PÚBLICA: UMA PERSPECTIVA SOCIOCULTURAL FERNANDO SILVÉRIO DE LIMA (UFV) Resumo de Paper O conceito de mudança faz parte de um dos debates mais recentes na pesquisa de crenças em Linguística Aplicada. O presente trabalho tenta ser uma contribuição a esse tó‑ pico contemporâneo ao abordar o processo de mudança de crenças de alunos adolescentes aprendendo inglês em uma escola pública brasileira sob um olhar sociocultural (Alanen, 2003; Lima, 2012). O estudo de natureza interventiva foi re‑ alizado em uma turma de nono ano composta por 32 ado‑ lescentes. Inicialmente foi realizado um mapeamento das crenças dos alunos sobre a aprendizagem da língua inglesa por meio de questionário, sendo constatada uma forte des‑ crença na maioria do grupo sobre conseguir aprender inglês, seguida de uma indiferença ao assunto e dos demais que acreditam nessa possibilidade. Tendo observado esse cená‑ rio, foi proposto aos alunos um período de intervenção com algumas modificações na rotina da turma, principalmente nas atividades realizadas. As atividades foram elaboradas tendo em vista sugestões dos alunos, com base em suas crenças ali construídas (Barcelos, 2007; Johnson, 2009). Por fim, os alunos responderam outro questionário e participa‑ ram de um grupo focal para discutir as experiências vivencia‑ das na intervenção. Os resultados mostraram alguns sinais de mudança nas crenças daquela turma. As experiências po‑ sitivas advindas de atividades em pares, com músicas e jo‑ gos motivaram os adolescentes a se envolverem mais com a aula de inglês, sugerindo ser esse um possível caminho para a ressignificação de crenças como a de que não se aprende inglês em escola pública. Todavia, foram constatadas ainda algumas limitações contextuais específicas que competem fortemente com o processo de mudança, como é o caso da indisciplina e desinteresse dos próprios alunos, um aspecto que ajuda a reforçar a descrença em si, na própria aprendiza‑ gem e no contexto sociocultural onde interagem e se trans‑ formam. Revelando assim a necessidade de mais estudos interventivos com adolescentes em escola pública. 108 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A ESPANHA COMO O ÚNICO LUGAR EM QUE SE FALA A LÍNGUA ESPANHOLA FERNANDO ZOLIN VESZ (IFMT) CORRECTIVE FEEDBACK, ATTENTION AND NOTICING: THEIR RELEVANCE IN THE CLASSROOM FLAVIA CHRISTINA DE AZEREDO CERQUEIRA (UFMG) Resumo de Paper Alicerçada em uma concepção de crenças como produtos sociais, históricos e políticos conectados aos contextos so‑ ciopolíticos mais abrangentes (Barcelos e Kalaja, 2011), esta comunicação tem como objetivo analisar os aspectos socio‑ políticos que envolvem a crença de que a Espanha é a primei‑ ra e/ou única referência quando se trata de países que falam espanhol. Tal crença é identificada nas falas de atores sociais da escola e da família em uma escola pública de ensino fun‑ damental que, desde 2000, oferece o espanhol como disci‑ plina obrigatória e única língua estrangeira em sua matriz curricular. Os resultados sugerem que a opção de creditar ao país essa condição, ou mesmo de empregá‑lo em exem‑ plos sobre aspectos culturais e linguísticos, passa por uma questão ética e política dizente da invisibilidade da América Latina no ensino e na aprendizagem de espanhol. Conclui‑se que pôr em análise esta crença pode contribuir para provo‑ car outros questionamentos, principalmente contra o pre‑ conceito, bem como no tocante aos estereótipos, à redução e à generalização do que a América Latina (não) é. Resumo de Paper Second language acquisition studies have claimed that feed‑ back, in the form of recasts, has a positive impact on learn‑ ers’ L2 development (LONG, 2006; MACKEY, 2006; LEEMAN, 2003). This study aims to examine the effectiveness of two corrective feedback forms, recasts and models, on Brazilian learners of English acquiring two language structures and the role of focus attention and noticing in this scenario. The present research followed the pre‑test, pos‑test, delayed pos‑test, and control design, and it was conducted with thirty‑three students randomly selected to perform two communicative activities in three different sessions. During the activities, the participants received corrective feedback or no feedback according to the experimental condition they were assigned. Before starting the study, the participants were pre‑tested by the means of three versions of two in‑ struments: a grammaticality judgment test (GJ) and an oral picture description; they were pos‑tested immediately after the last day of treatment; five days later, the participants were administered a delayed pos‑test. All of the instruments and the conditions were counterbalanced. Along with the language activities, the participants also performed atten‑ tion control tests and a stimulated recall test. The results suggest that recasts and models were more effective than no feedback. As for the cognitive factors, the results showed a complex scenario. Overall, attention seems to be the most relevant component of the cognitive variables contemplat‑ ed on this research. 109 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A ARGUMENTAÇÃO NA PROSA ESCOLAR DO ENSINO FUNDAMENTAL II FLÁVIA CRISTINA CANDIDO DE OLIVEIRA (UFC) Resumo de Pôster Esta pesquisa pretende analisar a estrutura argumentativa composicional, retórica e metadiscursiva no gênero artigo de opinião em textos de alunos da educação básica. Para isso, propomo‑nos articular três abordagens distintas da ar‑ gumentação: a ATD – Análise Textual do Discurso – em Adam (2008), a TAD – Teoria da Argumentação no Discurso – em Perelman e Olbrechts‑Tyteca (2005) e a Metadiscursividade em Hyland (2004). Tomamos, inicialmente, a abordagem de Adam e seu modelo de análise a fim de mostrar que a con‑ sideração da argumentação em sala de aula deve contem‑ plar além de aspectos composicionais, outros de natureza retórica e de natureza metadiscursiva. Para isso, buscamos conciliações teóricas entre essas três abordagens da argu‑ mentação, a fim de propor um parâmetro analítico pelo qual os textos opinativos possam ser avaliados no que tange aos aspectos composicionais e pragmático‑retóricos. Só após isso, procedemos ao exame das produções textuais do gêne‑ ro artigo de opinião de alunos do fundamental II, com a fi‑ nalidade de observar as regularidades dos problemas que se apresentam nas construções desses textos, para, em outra etapa metodológica, sugerir atividades que possam ser tra‑ balhadas pelo professor em sala de aula. Nossos resultados ainda estão em fase de análise, mas levantamos a hipótese de que os alunos apresentam um grau maior de dificuldade no que se refere à estrutura retórica e à metadiscursividade na composição do texto. Também constatamos que a sequ‑ ência argumentativa, tal como descrita por Adam (1992) é a que exige mais do aluno que ainda está em processo de de‑ senvolvimento da escrita. ELABORAÇÃO DE LIVRO DIDÁTICO NO ESTADO DO PARANÁ: O TRABALHO DO PROFESSOR FACE ÀS ORIENTAÇÕES OFICIAIS. FLAVIA FAZION (USP) Resumo de Paper A pesquisa de mestrado que propomos apresentar nesta co‑ municação insere‑se no campo de estudos sobre os gêneros textuais e o ensino de línguas, bem como no campo do tra‑ balho e da formação do professor diante dessa perspectiva. A Secretaria de Educação do estado do Paraná implantou, em 2008, as novas diretrizes curriculares para o ensino de línguas (DCE, 2008), as quais propõem a utilização dos gê‑ neros textuais nas aulas de línguas. Para que essa proposta se materialize nas salas de aula, um programa de formação continuada foi organizado e, em 2010, iniciou‑se o projeto de elaboração do livro didático público (LDP) para o ensino de línguas no CELEM por professores da rede. Nossa pesquisa visa a estudar o posicionamento desses professores‑elabo‑ radores (PE) diante das orientações para seu trabalho, bem como a percepção que eles têm de seu agir profissional e o papel que o ensino com gêneros textuais pode desempenhar em sua atividade de trabalho. Para alcançar esses objetivos, solicitamos aos PE relatos pessoais sobre a experiência de participar do processo de elaboração e, após a filmagem de suas aulas, realizamos entrevistas baseadas na visuali‑ zação desse material, a fim de proporcionar ao professor a ocasião de reviver a experiência vivida sob um novo ponto de vista (Clot, 2001). Para analisar os textos assim produzidos, seguiremos o modelo de análise textual do Interacionismo Sociodiscursivo (Bronckart, 2008): levantamento do con‑ texto de produção em seus aspectos sociossubjetivos e fí‑ sicos, estudo da infraestrutura geral do texto (plano global dos conteúdos temáticos, tipos de discurso e sequências textuais), mecanismos de textualização (conexão, coesão nominal e verbal) e enunciativos (vozes e modalizações). Apresentaremos, inicialmente, o contexto em que esta pes‑ quisa é desenvolvida; em seguida, explicitaremos os referen‑ ciais teóricos que a embasam e, finalmente, mostraremos as análises realizadas até o momento. 110 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada EMOCIONAR E DOMÍNIO DE AÇÃO – A INFLUÊNCIA DAS EMOÇÕES NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES E SUAS ESCOLHAS FUTURAS. FLÁVIA MARINA MOREIRA FERREIRA (UFV) Resumo de Pôster Este trabalho, fruto de uma pesquisa de iniciação cientifica, foi realizado com seis estudantes pré‑formandos do curso de licenciatura em Letras de uma Universidade Federal, locali‑ zada na Zona da Mata Mineira. A pesquisa teve como obje‑ tivo investigar a influência das emoções nas escolhas profis‑ sionais futuras dos estudantes. Corroborando Aragão (2008) que aponta para a necessidade de um estudo reflexivo a fim de propiciar aos estudantes o conhecimento das próprias emoções e Maturana (1999) que aponta a grande influência das emoções em nosso domínio de ação, desenvolvemos este trabalho com o intuito de investigar as emoções viven‑ ciadas por esses estudantes em sala de aula e relacionarmos com suas ações e também com as futuras escolhas que pre‑ tendem fazer após se formarem. Os dados foram coletados através de narrativas escritas pelos estudantes, questioná‑ rios semiabertos e entrevistas orais. Os resultados demons‑ tram que os estudantes se comportam em sala de aula de acordo com as emoções que vivenciam, INFLUENCIANDO também na aprendizagem de Língua Inglesa. Destacamos qye a pesquisa serviu também para que os estudantes pu‑ dessem refletir sobre o processo de aprendizagem durante o curso de Letras. Observamos a importância da reflexão da aprendizagem para os estudantes, pois, como apontam os resultados desta pesquisa, as emoções vivenciadas e não refletidas podem comprometer a formação profissional dos estudante e influenciar suas escolhas futuras. A INVESTIGAÇÃO DE ASPECTOS CULTURAIS E SOCIAIS EM ATIVIDADES DE LEITURA DISPONIBILIZADAS EM PORTAIS EDUCACIONAIS PARA PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA FLÁVIA MEDIANEIRA DE OLIVEIRA (UFPEL) Resumo de Paper Os Parâmetros Curriculares Nacionais apontam que o en‑ sino de línguas deve propiciar ao aluno a análise de sua própria língua e cultura, por meio de vínculos com outras culturas – por semelhança e contraste – que lhe permitam compreender melhor sua realidade e as de outros, enrique‑ cendo sua visão crítica e seu universo cultural (PCN+, 2002). A leitura de textos em língua inglesa se constitui como uma das alternativas pedagógicas que mais contribui para a re‑ flexão dessas questões em sala de aula (Motta‑Roth, 2006). Os portais educacionais, especificamente de língua inglesa, disponibilizam diversos conteúdos e atividades pedagógicas que podem ser utilizados, principalmente, por professores em formação inicial. Este estudo, com base nas pesquisas de Análise do Discurso e Ensino e Aprendizagem de Línguas, tem como objetivo analisar as atividades de leitura propos‑ tas por quatro portais educacionais de língua inglesa, visan‑ do identificar em que medida questões culturais e sociais são propostas e discutidas nessas atividades. Além disso, busca‑se 1) investigar quais os objetivos dos portais educa‑ cionais ao discutirem os aspectos culturais e sociais em suas atividades de leitura e 2) identificar de que forma a pluralida‑ de cultural é valorizada e incentivada nas atividades de leitu‑ ra propostas por esses portais. Nossa investigação visa con‑ tribuir com a prática docente de professores em formação inicia, auxiliando‑os no processo de ensino e aprendizagem das questões culturais e sociais de língua inglesa. A pesquisa inicial aponta que as atividades de leitura com enfoque em aspectos culturais e sociais ainda são propostas com o intui‑ to de apresentar e discutir questões gramaticais relaciona‑ das ao ensino de língua inglesa. 111 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada “IF SEX IN A SOCIETY DIDN’T TELL A GIRL WHO SHE WOULD BE”: A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO DE “VIRGINDADE” SEGUNDO MULHERES HOMOERÓTICAS ENTRE A LÍNGUA E O TERRITÓRIO: REPRESENTAÇÃO DE IMIGRANTES EM LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA FLAVIA MORENO DE MARCO (UFRJ) FLAVIO ROBERTO GOMES BENITES (UNEMAT) Resumo de Pôster Resumo de Paper Este trabalho propõe‑se, através de uma visão sociocons‑ trucionista do discurso, a analisar o processo de construção e reconstrução de identidades sexuais envolvendo o en‑ tendimento do conceito de “virgindade” por parte de indi‑ víduos homoeróticos do sexo/gênero feminino. Consoante Carpenter (2001), a virgindade é um construto social ambí‑ guo extremamente importante para definir a vida sexual dos indivíduos. Focaliza‑se, assim, como o conceito de virginda‑ de é recontextualizado em um espaço online de afinidades, observando jogos e posicionamentos interacionais em tal ambiente no qual ocorre a contestação dos discursos he‑ gemônicos sobre tal conceito. Os dados foram gerados por meio de etnografia virtual (Hine 2000), pois entendo este universo como um canal de comunicação de amplo espaço para debates e reconstrução de significados via letramento digital. A Web 2.0, nesse contexto, não é considerada ape‑ nas um local em que o usuário recebe informações de forma passiva, mas sim um lugar de (re)construção de significados (Moita Lopes 2010). No percurso analítico trilhado são per‑ ceptíveis mudanças no âmbito das compreensões das iden‑ tidades sociais e do conceito sócio‑histórico de virgindade, principalmente por parte daqueles envolvidos em contradis‑ cursos sobre sexualidades não‑hegemônicas. Este trabalho tem por objetivo problematizar a representa‑ ção de imigrantes em livros didáticos de língua estrangeira, tendo como apoio teórico a perspectiva discursiva, que agre‑ ga contribuições teóricas advindas da história, psicanálise e línguística. Para tanto, tomamos como objeto de análise livros didáticos de língua espanhola de editoras também es‑ panholas que são adotados por escola brasileira de idioma. Procuramos contextualizar a temática da imigração tendo como pressuposto que a condição do imigrante encerra um duplo, já que ele se encontra em um entre‑lugares, como duas faces de uma mesma realidade: a sociedade de onde ele saiu e aquela que o acolheu. Refletimos também em tor‑ no da estrangeiridade, avançando em relação ao conceito de estrangeiro, pensando‑o também como sentimento de estranheza e de familiaridade. Nesse sentido, vinculando estrangeiridade‑imigração ao ensino de língua estrangeira, procuramos pôr em relevo a naturalidade com que o livro didático representa o ensino da língua. Além disso, aponta‑ mos que a problemática da imigração é também representa‑ da de forma naturalizada, o que faz com que os leitores‑alu‑ nos brasileiros a vejam como romantizada, na medida em que se poderia ignorar tratados e leis que dizem respeito à limitação e proibição da imigração de cidadãos que estejam fora do país retratado no livro didático. 112 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada CONSTRUINDO IDENTIDADES PROFISSIONAIS EM UM PROGRAMA DE FORMAÇÃO PARA PROFESSORES DA ESCOLA PÚBLICA MAS PRECISA SER TÃO DOLOROSO? RELATOS DE ALUNOS DE LETRAS SOBRE O PROCESSO DA ESCRITA E DA CORREÇÃO DE ERROS FRANCISCO JOSÉ QUARESMA DE FIGUEIREDO (UFG) FRANCISCO CARLOS FOGAÇA (UFPR) Resumo de Paper Resumo de Paper O objetivo do trabalho é investigar de que forma um pro‑ grama de formação de professores (o PDE) promovido pela Secretaria de Educação do Estado do Paraná (SEED), para pro‑ fessores de escolas estaduais, contribuiu para a formação da identidade de três professores participantes e o impacto que tal programa teve sobre suas trajetórias profissionais. O PDE estabelece uma parceria com as universidades públicas do Paraná e prevê atividades teóricas e práticas em um perío‑ do de dois anos: no primeiro ano do programa o professor participante se afasta de sala de aula para poder estudar, e no segundo implementa atividades de sala de aula na escola pública onde leciona. A fundamentação teórica se baseou no conceito de comunidades de prática (WENGER, 1997; WENGER, McDERMOTT e SNYDER, 2002; BARTON e TUSTING, 2005, entre outros), sobretudo no que se refere a como a identidade se constrói em dadas comunidades e como as diferentes traje‑ tórias são negociadas e reconciliadas ao longo do processo, na medida em que os membros da(s) comunidade(s) assu‑ mem diferentes formas de participação. Foram utilizados questionários e entrevistas semiestruturadas para a obten‑ ção dos dados. Os resultados mostram que o programa de formação tem um grande impacto na formação da identi‑ dade profissional dos envolvidos, embora a sustentabilidade das novas práticas desenvolvidas deva ser relativizada. Este estudo, de natureza qualitativa (NUNAN, 1992), tem por objetivo promover algumas reflexões sobre a forma como os fatores afetivos podem influenciar a aprendizagem de uma língua estrangeira (LE), ou de uma segunda língua (L2), es‑ pecialmente no campo da produção textual e da correção. Como bem observa Cheng (2002), escrever é uma atividade emocional e cognitiva; ou seja, nós pensamos e sentimos en‑ quanto escrevemos. Os dados para este estudo provêm de uma turma de formandos do curso de Letras – Inglês da UFG, que realizaram, durante um semestre letivo, 4 atividades de escrita e de correção de erros, realizadas com o auxílio de seus pares. Por meio da análise dos dados, serão apresenta‑ dos os fatores afetivos que podem influenciar os processos da escrita e da correção de erros, bem como percepções de alunos do Curso de Letras sobre esses processos. Os resul‑ tados indicam que os alunos têm a autoestima aumenta‑ da quando recebem elogios sobre a sua produção, quando percebem que escrever é um processo e, portanto, não se cobram tanto ao realizar a atividade. Por outro lado, a auto‑ estima é diminuída quando se cobram demais para realizar a atividade e, com isso, se sentem incompetentes por não produzirem um texto considerado ideal. Observou‑se, tam‑ bém, que a correção severa dos erros, bem como a forma ridicularizante e desconfortante de lidar com eles perante a classe estão entre os fatores que provocam ansiedade na interação professor–aluno. Com as reflexões advindas deste estudo, espera‑se que professores, alunos e demais pessoas envolvidas no ensino e aprendizagem de línguas possam re‑ fletir sobre como tornar os processos de escrita e de correção de erros mais humanizados. 113 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada LITERATURA E LEITURA: UM DESAFIO NAS AULAS DE ESPANHOL DO ENSINO MÉDIO DE ESCOLAS PÚBLICAS GIRLENE MOREIRA DA SILVA (POSLA–UECE) CLEUDENE DE OLIVEIRA ARAGAO (UECE) Resumo de Paper A partir da nossa atuação como coordenadora do Projeto PIBID–CAPES em escolas públicas, das leituras de Paiva (2003) Barcelos (2011), Miccoli (2010) e Celani (2002) e de acordo com nossa prática docente, percebemos que, em geral, o en‑ sino da língua estrangeira (LE) está em crise nas escolas pú‑ blicas. O professor apresenta dificuldades de formar o aluno naquela língua estudada e não consegue trabalhar as qua‑ tro habilidades (ler, escrever, falar, ouvir) em sua sala de aula. Entendemos que para a construção de um ensino eficaz de LE na escola, precisamos focar na leitura e, assim, também conseguir outros avanços linguísticos. Defendemos, as‑ sim como Mendoza (2004, 2007), Aragão (2006) e (Santos, 2007), que a literatura seja usada como recurso para as aulas de Espanhol como língua estrangeira (E/LE), auxiliando o es‑ tudante no processo de aquisição da nova língua estudada. Esse artigo é parte de uma pesquisa de doutorado, ainda em fase inicial, que tem por objetivo geral promover o letramen‑ to de alunos de língua espanhola do ensino médio de escola pública, a partir do ensino comunicativo focado na compe‑ tência leitora, com o intuito, ainda, de avaliar como o uso de gêneros textuais, priorizando os literários, influenciam nesse processo. Neste trabalho, refletiremos sobre os ele‑ mentos que compõem a competência leitora e literária em língua estrangeira, mais especificamente o espanhol, e as possibilidades para seu desenvolvimento no ensino médio de escolas públicas. VISUALIZAÇÃO: A QUINTA HABILIDADE LINGUÍSTICA NO ENSINO E APRENDIZAGEM DE INGLÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA GISELDA DOS SANTOS COSTA (UFPE) Resumo de Pôster Em nossa sociedade, cheia de imagens, representações vi‑ suais e experiências visuais de todos os tipos, há, sim, para‑ doxalmente, ainda um grau significativo de analfabetismo visual. Apesar da importância de desenvolver competências visuais específicas, letramento visual ainda não é uma prio‑ ridade nos curriculos escolares (SPALTER e DAM, 2008). Esta comunicação tem como objetivos (1) apresentar a nova fase da Linguistica aplicada como uma ciência do design (New London Group,1996; Weideman, 2007). Design é o concei‑ to‑chave para a teoria do multiletramentos do New London Group (1996), composto de pesquisadores em educação, so‑ ciolinguística, psicologia, sociologia e tecnologia. Segundo este grupo, o processo de Design é dinâmico, em constante mudança e é usado para descrever interpretação e constru‑ ção de significado. Assumir uma postura ampla sobre cons‑ truir significado é exigido uma noção de multiletramentos e, em vez de chamar esse processo de leitura, eles chamam de design, uma vez que uma variedade de textos estão disponí‑ veis e devem ser interpretados, (2) enfatizar a importância de integrar o letramento visual crítico como a quinta habi‑ lidade línguistisca em sala de aula de inglês com base nas novas normas da Associação Internacional de Leitura e do Conselho Nacional de Professores de Inglês Americano (IRA / NCTE, 1996), e (3) apresentar uma sugestão de atividade vi‑ sual, usando o videoclip da cantora Jessie J chamado Price Tag, como uma atividade crítica pedagógica mediada pela tecnologia móvel, em particular o celular. O público alvo desta apresentação são alunos de Letras, professores de lín‑ gua inglesa e pesquisadores que visam conhecer maneiras de aproveitar as possibilidades da onipresença na tecnologia em suas práxis (Ally, 2009 e Kukulska‑Hulme at al., 2009). 114 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A DISCIPLINA PRODUÇÃO TEXTUAL NO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA, SOB A PERSPECTIVA DOS ALUNOS GISELE DE OLIVEIRA (FEFISO/ACM SOROCABA) Resumo de Paper A disciplina Produção Textual investigada nesta pesquisa é parte do conjunto de disciplinas que compõem um curso de graduação em Educação Física. Sendo esse o contexto de pesquisa, esta comunicação tem por objetivo apresen‑ tar a descrição e a interpretação do fenômeno a vivência de graduandos em Educação Física na disciplina Produção Textual, considerando os registros textuais compartilhados por alunos que cursaram a disciplina durante um semestre. O estudo fundamenta‑se na complexidade e no ensino de língua materna, aprofundando o paradigma da complexida‑ de, os sistemas complexos e a relação entre complexidade e Educação, tendo como principais autores Behrens e Oliari (2007), Moraes (1997, 2008, 2010), Morin (2000, 2005, 2008, 2011) e Tescarolo (2004). Além disso, aspectos relacionados às experiências prévias, produção textual, letramento e ensi‑ no de Português para Fins Específicos são abordados, emba‑ sando‑se, principalmente, em Dewey (1938), Dudley‑Evans e St John (1998), Antunes (2003, 2009), Celani (2005a, 2008), Ramos (2009), Rojo (2009). Os textos foram interpreta‑ dos a partir dos princípios metodológicos da abordagem hermenêutico‑fenomenológica (van Manen, 1990 e Freire, 1998, 2007, 2008, 2010, 2011, 2012) e seu diálogo com a com‑ plexidade, o que permitiu que a constituição do fenômeno emergisse dos registros textuais revelando sua constituição temática: participantes, disciplina, aprendizagem e relações são os temas hermenêutico‑fenomenológicos que demons‑ tram como os alunos vivenciaram a disciplina Produção Textual. Essa constituição sugere possibilidades no que se refere ao desenho do curso, às aulas e à interação da discipli‑ na Produção Textual com o curso de Educação Física. O GÊNERO BIOGRAFIA NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA E O DESPERTAR DO PENSAMENTO CRÍTICO E DA AUTOPERCEPÇÃO EM SALA DE AULA: DA AULA REAL PARA O VIRTUAL GISELE DOS SANTOS DA SILVA (UTFPR) Resumo de Pôster Nesse trabalho apresentaremos o resultado de uma ativida‑ de realizada com uma turma de Ensino Médio de um colégio estadual da periferia de Curitiba, envolvendo os gêneros bio‑ grafia e blog. Após observação e convívio ao longo de um se‑ mestre enquanto bolsistas do PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) com uma turma de 1º ano, notamos que não havia muita interação e união entre os membros do grupo. Sendo assim, decidimos desenvolver um exercício que além de ensinar a língua inglesa, também per‑ mitisse que os alunos se conhecessem melhor e trocassem algumas experiências. Posto isso, tendo em vista a perspec‑ tiva de ensino de língua a partir de gêneros textuais como propõe as DCEs de Língua estrangeira e, segundo a proposi‑ ção de Marcuschi (2002) de que toda interação verbal acon‑ tece por meio de gêneros, sendo a língua entendida como prática social, histórica e cognitiva que privilegia sua nature‑ za funcionalista e interacionista, optamos por trabalhar, pri‑ meiramente, com o gênero biografia. Este gênero, aplicado sob a visão do letramento crítico, além de possibilitar a abor‑ dagem de aspectos linguísticos do inglês, ainda foi uma for‑ ma eficaz de levar os alunos a refletirem criticamente sobre suas histórias de vida e perceberem seus papéis enquanto sujeitos participantes em determinado contexto social, his‑ tórico e cultural. Em conseguinte, após notarmos o quanto os alunos estavam envolvidos com a tecnologia – estavam sempre usando celulares, comentando sobre redes sociais e jogos – decidimos utilizar o gênero digital “blog” para que os alunos publicassem suas biografias e pudessem comparti‑ lhar suas histórias com os demais colegas de classe. O uso do blog também foi a maneira que encontramos para trabalhar o letramento digital com aquele grupo. Em suma, podemos dizer que o resultado alcançado com esse trabalho foi posi‑ tivo e ressignificante tanto para os alunos quanto para nós enquanto professoras. 115 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O SIGNIFICANTE QUE (ME) FAZ APRENDER: A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA (INGLÊS) E OS EFEITOS TRANSFERENCIAIS RELAÇÕES IDENTITÁRIAS NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA COMO (L3): UM DESAFIO PARA ALUNOS SURDOS E PROFESSORES OUVINTES GISELE FERNANDES LOURES DOMITH (UFMG) GISELLE ALMADA SOUTO (FACULDADE CCAA) Resumo de Paper Resumo de Paper Apresento um recorte de minha pesquisa de doutorado inti‑ tulada Transferência e aprendizagem de língua estrangeira (LE). O objetivo da pesquisa é investigar, os efeitos da trans‑ ferência (BREUER; FREUD, [1893–95] 2006); LACAN, ([1953] 2010) na aprendizagem de inglês como LE. Freud ([1905] 2006) concebe a transferência como o estabelecimento de vínculos afetivos entre sujeitos. Esse vínculo é inicialmente vivido pelo sujeito em suas primeiras relações com outros (mãe, pai, outros familiares, amigos). As marcas das pri‑ meiras transferências servem elementos a partir dos quais o sujeito representa/simboliza os outros vínculos que esta‑ belece ao longo de sua vida. Essas marcas ou significantes (LACAN, [1969–1970] 1992) carregam investimentos afetivos (sentimentos, afetos, expectativas, ódio, amor) que podem determinar o modo como o sujeito estabelece vínculos pos‑ teriores, seja com o analista, o médico, amigos ou professo‑ res. Acredito que quando um aluno estabelece uma relação transferencial com o professor, ocorrem atualizações simbó‑ licas e imaginárias que provocam (re)arranjos subjetivos que podem ser o mote da aprendizagem. Marcas desses deslo‑ camentos subjetivos podem ser flagradas no dizer (NEVES, 2006), o que viabiliza a investigação do fenômeno transfe‑ rencial na aprendizagem de LE. Na investigação proposta, professor e aluno são vistos como sujeitos descentrados, efeito da história, da cultura e do inconsciente que orientam sua relação com os outros (AUTHIER, 2001). A aprendizagem de línguas estrangeiras configura‑se pela tomada da palavra no outro idioma (SERRANI, [1998] 2004). O corpus da pesqui‑ sa é formado a partir de depoimentos de professores e alu‑ nos de inglês em diferentes situações de aprendizagem e de registros, em áudio e em notas de campo, de aulas do idio‑ ma. Apresentarei uma amostra de análise que aponta o es‑ tabelecimento de uma relação transferencial entre professor e aluno em um curso de formação de professores do inglês. A presente pesquisa tem como principal objetivo analisar o processo de identificação e/ou desidentificação no ensino e aprendizagem da língua estrangeira (inglês) no contexto da educação inclusiva. O sujeito surdo vive em uma sociedade de cultura dominantemente ouvinte, por isso é impossibi‑ litado de desenvolver identidade e cultura surda. Durante séculos a comunidade surda se submeteu à perspectiva dos ouvintes nos âmbitos: educacional, social, cultural e identi‑ tário. O aluno surdo, em sua maioria, é desvalorizado como sujeito e desafiado diariamente nas salas de aulas, por pro‑ fessores ouvintes que trabalham a língua oral e não a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), como principal forma de co‑ municação. Cobra‑se da criança Surda uma incorporação ao sistema cultural do ouvinte fazendo com que esta seja obrigada a se negar como indivíduo completo diante de uma maioria ouvinte. É preciso que sejam utilizadas estratégias pedagógicas voltadas para o aluno surdo, permitindo que sua cultura surda seja valorizada, concomitantemente, sua identidade surda. Dentre todos os problemas do atraso ou inexistência de formação, o estigma de analfabetismo ou deficit de letramento em língua portuguesa, consequente‑ mente, em língua inglesa, é o que mais marca o sujeito sur‑ do em sua vida dentro e fora da escola. A pesquisa torna‑se relevante porque centra seus esforços sobre a relação iden‑ titária do aluno surdo com a língua inglesa. Compreender como se constitui como sujeito o aluno surdo é contribuir para o entendimento dos motivos que levam a educação in‑ clusiva a sucessos e fracassos, visto que, em última instância, é a identificação ou a não identificação dos sujeitos com o ensino da língua que determina aqueles mesmos sucessos ou fracassos. 116 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A TRADUÇÃO DO HUMOR EM FILMES DE PEDRO ALMODÓVAR O TROPEIRISMO EM DITADOS POPULARES: RELAÇÕES ENTRE LÍNGUA E CULTURA GISELLE BRANCO MENDONÇA (UFRJ) GISELLE OLIVIA MANTOVANI DAL CORNO (UCS) Resumo de Paper Resumo de Paper A tradução Audiovisual está em alta. Hoje com a grande quantidade de canais a cabo, dvds e blu‑rays o papel do tra‑ dutor se tornou imprescindível para que todo o mundo possa compreender a mensagem que a obra quer emitir. Há quem prefira ver filmes na língua original com legendas, há outros que preferem não ler, preferem os filmes dublados. Escolher qual dos dois é melhor se trata de um falso debate, visto que as situações socioculturais de cada país determinam a escolha de um ou outro sistema. O Humor é uma das ques‑ tões de maior complexidade que pode ser apresentada a um tradutor de textos audiovisuais. O telespectador espera um humor mais próximo da sua realidade, mas informal e quan‑ do isso não acontece vemos fracassos de bilheteria. Nesta comunicação nos propomos analisar a tradução do Humor em alguns trechos dublados e legendados ao português de três filmes de Pedro Almodóvar (Mujeres al borde de un ata‑ que de nervios de 1988, Todo sobre mi madre de 1999 e Volver de 2006) promovendo assim o conhecimento e o debate de questões relativas à Tradução Audiovisual. Adágios e provérbios são formas de registrar em palavras o que a sabedoria popular consagrou como uma espécie de verdade universal, ou pelo menos válida para um determina‑ do grupo social. Através deles, pela leitura de pressupostos, pode‑se inferir aspectos da realidade, bem como crenças e valores desse grupo. Alguns seguem estruturas relativamen‑ te regulares, que podem funcionar como qualificadores ao estabelecer comparações em que um sujeito ou situação X apresenta uma característica ou propriedade P em grau maior ou igual a outro sujeito ou circunstância Y: (X é/tem) P como Y ou (X é/tem) mais P que Y. O Dicionário gaudério, de Luís Augusto Fischer e Iuri Abreu (2011), é uma coletânea de “expressivas comparações da sabedoria gauchesca, mais velhas que a sogra do compadre, de autoria coletiva e ime‑ morial.” Entre esses ditos, que, segundo os autores, apre‑ sentam a “sabedoria gaúcha em frases definitivas”, encon‑ tram‑se alguns que têm como tema o tropeirismo, deixando transparecer características desse importante fenômeno econômico‑cultural no Brasil desde o final do século XVII. Neste trabalho, propomos uma análise semântica e estru‑ tural dos provérbios coletados por Fischer e Abreu relativos ao tropeirismo, buscando identificar valores, costumes e há‑ bitos do tropeiro, figura determinante para o progresso do país, numa tentativa de reiterar a ideia de que as relações entre língua e cultura são indissociáveis. 117 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada FORMAÇÃO DE PROFESSORES NA UECE: CRENÇAS SOBRE O USO DO TEXTO LITERÁRIO NO ENSINO DA LÍNGUA FRANCESA. GISLEUDA DE ARAUJO GABRIEL (UECE) “PENSAR VISUALMENTE”: QUESTÕES DE LETRAMENTO VISUAL E INFOGRAFIA EM TESTES COM ALUNOS DO ENSINO MÉDIO DE ESCOLA PÚBLICA FEDERAL GIULIA SAMPAIO PIAZZI (CEFET–MG) Resumo de Paper Entre os recursos utilizados na formação e a aprendizagem de língua estrangeira (LE), as obras literárias permanecem um tanto relegadas porque se tem considerado com frequ‑ ência que o texto literário é uma modalidade do discurso lin‑ guisticamente complexa e muito elaborada que tem pouca influência na aprendizagem comunicativa (MENDOZA, 2007). Atualmente, entre as pesquisas referentes ao ensino e apren‑ dizagem de línguas, os estudos sobre crenças apontam para a grande relevância na formação de professores. Segundo os estudiosos da área, o desvelamento das crenças, dentro de cada contexto da prática de ensino dos professores, per‑ mite ao professor uma melhor adequação de objetivos, con‑ teúdos, abordagem e de procedimentos metodológicos no processo de ensino e aprendizagem. Portanto, esta pesquisa tem por objetivo averiguar a mudança (ou não) das crenças de professores em formação do curso de Letras Francês da UECE, sobre o uso do texto literário a partir de práticas de leituras literárias no ensino do FLE. Utilizaremos como su‑ porte teórico os estudos de WIDDOWSON (1991), ALMEIDA FILHO (2005), MENDOZA (2003, 2004, 2007), BARCELOS (2010, 2006), VIEIRA‑ABRAHÃO (2008), SILVA (2010), COSSON (2011), KLEIMAN (2008), ROJO (2009), MARCUSCHI (2011), SCHENEUWLY, B. & DOLZ (2004), dentre outros. Este traba‑ lho de pesquisa se efetivou no âmbito do curso de Letras da UECE, com professores de francês em formação que, em contato com reflexões teóricas e metodológicas sobre o uso do texto literário no ensino da língua francesa, adequaram à sua realidade os conhecimentos adquiridos ao longo de sua formação acadêmica. Diante do resultado de algumas pes‑ quisas, nota‑se a necessidade de desenvolver em contextos de formação de professores, as competências indispensáveis à utilização do texto literário em práticas leitoras, no intuito de formar, em nossas Universidades profissionais capacita‑ dos e aptos a utilizar o texto literário como recurso didático em suas práticas de ensino. ANA ELISA FERREIRA RIBEIRO (CEFET MG) Resumo de Pôster A infografia tem sido bastante utilizada em veículos de co‑ municação, especialmente em objetos de leitura populares como jornais e revistas, responsáveis por grande parte da divulgação desse gênero textual multimodal (KRESS; VAN LEEUWEN, 1998; 2006). O infográfico (do inglês infographi‑ cs) é definido como uma representação diagramática de dados (CAIRO, 2008) e, como considerado no jornalismo, é produzido a partir de narrativas, explicações ou movimen‑ tos retóricos assemelhados, com o objetivo de mostrar fatos, objetos ou explicar fenômenos. O ENEM e o PISA têm soli‑ citado dos estudantes habilidades de leitura desses textos, embora os resultados gerais de leitura ainda estejam aquém do desejável. A despeito disso, há um discurso das instân‑ cias de produção (jornalísticas, principalmente) segundo o qual infográficos e imagens são facilitadores da leitura e da compreensão dos textos. Esta pesquisa propõe identificar o desenvolvimento das habilidades de estudantes de pensar visualmente (TEIXEIRA, 2010) ou compreender onde e como se dá seu letramento visual. O estudo tem cunho qualitativo e se debruça sobre resultados de testes com alunos da série final do Ensino Médio de uma escola pública federal. São re‑ gistradas as explicações dos estudantes em relação às estra‑ tégias utilizadas na produção de gráficos para obter dados para análise. Apresentaremos, aqui, a análise dos resulta‑ dos do teste de um informante, por julgarmos que ele possa trazer boas questões sobre o pensar visualmente. Por meio desta discussão, espera‑se revelar questões ligadas à vida social e à circulação dos textos, assim como elementos fun‑ damentais da aprendizagem da leitura e da produção de tex‑ tos multissemiótica, auxiliando pesquisadores e professores (até mesmo jornalistas e infografistas) a pensarem questões de escrita para a sala de aula e para a produção editorial. 118 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O PAPEL TRANSFORMADOR E DESAFIADOR DA ELABORAÇÃO DE CURRÍCULO DE INGLÊS GLADYS DE SOUSA (UFMG) MARILENE PEREIRA DE OLIVEIRA (POSLIN ‑ UFMG) PESQUISAS SOBRE EFEITO RETROATIVO DE EXAMES DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS NO BRASIL E NO MUNDO: PANORAMA DE 2004 A 2012 GLADYS QUEVEDO‑CAMARGO (UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA) Resumo de Paper Esta pesquisa surgiu em decorrência do curso Experience in Curriculum Design, oferecido pelo POSLIN/UFMG. O objetivo deste estudo é apresentar, discutir questões relacionadas à experiência na elaboração de um currículo de língua inglesa, analisar documentos fornecidos voluntariamente por uma escola regular e indicar um modelo alternativo de currículo. O embasamento teórico do currículo proposto tem respaldo nos documentos oficiais, nos elementos recomendados por Brown (1995), nos conceitos de Munby (1978), Nunan (1993), Pholsward (1993), Kirkgöz (2007), Fandiño (2010) e Vygotsky (1978). A coleta de dados ocorreu em várias etapas: visita à escola, entrevista e questionários. Levantamos as deman‑ das dessa comunidade escolar (needs analysis) elaborando, aplicando e analisando três questionários com questões fechadas e abertas, para a professora, 121 alunos do ensino fundamental e 90 do ensino médio. A partir desses dados foi feito uma comparação com o currículo existente. Dentre outros aspectos, os resultados apontaram que o livro didá‑ tico é usado como sendo o próprio “currículo”, que muitas demandas dos alunos não estavam sendo contempladas, por exemplo, eles preferem trabalhar em aula as habilidades orais, mas indicaram que em suas aulas de inglês a leitura é mais privilegiada. Além disso, é necessário que se deixe claro os conceitos de currículo e conteúdo programático. Na nova proposta sugerimos, entre outros aspectos, maior interação entre os aprendizes, o uso das novas tecnologias e de tópi‑ cos culturais, corroborando a expansão da própria identida‑ de e da comunidade. Constatamos que há necessidade de contar com a participação dos diferentes atores do processo de ensino‑aprendizagem na elaboração de um currículo e da importância de se incluir este tema na formação de profes‑ sores, seja na inicial ou continuada. MATILDE VIRGINIA RICARDI SCARAMUCCI (UNICAMP) Resumo de Paper O termo ‘efeito retroativo’ refere‑se ao impacto, à influên‑ cia, ou às consequências advindas da presença, ostensiva ou não, de algum tipo de instrumento que configure alguma si‑ tuação de avaliação, no processo de ensino e aprendizagem (de uma língua). Atualmente não há controvérsias quanto à sua importância e complexidade, nem quanto ao fato de que ocorre com frequência e pode afetar diversos agentes e aspectos envolvidos na situação de avaliação, em inten‑ sidade variada. Diante da relevância de práticas avaliativas nos últimos anos, particularmente no âmbito das políticas educacionais em diversos países, muitos pesquisadores ao redor do mundo têm se dedicado a pesquisar o efeito retroa‑ tivo na tentativa de compreender como ele se constitui e se manifesta. O efeito retroativo das avaliações no ensino e na aprendizagem de línguas começou a ser discutido no Brasil no final da década de 1990, particularmente nos trabalhos de Scaramucci (1998a; 1998b; 1999), que, em 2004, publicou uma revisão da literatura sobre o tema, com o intuito de mostrar o estado da arte dos estudos sobre efeito retroati‑ vo no Brasil e no mundo. Dando sequência a esse trabalho, esta apresentação traz um levantamento de pesquisas pu‑ blicadas entre 2004 e 2012 sobre o efeito retroativo na ava‑ liação de línguas. No total, foram 81 trabalhos realizados por diversos pesquisadores do Brasil e de outros países. Nossos objetivos foram (1) mapear o contexto de produção de tais pesquisas, e (2) identificar padrões e regularidades relativas aos procedimentos metodológicos utilizados por eles. Os re‑ sultados mostram Brasil, Irã e China com o maior número de pesquisas no período de tempo pesquisado, e o predomínio de questionários e entrevistas como principais instrumentos de coleta de dados. 119 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada AS PERFORMANCES IDENTITÁRIAS DE MULHERES NEGRAS EM UMA COMUNIDADE PARA NEGROS NA ORKUT A OFERTA DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS NA ESCOLA SOB A ÓTICA AVALIADORA DE SEUS ALUNOS GLENDA CRISTINA VALIM DE MELO (UNIFRAN) GLENDA HELLER CÁCERES (UFRGS) Resumo de Paper Resumo de Paper No contexto digital, as relações humanas ocorrem com in‑ tensidade, personagens são criados a cada acesso, as perfor‑ mances discursivas são diversas e as identidades, segundo Hall (2006), estão em constante movimento. Com os novos letramentos digitais, a internet se tornou também um espa‑ ço para contestar e discutir os direitos da população negra que durante a Modernidade tiveram seus corpos excluídos e suas vozes apagadas. Na pós‑Modernidade, de acordo com Venn (2000) e Boaventura (2004), os olhares se voltam para o sul e para as vozes dos esquecidos na Modernidade que se tornam objeto de pesquisa. Este artigo analisa performan‑ ces identitárias de raça encenadas nos textos produzidas por negras em uma comunidade da Orkut. O estudo se embasa em concepções sobre os novos letramentos digitais e em te‑ orias queer. Os dados foram gerados em uma comunidade da Orkut que discute temas sobre a população negra. Foram analisadas mensagens de um fórum para mulheres negras brasileiras. O arcabouço analítico são os construtos de ali‑ nhamento e enquadre propostos por Goffman ([1979], 1998). Os resultados indicam que as performances identitárias das mulheres negras estudadas são permeadas por sexualidade, gênero, raça, classe social, escolaridade e oscilam entre uma postura queer e performances racializadas. Na ecologia das relações intra‑institucionais são os agen‑ tes – alunos, professores, equipe diretiva e técnicos adminis‑ trativos –, com suas respectivas funções, os que lhe confe‑ rem o caráter educativo. Nessa comunidade, os alunos têm um papel central, dado que é em torno deles que a escola organiza‑se como sistema. Dentro desse sistema, os compo‑ nentes curriculares consolidam, teoricamente, o que se con‑ sidera essencial para a formação dos estudantes. As línguas estrangeiras fazem parte dos componentes do currículo escolar e estão, na instituição em foco nesta pesquisa, res‑ tritas às práticas de sala de aula. É, então, diante deste con‑ texto, que se define o escopo deste trabalho. A realidade que pretendemos descrever a partir das perspectivas dos alunos é a de uma escola federal de Ensino Médio e Tecnológico do interior do Rio Grande do Sul em que o aspecto ‘bilinguismo’, apesar de evidente no contexto social, não é hegemônico en‑ tre os estudantes que frequentam a instituição. O trabalho, portanto, tem razão de ser já que essa realidade – em que a escola parece dedicada a cumprir normas externas (como a oferta de língua espanhola, determinada pela lei 11161/05) e a pensar no aluno em sua relação com o mundo contem‑ porâneo (motivo pelo qual, juntamente com o espanhol, é obrigatório o ensino de inglês), sem a promoção de práticas bilíngues alheias à sala de aula de línguas estrangeiras – dis‑ põe de uma quantidade insignificante de estudos publicados na área de políticas linguísticas. Assim, buscando entender a forma como os alunos veem a oferta de línguas estrangei‑ ras nessa escola, trataremos da ideologia que fundamenta a relação entre os alunos e essas línguas. Além das entrevis‑ tas realizadas, a análise de documentos institucionais per‑ mite‑nos refletir sobre a desconsideração dos anseios dos estudantes diante da proposta político‑linguística da escola. 120 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada PROBLEMATIZANDO A PROPOSTA DE ENSINO DE INGLÊS COMO LÍNGUA FRANCA NO BRASIL: IMPLICAÇÕES PARA POLÍTICAS LINGUÍSTICAS EDUCACIONAIS GLORIA GIL (UFSC) MARIA INÊZ PROBST LUCENA (UFSC) Resumo de Paper O objetivo desta comunicação é problematizar o conceito de ensino de inglês como Língua Franca e discutir resulta‑ dos de pesquisas sobre o tópico (Jenkins, 2003; Seidlhofer, 2001; 2004, entre outros), contrapondo a discussão teórica com discussões recentes sobre abordagens de ensino/apren‑ dizagem de Inglês. Nos últimos anos, Linguistas Aplicados (Rajagopalan; 2004; Canagarajah; 2007, entre outros) tem enfatizado a importância de mudar o objetivo, a metodolo‑ gia e o currículo de ensino de inglês adequando‑os ao con‑ ceito de Língua Franca. No entanto, entendemos que essa proposta necessita de uma reflexão mais aprofundada nos círculos acadêmicos brasileiros, especialmente nas discus‑ sões que envolvem debates políticos sobre a formação do professor de Inglês. Com base em uma concepção de ensi‑ no/aprendizagem de línguas pautada no social e em uma perspectiva interacionista, discutiremos diferentes pontos de vista teóricos acerca do conceito de Inglês como Língua Franca (ex. Canagarajah, 2007), inglês como língua interna‑ cional (Rajagopalan, 2005) e de interlíngua (Selinker, 1992), procurando discutir as implicações ideológicas e metodoló‑ gicas que estão ali implícitas. Como formadoras de professo‑ res, propomos que uma possível reformulação nas políticas de ensino de inglês no Brasil envolva uma discussão concei‑ tual sobre hibridismo, língua adicional, proficiência, identi‑ dade, multilinguismo e interculturalidade nos domínios da vida contemporânea brasileira. Como linguistas aplicadas, nosso interesse está nas implicações dessa problematização para ´participantes de cenários escolares contemporâneos, sobretudo em seus encontros na sala de aula [de língua]´ ( Garcez, 2011). A CONSTRUÇÃO DO ETHOS JOYCIANO NO DISCURSO CRÍTICO LITERÁRIO UNIVERSITÁRIO GRENISSA BONVINO STAFUZZA (UFG) Resumo de Paper A noção de ethos modifica‑se nos estudos da linguagem quando pensamos o conceito proveniente da retórica na análise do discurso. Ethos, na análise do discurso (e também na pragmática), é pesquisada por Maingueneau em toda extensão de seu trabalho. Em sua Gêneses dos Discursos (2005/1984), em especial, o estudioso pensa uma “semânti‑ ca global”, na tentativa de inserir em um modelo integrativo várias dimensões do discurso, reservando entre elas, um lu‑ gar decisivo para a enunciação e para o enunciador. De fato, o enunciador deve atribuir a si mesmo e a seu destinatário determinado status para legitimar seu dizer: ele concede a si próprio no discurso uma posição institucional e marca sua relação com um saber. Amossy (2005), ao pesquisar a noção de ethos, observa que a ação exercida pelo orador sobre seu auditório não é de ordem linguageira, mas social. Portanto, sua autoridade não depende da imagem de si que ele pro‑ duz em seu discurso, mas de sua posição social. Ao pensar no posicionamento do discurso crítico literário em relação ao estudo de James Joyce e sua obra, lidamos com algumas possibilidades de relação entre enunciadores, preexistindo pelo menos três imagens a partir dessas relações: i) a ima‑ gem que o leitor forma de Joyce e sua obra via leitura de obra, resultando em uma concepção autoral; ii) a imagem que o aluno forma de Joyce e sua obra via aula, resultando em uma concepção didática (teórica e literária); iii) a imagem que a academia forma de Joyce e sua obra pela pesquisa, re‑ sultando em uma concepção acadêmica. Aqui, em especial, pretendemos analisar a construção do ethos joyciano no discurso crítico literário universitário, considerando um re‑ corte de pesquisa do período de 1922 em que o autor publica Ulysses, em Paris, França. Analisaremos as imagens que se formam de Joyce e sua obra a partir das críticas acadêmicas iniciais da obra em questão, considerando alguns enuncia‑ dos de artigos científicos publicados na revista La Revue des Lettres Modernes. 121 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada PROPOSTAS DE PRÁTICAS LETRADAS INTERCULTURAIS PARA O ENSINO‑APRENDIZAGEM DE INGLÊS EM CONTEXTO ACADÊMICO‑UNIVERSITÁRIO GUILHERME JOTTO KAWACHI (UNICAMP) Resumo de Paper O propósito deste trabalho é apresentar resultados parciais de uma pesquisa de doutorado cujo objetivo geral é inves‑ tigar a relação língua‑cultura no ensino‑aprendizagem de língua inglesa (LI) em um determinado contexto de ensino superior. Considerando o status da LI como língua franca (CRYSTAL, 2010) e sua função em contextos de globalização, que não apenas aproximam as pessoas mas também produ‑ zem e evidenciam desiguldades (CANCLINI, 2008), deve‑se considerar que o ensino de LI está imbuído em aspectos ide‑ ológicos, políticos, sociais e culturais. É imprescindível, por‑ tanto, que o ensino de línguas situado na pós‑modernidade promova oportunidades de reflexão sobre outras culturas, que raramente são abordadas de modo crítico. Se conside‑ rarmos que aspectos culturais são geralmente apresentados como “curiosidades”, “franja” ou “adendo” (ALMEIDA FILHO, 2002), parece‑nos não apenas desejável mas necessário que as culturas do outro sejam abordadas na prática pedagógica em LI sob perspectivas éticas e críticas (ROCHA, 2012). Assim, julgamos pertinente desenvolver propostas didático‑peda‑ gógicas que focalizassem questões relacionadas a culturas, estereótipos, representações, identidades, e que tivessem potencial para promover o pensamento crítico e protago‑ nista dos aprendizes. Para tanto, encontramos suporte nas teorias dos multiletramentos (COPE & KALANTZIS, 2000; ROJO, 2009), entre outros pilares teóricos. Geramos dados com alunos de um curso universitário superior, e os instru‑ mentos/procedimentos (gravações em aúdio, questionários e escrita reflexiva) privilegiaram tratamento qualitativo dos dados. Com essa pesquisa, esperamos contribuir para a pro‑ dução de conhecimento da área e reforçar a necessidade de reflexão sobre aspectos culturais no ensino‑aprendizagem de línguas, para que concepções mono – monolíngues, mo‑ noculturais e monoletradas (ROCHA, 2012) sejam problema‑ tizadas em prol de uma educação, de um ensino e de alunos pluri – em todos os sentidos do prefixo. O CARÁTER FORMATIVO DO MANUAL DO PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA GUSTAVO DE SOUZA MONTES (UFRJ) Resumo de Paper O livro didático se configura como uma importante ferra‑ menta nos processos de ensino/aprendizagem de línguas. Pode‑se perceber, a partir do depoimento de diferentes au‑ tores (CORACINI, 1999; GRIGOLETTO, 1999; MARCUSCHI, 2000; entre outros), que o LD constitui o principal, senão o único muitas vezes, instrumento pedagógico utilizado pelos pro‑ fessores e alunos em sala de aula. Além de ser a fonte mais utilizada no ensino, uma fonte de “saber institucionalizado” (Carmagnani, 1999b), o LD, como se pode perceber nos docu‑ mentos oficiais (PCN 1998; OCEM, 2006; PNLD, 2012), se apre‑ senta como importante ferramenta no tocante à formação docente. Muito se discute sobre o papel formativo e peda‑ gógico para professores chamados “inexperientes”, entretan‑ to, podemos percebê‑los como uma fonte de informações e suporte não só para professores inexperientes, mas para os experientes também (Donoghue, 1992). Levando em consi‑ deração essas premissas, o presente trabalho tem por ob‑ jetivo investigar, através de entrevistas semi‑estruturadas, as crenças de professores de Língua Portuguesa do Ensino Médio do Colégio de Aplicação da UFRJ (CAp UFRJ), acerca do caráter formativo do LD. Com base nas ideias e opiniões que esses professores têm em relação ao que está envolvido nos processos de ensino/aprendizagem de línguas e o que os mesmos formulam a partir de suas próprias experiências (BARCELOS, 2001), triangulando com o discurso do manual do professor da coleção adotada, procura‑se problematizar o papel do LD no que diz respeito à contribuição do mes‑ mo para a formação continuada. Os resultados pretendem indicar se as crenças dos professores analisados refletem uma postura consciente dos mesmos em relação ao cará‑ ter formativo do LD ou se, segundo eles, o LD é só um (ou mais um) instrumento pedagógico para o desenvolvimento dos alunos. 122 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada SELF‑AWARENESS AND NOTICING IN L2 SPEECH LEARNING HANNA EMILIA KIVISTÖ‑ DE SOUZA (UNIVERSITAT DE BARCELONA) Resumo de Paper This paper examined explicit phonological awareness in in‑ termediate learners of English. According to the Noticing Hypothesis (Schmidt, 1992), in order to learn a linguistic structure in the second language (L2), this structure has to be first noticed. Applying this notion to the realm of L2 pronunciation acquisition, the speaker has to notice the L2 specific segmental and suprasegmental features in or‑ der to learn how to produce them accurately. Discovering what pronunciation features L2 learners notice and perhaps more importantly, what they do not notice has important implications for L2 phonological training in helping the in‑ structor to draw the student’s attention to relevant features. The following research questions were posed: How aware are L2 learners of their own pronunciation mistakes? What kind of pronunciation mistakes L2 learners are able to no‑ tice in their own production? 64 Spanish/Catalan learners of English recorded themselves reading aloud five English sen‑ tences. They then compared their pronunciation to a native speaker recording and wrote in detail about the differences they could notice. The participants’ pronunciation mistakes were marked and categorized. Subsequently the comments were analyzed and compared to the recordings in order to determine what aspects were noticed. The results revealed a serious mismatch between the pronunciation mistakes that were made and the mistakes that were noticed. The learn‑ ers were most aware of errors in rhythm and intonation, whereas the awareness on segmental errors was extremely low. The results suggest that a substantial amount of pro‑ nunciation errors goes unnoticed in L2 learners. This should be taken into account in the EFL classroom through the use of consciousness‑raising activities. In addition, the findings offer support to the idea that L2 phonological awareness is difficultly verbalized. GÊNEROS EM CONTEXTO ESCOLAR: REFLEXÃO SOBRE A FORMAÇÃO DOCENTE HELENICE JOVIANO ROQUE DE FARIA (UNEMAT) Resumo de Paper Os estudos sobre os gêneros discursivos revelam‑se promis‑ sores. Entendidos em BAKHTIN (2003, p.268) como “correias de transmissão entre a história da sociedade e a história da linguagem”, esses construtos mostram‑se objeto de refle‑ xão em muitas escolas e vertentes dos estudos da lingua‑ gem. Abrem‑se assim, novos debates quando se perspecti‑ va a compreensão desses “artefatos culturais” em contexto de sala de aula. No entendimento de ROJO (2008, p.76), da escola de Sidney à Genebra, da nova retórica à abordagem sistêmico‑funcional, da linguística de corpus à reflexão bakhtiniana, os gêneros assumem lugares importantes nas discussões teórico/metodológicas no âmbito da Linguística Aplicada. Diante de um assunto híbrido, desde a flutuação terminológica à apreensão do lugar e papel, esta comunica‑ ção objetiva refletir sobre o ensino dos gêneros na Educação de Jovens e Adultos e compreender que efeitos esses dis‑ positivos produzem em contexto de sala de aula. Também evidencia, parcialmente, os resultados obtidos sobre a(s) percepção(s) que os professores de língua materna, desta unidade escolar, apresentam sobre esta problemática, nas reais situações sociais de uma escola pública em Sinop/MT. Espera‑se contribuir com os estudos da linguagem e com os debates sobre o uso desses construtos no espaço escolar. 123 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada ADOLESCENTES EM CONFLITO COM A LEI: MASCULINIDADE E VIOLÊNCIA HELLEM DA SILVA ESPÍNDOLA (UFRJ) HELLEM DA SILVA ESPÍNDOLA (UFRJ) A MOBILIZAÇÃO DE PROCESSOS REFLEXIVOS, CRÍTICOS E EMOCIONAIS EM NARRATIVAS DE PROFESSORES DE LÍNGUAS EM FORMAÇÃO INICIAL HELVIO FRANK DE OLIVEIRA (UFG) Resumo de Paper Adolescentes em conflito com a lei: masculinidade e violên‑ cia A violência não é um “ente”, ela é macho. Nolasco, 2001 Este estudo procura entender os adolescentes em conflito com a lei à luz da associação entre masculinidade e violên‑ cia (Nolasco, 2001), fortemente ligada a conceitos e refe‑ rências socioculturais e históricas que são construídos ao longo de nossas vidas e perpetuados via discurso (Moita Lopes, 2003; Werst, 1991; Brait, 1997; Hall, 1995; Mills, 1997; Foucault, 2001). Em geral, os meninos são socializados por meio de estímulos à coragem e à violência, sendo essa vali‑ dada como um dos aspectos centrais de sua masculinidade (Nolasco, 2001; Connell, 1995; 2000). Sob o risco de se re‑ duzir a questão a um essencialismo biológico, pode‑se ob‑ servar que homens estão mais envolvidos em situações de riscos variados ou de conflito com a lei desde a infância/ado‑ lescência (Zaluar, 1999). Parto do princípio de que olhar para a questão da violência de modo reducionista, além de não explicar o problema, contribui para o conformismo e para a estagnação (Velho, 2000). Por isso, entendo tais conflitos sob o ponto de vista da socioconstrução discursiva, que nes‑ se caso está centrada na concepção do homem hegemônico que ainda vigora nas sociedades contemporâneas. Os dados analisados foram gerados etnograficamente por meio de en‑ trevistas com foco no grupo (Morgan, 1998; Josselson, 1996; Morgan e Krueger, 1993) com adolescentes em conflito com a lei que cumprem pena por envolvimento com o crime e por abuso de drogas. As conversas apontaram para a construção de um único tipo de masculinidade, essencialista e hegemô‑ nica (Connell, 1995; 2000) evidenciando a importância de qualidades como bravura, ousadia, força, além da inserção no mundo do trabalho e do aventureirismo sexual. Resumo de Paper A partir da pesquisa narrativa, podemos compreender que o prisma da educação corresponde a uma construção so‑ cial, cultural, histórica e cotidiana organizada por sujeitos instalados em um respectivo contexto e provida pelo ato pessoal e coletivo de narrar. Nesse sentido, quaisquer en‑ volvidos em um determinado processo, no caso específico desta proposta, a formação inicial de professores de línguas, tornam‑se “organismos contadores de histórias” que “vivem vidas estoriadas de forma individual e social”, baseadas nas diversas vivências e experiências que possuem (CLANDININ; CONNELLY, 1988, 1990, 199, 2000, 2011, p. 17). Justamente por essa razão, a narrativa é tida como um recurso possuidor de valores existenciais significativos. No caso da pesquisa em relevo, tais instrumentos revelam‑se extremamente pro‑ pícios à reflexão docente, uma vez que possui teores emo‑ cionais, reflexivos e críticos sobre dada problemática. Com base nesse pressuposto, nesta comunicação, almejo, a par‑ tir de um estudo realizado com professores em formação inicial, discutir a mobilidade e os recursos que as narrativas dos participantes construíram no decorrer de uma pesquisa de doutoramento. No geral, dizem respeito a significados que evidenciaram a importância de se pensar a formação de professores de línguas numa perspectiva engajada dire‑ tamente com o contexto político, social e cultural cuja sis‑ tematização torna‑se digna de problematização, posterior‑ mente, transformando‑se em um ato bastante desafiador na perspectiva da mudança. Em formatos orais, escritos e visuais, as narrativas coletadas durante o ano de 2012, com participantes de um curso de Letras (Português/Inglês) de uma universidade pública, sinalizaram resultados relativos à (des)construção de perfis e/ou de identidade(s) docente(s) pré‑idealizado(s) ou construído(s), moldado(s) conforme o contexto social e cultural, via experiência, via linguagem, via práticas pedagógicas. 124 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O PAPEL DO INTERLOCUTOR NA ELABORAÇÃO E RE‑ELABORAÇÃO DE UNIDADES TEMÁTICAS NO ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS MODERNAS AS FRONTEIRAS INTERNAS DO “PORTUGUÊS DEL NORTE DEL URUGUAY” E DO GALEGO NA ESPANHA: ENTRE A PERCEPÇÃO DOS FALANTES E AS POLÍTICAS LINGUÍSTICAS HENRIQUE EVALDO JANZEN (UFPR) HENRY DANIEL LORENCENA SOUZA (UFRGS) Resumo de Paper Resumo de Paper O presente trabalho apresenta, à luz da concepção bakh‑ tiniana de linguagem, um aprofundamento em relação a uma pesquisa anterior em que foram analisadas unidades temáticas elaboradas por graduandos do curso de Letras Anglogermânicas na disciplina de Metodologia de Ensino de Línguas Estrangeiras Modernas (LEM) – Inglês e Alemão e posteriormente re‑elaboradas na disciplina Prática de Ensino e Estágio Supervisionado de LEM. A pesquisa concentrou‑se na análise do papel exercido pelo interlocutor nas mudanças efetuadas na (re)construção das unidades temáticas. O tra‑ balho mobiliza, do arcabouço teórico‑metodológico da con‑ cepção bakhtiniana, a noção de que toda produção verbal é orientada para um interlocutor, enfatizando a natureza dia‑ lógica do processo de produção verbal (M. Bakhtin, 1997; V. N. Volochinov, 1992). No processo interacional constitutivo das atividades de elaboração e re‑elaboração das unidades temáticas, o outro‑interlocutor (concepção dialógica de Bakhtin) que orientou as reestruturações das unidades te‑ máticas constituiu‑se pelas vozes dos colegas de sala, pela voz do professor das disciplinas de Metodologia e Prática e/ ou pelas vozes dos alunos‑aprendizes. Essas vozes, a partir de valores e vivências distintas, conduziram os estagiários, numa perspectiva exotópica (o olhar de fora), a novas pro‑ duções temático‑verbais, contribuindo dessa maneira, na efetivação de modificações em relação às atividades que ti‑ nham sido propostas inicialmente nas unidades temáticas. No diálogo com seus interlocutores, os estagiários vivencia‑ ram deslocamentos de sentido. Tais deslocamentos se con‑ cretizam – como indicado – em reformulações das unidades temáticas, que foram assinaladas nas reflexões que os esta‑ giários elaboraram em seus relatos. Com a formação dos blocos econômicos, a abordagem das línguas passou a dominar o debate, estabelecendo‑se dis‑ cussões sobre as políticas lingüísticas. Reconhecer que as fronteiras não são barreiras para os idiomas e que a liber‑ dade de falá‑los e mantê‑los são direitos do homem, é um fato reconhecido. Mas como tornar isso real? A convivência das línguas é assimétrica, ou seja, ao não gozarem muitas vezes do mesmo prestígio, uma pode acabar ficando em desvantagem para outra, fato que vai se refletir nos com‑ portamentos de toda uma sociedade. Mas uma língua não encontra apenas fronteiras geográficas. Muitas vezes essas fronteiras acabam surgindo internamente, de forma dissi‑ mulada e que escondem agentes que passam despercebi‑ dos pelas políticas lingüísticas. Essas barreiras podem estar ocultas no que Calvet (2007) chama de “equipamento das línguas”, reconhecendo que as línguas não podem cumprir sempre as mesmas funções. Ao limitarmos nosso estudo em duas regiões diferentes, tendo em comum a presença hegemônica do espanhol e do português, é possível obser‑ var a participação de cada uma delas e o resultado gerado nas comunidades que ficam entre essas línguas: na fronteira Uruguai Brasil – do lado uruguaio; e na região da Galícia – comunidade autônoma espanhola, cercada pelo castelhano, língua oficial da Espanha. O objetivo deste trabalho é repen‑ sar um paradigma que tenha na pluralidade linguística seu ponto de partida. A discussão passa então pelas interfaces das questões político‑linguísticas, práticas de línguas nos contextos das comunidades que as usam, além de fatores de prestígio e desprestígio que interferem nesses ambientes. Ou seja, entender que o problema das línguas de fronteira dependem muitas vezes mais de barreiras internas do que propriamente geográficas. 125 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada PROFESSOR(ES) – IDENTIDADES DESIGNADAS PELO PODER ECONÔMICO HILARIO INACIO BOHN (UCPEL) “PELO MENOS OS ALUNOS APRENDERAM UM POUQUINHO”: REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DE LI EM ESCOLA PÚBLICA HILDA SIMONE HENRIQUES COELHO (UFV) Resumo de Paper Marx e Engels, em sua obra Ideologia Alemã, reconhecem na economia a força propulsora da organização social das na‑ ções. Esta percepção opõe‑se ao idealismo criador proposto pela filosofia alemã e ao empirismo que se limita a narrar a organização social das nações. Marx e Engels contrapõem a estas concepções o materialismo histórico social e dialético onde as relações materiais concretas que os homens estabe‑ lecem entre si, explicam a organização da sociedade. Neste sentido, não é a consciência que determina a vida, mas é esta que determina a consciência. É dentro dessa dialética entre a força norteadora da economia e a ação humana que se examinam neste texto as identidades de professor que são cada vez mais definidas e designadas pela força do mercado, conforme discursadas na imprensa e literatura nacionais, e nos documentos oficiais do governo brasileiro. Discute‑se, também, como a voz dos educadores brasileiros, dos lin‑ guistas aplicados, dos filósofos e sociólogos nacionais é sis‑ tematicamente afastada desse debate. Os professores, os educadores, são relegados à mera execução de um conjunto de tarefas para a preparação de trabalhadores destinados a elevar o PIB nacional em vez de desenvolverem a cidadania transformadora, de indivíduos históricos que se criam a si mesmos, e são responsáveis pela atividade coletiva e pela realidade social em que vivem. Resumo de Paper A fim de incentivar licenciandos a se comprometerem com o ensino na rede pública, o Governo Federal lançou mão de pro‑ gramas de incentivo à docência. O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), por exemplo, tem como objetivo antecipar o vínculo entre futuros professores e as salas de aula da rede pública através da articulação en‑ tre a universidade e as escolas. Neste trabalho apresentare‑ mos alguns desafios percebidos durante os encontros de co‑ ordenação e de supervisão realizados semanalmente com o grupo de bolsistas do PIBID–Inglês, da Universidade Federal de Viçosa. As surpresas com relação à indisciplina dos alunos e às dificuldades na realização das tarefas planejadas com as professoras supervisoras são os tópicos que prevalecem nas sessões de discussão sobre as observações dos bolsistas das aulas. Através de anotações e reflexões da coordenadora e gravaçao de áudio das sessões de discussão, percebemos que os bolsistas parecem confirmar o ciclo vicioso existen‑ te naquele contexto: o professor, embora capacitado, não ensina a língua inglesa conforme seu planejamento e expec‑ tativa porque acredita que o contexto e a desmotivação dos estudantes não favorecem a aprendizagem, e os estudantes, por sua vez, não acreditam que aprendem inglês na esco‑ la porque o professor só ensina o “básico” (COELHO, 2005; ZOLNIER, 2007; BARCELOS & COELHO, 2011). Observamos que, ao contrário das expectativas do Governo em relação ao Programa, essas experiências geram nos graduandos senti‑ mentos de indignação e, por vezes, distanciamento do com‑ promisso futuro com o magistério na rede pública. Nesta co‑ municação, baseando‑se nos estudos de crenças e emoções (BARCELOS, 2004; ARAGÃO, 2007), compartilharemos as re‑ flexões realizadas no subprojeto PIBID–Inglês com o intuito de motivar os bolsistas à docência e de promover ações para romper com o ciclo vicioso fundado na crença de que “só po‑ demos ensinar um pouquinho de inglês na escola”. 126 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A PRODUÇÃO TEXTUAL NA ESCOLA EM DOIS ATOS: ANTES E DEPOIS DOS PCN HUBEÔNIA MORAIS DE ALENCAR (UFRN) Resumo de Pôster O presente trabalho é um recorte de uma pesquisa desen‑ volvida durante o nosso curso de mestrado, centrada na análise do processo de produção textual em sala de aula do Ensino Fundamental. Ela partiu da percepção de que a ta‑ refa de se formar produtores de textos proficientes, capazes de estabelecer uma interação através da escrita, em diferen‑ tes situações interativas, não parece ter sido facilmente de‑ senvolvida pela escola. Os relatos de professores aos quais frequentemente temos acesso sinalizam uma preocupação dos responsáveis por desempenhar tal tarefa em relação a como e o que fazer para formar produtores de textos compe‑ tentes. No campo dos estudos da linguagem, diversas pes‑ quisas apontam para a necessidade de se redimensionar o ensino da produção textual, considerando, sobretudo, o seu caráter interacional (GERALDI, 1997, 2000; MARCUSCHI, 2008; LEAL, 2008; VAL 2009). Essa preocupação também aparece nos Parâmetros Curriculares de Língua Portuguesa (BRASIL, 1998). Nosso estudo respalda‑se numa análise dialógica do discurso, norteando‑se teoricamente nas ideias do Círculo de Bakhtin (BAKHTIN, 2003, 2008; BAKHTIN/VOLOCHÍNOV, 2010) e em seus estudiosos (FARACO, 2009; BEZERRA, 2008; PONZIO, 2010; GERALDI, 2010; OLIVEIRA, 2008, dentre outros), principalmente, nas suas orientações sobre dialogismo, exo‑ topia, autor e autoria. Os resultados desta pesquisa estão fundamentados ainda em Vygotsky (1997, 2005), sobretudo, na sua concepção de mediação. A constituição do corpus se deu em situação de ensino, mediante registros de obser‑ vação, gravação e transcrição de aulas e o recolhimento de produções textuais escritas pelos alunos em dois momentos distintos: em 1998 e em 2008. As análises revelaram que, em relação aos procedimentos metodológicos, há diferenças nas aulas ministradas nos dois momentos da pesquisa; no entanto, tais diferenças não foram suficientes para visuali‑ zarmos resultados sobre o texto do aluno no que se refere à sua habilidade de autorar o próprio texto. POSSÍVEIS VISÕES DE CULTURA ATRAVÉS DO LIVRO DIDÁTICO IARA MARIA BRUZ (UNINTER) IARA MARIA BRUZ (UNINTER) Resumo de Paper O presente trabalho pretende apontar para representa‑ ções – de cunho sociocultural –em um livro didático de in‑ glês. Segundo pesquisas de CORACINI (2011), GRIGOLETTO (2011), entre outros pesquisadores, o livro didático tem uma forte presença e influência em sala de aula e, por isso, é im‑ portante averiguarmos como seus conteúdos são tratados. Podemos afirmar que no ensino de língua/cultura estrangei‑ ra os livros didáticos influenciam tanto alunos como profes‑ sores. Também, podemos afirmar que encontramos, tanto no discurso dos professores quanto nos livros didáticos, re‑ presentações da cultura‑alvo. Neste trabalho, partindo de uma concepção plural de cultura (Bhabha, 1998; Eagleton, 2005) e da concepção de linguagem do Círculo de Bhaktin; fazemos uma análise sócio‑cultural de um livro didático sob a perspectiva da interculturalidade. Além disso, é utilizado o conceito de forças centrípetas e centrífugas bakhtinianas. Nossa análise – que se ocupa principalmente das represen‑ tações de cultura construídas a partir das ações e relações das personagens apresentadas no livro didático Touchstone 1(2005) – indica que as personagens estão situadas predo‑ minantemente nos Estados Unidos. Sabendo que este é um dos países que mais recebem imigrantes, esperava‑se que nos livros didáticos apresentassem situações de interação entre americanos e estrangeiros/imigrantes; além disso, esperava‑se que alunos e professores pudessem ter acesso tanto ao ponto de vista do nativo quanto ao do imigrante acerca dessa relação nativo/imigrante. Temos a impressão que existe uma a escassez de representação de relações e in‑ terações entre americanos e estrangeiros/imigrantes neste livro didático – que implica uma visão de cultura –e que essa escassez pode gerar uma visão errônea e fragmentada para o estudante e professor da língua/cultura estrangeira acerca dessas relações. 127 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A PRÁTICA INVESTIGATIVA E REFLEXIVA NO DISCURSO DO PROFESSOR EM FORMAÇÃO INÉS KAYON DE MILLER (PUC–RIO) BEATRIZ DE CASTRO BARRETO (PUC–RIO) MARIA CRISTINA GUIMARAES DE GOES MONTEIRO (PUC–RIO) Resumo de Paper Este trabalho visa apresentar os resultados parciais de uma análise que vem sendo desenvolvida no âmbito da for‑ mação inicial de professores de português e de inglês no Departamento de Letras da PUC–Rio. Com base nos princí‑ pios da Prática Exploratória (Allwright, 2003), criou‑se, no curso de Estágio Supervisionado, um espaço de integração entre professores monolíngues e bilíngues, onde se procu‑ ra levar o licenciando a agir em busca da qualidade de vida em sala de aula (Gieve & Miller, 2006). A partir de textos produzidos pelos licenciandos nesse contexto, sob a luz da Linguística Sistêmico‑Funcional (Halliday, 1984), identifi‑ cam‑se, no discurso do professor em formação, marcas lin‑ guísticas que denotam a assimilação de uma atitude inves‑ tigativa em relação ao próprio fazer profissional. Percebe‑se, na sua produção escrita, uma postura reflexiva sobre a licen‑ ciatura em si, sobre o papel social do professor e sobre a res‑ ponsabilidade de promover uma visão holística e inovadora no que diz respeito à sala de aula. PAPEL DA CONSCIENTIZAÇÃO LINGUÍSTICA PARA UMA PEDAGOGIA DO PLURILINGUISMO NOS ANOS INICIAIS DE EDUCAÇÃO BÁSICA INGRID KUCHENBECKER BROCH (UFRGS) Resumo de Paper O presente estudo busca contribuir com os trabalhos de educação plurilíngue e intercultural em anos iniciais da edu‑ cação básica. Constitui seu objetivo central identificar em que medida e de que modo a exposição à diversidade de lín‑ guas, nos moldes de uma abordagem baseada no modelo de conscientização linguística (language awareness), contribui para a construção de uma competência plurilíngue e inter‑ cultural de alunos do Ensino Fundamental. Para tanto, é fundamental a discussão do conceito de conscientização lin‑ guística em abordagens plurais no ensino de línguas. Os da‑ dos desta pesquisa provêm de entrevistas com três grupos de alunos, monolíngues em português, do quarto ano do Ensino Fundamental, a saber: Grupo 1: com grande exposi‑ ção a diversidade linguística no currículo escolar; Grupo 2: com pouca exposição à diversidade linguística; e Grupo 3: sem exposição a diversidade linguística, restrito ao portu‑ guês. A análise dos dados, mesmo que ainda parcial, mos‑ trou, à luz do referencial teórico utilizado, a relevância da ex‑ posição à diversidade linguística para a constituição de uma formação plural favorecedora da aprendizagem de línguas. Ao mesmo tempo, revelou a necessidade de ações para uma formação continuada dos professores não apenas pautada no reconhecimento do repertório linguístico do aluno, mas que também englobe estratégias para o trabalho com os diferentes repertórios linguísticos presentes no contexto es‑ colar. Tais ações de conscientização linguística estendem‑se para além da mera aquisição de proficiência linguística e contribuem, deste modo, para desmistificar tabus e cren‑ ças sobre a língua do outro e a aprendizagem de línguas. Sua implementação, no sentido de uma educação inclusiva tanto para alunos expostos a diferentes códigos linguísticos quanto para alunos de comunidades em que prevalece ape‑ nas uma língua, constitui, por isso, um dos pontos centrais a considerar na construção de uma pedagogia do plurilinguis‑ mo (cf. ALTENHOFEN & BROCH 2011). 128 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada DESENHANDO UM CURSO LIVRE ONLINE SOBRE ENSINO‑APRENDIZAGEM DE LE E AS RELAÇÕES ÈTNICO‑RACIAIS IRENE IZILDA DA SILVA (SEE/GPEAHF–CNPQ) REFLEXÕES SOBRE O PAPEL DO AFETO NO PROCESSO DE SOCIOCONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE NA SALA DE AULA DE LÍNGUA ESTRANGEIRA E MATERNA ISABEL CRISTINA RANGEL MORAES BEZERRA (UERJ) Resumo de Paper Este trabalho propõe uma reflexão acerca da experiência vivida por um grupo de professores de línguas inglesa e espanhola da educação básica, em uma escola particular da cidade de São Paulo, ao participarem de um curso livre online sobre questões de ensino‑aprendizagem de línguas estrangeiras e as relações étnico‑raciais. O intuito é regis‑ trar, investigar e interpretar a experiência vivida pelos pro‑ fessores participantes ao longo do curso para posterior‑ mente redesenhá‑lo. O desenho do curso se dará a partir do projeto pedagógico da escola e os documentos oficiais – Orientações Curriculares – Expectativas de Aprendizagem para a Educação Étnico‑Racial (SME–SP, 2008) e a Lei 10.639/03 – bem como as necessidades expressas pelo gru‑ po de professores que atuam neste contexto, tendo o viés da Complexidade por arcabouço teórico (Morin, 2005/2008 e outros) A Abordagem Hermenêutico‑Fenomenológica será a orientação metodológica a ser utilizada a partir da pers‑ pectiva de van Manen (1990) e Freire (1998, 2007, 2008, 2010) que permiti a interpretação e descrição de uma experiência humana, ou seja, de um fenômeno, a partir de quem o vi‑ vencia, materializada em registros textuais, neste caso, fei‑ tos no ambiente virtual do curso. Irene Izilda da Silva (SEESP, GPeAHF/CNPq) ADRIANA NOGUEIRA ACCIOLY NOBREGA (PUC–RIO) Resumo de Paper Neste trabalho, apresentamos duas investigações que, além refletirem sobre a relação entre o afeto socioconstruído e o processo de ensinar‑aprender língua estrangeira e materna, objetivam discutir a (re)construção identitária (HALL, 2000; MOITA LOPES, 2002) dos aprendizes (licenciandos de Letras e alunos de ensino médio) no que diz respeito ao uso social desses idiomas. A primeira investigação toma por base aos princípios da Prática Exploratória (ALLWRIGHT, 2005; MILLER, 2010; ALLWRIGHT e HANKS, 2009) e pretende problematizar o processo de socioconstrução discursiva de práticas de pesquisa reflexiva e de ensino‑aprendizagem de língua in‑ glesa. No caso da segunda, a mesma apoia‑se na Teoria da Avaliatividade (MARTIN e WHITE, 2005) para análise do posi‑ cionamento de alunos no que tange ao domínio da escrita em língua materna. Para poder alcançar tais entendimentos, ambas pesquisas tomam como fio condutor reflexão acerca do afeto e sua relação com a aprendizagem (VYGOTSKY, 2008 ; OLIVEIRA e REGO, 2003). Ao debruçarmo‑nos sobre tais questões buscamos compreender como essas experiências nos afetam enquanto professoras‑formadoras de licencian‑ dos de línguas e de pesquisadoras, posto que entendemos ser crucial repensar nossa ação no contexto acadêmico. Neste sentido, no processo sociodiscursivo de construção de saberes e identidades, mapeamos as narrativas (LINDE, 1993; MOITA LOPES, 2002; BASTOS, 2005) e instâncias de avaliação resgatadas através de marcas discursivas evidenciadas em textos produzidos pelos aprendizes (MARTIN, 2001), as quais parecem funcionar como ferramentas para a reflexão dos praticantes envolvidos sobre: [a] a importância social da proficiência em uma língua, seja materna ou estrangeira; [b] o que significa aprender uma língua no contexto situa‑ cional em que se inserem; [c] o processo de [re]construção identitária e suas implicações contextuais; [d] as questões relativas ao afeto socioconstruído que emergem ao longo desse processo. 129 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A (PRÉ)INICIAÇÃO CIENTÍFICA COMO ENTRADA NO UNIVERSO DA PESQUISA ISADORA GARCIA E COSTA (UFRJ) ANA PAULA MARQUES BEATO CANATO (UFRJ) A TAREFA COLABORATIVA EM INGLÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA NO AMBIENTE VIRTUAL ISIS DA COSTA PINHO (UNISINOS) MARÍLIA DOS SANTOS LIMA (UNISINOS) Resumo de Pôster A inserção no universo da pesquisa é um processo complexo vivenciado por muitos graduandos e alguns alunos do ensi‑ no médio. Para compreender melhor esta experiência, o pre‑ sente estudo ocupou‑se em analisar as representações de estudantes acerca de sua primeira iniciação e pré‑iniciação científica. Desenvolvida no âmbito do projeto Práticas de linguagem em diferentes áreas do conhecimento na escola pública (PLIEP/UFRJ), a investigação se deu com graduandos de Letras e alunos do ensino médio. Pautado pelo sociointe‑ racionismo, o projeto reuniu professores e pesquisadores de diversas áreas e instituições (uma universidade e três escolas públicas), o que permitiu a transposição de barreiras discipli‑ nares e a concepção do conhecimento como transdisciplinar (ABREU JÚNIOR, 1996). Nele, os alunos participantes tinham como principais tarefas: a colaboração com os professores universitários no desenvolvimento de módulos de um cur‑ so de formação continuada oferecido a professores da rede pública; a contribuição no desenvolvimento de projetos in‑ terdisciplinares nas escolas participantes; o desenvolvimen‑ to de uma pesquisa. Com este pôster, objetivamos expor as representações dos alunos‑pesquisadores, identificadas a partir de três instrumentos de coleta de dados: um questio‑ nário, um resumo feito pelos participantes acerca da expe‑ riência no projeto e, por fim, entrevistas semi‑estruturadas. Aplicados em momentos distintos e analisados com base nos princípios do Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART, 2010), tais instrumentos possibilitaram o acompanhamen‑ to de modificações na ótica dos participantes. Com esta pesquisa, foi possível identificar que: os alunos adquiriram maior intimidade com o trabalho de pesquisador; o traba‑ lho cooperativo favoreceu melhores resultados; dedicação e engajamento estão diretamente relacionados ao espaço e à voz dados aos alunos. O trabalho contribuiu para uma refle‑ xão crítica dos estudantes em relação ao seu papel, às suas intenções e à sua atuação. Resumo de Paper Este é um estudo de caso que visa investigar a produção de estudantes de Letras em tarefas colaborativas em inglês como língua estrangeira (LE) em ambiente virtual, focando a mediação no processo de aprendizagem. A fundamen‑ tação teórica utilizada consiste em princípios da teoria so‑ ciocultural vygotskiana, de estudos na área de aquisição de segunda língua e língua estrangeira, e da pesquisa na área de educação mediada por computador. Os participantes dessa pesquisa foram alunos de graduação de Letras/Inglês de uma universidade particular do sul do Brasil. A geração de dados ocorreu na disciplina de Inglês 3 e 4 a partir de uma sequência de tarefas de produção oral, em que os alunos deveriam realizar um bate‑papo em inglês, através do pro‑ grama Skype, a partir de vídeos curtos do Youtube. Logo após, as duplas foram chamadas a relatar suas percepções quanto às tarefas realizadas, sua aprendizagem e a intera‑ ção com a ferramenta utilizada. Além disso, os estudantes ouviram as suas gravações em um processo de audição re‑ flexiva, postando a sua revisão no ambiente. A análise dos dados focou a mediação da colaboração, da língua e da tec‑ nologia no processo de aprendizagem de LE. Os resultados do estudo em andamento sugerem que houve colaboração a partir de evidências de negociação e compartilhamento da produção na busca por dar coerência a narrativa. Além dis‑ so, essa interação colaborativa pode ter promovido através do processo de apoio mútuo a aprendizagem da LE. A partir disso, pretende‑se contribuir para a melhoria da pesquisa em Linguística Aplicada, Aquisição de Língua Estrangeira e Educação Mediada por Computador, somando‑se a estudos sobre tarefas colaborativas na aprendizagem de línguas. 130 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A HIBRIDIZAÇÃO DOS VÁRIOS TIPOS DE CONHECIMENTO NA REDAÇÃO DE VESTIBULAR A ELABORAÇÃO DE APOSTILAS PARA A AULA DE LEITURA EM INGLÊS IZABEL CRISTINA MARQUES CANDIDO (UERJ) JACQUELINE GOMES VICENTE (PUC–RIO) Resumo de Pôster Resumo de Paper O trabalho desenvolve‑se a partir do estudo das redações de vestibular, adotando‑se a perspectiva e a concepção intera‑ cional e discursiva da língua. Nesse sentido, a língua escrita e os modos de sua produção em gêneros discursivos como a redação serão investigados explorando‑se aspectos que evidencie os usos escolares da escrita. Entendemos por usos escolares as práticas que foram vivenciadas pelos alunos em sua trajetória escolar e que se refletem em seus textos. Nosso objetivo é observar a relação entre língua escrita (no gênero redação) e conhecimento, entendendo que “enunciar é argumentar” (Goulart, 2007), pois os saberes são produzi‑ dos por variadas formas em diferentes textualidades. Num domínio discursivo como vestibular, o processo de hibridiza‑ ção de linguagens sociais e conhecimento se fez notar em função do modo como os candidatos (escreventes) articu‑ lam a palavra alheia (autoridade) na construção da pala‑ vra própria. Esperamos contribuir assim para aprofundar a compreensão dos usos escolares da escrita e refletir sobre sua repercussão em termos de políticas linguísticas que se desenvolvem e possam vir a desenvolver‑se de modo mais sistemático na escola para que se desfaçam preconceitos e equívocos a respeito da língua e do conhecimento. Segundo Dolz & Schneuwly (2004), cada situação de comu‑ nicação requer uma ação diferente do aluno. Deste modo, os autores afirmam que ninguém escreve uma carta da mesma forma que escreve um conto. A diversidade na produção de textos orais e escritos está relacionada às diferentes condi‑ ções nas quais nos envolvemos. Apesar de haver uma infini‑ dade de textos, há certa regularidade nos textos produzidos pelos usuários de uma língua. Esta regularidade pode ser explicada através da noção de gêneros discursivos. No con‑ texto escolar, a finalidade do ensino da compreensão leitora, por exemplo, com base na noção de gêneros discursivos é que o aluno aproprie‑se de certos gêneros (Dolz & Schneuwly, 2004; Ramos, 2004). O objetivo deste trabalho foi investigar o material didático destinado ao ensino de leitura em língua inglesa que foi desenvolvido em um colégio de rede pública estadual do Rio de Janeiro, enfocando o gênero discursivo e as formas como as tarefas propostas pelo autor do material salientavam as características do gênero discursivo estuda‑ do. Para atingir este objetivo, revi a literatura sobre gêneros discursivos, leitura e abordagem instrumental. A noção de gêneros adotada na pesquisa é aquela proposta por Dolz & Schneuwly (2004), os quais tiveram Bakhtin ([1952–53] 2003) como precursor sobre o assunto. A metodologia de pesquisa consistiu na observação minuciosa das três apos‑ tilas que compunham esse material didático. A análise do conteúdo desse material foi feita com base na proposta de aplicação de gêneros discursivos na aula de leitura elabora‑ da por Ramos (2004), englobando as três fases de estudo de um gênero discursivo. O resultado final é a melhor compre‑ ensão do ensino de leitura, em inglês, a partir de gêneros dis‑ cursivos, bem como a análise do perfil do autor e do material produzido por ele. 131 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada ANÁLISE DE ACRÉSCIMO DE INFORMAÇÕES EM REPORTAGENS TURÍSTICAS BILÍNGUES NA PERSPECTIVA DISCURSIVA URBANIDADE E DESIGN SOCIAL: O PROJETO M900 JACQUELINE LARANJA LEAL MARCELINO (UNEB) O objetivo deste trabalho é apresentar as principais carac‑ terísticas do projeto M900, desenvolvido por um grupo de alunos, professores e pesquisadores universitários interes‑ sados em mapear a região da Avenida Paulista, na altura do número 900. Esse mapeamento é norteado a partir de Debord (1957) e seu conceito de deriva, no qual os sujeitos se propõem a apropriar‑se, assumir ou mesmo construir novos olhares sobre espaços públicos de forma crítica e participa‑ tiva. O corpus analisado é constituído de gravações audio‑ visuais acerca dos encontros do grupo e transcrições de fala dessas derivas que culminaram na publicação do site M900 e na proposta de que sejam criados novos projetos em torno do conceito de design social. A análise de dados é feita à luz de estudos bakhtinianos acerca de produtos e signos ideoló‑ gicos capazes de incidir tanto sobre o M900 e seu processo de materialização plurivocal de diferentes gêneros discursi‑ vos quanto pela identidade dos participantes e seus olha‑ res sobre a cidade e seus sujeitos. Este trabalho se justifica por considerar que a Linguística Aplicada, de fato, segundo Pennycook (2006), se constitui entre fronteiras transdiscipli‑ nares, no caso, em diálogos transgressores entre comunica‑ ção social, geografia, arquitetura e urbanismo e educação, quando e se os mesmos objetos temáticos provenientes de derivas objetivam ressignificar a cidade em função de novos projetos de intervenção urbana que plurivocalizem, entre outros, não‑lugares e não‑sujeitos nessa região da capital paulista. Conclui‑se, segundo Bakhtin (1929:2002), que o M900 é um produto ideológico que faz parte de uma reali‑ dade natural ou social como todo corpo físico, instrumento de produção ou produto de consumo; mas ao contrário des‑ tes, ele também reflete e refrata outras realidades que lhe são exteriores para fortalecer e fixar ações ou projetos de im‑ pacto a mudanças sociais como signo de política identitária das‑nas‑pelas linguagens urbanas. Resumo de Paper A partir de estudo centrado em reportagens turísticas bilín‑ gues impressas, veiculadas na revista Viver Bahia, edições de janeiro e abril/maio, respectivamente edições nº 05 e 08 abordando as maiores festas populares da Bahia: carnaval e São João, publicadas pela Bahiatursa, órgão oficial de pro‑ moção do turismo na Bahia, procede à análise do processo tradutório: português / inglês de textos de divulgação de turismo dirigido a leitores brasileiros e estrangeiros. O foco deste trabalho é a análise na perspectiva discursiva, de acréscimo no texto de chegada, de informações presentes no texto de língua de partida. Os textos que compõem as supracitadas reportagens constituem o corpus da pesquisa. A análise dos dados realiza‑se à luz do instrumental teóri‑ co‑metodológico fornecido pela Análise de Discurso da linha francesa nos moldes de Michel Pêcheux que dialoga com a concepção contestadora de tradução, também se opondo à concepção tradicional de tradução. A partir da comparação entre os textos em apreço, nas versões português/inglês, o processo tradutório é analisado como processo discursivo. Neste estudo evidencia‑se que a tradução resulta da inter‑ pretação do tradutor, que está associada à sua interpelação, como sujeito, quanto às determinações sócio‑históricas im‑ plicadas nesta dinâmica. Por sua vez, o discurso que resulta do processo tradutório representa uma possibilidade dentre outras oferecidas pelo interdiscurso ao sujeito‑tradutor que dirá aquilo que lhe possibilita sua posição‑sujeito no exercí‑ cio de sua atividade. JANAÍNA BEHLING (UNICAMP) Resumo de Paper 132 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A POPULARIZAÇÃO DA CIÊNCIA NA MÍDIA E O DISCURSO RELATADO JANAÍNA PIMENTA LEMOS BECKER (UNISINOS) Resumo de Paper A popularização da ciência corresponde ao processo social de comunicação dos conhecimentos da ciência à sociedade (Hilgartner, 1990; Cornelis, 1998; Myers, 2003; Calsamiglia, van Dijk, 2004). Este trabalho assume a existência de graus de popularização da ciência na mídia (i) resultantes dos com‑ ponentes do contrato de comunicação que os sujeitos reco‑ nhecem nas trocas de linguagem em que se popularizam informações da ciência e (ii) responsáveis por diferenças na configuração linguística dos textos. A fim de sustentar a tese de que há categorias linguísticas e discursivas que indiciam a existência de graus de popularização da ciência na mídia, dentre as quais se elege o discurso relatado, este trabalho examina notícias de popularização da ciência publicadas nas revistas Ciência Hoje e VEJA. Ao assumir a definição de que o discurso relatado corresponde ao ato de enunciação me‑ diante o qual um locutor, em um determinado espaço e em um determinado tempo, relata a um interlocutor o que foi dito por outro locutor a outro interlocutor em um espaço e em um tempo distintos (Charaudeau, 2007), este trabalho examina a forma do relato, a modalidade da enunciação e a natureza e o modo de denominação da fonte da informa‑ ção. A análise dos textos revela diferenças entre as notícias publicadas nas revistas Ciência Hoje e VEJA em relação (i) à quantidade de ocorrências de discurso relatado, (ii) à for‑ ma de relato dos enunciados de origem, (iii) à variedade le‑ xical dos verbos de elocução, (iv) à natureza das fontes da informação e (v) a seu modo de denominação. Os resulta‑ dos decorrem da representação dos sujeitos integrantes da instância de recepção midiática – o que se alinha à visada de captação do contrato de comunicação da mídia – e indi‑ ciam dois graus diferentes de popularização da ciência na mídia. Este trabalho apresenta resultados decorrentes das pesquisas para uma tese de doutorado desenvolvida no PPG em Linguística Aplicada da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). PROPOSTAS HÍBRIDAS DE APRENDIZAGEM DE INGLÊS COMO LÍNGUA ADICIONAL MEDIADA POR TECNOLOGIAS DIGITAIS JANAINA WEISSHEIMER (UFRN) Resumo de Paper No processo de ensino e aprendizagem de uma língua adi‑ cional, aprendizes podem se valer das inúmeras possibilida‑ des oferecidas pelas tecnologias digitais, cuja palavra chave é interação e construção coletiva. Muitos estudos têm en‑ fatizado as potencialidades oferecidas pelas tecnologias di‑ gitais de informação e comunicação em promover aprendi‑ zagem ativa, motivação e desenvolvimento de habilidades linguísticas e cognitivas. Neste contexto, o objetivo desta comunicação é apresentar resultados de pesquisas realiza‑ das no âmbito do projeto Aquisição de Inglês Mediada por Tecnologias Digitais, sob coordenação da proponente, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Serão consi‑ deradas as ferramentas GoogleDocs e VoiceThread, assim como o uso de Jogos do tipo Massively Multiplayer Online Role‑Playing – avaliando‑se aspectos linguísticos, cogni‑ tivos e motivacionais desenvolvidos por estas tecnologias. Ainda, pretende‑se discutir as potencialidades e limitações de uma metodologia híbrida voltada ao ensino e aprendiza‑ gem de línguas adicionais. 133 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada REFLEXÕES DE PROFESSORES DE INGLÊS EM FORMAÇÃO INICIAL SOBRE O USO DE NOVAS TECNOLOGIAS A FORMAÇÃO CRÍTICA DOCENTE E O PAPEL DO PROFESSOR NA PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS JANARA BARBOSA BAPTISTA (UNESP) JANE BEATRIZ VILARINHO PEREIRA (IFB) Resumo de Paper Resumo de Paper É notável que atualmente a sociedade suporta influências de novas tecnologias que modificam o modo como o co‑ nhecimento é construído. Faz‑se necessário, assim, que se reflita sobre o enfoque dado ao ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras e se realinhe práticas pedagógicas se‑ gundo necessidades e expectativas dessa sociedade dinâ‑ mica e digital, o que acarretará novas responsabilidades para alunos e professores. Nesse sentido, esta comunica‑ ção objetiva apresentar os resultados de uma pesquisa de Doutorado, de cunho qualitativo (ANDRE, 2000), que analisa como ocorre a formação de professores de inglês em relação ao uso de novas tecnologias em um curso de Letras durante uma disciplina que tem como eixo o uso de novas tecnolo‑ gias para o ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras. O foco desta apresentação é expor reflexões desses alunos, feitas ao término do primeiro semestre da disciplina através de textos reflexivos, sobre as experiências proporcionadas por essa disciplina. Para o desenvolvimento desse trabalho, são abordados conceitos relacionados a letramento digital (SOARES, 2002; BUZATO, 2006, 2009), formação de profes‑ sores (BUZATO, 2001; FREIRE, 2009; ALMEIDA FILHO, 2009; JONHSON, 2009; PAIVA, 2010) e perspectiva sociocultural (VYGOTSKY, 1978). Os resultados obtidos até o momento pos‑ sibilitam observar que a maior parte dos alunos envolvidos na pesquisa avalia a experiência na disciplina como positiva, uma vez que eles percebem a importância da reflexão sobre o uso de novas tecnologias no ensino e aprendizagem de lín‑ guas estrangeiras na realidade tecnológica em que vivemos. Justifica‑se, assim, que os cursos de graduação possibilitem que professores de línguas estrangeiras em formação inicial reflitam sobre novas tecnologias e sobre as exigências edu‑ cacionais de uma sociedade em processo de digitalização. (Apoio: Fapesp – Processo 2012/4993–1) A formação crítica docente e o papel do professor na produ‑ ção de materiais didáticos Este trabalho é parte de um pro‑ jeto de pesquisa colaborativa (MAGALHÃES, 2002) que tem por objetivo discutir e analisar o papel do professor de lín‑ gua estrangeira na produção de materiais didáticos. Desse modo, inicialmente, apresentarei um breve levantamento dos papéis historicamente desempenhados pelos professo‑ res de língua estrangeira no intuito de melhor compreen‑ dermos o seu papel na contemporaneidade. Busca‑se, atu‑ almente, a formação de educadores autônomos, capazes de refletir criticamente sobre suas ações e transformá‑las. Com base nesse objetivo de formação docente, embasamos este estudo em uma proposta de reflexão crítica aqui utilizada como instrumento para a problematização e a reconstrução material didático, bem como para a transformação da rea‑ lidade de atuação docente. Assim, destacaremos algumas reflexões realizadas pelos professores‑participantes des‑ se estudo acerca do livro em análise e seus entendimentos acerca de seus papéis no contexto de ensino‑aprendizagem. Esperamos que refletindo criticamente sobre diversos temas educacionais, tais como a relação teoria e prática, o papel do professor na produção de conhecimentos, e, por conseguin‑ te de materiais didáticos; o professor retome o seu papel de professor‑pesquisador que problematiza e constrói conheci‑ mento, e, portanto, intervém em sua realidade. 134 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada ENSINO DE INGLÊS NO FUNDAMENTAL I: UM PROCESSO DE CONSTRUÇÃO EM PARCERIA JANICE GONÇALVES ALVES (USP / FAFE) JANICE GONÇALVES ALVES (USP / FAFE) LEITURA CRÍTICA DE GÊNEROS MULTISSEMIÓTICOS MEDIADA POR COMPUTADORES: UMA ESTRATÉGIA DE MULTILETRAMENTO NA ESCOLA. JANICLEIDE VIDAL MAIA (UFC) Resumo de Paper Ensino de Inglês no Fundamental I: um processo de cons‑ trução em parceria Janice Gonçalves Alves FAFE (Fundação de Apoio à Faculdade de Educação da USP) Através de pes‑ quisa colaborativa realizada a partir da participação do processo de implantação do Ensino de inglês nas séries do Ensino Fundamental I da rede pública municipal de São Paulo, pretende‑se descrever e analisar influências do tra‑ balho de formação e colaboração proposto pela SMESP (Secretaria Municipal de São Paulo) em parceria com a FAFE– USP (Fundação de Apoio à Faculdade de Educação). Parte‑se do conceito de linguagem como prática social, onde seu aspecto sociointeracional pressupõe a construção do sig‑ nificado de forma comum entre os interlocutores, os quais interagem em negociações com variadas hipóteses. Dentro dessa perspectiva, a autonomia e a adequação ao contexto são valores essenciais, portanto, situa‑se o ensino de língua inglesa dentro de experiências infantis contextualizadas, como brincadeiras, jogos, canções, histórias e outros, onde o aprendiz tenha a possibilidade de produzir sentidos em contextos multimodais (KRESS, 2003; GEE, 2006). Além dis‑ so, destacam‑se as necessidades desses estudantes em for‑ mação, com relação às questões relacionadas aos processos de letramentos e multiletramentos – ou seja, aos processos de construção dos usos sociais das linguagens oral e escri‑ ta, e outras – os quais têm mudado fortemente o foco dos objetivos pedagógicos no ensino de línguas, em tempos de globalização, novas tecnologias e grande diversidade cultu‑ ral (LUKE e FREEBODY, 1997; GIROUX, 2005). Resumo de Paper Este trabalho apresenta uma proposta de leitura de gêneros multissemióticos, a saber, charge, cartum e tirinha, a par‑ tir dos preceitos do letramento crítico e do multiletrameto (ROJO, 2008). Baseamo‑nos nas reflexões de Soares (1998) sobre o letramento como um conjunto de práticas sociais ligadas à leitura e à escrita em que os indivíduos se envol‑ vem em seu contexto social e concordamos com Kleiman e Morais (1999), quando afirmam que a leitura crítica tem um potencial emancipador contra a fragmentação e a aliena‑ ção. Nessa perspectiva, nossa proposta visa discutir sobre a importância da aula de leitura na formação do aluno‑ci‑ dadão e refletir sobre a inserção das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s) no ambiente escolar como ferramenta necessária ao multiletramento do aluno ao promover a formação necessária para agir na vida con‑ temporânea (MOITA‑LOPES; ROJO, 2004). Considerando, pois, nossos objetivos, trabalhamos com as seguintes questões: Como deve ser ministrada uma aula de leitura a partir dos gêneros multissemióticos na perspectiva da formação da consciência crítica do aluno? Quais dificuldades encontrará o educando na aula de leitura mediada pelo computador? Nossas hipóteses são: a) é imprescindível que se leve em consideração as necessidades do aprendiz e a diversidade do cabedal trazido por ele para a sala de aula; b) a partir do respeito à autonomia do aprendiz, o protagonismo da sua aprendizagem se manifestará; c) a promoção do empodera‑ mento é necessária para não simplesmente aprender, mas aprender para transformar sua condição e realidade social; d) pressupomos, ainda, que não basta proporcionar o aces‑ so ao computador nos ambientes escolares e que, portanto, essa ferramenta educacional não pode se limitar a um mero auxílio ao ensino. 135 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada IDENTIDADES SOCIAIS NOS LIVROS DIDÁTICOS DE LE JAQUELINE DA SILVA BARROS (UNB) MARCELO SOUSA SANTOS (UNB) Resumo de Paper A visão estruturalista de aquisição da língua(gem) previa a necessidade de formalização de sentenças puras e transpa‑ rentes que funcionassem para comunicação de forma que o equívocos fossem eliminados. Essa ainda é a proposta de al‑ guns livros didáticos, os quais objetivam trazer ao aluno o do‑ mínio da língua em sua totalidade no que concerne a estru‑ tura gramatical reduzindo o aprendizado a memorização de códigos. Igualmente neste material podem ser encontrados traços da cultura da língua‑ alvo dissimulados gerando uma visão idealizada do mundo real para o aluno (TÍLIO, 2006). Por meio da Análise Crítica do Discurso (FAIRCLOUGH, 2003) utilizada como aporte teórico‑metodológico, buscou‑se neste trabalho desvelar a assimetria das relações de poder ocasionadas por meio da produção, circulação e recepção de ideologias estereotipadas e hegemônicas de comporta‑ mentos e formas de ser dos sujeitos, identificadas na manei‑ ra como são representadas as identidades sociais de classe, raça/etnia e gênero em um livro didático de língua estran‑ geira. A análise de imagens e textos proporcionou o entendi‑ mento de que ainda persiste a implementação de identida‑ des legitimadoras. No entanto, tendo em vista a influência da globalização como principal fenômeno da pós‑moderni‑ dade no âmbito inclusive do ensino de línguas, faz‑se neces‑ sário que o professor de línguas reconheça a importância de construir o aprendizado social, assumindo um ponto de vis‑ ta humanista, pedagógico e cientificamente competente de forma a anular preconceitos recorrendo para isto a estraté‑ gias educativas que promovam o reconhecimento do eu e do outro pela ciência acerca da fragmentação do sujeito no que concerne a sua identidade social (HALL, 2007) por meio da pedagogia radical (GIROUX, 2007), para que possam ser im‑ plementadas identidades de resistência e projeto (CASTELLS, 2010) na sala de aula gerando aprendizado efetivo. IDENTIFICAÇÕES PSICANALÍTICAS E RESPONSABILIZAÇÃO: ANÁLISE DOS DIÁRIOS DE BOLSISTAS DO PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA JENNIFER GALVÃO CEZAR (UNITAU) Resumo de Paper É inegável que vivemos uma era de constantes queixas sobre quase todas as coisas. Comumente encontramos pessoas que, diante de insucessos, não assumem a parcela que lhes cabe na situação. Nos diversos afazeres cotidianos, traba‑ lho, escola, família nos deparamos com a apatia ou a negli‑ gência. Para Forbes (2012), o que há é um novo laço social. Se tínhamos uma sociedade verticalizada, na qual identifi‑ cávamos uma autoridade, como o pai, o chefe, hoje, a ho‑ rizontalidade das relações pede uma nova atitude. Atuando como supervisora no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à docência (PIBID/CAPES/UNITAU), no subproje‑ to “Formação inicial e continuada de professores de Língua Portuguesa: o olhar científico sobre a prática e a construção do ethos”, identificamos que alguns dos docentes em inicia‑ ção apresentavam certa apatia às atividades, não realizando o trabalho que lhes cabia. Valiam‑se da queixa e atribuíam a outros a causa de seus insucessos e insatisfações. O que se verificou adiante foi que esses docentes se deslocaram dessa posição para a de responsabilização por suas ativi‑ dades, conduzindo‑se, até mesmo, a trabalhos científicos. A hipótese para essa mudança é que alguns procedimentos da supervisora mobilizaram esses docentes. Sob Análise do Discurso francesa e da Psicanálise lacaniana, partindo do pressuposto de que a escrita tem o potencial de contribuir para a subjetivação daquele que escreve, procedemos à aná‑ lise dos diários escritos pelos docentes recuperando pela ma‑ terialidade linguística indícios de que algum procedimento ou fala da supervisora tenha deflagrado a mudança. Os re‑ sultados da pesquisa ainda em andamento apontam que os procedimentos promovidos ao longo de meses revelaram se configurar como o que se denomina manejo em psicanálise e desencadeou os deslocamentos observados. Pelo manejo, os docentes em questão engajaram‑se em suas atividades, foram levados a abandonar justificativas e desculpas que os eximiam do trabalho que assumiram. 136 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada ATITUDES LINGUÍSTICAS NAS ATIVIDADES DE PRONÚNCIA DO LIVRO THE BIG PICTURE B1+ JÉSSICA MARTINS CARVALHO (UFRJ) Resumo de Pôster Com este trabalho, de design exploratório e em estágio se‑ minal, objetiva‑se, em um primeiro momento, investigar as atitudes linguísticas produzidas e perpetuadas nas ativida‑ des para ensino da pronúncia de língua inglesa como língua adicional da versão global do livro The Big Picture B1+ (Jones e Goldstein, 2012) publicado pela editora Richmond, e utili‑ zado nos Cursos de Línguas Abertos à Comunidade (CLAC) da UFRJ. Segundo a proposta dos autores, a série da qual o livro faz parte propõe uma abordagem internacional da língua inglesa, baseada em tópicos globais e atividades culturais relevantes às experiências dos aprendizes, e as atividades de pronúncia, inseridas nesta visão, incluem uma grande varie‑ dade de vozes nativas e não nativas nas gravações de áudio. A partir daí, analisar‑se‑á como tais atividades se relacionam com a construção de identidade do aprendiz como falante de inglês global. Tal análise será baseada no núcleo de in‑ teligibilidade para inglês como língua franca (lingua franca core) proposto por Jenkins (2000). Baseando‑se na visão de que em uma nova comunidade anglófona internacional, re‑ sultante da grande expansão de falantes não‑nativos, não se faz necessário imitar a pronúncia de um falante nativo, e consequentemente, considerar o que dela se desvia como erro. Jenkins propõe, com isso, identificar e compreender que itens fonológicos prejudicam ou contribuem para uma comunicação internacional bem‑sucedida. Espera‑se, assim, fazer um mapeamento das atividades de pronuncia propos‑ tas e verificar se elas abordam itens centrais ou não centrais do núcleo de inteligibilidade. Acredita‑se que embora o livro apresente uma abordagem de inglês como língua internacio‑ nal (EIL), o modelo de correção adotado corresponda à pro‑ núncia de falantes cuja primeira língua é o inglês. Espera‑se, com este trabalho, propor uma abordagem crítica ao ensino de pronúncia no contexto brasileiro e ao trabalho em sala de aula com as atividades sob análise. UMA ANÁLISE SOBRE A IDENTIDADE E FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA EM TEIXEIRA DE FREITAS ‑ BAHIA JESSICA RAMOS DE OLIVEIRA (UNEB) LUCIANA CRISTINA DA COSTA AUDI (UNEB) Resumo de Pôster O conceito de identidade profissional tem sido cada vez mais discutido em estudos na academia, e pode ser considerado um conceito de múltiplas definições. Adotamos o conceito de identidade como algo que não é estanque, mas que se reconstitui nas/pelas práticas sociais cotidianas dos sujei‑ tos. O presente trabalho apresenta um projeto de iniciação científica que visa realizar estudos sobre processos de (re) construção da identidade do professor de língua inglesa, e, concomitantemente, pesquisar o perfil dos professores de língua inglesa atuantes nas escolas públicas de Educação Básica no município de Teixeira de Freitas – Bahia. O projeto consiste em um estudo documental com levantamento de dados referentes à formação dos professores de língua ingle‑ sa junto à secretaria municipal de Educação, e juntamente à Diretoria Regional de Educação – DIREC 9, sediada na cidade de Teixeira de Freitas. Outro objetivo do projeto consiste em, a partir dos dados levantados e o perfil traçado desses profis‑ sionais neste contexto, promover a discussão de trabalhos que tratam de questões de identidade e formação inicial e continuada de professores dentro de uma perspectiva fun‑ damentada nos pressupostos da teoria sócio‑histórico‑cul‑ tural e a (re) construção de identidade de professores, que muitas vezes está fortemente vinculada aos processos de sua formação. 137 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada SABER OU NÃO SABER INGLÊS, EIS A QUESTÃO JESSILÉIA GUIMARÃES EIRÓ (UEPA) EDWIGES CONCEIÇÃO DE SOUZA FERNANDES (UEPA) Resumo de Paper É sabido que os cursos de Licenciatura em Letras, qualquer que seja a modalidade/habilitação, objetivam, primária, ain‑ da que não exclusivamente, formar professores de língua e de suas literaturas. Assim sendo, durante a graduação, os alunos serão introduzidos às disciplinas e conteúdos que os instrumentalizarão no conhecimento teórico e prático ne‑ cessário à sua constituição como professor da área escolhi‑ da. Em outras palavras, o graduando em Letras tem a opor‑ tunidade de, ao longo da graduação, discutir sobre “o que ensinar” e “como ensinar” e isso dentro de uma perspectiva de contextualização e de constante redimensionamento das teorias propostas, na busca da excelência na sua formação que, por seu turno, deve implicar a busca da excelência na sua prática docente. O objetivo é o de trazer à discussão um tema recorrente entre os sujeitos – coordenadores, pro‑ fessores e alunos – envolvidos na licenciatura em Letras – Língua Inglesa, e tem a ver com o nível de conhecimento da língua‑alvo que o graduando precisa ter ao adentrar o curso e como isso se relaciona com a construção de sua autono‑ mia durante sua formação. Há posições antagônicas, que vão desde assumir que o graduando não precisa conhecer a língua‑alvo, cumprindo ao curso de graduação o mister de oportunizar esse aprendizado, até as que defendem a ne‑ cessidade de uma proficiência absoluta. No meio desse ca‑ minho, há uma posição que se propõe conciliadora. Assim, neste artigo, busca‑se discutir sobre a necessidade de um conhecimento prévio da língua‑alvo, relacionando‑o ao per‑ fil do profissional a ser formado e da autonomia necessária para essa formação. WIKI UMA INTERFACE PARA AUTORIA E PRODUÇÃO COLABORATIVA NA APRENDIZAGEM DE ALUNOS DE UMA ESCOLA PÚBLICA JOANA RODRIGUES MOREIRA LEITE (UFMT) ÉLIDI P. PAVANELLI‑ZUBLER (CEFAPRO/SINOP–MT ‑ MEEL UFMT) Resumo de Pôster O objetivo deste resumo é apresentar um relato de experi‑ ência com professoras que utilizaram o Wiki com seus alu‑ nos, com a finalidade de promover escrita colaborativa no ciberespaço. A ideia surgiu da experiência a partir do curso de formação continuada “Linguagem e Tecnologia Digital”, realizada no município de Sinop/MT com educadores da rede municipal e estadual, no ano de 2011. O curso se concentra‑ va em discussão e reflexão de referenciais teóricos sobre o processo de ensino/aprendizagem da área de linguagem, mediado pelas tecnologias digitais. Paralelamente, foram expostas algumas ferramentas para que os participantes pudessem relacioná‑las a sua prática. Dentre alguns dos re‑ cursos utilizados, usamos o software Wikispaces, cuja pro‑ posta faz parte da filosofia Wiki. Duas professoras optaram por desenvolver com seus alunos, do segundo ciclo, do en‑ sino fundamental, de uma Escola Estadual de Sinop–MT um projeto que focou o aspecto da autoria e a construção de es‑ crita colaborativa em que os alunos desenvolviam seus tex‑ tos no ambiente Wiki, compartilhando suas aprendizagens após os debates em sala de aula e de pesquisas realizadas no laboratório de informática. Essa experiência foi desafiadora, contudo muito satisfatória, pois os alunos despertaram o gosto pela escrita, pois as professoras relataram que os alu‑ nos se sentiram mais motivados, já que isso acontecia cola‑ borativamente e a escrita era apresentada para os demais alunos da escola e por pessoas que acessavam constante‑ mente a WEB 2.0. Desta experiência, colhemos que os alunos conseguiram trabalhar colaborativamente com a mediação das professoras envolvidas, tendo como resultado de seus trabalhos um Wiki com produções colaborativas (escrita) de todos os alunos da sala. 138 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada PRAVALER E A CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA DO SUJEITO ALUNO: UMA LEITURA CRÍTICA SOB O OLHAR DA ABORDAGEM SOCIOLÓGICA E COMUNICACACIONAL DO DISCURSO JOÃO BATISTA DA COSTA JÚNIOR (UFRN) Resumo de Paper Percebe‑se que, na modernidade tardia, as instituições pri‑ vadas de ensino têm estreitado cada vez mais seu vínculo com os segmentos empresarias. Gerenciados por uma ótica economicista, os setores privados da educação enfatizam em seus discursos a necessidade de o aluno contratar crédi‑ to estudantil como condição para sua formação acadêmica e profissional, mercantilizando, assim, a educação como bem de consumo. Sob essa perspectiva, esta pesquisa obje‑ tiva contribuir para uma visão crítica e reflexiva a respeito dos discursos e do processo da construção identitária pesso‑ al diante da relação entre educação superior privada e mer‑ cado como fios que se entrecruzam na modernidade tardia. Como questões norteadoras para o estudo, destacamos: Como os discursos em depoimentos do site da Agência de Crédito Estudantil PRAVALER significam? Que representações alunos de instituições privadas de ensino superior fazem a respeito de sua própria identidade pessoal quando falam so‑ bre a aquisição do crédito estudantil PRAVALER? A pesquisa está inscrita na Abordagem Sociológica e Comunicacional do Discurso – ASCD, (PEDROSA, 2011, 2012) e no quadro teóri‑ co da Análise Crítica do Discurso – ACD, (FAIRCLOUGH, 2006, 2008; CHOULIARAKI & FAIRCLOUGH, 1999), dialogando com os estudos sociológicos de BAJOIT (2008). A pesquisa se constituiu metodologicamente numa abordagem de natu‑ reza qualitativo‑interpretativista (CHIZZOTTI, 1991; BOGDAN e BIKLEN, 1994; MINAYO, 1994), assentando‑se nos pressu‑ postos da Linguística Aplicada contemporânea (SIGNORINI, 1998; MOITA‑LOPES, 2006; MENEZES, SILVA, GOMES, 2009). O corpus analisado concentrou‑se numa compilação de 10 depoimentos coletados diretamente do site da Agência PRAVALER. As categorias analíticas que elegemos para con‑ duzir a análise dos dados ancoraram‑se na perspectiva te‑ órica da Linguística Sistêmico‑Funcional, especificamente no Sistema de Avaliatividade (MARTIN E WHITE, 2005) e no Sistema de Transitividade (CUNHA & SOUZA, 2011). Por meio da análise d ILUSÃO DE CONTROLE DE SABERES NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES JOÃO BÔSCO CABRAL DOS SANTOS (UFMG) Resumo de Paper Tomando a noção de controle como uma função pedagógica que mede e avalia a escolha de conteúdos, este trabalho pro‑ blematiza a finalidade de controle de saberes na formação de professores. Será que ainda é possível sobrepor o conheci‑ mento sem que este emerja pela constituição de um sujeito discursivo? A necessidade de controle de conteúdos nas pro‑ postas político‑pedagógicas, nos cursos de licenciatura ple‑ na em Letras, vem sendo praticada com a ilusão de “garantir” (?) que saberes canônicos em campos isolados herméticos da Linguística, da Teoria da Literatura e da Pedagogia, sejam abordados com o objetivo de manter uma formação grama‑ ticalesca, estrutural e calcada em um cognitivismo menta‑ lista. Esse controle se coloca no contraponto de uma neces‑ sidade essencialista, em detrimento de uma fomentação filosófico‑político‑histórico‑psico‑sócio‑cultural‑linguística dos professores‑em‑formação. A ilusão de controle de sabe‑ res quer se sobrepor a uma formação fenomenológica que parte conhecimentos locais de uma comunidade acadêmica. Até quando a formação de professores priorizará esse acade‑ micismo teórico? Trazendo para discussão uma ideia de pro‑ posta político‑pedagógica aberta e voltada para um ethos pedagógico que contemple os espaços culturais e ideoló‑ gicos, é possível abranger interpelações patêmicas de for‑ madores, professores‑em‑formação e em‑serviço. Inicia‑se, pois, a construção de um logus derivado da constituição sujeitudinal dos atores sociais envolvidos no acontecimento da formação. Dessa forma, emerge um athos que refrata um imaginário político, interpelações existenciais dos sujeitos, e por que não uma evanescência entre linguagem, sociedade e cidadania. 139 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada COMUNICAÇÃO INDIVIDUAL E COORDENADA EM PORTUGUÊS EM CONGRESSOS DE LINGUÍSTICA APLICADA: ASPECTOS DE REALIZAÇÃO DE GÊNERO SOB A PERSPECTIVA SISTÊMICO‑FUNCIONAL POLÍTICA E PLANEJAMENTO LINGUÍSTICOS NO BRASIL: LEVANTAMENTO DA LEGISLAÇÃO SOBRE O ENSINO DE LÍNGUAS ADICIONAIS JOELMA GOMES LUZ (UNEB) TAISA PINETTI PASSONI (UNEB) JOÃO PAULO SOARES (FACULDADE PITÁGORAS) Resumo de Pôster Resumo de Paper Este trabalho tem como objetivo descrever aspectos de re‑ alização do gênero comunicação individual e coordenada de apresentadores novatos (alunos de pós‑graduação lato sensu e stricto sensu: mestrandos e doutorandos, nomea‑ dos aqui juniores) e apresentadores experientes (doutores, nomeados aqui seniores) em português em 03 congressos de Linguística Aplicada (ALSFAL, INPLA e CBLA) no período de 2010 a 2011, a fim de identificar como as comunicações dos apresentadores juniores e seniores estão estrutura‑ das no que tange: à sua estrutura genérica e às escolhas léxico‑gramaticais feitas pelos apresentadores que estão tipicamente associadas as etapas do gênero. Para tanto, recorro aos conceitos de gênero do discurso da Linguística Sistêmico‑Funcional de Halliday (1994) e seus seguidores Martin & Rose (2008) e Eggins & Slade (1997) dentre ou‑ tros, além de utilizar as estruturas genéricas de Ventola et al. (2002), no que tange ao gênero comunicações em con‑ gressos em inglês. Para análise quantitativa dos dados – no nível léxico‑gramatical – será utilizado o programa com‑ putacional Wordsmith Tools (SCOTT, 1997), enquanto que para análise qualitativa do gênero comunicação – no nível contextual – utilizarei a teoria de linguagem da Linguística Sistêmico‑Funcional de Halliday (1994). A razão da escolha do corpus de estudo está associada a minha experiência profissional como professor de graduação e pós‑graduação (lato sensu) da disciplina “Métodos e Práticas da Pesquisa” em que os discentes são ensinados e submetidos à apresen‑ tação oral de seus projetos de pesquisa como finalização do processo de iniciação científica. Tal apresentação tem como foco familiarizá‑los com gêneros acadêmicos orais para que eles sejam capazes de realizar apresentações em outras dis‑ ciplinas durante o curso de graduação e pós‑graduação (lato sensu), além de participar futuramente de comunicações, sejam elas individuais ou coordenadas, em congressos de suas respectivas áreas. Diante da vivência em contexto de formação de professores de língua inglesa, especialmente em sua fase inicial, é possí‑ vel perceber que há muitas lacunas a serem preenchidas que não são amplamente contempladas nos currículos desta licenciatura. Portanto, projetos de iniciação científica vêm contribuir grandiosamente para a formação do licenciando. No que diz respeito aos estudos relativos aos processos de ensino‑aprendizagem das Línguas Adicionais na contempo‑ raneidade, torna‑se relevante pautar a importância de se entender, estudar e problematizar a questão das políticas e planejamento linguísticos. Considerando a relevância que as diferentes línguas desempenham nas relações estabele‑ cidas entre sujeitos e instituições nos processos engendra‑ dos na/pela globalização, o presente estudo visa apresentar um projeto de iniciação científica que busca fazer levanta‑ mento e análise da legislação que rege o ensino das Línguas Adicionais na escola de Educação Básica brasileira, a fim de construir um inventário desses documentos de modo a contribuir para o campo dos estudos linguísticos. Para tan‑ to, serão realizadas pesquisas em sites oficiais dos governos Federal, Estaduais e Municipais para identificar quais são os documentos disponíveis e de que modo tratam do ensino destas línguas. Além disso, pretende‑se aprofundar o conhe‑ cimento acerca dos conceitos de política linguística e plane‑ jamento linguístico, levando em consideração questões em ampla discussão na atualidade como, por exemplo, a rela‑ ção do neoliberalismo com a educação, de modo a relacio‑ nar essa temática às políticas educacionais, mais especifica‑ mente às políticas linguísticas. 140 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O DISCURSO SOBRE A HOMOSSEXUALIDADE NO ÂMBITO ESCOLAR: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOB O PRISMA DA ANÁLISE DO DISCURSO LINGUÍSTICA DE CORPUS NA ELABORAÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO JONATHAN ZOTTI DA SILVA (UFRGS) ANAMARIA KURTZ DE SOUZA WELP (UFRGS) JOMSON TEIXEIRA DA SILVA FILHO (UFAL) Resumo de Pôster Resumo de Paper Este trabalho pretende apresentar uma breve pesquisa so‑ bre os discursos constantes nos enunciados de alunos do en‑ sino médio de uma Instituição Federal Pública na cidade de Marechal Deodoro, Alagoas, com vistas a observar e analisar como esses discursos são constituídos no âmbito escolar. Nesse sentido foi realizada uma pesquisa de cunho qualita‑ tivo, com a aplicação de um questionário estruturado em cinco perguntas discursivas relacionadas aos temas mais frequentes sobre a homossexualidade como a relação den‑ tro do espaço escolar entre os alunos que se dizem homos‑ sexuais e heterossexuais, o beijo entre homossexuais para obtenção das sequências discursivas a serem analisadas sob o prisma da Análise do Discurso de linha francesa. O objeti‑ vo dessa pesquisa consiste em analisar a constituição dos discursos sobre a aceitação ou não da homossexualidade no ambiente escolar identificando as formações discursivas componentes das formações ideológicas. Assim como con‑ clui o trabalho de Jesus & Filho (2009) em Ilhéus, provavel‑ mente os discursos sobre o tema se apresentam como sendo predominantemente preconceituoso. Este trabalho é um recorte do projeto de pesquisa “Construção de Programa de Disciplina de Língua Inglesa para o Curso de Graduação em Letras” atualmente em an‑ damento no Instituto de Letras. O projeto consiste na cons‑ trução dos programas e na elaboração de material didático para as disciplinas de Inglês I, II, III, IV e V, as quais são obri‑ gatórias nos currículos de Licenciatura e Bacharelado em Letras com habilitação em Língua Inglesa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O trabalho prevê quatro fases distintas, entretanto as ações relatadas aqui fazem parte das fases 2 e 3. Na fase 2, planejamos a compilação de um pequeno corpus para cada gênero abordado nas unidades didáticas desenvolvidas nas disciplinas em foco. Na fase 3, serão elaborados cadernos para essas disciplinas, conten‑ do projetos e tarefas pedagógicas desenvolvidas com base nas propostas de letramento dos Referenciais Curriculares do Rio Grande do Sul (RGS, 2009). A Linguística de Corpus (LC) é a metodologia escolhida para a elaboração das tarefas pedagógicas. Tal escolha se justifica em razão de um corpus ser uma ferramenta útil para esse propósito, uma vez que oferece maneiras de abordar o uso corrente da língua e de trabalhar com textos autênticos em sala de aula. Além disso, a pesquisa em corpora mostra que a linguagem é utilizada de forma padronizada e reconhecida como “esperada” ou “típica” por seus usuários, apresentando correlações entre uso e contexto. Nesse sentido, o centro do conhecimento acerca da língua desloca‑se do professor, do dicionário e da gramática para o corpus. Em primeiro lugar, definimos a LC e explicamos o conceito de corpus; e, em segundo lugar, mos‑ tramos um modelo de tarefa com base nessa metodologia, demonstrando a utilidade da LC tanto para professores, na elaboração de material didático voltado a alunos em um contexto específico, quanto para alunos, em sua formação como pesquisadores e no desenvolvimento de sua autono‑ mia enquanto aprendizes. 141 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O USO DA METALINGUAGEM NAS PRÁTICAS DE ENSINO DE LÍNGUA/ CULTURA ESTRANGEIRA EM TURMAS HETEROGÊNEAS DO PONTO DE VISTA DAS LÍNGUAS/CULTURAS DOS ALUNOS. ANÁLISE DE NECESSIDADES: INGLÊS PARA FINS GERAIS DE NEGÓCIOS X INGLÊS PARA FINS ESPECÍFICOS DE NEGÓCIOS JORGE LUIZ LAURÊNÇO DE OLIVEIRA (UFPA) Esta comunicação será baseada em um recorte de minha dissertação de mestrado em que foi realizada uma análise de necessidades em uma empresa multinacional e foram iden‑ tificadas as tarefas executadas pelos funcionários utilizando o Inglês. O aporte teórico utilizado na pesquisa foi para in‑ glês para fins de negócios baseado em Ellis & Johnson(1994), Duddley Evans & ST. Johns (1998), para análise de necessi‑ dades e abordagem instrumental, Hutchinson & Waters (1987), Duddley Evans & ST. Johns (1998) e Robinson (1991). O objetivo desta apresentação será mostrar a diferença na identificação do inglês para fins gerais de negócios e para fins específicos de negócios. Foi possível por meio dos dados obtidos na pesquisa, visualizar a importância de distinguir o termo geral e específico que muitas vezes gera confusões no momento de elaborar um curso para fins de negócios. Ao fi‑ nal da comunicação será apresentada uma reflexão sobre a formação de professores para o ensino de línguas para fins específicos em um momento crítico que sediaremos dois grandes eventos e a necessidade de se falar inglês é urgente e imprescindível. Resumo de Pôster Neste trabalho serão apresentados os resultados da pesqui‑ sa de iniciação científica ligada ao projeto práticas de ensi‑ no, metalinguagem e uso de material didático em turmas heterogêneas do ponto de vista linguístico e cultural, do Programa de Pós Graduação em Letras da Ufpa. Tem como objetivos principais descrever e analisar o uso da metalin‑ guagem em turmas de português como língua estrangeira e propor procedimentos suscetíveis de tornar mais eficaz e interessante o seu uso nas aulas de LE dentro da abordagem acional. A necessidade desta investigação dá‑se pela pouca descrição e análise dos professores de PLE, sobretudo quan‑ do se trata de turmas heterogêneas do ponto de vista lin‑ guístico/cultural dos alunos. Sua geração de dados resultará por meio do método etnográfico com observação de aulas em turmas de PLE em Belém. A metalinguagem é constitu‑ ída por “designações de ações linguageiras particulares (...) das quais algumas se referem diretamente à reescrita (...); [por uma] terminologia específica à análise da linguagem e da língua (..)”» (Delamotte‑Legrand, 1994 : 171; tradução mi‑ nha). Dentro dessa abrangência da metalinguagem no ensi‑ no de línguas, busca‑se o norteio da descrição e análise da metalinguagem no ensino de línguas estrangeiras não mais sobre a língua como um sistema modelo, mas pensando em propostas de como ela pode ser voltada para o ensino pau‑ tado na utilização da linguagem por indivíduos que necessi‑ tam da língua assentada na sua realidade, para interagir‑re‑ agir na busca de sua inserção social. Metalinguagem em tur‑ mas heterogêneas; Ensino de português língua estrangeira; Abordagem acional JORGE ONODERA (UESC–UNIV. EST SANTA CRUZ) Resumo de Paper 142 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA COMO COMPROMISSO POLÍTICO DO LINGUISTA NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA JOSÉ CEZINALDO ROCHA BESSA (UNESP) Resumo de Pôster Se a divulgação do conhecimento produzido por linguistas para os seus pares, realizada no interior da comunidade científica, trata‑se de um fato consolidado aqui no Brasil, o mesmo não se pode dizer da divulgação do saber produzido por esses estudiosos para o público leigo. Nesse sentido, este trabalho tem como objetivo reivindicar o compromisso polí‑ tico do linguista brasileiro com a divulgação científica, con‑ siderando a necessidade de se dar mais visibilidade aos resul‑ tados das investigações que os estudiosos desse campo de‑ senvolvem, com vistas à formação de um “público leigo culto” sobre fatos de linguagem. Trata‑se de um trabalho crítico‑ ‑reflexivo, apoiado em estudiosos do campo da linguagem (BAKHTIN, 2010; BUBNOVA, 2011; SOBRAL, 2008; RAJAGOPALAN, 2005; OLIVEIRA, 2007; FARACO, 2001; entre outros) e da área da comunicação e divulgação científica (GUIMARÃES, 2009; COOKSON, 2012). A defesa que se faz em torno do compro‑ misso político do linguista com a divulgação científica é uma forma de responder a discursos veiculados na mídia, refleti‑ dos no discurso do senso comum e por ele também refrata‑ dos. Seguindo ensinamentos da filosofia do ato de Bakhtin (2010), sustenta‑se que o dever ético obriga o linguista a as‑ sumir o compromisso político de divulgar para o público não especializado o saber que ele produz, não apenas como uma condição de reconhecimento e de afirmação do campo ao qual se dedica, mas também pela necessidade de descons‑ truir os valores que se manifestam sob a forma de atitudes preconceituosas e intolerantes, expressos nesses discursos da mídia e do senso comum, contra usuários da língua e até mesmo contra os próprios linguistas. Esse compromisso cul‑ mina com o ato de fazer chegar ao público não especializado textos de divulgação científica em espaços de circulação os mais diversos, principalmente por meio da mídia tradicional, de jornais impressos, revistas, TV e rádio, de modo a se vis‑ lumbrar o estreitamento desse fosso que separa o linguista do leigo. AVALIANDO O ESFORÇO PROCESSUAL NA TRADUÇÃO E SUAS IMPLICAÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO DA COMPETÊNCIA/EXPERTISE DO TRADUTOR JOSÉ LUIZ VILA REAL GONÇALVES (UFOP) Resumo de Paper Este trabalho apresenta alguns resultados de uma pesquisa empírico‑experimental com foco na vertente processual dos estudos da tradução. Investigaram‑se os sub‑processos de codificação linguística e suas implicações para a competên‑ cia/expertise do tradutor, levando em conta o impacto do processamento cognitivo em diferentes domínios de análi‑ se. Os conceitos de codificação conceitual e procedimental fundamentam‑se no arcabouço da Teoria da Relevância (Sperber; Wilson, 1986/1995) e em alguns de seus desdobra‑ mentos (Wilson, 2011; Alves; Gonçalves, no prelo). A pesquisa teve como objetivo mapear e analisar dados textuais e pro‑ cessuais coletados através de um experimento que contou com a participação de 8 sujeitos, tradutores profissionais, no par linguístico inglês‑português. Foram realizadas duas ta‑ refas tradutórias, uma em cada direção linguística, utilizan‑ do‑se para as coletas o software Translog (Jakobsen, 1999), o rastreador ocular Tobii T‑60, além dos protocolos retrospec‑ tivos (Ericsson; Simon, 1993). Para a análise dos dados, foram utilizados os softwares Translog e Tobii Studio, e também o sistema Litterae (Alves; Vale, 2011), criado para anotar dados textuais e processuais. Três tipos de dados referentes ao es‑ forço processual foram analisados e discutidos: os tempos totais de realização das tarefas, os tempos de duração das fixações oculares nos respectivos textos‑fonte e textos‑alvo e os tipos de codificação (conceitual ou procedimental) ob‑ servados nos procedimentos de edição para solução de pro‑ blemas. Os resultados encontrados até o momento apon‑ tam para certos padrões no processamento cognitivo de tradutores profissionais, que, com a devida sistematização e contraposição com padrões de tradutores em formação, poderão contribuir para a consolidação do mapeamento da competência/expertise do tradutor e, consequentemente, para o desenvolvimento de metodologias didático‑pedagó‑ gicas para a formação de profissionais dessa área. 143 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A CANÇÃO COMO CONSTELAÇÃO DE GÊNEROS E SUAS IMPLICAÇÕES PARA O ENSINO DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ADICIONAL ELVIS & MADONA, DE MARCELO LAFFITTE: MASCULINIDADES E FEMINILIDADES REPRESENTADAS NO CINEMA BRASILEIRO JOSÉ PEIXOTO COELHO DE SOUZA (UFRGS) JOSÉ RAYMUNDO FIGUEIREDO LINS JÚNIOR (UVA) Resumo de Paper Resumo de Paper Em Coelho de Souza (2010), propus que a canção seja enten‑ dida na perspectiva dos gêneros discursivos como uma cons‑ telação de gêneros, tal como concebida por Araújo (2006), na qual as canções de cada gênero musical – como canção de rock e canção de bossa nova – sejam também pertencen‑ tes a diferentes gêneros, como gênero do discurso canção de rock e gênero do discurso canção de bossa nova. Essa pro‑ posta parte do entendimento de que um intérprete/compo‑ sitor na esfera artístico‑musical seleciona um determinado gênero canção de gênero musical a partir do seu projeto discursivo e de que a afiliação de um compositor/intérpre‑ te ao compor/interpretar uma canção em um dado gênero musical determina aspectos da construção composicional, do estilo e do conteúdo temático tanto do discurso musical quanto do verbal da canção, além de delimitar os possíveis ouvintes presumidos e contextos de produção, circulação e recepção da canção. Partindo dessa compreensão de canção como gênero discursivo e do pressuposto de que a constru‑ ção dos seus sentidos requer uma tripla competência: a ver‑ bal, a musical e a literomusical, sendo esta compreendida como a capacidade de relacionar as duas linguagens (COSTA, 2002), esta comunicação tem como objetivo tratar das im‑ plicações da noção de canção como constelação de gêne‑ ros para o ensino de português como língua adicional (PLA) com base em gêneros do discurso, tema da minha pesquisa de doutorado em andamento. Para isso, fundamentado na proposta dos Referenciais Curriculares do Rio Grande do Sul (RS, 2009) para o ensino de línguas, proponho sugestões de como abordar esse gênero em sala de aula buscando uma compreensão que privilegie a construção dos sentidos a par‑ tir não somente da letra, mas também da música e da arti‑ culação entre as duas linguagens, levando em conta as espe‑ cificidades do gênero canção de gênero musical em estudo. A diversidade sexual sempre foi tratada no cinema interna‑ cional, e, atualmente, vem se destacando no cinema brasi‑ leiro. Entender a dimensão da representação das identidades sexuais torna‑se, então, uma das ocupações da Linguística Aplicada. É necessário refletir sobre como os fenômenos cul‑ turais estão implícitos no comportamento sexual do indiví‑ duo para desmitificar a ideia de que “masculino” e “feminino”, são categorias estanques. A pragmática de John Austin nos mostra o quão performativos são os atos de fala, e como construímos e somos constituídos pelos mesmos. Numa outra perspectiva, Judith Butler nos aponta a construção de identidade de gênero como uma construção social, que transita entre aquilo que conhecemos como masculino e fe‑ minino. Este trabalho se propõe a examinar a representação social de gênero no filme Elvis & Madona, do diretor Marcelo Laffitte. A questão da sexualidade humana é problematiza‑ da a partir dos conflitos, encontros e desencontros entre os protagonistas da trama: o travesti Madona e a lésbica Elvis. Através da análise do(s) discurso(s) desses personagens, percebe‑se como os personagens constroem suas identi‑ dades de gênero e de sexo, e como o gênero e a sexualidade se colocam em relação a outros aspectos da vida pública e privada. Noções como o “normal”, o “natural”, e o “desviante” ou “perverso” são consideradas, bem como a relação entre a visão social e forma cinematográfica, sobretudo como for‑ ma midiática de construção de realidades. Ao final da análi‑ se, percebe‑se como a pragmática austiniana, o conceito de performatividade utilizado por Butler e a análise do discurso, além de se afinarem no que diz respeito à compreensão da construção de gênero, contribuem, significativamente, para incluir a Linguística Aplicada nas agendas das demandas so‑ ciais da atualidade. 144 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada LETRAMENTOS NAS SALAS DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS JOSÉ RIBAMAR LOPES BATISTA JÚNIOR (UnB) DENISE TAMAE BORGES SATO (UNB) Resumo de Paper Nos últimos anos, a política educacional brasileira promo‑ veu a inclusão de pessoas com deficiência nas escolas. Por conta disso, objetivamos investigar as práticas de letra‑ mento, os discursos e o processo de formação dos profis‑ sionais que atuam nas salas de recursos multifuncionais, local de realização do serviço de atendimento educacional especializado (AEE). Adotamos o arcabouçou teórico‑meto‑ dológico da Análise de Discurso Crítica (FAIRCLOUGH, 2007, 2010; CHOULIARAKI E FAIRCLOUGH, 1999), dos Novos Estudos do Letramento (BARTON, 2007; BAYNHAM E PRINSLOO, 2009; RIOS, 2009; BARTON E PAPEN, 2010) e a etnografia (HAMMERSLEY E ATKINSON, 2007; ANGROSINO, 2007). Os da‑ dos foram gerados e coletados por meio de artefatos, ob‑ servações, entrevistas, registro de diários e narrativas, no período de agosto de 2010 a outubro de 2012. Os resulta‑ dos parciais indicam que os profissionais sem formação em Educação Especial, buscam conhecimentos do mundo pes‑ soal e de outras práticas sociais, na tentativa de reorgani‑ zá‑las a fim de suprir suas lacunas acadêmicas por meio de práticas docentes alternativas, com vistas à promoção da inclusão. Além disso, os resultados demonstram a fragilida‑ de da proposta de inclusão brasileira, fortemente alicerçada em conhecimentos empíricos desses profissionais. De igual forma, o discurso do letramento autônomo perpassa a prá‑ tica, no desejo de que crianças e jovens especiais tenham na escola a ferramenta para superação da deficiência. Por outro lado, novos discursos emergem no contexto escolar (Discursos da inclusão, dos Direitos Humanos, da Saúde e da Família tradicional) que favorecem o convívio entre crian‑ ças e jovens da Educação Especial e Educação Regular, bem como a integração social de pessoas com deficiência em di‑ ferentes ambientes. Por fim, as práticas de letramento ca‑ racterizam‑se pelo aspecto administrativo, social, de saúde e funcional nas escolas de Fortaleza, pelo aspecto autôno‑ mo em Brasília e pelo caráter empírico em Teresina. POLÍTICAS LINGUÍSTICAS PARA O ENSINO DE LE NO BRASIL NO SÉCULO XIX JOSELITA JUNIA VIEGAS VIDOTTI (USP) Resumo de Paper A nossa pesquisa teve como objeto de estudo o discurso político‑educacional sobre o ensino de língua estrangeira (LE) no Brasil do século XIX, com ênfase na língua inglesa. Primeiramente examinamos o espaço de memória de ensino de LE no processo educacional brasileiro. Ao constatarmos que a lei que oficializou o ensino das línguas inglesa e france‑ sa no Brasil (Decisão nº 29) havia se dado no início do século XIX (1809), decidimos investigar que discursos suscitaram a criação de políticas linguísticas para o ensino de LE no Brasil no século XIX. Sob a ótica da Análise do Discurso, de linha Pêcheutiana, investigamos os efeitos de sentido construídos a partir do discurso político‑educacional sobre o ensino da língua inglesa no Brasil do século XIX, buscando compreen‑ der a formulação das políticas linguísticas da época em rela‑ ção às LE e o estatuto destas naquelas políticas. O corpus foi composto por leis, debates parlamentares e relatórios minis‑ teriais relacionados ao ensino da língua inglesa. A análise da materialidade linguística dos enunciados produzidos pelos sujeitos legisladores mostrou que a Decisão nº 29 instaurou um acontecimento discursivo, rompendo com a memória de não‑regulamentação do ensino de LE no Brasil e fundou o sentido de utilidade das LE para a instrução pública no Brasil. Constatamos que a política de ensino de LE ancorava‑se em um saber importado. Concluímos que o acontecimento dis‑ cursivo instaurado pela Decisão nº 29 criou um lugar para as LE e estas também fizeram parte de uma política de produ‑ ção e circulação de conhecimento. 145 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada COGNIÇÃO DE ALUNOS‑PROFESSORES DE INGLÊS: PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTO POR MEIO DA PESQUISA‑AÇÃO JOSIMAYRE NOVELLI CORADIM (UEL) Resumo de Paper Ao se propor a investigar a cognição de alunos‑professores de Língua Inglesa durante o estágio supervisionado do cur‑ so de Letras Português/Inglês de uma instituição pública do norte do Paraná, essa comunicação tem por objetivo apre‑ sentar uma análise inicial dos dados coletados durante as orientações realizadas em pares antes e após a elaboração de planos de aulas. Tal investigação faz parte de uma pesqui‑ sa de doutorado em Estudos da Linguagem. Ao se configurar uma pesquisa‑ação, de base interpretativista e etnográfica, pretendo analisar a construção de conhecimento desses alunos‑professores no contexto em questão, olhando‑se para o processo de como eles elaboram seus planos de aula, colocam‑nos em prática, avaliam suas próprias práticas e re‑ fletem sobre esse processo durante a realização do estágio. Para embasar essa análise, utilizarei como fundamentação teórica a cognição e a pesquisa‑ação. Além disso, três per‑ guntas são utilizadas como referências para a condução des‑ sa análise: 1) Que conhecimentos os alunos produzem por meio da pesquisa‑ação?; 2) Quais são os recursos que dão suporte a construção desse conhecimento?; 3) Como o alu‑ no se posiciona em relação ao conhecimento produzido pela pesquisa‑ação?. Como resultados, espero que a análise reali‑ zada nessa pesquisa possa contribuir para que o processo de formação de alunos‑professores seja visto e compreendido como momento de produção, análise, avaliação e reflexão de suas práticas, amenizando as lacunas existentes na for‑ mação de professores. THE TRANSFERABILITY OF LANGUAGE LEARNING STRATEGIES FROM MEXICAN INDIGENOUS BILINGUAL (NÁHUATL‑SPANISH) STUDENTS´FIRST LANGUAGE LEARNING EXPERIENCE TO THE LEARNING OF ENGLISH JOVANNA MATILDE GODÍNEZ MARTÍNEZ (SOUTHAMPTON UNIVERSITY) Resumo de Paper Bilingualism and Multilingualism is a reality in many parts of the world (Baker,2000; De Houwer, 1995 & 2009; and Meisel, 2004) and it is more often than not that people and research‑ ers in the field believe this to have learning advantages over monolingual language students (Baker, 1996; Bild & Swain, 1989; Cenoz & Valencia, 1994; Thomas, 1998; Lasagabaster, 1997). Nonetheless there is no literature that provides infor‑ mation in the case of Mexican indigenous bilingual Náhuatl– Spanish learners of English. The goal of this research was to investigate the extent to which last semester English language learners from the B.A. in management, who are Native Nahuatl (L1) and Spanish (L2) as a Second Language speakers from the Escuela Superior de Huejutla –an aca‑ demic extension of the Universidad Autónoma del Estado de Hidalgo in Mexico – could use the language learning strat‑ egies employed in their first and second language learning experiences to learn English (L3). The secondary objective of the study was to know the reasons, according to the results, of how and why those specific activities and LLS transferred from the L1 and L2 previous language learning experiences to the L3. The study adopted direct approaches to collect data by means of 36 student questionnaires and 72 parent ques‑ tionnaires statistically analyzed and compared. The results revealed that the most persistent activities used in both L2 and L3 learning by native Náhuatl were those related to speaking, additionally the reasons for the outcome of the particular results was due to three major facts: 1) L1N stu‑ dents’ L1 and L2 were learned and needed primarily for com‑ municative purposes, 2) the aid received from L1N students’ parents utterly had to do with communicating in the L2 and 3) the study revealed that L1N students attitudes towards the L3 were positive regardless of the fact that they did not need their L3 for immediate communicative purposes. 146 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O PAPEL COLABORADOR DE LIVROS DIDÁTICOS DE LÍNGUA INGLESA NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE CULTURAL DO APRENDIZ JULIANA ALVES DOS SANTOS (UNEB) Resumo de Paper É urgente a necessidade de entender o ensino‑aprendiza‑ gem de língua estrangeira como um processo de redefinição de identidades. O livro didático (LD), como integrante desse processo, muitas vezes se configura como voz dominante na sala de aula, silenciando vozes importantes na constru‑ ção do conhecimento, como a voz do professor e a do aluno. Busca‑se analisar se e como o LD de língua inglesa, voltado para os anos finais do ensino fundamental, relaciona‑se à construção das identidades culturais dos alunos. Para isso foi traçado um panorama das recentes investigações sobre LD; a história do ensino de língua inglesa no Brasil; do livro didático; das políticas públicas criadas para sua sistemati‑ zação em âmbito nacional; e foram tecidas considerações sobre ensino de língua estrangeira e escola pública brasileira. A investigação tem um caráter predominantemente qualita‑ tivo e configura‑se como análise documental, pois entende‑ mos os livros como documentos de fonte primária, tal como concebidos pelos seus autores e inseridos em um contexto sócio histórico, nesse caso, na pós‑modernidade. Fazendo uso das técnicas da análise de conteúdo, verificou‑se que o LD representa superficialmente o possível mundo em que se situam os discentes; que a maioria dos aspectos cultu‑ rais são apresentados na seção de leitura e que raramente é oportunizado que o estudante compare suas identidades culturais com as que são exibidas no LD. Acreditamos que uma análise crítica por parte dos alunos e dos professores quanto ao caráter acessório que o LD deve assumir é de ex‑ trema importância, uma vez que comprovamos que esse material funciona como silenciador dos discursos dos par‑ ticipantes no processo de ensino‑aprendizagem. Além disso, uma visão crítica sob o livro possibilita que materiais extras sejam buscados, a fim de enfatizar o momento da aprendi‑ zagem de língua inglesa como um mergulho multicultural. O PROCESSO DE PROFICIÊNCIA EM ESCRITA SUBSIDIADO POR TAREFAS DIDÁTICAS JULIANA BATTISTI (UFRGS) Resumo de Paper O presente resumo versa sobre o trabalho de elaboração e avaliação de tarefas de leitura e produção escrita para a disciplina de Leitura e Produção Textual (LET 01431) do cur‑ so de Licenciatura em Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Deseja‑se organizar uma uni‑ dade didática com as tarefas de leitura e escrita que serão elaboradas, tendo em vista a definição de um eixo temático. A elaboração desse material didático iniciou‑se com a es‑ colha da temática estabelecida conforme perfil dos partici‑ pantes dessa disciplina – alunos de Licenciatura em Letras, definiu‑se como objeto de estudo da tarefa o gênero resenha, gênero muito solicitado na esfera acadêmica do curso de Letras. Em seguida, foram estabelecidos os conteúdos a se‑ rem trabalhados, escolhido um filme que trata de questões pertinentes ao eixo temático, inseridos exemplos de textos pertencentes ao gênero resenha, realizado um estudo apro‑ fundado das regularidades composicionais do gênero e pro‑ posto uma produção de resenha. Com os textos dos alunos em mãos, elaborou‑se uma grade de avaliação com descri‑ tores especificamente para a tarefa em questão. A constitui‑ ção da grade foi se fazendo conforme o levantamento das características composicionais percebidas através das pro‑ duções dos alunos A tarefa se encontra na etapa de reelabo‑ ração e será retestada, o que acarretará no refinamento da grade de avaliação. 147 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada GÊNEROS DO DISCURSO E ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL JULIANA ORMASTRONI DE C. SANTOS (Puc–SP) PROFESSOR DE INGLÊS E LIVRO DIDÁTICO: DISCURSO E MEMÓRIAS EM CONSTITUIÇÕES IDENTITÁRIAS JULIANA ORSINI DA SILVA (UNIFAMMA) Resumo de Paper Este resumo discute um projeto de pesquisa que está sendo desenvolvido na pós‑graduação em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem na PUC–SP. Apresenta como objetivo geral compreender criticamente as práticas de leitura e escri‑ ta e o domínio dos alunos quanto a esses processos em uma sala de 1º ano do Ensino Médio de uma escola pública do in‑ terior do estado de São Paulo e, como objetivos específicos: a) Criar, em sala de aula, um contexto de trabalho com lei‑ tura e escrita como atividade social, com gêneros que se or‑ ganizam pela argumentação; b) criar ZPDs que possibilitem o movimento de negociação colaborativo‑crítica para apre‑ dendizagem e desenvolvimento na constituição de leitores criativos. A pesquisa está embasada no quadro da Teoria da Atividade Sócio‑Histórica‑Cultural (TASHC) (Vygotsky, 1934/2001; Leontiev, 1978; Engström, 1999, 2011), que assegu‑ ra a relação entre o sujeito, sua historicidade e sua realidade; na teoria dos gêneros do discurso (Bakhtin/Volochinov, 1929/ 1992, Bakhtin, 1979/ 2011); e na compreensão de leitura e es‑ crita como práticas sociais (Rojo, 2009; Dolz e Schenuwly, 2010 e Liberali, 2009). A metodologia escolhida para este trabalho é a Pesquisa Crítica de Colaboração (Magalhães, 2009, 2010, 2011), metodologia que entende as transforma‑ ções escolares por meio da criação de instrumentos que per‑ mitem aos sujeitos e compreenderem suas próprias ações, as de outros e relacioná‑las ao seu contexto histórico‑cultu‑ ral e político. A compreensão de como a aprendizagem ocor‑ re por meio da TASHC implica o reconhecimento do conceito de vygoskyano de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZPD), que enfoca o papel do outro e o instrumento. Compreender a ZPD implica reconhecer o papel do outro, pois as ações dos sujeitos são motivadas e produzidas a partir das ações dos outros, em situações em que os envolvidos agem colabo‑ rativamente na negociação e na produção de significados que pressupõem novas organizações e não só aquisição de conteúdos individuais. Resumo de Paper Considerando o livro didático como instrumento de grande relevância no contexto escolar, partindo, dessa forma, do lu‑ gar que o livro didático ocupa no processo de ensino‑apren‑ dizagem, esse trabalho discute identidade de professores e de professoras de inglês em relação às memórias que fazem desta ferramenta ao longo de suas trajetórias como aprendi‑ zes da língua. Para isso, tomamos o discurso como ação so‑ cial cujos efeitos de sentido transformam práticas e sujeitos nelas envolvidos e estabelece, a partir desta perspectiva, um diálogo com os sentidos de identidade como definida a par‑ tir das relações eu‑outro e daquilo que constitui a diferença entre ambos. Nesse sentido, essa pesquisa lança luz sobre o papel do discurso como possibilidade para se compreen‑ der as constituições identitárias que se fazem nas tensões entre estável‑provisório, individual‑social, simbólico‑mate‑ rial. Os resultados apontam para relações entre identidades de professores e de professoras instanciadas no discurso da obrigatoriedade e da sujeição e as memórias sobre livros didáticos, por um lado, como bens de consumo compul‑ sórios e essenciais à vida escolar e, por outro, como recur‑ sos em que as tendências pedagógicas se fazem presentes. Os dados indicam quanto ao discurso impositivo da escola, a necessidade de que mais reflitamos sobre nossa atuação como professores e professoras socialmente atuantes nos contextos educacionais. 148 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada ELISÃO: PROCESSO DE SÂNDI EXTERNO NA AQUISIÇÃO FONOLÓGICA JULIANA RADATZ KICKHOFEL (UCPEL) Resumo de Paper O presente trabalho teve como objetivo analisar o emprego do sândi vocálico externo na aquisição da fonologia do por‑ tuguês, em especial o processo de Elisão, com abordagem fonética e fonológica dos dados, aliando análise acústica e Teoria da Otimidade. Após a retomada dos estudos já reali‑ zados sobre o processo de sândi vocálico externo – Elisão–o trabalho propôs uma análise acústica dos segmentos vo‑ cálicos envolvido no processo, e, subsequentemente, apre‑ sentou uma análise dos resultados com fundamento na Teoria da Otimidade, a partir do Algoritmo de Aprendizagem Gradual (GLA). O corpus foi constituído por dados de quatro crianças falantes nativas do Português Brasileiro (PB) e uma criança falante do Português Europeu (PE), com desenvolvi‑ mento fonológico normal, com idade de 2:0 a 3:0 (anos: me‑ ses), acompanhadas longitudinalmente. A análise acústica dos dados do presente estudo permitiu a discussão da na‑ tureza do sândi vocálico externo, identificando apagamento de segmento vocálico na Elisão, bem como chegou à identi‑ ficação das características da vogal resultante do processo. Esses resultados ofereceram o suporte para a escolha das restrições, particularmente da restrição MAXIO, na análise embasada na Teoria da Otimidade. O estudo apontou não apenas que uma única hierarquia de restrições explicita a aplicação, pelas crianças, dos três processos de sândi, mas também que, para tais processos, opera, na aquisição fono‑ lógica de crianças falantes de PB e de PE, a mesma hierarquia de restrições proposta por Bisol (2003) para o uso da língua por falantes adultos. Com os resultados obtidos, o estudo pôde trazer mais uma evidência para o entendimento de que a gramática da criança e a do adulto têm a mesma na‑ tureza, o que vem ao encontro dos pressupostos da Teoria da Otimidade. PROPOSTA DE PARÂMETROS DE AVALIAÇÃO DE PROFICIÊNCIA ESCRITA DESENVOLVIDOS A PARTIR DA PERSPECTIVA BAKHTINIANA DE LINGUAGEM JULIANA ROQUELE SCHOFFEN (UFRGS) Resumo de Paper Este trabalho apresenta a proposta de parâmetros de avalia‑ ção de uso da linguagem desenvolvida por Schoffen (2009), que define proficiência como “capacidade de produzir enun‑ ciados adequados dentro de determinados gêneros do dis‑ curso, configurando a interlocução de maneira adequada ao contexto de produção e ao propósito comunicativo”. Esses parâmetros foram desenvolvidos a partir da análise das tarefas e das grades de avaliação da Parte Escrita de uma edição do exame Celpe–Bras, e também de 181 textos pro‑ duzidos pelos examinandos. A análise revelou limitações na operacionalização do conceito de uso da linguagem na avaliação do exame, por não relacionar todos os compo‑ nentes do contexto de recepção e de produção sugeridos pela tarefa na grade de avaliação e no processo de correção. A partir da perspectiva bakhtiniana de linguagem – segundo a qual a comunicação é organizada através de gêneros do discurso, com base nas relações axiológicas estabelecidas entre os interlocutores em determinado contexto de produ‑ ção – (Bakhtin, 1953, Bakhtin/Voloshínov, 1929), propomos propõe novos parâmetros de avaliação para a Parte Escrita do exame Celpe–Bras, buscando uma avaliação holística e integrada das práticas de compreensão e produção a partir da configuração da interlocução no texto. Essa avaliação busca compreender o texto em sua singularidade a partir da interlocução nele configurada, para então avaliar, a partir dessa interlocução, quais e quantas informações e recursos lingüísticos seriam necessários para cumprir o propósito do texto dentro do contexto de produção solicitado. Repensar a avaliação a partir dessa perspectiva traz vantagens para o ensino e a formação de professores de línguas adicionais, visto que considerar a relação entre todos os aspectos que determinam a atualização do propósito de comunicação implica em um (re)direcionamento dos objetivos de ensino, de forma a tornar o agir por meio da linguagem a questão central das práticas de ensino‑aprendizagem. 149 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada EFEITOS DE ESTRANHAMENTO QUE EMANAM DA LÍNGUA ESTRANGEIRA EM FUNCIONAMENTO JULIANA SANTANA CAVALLARI (UNIVÁS) POLÍTICAS LINGUÍSTICAS (RE) VELADAS NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES: UMA (RE)LEITURA DE PRÁTICAS EM ESTÁGIO SUPERVISIONADO JULIANA ZEGGIO MARTINEZ (UFPR) Resumo de Paper A fim de propiciar um posicionamento discursivo e ideologi‑ camente engajado do aprendiz que entra em contato com uma língua estrangeira, no caso: a língua inglesa (LI), o obje‑ tivo deste estudo é salientar a relação indissociável existente entre língua, cultura e ideologia e o modo como tal relação incide na produção de efeitos de sentido e de verdade que emanam de enunciados formulados em uma língua estran‑ geira e que, por vezes, se apresentam como estranhos e sem sentido ao aprendiz. Para tanto, com base na perspectiva discursivo‑desconstrutivista, empreendeu‑se a análise de al‑ guns enunciados retirados de livros didáticos importados e largamente utilizados em nosso país. Como regularidade, os enunciados selecionados para análise neste estudo produzi‑ ram certo efeito de estranhamento nos aprendizes ao serem proferidos, durante as aulas de LI, uma vez que seus possí‑ veis efeitos de sentido estavam diretamente atrelados ao co‑ nhecimento de aspectos culturais das nações e países cuja língua nativa é a LI. A hipótese que ordenou este estudo e a análise do corpus de pesquisa sugere que caso a intrínseca relação entre língua, cultura e ideologia não seja levada em conta no processo de ensino e aprendizagem de LI, muitos sentidos produzidos por enunciados veiculados nos LD ficam silenciados e/ou sem sentido, reduzindo a aprendizagem ao nível gramatical ou estrutural da língua alvo. A análise dos registros nos permitiu compreender que o desconhecimen‑ to de certos aspectos socioculturais que permeiam a língua estrangeira impossibilita a apreensão de determinados efei‑ tos de sentido provavelmente intencionados pelo material didático adotado, deixando a aula pouco significativa e, por vezes, sem sentido. Resumo de Paper Esta apresentação relaciona políticas linguísticas e práticas de estágio supervisionado em contexto de formação inicial de professores. A proposta foi motivada pela realização de um projeto de extensão em que alunos de Letras em está‑ gio supervisionado ministraram aulas em cursos de inglês com fins acadêmicos para estudantes universitários em si‑ tuação de fragilidade financeira. O objetivo desses cursos pressupunha que a função da educação fosse oportunizar o acesso dos alunos ao mundo, principalmente aos mais desfavorecidos, ou seja, havia um entendimento de que tais cursos permitiriam aos participantes acesso às exigências do mundo acadêmico, como futura participação em cursos de Pós‑graduação e programas de mobilidade estudantil ou outras atividades acadêmicas nas quais o domínio da língua estrangeira é visto como condição basilar. Com o intuito de (re)ler essas práticas de estágio constituídas pelos objeti‑ vos desse projeto, proponho nesta apresentação uma (re) leitura desse contexto entendendo que toda política é uma regra, um sistema que determina e é determinado por fun‑ ções sóciodiscursivas, e que portanto, políticas linguísticas certamente impactam os papéis que constituem o ensino de línguas (maternas, estrangeiras, adicionais). A crítica sur‑ ge do fato de nenhuma problematização ter sido promovi‑ da sobre as políticas linguísticas (re)veladas nesse contexto de formação inicial. A ressignificação dessa relação – entre políticas linguísticas e formação de professores – fundamen‑ ta‑se em dois conceitos: a banalização de Hanna Arendt, na reflexão da necessidade de se pensar o impensado, e a im‑ possibilidade de emancipação em Jacques Rancière, apoiada na desconstrução de conceitos como igualdade, democracia e consenso. 150 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada “POR QUE É RELEVANTE A CO‑CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO DURANTE UMA ATIVIDADE DE LEITURA?” AFETIVIDADE E ORALIDADE NA APLICAÇÃO DO TEXTO DRAMÁTICO PARA O ENSINO DE LE JULIANNE CORTEZ TAVARES (UERJ) JÚNIO CÉSAR BATISTA DE SOUZA (UNB) Resumo de Pôster Resumo de Paper Pensar sobre a relevância da co‑construção do conhecimen‑ to durante uma atividade de leitura pode ser justificada na medida em que a sociointeração durante as aulas de leitura em língua inglesa e a construção de conhecimento compar‑ tilhado (PCN–LE, 1998) começam a ser observadas. Neste trabalho, adoto como perspectiva inicial, a natureza socioin‑ teracional da linguagem, na qual os atores sociais encon‑ tram‑se localizados em um determinado momento cultural, social e histórico (PCN–LE, 1998). Assim sendo, afirmar que a construção do significado é social e se efetiva através do dis‑ curso. Desta forma, busco entender como ocorre a socioin‑ teração em uma sala de aula de língua inglesa com foco em leitura e como são recebidas pelos estudantes as atividades com foco na co‑construção do conhecimento da língua du‑ rante essas aulas. Utilizando dados gerados durante o curso de extensão do projeto de iniciação à docência “Aulas e ma‑ terial de leitura: uma perspectiva da formação docente em língua inglesa”, reflito sobre a questão acima que se consti‑ tuiu no puzzle, cuja reflexão envolveu os alunos presentes, no sentido de juntos buscarmos ‘trabalhar para entender’ (Moraes Bezerra e Rodrigues, 2012; Miller, 2010; Allwright, 1991, 2003). Além disso, a observação das atitudes dos par‑ ticipantes‑praticantes durante as atividades de leitura pro‑ postas também devem ser consideradas como elementos relevantes para o processo de reflexão sobre a aprendiza‑ gem de leitura em língua inglesa. A condução desse pro‑ cesso reflexivo‑investigativo realizou‑se através da Prática Exploratória (Moraes Bezerra e Rodrigues, 2012; Miller, 2010; Allwright, 1991, 2003), uma forma inclusiva de buscar o en‑ tendimento de puzzles que surgem durante o processo de formação docente, focalizando na “ação para o entendimen‑ to” (Miller, 2010). Desta forma, o relevante é fazer com que alunos e professores, colaborativamente, investiguem as questões que lhes instigam sobre ensinar, aprender e sobre suas vidas em sala de aula. O trabalho Afetividade e Oralidade na Aplicação do Texto Dramático para o Ensino de LE discute a relação entre apren‑ dizes de língua estrangeira, em específico o Inglês, e a apli‑ cação do texto dramático, sob a perspectiva dos estudos do escopo da Linguística Aplicada. Reflete a experiência de uma pesquisa‑ação (Barbier, 2007) a respeito de um Curso Temático realizado no 1º semestre do ano letivo de 2012 na Universidade de Brasília utilizando a teoria dramática para o ensino da língua inglesa e seu aspecto interdisciplinar. Assim, apresenta resultados no que tange a afetividade dos aprendizes bem como as trocas interacionais que exijam a presença dos afetos e do corpo para que a comunicação se torne mais livre e natural (Reis, 2011). Apoia‑se na afirmação de Mastrella‑de‑Andrade (2011) sobre a importância de con‑ siderar que de fato o desejo dos alunos por desenvolver uma competência linguística na língua‑alvo se constitui como parte de grande importância no processo de ensino aprendi‑ zagem. Por fim, propõe uma reflexão a respeito da inter‑rela‑ ção desses aspectos supracitados e de considerar caminhos alternativos como o uso de jogos dramáticos com vistas a desenvolver a oralidade assim como a afetividade no ensino de língua estrangeira. 151 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada POTENCIAIS DAS TICS PARA UMA EDUCAÇÃO CRÍTICA: NOVAS POSSIBILIDADES EM CONTEXTO ESCOLAR JUNOT DE OLIVEIRA MAIA (UNICAMP) CONSCIENTIZAÇÃO LINGUÍSTICA ATRAVÉS DAS ARTES: O PROJETO ALMA‑H ENTRE A PESQUISA E A COMUNIDADE DE FALA MINORITÁRIA JUSSARA MARIA HABEL (UFRGS) Resumo de Paper A ideia de uma escola que se contrapõe a uma orientação reprodutora e repetitiva nasce a partir do posicionamento político de alguns filósofos e educadores – notadamente, nomes como os de Gramsci (1971), Freire (1974), Giroux (1983), Aronowitz and Giroux (1985) e Braga (1990), filiados a uma tradição analítica neomarxista – em relação ao papel mera‑ mente informativo que a educação tem assumido em boa parte das salas de aula do Brasil e do mundo. Para esses pen‑ sadores, a educação deve ser formadora, motivando os es‑ tudantes a desenvolver pensamento crítico necessário para entender, agir e, assim, transformar a sociedade em que vi‑ vem. Dessa forma, o objetivo do presente estudo é discutir como essa transformação da sociedade, tão importante nos ideais da Educação Crítica, pode ser potencializada a partir do momento em que determinados recursos técnicos – no caso, as TICs, Tecnologias de Informação e Comunicação – permitem uma exposição pública de vozes locais, amplian‑ do, dessa maneira, as possibilidades de participação social mais abrangente por parte dos sujeitos. Embora, em sua origem, as TICs tenham sido geradas para servir ao processo de globalização do mercado e da cultura – portanto, um in‑ teresse de elite –, elas trazem em sua essência um forte po‑ tencial de subversão e de desestabilização da ordem vigente. Para exemplificar isso, estudos de caso específicos, como o de Maia (2012), o qual relata como um sujeito, morador do Complexo do Alemão, se apropria das TICs – especificamen‑ te, do uso de redes sociais – para ampliar suas ações de par‑ ticipação social, ilustram essa possibilidade, indicando no‑ vos caminhos a serem explorados pela educação crítica no contexto escolar. Resumo de Pôster O presente trabalho tem por objetivo apresentar ações e instrumentos de popularização da ciência desenvolvidos no âmbito do Projeto ALMA‑H (Atlas Linguístico‑Contatual das Minorias Alemãs na Bacia do Prata: Hunsrückisch) com a in‑ termediação de diferentes formas de arte. Parte‑se do pres‑ suposto de que o uso de linguagens artísticas auxilia em um diálogo mais eficaz entre pesquisa linguística e comunida‑ des de fala minoritárias. A metodologia utilizada consiste no desenvolvimento e implementação de uma série de estra‑ tégias, incluindo encontros de falantes, exibição de filmes, saraus e antologia de poemas, além da constituição de um acervo de dados artísticos que têm a língua como temática, contatos com artistas e eventos teatrais, bem como partici‑ pação em ações de ordem sócio‑política, visando à promo‑ ção de uma consciência linguística sobre línguas minoritá‑ rias e plurilinguismo, em diferentes instâncias da sociedade (v. ALTENHOFEN & BROCH 2011). Dá suporte a essas ações o banco de dados do macroprojeto ALMA‑H, o qual reúne um corpus de dados iconográficos e linguísticos de mais de 38 localidades de pesquisa na Bacia do Prata. Com isso, pre‑ tende‑se promover a conscientização linguística (language awareness) sobre o papel da pluralidade linguística e das línguas de imigração, como patrimônio cultural imaterial, além de colaborar para o incremento de políticas linguísti‑ cas para a diversidade e pluralidade linguística no contexto brasileiro. Entre os resultados mais significativos obtidos até o momento, estão a Exposição “Línguas de Imigração Alemã no Brasil” e o I Encontro de Falantes de Hunsrückisch. Além de abrir as portas da Universidade à comunidade de fala mi‑ noritária, o Encontro serviu para testar algumas das estra‑ tégias desenvolvidas no ALMA‑H, como o sarau literário em Hunsrückisch, as histórias hunsriqueanas e o carrossel de línguas minoritárias. As ações executadas atestam a rele‑ vância do diálogo entre pesquisa e sociedade. 152 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada AVALIAÇÃO DA LEITURA NO ENEM: O APOSTILADO DO SISTEMA POSITIVO DE ENSINO. ACONSELHAMENTO LINGUAGEIRO NA APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS: AFETIVIDADE EM FOCO KAMILA LAUANY LUCAS LIMA (UFG) KAMILA SANTOS SANTANA (UFPA) Resumo de Pôster Resumo de Pôster O presente trabalho tem como objetivo analisar o ensino da leitura e da interpretação de textos escritos no aposti‑ lado do Sistema Positivo, usado pelos alunos de uma insti‑ tuição privada de ensino numa cidade do interior de Goiás (Ensino Médio – EM). Observamos se ele mobiliza os saberes e competências requeridos pela matriz de referência da área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias na avaliação do ENEM e como isso é feito. Sob a ótica da pesquisa interpreta‑ tivista, procedemos a um levantamento dos gêneros discur‑ sivos/textuais que são apresentados ao aluno para leitura e interpretação, intencionando observar se existe diversidade deles no material didático, bem como analisando a forma como são trabalhados com o aluno. Além disso, observamos qual o suporte teórico subjacente à noção de habilidades e competências pretendidas pela avaliação. Os resultados deste estudo poderão indicar a necessidade de mudanças nas políticas de elaboração de material didático dos siste‑ mas privados de ensino, tendo em vista que esse material deve oportunizar ao aluno a vivência de situações em que o conhecimento esteja relacionado com a realidade, objeti‑ vando a construção de competências, assim como prevê o exame do ENEM. O aconselhamento linguageiro (AL) é uma área da lin‑ guística aplicada que carece de maior investigação (MOZZON‑McPHERSON; VISMANS, 2001). É um campo ainda não totalmente definido, contudo podemos afirmar que está ligado a outros construtos do ensino e da aprendiza‑ gem de línguas estrangeiras (LE), como autonomia (BENSON, 2001), motivação (DÖRNYEI, 2011), crenças (BARCELOS, 2007), afetividade (ARNOLD, 1999) etc. Reinders (2008) define o aconselhamento linguageiro como “uma forma de suporte linguageiro” (REINDERS, 2008, p. 13). Ele afirma que “o pro‑ pósito do AL é proporcionar um direcionamento aos alunos sobre a sua aprendizagem de línguas e fomentar o desenvol‑ vimento da autonomia do aprendente” (idem). No projeto de pesquisa Aconselhamento linguageiro visando à autono‑ mia e à motivação na aprendizagem de línguas estrangeiras, desenvolvido em uma universidade pública, utilizamos o AL para auxiliar aprendentes com dificuldades na aprendi‑ zagem de LE e ajudá‑los a autorregular a própria aprendi‑ zagem. Damos atenção especial aos fatores afetivos, uma vez que eles influenciam significativamente no sucesso ou falha na aprendizagem (OXFORD, 1990). Este trabalho discu‑ te como o projeto supracitado tem ajudado um aprendente do curso de Letras – habilitação em língua inglesa – a desen‑ volver a sua fluência na LE e se tornar mais seguro acerca da sua produção oral. Nas sessões de AL promovemos a reflexão acerca da aprendizagem, confrontamos crenças que atrapa‑ lham a aprendizagem e tentamos ajudar o aprendente a ga‑ nhar mais confiança ao produzir a língua alvo. Os resultados mostram que o aprendente refletiu mais sobre a sua prática e se sentiu mais seguro ao produzir a LE, melhorando assim sua autoestima. Logo, acreditamos que o AL é profícuo para auxiliar os alunos a enfrentar as suas dificuldades na apren‑ dizagem de LE, ajudando‑os a acreditar na sua autoeficácia e tornando‑os conscientes da importância da afetividade na aprendizagem de línguas. 153 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O ENSINO DE ALEMÃO COMO LÍNGUA ADICIONAL EM COMUNIDADES BILÍNGUES PORTUGUÊS‑HUNSRÜCKISCH PROFESSORES DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA EM FORMAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO KAREN PUPP SPINASSÉ (UFRGS) KARIN ADRIANE HENSCHEL POBBE RAMOS (UNESP ‑ FCLASSIS) Resumo de Paper Resumo de Paper No âmbito das pesquisas a cerca das línguas minoritárias, a presente comunicação dará uma contribuição para as dis‑ cussões sobre as línguas brasileiras de imigração, trazendo um recorte desse tema. Em nosso projeto de pesquisa Ens– PH, desenvolvido na UFRGS, nos ocupamos com um contexto e uma problemática específica, a saber, o contexto de conta‑ to linguístico português‑hunsrückisch no Rio Grande do Sul e as questões relativas ao ensino de alemão para as crian‑ ças bilíngues dessas regiões. Muitas vezes, a citada língua de imigração, a língua materna minoritária desses alunos bilíngues, sofre de desprestígio e não vê sua relevância e seu lugar respeitados no contexto escolar. Partimos do pressu‑ posto, contudo, de que essa variedade poderia contribuir muito para o aprendizado da língua alemã padrão oferecida na escola, se houvesse uma didática mais de acordo com a realidade bilíngue em questão. Nesse sentido, a presente co‑ municação pretende mostrar resultados práticos de nossas pesquisas e apresentar as propostas metodológicas que de‑ senvolvemos junto às escolas. Porém, mais que isso, preten‑ de discutir também o papel das políticas linguísticas nesse contexto ainda tão carente de atenção. O interesse pelo português do Brasil tem aumentado nos últimos anos, refletindo uma tendência contemporânea de maior estreitamento entre as diferentes culturas, bem como um cenário favorável à economia brasileira no campo das relações comerciais entre países. Seguindo esse movimento, crescem atividades de ensino, pesquisa e difusão do portu‑ guês e, nesse sentido, surge um novo campo que deveria fa‑ zer parte dos currículos dos cursos de formação de professo‑ res de línguas, dadas as especificidades que a área contem‑ pla, uma vez que ensinar português como língua estrangeira requer competências distintas da metodologia para o ensi‑ no da língua vernácula e da metodologia para o ensino de línguas estrangeiras. Há que se considerar aspectos que di‑ zem respeito às concepções de língua, cultura, identidade e processo de ensino e aprendizagem de línguas que os profes‑ sores em formação estão desenvolvendo para fundamentar as suas práticas pedagógicas. O presente estudo tem como objetivo refletir sobre o processo de formação de professo‑ res de Português Língua Estrangeira, no contexto de um Centro de Línguas. Para tanto, nos propomos a oferecer aos professores em formação um espaço de reflexão sobre suas práticas e construção de saberes que possam vir a subsidiar o ensino de PLE em outros contextos. Dessa forma, esse pro‑ jeto baseia‑se nas seguintes perguntas de pesquisa: a) como os alunos de Letras em questão, professores em formação, veem o ensino de PLE; b) que concepções de língua, cultura, identidade e processo de ensino e aprendizagem de línguas adotam; c) como se dão as relações interculturais no contex‑ to de ensino de PLE no Centro de Línguas em estudo. Como instrumento de coleta de dados, utilizaremos as gravações das reuniões de orientação de língua (com a docente respon‑ sável pelo projeto), gravações de aulas, atividades reflexivas registradas em diários, entrevistas e questionários, os quais serão analisados a partir de uma abordagem comunicativa para o ensino de línguas. 154 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada PESQUISA DE LÍNGUA INGLESA EM AMBIENTE ONLINE FUNDAMENTADAS NA COMPLEXIDADE KARIN CLAUDIA NIN BRAUER (Puc–SP) KEYLA CHRISTINA ALMEIDA PORTELA (Puc–sp) Resumo de Paper Este trabalho pretende descrever e interpretar interfaces e atividades de ensino aprendizagem consideradas relevantes por professores de inglês, para alcançar o objetivo de incen‑ tivar e dar suporte aos alunos no desenvolvimento do ato de pesquisa da língua inglesa em ambiente virtual sob o viés da Complexidade. Deste modo, o intuito deste estudo é que ocorra uma maior compreensão no desempenho do uso do paradigma da complexidade em pesquisas online e conse‑ quentemente no manejo de textos relacionados ao ensino aprendizagem sob este viés em ambiente online. A pesquisa dará ênfase a professores do ensino médio. Os aportes teóri‑ cos para o estudo relacionados à Complexidade serão base‑ ados em Morin (2005), e sobre a educação a distância, inter‑ faces online do ambiente virtual em Valente( 2007). O foco do estudo para o levantamento de textos será a abordagem metodológica da hermenêutico‑Fenomenológica de Freire (2005). Este trabalho tem como preocupação colaborar com os profissionais e estudantes da área da educação e de lín‑ guas em ambiente virtual. A TRANSPOSIÇÃO DOS CONCEITOS DA LINGUÍSTICA NO MANUAL DO PROFESSOR EM LIVROS DIDÁTICOS DE PORTUGUÊS KARINA GIACOMELLI (UFPEL) Resumo de Paper Os livros didáticos de português vêm, nos últimos anos, pro‑ curando apresentar novas formas de trabalhar com a língua e com a linguagem, incorporando novos conceitos advin‑ dos de diferentes campos da Linguística, principalmente das teorias do texto, do discurso e da enunciação. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é verificar, na análise do manual do professor de livros didáticos quais dessas teorias são citadas e como foram transpostas do campo científico para o nível do ensino. Utiliza‑se o conceito de transposição didática, ou seja, as transformações pelas quais passam o saberes científicos quando são utilizados no sistema educa‑ cional. Consideram‑se os conteúdos de ensino produtos da passagem de um conhecimento do saber para uma versão didática. Assim, os conceitos linguísticos passam por dife‑ rentes etapas na sua didatização, ou seja, os conceitos de um campo científico como a linguística textual, as teorias da enunciação, as análise de/do discurso são modificados para se tornar conteúdo a ser ensinado na escola. Porém, há um processo intermediário: a transformação acontecida quando essas teorias são apresentadas no manual que cons‑ ta nos livros didáticos. É essa primeira modificação, que visa atualizar os professores e explicar/justificar o tratamento da língua/linguagem presente no livro, o objeto de análise deste trabalho. 155 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A FORMAÇÃO DO PROFESSORORIENTADOR: POR UMA POLÍTICA LINGUÍSTICA CRÍTICOCOLABORATIVA-CRIATIVA KARLA DANIELE DE SOUZA ARAÚJO (IFPE) MARIA CRISTINA DAMIANOVIC (UFPE) Resumo de Paper O objetivo desta pesquisa é discutir a construção de conheci‑ mento na atividade social (ENGESTROM,2009) de orientação acadêmica, vista como um espaço formativo entre orienta‑ dor e orientando (ARAÚJO,DAMIANOVIC,LINS e SILVA,2012) em um paradigma crítico‑colaborativo‑criativo (LIBERALI, 2010). Na atividade focal que analisamos, orientador e o orientan‑ do compartilham o objeto de elaborar, implementar e ava‑ liar um material didático para o ensino de espanhol como língua estrangeira (DIÔGO, 2012) na comunidade de alunos de Letras. Partimos dos pressupostos da Teoria da Atividade Sócio‑Histórico‑Cultural (TASHC) (ENGESTRÖM, 1999),de onde consideramos que interagir pela linguagem é uma for‑ ma política de agir na sociedade.Assim, entendemos que é possível repensar o papel do orientador dentro da ativida‑ de social de orientação dentro de uma política linguística (RAJAGOPALAN, 2009) arvorada em uma ética de interven‑ ção criativa em que a produção do conhecimento deveria acontecer não como estrutura, mas como acontecimento do sujeito pelo/para outro sujeito (SCHERER 2002: 12). Para esta análise nos debruçamos sobre o processo dialógico (BAHKTIN,1988) da construção do material didático focal, e analisamos o papel da interação linguística entre orientador e orientando ao longo da escrita de 3 unidades didáticas,nas quais o orientador registra seus encaminhamentos por escri‑ to,em forma de notas. A partir da análise, percebemos, com base em categorias enunciativas, discursivas e linguísticas (LIBERALI, 2012),que os mecanismos pelos quais os discur‑ sos de ambos se entrelaçam ao longo da atividade indicam que em uma pesquisa acadêmica o dogmatismo da palavra científica, associado aos papéis que os sujeitos assumem, favorecem o predomínio da palavra autoritária. No entanto, ao longo do processo, mecanismos discursivos e linguísticos indicam tentativas de abrir ao orientando situações de ação criativa, evidenciando o potencial formativo da atividade de orientação. ALFABETIZAÇÃO: UMA ABORDAGEM CULTURAL KARLA EPIPHANIA LINS DE GOIS (EMMB) Resumo de Paper Partindo da premissa “a leitura do mundo precede a leitura da palavra”, pretende‑se neste estudo dialogar com a lin‑ guagem enquanto identidade e seu papel importante de preparar os sujeitos para a alfabetização (Freire;Donato, 2009). Na literatura atual são encontradas várias discussões sobre metodologias de como se obter resultados satisfató‑ rios em relação à leitura e escrita, mas é ignorado que para os sujeitos, a alfabetização é parte das expressões culturais. Pensando assim, resolve‑se investigar qual a importância dada a linguagem como identidade no ensino fundamental, como é tratada no dia a dia, como mote para a alfabetização, e como é aproveitada a cultura oral nesse processo. Para isso, são investigados os textos orais que circulam popularmente, ou seja, a expressão oral dos sujeitos presentes na escola, a partir de parlendas, brincadeiras orais e músicas, como for‑ ma de valorizar os saberes existentes. Pois, entende‑se que a apropriação do conhecimento se dá no movimento contí‑ nuo de reflexão e ação. Espera‑se que esta reflexão contribua para uma compreensão da língua como cultura, um fenô‑ meno social, que é utilizada para a expressão do mundo pe‑ los sujeitos que a usam, força mediadora do conhecimento, sendo ela mesma conhecimento. 156 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES: UMA PERSPECTIVA INSERIDA NA PROPOSTA DOS LETRAMENTOS TOPONÍMIA E INTERDISCIPLINARIDADE: UMA PROPOSTA DE ESTUDO APLICADA AO ENSINO KARYLLEILA DOS SANTOS ANDRADE (UFT) KARLA FERREIRA DA COSTA (USP/ CNA) Resumo de Paper Resumo de Paper As várias transformações ocorridas no mundo em função do fluxo de informações causadas pelas novas tecnologias de informação têm reflexo na vida social e privada na so‑ ciedade contemporânea. Neste contexto, a língua tem um papel importante no processo de disseminação e transna‑ cionalização de informações e conhecimentos, podendo‑se, então, questionar: como a formação de professores de lín‑ gua inglesa tem sido proposta para atender tais mudanças? Pesquisadores como Monte Mór (2011), Kumaravadivelu (1994) apontam que a formação de professores de língua in‑ glesa nos moldes tradicionais, com ênfase na metodologia, já não dá conta de preparar o professor e alunos para socie‑ dade atual. A escola, nessa perspectiva, assume um espaço de ressignificação de teorias contextualizadas localmente (Monte Mór, 2007; Maciel, 2011) e de desenvolvimento de agências. Esta apresentação tem por objetivo relatar o re‑ sultado parcial de uma proposta de formação de professo‑ res de língua inglesa direcionada à rede municipal de Campo Grande. A pesquisa busca considerar o histórico de formação desses professores, bem como desta pesquisadora‑forma‑ dora com experiência em treinamentos para professores em escolas de idiomas, redefinindo a abordagem de formação segundo uma perspectiva de auto‑crítica (Takaki, 2011), com base nas teorias de novos letramentos e letramento crítico ( Cope & Kalantzis, 2000; Kress,2006, Lankshear & Knobel 2002, 2006, Monte Mór 2011, Menezes de Souza,2011). Os estudos toponímicos, dentro do alcance interdisciplinar de seu objeto de estudo, constituem um caminho possível para o conhecimento do modus vivendi das comunidades linguísticas, que ocupam ou ocuparam um determinado es‑ paço. Quando um indivíduo ou comunidade linguística atri‑ bui um nome a um acidente humano ou físico, revelam‑se aí tendências sociais, políticas, religiosas, culturais. Todo nome de lugar resguarda um motivo, uma história, traços culturais, históricos e linguísticos, uma motivação toponí‑ mica. Conhecer aspectos socioculturais, geomorfológicos, psicológicos e linguísticos faz parte do estudo do topôni‑ mo. É neste contexto que devemos pensar este estudo: uma ação e um fazer interdisciplinar como prática pedagógica. A proposta deste trabalho vincula‑se ao estudo da toponí‑ mia no contexto do ensino de Geografia e História, consi‑ derando a teoria da interdisciplinaridade. Para realizar essa discussão, utilizaremos como abordagem teórico‑metodo‑ lógica, no campo da toponímia, os trabalhos de Dick (2004, 1999, 1990), e os estudos de Fazenda (1998), (2003) e (2009) e Morin (1990) no campo da interdisciplinaridade e na teoria da complexidade. Como metodologia de trabalho, optare‑ mos pelo método qualitativo. Por ter um enfoque indutivo, de caráter descritivo, a pesquisa qualitativa compreende um conjunto de técnicas interpretativas que visam a escrever e a decodificar os componentes de um sistema complexo de significados. Compreendemos que a teoria e a metodologia que serão utilizadas neste estudo estão relacionadas com a perspectiva do pensamento complexo, que aborda a teoria e o método como sendo indispensáveis ao conhecimento complexo. Esta pesquisa está situada também no campo de estudo sobre formação continuada de professores, vincula‑ do aos estudos toponímicos numa perspectiva interdiscipli‑ nar. Tal filiação se justifica pelo nosso interesse em contribuir com a formação inicial do professor, realizada nas disciplinas de História e Geografia. 157 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A PRÁTICA REFLEXIVA DO PROFESSOR DE LÍNGUA INGLESA: UMA ANÁLISE A PARTIR DE DIÁRIOS DE BORDÔ DE ACADÊMICOS DO PIBID O APRENDIZ AUTÔNOMO DE LE: IDENTIFICAÇÃO, PROFICIÊNCIA E REPRESENTAÇÕES NA RELAÇÃO COM A ALTERIDADE KÁTIA HONÓRIO DO NASCIMENTO (ufmg) KATIA BRUGINSKI MULIK (UFPR) Resumo de Paper Resumo de Paper A prática reflexiva é um dos temas recorrentes nas pesqui‑ sas sobre formação de professores e suscita debates tanto no que diz respeito à formação continuada quanto a inicial. Nesta pesquisa focamos nesta última partindo da análise de diários de bordô produzidos por acadêmicos de Letras par‑ ticipantes do Programa de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID) na disciplina de língua inglesa de uma universidade federal no Paraná. Tais diários foram produzidos com base em observações e regências realizadas pelos acadêmicos e depositados em um site que é restrito a pesquisadores da universidade e integrantes do grupo. A análise dos dados é de caráter interpretativista e busca evidências que sinalizem como os integrantes do PIBID constroem sua prática refle‑ xiva a partir de observações de aulas de outros professores e como isso reflete na prática docente dos próprios aca‑ dêmicos dentro do programa. Dentro dessa proposta nos pautamos nos trabalhos de Zeichner (2008), Akibari (2007), Pimenta (2002) e Rodgers (2002) para discutimos o concei‑ to de prática reflexiva dentro de uma perspectiva crítica e Contreras (2012) para relacionarmos a prática reflexiva com a autonomia do professor. Nossa análise favorece para que compreendamos que a prática reflexiva não é algo do acaso e é ferramenta essencial para que se construa uma postu‑ ra profissional ética e crítica, por isso deve ser instigada ao longo da formação inicial e permear toda a carreira docente. Os aprendizes autônomos de LE são considerados centra‑ dos e conscientes de sua aprendizagem, supondo controle e autorregulação (BERTOLDO, 2003). Diferentemente dessa abordagem, uma corrente de pesquisa em LA os vê como su‑ jeitos‑língua que tomam “outra posição subjetiva” durante a aprendizagem ao “estabelecer outros elos imaginários e sim‑ bólicos em seu processo de enunciação em outras línguas” (NEVES, 2006, p. 45). Esta assertiva remete‑nos ao objeto de estudo da pesquisa: o encontro de um aprendiz de língua in‑ glesa (LI) com a alteridade. A pesquisa se orienta pela hipóte‑ se de que a partir desse encontro emergem representações criadas pelo sujeito‑aprendiz sobre o Outro e sua língua, que o conduzem a atitudes autônomas em sua aprendizagem. Os resultados da pesquisa mostram um aprendiz pautando seu alto nível de autonomia de aprendizagem pela identifi‑ cação com o país estrangeiro como um novo lugar, diferente e melhor que aquele de seu país natal. Ao resvalar na língua do Outro e ao buscar uma proficiência na LI, o (Outro) (e a língua) estrangeiro(a) idealizado(a)(s) começa(m) a ser vi‑ vido(s) como (uma) possibilidade(s) de escolha do mestre de seu gozo (PRASSE, 1997) e do (des)locar‑se, mudando de condições de vida. A pesquisa se desenvolve sob os subsídios teórico‑metodológicos da Análise do Discurso Francesa e da Psicanálise (PÊCHEUX e FUCHS, 1975/2010; ORLANDI, 2005) como domínios que explicitam a identidade/identificação de aprendizes autônomos, visto que estes se orientam por pro‑ cessos outros que manifestam representações simbólicas e imaginárias que geram (des)locação. 158 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada CRENÇAS DE PROFESSORES DE INGLÊS E O DESENVOLVIMENTO DA AUTONOMIA KEISE PEGORARO ROSA (UFRJ) CAMILA DA SILVA CHAVES (UFRJ) O DIFERENCIAL DO PARADIGMA COMPLEXO NA CAPACITAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SECRETARIADO EXECUTIVO EM CURSOS ONLINE. KEYLA CHRISTINA ALMEIDA PORTELA (Puc–sp) KARIN CLAUDIA NIN BRAUER (Puc–SP) Resumo de Pôster Segundo Barcelos (2004:145) “Ter consciência sobre nossas crenças e ser capazes de falar sobre elas é um primeiro passo para professores e alunos reflexivos”. Sendo assim, este tra‑ balho pretende entender as crenças de professores de língua inglesa do projeto CLAC–UFRJ, em relação ao desenvolvimen‑ to da autonomia de seus alunos. Como fundamentação teó‑ rica, consideramos as versões de autonomia sociocultural I e II propostas por Oxford (2003). Segundo a autora, na versão de autonomia sociocultural I, o foco é o ensino mediado por meio da interação com o par mais experiente. Já na versão sociocultural II, o foco é na interação para participação na comunidade de prática. Além disso, nos baseamos no con‑ ceito de crenças proposto por Barcelos (2006), de que cren‑ ças são formas dinâmicas de pensar, perceber e entender o mundo; não são construídas de forma isolada, e sim em contextos sociais e individuais através de processos intera‑ tivos de ressignificação, “uma forma de pensamento, cons‑ truções da realidade, maneiras de ver e perceber o mundo e seus fenômenos, co‑construídas em nossas experiências re‑ sultantes de um processo interativo de interpretação e (re) significação. Como tal, crenças são sociais (mas também in‑ dividuais), dinâmicas, contextuais e paradoxais.” (BARCELOS, 2006:18). Esta é uma pesquisa qualitativa de cunho etnográ‑ fico cuja metodologia de pesquisa consistirá na aplicação de um questionário que nos ajude a entender essas crenças dos professores no que se refere ao desenvolvimento da autono‑ mia de seus alunos. Selecionaremos os cinco questionários que nos chamarem mais atenção para que com esses profes‑ sores façamos uma entrevista, na qual eles aprofundarão o conteúdo abordado no questionário. Resumo de Paper O objetivo deste trabalho é mostrar o diferencial do para‑ digma complexo na capacitação dos profissionais de secre‑ tariado executivo em cursos online. Este paradigma é ino‑ vador para estes profissionais, tendo em vista que ele traz a ideia de ter mais de uma forma de executar uma tarefa, o conhecimento é visto como não linear e nem fragmentado como ocorre no paradigma tradicional. Os secretários exe‑ cutivos são profissionais, agentes de mudanças e possuem visão holística dentro de uma organização, assim o paradig‑ ma complexo dialoga com este profissional. Esta pesquisa será realizada em um ambiente virtual utilizando o Moodle. Como base teórica seguirá o viés da complexidade de Morin (1999, 2002, 2005), o curso online seguirá o modelo de Design Educacional Complexo (Freire, 2012) e como aporte metodológico para análise dos textos a abordagem herme‑ nêutico‑fenomenológica (van Manen, 1990). Com o objetivo de demonstrar o diferencial do paradigma complexo, será realizado um curso online com profissionais de secretariado no qual um grupo seguirá este paradigma e o outro o para‑ digma tradicional. Esta pesquisa pretende mostrar as vanta‑ gens e o diferencial no processo de aprendizagem quando se utiliza de um paradigma inovador e de auto‑renovação. 159 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada ENSINO‑APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS PARA CRIANÇAS E (TRANS) FORMAÇÃO CIDADÃ: MULTILETRAMENTOS, PLURILINGUISMO E TRANSCULTURALIDADE KLEBER APARECIDO DA SILVA (UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA) Resumo de Paper Esta sessão reúne trabalhos voltados ao ensino‑aprendiza‑ gem de língua estrangeira (LE) nos anos iniciais da escolari‑ zação (Ensino Fundamental I), com vistas à reflexão sobre as diversas materialidades do processo nesse contexto e com foco na (trans) formação cidadã (ROCHA, 2012, 2010; ROCHA, TONELLI & SILVA, 2010; ROJO, 2010, 2009; MOITA LOPES & ROJO, 2004). Ao ser (re) conhecida como um dos importantes le‑ tramentos para o engajamento social e discursivo do cida‑ dão no mundo atual (ROCHA, 2010), densamente multise‑ miotizado e marcado pela pluralidade cultural e identitária, a língua estrangeira revela‑se, ao lado de muitos outros, um elemento central na formação para a cidadania crítica, tam‑ bém no que diz respeito ao Ensino Fundamental I (ROCHA, TONELLI & SILVA, 2010). Nessa perspectiva, são muitos e va‑ riados os fatores que merecem atenção, visando a um ensino de língua estrangeira efetivo, crítico e compatível com as ca‑ racterísticas da sociedade contemporânea (ROCHA & BASSO, 2008), no que diz respeito ao modo como hoje ocorrem as relações humanas por meio da linguagem, em suas múlti‑ plas formas ou semioses (HIGGINS, 2009). Nesse contexto, orientando‑se principalmente por uma visão enunciativa de linguagem (BAKHTIN, 2004 [1929]; 2003 [1953]) e sociointera‑ cional de aprendizagem (VYGOTSKY, 1978), o principal objeti‑ vo desta sessão é discutir estudos voltados a mapeamentos da área, parametrizações, material didático, interação em sala de aula e avaliação, no que diz respeito à língua estran‑ geira nos anos iniciais do Ensino Fundamental I, na medida que, entre tantos outros, esses temas revelam‑se centrais para ações positivas rumo a um processo educativo mais informado, significativo e emancipatório (ROCHA, 2012, 2010, 2006; GIMENEZ, 2010; ROCHA, SILVA & TONELLI, 2010; ROJO, 2010; FREIRE, 2004). TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO NO ENSINO PRESENCIAL DA UFES KYRIA REBECA FINARDI (UFES) Resumo de Paper O objetivo deste trabalho é descrever uma ação realiza‑ da em conjunto com UAB/CAPES/UFES, por intermédio do Núcleo de Educação a Distância–Ne@ad da UFES, caracteri‑ zada como curso de formação continuada para a utilização das TICs no ensino presencial. Trata‑se da primeira etapa do curso à distância denominado Tecnologias da Informação e da Comunicação no Ensino Presencial da UFES que teve du‑ ração de 06 meses e foi dividido em 5 módulos, a saber: 1) Ambientação de plataforma Moodle e conferência Web; 2) Recursos de mediação em educação online; 3) Integração de mídias na educação I; 4) Integração de mídias na educação II e 5) Fundamentos em Educação a Distância. Um total de 176 alunos distribuídos entre 119 servidores técnico‑adminis‑ trativos e 57 professores da UFES participaram do curso. Este trabalho faz uma breve descrição do curso reportando resul‑ tados preliminares do uso das tecnologias da informação e comunicação no ensino presencial por parte dos professores que integraram o curso. Para tanto, a análise se baseou em dados quantitativos (número de atividades realizadas du‑ rante o curso e acesso por parte dos professores) além de dados qualitativos (entrevistas com professores sobre o uso das tecnologias aprendidas no curso no ensino presencial). Em geral, o estudo sugere que cursos de formação de pro‑ fessores para o uso de tecnologias da informação e comuni‑ cação no ensino presencial são necessários e devem vir con‑ jugados com ações institucionais no sentido de incentivar e monitorar o acesso a ferramentas tecnológicas por parte dos professores. 160 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A RECONFIGURAÇÃO DO PROGRAMA NACIONAL DO LIVRO DIDÁTICO LARISSA GOULART DA SILVA (UFRGS) SIMONE SARMENTO (UFRGS) Resumo de Pôster Este trabalho apresenta resultados da pesquisa “O Programa Nacional do Livro Didático no Cotidiano Escolar na Educação Linguística” desenvolvida na UFRGS. Essa pesquisa visa des‑ crever o processo de implementação dos livros didáticos(LD) aprovados pelo PNLD de Língua Estrangeira(PNLD/LE) nas escolas públicas de Porto Alegre e como os atores sociais, neste caso, professores reconfiguram esta política edu‑ cacional em seus cenários. O PNLD/LE teve seu início em 2011 e apresenta algumas diferenças com relação aos ou‑ tros componentes curriculares: são de caráter consumível e são acompanhados de um CD. Consoante a projetos em Linguística Aplicada comprometidos com o empoderamen‑ to da escola, propomos um trabalho de co‑autoria e colabo‑ ração com os educadores participantes da pesquisa. Dessa forma, a pesquisa propõe‑se a disseminar boas práticas no que diz respeito ao uso do LD, apesar das dificuldades ine‑ rentes as políticas educacionais. A coleta de dados se deu por meio de questionários e entrevistas realizadas em 2011 com os professores das escolas referidas e por observações das aulas de uma professora de Inglês. As perguntas do ques‑ tionário e das entrevistas tinham por objetivo verificar se:(1) os professores participaram da escolha do LD;(2) as escolas receberam LDs em quantidade suficiente;(3) os professores estão utilizando o LD em suas aulas e, caso positivo como. Os resultados apontam uma grande diversidade de cenários com relação à escolha, quantidade e uso do LD, com algu‑ mas dificuldades em entender as especificidades do PNLD/ LE e utilizar o LD em sala de aula. Entretanto, apesar de a maioria das escolas não ter recebido LDs em quantidade su‑ ficiente, alguns professores criaram formas alternativas do uso do LD, não previstas pelo PNLD. De uma forma geral, o PNLD/LE parece estar trazendo benefícios para o ensino de LE nas escolas investigadas. REPRESENTAÇÃO DE ATORES SOCIAIS EM DISCURSOS SOBRE ENSINO E TRADUÇÃO NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE FRANCÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA LARISSA MARIA FERREIRA DA SILVA RODRIGUES (UFC) Resumo de Paper Este resumo contempla parte de uma pesquisa desenvolvi‑ da no Mestrado em Linguística na Universidade Federal do Ceará. Nosso objetivo é investigar como atores sociais são representados em discursos sobre tradução e ensino na for‑ mação inicial de professores de francês língua estrangeira (doravante FLE). Durante aulas observadas em disciplinas de Tradução do Francês I e II, de um curso de graduação em Letras/Francês de uma universidade pública do estado do Ceará, foi possível observar que alguns alunos elaboravam discursos acerca do uso da tradução na sala de aula, mas não questionavam o conhecimento estabelecido pelos pro‑ fessores. Pelo viés da análise de discurso crítica (ADC), que, segundo Fairclough (2003), é concebida como uma aborda‑ gem científica interdisciplinar voltada para estudos críticos da linguagem como prática social, esses discursos são defi‑ nidos como diferentes perspectivas de representar o mun‑ do. Desta forma, para averiguar como os atores poderiam representar a si e a outros, tivemos como base os conceitos de discurso e de significado representacional (discursos), em Fairclough (2003), e a categoria representação de atores so‑ ciais, em van Leeuwen (1997). Coletamos os dados a partir de questionários, entrevistas e algumas notas de campo, o que caracteriza a pesquisa como qualitativa e observação parti‑ cipante; esta última porque o pesquisador além de observar, participou ativamente das atividades que aconteciam no ambiente que selecionou para coletar os dados. Os resulta‑ dos indicam que alguns alunos ofuscam sua agentividade, tornando‑se alheios ao uso da tradução em sala; outros en‑ fatizam sua agentividade, apresentando‑se como professo‑ res que utilizam a tradução, quando julgam necessário, se‑ guindo, de uma forma geral, o que é divulgado na Academia por seus formadores, sem questionar o formato de ensino. 161 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada DISCURSIVIDADES SOBRE O “ENSINO BILÍNGUE” (PORTUGUÊS/INGLÊS): ACONTECIMENTO, MEMÓRIA, SUBJETIVIDADE A CONSTRUÇÃO DE SIGNIFICADOS E IDENTIDADES NAS NARRATIVAS DE AMOR ROMÂNTICO DE LEITORAS ADULTAS DA SÉRIE CREPÚSCULO LAURA FORTES (USP) LAURA MENDES PIRES (UFRJ) Resumo de Paper Resumo de Paper Nossa atual pesquisa de doutorado tem se dedicado princi‑ palmente ao estudo discursivo do currículo de língua ingle‑ sa em escolas denominadas “bilíngues” no sistema educa‑ cional brasileiro. Pretendemos, neste trabalho, aprofundar nossa reflexão a respeito de algumas discursividades sobre o currículo de língua inglesa que têm circulado em institui‑ ções escolares “bilíngues” de Educação Infantil. O corpus que construímos para esta análise compreende enunciados produzidos pelo discurso oficial – documentos do MEC e dos Conselhos de Educação a respeito do funcionamento dessas instituições escolares “bilíngues” – e enunciados produzidos pelo discurso institucional – propostas curriculares divul‑ gadas nos sites de 5 escolas “bilíngues”. A análise mobilizou conceitos da Análise de Discurso, dentre os quais destaca‑ mos enunciado, acontecimento, memória discursiva e sub‑ jetividade. No decorrer da análise, procuramos interpretar o surgimento e a expansão da “escola bilíngue” como um acontecimento que irrompe na memória discursiva que sus‑ tenta os discursos das propostas curriculares, produzindo efeitos, tanto de desestabilização/reconfiguração quanto de absorção de dizeres já estabilizados. Concluímos que tanto no discurso oficial quanto no discurso institucional a repre‑ sentação da “criança bilíngue” está ancorada em discursivi‑ dades de natividade, em que o “falante nativo” constitui um modelo para a produção linguística. Assim, o ensino “bilín‑ gue” é significado como um lugar em que esse ideal poderá ser alcançado, produzindo um processo discursivo que ins‑ taura a legitimação do ensino de inglês na escola “bilíngue” e, ao mesmo tempo, reitera a deslegitimação do ensino de in‑ glês na escola “não‑bilíngue”. Observamos que tal processo de discursivização do acontecimento ensino “bilíngue” tem produzido novas posições para o sujeito‑criança (brasileiro) em sua relação com a língua inglesa, inserindo‑o nos novos modos de subjetivação da sociedade contemporânea. A presente pesquisa objetiva investigar a construção do gê‑ nero feminino no discurso de amor romântico de leitoras adultas da série de livros best‑seller Crepúsculo. O estudo justifica‑se dado que a série, voltada para o público femini‑ no adolescente, teve também grande aceitação por parte de mulheres adultas que, ao mesmo tempo em que se identifi‑ cam com ideais feministas, parecem desejar o mesmo tipo de “príncipe encantado” por quem a protagonista dos livros se apaixona. Como pressupostos teóricos, considero a “cri‑ se de identidade” do sujeito contemporâneo (Hall, 2006), a noção de identidades como construídas socialmente atra‑ vés de instâncias discursivas (Moita Lopes, 2002), a com‑ preensão do gênero como desempenhado através de per‑ formances (Butler, 2003 [1990]) e as teorizações de Giddens (1993) e Bauman (2006) sobre amor e relacionamentos na contemporaneidade, entendendo que a forma como indiví‑ duos experienciam o amor não é natural e universal (Freire Costa, 1998), mas responsiva ao contexto cultural em ques‑ tão (Rezende e Coelho, 2010). A metodologia de pesquisa consiste em entrevistas semiestruturadas com um grupo de mulheres que se encaixam no perfil mencionado. Espera‑se, através dos dados gerados, entender como a ideologia do amor romântico afeta as visões sobre relações amorosas dessas mulheres e como o gênero feminino é desempenhado e construído no discurso das participantes da pesquisa em relação à ideologia de amor romântico presente no livro. 162 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada ENSINO/APRENDIZAGEM DE ESPANHOL COMO LÍNGUA ADICIONAL EM CURSOS PROEJA DO IFSC NARRATIVE BRIDGING EXPERIENCES IN FOREIGN LANGUAGE CLASSROOMS: FROM TAXONOMY TO FRAMEWORK LAURA RODRIGUES DE LIMA (IFSC) LAURA STELLA MICCOLI (UFMG) Resumo de Paper Resumo de Paper Este trabalho pretende apresentar uma reflexão sobre as práticas pedagógicas desenvolvidas por professoras de Espanhol em dois cursos do Programa Nacional de Integração da Educação Básica com a Educação Profissional na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA) do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC). Desenvolvido numa perspectiva etnográfica, o objetivo deste estudo qua‑ litativo e interpretativo é investigar se as práticas desenvol‑ vidas pelos atores do PROEJA se relacionam com as concep‑ ções críticas e sociointeracionistas presentes nos documen‑ tos que regulamentam o ensino/aprendizagem de Espanhol como língua adicional. Além disso, busca analisar se tais práticas podem contribuir para o enriquecimento científi‑ co, cultural, político e profissional e para o efetivo exercício da cidadania, sendo essa a finalidade do PROEJA, de acordo com seu documento base (BRASIL, 2007). Fundamentado em estudos que tratam da Educação de Jovens e adultos, do ensino/aprendizagem de Espanhol e da educação intercultu‑ ral, este estudo está situado na área da Linguística Aplicada, conduzido com base em uma perspectiva crítica e política de ensino de língua estrangeira. A análise dos dados gerados até o momento aponta que algumas práticas linguísticas são mais significativas para os alunos, pois atendem aos seus propósitos, e para o objetivo de promoção do exercício pleno da cidadania através da prática da linguagem. São aquelas planejadas e desenvolvidas por professoras e alunos, de forma conjunta, e que fomentam construções multilín‑ gues e multiculturais. Narrative bridging experiences in foreign language class‑ rooms: from taxonomy to framework Laura Miccoli UFMG In this paper, the significant of role of narrative to disclose the relatedness of experiences lived by teachers and students in foreign language classrooms is discussed. Starting from a review of mainstream research in Applied Linguistics and mapping the evolution of the field that has led to alternative models of SLA (Atkinson 2011), in which experience research fits, the expansion and transformation of the initial ‘tax‑ onomy’ (Miccoli 1997, 2010) into a framework of classroom experiences (Miccoli forthcoming) is presented. The use of the original taxonomy to analyze different types of narra‑ tive data from students (Miccoli 1997, 2000, 2003; Bambirra, 2009, Souza e Silva 2011, Ferreira 2012) and from teachers (Miccoli 2006, 2010, Coelho 2011, Zolnier, 2011, Vianini, 2012) over the last 15 years has demanded this review. From an original distinction among ‘direct’ as ‘indirect’ experiences, Miccoli moves towards viewing experiences, not as isolated, but as related events, as a consequence of the intertwined nature of classroom experiences as narrated by teachers and students. Narrative data will illustrate the need for changing nomenclature. The argument defended is that the framework can provide a starting point to map the nature of classroom experiences as an initial discrete methodology for comprehending the relatedness of various experiences in language classrooms that yields holistic analyses that dis‑ close the complexity of foreign language teaching and learn‑ ing (Miccoli and Vianini 2012). Finally, the implication of such change in nomenclature for classroom research that aims to understand events in foreign language is addressed. 163 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada CRENÇAS DE PROFESSORES SOBRE PESQUISAS RELACIONADAS AO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE LE – UM ESTUDO “Q” LAURO LUIZ PEREIRA SILVA (UFU / ILLEL / PPGEL) ESCRITA DE DIÁRIOS POR PROFESSORES EM FORMAÇÃO: DA QUEIXA À RESPONSABILIZAÇÃO E AS IDENTIFICAÇÕES PSICANALÍTICAS LAURO TAKE TOMO VELOSO (UNITAU ‑ FAC. ANHANGUERA) Resumo de Paper Com este trabalho, objetivamos principalmente investigar as cognições de docentes de LE (inglês) da rede pública de ensino e de professores formadores de universidades públi‑ cas federais sobre estudos na área de ensino‑aprendizagem de LE. Para tanto, procuramos não só identificar as cog‑ nições dos professores sobre as pesquisas na LA e sobre os possíveis resultados dessas pesquisas em relação à prática docente, mas também analisar e contrastar as expectativas dos formadores em relação às pesquisas realizadas nos con‑ textos de escolas púbicas, visando à interlocução teoria e prática. Como referencial teórico, discutimos a relação teo‑ ria e prática, à luz da LA, e a noção de professor como sujeito do conhecimento, de acordo com Bertoldo (2007), Connely; Clandinin (1988, 1995), Tardif (2002, 2008). Como aborda‑ gem de pesquisa recorremos à Metodologia Q, que utiliza o programa PQMethod 2.11. A partir das análises pudemos per‑ ceber que, de forma geral, há múltiplos fatores subjetivos, de ordem social e cultural que influenciam a prática, ações e tomada de decisões dos professores e formadores partici‑ pantes em relação ao processo de ensino‑aprendizagem de LE na rede pública de ensino. A diversidade de questões que emergiram e cognições muitas vezes contraditórias apon‑ tam para a natureza multifacetada e complexa do processo de ensinar e aprender a língua estrangeira no referido con‑ texto. Observamos ainda que os professores da rede pública acreditam que as pesquisas são de fundamental importân‑ cia para embasar a sua prática e contribuem de forma signi‑ ficativa para o processo de ensino‑aprendizagem de LE. Por meio das pesquisas, artigos e publicações de LA os formado‑ res podem estar mais próximos do docente de LE da rede pú‑ blica, contribuindo para a formação continuada desses pro‑ fissionais, promovendo a melhoria do ensino de LE (inglês). Resumo de Paper A condição de trabalho do professor nos níveis de ensino bá‑ sico, sobretudo da rede pública de ensino, tem sido o motivo de afastamentos e mesmo de exoneração de seus cargos pú‑ blicos. De queixas enunciadas por acadêmicos de pedagogia de uma instituição de ensino superior acerca da indisciplina discente, percebida durante seu estágio curricular obriga‑ tório, constitui‑se o problema desta pesquisa. Como hipó‑ tese, considerou‑se que a indisciplina discente mobiliza os processos de identificações psicanalíticos que constituem a subjetividade dos acadêmicos e promovem determinados deslocamentos. Objetivou‑se, rastrear, na materialidade lin‑ guística do discurso produzido por futuros professores, os deslocamentos identitários quando expostos às situações de indisciplina discente. Fundamenta‑se nos pressupostos da Análise do Discurso de perspectiva francesa e de autores que com ela dialogam, sobretudo Lacan. O corpus de pesqui‑ sa foi constituído de vinte questionários que contemplam a percepção de indisciplina pelo futuro professor e descrições, na forma de um diário, de como lidaram com as situações de indisciplina ao longo de um mês. Resultados da análise revelaram que alguns acadêmicos de pedagogia, diante das situações de indisciplina discente, produziam discursos que apontavam para identificações da ordem da culpa psicana‑ lítica; e outros discursos revelaram a identificação pela ver‑ gonha, honra e responsabilização, portanto, denotam que o aluno‑professor deslocava‑se da posição de sujeito do pri‑ mum vivere, daquele que vive para salvar a própria pele ou experimenta a indiferença, para assunção do desejo. Assim, alguns acadêmicos de pedagogia, sustentando a honra de ser educador, responsabilizam‑se diante de situações inu‑ sitadas do seu cotidiano. Por consequência da atividade de escrita, a análise do corpus revela que o acadêmico apre‑ senta um questionamento sobre si, deslocando‑o da queixa à responsabilização. 164 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada PROFESSOR FORMADOR PARA ATUAÇÃO NA FORMAÇÃO CONTINUADA DE DOCENTES DA ÁREA DE LINGUAGENS: UMA IDENTIDADE EM CONSTRUÇÃO LEANDRA INES SEGANFREDO SANTOS (UNEMAT) ROSINDA DE CASTRO GUERRA RAMOS (PUC–SP) Resumo de Paper Nesta pesquisa buscamos compreender como um grupo de docentes está aprendendo a ser professor formador e construindo a identidade profissional na interação com seus pares da área das linguagens, apresentando os perfis e trabalho dos formadores dessa área de um contexto de formação continuada na rede estadual de ensino público de Mato Grosso, polo de Sinop. Para tanto levantamos algumas questões teóricas relacionadas à identidade do docente – to‑ mando‑a como incompleta e fragmentada, construída nas práticas discursivas e na relação com o outro em diferentes contextos – de sua necessidade de estar em formação cons‑ tante, dadas as contínuas mudanças nas últimas décadas e as repercussões em seu fazer cotidiano, e, principalmen‑ te, do papel do professor formador, cujas características diferem‑se daquelas requeridas ao professor. A escolha metodológica é qualitativa interpretativista e os dados fo‑ ram gerados por meio de um questionário, uma entrevista semiestruturada e registros em diário de campo de encon‑ tros no grupo de estudos da área ao longo de um ano letivo. Descrevemos como ocorre o ingresso do professor formador no Centro de Formação e Atualização dos Profissionais da Educação Básica do Estado de Mato Grosso, quem são os professores formadores da área de linguagens que atuam no Projeto Sala de Educador, uma das políticas públicas de formação continuada dos profissionais da educação do esta‑ do. Discutimos o que o grupo entende sobre formação pro‑ fissional, quais papéis os professores formadores executam no Centro e o que pensam sobre o trabalho que realizam. A análise dos resultados mostra claramente a especificida‑ de do trabalho de professor formador, sobretudo, como tem acontecido a construção de sua identidade e da equipe de linguagens. Enfim, abordamos as questões para as quais esses resultados apontam, assim como algumas pistas que poderão servir para respondê‑las. A CASA DAS CINCO MULHERES: IDENTIDADES DE GÊNERO EM CONTEXTO FAMILIAR LEANDRO DA SILVA GOMES CRISTÓVÃO (CEFET–RJ) Resumo de Paper Neste trabalho encaminho algumas discussões sobre a re‑ lação discurso – identidades de gênero – família. Proponho a análise de um evento social – uma conversa entre cinco mulheres de uma mesma família – à luz dos pressupostos da Sociolinguística Interacional. A partir de uma perspectiva interpretativista e de uma abordagem qualitativa dos dados (Denzin & Lincoln, 2006), analiso os sentidos de gênero e de família que essas cinco mulheres co‑constroem quando reu‑ nidas para uma conversa informal. Para isso, parto de uma discussão dialética entre as formulações contemporâneas da instituição familiar (Lins de Barros, 2006; Singly, 2010) e as semantizações sociais da categoria de gênero (Butler, 2010; Cameron, 2010; Scott, 1995), para observar, num nível micro (Goffman, 2002), as interações das participantes da situação em tela. A observação dos dados é realizada a partir das noções sociointeracionais de enquadre (Tannen & Wallat, 1987), footing (Goffman, 1979) e pistas de contextualização (Gumperz, 1982). 165 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada PADRÕES LÉXICO‑GRAMATICAIS EM ARTIGOS CIENTÍFICOS LEILA BARBARA (Puc–sp) Resumo de Paper A Linguística Aplicada, ao estudar situações sociais ou de ensino/aprendizagem, necessita de um suporte teórico que relacione os elementos usados na linguagem focalizada. Precisa de uma teoria que seja sensível tanto ao contexto de situação quanto ao contexto de cultura, ou seja, que en‑ foque o ensino ou a produção linguística de um grupo não simplesmente do ponto de vista do material lingüístico, mas que seja poderosa o suficiente para entendê‑los em seus contextos de produção ou recepção e entender os efeitos de diferentes realizações linguísticas. A Linguística Sistêmico Funcional (Halliday:1994; Halliday & Matthiessen:2004) tem exatamente essa capacidade: entender os fenômenos linguísticos em relação a sua estrutura, mas relacionando‑ ‑os às características dos destinatários e dos emissores po‑ dendo, portanto, avaliá‑los e desenvolvê‑los segundo seus propósitos e, especialmente, ajudar os falantes, principal‑ mente os menos privilegiados, a decodificá‑la e codificá‑la devidamente. Esta comunicação tem como preocupação a produção de pesquisadores em desenvolvimento e analisa, em contexto, um corpus de mais de 1500 artigos científicos de diferentes áreas da ciência, publicados no importante site científico brasileiro www. scielo.br que contem as mais bem avaliadas revistas de diferentes áreas. Tendo em vista que o papel dos produtores desses artigos é informar sobre novas pesquisas relevantes de uma forma clara, elegante e despre‑ tensiosa, o trabalho analisa processos verbais e a modalida‑ de com o propósito de levantar padrões léxico‑gramaticais que possam orientar jovens pesquisadores na escritura de artigos. Além de ter a Linguística Sistêmico Funcional como apoio teórico tem a Linguística de Corpus como suporte me‑ todológico, utilizando a ferramenta Wordsmith Tools que, ao lado de organizar o léxico dos textos e quantificá‑lo, per‑ mite o estudo de grande quantidade de textos observando‑ ‑os em seu contexto. FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE LÍNGUAS: CIDADANIA E REPOSICIONAMENTO PROFISSIONAL LEINA CLAUDIA VIANA JUCÁ (UFOP) Resumo de Paper Nos cursos de formação inicial de professores de línguas, as disciplinas de estágio supervisionado são, muitas vezes, o primeiro e único contato do licenciando com a sala de aula e o contexto escolar. É a partir das experiências de docên‑ cia viabilizadas por essas disciplinas que os licenciandos fazem suas primeiras reflexões acerca dos lugares e papéis do professor na escola e na sociedade. Diante de um quadro aparentemente estanque e imutável de uma profissão que parece oferecer um futuro pouco promissor, muitos licen‑ ciandos tendem a se tornar, a partir daí, desistentes da car‑ reira docente. Nesse sentido, parece necessário incluir, nos cursos de formação inicial, uma perspectiva educacional crí‑ tica e política para a formação de professores, focalizando o desenvolvimento da capacidade do licenciando de compre‑ ender a si mesmo como cidadão (MATTOS, 2011) e de perceber como essa compreensão influencia seus papéis como pro‑ fessor e lhe dá a oportunidade de fazer escolhas sobre como quer viver (BRYDON, 2009). Considerando questões relacio‑ nadas à greve de professores do estado de Minas Gerais, essa apresentação pretende mostrar a necessidade de se incluir a educação para a cidadania na formação inicial de professo‑ res de línguas, de forma que os licenciandos tenham a chan‑ ce de refletir sobre sua posição na sociedade, as implicações dessa posição e as consequências de mantê‑la ou modificá‑ ‑la (MENEZES DE SOUZA; MONTE MÓR, 2006). Espera‑se que a compreensão de si mesmo como cidadão e as escolhas que venha a fazer sobre como quer viver sejam determinantes do engajamento do licenciando/professor em embates que ob‑ jetivem seu reconhecimento e seu reposicionamento social e político (FRASER, 1997) como (futuro) professor. 166 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada SHAKESPEARE E A LITERATURA POPULAR: A ADAPTAÇÃO DE HAMLET POR DAVID BERGANTINO LEONARDO BÉRENGER ALVES CARNEIRO (UFRJ) Resumo de Pôster A imbricação entre a tragédia Hamlet (1600–1) e a literatura popular remonta ao século XIX, com os trabalhos de Mary e Charles Lamb e a coletânea de contos de Mary Cowden Clarke. A peça ganha acelerada produção de adaptações durante o século XX, nos mais variados gêneros narrativos: do detetivesco ao horror; das obras com traços feministas à literatura infanto‑juvenil. Em Hamlet II: Ophelia’s Revenge, o escritor norte‑americano David Bergantino recria, em uma narrativa de horror situada em pleno século XXI, a tragédia da Dinamarca, trazendo para o centro da trama a personagem Ofélia, agora retratada como um monstro que busca assombrar e destruir o jogador de futebol universitá‑ rio Cameron Dean e seus amigos, que estão em visita a um antigo castelo na Dinamarca. Tendo‑se por base teórica os estudos sobre adaptação, sobretudo aqueles postulados pe‑ las teóricas Linda Hutcheon e Julie Sanders, e levando‑se em consideração a posição de protagonista que Ofélia ocupa no romance, a comunicação tem por objetivo analisar a recons‑ trução da identidade feminina da personagem, reconfigura‑ da em uma narrativa contemporânea de forte apelo popular, e que acaba por articular conflitos de perspectivas sobre a personagem shakespeariana e sobre a peça como um todo. O TRABALHO COM GÊNEROS TEXTUAIS NOS CADERNOS DO ALUNO DO ENSINO MÉDIO PROPOSTOS PELA SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO LETÍCIA FONSECA BORGES (IBILCE/UNESP) Resumo de Paper Este trabalho apresenta uma análise do Caderno do Aluno do 2º ano do Ensino Médio elaborado pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo a fim de encontrar carac‑ terísticas da Proposta de Ramos (2004) para implementa‑ ção de um trabalho com gêneros textuais em sala de aula a fim de conscientizar os alunos do propósito, da estrutura textual e das características linguísticas de diferentes gêne‑ ros. Para tal, apresenta‑se a Proposta Curricular do Estado de São Paulo (2008, 2010), bem como definições de gêneros textuais por Bakhtin (2010), Miller (1984), Martin (2000), Swales (1990), Bhatia (1993) e Ramos (2004); além da defi‑ nição da proposta de Ramos (2004) e suas fases: (a) apre‑ sentação, fase de reconhecimento do gênero, do lugar de cir‑ culação, do propósito comunicativo e seus participantes; (b) detalhamento, fase que aborda a organização retórica e as características léxico‑gramaticais do gênero a fim de forne‑ cer condições para compreensão e produção geral e detalha‑ da dos textos; e (c) aplicação, fase em que se espera a con‑ solidação e apropriação do gênero. Podem‑se identificar as fases da proposta de Ramos (2004) nos seguintes aspectos: (a) questões focadas no reconhecimento do público‑alvo, do gênero/tipo de texto e do tipo de informação contida, são partes da fase apresentação; (b) exercícios que exploram a identificação e o reconhecimento dos movimentos do texto, as escolhas lexicais e seus propósitos pertencentes à fase de‑ talhamento; (c) a produção da versão dos alunos do gênero abordado baseado nas características, escolhas lexicais e or‑ ganização textual aprendidas anteriormente relacionam‑se à fase aplicação. Conclui‑se, que as fases da proposta de Ramos (2004) e seus objetivos foram encontradas no mate‑ rial analisado, embora mais amostras dos gêneros aborda‑ dos deveriam ser apresentadas, para que os alunos tenham acesso a mais exemplos destes, e consequentemente, mais subsídios para produzi‑lo. 167 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O USO DE ABORDAGENS DE CUNHO ETNOGRÁFICO COMO POSSIBILIDADE DE PESQUISA: UM OLHAR ETNOGRÁFICO SOBRE APRENDIZAGENS EM REDE EM COMUNIDADES ESCOLARES E COMUNIDADES VIRTUAIS LIA SCHULZ (UFRGS) Resumo de Paper Há algum tempo, são utilizadas diferentes técnicas de pes‑ quisa qualitativa advindas do campo das Ciências Sociais, especialmente da Antropologia, tanto na área da Educação como em Linguística Aplicada. O objetivo deste trabalho é analisar e discutir o uso de abordagens de cunho etnográfi‑ co – a Etnografia Escolar, a Microetnografia e a Netnografia – para se pesquisar aprendizagens em rede tanto em comu‑ nidades escolares como comunidades virtuais. A partir de dados de uma pesquisa de campo em uma escola pública de Porto Alegre, discute‑se como tais abordagens podem con‑ tribuir para a manutenção de um olhar etnográfico na gera‑ ção dos dados e para a construção de um esforço pelo enten‑ dimento das ações dos participantes a partir de um viés êmi‑ co. Observa‑se, especialmente, como tais técnicas podem ser úteis para a análise da construção de comunidades de aprendizagem em rede a partir da observação detalhada, da escuta atenta e do registro minucioso, procedimentos dos quais as abordagens etnográficas lançam mão. Além disso, são abordados temas relacionados à participação do pes‑ quisador no cenário da pesquisa, as formas de registro, de coleta e geração de dados e análise em pesquisa qualitativa. A contribuição da investigação para o campo da Linguística Aplicada é a de ampliar a discussão sobre metodologias de pesquisa contemporâneas utilizadas para se investigar o uso da linguagem e de tecnologias e aprendizagens em rede. O trabalho de campo que será relatado e servirá como base para a análise faz parte do projeto de tese em andamento que analisa gêneros escolares e gêneros digitais em uma comunidade escolar. TÁTICA E RESPONSIDADE NA PRODUÇÃO DO GÊNERO FOLHETOS DE CORDEL LÍDIA MARIA DA SILVA SANTOS (UFAL) Resumo de Pôster Este trabalho resulta de uma pesquisa desenvolvida no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência na área de Letras (PIBID/CAPES) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), cujo enfoque é a análise de produções do gê‑ nero cordel, a partir de atividades planejadas e aplicadas por bolsistas do referido Programa durante a realização de um projeto cultural em uma das escolas em que atuavam. Essas atividades visavam à leitura e produção do gênero folhetos de cordel. Diante disso, objetivamos neste trabalho analisar como alunos do 9º ano do Ensino Fundamental apresentam compreensões responsivo‑ativas e táticas em suas produ‑ ções. Tendo em vista o objetivo a que nos propomos alcan‑ çar, recorremos às reflexões de Bakhtin (2003) sobre gêneros do discurso e compreensão responsivo‑ativa; De Certeau (1998) sobre estratégia e tática; e Abreu (1993), Galvão (2000, 2001, 2002), Evaristo (2000) e Resende (2007) sobre o gêne‑ ro folheto. A partir das análises, constatamos que, embora os alunos sofram as determinações da escola e das orienta‑ ções do professor, eles apresentam compreensões táticas e responsivas em suas produções, subvertendo, em alguns momentos, essas orientações, mas sem resultar em um dis‑ tanciamento total da proposta apresentada pelo professor. 168 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada AS PRÁTICAS E PERCEPÇÕES DE PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS NA UTILIZAÇÃO DE UM AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM EM UMA DISCIPLINA SEMIPRESENCIAL LILIA APARECIDA COSTA GONÇALVES (UFRJ) A PRODUÇÃO ORAL NA SÉRIE KEEP IN MIND À LUZ DE DIRETRIZES EDUCACIONAIS E DAS VISÕES INTERACIONAL, DISCURSIVA E COMUNICATIVA DO ENSINO‑APRENDIZAGEM DE LE LÍLIAN MARIA DOS SANTOS CARNEIRO CAVALCANTI (UFOP) Resumo de Paper As transformações promovidas pelos avanços tecnológicos afetam as mais diversas instâncias da sociedade. A presença das mídias digitais no cotidiano das pessoas vem influen‑ ciando o modo de viver e constituindo novas práticas co‑ municacionais, sociais, políticas e culturais (CASTELLS, 1999; LÉVY, 1993). A educação também está sendo influenciada e sofrendo transformações em função da formação de um novo perfil de cidadão (MILL, 2010). A utilização de recursos tecnológicos e ambientes virtuais de aprendizagens em ins‑ tituições de ensino, entre elas as universidades, possibilita aos professores a incorporação de novas ferramentas no ensino, a ampliação dos espaços e dos tempos pedagógi‑ cos e o aumento da interação entre aluno‑aluno e aluno‑ ‑professor. Este trabalho visa investigar as percepções de professores universitários sobre sua própria formação para utilização de novas tecnologias em sua prática pedagógica, especialmente para o uso de ambientes virtuais de apren‑ dizagem. A pesquisa foi desenvolvida no âmbito do Projeto Letras 2.0, que está vinculado ao núcleo de pesquisas em Linguagem, Educação e Tecnologia da UFRJ (Lingnet/UFRJ), que, entre outras atividades, procura oferecer à comunida‑ de da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) condições de acesso a iniciativas educa‑ cionais mediadas pelas novas tecnologias (TAVARES, 2011). O trabalho caracteriza‑se como um estudo de caso de base etnográfica e os dados foram gerados por meio de entrevis‑ tas, registro de mensagens e documentos dos cursos minis‑ trados pelos professores. Os resultados da pesquisa podem contribuir para uma melhor compreensão da formação do professor universitário para uso das novas tecnologias e para o aperfeiçoamento de ações de formação docente no contexto investigado. Resumo de Paper O livro didático (LD) é visto como importante ferramenta no processo de ensino‑aprendizagem de uma língua estrangei‑ ra (LE), visto que pode servir de guia para que os professores possam desenvolver suas aulas, apresentando o conteúdo programático a ser enfocado durante determinado período escolar, e propondo atividades para que os alunos pratiquem a LE. Nesse sentido, propomos um estudo que visa a analisar as propostas de atividades de produção oral e as instruções, voltadas ao professor para o desenvolvimento dessas ati‑ vidades, contidas na série keep in Mind (2009), com o pro‑ pósito de avaliar até que ponto as instruções direcionadas ao professor para a condução das atividades e as atividades propostas atendem aos pressupostos teórico‑metodológi‑ cos levantados pelos documentos que apresentam as dire‑ trizes educacionais legais nas quais o ensino‑aprendizagem de LE deve ser baseado. Procedemos, então, a uma análise dos textos oficiais que compõem a legislação educacional nacional e Verificamos que as diretrizes apresentadas se ancoram em três perspectivas de base: na visão interacio‑ nal do ensino‑aprendizagem; na perspectiva discursiva da linguagem; bem como em aspectos de uma abordagem co‑ municativa para o ensino‑aprendizagem de LE. Passamos, então, a elucidar cada uma dessas perspectivas teóricas e a apresentar os procedimentos metodológicos adotados para a viabilização dessa pesquisa. Tais procedimentos são carac‑ terizados pelos atributos da pesquisa qualitativa, já que par‑ timos de uma análise interpretativa dos dados, associando‑ ‑os aos aparatos teóricos levantados. Foi realizada a análise das primeiras e últimas instruções e propostas de atividades de cada um dos volumes e os resultados mostram‑nos que, em alguns pontos, os LDs avaliados estão em sintonia com as propostas teórico‑metodológicas apresentadas e, em ou‑ tros, precisam ser revisitados, como, por exemplo, no fato de a maioria das instruções e atividades não exporem o con‑ texto em que se passará a atividade. 169 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada HOMOGENEIZAÇÃO E DIVERSIDADE EM NARRATIVAS DE JOVENS MORADORES DE TERRITÓRIOS DE CONFLITO APRENDIZAGEM DE LÍNGUA E CULTURA: DEPOIMENTO DE ALUNOS QUANTO AO MATERIAL APLICADO LILIANA C BASTOS (PUC–RIO) LILIANA GOTTHEIM (UNICAMP) Resumo de Paper Resumo de Paper Nesse trabalho analiso narrativas de adolescentes morado‑ res de uma comunidade de baixa renda, localizada em uma área urbana de conflitos, no centro do Rio de Janeiro. A aná‑ lise tematiza a questão da homogeneização de territórios de pobreza, considerando a tendência a tratar esses territórios como espaços igualmente ilegais e violentos, habitados por criminosos e miseráveis. Tal discussão está necessariamen‑ te envolvida com questões de ética, sobretudo para a pes‑ quisa que, como esta, lida com contextos de desigualdade social (Cameron et al, 1993). No âmbito de um projeto de pesquisa em andamento (Bastos 2010; Lewis e Bastos, no prelo), as narrativas analisadas foram produzidas em en‑ trevistas e grupos focais, no contexto de um projeto social, conduzido por profissionais de saúde. As vidas dos habitan‑ tes de territórios de baixa renda são caracterizadas por uma grande complexidade de situações e de trajetórias sociais (Caldeira, 2000; Sarti, 2003; Valladares, 2005). Há muitas coisas acontecendo nessas áreas além de tiroteios e tráfico de drogas (Kokoreff, 2003), e as pessoas que nelas habitam não adotam necessariamente o mesmo comportamento, como os estereótipos sociais nos levam a crer. Para analisar a diversidade e complexidade das percepções dos jovens que moram nessas áreas de conflito, examinaremos suas perfor‑ mances narrativas (Mishler, 1999; Langellier, 2001), enten‑ dendo‑as também como espaços de conflitos entre sentidos e identidades sociais e pessoais. Os jovens contam histórias sobre amigos, vizinhos, relações familiares, escola, rotina doméstica. Contam também histórias de tiroteios e drogas, muitas vezes amenizando possíveis contornos violentos. Analisando essas narrativas é possível ouvir indivíduos e he‑ terogeneidades, e assim nos aproximar de suas percepções do que está acontecendo nesses territórios. Essa seria uma forma de contribuir para a discussão da ética em torno da estigmatização de territórios de pobreza e dos jovens que os habitam. Aprendizagem de língua e cultura: depoimentos de alunos quanto ao material aplicado Liliana Gottheim (CEL) UNICAMP Tendo em vista analisar resultados de aplicação de materiais de ensino de português como língua adicional, que buscam facilitar o desenvolvimento de competência linguística‑so‑ ciocultural de alunos estrangeiros, coletamos depoimentos de aprendentes, após trabalho com uma sequência didática, construída a partir da leitura de um livro de história (com textos, ilustrações e tabelas). O livro, que trata, especifica‑ mente, da época da expansão cafeeira no oeste paulista, a vida no campo e a modernização da cidade de São Paulo, na virada do século XX, explica o desenvolvimento da região em que a universidade pública brasileira, na qual os alunos es‑ tudam, está inserida. Os dados foram coletados na mesma universidade, em uma classe de português para falantes de espanhol (nível II) e outra de português para falantes de ou‑ tras línguas (nível III), durante os quatro dias que durou a ati‑ vidade, integrada a um curso semestral de 30 encontros (60 horas). Ao utilizar um livro escrito por pesquisadores da área de história, intencionamos, sobretudo, oferecer aos alunos oportunidade de pensamento crítico, possibilidade de de‑ senvolver habilidades de leitura, de produção oral e escrita, além de incentivo a uma aprendizagem colaborativa. O en‑ foque, no entanto, foi entender em que medida a aquisição de um repertório sociocultural comum aos brasileiros e nem sempre de fácil acesso aos estrangeiros, disponibilizado por meio de materiais utilizados para esse fim, foi significativa para os alunos. Entre autores que alicerçaram nosso traba‑ lho, com foco em princípios de abordagem comunicacional, princípios de abordagem comunicativa intercultural, e re‑ flexões sobre a prática docente, entre outros, encontram‑se Almeida Filho (2013 no prelo; 1993); Byram (1997); Kramsch (1998); Mendes (2008); Tomlinson (2013 no prelo; 2003; 1998); Schoffen, Kunrath, Andrighetti & Santos (2012). 170 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada LETRAMENTO CRÍTICO: UMA INVESTIGAÇÃO DOS TIPOS DE CONHECIMENTOS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES REESCREVER PRA QUÊ E COMO? O QUE DIZEM E FAZEM OS PROFESSORES EM UM CURSO DE FORMAÇÃO LILIANE MANTOVANI LOPES (UEL) LISIANE RIBEIRO RAUPP (UNISINOS) Resumo de Paper Resumo de Paper Este estudo tem por objetivo discutir os tipos de conheci‑ mentos predominantes em um contexto de ensino superior, mais especificamente com graduandos do 2º ano do curso de Letras Estrangeiras Modernas da Universidade Estadual de Londrina (UEL) em 2012. Esta pesquisa está inserida em um cenário maior, o projeto de pesquisa intitulado “Pensamento Crítico para Ação Transformadora”, também desenvolvida junto à UEL, e que tem como foco o desenvolvimento de pesquisas sob a ótica do Letramento Crítico (LC), visando à transformação de realidades opressoras, marcadas por desi‑ gualdade, preconceito e exclusão. Sendo assim, este foi um dos trabalhos realizados no referido projeto. A coleta de da‑ dos foi feita por meio de um instrumento pedagógico adota‑ do na disciplina de Leitura em Língua Inglesa, sob orientação da prof.ª Dra. Simone Reis. Tal instrumento era composto por questões em que se exigia o papel de professor diante de dois textos redigidos em língua inglesa. A análise indutiva e dedutiva dos dados apontou que tipos de conhecimentos estes alunos mobilizam por meio das atividades de Leitura que concebem na posição de professores. O “Conhecimento Linguístico” foi a categoria com maior número de respon‑ dentes, seguida de “Conhecimento Contextual”, “Habilidades Linguísticas” e, por fim, o menor volume de respostas se refere à categoria “Atributo Cognitivo” e “Leitura Crítica”. Interpreta‑se que as respostas destes graduandos – bem como seus exemplos e justificativas – refletem diretamente a posição de professores que assumem. Em outras palavras, parece haver um privilégio do domínio da língua. Espera‑se, com este estudo, elevar o nível de consciência dos parti‑ cipantes investigados com relação a seus conhecimentos didático‑pedagógicos e políticos, além de contribuir com a escassa produção de trabalhos na área do LC (REIS, 2008). Segundo pesquisas recentes (Leite, 2009; Ruiz, 1998), é ne‑ cessário investir mais na formação de professores com o intuito de ampliar seus conhecimentos sobre a importân‑ cia do processo de reescrita textual, pois esse processo nem sempre é posto em prática, ou é feito somente para higieni‑ zação do texto (ortografia e pontuação). Por isso esta pes‑ quisa propõe‑se, à luz do Interacionismo Sócio‑Discursivo (ISD) (BRONCKART, 2009), identificar as representações dos professores nos seus discursos e práticas docentes, com o propósito de promover maior conhecimento sobre o proces‑ so de reescrita textual. No âmbito de um projeto maior, de‑ nominado “Por uma formação continuada cooperativa para o desenvolvimento do processo educativo de leitura e pro‑ dução textual escrita no Ensino Fundamental”, do Programa Observatório da Educação/Capes, do PPGLA‑ Unisinos, coor‑ denado por Ana Maria Mattos Guimarães, acompanha‑se o trabalho de quatro professoras da rede pública municipal de uma cidade do Rio Grande do Sul, parceira do projeto, anali‑ sando como articulam as ideias desenvolvidas na academia à sua prática de sala de aula no processo de reescrita textual. Respaldados em uma concepção interativa de linguagem, foram elaborados projetos de ensino que têm os gêneros textuais como articuladores das suas atividades. Foram re‑ alizadas entrevistas semi‑padronizadas e observações parti‑ cipantes, os quais foram gravados em áudio. Nesta pesquisa, é possível perceber que, para que os professores cheguem a dar a devida importância ao processo de reescrita textual temos ainda um caminho a percorrer. Mas entendemos que o trabalho por meio de projetos, nos quais é privilegiado o processo de escrita textual voltada à prática social real dos alunos, permite que haja maior reflexão no processo de re‑ escrita textual, tanto por alunos, como por professores, pro‑ movendo maior interação e maior desenvolvimento das ha‑ bilidades linguísticas dos alunos, enriquecendo o ensino e a aprendizagem da Língua Materna. 171 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O EFEITO RETROATIVO E O NOVO EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO: UM ESTUDO DE CAMPO LIVIA LETICIA ZANIER GOMES (UFU) A CO‑CONSTRUÇÃO DE NARRATIVAS EM INTERAÇÕES FACE A FACE: PESSOAS COM AFASIA EM CENA LÍVIA MIRANDADE OLIVEIRA (PUC–RIO) Resumo de Paper Este trabalho tem por fim apresentar os resultados de uma pesquisa de mestrado desenvolvida junto ao Instituto de Letras e Linguística da Universidade Federal de Uberlândia, concluída em julho de 2013. Na pesquisa, investigou‑se o (não) acontecimento do chamado “efeito retroativo” a partir do Novo Exame Nacional do Ensino Médio (Novo Enem), no que se refere a esse efeito na postura didático‑pedagógica de oito professores de Língua Portuguesa de três escolas de Uberaba–MG. Está inserido na área da linguística aplicada, tendo suporte em Rajagopalan (2006) e tem como supor‑ te teórico a concepção interacionista de linguagem (BRASIL, 1996; Bakhtin, 2006). Dando suporte à teoria de efeito re‑ troativo, recorremos a Scaramucci (2004), Alderson & Wall (1993), Sobrinho (2002). Embasando a análise das ques‑ tões de múltipla escolha presentes no Enem, recorremos a Vianna (1982) e a Medeiros (1975). Metodologicamente, o caráter desta pesquisa engloba dois aspectos: o de pesquisa documental e o de pesquisa de campo. A pesquisa documen‑ tal teve base na análise de documentos tais como provas de “Linguagens, Códigos e suas Tecnologias” do Enem, do‑ cumentos norteadores da educação nacional tais como os Parâmetros Curriculares Nacionais e as matrizes de referên‑ cia para o Novo Enem. O contexto da pesquisa de campo são salas de aula de LP de 3° ano do Ensino Médio de três escolas selecionadas para esta pesquisa, escolha realizada a partir das estatísticas oferecidas pelo Ministério da Educação após o Enem 2010. Os instrumentos utilizados para a pesquisa de campo foram documentos docentes disponibilizadas pelos professores participantes da pesquisa bem como questioná‑ rios aplicados a eles; notas de campo realizadas pela pesqui‑ sadora a partir das aulas assistidas e material discente pro‑ duzido a partir das aulas de LP pelos alunos de tais professo‑ res e também participantes indiretos desta pesquisa. Resumo de Paper No vasto campo dos estudos narrativos, existem diferen‑ tes abordagens com base nas quais é possível buscar me‑ lhor compreender a prática discursiva de narrar. Nesse sentido, inserindo‑se no quadro teórico‑metodológico da Sociolinguística Interacional, esta pesquisa de doutorado se vale de estudos canônicos (LABOV & WALETZKY, 1967; LABOV, 1972) e interacionais (SACKS, 1968; JEFFERSON, 1978) sobre narrativas, desenhando uma interface bastante familiar nos estudos sociolinguísticos (cf. BASTOS, 2005; DE FINNA, 2003), que subjaz às investigações aqui empreendidas. Fomentada por pressupostos advindos dessas visões, esta pesquisa de natureza qualitativa (construcionista e interpretativista) tem por objetivo investigar a construção colaborativa das narrativas e as construções discursivas de pessoas com afa‑ sia através da prática de narrar. Para tanto, foram eleitas as dimensões da narrativa, propostas por Ochs e Capps (2001), como categorias de análise: narrador, historiabilidade, capa‑ cidade de encaixe, linearidade e postura moral. As narrativas analisadas fazem parte de um corpus de aproximadamente 15 horas de gravações em vídeo de interações entre pessoas com e sem afasia, que foi gerado através do método entre‑ vista de grupo focal (cf. MORGAN, 2002) e transcrito de acor‑ do com convenções propostas pelos analistas da conversa. As análises realizadas revelam: i) o envolvimento de múlti‑ plos narradores ativos, colaborando com o passo a passo da narração; ii) o engajamento dos narradores na construção da historiabilidade das narrativas; iii) narrativas que assu‑ mem características do discurso circundante; iv) narrativas não‑lineares, o que condiz com o contexto de suas ocorrên‑ cias (interações face a face com sistemática de trocas de turnos semelhantes à de conversas cotidianas); e v) habili‑ dades retóricas de pessoas com afasia na construção de suas narrativas como envolventes dramas. Tais análises têm nos possibilitado observar a competência narrativa de pessoas com afasia. 172 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A (RE)SIGNIFICAÇÃO DOS SUJEITOS DA PESQUISA: ENSINO DE LÍNGUAS E AUTONOMIA DO APRENDIZ LÍVIA NASCIMENTO ARCANJO (UFJF) ANA CLAUDIA PETERS SALGADO (UFJF) Resumo de Paper Este trabalho evidencia um momento de (re)significação da posição de pesquisador através dos múltiplos movimentos de três pesquisas sociolinguísticas, das quais participamos, que convergem para uma compreensão da formação da sub‑ jetividade do sujeito pesquisado. As pesquisas foram realiza‑ das em escolas públicas de Juiz de Fora/MG. A primeira delas, intitulada “Os dialetos sociais na escola pública” – sob a co‑ ordenação da Profa. Dra. Lucia Cyranka – teve como objetivo avaliar a possibilidade de uma adoção da pedagogia cultu‑ ralmente sensível (ERICKSON, 1987), bem como implementar essa reflexão em sala de aula. A segunda, coordenada pela Profa. Dra. Ana Cláudia Peters, sob o título de “Ensino de lín‑ guas na escola pública: abordagem CLIL”, traz como principal proposta investigar a viabilidade da adoção da abordagem CLIL (Content Language Integrated Learning) na escola pú‑ blica. Ambas são pesquisas‑ação de caráter etnográfico, de maneira que não só observam a realidade, mas também se propõem a intervir nela. A terceira pesquisa é a dissertação de mestrado, ainda em andamento, que emergiu das inquie‑ tações levantadas a partir das duas pesquisas anteriores e busca compreender como os alunos da escola pública se (re) significam a partir do contato de línguas. O corpus deste tra‑ balho é constituído de notas expandidas elaboradas durante as três referidas pesquisas. Essas notas são analisadas se‑ gundo a abordagem da Psicologia Sociohistórica dos núcle‑ os de significação. A abordagem de análise utilizada nos per‑ mite verificar quais são os indicadores e pré‑indicadores que têm influenciado com mais evidência esse processo de ativi‑ dade interna do aluno. A partir disso, percebe‑se que o papel político e social da escola está intrinsecamente ligado à sig‑ nificação social e linguística desse aprendiz como um cami‑ nho para lhe conferir autonomia. Foi buscando compreender essa significação social e linguística do aprendiz que nos de‑ paramos com a (re)significação dos próprios pesquisadores. O ESTUDO DO PROCESSO ENSINO‑APRENDIZAGEM DO PORTUGUÊS PELO FALANTE DE POMERANO NO ENSINO MÉDIO LUANA CYNTIA DOS SANTOS SOUZA (IFES) Resumo de Pôster A pesquisa consiste em um trabalho etnográfico acerca do processo de ensino e aprendizagem do português para alu‑ nos do ensino médio falantes da língua pomerana. Ela é rea‑ lizada no estado do Espírito Santo, na cidade de Santa Maria de Jetibá, que tem como língua oficial o Pomerano. Dessa forma, é necessário fazer uma análise para identificar as di‑ ficuldades enfrentadas tanto pelos educadores quanto pelos educandos, ao lidarem com o bilinguismo dentro da sala de aula. Para alcançar o objetivo proposto pelo trabalho, usa‑se como base a corrente Sociolinguística para realizar uma des‑ crição antropológica da cultura local, a fim de refletir os as‑ pectos sociolinguísticos que envolvem os sujeitos. Portanto, depois da caracterização da comunidade pomerana, faz‑se uma análise qualitativa dos roteiros de entrevistas dos pro‑ fessores e alunos da escola foco, situada na zona urbana do município, além da observação dos sujeitos in loco e análise do material didático trabalhado pelos educadores. Assim, foi identificado que os problemas enfrentados pelos pomeranos em relação à aprendizagem do Português não são muito di‑ ferentes dos encontrados nos demais educandos que têm o Português como primeira língua. Eles ainda usam junto aos familiares sua língua materna, o Pomerano, mas este pare‑ ce sofrer uma lenta suplantação linguística devido aos pro‑ blemas na preservação da cultura e da língua, em interação com o Português. Pois, no decorrer das décadas desde a che‑ gada dos imigrantes no ES, a falta de incentivo por parte do governo e o processo de modernização da comunidade po‑ merana vêm provocando a sua aculturação. Conclui‑se que há poucos problemas quanto à aprendizagem do Português pelos pomeranos e isso torna desnecessário um tratamento diferenciado aos alunos bilíngues em relação aos demais alu‑ nos, que tem o Português como língua materna. 173 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada POLÍTICAS AFIRMATIVAS E LINGUAGEM: O QUE AS AÇÕES AFIRMATIVAS VÊM MOBILIZANDO DE POLÍTICAS DE PERMANÊNCIA ESTUDANTIL NO CAMPO DA LINGUAGEM? LUANDA REJANE SOARES SITO (UNICAMP) Resumo de Paper Neste trabalho, abordo políticas de permanência voltadas para estudantes cotistas, analisando em particular aquelas orientadas para a linguagem. Em se tratando de políticas públicas de acesso à educação superior na América Latina, ganha destaque, no início do século XXI, a implementação de políticas de ações afirmativas com o objetivo de abrir as portas das universidades a estudantes advindos de grupos sócio‑culturalmente marginalizados e historicamente ex‑ cluídos do espaço acadêmico. Ao acompanhar experiências de alunos que ingressaram no ensino superior do Brasil e da Colômbia por meio de sistema de cotas, chamou a aten‑ ção o fato de que eles se deparam, em ambos os contextos, com expectativas muito diferentes no que se refere ao seu desempenho: há, por um lado, aqueles que julgam que os estudantes cotistas não terão capacidade para lidar com as demandas acadêmicas, e, por outro, há aqueles que acredi‑ tam que esses alunos, não só terão sucesso em sua forma‑ ção, como serão também capazes de romper com discursos hegemônicos e propor novas formas de produção de co‑ nhecimento. Esse desempenho se relaciona à trajetória de inserção desses estudantes no meio acadêmico, o que exige uma apropriação de práticas de leitura e escrita próprias do discurso acadêmico (ZAVALA, 2010). Alinhada aos Estudos de Letramento no campo da Linguística Aplicada (STREET, 1984; KLEIMAN, 1998), analiso se há e quais são as políticas de permanência estudantil de duas Universidades públicas, uma brasileira e outra colombiana, que tenham como foco a linguagem. Este trabalho é um recorte do meu projeto de doutorado, em andamento, que investiga trajetórias de estudantes que ingressaram na Universidade por políticas afirmativas. Esta pesquisa é de cunho etnográfico, reunindo um corpus de análise composto por textos legais, entrevis‑ tas com estudantes e gestores públicos, assim como textos produzidos pelos alunos. INTEGRAÇÃO ENTRE INFORMAÇÃO LINGUÍSTICA E VISUAL: A MULTIMODALIDADE NO GÊNERO GRÁFICO LUANE DA COSTA PINTO LINS FRAGOSO (CEFET/RJ–PUC–RIO) Resumo de Paper A comunicação multimodal que combina linguagem e grá‑ ficos é uma maneira satisfatória de transmitir informação. Os indivíduos parecem integrar informação fornecida por diferentes modalidades – como a linguagem e os gráficos‑ quase sempre baseados em processos cognitivos incons‑ cientes. Como apresentado em Habel e Acarturk (2007), no processamento de documentos gráficos textuais, os indiví‑ duos constróem diferentes tipos de relações referenciais e co‑referenciais, a ideia subjacente é que as representações conceptuais integradas mediam a linguagem, os gráficos e as entidades de domínio na compreensão multimodal. Este trabalho possui como principal objetivo investigar o proces‑ so de compreensão leitora e interpretação de representações gráficas em sala de aula de alunos provenientes do ensino médio‑técnico de uma instituição pública federal do estado do Rio de Janeiro. Com esta pesquisa, busca‑se compreender quais os principais aspectos cognitivos que encontram‑se envolvidos quando da leitura/interpretação de gráficos por parte desses alunos especificamente, suas dificuldades e o que eventualmente contribui (ou não) para uma leitura e en‑ tendimento bem sucedidos de textos multimodais. Uma vez que os gráficos são amplamente utilizados a fim de transmi‑ tir/ilustrar informações, acredita‑se que com o estudo dos processos de leitura/compreensão dos mesmos à luz da psi‑ colinguística, seja possível, primeiramente, entender o que ocorre com os alunos quando da leitura desses materiais, assim como acontece o processo de integração visual e lin‑ guística de textos multimodais e a importância da investi‑ gação da multimodalidade com alunos oriundos do ensino médio‑técnico. Por fim, tal pesquisa destaca a importância da linguagem não verbal para fins de construção de signifi‑ cado, chamando atenção principalmente para os aspectos multimodais presentes nos textos, ilustrados pelo objeto de estudo da presente pesquisa: as representações gráficas. 174 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada STANDARD E SUBSTANDARD NO CONTÍNUO DE COMPETÊNCIAS LINGUÍSTICAS DE FALANTES DE HUNSRIQUEANO COMO LÍNGUA BRASILEIRA DE IMIGRAÇÃO LUCAS LÖFF MACHADO (UFRGS) Resumo de Pôster O presente trabalho analisa a presença da norma culta do alemão, no espaço de domínio da variedade substandard do Hunsrückisch (ou hunsriqueano), falado em áreas de imigração alemã no sul do Brasil. Contrariamente a pes‑ quisas anteriores do contato alemão‑português, que ora se detiveram exclusivamente nos empréstimos do portu‑ guês, ora nos componentes de base germânica, nosso estu‑ do busca evidenciar a relevância em considerar o contínuo linguístico standard‑substandard em sua totalidade, a par‑ tir da constatação do uso variável da variedade standard, identificada como Hochdeutsch, entre os informantes do projeto ALMA‑H (Atlas Linguístico‑Contatual das Minorias Alemãs na Bacia do Prata: Hunsrückisch), no qual se in‑ sere esta pesquisa. É objetivo da presente pesquisa anali‑ sar os graus de uso e competência do Hochdeutsch entre falantes de hunsriqueano, nas localidades de pesquisa do Projeto. Com isso, pretende‑se aprofundar a compreen‑ são das relações entre standard e substandard no conta‑ to Hunsrückisch‑Hochdeutsch‑português. A metodologia utilizada segue a perspectiva pluridimensional e relacional (THUN 1996), como vem sendo desenvolvida no macropro‑ jeto ALMA‑H. Essa perspectiva busca confrontar os dados da variação linguística do alemão em diferentes dimensões de análise (diatópica, diageracional, diastrática etc.). A hi‑ pótese central que fundamenta a presente pesquisa é de que a competência dos membros dessas comunidades na norma culta varia conforme as situações de uso da língua (dimensão diafásica), representadas no corpus do Projeto por conversas livres, respostas ao questionário e leituras em português e alemão. Do mesmo modo, na dimensão diastrática, observa‑se que a escolarização monolingual em português tem levado a uma substituição da língua‑teto (Dachsprachenwechsel) do alemão pelo português, nas fun‑ ções formais e escritas de uso da língua. O OLHAR DO PROFESSOR EM FORMAÇÃO INICIAL SOBRE A PRÁTICA DA FORMAÇÃO CONTINUADA: PONTOS DE TENSÃO LÚCIA DE FÁTIMA SANTOS (UFAL) Resumo de Paper O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), iniciado em 2009, tem se consolidado como uma iniciativa importante na formação dos professores tanto da formação inicial quanto continuada, porque possibilita, além da troca de experiências, um movimento de reflexão sobre as práticas pedagógicas que resulta da parceria esta‑ belecida entre esses professores. A partir dos conceitos de interação, dialogismo e excedente de visão propostos por Bakhtin (1992 e 1997) e de reflexões sobre formação de profes‑ sores desenvolvidas na área de LA, como em Kleiman (2001), Oliveira (2012), Zozzoli (2008), entre outros, nesta comuni‑ cação temos como objetivo discutir aspectos relacionados às descrições e reflexões apresentadas pelos professores em formação inicial acerca das aulas que assistem como obser‑ vadores‑participantes, analisando a avaliação que propõem sobre essas aulas, tomando como base dados obtidos em anotações de campo e diários do banco de dados do PIBID/ Letras da Universidade Federal de Alagoas. Trata‑se de expe‑ riências desenvolvidas em três escolas da Rede Estadual de Ensino de Maceió, envolvendo um grupo de vinte alunos da licenciatura em Letras, cinco professoras da educação bási‑ ca e uma professora do curso de Letras/Ufal, que coordena o grupo. Conforme resultados preliminares, observamos que os professores em formação inicial expressam, em geral, de‑ cepção e questionamento acerca das práticas pedagógicas dos professores da formação continuada. 175 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada ETNOGRAFIA ONLINE: REPENSANDO MODOS DE CONSTRUIR CONHECIMENTO SOBRE SOCIABILIDADES LÚCIA GOMES PINHEIRO (UFRJ) Resumo de Paper Dentre as transformações sociais mais relevantes da con‑ temporaneidade, destaca‑se a formação dos espaços online aos quais tem afluído uma multiplicidade de sujeitos, exar‑ cerbando‑se o trânsito de significados. As interações que ali se forjam, constituem assim, uma instância em que as pes‑ soas encenam performances sociodiscursivas, construin‑ do‑se intersubjetivamente. Nesse sentido, as comunidades das redes sociais configuram um lócus rico para a investiga‑ ção de processos de (re)descrição de sociabilidades. Como abordagem viável de pesquisa dos contextos online, insi‑ nua‑se a etnografia virtual, que é, por um lado, emblemá‑ tica da responsividade da etnografia às mudanças sociohis‑ toricas possibilitadas pelas tecnologias digitais (HINE, 2005; 2000; ERICKSON, 1988). Por outro, tal vertente de pesquisa incrementa a reflexão epistemológica acerca, dentre outros aspectos, das noções de contexto e objeto, que a etnografia offline já vinha realizando, tornando premente, além disso, a reavaliação dos limites éticos do trabalho do/a etnógrafo/a. Diante do exposto, objetivo neste estudo problematizar minha atuação como pesquisadora‑participante em duas comunidades online cujos membros se reuniram em torno de sua opção comum, respectivamente, pela maternidade e pela não‑parentalidade. Privilegio as seguintes questões: o percurso de definição dos contextos de pesquisa e a pro‑ priedade de sua restrição à esfera online; as modalidades de minha observação participante e as precauções éticas ado‑ tadas. As conclusões apontam que a etnografia online como vertente ainda nova de investigação é marcada por dilemas teórico‑metodológicos que impõem decisões situadas, en‑ sejando o repensar dos modos de produção de conhecimen‑ to sobre sociabilidades. GÊNERO ARGUMENTATIVO: UM ESTUDO DE TEXTO LÚCIA HELENA MARTINS GOUVÊA (UFRJ) Resumo de Paper Este trabalho se insere na linha temática “Ensino e Aprendizagem de Língua Materna” e tem por finalidade apresentar uma proposta de estudo de texto de caráter ar‑ gumentativo. Para isso, será utilizado um corpus de textos midiáticos e empregadas duas teorias de base enunciativa: a teoria Semiolinguística do Discurso, de Patrick Charaudeau, e a teoria da Argumentação na Língua, de Oswald Ducrot (especificamente as duas primeiras fases). Pretende‑se tra‑ tar do processo da argumentação, levando em conta a ma‑ cro e a microestrutura textual, o que implicará, no primeiro caso, abordar os conceitos de “gênero textual” e “modos de organização do discurso” e, no segundo, estudar algumas “marcas linguísticas da enunciação” e aplicar o conceito de “orientação argumentativa”. Ao se explorar essa temática, será possível sinalizar o quanto emerge e como emerge a subjetividade na construção de texto, fato que indicará o papel determinante do sujeito da enunciação em seus dis‑ cursos. Por intermédio desse estudo, objetiva‑se alcançar o ensino de produção e de interpretação de texto, duas práti‑ cas escolares que ainda precisam evoluir em todos os níveis de instrução – ensino fundamental, médio e superior. 176 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada OPERAÇÕES DE RETEXTUALIZAÇÃO NA PRODUÇÃO TEXTUAL DE APRENDIZES DE PORTUGUÊS COMO LE‑ADICIONAL ESTUDO CONTRASTIVO ENTRE DUAS CLASSIFICAÇÕES PRAGMATICO‑FUNCIONAIS PARA PACOTES LEXICAIS LUCIANA AGUIAR DE OLIVEIRA (UFMG) LUCIA ROTTAVA (UFRGS) Resumo de Paper Resumo de Paper Operações de retextualização consistem de processos pe‑ los quais um determinado gênero textual é reelaborado ou produzido (Marcuschi, 2001) com características de outro gênero (Dell´Isolla, 2007). A retextualização de um deter‑ minado gênero textual está relacionada ao uso, ao contex‑ to de circulação, aos prováveis leitores, constituindo‑se em variáveis que orientam ou determinam a linguagem usada nesse processo. Esse processo se complexifica em se tra‑ tando de um contexto de ensino aprendizagem de língua adicional devido à configuração dos contextos em que a Língua Portuguesa é ensinada e das características de seus aprendizes (Rottava, 2009).O objetivo desta comunicação é descrever e analisar as operações de uso linguagem que os aprendizes de português língua adicional recorrem para a retextualização de um gênero a outro. Os dados sob aná‑ lise foram gerados em contexto de ensino e de aprendiza‑ gem em um curso de português para estrangeiros em uma universidade britânica no ano letivo de 2011/2012. Fizeram parte deste estudo doze aprendizes de português como LE‑adicional. As retextualizações resultam de uma trans‑ crição oral para uma produção escrita. A transcrição oral é um trecho do filme Amarelo Manga (2003), sob a direção de Cláudio Assis, assistido pelos participantes em sala de aula e, posteriormente, foi solicitada a retextualização. Os resul‑ tados indicam as operações mais recorrentes e a capacidade dos aprendizes lidarem com diferentes recursos da lingua‑ gem em português –língua adicional. A área de Ensino e Aprendizagem de Inglês como Língua Adicional tem recebido contribuições da Linguística de Corpus (LC) para a compreensão da língua em uso. Os pa‑ cotes lexicais, entendidos como sequências de palavras que comumente co‑ocorrem no discurso natural (Biber et al. 1999), destacam‑se como importantes fontes de significa‑ do no discurso. O estudo dos pacotes lexicais e de suas fun‑ ções motivou a elaboração de listas pragmático‑funcionais como as propostas por Biber et al. (2004), Hyland (2008) e Simpson‑Vlach & Ellis (2010). No presente trabalho, apre‑ sentamos um estudo comparativo entre as classificações de Simpson‑Vlach & Ellis e Hyland, pois ambas são basea‑ das em corpora acadêmicos e nosso objetivo, posterior, é melhorar a classificação atual do nosso grupo de pesquisa. O grupo vem trabalhando com pacotes lexicais extraídos do Br–ICLE. Os objetivos do presente trabalho são a) identificar qual classificação é a mais consistente, b) identificar quais categorias são mais problemáticas e c) implementar estra‑ tégias secundárias de desambiguação entre classificações. O estudo foi subdividido em quatro fases: 1) análise compa‑ rativa das duas classificações; 2) classificação de 50 bundles de quatro palavras, escolhidos aleatoriamente, por um gru‑ po de quatro pesquisadores utilizando, separadamente, as clasificações propostas por Simpson‑Vlach & Ellis e Hyland; 3) cruzamento das classificações a fim de verificar o índice de inconsistência entre as mesmas; 4) aplicação de questioná‑ rio de verificação das opiniões dos anotadores. Os resultados preliminares demonstram a ocorrência de inconsistências nas classificações dos pesquisadores. Constatou‑se que o grau de inconsistência é maior em determinadas categorias que apresentam sobreposição semântica (e.g. atenuadores e epistêmicos em Simpson‑Vlach & Ellis 2010), apontando para a necessidade de refinamento das classificações. 177 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O APRENDIZADO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA ATRAVÉS DA MULTIMODALIDADE PRESENTE EM JOGOS DE VÍDEO GAMES DE RPG LUCIANA BRAGA CARNEIRO LEÃO (FAETEC / UFF) Resumo de Paper Esta comunicação objetiva apresentar como a multimoda‑ lidade encontrada em jogos de videogame do gênero role‑ ‑playing game (RPG) pode contribuir para o aprendizado de língua estrangeira (LE). O número de pesquisas que apresen‑ tam metodologias de ensino através de ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) e desenvolvimento de materiais didá‑ ticos digitais têm crescido exponencialmente. No entanto, essas propostas, por vezes, representam apenas metodolo‑ gias e atividades já comuns em sala de aula apenas repro‑ duzidas no meio digital (Purushotma, Thorne & Wheatley, 2009). Já os alunos frequentemente fazem uso de filmes, séries, internet e vídeo game, dentre outras tecnologias, quando querem expandir seu conhecimento da LE por conta própria. Nesse uso, a língua deixa de ser o fim para assumir a posição de meio pelo qual o real objetivo do aprendiz – seja o entretenimento, completar o jogo, ou outro – será alcan‑ çado. E, uma vez que a aprendizagem de LE deixa de ser o objetivo principal, o nível de estresse e bloqueio do aprendiz diminui. Focou‑se então nos vídeo games de RPG, pois, além de oferecerem uma grande quantidade de insumo, esse é apresentado em um ambiente multimodal (Kress, 2004), o que não só facilita a compreensão, por fornecê‑lo através de diferentes caminhos cognitivos, como também propor‑ ciona retroalimentação corretiva (Lyster & Ranta, 2007). Averigua‑se nessa pesquisa o quão compreensível para os jogadores é o insumo oferecido ao longo do jogo. Para tal, busca‑se compreender quais as estratégias cognitivas utili‑ zadas pelos jogadores para extrair sentido dos textos, e se eles têm consciência de que as estão utilizando. Além disso, analisa‑se as formas com que a multimodalidade é usada como ferramenta para facilitar a compreensão, e se ela pro‑ porciona pistas cognitivas que facilitarão a revocação (re‑ call) do vocabulário. Por fim, verifica‑se também os níveis de motivação e filtro afetivo com relação ao entendimento dos textos em ILE durante as sessões de jogos. UM OLHAR PARA A NEGOCIAÇÃO DO EMPREENDIMENTO CONJUNTO DE UMA COMUNIDADE DE PRÁTICA DE FORMADORAS DE PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA LUCIANA CABRINI SIMÕES CALVO (UEM) Resumo de Paper O presente trabalho traz um recorte dos resultados de uma pesquisa de doutorado que teve como foco de investigação as interações de formadoras de professores de língua inglesa reunidas em um grupo de estudos (GE). Olhando para este GE como uma Comunidade de Prática (CP), apresento e dis‑ cuto, nesta comunicação, a análise do seu processo de ne‑ gociação do empreendimento conjunto. Em linhas gerais, CPs são definidas como grupo de pessoas com objetivos e interesses comuns que interagem contínua e regularmente com o propósito de se desenvolverem e se aperfeiçoarem em um domínio específico (Wenger, 1998, 2006). A ideia sub‑ jacente ao seu conceito é a de “parceria de aprendizagem” (Wenger, 2012) estabelecida entre aqueles que comparti‑ lham de uma mesma prática. As CPs são caracterizadas pelo engajamento mútuo, empreendimento conjunto e repertó‑ rio compartilhado (Wenger, 1998) e apresentam três elemen‑ tos que a diferenciam de outros grupos formais: o domínio, a prática e a comunidade (Wenger, McDermott, Snyder, 2002; Wenger, 2006). O corpus deste estudo se constitui de trans‑ crições das gravações em áudio de dezesseis encontros entre as formadoras durante o ano de 2010. Para a análise e dis‑ cussão dos dados, utilizarei alguns elementos do referencial de Análise de Discurso Crítica (Chouliaraki e Fairclough, 1999; Fairclough, 2001; 2003; 2005; 2011), procurando estabelecer um diálogo com os pressupostos de CP, como também vol‑ tando uma atenção especial para o uso da linguagem por parte dos seus membros. 178 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada DA INTENCIONALIDADE À PRÁTICA: A COLABORAÇÃO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA EM UM SUBPROJETO PIBID O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA, O USO DA VÍRGULA E A CONSCIÊNCIA METALINGUÍSTICA LUCIANA FARIA PEREIRA (UFRJ) LUCIANA CRISTINA DA COSTA AUDI (UNEB) TAISA PINETTI PASSONI (UNEB) Resumo de Paper Na atualidade vários autores têm discutido diferentes sen‑ tidos para colaboração, nas mais diversas áreas do saber. Especificamente na área de língua inglesa, tendências con‑ temporâneas têm apontado para a relevância do trabalho colaborativo na formação de professores, uma vez que este possibilita a produção do conhecimento por meio do encon‑ tro de profissionais que possuem experiências e trajetórias distintas, (re)construindo identidades por meio da legitima‑ ção do outro no processo de construção do saber. Entendendo que os princípios da colaboração permeiam os documentos referentes ao edital PIBID/CAPES, e em consonância com a proposta institucional do PIBID/UNEB 2011, a área de língua inglesa do Campus X submeteu um subprojeto, tendo como referência os trabalhos desenvolvidos por um grupo de pro‑ fessores do curso de letras inglês da Universidade Estadual de Londrina, com o intuito de promover práticas de forma‑ ção de professores que se coadunem com tais pressupostos. Nesse sentido o subprojeto intitulado Inovação Curricular e Formação de Professores de Língua Estrangeira, tem orga‑ nizado suas atividades em diferentes dimensões, quais se‑ jam: a) no planejamento, execução e avaliação conjunta de nossas atividades de sala de aula; b) nos encontros semanais para leituras e discussões teóricas; c) na inovação curricular, a partir de atividades localmente significativas desenvolvi‑ das dentro das salas de aula da Educação Básica, por meio do ensino colaborativo; d) na criação de possibilidades para pesquisas vinculadas a este processo de formação de pro‑ fessores. Consideramos que tais atividades são pautadas na colaboração, no sentido de que todos os professores partici‑ pantes do subprojeto – professores formadores, professores colaboradores e alunos‑professores. Desse modo, o presen‑ te trabalho pretende discutir alguns princípios da colabora‑ ção na formação de professores e investigar como as ações desse subprojeto tem sido implementadas na dinâmica de suas ações cotidianas. Resumo de Paper O ensino de língua materna no Brasil é marcado por uma va‑ lorização do conteúdo gramatical em detrimento de outras formas de aprendizagem da língua. Isso se observa e com‑ prova quando, em sala, o alunado rejeita trabalhos de leitu‑ ra e de produção textual, acreditando que essas são ativida‑ des à parte do processo de ensino‑aprendizagem da língua. “Eu não quero trabalhar textos, eu quero aprender português”, essa é uma frase que Kleiman (2008 [1993], p. 16) reproduz de um aluno e que, de formas diferentes, ouvimos facilmente nas escolas. No entanto, o que falta a muitas instituições, professores e alunos, em tais situações, é (re)conhecer e (re) pensar o objetivo do ensino de língua, isto é: permitir e dar recursos para que o indivíduo compreenda, reconheça, pro‑ duza e reflita sobre as mais variadas práticas discursivas da vida para fazer usos das mesmas quando julgar necessário e quando preciso for, da maneira que convier. Toda essa pro‑ blemática que circunda o ensino de língua materna resulta em grandes e graves deficiências na apropriação e uso da lín‑ gua – principal “ferramenta” de defesa contra a ignorância e a alienação. Chamam‑nos a atenção aqui as desordens que se relacionam ao mau uso da vírgula. Acredita‑se que essas revelem problemas relacionados, principalmente, à percep‑ ção da estrutura sintática do texto escrito. Nessa perspecti‑ va, reflete‑se sobre a necessidade de um ensino que objetive a consciência metalinguística, isto é, uma atividade “que tra‑ ta a linguagem como um objeto cujas propriedades podem ser examinadas a partir de um monitoramento intencional e deliberado.” (SPINILLO & SIMÕES, 2003, p. 537) Desse modo, o trabalho aqui proposto objetiva discutir (1) como os proble‑ mas no mau uso da vírgula revelam outros problemas mais gerais no ensino de língua portuguesa e (2) como esses po‑ dem ser amenizados e – por que não? – até resolvidos, a par‑ tir da criação de estratégias de ensino através dos estudos em metacognição e metalinguagem. 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada 179 AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM: COMUNICAÇÃO, INTERAÇÃO E DISCURSO EM UM CURSO SEMIPRESENCIAL DA UFRJ BRASILEIROS NÃO SABEM INGLÊS: CRENÇAS PROPAGADAS PELA MÍDIA VS CRENÇAS DIFUNDIDAS PELOS BRASILEIROS LUCIANA KINOSHITA BARROS (UFPA) LUCIANA GUIMARÃES RODRIGUES DE LIMA (SME/RJ) Resumo de Paper Resumo de Paper Este trabalho apresenta parte dos resultados de uma pesqui‑ sa de mestrado defendida no Programa Interdisciplinar de Pós Graduação Linguística Aplicada da Universidade Federal do Rio de Janeiro que teve como objetivos caracterizar as potencialidades e limitações das ferramentas e‑mail, chat e fórum em ambiente virtual de aprendizagem, assim como identificar os elementos que influenciaram na interação en‑ tre professor e alunos. Segundo Moita Lopes (2006), a partir do surgimento das novas tecnologias, as noções de realida‑ de, verdade, totalidade, espaço, tempo adquiriram concei‑ tuação diversa da tradicional, na forma com que as pessoas lidam com a informação e constroem o próprio conhecimen‑ to. A possibilidade de acesso generalizado às novas tecnolo‑ gias de comunicação e de informação proporcionou novas maneiras de viver, de trabalhar e de se organizar socialmen‑ te. Com as mudanças tecnológicas, culturais, econômicas e históricas vivenciadas, vê‑se que os trabalhos de Lingüística Aplicada (LA) do início do novo milênio buscavam compreen‑ der as implicações políticas na prática. Desse modo, a aná‑ lise privilegiou o registro dos discursos nas ferramentas di‑ gitais. Com relação aos aspectos relacionados aos significa‑ dos dos termos interatividade e interação, a relevância nos estudos da linguagem, educação e tecnologia se basearam nos estudos de Anderson (2003), Moore (2007), Silva (200), Belloni (1999), Leffa (2005), Kenski (2007) e Primo (2003). O objeto de estudo dessa pesquisa são as crenças sobre en‑ sino/aprendizagem (E/A) de Inglês como Língua Estrangeira (ILE) de uma notícia intitulada Nível de inglês de brasileiro é considerado “muito baixo” em ranking, publicada em 24 de outubro de 2012 na internet, e dos comentários que foram postados sobre ela. Com essa investigação pretendemos traçar um panorama de como brasileiros veem sua própria relação com o E/A de ILE em um momento em que o país pre‑ cisaria estreitar ainda mais as relações com o atual idioma mundial já que em breve sediará dois importantes eventos esportivos mundiais, além de também mostrar como a mí‑ dia retrata essa relação. Para alcançar o objetivo traçado analisamos os dados a partir das concepções de crenças sobre ILE (e suas respectivas aplicações no E/A de línguas) defendidas por teóricos como Barcelos (2011), Conceição (2011), Lima (2011) e Paiva (2010). Primeiramente buscamos identificar as crenças que perpassam a notícia e os comen‑ tários para então compará‑los procurando constatar até que ponto eles se diferenciam, se igualam, se completam ou se contradizem. Resultados preliminares indicam que a opinião do público não está muito distante das ideias pro‑ pagadas pela mídia, uma vez que ambas as partes têm seu discurso fundamentado em crenças bastante pessimistas, o que gera o sentimento de que a notícia apenas divulga uma pesquisa que confirma o que todos já sabiam, pois, com al‑ gumas raras exceções, os comentários aparentam ser for‑ mados por discursos construídos de forma alienada a partir de outros discursos (midiáticos ou não) e/ou experiências de vida que levam os brasileiros a verem o E/A de ILE no país com muito pessimismo. 180 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada PROCESSOS DE RACIALIZAÇÃO EM UM PROJETO DE LETRAMENTOS QUEER LUCIANA LINS ROCHA (UFRJ) MEMÓRIA E PRESCRIÇÃO NO ENSINO DE ESPANHOL NO BRASIL: MANUAIS DO PROFESSOR LUCIANA MARIA ALMEIDA DE FREITAS (UFF) Resumo de Paper A teoria queer, uma posição epistemológica que desconfia de naturalizações causadoras de sofrimento (Louro, 2004), apresenta‑se como uma teorização fecunda para abalar o letramento escolar em relação a formas de produção de co‑ nhecimento que naturalizam algumas performances como mais adequadas que outras, engendrando certas normas tá‑ citas a que alunos(as) vêem submetidos(as). Dentre tais nor‑ mas tácitas podemos apontar a heterossexualidade com‑ pulsória, já que os(as) ‘desviantes’ sabem o quão hostil pode ser a escola. O sucesso escolar estaria relacionado também à encenação de performances consideradas adequadas. Considerando a naturalização da hipersexualização dos homens negros, coloca‑se igualmente dentre tais normas tácitas a heterosexualidade imposta a meninos negros com muito mais força que aos brancos. Isso se mostra quando nossa ‘consciência’ para a diversidade nos leva a relacionar a homofobia ao racismo, numa comparação capciosa que pode resvalar para a total abjeção dos negros homoafetivos (Sommerville, 2000; Barnard, 2004). O objetivo deste tra‑ balho é discutir processos de racialização e sexualidades du‑ rante a implementação de um projeto de letramentos queer na minha própria sala de aula de ILE em uma escola pública na cidade do Rio de Janeiro no ano de 2010. A turma focal apresentava dois alunos homoafetivos e suas trajetórias ao longo do processo são aqui consideradas à luz dessas ques‑ tões. Enquanto o aluno branco estilizava um “gay assumido”, o aluno negro estilizava um “macho hegemônico”, apontan‑ do para tais normas tácitas impostas pelo letramento esco‑ lar. A estilização (Coupland, 2007) é aqui tomada como nor‑ te para análise do discurso encenado durante o processo, já que ela é posta em ação a partir da tensão entre performan‑ ces sedimentadas e novos sentidos. Resumo de Paper Esta comunicação tem o objetivo de apresentar um dos pro‑ jetos do Grupo de Pesquisa Práticas de linguagem, trabalho e formação docente (UFF), cujas investigações articulam práticas discursivas e práticas sociais, em especial, no que diz respeito ao trabalho docente. Em sua primeira etapa, a presente pesquisa teve como meta realizar um levantamen‑ to dos livros didáticos de espanhol, com foco nos manuais do professor. Foram levantados apenas livros dirigidos ao ensino regular e produzidos no Brasil ao longo do século XX, considerando como marco inicial o ano de 1925, quando se incluiu a disciplina no Colégio Pedro II. Com isso, foi possível averiguar a existência e as características dos manuais do professor encontrados e, a partir desses dados, construir um panorama analítico das presenças, ausências e dos seus for‑ matos, considerando que tais elementos produzem sentidos acerca do papel do professor e da disciplina. Em sua segunda etapa, foram realizados dois recortes para análise: (1) uma comparação entre o manual mais antigo encontrado, de 1990, e os das coleções selecionadas pelo Programa Nacional do Livro Didático – PNLD 2011; (2) um estudo dos fragmentos que citam ou que se dirigem ao docente em livros didáticos produzidos entre 1942 e 1961, único período do século XX em que o espanhol foi disciplina obrigatória no Brasil. As análi‑ ses foram realizadas a partir da compreensão de que esses textos integram e prescrevem o trabalho docente. Para as análises, foi fundamental a contribuição teórica da concep‑ ção dialógica de linguagem (BAKHTIN, 2003; VOLOSHINOV, 2009), em especial do conceito de gênero discursivo, e suas relações com os estudos sobre o trabalho, em especial, a abordagem ergológica da atividade (SCHWARTZ, 1997). Por meio desta pesquisa, busca‑se promover o conhecimento do gênero discursivo manual do professor e de questões relacio‑ nadas à história do ensino de espanhol no Brasil. 181 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada ESCRITA COLABORATIVA E LEITURA SOCIAL: NOVOS RELACIONAMENTOS ENTRE LEITOR, AUTOR E TEXTO OS DESAFIOS DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO PIBID – INGLÊS LUCIANE STURM (UPF) LUCIANA NUNES VITER (UFRJ) Resumo de Paper Resumo de Paper A linguagem é uma tecnologia construída ao longo do tem‑ po através de múltiplas interações (KENSKI, 2008) e a sua re‑ presentação escrita tem sido uma das principais ferramen‑ tas para registro e transmissão de conhecimentos da civili‑ zação humana. Os dispositivos para escrita e leitura evoluí‑ ram de superfícies sólidas como pergaminhos e papiros, até chegarem ao uso mais amplo do papel quando da invenção da imprensa no Século XV, por Gutenberg. Atualmente, ocor‑ re uma nova revolução nos suportes para leitura e escrita, desencadeada pelo desenvolvimento acelerado das tecnolo‑ gias de informação e comunicação e pela popularização de aparelhos que facilitam a leitura em tela como e‑readers e tablets. Estas transformações ocorrem principalmente em função dos níveis de mobilidade e interatividade proporcio‑ nadas por estes equipamentos e pelas características muito específicas da hipermídia e do hipertexto neles utilizados, que modificam não apenas o forma to de reprodução, mas também a própria estrutura da produção e da leitura dos textos que habitam estes meios (CHARTIER, 1994). Assim, gê‑ neros textuais anteriores a essas mudanças se modificam, enquanto outros gêneros inéditos emergem a partir de no‑ vas dimensões comunicativas possibilitadas pelas inovações tecnológicas. Pretende o presente trabalho investigar os fenômenos da escrita colaborativa e da leitura social nesses contextos, buscando identificar as características desses no‑ vos relacionamentos entre leitor, autor e texto e os possíveis impactos dessas mudanças nos processos da leitura e da for‑ mação do leitor. O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) criado pela CAPES é uma iniciativa ao aperfeiçoamen‑ to e à valorização de professores para a educação básica, promovendo a inserção dos acadêmicos no contexto das escolas públicas desde o início da sua formação universi‑ tária, proporcionando‑lhes oportunidades de criação e de participação em experiências metodológicas, tecnológicas e de práticas docentes de caráter inovador e interdisciplinar para a superação de problemas identificados no processo de ensino‑aprendizagem. Nesse contexto, esta comunica‑ ção tem como objetivo apresentar e discutir o subprojeto Letras–Inglês, da Universidade de Passo Fundo, que está sendo desenvolvido em 2 escolas estaduais e 1 municipal, no município de Passo Fundo, envolvendo dezoito acadêmicos e três professoras de Língua Inglesa. O foco do subprojeto, iniciado em agosto de 2012, está no desenvolvimento do letramento crítico, a partir das Orientações Curriculares Nacionais (2007) e no Referencial Curricular – Lições do Rio Grande (Vol.1, 2009), centrado na temática a influência da língua inglesa na cultura brasileira. Na primeira etapa do subprojeto, os bolsistas estiveram presentes nas escolas e nas aulas de inglês, por 6 meses, realizando a investigação da realidade escolar, com a contextualização, diagnósticos e levantamento de dados, por meio de entrevistas e aplicação de questionários. Serão apresentados, portanto, dados ricos e reveladores, cujas análises e reflexões visam a ações inova‑ doras que darão continuidade ao projeto. Paralelamente a isso, os bolsistas têm sessões semanais e sistemáticas de es‑ tudo de textos científicos e de aperfeiçoamento linguístico. Nesses encontros, de posse da fundamentação teórica, há espaço para discussões de alternativas de intervenção e pla‑ nejamento de sequências didáticas, com vistas à promoção e à qualificação do ensino, por meio da docência comparti‑ lhada, envolvendo bolsistas. 182 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O ENSINO DA ARGUMENTAÇÃO A PARTIR DO CONCEITO DE GÊNEROS DO DISCURSO: CONTRADIÇÕES E PERSPECTIVAS O DESEJO DE SABER E SUAS IMPLICAÇÕES NO ENSINO E APRENDIZAGEM DA LÍNGUA INGLESA LUCIANO NOVAES VIDON (UFES) LUCIENE PIRES NEVES (UNITAU) Resumo de Paper Resumo de Paper Neste trabalho de pesquisa, perguntamo‑nos a respeito das concepções, propostas didático‑pedagógicas e práticas de ensino da argumentação e de gêneros do discurso argumen‑ tativo encontradas, atualmente, no ensino de língua portu‑ guesa, especialmente no ensino médio. O objetivo é discutir como questões referentes à subjetividade, estilo e autoria tem se tornado objeto de ensino em relação a gêneros do discurso argumentativo e, também, como enunciados per‑ tencentes a esses gêneros têm sido realizados na esfera social mais ampla e na escolar, mais particularmente. Tal objetivo é buscado a partir da teoria bakhtiniana da lingua‑ gem, de sua metodologia dialógica (BAKHTIN/VOLOSHINOV, 2010; BAKHTIN, 2010a; BAKHTIN, 2010b; MEDEVIÉDEV, 2012; AMORIM, 2001; MIOTELLO; 2012), e, também, de um corpus de enunciados constitutivos do contexto de interação esco‑ lar. Trabalhamos com a hipótese de uma tensão enunciativa que se constitui entre os regimes discursivos (AMORIM, 2001) de gêneros consagrados e legitimados pela escola e pela so‑ ciedade e os quereres‑dizer dos locutores (BAKHTIN, 2010a). Dentro dessa perspectiva, analisamos situações de ensi‑ no‑aprendizagem da linguagem escrita colocando em dis‑ cussão as relações dos sujeitos com os gêneros do discurso dissertativo‑argumentativo privilegiados, atualmente, pelo universo ideológico escolar. Os resultados, até o momen‑ to, apontam para o que temos denominado “pedagogia da dessubjetivação”, na qual uma concepção ao mesmo tem‑ po subjetivista‑idealista e objetivista‑abstrata, nos moldes da crítica bakhtiniana às duas vertentes linguístico‑filosó‑ ficas predominantes no início do século XX, ainda perma‑ nece como horizonte discursivo e ideológico do ensino de língua portuguesa neste início do século XXI. Esperamos, com essa proposta de trabalho, avançar na investigação si‑ tuada, participante e dialógica, dessas práticas linguístico‑ ‑pedagógicas e na crítica propositiva de suas concepções e bases epistemológicas. É de conhecimento a posição hegemônica ocupada pela lín‑ gua Inglesa no mundo globalizado, as representações sócio‑ ‑historicamente compartilhadas de que o inglês é essencial para a inserção no mercado de trabalho e seus atraentes meios de divulgação e disseminação cultural através de mú‑ sicas, filmes e jogos. Sendo assim, não está claro se tudo isso seria o suficiente para que o aluno da rede regular de ensino, principalmente o da rede pública adira à língua, se engaje em seu aprendizado e consequentemente usufrua dos be‑ nefícios que o aprendizado dessa língua pode oferecer. Este estudo, que parte dos pressupostos da Análise do Discurso de linha Francesa e também de alguns conceitos oriundos da psicanálise visa a investigar, problematizar e entender essa resistência e autoexclusão do aluno quanto ao aprendizado da LI, em especial na escola regular pública. Como material de pesquisa foram utilizados transcrições da fala dos alunos, coletadas durante algumas aulas ministradas pelo próprio professor‑pesquisador e respostas fornecidas a partir de um questionário informal, nas quais foram destacadas algu‑ mas regularidades no corpus discursivo que denunciaram a função crucial do desejo de saber que por sua vez propicia a identificação do aprendiz com o professor e com a disci‑ plina em questão. Tal identificação dará início ao processo transferencial, acionando e possibilitando, então, a aprendi‑ zagem. Em última instância, este estudo tem como objetivo contribuir para um processo de ensino e aprendizagem de LI mais significativo na Escola Regular Pública. 183 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada LINGUAGEM MIDIÁTICA E COLABORAÇÃO CRÍTICA NO ENSINO‑APRENDIZAGEM DA LÍNGUA ESTRANGEIRA ESCOLHER RENUNCIAR: OS DISCURSOS TEÓRICOS [DOS ESTUDOS DA LINGUAGEM] E SEUS DUPLOS LUCILENE SANTOS SILVA FONSECA (CENTRO PAULA SOUZA) LUIS FERNANDO PROTASIO (UNICAMP) Resumo de Paper Resumo de Paper Este trabalho enfoca a formação de professores em um cur‑ so de licenciatura, inglês e espanhol, em uma Faculdade de Jandira/SP. Está, de forma geral, voltado à compreensão e transformação dos sentidos e significados atribuídos pelos alunos‑professores e professora‑pesquisadora, ao ensino da Língua Estrangeira (LE), em contexto escolar, organizado como atividade de formação de professores pré‑serviço, em aulas de Prática de Ensino de LE. Embora essa seja uma área considerada prioritária pelo Governo Brasileiro, de acordo com o Censo da Educação Superior 2010, publicado em 2012 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), há um decréscimo no número de alunos matriculados em cursos destinados à formação de professores. Na área do ensino de LE, também nota‑se um crescente desinteresse pela docência, o que tem ocasio‑ nado o fechamento de cursos de letras por falta de alunos. Em Estados como Piauí e Paraíba, simplesmente não há docentes para ministrar espanhol nas escolas (INEP, 2012). Na avaliação de Celani (2009), existe uma descrença geral no meio educacional em relação à área. Para ela, no entan‑ to, a situação tende a se reverter (...)”. Não há duvida de que, para mudar esse quadro, muito há de se propor para incen‑ tivar os estudos e motivar os alunos à docência de línguas estrangeiras. Há necessidade de inovações, uso de novos recursos que favoreçam o ensino‑aprendizagem da língua estrangeira. Estudos de Bianconcini de Almeida, já em 2003, apontam para esta necessidade e, nesse contexto, para a utilização das mídias digitais, que ganham destaque por serem excelentes recursos e oportunizarem a expansão do olhar do professor e do aluno para novos horizontes no dia a dia da sala de aula. A Linguagem midiática, hoje, já se encon‑ tra presente nos espaços escolares, embora nem sempre da forma desejada. Este trabalho, como já apontei, centra‑se na formação de professores de línguas, principalmente os de língua estrangeira. Diferentemente do No contemporâneo contexto teórico dos estudos da lingua‑ gem e, em particular, dos estudos da tradução, os discursos produzidos e disseminados parecem cada vez mais deferir em favor da precariedade das distinções absolutas que mar‑ cariam aquilo que, classificado como sistemático, tradicio‑ nal, clássico, exigiria, portanto, uma leitura desconstruti‑ va salvadora. Projetados fundamentalmente a partir dos modelos da filosofia continental, esses discursos atribuem ao século 20 (em especial, à sua segunda metade − a fami‑ gerada “pós‑modernidade”) a superação dessas distinções (teoria e prática, corpo e espírito, material [real] e simbólico, original e tradução) e o apagamento das fronteiras que, nes‑ sa leitura, ameaçariam o sucesso do sagrado projeto demo‑ crático. Entretanto, ao renunciar às fronteiras e revogar as distinções, criando um espaço ambíguo transterritorial fun‑ dado na coincidência (em certo sentido, o espaço reclamado pela LA), o que se produz, na maioria das vezes, é um discur‑ so totalitário que coloca ênfase naquilo que supõe abando‑ nar, isto é, cliva o mecanismo (político) da proibição e repete a lógica (econômica) da simbolização. É o que lemos, por exemplo, nos exercícios filosóficos de Agamben (2010), que reduz zoé e bíos ao Dasein, e do próprio Derrida (2009), que, ao desconstruir a mesma distinção, apela finalmente para o poético. Especificamente nos estudos da tradução, tais dis‑ cursos manifestam‑se nas noções de Aufgabe como “tarefa‑ ‑renúncia” (BENJAMIN, 2010) e de survie como “sobrevivência/ sobrevida” (DERRIDA, 1986) − duplos carregados de valor ético, social, religioso, simbólico. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é pensar as possibilidades de um discurso teórico que, de fato, supere as distinções absolutas, mas seja eman‑ cipatório, aberto a uma nova abordagem da coincidência de duas diferenças e capaz de agenciar a passagem do clone ao avatar sem reincidir no poder soberano de uma [bio]política dominada pela sacralização da diferença. 184 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada RELATOS DE VIAGEM ENQUANTO OBJETOS DE INVESTIGAÇÃO LINGUÍSTICA LUIZ BARROS MONTEZ (UFRJ) Resumo de Paper Um texto escrito no passado pode trazer mais ou menos in‑ formação historiográfica acerca da época de sua produção, dependendo não somente de sua natureza, mas também do modo como ele é investigado. Vale dizer, um único e mesmo texto pode mostrar‑se opaco ou pouco informativo para um historiador, enquanto para outro se mostra elucidati‑ vo e rico em informações. Examinado do ponto de vista de suas razões semânticas mais profundas, ou seja, como um “enunciado” (cf. Bakhtin), o objeto textual pode se apresentar como homogêneo e simples para um investigador, ao mes‑ mo tempo em que se apresenta atravessado por fraturas e como um objeto complexo para outro. Este último investi‑ gador, munido com um arsenal teórico que dê conta destas fraturas, certamente estará mais habilitado a extrair do tex‑ to um maior número de e mais ricas informações do que o primeiro. Parece bastante claro que, para que isso possa ser realizado, é fundamental reconhecer o documento textual como prática social concreta em meio aos conflitos e inte‑ resses econômicos, políticos e ideológicos da época em que foi produzido. Contudo, o que não é tão claro é que, para se levar a cabo esse reconhecimento, não basta o levantamen‑ to das condições históricas em que o texto em questão foi escrito – aí incluída a biografia do autor, ou mesmo a inves‑ tigação de suas motivações psicológicas – desvinculado dos seus aspectos linguísticos constitutivos particulares. É im‑ prescindível o reconhecimento prévio do texto como prática discursiva específica, isto é, verificar em sua morfologia os elementos que o alinham como “unidades, conjuntos, séries e relações”. Somente assim se pode conceber o documento como prática social concreta, e não como um ato abstrato póstumo às práticas não semióticas. Com base nessa consi‑ deração preliminar, examino nesta comunicação um pouco mais atentamente um gênero textual específico, os relatos de viagens, analisando o que eles representam enquanto ob‑ jeto de reflexão linguística. A ATUAÇÃO DO TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LIBRAS/ PORTUGUÊS EM SITUAÇÃO DIALOGAL: UMA PROPOSTA DE REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA SITUAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO LUIZ CLÁUDIO DA SILVA SOUZA (UFRJ) Resumo de Paper Este trabalho tem como objetivo analisar os esquemas elaborados para descrever a atividade de comunicação e tradução. Este texto percorre desde uma concepção meca‑ nicista da linguagem proposta por Jakobson (1971) até uma abordagem discursiva da tradução elaborada por Corrêa (2007), com base na Análise Semiolinguística do Discurso. Analisaremos, em primeiro lugar, alguns esquemas propos‑ tos para explicitar a maneira das trocas linguageiras deter‑ minadas na situação de comunicação (Charaudeau, 2010). O principal objetivo é propor um esquema para a interpre‑ tação da língua de Sinais/Português. Assim sendo, nossa proposta contemplará situações em que todos os parceiros das trocas linguageiras estejam presentes fisicamente na Circunstância Discursiva. Para isso, necessitaremos inicial‑ mente detalhar a especificidade da tradução e interpreta‑ ção de uma língua de modalidade visual‑espacial para uma de modalidade oral‑auditiva e vice‑versa que permitirá uma proposta de representação esquemática adequada à situa‑ ção de interpretação intermodal. 185 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA EM UMA HISTÓRIA DE APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA SOB A PERSPECTIVA TRIDIMENSIONAL DO DISCURSO LUNARA DAVID GOLÇALVES (UFV) RAFAEL BARCELLOS DE MORAES (UFV) Resumo de Paper No presente trabalho, analisamos uma História de Aprendizagem de Língua Inglesa, de um professor recém‑for‑ mado em Letras, sob o viés da Análise do Discurso Crítica de linha francesa, mais precisamente da Teoria Social do Discurso (TSD) proposta por Norman Fairclough (2001) e da Gramática Sistêmico‑Funcional (GSF) proposta por Michael Halliday (1994). Sob a perspectiva tridimensional do discurso presente na TSD o discurso é visto como texto, prática discur‑ siva e prática social. Pela perspectiva da GSF, podemos iden‑ tificar como funciona o sistema de significados, que Halliday associa a três metafunções: interpessoal, ideacional e tex‑ tual. Por meio delas podemos identificar como o discurso se organiza, explicar o uso da língua a partir das necessidades e propósitos do sujeito narrador em determinados contextos. Desta forma, buscamos identificar (i) como se dá o processo de construção da identidade como professor/aluno do sujei‑ to narrador, e (ii) as relações sociais com os sujeitos presen‑ tes no discurso. Nossas conclusões, através da análise dos elementos linguísticos presentes no discurso, nos levam a acreditar que a identidade é mesmo um processo, assim sendo, está em constante construção devido às relações so‑ ciais e as práticas discursivas dos sujeitos que participam do processo de construção identitária. GÊNEROS MULTIMODAIS, MULTILETRAMENTOS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES LUZINETE CARPIN NIEDZIELUK (FMP) Resumo de Paper Esta comunicação apresenta a importância do uso dos pos‑ tulados sobre multimodalidade na formação de professores do curso de Pedagogia, quarta fase de uma instituição públi‑ ca do município de Palhoça. Nosso objetivo foi buscar capa‑ citar os(as) alunas(os) de tal curso a obterem o letramento visual e fazerem uso do mesmo em suas aulas na educação infantil. Para tal, recorremos aos fundamentos da Gramática do Desenho visual para a compreensão da multimodalidade, dos multiletramentos, aliados aos pressupostos enunciati‑ vo‑discursivos de abordagem sócio‑histórica do Círculo de Bakhtin. A metodologia utilizada é a dialógica e qualitativa. Como resultados pudemos perceber que estes alunos(as) no decorrer de um semestre modificaram e, consequentemen‑ te, ampliaram sua forma de observar os textos/discursos e sua maneira de trabalhar com estes textos/discursos que apresentem em sua composição além do texto verbal ima‑ gens, o quê antes para eles era pouco representativo passou a ser de muita relevância. Com isso, comprovou‑se a contri‑ buição do letramento visual para a formação docente. 186 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada BETWEEN THE LAW AND THE PEOPLE : THE DYNAMICS OF LINGUISTIC POLICY AND LANGUAGE CULTURE WHO ARE THEE: VOZES SILENCIADAS NA AULA DE LINGUA ESTRANGEIRA MADSON GOIS DINIZ (UFPE) LYNN MARIO TRINDADE MENEZES DE SOUZA (USP) Resumo de Paper Resumo de Paper Schiffman (1996) called attention to the fact that language policies are inseparable from what he defined as ‘linguistic cultures’; as such, far from merely consisting of documents, he considered it is important to identify the plurality of dis‑ courses and ideologies in which language policies are embed‑ ded, conceived, formulated and implemented. This plurality in turn may produce discrepancies and conflicts throughout the process of production and implementation laying bare the inherently normative and excluding character of such policies. This paper discusses aspects of this complexity also approached by Ball (2006), Luke & Hogan (2006), Snyder (2008) e Rizvi & Lingard (2010) who take into consideration the genealogy, the context, the process of formulation, the writing, and the implementation of language policies. In or‑ der to illustrate this complexity, the paper focuses on the concept of ‘mother tongue’ (Khubchandani 1994,1998; Gupta 2000; Pattanayak 1990; Agnihotri 1994) and the ethical and epistemological implications of such a concept for language normatization, orality and literacy practices and for identi‑ ty issues in a community. Also connected to this is the issue of how language policies conceive the educational process itself: varying from a mere transmission of knowledge to a process of developing citizenship. The paper is based on re‑ search carried out in Goa, India and in indigenous education policy in Brazil (Menezes de Souza 2007, 2008, 2011). Sendo a cultura vista enquanto conflito político no meio dos significados atribuídos às ações dos indivíduos localizados na mesma fronteira de relações de poder (Quantz, 1992), a sala de aula de língua estrangeira é um território de (res) significação de identidades e embates. Nesse sentido, a co‑ ‑existência de culturas dominantes e dominadas, remete a definição de Giroux (1992) ao propor o antagonismo das re‑ lações de poder, a partir dos quais, o dito e o interdito são construções históricas clivadas de gradiente ideológico, as‑ sumidas ou não pelo sujeito. Por sua vez, os discursos dos espaços educacionais passam pelo efeito de sentido dos interlocutores através da capacidade de percepção de si, do outro e do hibridismo cultural. Se a sociedade é refletida na linguagem com seus valores e verdades, conforme pontua Lakoff (1973), como tais imagens sociais são representadas e construídas para os aprendizes de língua estrangeira? – Assuntos como as minorias étnicas ou LGBTI não alcançam os lócus dos livros‑texto, das formações de professores e do cotidiano da sala de aula. As questões acerca da teoria de gê‑ nero e queer têm merecido cada vez mais destaque no âmbi‑ to da linguística aplicada crítica, com vistas a uma discussão mais efetiva dos papéis e identidades de professores e apren‑ dizes no processo de ensino‑aprendizagem de língua estran‑ geira. Entretanto, a incipiente visão de alteridade entre os atores partícipes do processo educacional, parece dificultar o desenvolvimento de uma atitude tolerante, ou ainda, tor‑ nam o debate mais emergente. O objetivo dessa comunica‑ ção é refletir sobre a percepção de professores e alunos de língua estrangeira do Ensino Médio de uma escola pública de Recife–PE, acerca da temática LGBTI e como a clivagem do discurso eu‑outro demarca um entre‑lugar entre os valores culturais assinalados pela língua materna em detrimento dos valores culturais da língua alvo ou estrangeira. 187 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada UMA PROPOSTA DE ABORDAGEM DO PROCESSO DE SELEÇÃO DE LIVROS DIDÁTICOS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES A ABORDAGEM DA REFERENCIAÇÃO EM TEXTOS MIDIÁTICOS NO ENSINO FUNDAMENTAL MAITÊ MORAES GIL (UFRGS) MANUELA COLAMARCO PEREIRA (UFRJ) FABIANA DA COSTA GONÇALO (UFRJ) Resumo de Paper O livro didático desempenha um papel significativo no cená‑ rio educacional brasileiro: ele constitui um dos poucos gêne‑ ros impressos ao qual uma expressiva parcela da população tem acesso, sendo, algumas vezes, o principal material de leitura de professores e alunos. O livro didático é um mate‑ rial sedutor, uma vez que propicia, por um lado, certa pratici‑ dade ao trabalho pedagógico e, por outro, uma atração para o aluno que encontra um material com aspecto visual envol‑ vente, graças à crescente preocupação das editoras com os projetos gráficos. Em alguns contextos, o LD é responsável, inclusive, pela organização do currículo. Diante desse cená‑ rio, objetivo deste trabalho é argumentar que o processo de formação de professores deve abordar a questão do LD em suas diferentes dimensões: política, histórica, ideológica, econômica, pedagógica etc. Dentre essas esferas, o foco escolhido para este estudo é o processo de seleção de livros didáticos. Para tanto, são analisadas qualitativamente as resenhas do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) dedicadas aos volumes de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental (2011). Além disso, são explorados os critérios de análise de pesquisas cujo objeto de análise são os LDs, a fim de que seja apresentada uma proposta de capacitação para a análise e escolha dos LDs nos cursos de Licenciatura em Letras. Os resultados da investigação desenvolvida pos‑ sibilitam a elaboração de um roteiro de análise que pode orientar os professores na seleção dos LDs a serem por eles adotados. Conclui‑se, então, que uma discussão sistemática sobre a análise e a escolha dos LDs na formação de professo‑ res pode favorecer o trabalho com esses materiais didáticos em sala de aula. Resumo de Paper A presente pesquisa tem por objetivo reunir as contribuições do processo de referenciação a um trabalho mais produtivo com o texto em sala de aula no Ensino Fundamental, princi‑ palmente no que se refere às atividades de leitura e interpre‑ tação. O corpus sob análise constitui‑se de textos do ramo midiático, pertencentes aos gêneros notícia, artigo de opi‑ nião, editorial e reportagem. Esses textos encontram‑se em duas coleções de livros didáticos para o Ensino Fundamental, aprovadas pelo PNLD–EF‑2011. Tem‑se um total de oito livros e, nesses livros, 70 textos e 387 exercícios foram analisados. Neste trabalho há o desenvolvimento de duas etapas: (i) uma análise quantitativa para mostrar as ocorrências das atividades com referenciação em relação ao número total de exercícios dos textos; e (ii) uma análise qualitativa, bus‑ cando observar a qualidade das atividades encontradas, no que tange à contribuição para uma leitura mais produtiva por parte do aluno, principalmente em relação às escolhas lexicais reveladoras de intencionalidade do autor do texto. Adotou‑se como suporte teórico deste trabalho estudos com base na Linguística do Texto, destacando as obras de Koch (2004, 2006, 2008), Koch & Elias (2006), Marcuschi (2008), Cavalcante et alii. (2003), Cavalcante (2011), Mondada (2001), dentre outros. A pesquisa mostrou que, apesar da indiscutível importância da referenciação para o ensino de LP que hoje se faz necessário, ainda há pouco material sobre o tema disponível para o Ensino Fundamental. Sabemos que, na academia, esse tema é bastante estudado e sua relevân‑ cia é inquestionável. No entanto, ainda há muito que fazer para levá‑lo até a sala de aula por meio de metodologias e materiais a serem desenvolvidos. Por isso, na segunda etapa da pesquisa, com vias a auxiliar professores que se interes‑ sem pelo tema em questão, são propostos materiais didáti‑ cos, organizados também a partir de textos midiáticos, pos‑ síveis de serem aplicados a alunos do Ensino Fundamental. 188 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A RESSIGNIFCIÇÃO DA ATIVIDADE DE LEITURA EM LÍNGUA INGLESA: EXPERIÊNCIA EM UMA ESCOLA PÚBLICA MARA CRISTINA FERREIRA CUNHA (PUC–SP) A LÍNGUA INGLESA NO CONTEXTO DE FORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA: É FRANCA OU AINDA CULTURALMENTE IMPLICADA? MARALICE DE SOUZA NEVES (UFMG) Resumo de Paper Este trabalho tem como objetivo descrever e interpretar o fenômeno ressignificação da atividade de leitura em lín‑ gua inglesa de um grupo de alunos do ensino médio em uma escola da rede pública estadual da cidade de São Paulo em aulas planejadas a partir da contribuição dos estudan‑ tes. A fundamentação teórica dessa pesquisa está baseada em textos sobre a formação do professor reflexivo (Celani, 2002, 2010), a atividade de leitura (Christine Nuttall, 1996; Françoise Grellet, 1990) e a complexidade (Moraes, 2008, 2008a; Morin, 2006a, 2006b). Esta pesquisa será realizada à luz da Abordagem Hermenêutico‑Fenomenológica (van Manen, 1990; Freire, 2009, 2010). Questionários, diários reflexivos, notas de campo e entrevistas são os instrumen‑ tos de coleta de dados. Até o momento, a interpretação dos dados parece indicar que esses alunos expressam o desejo de estudar a língua inglesa, apresentam resistência a traba‑ lhos comuns nas aulas de inglês da escola pública, como por exemplo, a tradução e o estudo calcado na gramática. Assim, esta pesquisa pretende contribuir para a área de formação de professores, fornecendo informações relevantes sobre a prática de leitura em língua inglesa. Resumo de Paper O objetivo deste trabalho é contribuir com o debate rela‑ cionado ao ensino e à aprendizagem de inglês como língua estrangeira (LE) ao problematizar a disseminação global da língua inglesa (LI) e sua consequente discussão de que, como lingua franca, o inglês deixa de carregar o mito do fa‑ lante nativo e não se atrela mais às suas culturas de origem (cf. SEIDLHOFER, 2003). Pretende‑se apresentar tendências enunciativas que levam a representações identitárias emer‑ gentes da relação entre sujeitos brasileiros universitários com sua língua e cultura de origem no encontro com outros sujeitos falantes da língua inglesa, nativos ou não, de paí‑ ses onde essa língua é nacional para discutir de que forma a LI, em processo de mudança de status de língua possuída somente pelo falante nativo para o status de língua tam‑ bém pertencente ao não nativo (WIDDOWSON,1994) poderá influenciar a constituição da identidade dos falantes brasi‑ leiros em aprendizagem no contato/confronto com falantes nativos e não nativos diante dessa abertura para outras cul‑ turas e para a LI como língua ambivalentemente atrelada a uma cultura de origem, em geral, a americana ou a inglesa. A Linguística Aplicada, por sua característica interdiscipli‑ nar, oferece oportunidade de se enfocar o componente só‑ cio‑cultural e a dimensão enunciativa da língua valendo‑se de estudos nas diversas áreas de estudos da linguagem, da Psicanálise, da Educação e das Ciências Humanas e Sociais. Parte‑se, portanto, de conceitos e noções oriundos da Análise de Discurso e da psicanálise para analisar o corpus composto de entrevistas com diversos sujeitos de duas ca‑ pitais brasileiras. Busca‑se comprovar a hipótese de que cul‑ tura e língua são fortemente imbricados e, mesmo que cada vez mais a LI seja utilizada com o fim exclusivo de comuni‑ cação entre não nativos dessa língua, a referência a algum pertencimento cultural interfere nas representações que os falantes fazem de si e da LI. 189 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada ADAPTAÇÃO E ENSINO DE LITERATURA: UM OLHAR DIALÓGICO‑INTERTEXTUAL PRÁTICAS DE LEITURA E ESCRITA EM LÍNGUA INGLESA – UMA ABORDAGEM INSTRUMENTAL MARCEL ALVARO DE AMORIM (UFRJ) MARCELA APARECIDA CUCCI SILVESTRE (UFRN) Resumo de Paper Resumo de Paper Roland Barthes ([1973] 2010) já nos alertava para “a im‑ possibilidade de viver fora do texto infinito”, ou seja, do intertexto. Essa concepção nos direciona a uma visão do texto literário como inacabado, em constante construção. Paradoxalmente, o ensino dessa arte fluída, da literatura, continua a pautar‑se numa visão concreta do literário visto como um produto pronto para o consumo: a instituição es‑ colar continua, na segunda década do século XXI, a trabalhar com uma abordagem tecnicista da literatura ainda baseada em conceitos estruturalistas do início dos anos 1970. Essa comunicação surge, então, a partir da necessidade de cla‑ marmos o discurso literário – não o discurso didático sobre a literatura – para a sala de aula e de entendermos de que forma a adoção de outras linguagens e de outras formas de se enxergar a prática de ensino de literatura pode possibili‑ tar a criação de novas rotas que propiciem o engajamento dos alunos/leitores no que aqui chamaremos de rede dialógi‑ co‑intertextual (BAKHTIN, [1929] 2006; STAM, 2000). Dentre as outras linguagens que perpassam e/ou são perpassadas pelo literário, exploraremos especialmente a utilização das adaptações cinematográficas na prática de sala de aula. Para tanto, inicialmente ilustraremos a situação atual da educação literária a partir do que tem sido realizado na área de políticas públicas voltadas à educação do estado do Rio de Janeiro. A partir do quadro construído, buscaremos, pau‑ tados em uma abordagem dialógica do discurso (BAKHTIN, [1953] 2003) e do ensino‑aprendizagem da literatura (CEREJA, 2005), discutir de que forma as adaptações poderiam con‑ tribuir para um (re‑)pensar do ensino dessa disciplina na instituição escolar. Entretanto, é necessário ressaltar que nosso intuito não é fornecer um roteiro didático para a utili‑ zação do cinema como substituto ou ilustração da literatura, mas o de pensar o filme como parte do texto infinito e, por consequência, do processo interpretativo de determinada obra literária. A disciplina de “Práticas de Leitura e Escrita em Língua Inglesa” é oferecida aos alunos da Escola de Ciências e Tecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte segundo um processo pedagógico baseado na abordagem instrumental de ensino de línguas, contemplando exercícios de leitura, interpretação e produção de textos. Por meio desse proces‑ so, busca‑se promover não apenas as práticas de leitura em seus diversos níveis de complexidade, mas também o deba‑ te e a reflexão crítica, a partir da utilização das estratégias de leitura como procedimentos (físicos ou mentais) impres‑ cindíveis. Contudo, para que o ato da leitura obtenha maior nível de eficácia, é essencial que o emprego das estratégias seja fruto de reflexão e conscientização do leitor, implicando na necessidade de serem “ensinadas” aos leitores. Partindo do princípio de que o leitor constrói o significado do texto a partir do próprio texto, dos conhecimentos prévios, do co‑ nhecimento linguístico, dos objetivos e das estratégias de leitura (SOLÉ, 1998), o curso visa à aplicação de um modelo de leitura que não se centra nem no texto nem no leitor, mas na interação entre os dois. Tendo em vista alcançar os obje‑ tivos propostos, destacam‑se algumas das principais estra‑ tégias de leitura trabalhadas na disciplina: 1. needs analysis; 2. introduction: english is everywhere; 3. prior knowledge; 4. discoursive genres; 5. Skimming; 6. Scanning; 7. Predicting; 8. cognates and false cognates; 9. word formation; 10. linking words; 11. repeated words; 12. typographical signals; 13. use of dictionary and translator; 14. how to write a profile. A in‑ vestigação teórica apoia‑se nos conceitos sobre ESP e abor‑ dagem instrumental de Hutchinson & Waters (1987), Ramos (2003) e Borges (2011), nas reflexões de Santos (2011), Solé (1996 e 1998) e Koda (2004) com relação à leitura, além do reconhecimento e diferenciação dos variados gêneros dis‑ cursivos, do ponto de vista de sua estrutura composicional, relações temáticas e estilo. 190 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada COAUTORIA EM AMBIENTE VIRTUAL: NÍVEIS DE INTERAÇÃO NA PRODUÇÃO TEXTUAL MARCELO CRISTIANO ACRI (UEL) Resumo de Paper Na escola, o desenvolvimento da escrita caracteriza‑se como um momento em que a aprendizagem ocorre de for‑ ma colaborativa. Ao produzir seu texto, o escritor passa por uma fase de reflexão sobre o que já produziu. Por esse mo‑ tivo, a refacção textual é um momento importante. Nossa pesquisa de mestrado partiu desse recorte do processo de desenvolvimento da escrita dentro da sala de aula e, através do uso de ferramentas digitais em ambiente virtual, buscou evidenciar como se processaria a produção de textos em co‑ autoria. Caracterizamos nossa pesquisa como uma pesqui‑ sa‑intervenção, através da qual propusemos a 25 alunos do ensino médio de uma escola pública da cidade de Rolândia (PR) a criação de um blog jornalístico escolar, utilizando como ferramenta para a produção dos textos o processador de textos oferecido pelo Google Docs. Além de enfocarmos os níveis de interação, buscamos demonstrar que a utilização de recursos digitais em ambiente virtual e a promoção da es‑ crita colaborativa potencializam a aprendizagem e o desen‑ volvimento da escrita em coautoria. Fundamentamo‑nos em Bakhtin (2006), para quem o fenômeno da interação ca‑ racteriza‑se como um processo; Primo (2003; 2005), quando discute o conceito de interatividade e interação; Coscarelli (2007) e Ribeiro (2012), que tratam do letramento digital; e Vigotski (2007), que desenvolve reflexões relativas ao ensi‑ no e aprendizagem. Após analisarmos o processo de escrita, percebemos que as ferramentas digitais: permitem o desen‑ volvimento da escrita em coautoria, de forma a dar liberda‑ de para os grupos idealizarem e produzirem um texto final satisfatório; estimulam a produção escrita e desenvolvem a habilidade de avaliar o que é relevante para o texto; e pos‑ sibilitam a construção de hipertextualidade integrada à lida com outras linguagens. SEMIÓTICA MATERIAL E MULTILINGUISMO DAS COISAS: UMA PROPOSTA DE DIVERSIFICAÇÃO DA PESQUISA EM LINGUÍSTICA APLICADA MARCELO EL KHOURI BUZATO (UNICAMP) Resumo de Paper A comunidade da LA no Brasil vem manifestando‑se sobre a necessidade de ampliação do escopo de sua atuação da dis‑ ciplina para a produção de inteligibilidades alternativas para problemas sociais nos quais a linguagem tem papel central, com a geração de resultados de pesquisa pertinentes e úteis para a diminuição do sofrimento humano nas comunidades envolvidas. Tal necessidade está ligada à difusão acelerada do uso de tecnologias digitais da informação e da comunica‑ ção que afetam crescentemente o cotidiano das populações urbanas e escolarizadas em todo o mundo, notavelmente pelo aumento exponencial dos fluxos de pessoas, textos e tecnologias vindas de outras partes. Tal ampliação passa, proponho, por uma reproblematização da relação entre linguagem, meios tecnológicos e prática social que inclua a superação de dicotomias tais como global/local, linguís‑ tico/não‑linguístico e humano/tecnológico. A presente co‑ municação divulga um projeto de pesquisa que tem como meta investigar situações sociais de uso da(s) linguage(ns) m a partir do arcabouço da Semiótica Material, também conhecida como Teoria Ator–Rede. Trata‑se de incluir en‑ tre os participantes legítimos dos eventos e práticas focali‑ zados quaisquer entidades pelas quais circule a ação social, i.e. entidades passíveis de serem vistas como textos, e que, como textos, traduzam enunciados para sua própria língua e os transportam de modo a exercer um papel organizacio‑ nal e performativo. A proposição fundamental que autoriza tal investigação, oriunda do campo dos Estudos Sociais da Ciência e Tecnologia, é a de que tecnologias são essencial‑ mente ‘política feita por outros meios’. Analisa‑se as conse‑ quências metodológicas de tal proposição e apresenta‑se as estratégias empíricas e analíticas desenvolvidas para o prosseguimento do trabalho, assim como alguns resultados de investigações preliminares que motivaram o desenvolvi‑ mento do projeto. 191 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A COMPLEXIDADE DO LÉXICO: REFLEXÕES IN RADICE SOBRE A ABORDAGEM LEXICAL E O PENSAMENTO COMPLEXO AUTONOMIA EM APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA EM ESCOLA DA REDE PÚBLICA DO RIO DE JANEIRO MARCELO FURLIN (UMESP) MARCELO GONÇALVES SOARES MACIEL (UFRJ) Resumo de Paper Resumo de Pôster A interação do sujeito com seus entornos ganha substância, entre diversas formas, por meio da linguagem, e inserida nos múltiplos contextos desenhados pela História, revela o tecido do verbo entrelaçado pelos fios da construção, des‑ construção e reconstrução. Nessa perspectiva in transitu, o sujeito passa a ser caracterizado pela marca da multipli‑ cidade, visto que incorpora inúmeras e renovadas represen‑ tações sociais e ressignifica o modus operandi de estar no mundo (ORLANDI: 2001). Tal concepção plural nutre a refle‑ xão sobre o verbo em movimento, que dá forma ao locus da ordem, desordem e organização (MORIN: 2005). Entende‑se, nesse viés, que o estudo da linguagem no enfoque específico da multissignificação abre novos caminhos para a articula‑ ção de sentidos em sua dimensão pragmática. A presente comunicação é inspirada em dois grandes recortes teóri‑ cos, em fase de refinamento: os princípios sistematizados pela Abordagem Lexical (LEWIS:1993), que, essencialmente, caracteriza o processo de aquisição linguística na dinâmica do movimento, em contraste com a concepção estática da língua idealizada como produto, e os pressupostos do pen‑ samento complexo (MORIN: 2005), que evidencia a multidi‑ mensionalidade do conhecimento, tecido em sua condição de heterogeneidade, como registro metafórico de fenôme‑ nos.Na moldura dos espaços sociais, a sala de aula, surge como cenário privilegiado para a análise de realizações dis‑ cursivas. O estudo contempla considerações introdutórias acerca do processo que favorece o reconhecimento de blo‑ cos lexicais como acento da composição de atos comunica‑ cionais. O movimento que surge entre tais blocos, no nível da frase e do texto, e a sua relação com inúmeros repertórios discursivos, apresenta possibilidades de ricos diálogos com o pensamento complexo e provoca novos questionamentos sobre a relação ensino/aprendizagem. Este trabalho tem como objetivo discutir as atitudes, crenças e motivações de jovens alunos da rede pública de ensino da cidade do Rio de Janeiro e como estes fatores podem contri‑ buir para uma aprendizagem mais autônoma (OXFORD, 2011). Todos os dados serão obtidos a partir do Projeto Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), subprojeto Inglês realizado no Colégio Estadual André Maurois a partir do se‑ gundo semestre de 2012. O projeto, cujo tema é “a promoção do letramento crítico no ensino de inglês”, não visa apenas promover aos alunos participantes a aquisição de um con‑ junto de habilidades linguísticas, mas fomentá‑los a pensar e, principalmente, agir criticamente atuando com respon‑ sabilidade nos mais diversos contextos sócio‑histórico‑cul‑ turais nos quais estão inseridos, o que vai muito além dos ambientes educativos. Tais pretensões estão baseadas nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Estrangeira (BRASIL, 1998) e nas Orientações Curriculares para o Ensino Médio (BRASIL 2006), profundamente alicerçado numa abor‑ dagem sociointeracional do ensino de língua, e que entende a linguagem como um fenômeno social. Portanto o ensino de língua estrangeira, especificamente neste caso o inglês, a língua franca contemporânea (CRYSTAL, 2001), tem como objetivo a inclusão social num mundo globalizado e multi‑ cultural (BRASIL, 1998). Associado ao propósito interacional e emancipatório do ensino de língua estrangeira outro re‑ sultado pretendido é desfazer a crença que não é possível aprender inglês na escola, especialmente a aprendizagem da prática oral, através do desenvolvimento da autonomia dos aprendizes participantes. 192 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A RELAÇÃO ENTRE PRONÚNCIA E INTELIGIBILIDADE DE LÍNGUA ESTRANGEIRA MARCELO HENRIQUE BARBOSA (Puc–SP) Resumo de Paper Este trabalho, uma pesquisa de cunho experimental, in‑ vestiga a relação de pronúncia e inteligibilidade de Inglês como língua estrangeira. A inteligibilidade de uma língua estrangeira está condicionada a uma pronúncia native‑like? Uma pronúncia de língua estrangeira marcada por traços da língua materna do falante interfere na inteligibilidade da produção? Falantes de uma língua estrangeira só serão compreendidos se a pronúncia não apresentar falhas de cunho fonético? A busca por respostas a estas perguntas foi a motivação para o desenvolvimento da pesquisa “Questões de Pronúncia e Inteligibilidade em Contexto de Inglês como Língua Estrangeira”. Para o desenvolvimento desta pesquisa desenvolvi um teste de percepção que engloba um protoco‑ lo de diferencial semântico visando registrar as percepções de nativos de língua inglesa da pronúncia de Brasileiros fa‑ lantes de Inglês como língua estrangeira. O protocolo de diferencial semântico consiste em 4 descritores, Hard/Easy Understanding, Sounds Natural/Unnatural, Inaccurate/ Accurate Intonation, Strong/Subtle Foreign Accent. O cor‑ pus da pesquisa engloba 7 falantes brasileiros de variados níveis de proficiência em língua inglesa e 4 nativos deste idioma. Os juízes recrutados para o teste de percepção com‑ preendem 6 britânicos, 6 australianos, 6 norte‑americanos e 6 canadenses.Com base nos resultados da pesquisa preten‑ do verificar se houve interferência da pronúncia na inteligi‑ bilidade dos enunciados submetidos a avaliação perceptiva. Acredito que os resultados do teste de percepção poderão contribuir para uma reflexão sobre o ensino de pronúncia de língua estrangeira de modo a adaptar as práticas de ensino existentes às necessidades dos aprendizes. METÁFORA E PERSUASÃO EM TÍTULOS DE FILMES MARCELO SAPARAS (UAM) SUMIKO NISHITANI IKEDA (PUC–SP) Resumo de Paper Esta pesquisa trata da força persuasiva da metáfora, com‑ parando títulos de filmes americanos no original em inglês com sua tradução para o português, para examinar como e por que as traduções podem diferir consideravelmente do original correspondente. As metáforas, longe de constituir o entendimento, são geralmente selecionadas para ajustar‑se a um modelo pré‑existente e culturalmente compartilhado e, assim dever‑se‑ia dar um papel mais fundamental à cultura no estudo desses tropos. A comparação de metáforas em jor‑ nais britânicos e italianos e em jornais americanos e taiwa‑ neses mostra que elas são específicas para cada uma des‑ sas línguas. A metáfora A PESSOA ZANGADA É UM RECIPIENTE PRESSURIZADO parece ser quase‑universal, mas natureza do recipiente varia: barriga para o japonês e cabeça para o bra‑ sileiro, por exemplo. Esses fatos podem explicar a razão do uso da metáfora para fins persuasivos: ela se apoia em co‑ nhecimento compartilhado por uma comunidade, presen‑ te no frame de cada falante. Assim, as metáforas não têm composição deliberada, antes seu produtor está fortemente preso às tradições de sua cultura, que assim o orientam em suas escolhas. A Análise Crítica da Metáfora objetiva revelar as intenções cobertas dos usuários da língua e apoia‑se na metodologia da Linguística‑Sistêmico‑Funcional. A pesqui‑ sa mostrou que o êxito da metáfora no processo persuasivo apoia‑se no fato de que esse tropo dá acesso a interpreta‑ ções que refletem a subjetividade, ao ligar um fato ao mun‑ do social do leitor. A vantagem do uso de metáforas é que elas levam em conta o sistema de valores aceitos na comuni‑ dade. Daí por que as traduções brasileiras de títulos de filmes americanos envolverem escolhas léxico‑gramaticais que in‑ cidem em valores arraigados na cultura brasileira. 193 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada CONSTRUÇÕES DISCURSIVAS DA MULHER BRASILEIRA NOS RELATOS DE VIAGEM DE JOHN LUCCOCK MARCIA CRISTINA DE OLIVEIRA SANTOS (UFRJ) Resumo de Paper Suponho que, a partir de uma perspectiva colonialista/ impe‑ rialista, alguns escritores de relatos de viagens inferiorizam índias, negras e brasileiras brancas, ao contrastá‑las com os ‘desejáveis’ padrões estéticos e comportamentais europeus. Interpreto tais construções à luz da chamada Linguística Aplicada Crítica. Dessa forma, estudo relatos de viagem, ou travelogues”, como práticas sociais, embasando‑me no con‑ ceito de “zona de contato”, e da perspectiva transcultural, dialógica e historicizada sugerida por Pratt. Neste trabalho, mais especificamente, observaremos de maneira sucinta, os contornos que o viajante inglês Jonh Luccock atribui à mu‑ lher brasileira em seu relato de 1820, intitulado Notas Sobre o Rio de Janeiro e Partes Meridionais do Brasil. Podemos perceber que o texto engendra certas relações assimétricas estabelecidas entre o europeu detentor do poder da pena e a mulher brasileira, vítima de seu escrutínio. Ao analisar o travelogue, podemos observar a maneira com que o autor homogeniza a alteridade colonial, e a inferioriza ao contras‑ tá‑la com os padrões europeus. De igual modo, o viajante constrói a mulher da ex‑colonia como repulsiva a qualquer olhar não conterrâneo. Por fim, notamos que o relato atua como prática social ao invalidar modos de vida locais, sobre‑ pondo um discurso europeizante ao viver da mulher autóc‑ tone, apagando seus sentidos, em uma tentativa de silen‑ ciar, e civilizar essa mulher. A COCONSTRUÇÃO DE NARRATIVAS NAS INTERAÇÕES TELEFÔNICAS PARA O SERVIÇO DE EMERGÊNCIA DA BRIGADA MILITAR DE PORTO ALEGRE MARCIA DE OLIVEIRA DEL CORONA (UNISINOS) Resumo de Paper Esse estudo, de cunho etnográfico (O’REILLY, 2009) e funda‑ mentado pelo arcabouço teórico‑metodológico da Análise da Conversa Etnometodológica (GARFINKEL, 1967; SACKS, 1992) discute, por meio de análises de interações telefônicas entre comunicantes e atendentes do serviço de emergência “190”, como este(a)s participantes se engajam na coconstru‑ ção de narrativas, enquanto negociam a prestação do ser‑ viço. Partimos do pressuposto de que as narrativas não são pacotes ordenados, coesos e cuidadosamente organizados em sua temporalidade e cronologia (DE FINA, 2009). Ao con‑ trário disso, entendemos que toda narrativa se insere em um contexto único de produção e é localmente coconstru‑ ída, turno após turno, na e pela interação. Dessa forma, os interlocutores não se orientam para a história apenas como uma unidade discursiva, mas para o que está sendo feito através dela, com ela e por ela (SCHEGLOFF, 1997). Nossos dados revelam a orientação do(a)s comunicantes para a produção de categorias de pertença (SACKS, 1992), ao des‑ creverem as suas ações e as do(a) seu/sua agressor(a), que buscam a construção de uma relação de antagonismo entre ele(a)s, com vistas à avaliação dos atendentes quanto à mo‑ ralidade (BERGMANN, 1998) dos fatos relatados. Referências bibliográficas: BERGMANN, J. Introduction: morality in dis‑ course. Research on Language and Social Interaction, v. 31, n. 3 e 4, p. 279–294, 1998. DE FINA, A. Narratives in interviews: the case of accounts for an interactional approach to nar‑ rative genres. Narrative Inquiry. v. 19, n. 2, p. 233–258, 2009. GARFINKEL, H. Studies in ethnomethodology. Englewood Cliffs: Prentice‑Hall, 1967. O’REILLY, K. Key concepts in ethno‑ graphy. London: Sage, 2009. SACKS, H. Lectures on conver‑ sation. Oxford: Basil Blackwell, 1992. vols. I e II. SCHEGLOFF, E. Narrative analysis: thirty years later. Journal of Narrative and Life History. v. 7, n. 1–4, p. 97–106, 1997. 194 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada SEM PHOTOSHOP: UMA FOTOGRAFIA DA (TRANS) FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE PORTUGUÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA NO MERCOSUL MÁRCIA PEREIRA DE ALMEIDA MENDES (UNB) Resumo de Paper Com o recente Plano de Ação 2011–2015 do Setor Educacional do MERCOSUL, a criação de novos espaços de (trans)forma‑ ção inicial de professores de português língua estrangeira (doravante PL2/PLE) passa a ser uma questão em evidên‑ cia. Mas é preciso cautela antes de comemorar os avanços. É evidente que para o estabelecimento de qualquer processo formal de (trans)formação inicial de professores são neces‑ sários parâmetros de orientação curricular. Ao observarmos os documentos oficiais brasileiros que estabelecem estes pa‑ râmetros, notamos que o resultado esperado deste processo é um professor crítico‑reflexivo (Gil & Vieira‑Abrahão, 2008; Almeida Filho, 2004) e, portanto, seguro e independente (Celani, 2010). Leffa (2005) levantou suspeitas de que nem todos os cursos de Letras no Brasil têm, de fato, proporcio‑ nado essa formação crítico‑reflexiva. Tomando esta suspeita por provocação, iniciamos em 2012 um projeto de pesquisa no qual apresentamos a seguinte questão: as (trans)forma‑ ções iniciais de professores de PLE no MERCOSUL têm dado frutos condizentes com uma (trans)formação reflexiva e crí‑ tica? Em busca de possibilitar condições para a (re)constru‑ ção de novas políticas para a formação inicial de professores de PL2/PLE, apresentamos o andamento de uma pesquisa que está sendo realizada no cômputo da pós‑gradução em Linguística Aplicada. A primeira fase da pesquisa consiste em uma análise documental dos documentos oficiais que tratam da (trans) formação inicial na busca de traçar como foi idealizado este processo. A segunda fase se caracteriza como qualitativa e de base etnográfica: consiste em identi‑ ficar quais são as experiências (Miccoli, 2010), crenças (Silva, 2010, 2005; Barcelos & Vieira‑Abrahão, 2006) e identidades (Mastrella‑de‑Andrade, 2011) que tem sido (re)(des)constru‑ ídas e (re)significadas pelos professores de PLE no início e no fim de sua (trans)formação inicial (Silva & Santos, 2012). CONSTRUINDO FORMAS DE SER E DE AGIR NA TUTORIA ON‑LINE NO ENSINO SUPERIOR: O DISCURSO DO PROFESSOR MARCIA TELESCA KERCKHOFF (UFRJ) Resumo de Paper Centrado nas práticas discursivas desenvolvidas no contex‑ to de atuação e (auto)formação do professor do ensino su‑ perior, enquadra‑se no conjunto de estudos sobre interação e discurso, em que a linguagem é entendida como forma de ação e produto da socialização. Construído na interface en‑ tre os campos da Linguagem, Educação e Tecnologia, abor‑ da: a questão da interação e da construção social do conhe‑ cimento (VYGOTSKY, 1998, 2000 e seguidores) no contexto de formação de professores; os papéis, habilidades e compe‑ tências do professor virtual (BERGE, 1995, 1996, 1997; TAVARES, 2004, 2007); a relação entre tecnologia, sociedade e educa‑ ção (ALMEIDA, 2001; COLL e MONEREO, 2010); o Modelo CoI / Community of Inquiry Framework (GARRISON, ANDERSON & ARCHER, 2000), voltado ao ensino e aprendizagem on‑line no Ensino Superior; o modelo de análise da linguagem vincu‑ lado à perspectiva da Linguística Sistêmico‑Funcional / LSF (HALLIDAY, 1984; HALLIDAY & MATTIESSEN, 2004). Investiga a prática docente e a linguagem utilizada pelo professor‑tu‑ tor que ministra disciplina on‑line no contexto do ensino superior, em instituição privada. Focaliza o discurso escrito produzido pelo professor na atividade de tutoria e nas in‑ terações com os alunos à distância, bem como a reflexão sobre as características desse discurso e sua influência no processo de ensino e aprendizagem mediado pelas Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTICs). Adota a pesquisa‑ação como método de investigação (THIOLLENT, 1998) e inclui como instrumentos de geração de dados os re‑ gistros de protocolo verbal retrospectivo, de diário reflexivo e os produzidos pelo sujeito no ambiente virtual de apren‑ dizagem (AVA) em sua interação com os alunos à distância. Estabelece implicações para a (auto)formação e a prática do professor on‑line no ensino superior, dentre elas a atenção às formas de desenvolver a “comunicação didática” (entre professor e alunos) diretamente relacionadas à presença de ensino (ANDERSON et al., 2001). 195 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A LINGUAGEM DOS FILMES AMERICANOS AO LONGO DOS ANOS: UMA ABORDAGEM MULTIDIMENSIONAL PRAGMÁTICA DO CORPO: PERFORMANDO “MILITANTES SEM TERRA” NO MST–CE MARCO ANTONIO LIMA DO BONFIM (UECE) MARCIA VEIRANO PINTO (PUC–SP) Resumo de Paper Resumo de Paper O objetivo da pesquisa relatada aqui é investigar as dimen‑ sões de variação na linguagem dos filmes americanos ao lon‑ go de 80 anos de cinema falado. Para tanto, buscou suporte teórico na visão de linguagem da Linguística de Corpus e na abordagem metodológica da Análise Multidimensional. Mais especificamente, nas duas modalidades propostas por essa metodologia: a que mapeia a linguagem dos filmes nas 5 di‑ mensões de variação do inglês apontadas por Biber (1988), e a que propõe novas dimensões de variação baseadas apenas nos filmes. Além de variáveis linguísticas ambas as modali‑ dades de análise levaram em conta as variáveis não‑linguís‑ ticas a seguir: ano em que os filmes foram apresentados ao público, indicações/ premiações, duração, gênero, diretores, roteiro original versus adaptado, estúdio em que foram pro‑ duzidos e avaliação da crítica. O corpus utilizado na pesquisa é composto por 640 legendas de filmes de gêneros diversos organizados sob quatro grandes categorias: comédia, dra‑ ma, ação‑aventura e horror‑suspense‑mistério. Os filmes foram selecionados com base no guia de filmes ‘1001 filmes par a ver antes de morrer’, elaborado por sessenta e sete críticos de cinema renomados, que elegeram os melhores filmes de cada década, do sítio www.filmesite.org, e das no‑ meações e premiações recebidas pelas seguintes academias: Oscar, BAFTA e Filmes de Horror, Fantasia e Ficção Científica (The Academy of Science Fiction, Fantasy and Horror Films). Os resultados apontaram que a linguagem dos filmes não apresenta grande variação ao longo dos anos e simula bem o diálogo espontâneo. A variação encontrada se explica por meio de 3 dimensões fortemente influenciadas pelo ângulo narrativo adotado para se contar a história, ou seja, histó‑ rias com foco nos personagens versus histórias com foco no tema, histórias que se desenvolvem a partir das escolhas dos personagens versus histórias que se desenvolvem a partir de sequências de eventos e histórias com foco nas emoções. o presente trabalho insere‑se na linha da Pragmática Cultural (NOGUEIRA DE ALENCAR, 2008, 2010, 2012) e tem como objeti‑ vo apresentar nossa proposta de uma Pragmática do corpo nos estudos linguísticos, isto é, uma Pragmática que leve em conta a relação corpo/linguagem/relações de poder nos pro‑ cessos de significação. Para tanto, nos fundamentamos nas pesquisas em Pragmática que relacionam corpo, linguagem, identidade e poder (PINTO, 2002, 2007; BUTLER, 1997, 2000, SILVA, 2005, 2010). De forma específica, analisamos no âm‑ bito do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra do Ceará (MST–CE), os processos corporais de subjetivação como performativos, através das marcas das estilizações de classe (identidade de classe) presentes nos atos de fala (AUSTIN, 1990) re‑produzidos no interior deste Movimento social no estado do Ceará. Partimos da hipótese de que os atos de fala re‑produzidos no interior do MST–CE articulam as marcas das estilizações de classe, operando a relação dessas identidades com uma determinada maneira de atu‑ ar neste Movimento social, ou seja, performatizam o sujei‑ to que pretendem nomear. Noutras palavras, estes sujeitos sociais se tornam “militantes Sem Terra” através e nos pró‑ prios atos de fala que pré‑significam seus corpos. Com este estudo esperamos contribuir para o avanço dos “estudos do corpo” na linguagem (PINTO, 2009) refletindo sobre a relação entre corpo, linguagem e as relações de poder que regulam e constrangem a produção de nossas subjetividades. 196 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada REFLEXOS DAS POLÍTICAS ITINERANTES NAS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA OS CURSOS DE LETRAS SOBRE A AQUISIÇÃO DO RÓTICO EM INGLÊS–L2 POR FALANTES DE PB–L1 MARCO AURÉLIO CUNHA CAMARGOS (UFMG) MARCO ANTÔNIO MARGARIDO COSTA (UFCG) Resumo de Paper Resumo de Paper A expressão políticas itinerantes foi criada por Lindblad e Popkewitz (2004) para designar conceitos que circulam em reformas educacionais e propostas curriculares, em nível in‑ ternacional, como resultado de processos de globalização. O objetivo deste trabalho é apresentar como esses pesqui‑ sadores analisam alguns desses conceitos em diversos paí‑ ses para, em seguida, discutir como, no Brasil, as Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Letras apresentam reflexos dessas políticas, salientando algumas implicações para a formação de professores de línguas. À maneira de ou‑ tros países que relacionam as reformas educacionais a mu‑ danças ocorridas em diversas áreas da sociedade, no Brasil, a partir das Diretrizes Curriculares, enfatizamos como as mudanças estão vinculadas às transformações no mercado de trabalho e profissional. Com isso, argumentamos que o surgimento de alguns conceitos que se apresentam materia‑ lizados em palavras de ordem como “flexibilidade”, “diversida‑ de”, “tecnologias da informação” são reflexos de tais políticas itinerantes. De forma concomitante, buscamos evidenciar que essas políticas são ambivalentes e podem ser interpre‑ tadas como processos de desregulamentação e privatização de deveres – frutos da transição da modernidade sólida para a modernidade líquida, conforme advoga Bauman (2001). O objetivo do deste trabalho é discutir como a rotina mo‑ tora do r‑retroflexo é apropriada por aprendizes brasileiros de inglês, visando explorar a relação entre propriedades articulatórias e organização lexical. A aquisição segmen‑ tal de fonologia em L2 já foi estudada em vários enfoques: processual (VANPATTEN & WILLIAMS, 2007), conexionis‑ ta (MCCLELLAND, 2001), construtivista (TOMASELO, 2003), emergentista (ROBINSON & ELLIS, 2008). Assumimos para este estudo os fundamentos teóricos da Fonologia de Uso (BYBEE, 2001, 2010) e da Teoria de Exemplares (JOHNSON, 1997; PIERREHUMBERT, 2001, 2003), que sugerem que os sons estão estreitamente relacionados com a organização lexical; e que os falantes têm conhecimento fonético detalhado de sua língua. Considerando‑se os pressupostos teóricos assu‑ midos, apresentaremos resultados da apropriação do r‑re‑ troflexo em inglês L2 de falantes brasileiros de inglês das se‑ guintes cidades: Belo Horizonte, Lavras e São Paulo. O rótico em final de sílaba tem as seguintes manifestações nestas ci‑ dades: a) em Belo Horizonte ocorre a fricativa velar ou glotal, b) em Lavras (sul de Minas Gerais), ocorre o r‑retroflexo e a cidade de São Paulo apresenta o tepe. A hipótese investiga‑ da foi de que a realização do retroflexo em inglês–L2 ocor‑ re inicialmente em contexto análogo em português–L1, ou seja, em posição final de sílaba. Em outros contextos, ocorre grande variabilidade articulatória, uma vez que a rotina mo‑ tora associada à L1 está em fim de sílaba. Os resultados deste trabalho mostram que os falantes têm conhecimento foné‑ tico detalhado de sua língua e esse conhecimento é levado à L2 em rotinas motoras consolidadas. Argumentamos que as rotinas motoras são associadas a contextos específicos (por exemplo, em final de sílaba) em itens lexicais específi‑ cos. Estes resultados indicam que há estreita relação entre o conhecimento fonológico e a organização lexical na aqui‑ sição de L2. 197 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada “PEDAGOGY AS AND FOR TRANSGRESSION”: FOCO NA EXPERIÊNCIA DE UM GRUPO DE PROFESSORES/AS DE INGLÊS COM O ENSINO CRÍTICO DE LÍNGUAS MARCO TÚLIO DE URZÊDA FREITAS (UFG) Resumo de Paper Neste trabalho, apresento um recorte da minha pesquisa de mestrado, a qual teve por objetivo problematizar a experi‑ ência de três professores e duas professoras de inglês com o ensino crítico de línguas. Os dados do estudo foram gera‑ dos no primeiro semestre de 2009, tendo como fontes dois questionários, oito sessões reflexivas e três trabalhos de conclusão de curso. Para analisar os dados, utilizo reflexões teóricas da pedagogia crítica, da linguística aplicada crítica, da linguística aplicada transgressiva e da formação crítica de professores/as. As análises feitas apontam para três re‑ sultados. O primeiro mostra que os/as professores/as‑par‑ ticipantes apresentam percepções sobre o ensino crítico de línguas que vão desde uma abordagem menos tradicional e mais comunicativa a uma abordagem mais dialógica, per‑ formativa e transgressiva de ensino de línguas estrangeiras. Já no que se refere ao segundo resultado, observamos que as aulas e atividades críticas ministradas pelos/as professores/ as‑participantes refletem uma articulação entre os pressu‑ postos de diferentes pedagogias, tais como das pedagogias interculturais, antirracistas, feministas e queer. Além disso, percebemos que essas aulas e atividades foram marcadas pelo surgimento de eventos críticos em sala de aula, eventos esses que, devido à sua imprevisibilidade, acabaram desen‑ cadeando uma série de conflitos em suas práticas. NOVAS IDENTIDADES SOCIAIS OU (RE)POSICIONAMENTO SOCIAL? O IMPACTO DE MUDANÇAS POLÍTICAS, SOCIAIS E ECONÔMICAS NA PERCEPÇÃO DAS IDENTIDADES SOCIAIS NO BRASIL. MARCOS ANTONIO MORGADO DE OLIVEIRA (UFSC) Resumo de Paper Através de um conjunto de mudanças políticas, sociais e econômicas, parece haver certo consenso de que, na última década, uma parcela bastante significativa de cidadãos bra‑ sileiros teve a oportunidade de alcançar novos patamares na escala social no Brasil. Assim, pode‑se talvez afirmar que a melhoria das condições sociais e econômicas da população brasileira em geral pode também ter produzido uma melho‑ ria na auto‑percepção das pessoas enquanto indivíduos e cidadãos, ou seja, uma (re)avaliação de suas próprias identi‑ dades sociais. Este projeto em andamento, portanto, busca investigar como esses (re)posicionamentos sociais e iden‑ titários são construídos discursivamente e também o pos‑ sível impacto dessa mudança de percepção identitária em diferentes contextos sociais (na imprensa e outras mídias, na publicidade, na economia e política, nas artes, etc.) e ins‑ titucionais (escolas, universidades, empresas, etc.) e como esse possível impacto produziu/produz mudanças no uso da linguagem/discurso nesses diferentes contextos. A pesqui‑ sa pretende, através da investigação de diferentes gêneros textuais, orais e escritos, estabelecer possível relação entre tais mudanças identitárias e discurso, buscando, em um primeiro momento, identificar as principais mudanças que tenham auxiliado a hipótese de (re)posicionamento social e identitário e como, por exemplo, a imprensa constrói tal aspecto e, num segundo momento, investigar mídias virtu‑ ais tais como ‘facebook’ e/ou ‘weblogs’, por exemplo, para identificar/confirmar os (re)posicionamentos identitários. Com o suporte da Análise Crítica do Discurso, esta pesquisa buscará identificar elementos linguísticos e extra‑linguísti‑ cos que possam, ou não, confirmar a hipótese de mudança apresentada acima. 198 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada UMA LEITURA DISCURSIVA DE AO MESTRE COM CARINHO: ECOS NA CONTEMPORANEIDADE O GÊNERO TEXTUAL‑ACADÊMICO ABSTRACT: UMA ABORDAGEM DE ENSINO MARCOS LÚCIO DE SOUSA GÓIS (UFGD) MARCUS DE SOUZA ARAÚJO (UFPA) Resumo de Paper Resumo de Pôster Dentre os clássicos que abordam o trabalho do profes‑ sor, educação, escola, talvez um dos mais marcantes seja Ao mestre com carinho (1966), estrelado por Sydnei Poitier e dirigido por James Clavell. A importância desse filme se evidencia, por exemplo, no sintagma “ao mestre com cari‑ nho”, bastante comum em várias manifestações que tratam festivamente do assunto. Uma rápida pesquisa no Google, o sintagma “ao mestre com carinho” retornou 495.000 re‑ sultados, em 0,27 segundos. Diante disso, o objetivo desta comunicação é analisar discursivamente o “ethos” do profes‑ sor e da educação construídos nessa obra, tentando proble‑ matizar como aí se constrói representações do “professor”. Metodologicamente, ler‑se‑á o filme a partir da perspectiva discursiva francesa e buscar‑se‑ão ecos dessa imagem em dois outros enunciados, a saber: plano de governo para a prefeitura de São Paulo dos candidatos Fernando Haddad e José Serra, em 2012, tendo em vista o destaque que esses prefeitáveis deram ao assunto. Esta apresentação mobili‑ zará, sobretudo, o conceito de “ethos discursivo” tal como defendido por Maingueneau (2006). Defender‑se‑á, como o autor, que existe uma relação entre uma maneira de dizer e uma maneira de ser. As discussões levantadas contribuirão, deseja‑se, para se repensar o papel social ocupado por diver‑ sos indivíduos em nossa sociedade. Gêneros textuais são enunciados tipificados, modos reco‑ nhecíveis de utilização da língua em constante mudança que organizam toda a atividade humana, constituindo ampla diversidade de contextos e práticas sociais (SWALES, 1990, 2004; BHATIA, 2004; BAZERMAN, 2004). Situando a noção de gêneros a partir dessa perspectiva, este trabalho tem como objetivo apresentar uma proposta de unidade di‑ dática a partir do gênero acadêmico abstract (MOTTA‑ROTH; HENDGES, 2001, 2010) desenvolvida com alunos da gradua‑ ção na disciplina “Língua Estrangeira Instrumental” de uma Universidade Federal do norte do país com foco no desenvol‑ vimento da competência leitora. A base teórico‑metodológi‑ ca se fundamenta na proposta pedagógica de gênero textual de Ramos (2004) que se divide em três fases: apresentação, detalhamento e aplicação. Essa proposta integra a gradação e a progressão de conteúdo, mostrando preocupações em apresentar o gênero, ensinar os alunos a reconhecer seus componentes e fazer com que se apropriem desse conheci‑ mento para seu uso prático. Nesse contexto, discutiremos questões centradas no aspecto da leitura para fins acadêmi‑ cos em língua inglesa (CELANI et al, 2005; JORDAN, 1997; entre outros), além de ilustrarmos com as tarefas propostas que serviram de base para o desenvolvimento da unidade didáti‑ ca. Os resultados apontam para uma leitura mais eficiente e crítica do gênero abstract, sendo os alunos mais conscientes da organização textual e do contexto de produção, além dos aspectos linguístico‑discursivos do gênero em foco. O traba‑ lho com a proposta pedagógica de gênero textual tornou os alunos mais conscientes que o gênero abstract é produzido por membros de um determinado contexto social, histórico e cultural, assim como todo e qualquer gênero. Dentro des‑ sa perspectiva, ensinar gêneros de textos para nossos alunos significa instrumentalizá‑los com as ferramentas de que pre‑ cisam para agir no mundo em que vivem. 199 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada REFERENCIAÇÃO E ENSINO: ANÁLISE DE RELATOS DE JOGOS MARGARETH ANDRADE MORAIS RUBINO (UFRJ) LEONOR WERNECK DOS SANTOS (UFRJ) Resumo de Paper Neste trabalho, analisamos as diversas recategorizações de objetos de discurso, num corpus composto de relatos es‑ portivos de jogos de futebol, publicados on line em jornais específicos de esporte (Lance! e Marca) e em jornais como O Globo, Folha de São Paulo, Zero Hora. Temos como obje‑ tivos: (1) verificar como os processos referenciais presentes no corpus exigem o acionamento de conhecimentos pré‑ vios, compartilhados pelo entorno sociocognitivo e cultu‑ ral, para reconstruir os objetos de discurso; (2) associar os processos referenciais a estratégias da mídia para captar o leitor (cf. HERNANDEZ, 2006; NASCIMENTO, 2009); e (3) co‑ laborar com o ensino de língua portuguesa através de ativi‑ dades de leitura e análise lingüística para alunos de ensino médio. Com base na Linguística do Texto, consideramos que os processos referenciais constroem caminhos de sentido ao sinalizar para a busca de informações na memória discursiva dos participantes da enunciação. Segundo Mondada (2003), Koch (2004, 2008), Cavalcante (2005,2011), entre outros autores, por meio dos processos referenciais, a imagem do referente vai sendo alterada, à medida que se desenvolve o discurso, de forma que o desconhecimento de alguma in‑ formação pode dificultar a reelaboração dos objetos de dis‑ curso. Como a referenciação é um fenômeno sociocognitivo, que necessita da recuperação de inferências, analisaremos como isso ocorre em relatos de jogos de futebol. Segundo Barbeiro e Rangel (2006), no jornalismo esportivo costuma haver maior liberdade no tratamento textual, humor e um vocabulário marcado por expressões populares e criativas. Assumimos também o pressuposto teórico de que a leitura é uma atividade na qual a produção de sentidos é guiada pelo acervo sociocognitivo dos leitores, que atuam na formula‑ ção de hipóteses e inferências para a compreensão textual (cf. Kleiman, 1989; Marcuschi, 2008). A TEORIA DOS MULTILETRAMENTOS E A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DE INGLÊS: UMA ANÁLISE EM SERGIPE MARIA AMÁLIA VARGAS FAÇANHA (UFS) Resumo de Paper A teoria dos multiletramentos tecem considerações acer‑ ca de um trabalho crítico de leitura e de interpretação de imagens como textos carregados de significados e inten‑ ções e não como elementos meramente coadjuvantes de um texto escrito. É levando essa ideia em consideração que o presente trabalho, resultante de reflexões conduzidas ao longo do Projeto de Formação Continuada de Professores de Língua Inglesa em Sergipe a partir das teorias dos Novos Letramentos, apresenta reflexões acerca da percepção de professores de inglês da rede pública do estado quanto ao uso crítico de diferentes recursos audiovisuais em suas práti‑ cas docentes. Os dados aqui analisados foram colhidos atra‑ vés da aplicação de questionários e de entrevistas. A análise foi feita tendo como foco a necessidade de as aulas de língua inglesa ultrapassarem objetivos meramente linguísticos, le‑ vando docentes e discentes a construir, de forma colaborati‑ va e crítica, diferentes leituras e sentidos da realidade. Nesse sentido, investigou‑se como esses docentes trabalham com a interpretação de imagens, vídeos, cores, fotografias, etc, encontrados não apenas em materiais didáticos, mas pertencentes à sociedade midiática em que vivemos. Os re‑ sultados apontaram para uma prática pedagógica em que a ênfase está nos conteúdos de textos escritos e em que as imagens ou quaisquer outros recursos audiovisuais são co‑ locados em segundo plano ou muitas vezes são ignorados. 200 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada REDES DE PESCA E REDES DE DISCURSO: ORDENS DE DISCURSO, SABERES E SUBJETIVIDADES DE PESCADORES ARTESANAIS EM ARRAIAL DO CABO TEXTO E LEITOR:PROPOSTAS DISCURSIVAS PARA UMA LEITURA MAIS CONSCIENTE MARIA APARECIDA GOMES FERREIRA (IFRJ) Texto e leitor: propostas discursivas para uma leitura mais consciente. Esta proposta é um estudo sobre operações lin‑ guístico‑discursivas em um “corpus” de textos midiáticos, numa abordagem que privilegia os estudos enunciativos. Pretende‑se verificar como se realiza a inclusão no discurso de marcas de subjetividade e de que dispositivos se valem jornalistas para aferir credibilidade à imagem de si (ethos) e à de seus leitores,veiculadas na mídia impressa. Como aparato teórico, fundamentam a proposta teorias da enun‑ ciação e as de base sócio comunicacional, como a Teoria Semiolinguística ( Charaudeau, 2008), que possibilitam compreender como os enunciadores se movem em espaços de restrição gramatical e de manobras discursivas, em situ‑ ações determinadas, com o fim de construírem juntos o ato de comunicação. Tendo, por fim, também verificar como se dá a escolha lexical para a construção da mensagem do tex‑ to e a imagem dos enunciadores, a presente proposta obje‑ tiva contribuir para preencher certas lacunas no ensino de leitura e interpretação de gêneros midiáticos que circulam nas práticas sociais da língua. Resumo de Paper Partindo de uma visão pós‑estruturalista sobre sociabilida‑ des e subjetividades, (Venn, 2000; Moita Lopes, 2006; Louro, 2008; Pennycook, 2010) e ciente das relações de poder exis‑ tentes entre pescadores artesanais da cidade de Arraial do Cabo (Ferreira, 2012), o presente trabalho objetiva analisar as construções discursivas das relações sociais de saber‑po‑ der entre pescadores artesanais da referida cidade. Segundo Venn (2000, p. 15) conhecer, ser e desejar são processos constituintes das identidades sociais e da produção de co‑ nhecimentos. Nesse sentido, as identidades sociais dos pes‑ cadores estão imbricadas no saberes que eles constroem e que são ratificados, ou não, por seus pares. As redes de sabe‑ res nas quais esses pescadores se envolvem são organizadas em torno de ordens do discurso, que são os efeitos discursi‑ vos de práticas de produção, controle, seleção, distribuição e organização de discursos em torno de procedimentos de exclusão (Foucault, 1971/2003). Tais ordens do discurso, por sua vez, podem ser percebidas por meio do instrumental teórico‑analítico de ordens de indexicalidade, nas quais al‑ gumas formas de semiose são sistematicamente percebidas como válidas, outras, como menos válidas e outras nem são consideradas, enquanto todas são sujeitas a regras de acesso, regulação e circulação (Blommaert, 2010). Aliando, portanto, os construtos de ordens de indexicalidade e or‑ dens do discurso, proponho‑me a analisar a construção dis‑ cursiva das redes de saber‑poder imbricadas nas identidades sociais desses pescadores por meio de entrevistas semi‑es‑ truturadas (Ludke e André, 1986; Worcman e Pereira, 2006). O propósito dessa discussão é problematizar tanto a ideia homogênea sobre comunidades de pescadores (Anderson, 1986; Pennycook, 2010), como a visão essencialista sobre esses sujeitos sociais encontradas na literatura (Britto, 1999; Cascudo; 2002; Linsker e Tassara, 2005; Loureiro, 2005). MARIA APARECIDA LLINO PAULIUKONIS (UFRJ) Resumo de Paper 201 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE UMA COMUNIDADE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA PARA ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL SOB A ÓTICA DA TEORIA DA ATIVIDADE MARIA APARECIDA OLIVEIRA MOREIRA (UFF) Resumo de Paper O objetivo do presente trabalho é investigar a construção e evolução de uma comunidade virtual de aprendizagem de língua inglesa, composta por alunos das últimas séries do Ensino Fundamental de uma escola pública e sua professo‑ ra. A expectativa é de que tal comunidade de aprendizagem se forme a partir da participação dos alunos em uma rede social criada pela professora‑pesquisadora (http://apareci‑ danet.ning.com/), para dar‑lhes a oportunidade de expan‑ dir seus conhecimentos da língua, por meio de atividades multimodais e colaborativas online. A rede social foi cons‑ truída dentro da plataforma NING e oferece como suporte de aprendizagem recursos de hipermídia (áudio, vídeos, textos), links para websites de atividades e exercícios para prática da língua‑alvo, além de ferramentas de participação e interação como fóruns, blogs e chats. A investigação tem como embasamento teórico os conceitos de Comunidades de Prática (Wenger, 1998) e Comunidades de Aprendizagem Online (Rheingold, 1993; Preece, 2000; Tavares, 2003; Palloff & Pratt, 2007). A pesquisa é um estudo de caso ainda em cur‑ so e envolve o acompanhamento da participação dos apren‑ dizes na comunidade virtual, suas interações e colaboração com a comunidade. Os dados coletados através de observa‑ ções e outros instrumentos qualitativos estão sendo anali‑ sados sob a perspectiva da Teoria da atividade sócio‑históri‑ co cultural (Daniels, 2003; Engeström, 1987; Mwanza, 2001; Vygotsky, 1978). Uma análise preliminar das relações entre os elementos do sistema de atividade tem revelado alguns conflitos que podem estar impedindo que a comunidade se desenvolva. A falta de familiaridade com essa nova modali‑ dade de aprendizado (online), que requer posturas distintas daquelas às quais os aprendizes estão acostumados, pode ser um desses conflitos. FORMAÇÃO DE EDUCADORES: A ORGANIZAÇÃO DA LINGUAGEM EM RELAÇÕES DIALÉTICAS NAS INTERAÇÕES ENTRE TODOS OS PARTICIPANTES DE PROJETOS DE FORMAÇÃO DE EDUCADORES MARIA CECILIA CAMARGO MAGALHAES (PUC–SP) FERNANDA COELHO LIBERALI (Puc–SP) Resumo de Paper Esta comunicação discute a organização da linguagem em projetos de intervenção em formação de educadores, con‑ duzidos por pesquisadores do GP Linguagem em Atividades no Contexto Escolar – LACE ‑, desenvolvidos em Institutos de Ensino Infantil, Fundamental e Médio da rede pública, parti‑ cular e conveniada, situados em áreas carentes de São Paulo. Especificamente, analisa e discute os modos como a lingua‑ gem organiza a criação de contextos de formação de educa‑ dores que possibilitem, a todos os participantes, aprendiza‑ gem e transformação quanto ao objeto em discussão. Está apoiada na Teoria da Atividade Sócio‑Histórico‑Cultural, com base nos escritos de Vygotsky, Leontiev, Bakhtin e o cír‑ culo, que apontam a centralidade da organização dialética da linguagem nas relações entre participantes das intera‑ ções cujo foco está na constituição de alunos, professores, gestores, pesquisadores colaborativos e reflexivos. A comu‑ nicação está organizada para envolver reflexão crítica sobre os modos como a organização argumentativa da linguagem, nas relações, possibilita a criação de zpds mútuas (Vygotsky), voltadas à compreensão e transformação de práticas a‑so‑ ciais, a‑políticas e a‑históricas, isto é, do individualismo que, em geral, caracteriza o contexto escolar. A análise argumen‑ tativa de três atividades de formação dos projetos de inter‑ venção será a base para a discussão de como colaboração, criticidade e criatividade podem servir de base para a trans‑ formação da comunidade escolar. 202 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada EXPLORANDO OS ELEMENTOS DEFINIDORES DA POLÍTICA DE AVALIAÇÃO DE PROFICIÊNCIA EM LÍNGUA ESTRANGEIRA – INGLÊS EM UM PROGRAMA DE PÓS‑GRADUAÇÃO. MARIA CECÍLIA DOS SANTOS FRAGA (UNICAMP) Resumo de Paper No ensino superior, a comprovação de proficiência em língua estrangeira é freqüentemente considerada pré‑requisito para a obtenção dos títulos de Mestre ou de Doutor. Nesses contextos, os testes de proficiência são de alta‑relevância, pois têm implicações tanto para a vida acadêmica e profis‑ sional dos alunos como para as instituições e seus progra‑ mas de pós‑graduação. O objetivo deste trabalho é explorar o lugar da avaliação de proficiência em leitura em língua estrangeira – Inglês, em um programa de pós‑graduação de uma faculdade de engenharia de uma universidade pública paulista, e explicitar a política praticada pelo programa no que diz respeito à língua estrangeira. Serão analisados: o perfil do leitor almejado pelo programa, especialmente as habilidades e competências em língua estrangeira que o compõem; o nível de proficiência compatível com tal perfil; o modo como o construto da habilidade de leitura está repre‑ sentado na prova de proficiência (Messick, 1989; Alderson, 2000); a relevância que o programa atribui à língua estran‑ geira para a obtenção dos títulos. A discussão levará em con‑ ta noções sobre proficiência (Scaramucci, 2000)e os propó‑ sitos de uso de teste e suas consequências (Shohamy, 2001; McNamara, 2006; Scaramucci, 2011). Espera‑se, com este estudo, obter evidências para compor um argumento de validade (Kane, 2001; Chapelle et al, 2008)do uso da prova em questão. A PRODUÇÃO TEXTUAL NA ESCOLA: O GÊNERO ‘RESPOSTA À QUESTÃO DISCURSIVA’ MARIA CRISTINA GUIMARAES DE GOES MONTEIRO (PUC–RIO) Resumo de Paper Há algum tempo a prática discursiva na escola tem sido de‑ senvolvida com base no conceito de gênero textual. O traba‑ lho na disciplina de Língua Portuguesa e nos livros didáticos da área volta‑se para a sistematização dos gêneros textuais considerados mais relevantes para a ação dos indivíduos em situações comunicativas cotidianas. Há, entretanto, uma produção textual, que, apesar de frequente no contexto escolar, não tem sido formalmente contemplada no traba‑ lho de elaboração de texto: a resposta à questão discursiva. Produz‑se a resposta discursiva, mas não se ensina como escrevê‑la ou organizá‑la – ela não é percebida como tex‑ to. Alinhada com Bronckart (1999) e Marcuschi (2002), esta pesquisa se desenvolve sob a perspectiva sócio‑interativa da língua e procura observar as condições de produção em que o texto é produzido. Propõe‑se que a resposta discursiva seja vista como um gênero textual e, dada a sua frequência de uso, seja tratada como um conteúdo a ser abordado no âm‑ bito escolar. As trezentas respostas discursivas, coletadas em avaliações aplicadas a turmas de Ensino Médio, apon‑ tam para um gênero com certo hibridismo no que diz respei‑ to às relações entre oralidade e escrita. 203 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada PROGRESSÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA ORALIDADE BASEADA EM GÊNEROS CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES DE ALUNOS EM TEXTOS PRODUZIDOS NA ESCOLA PÚBLICA DO RIO DE JANEIRO MARIA DA GLÓRIA MAGALHÃES DOS REIS (UNB) MARIA DAS GRAÇAS DIAS PEREIRA (PUC–RIO) Resumo de Paper Resumo de Paper A presente comunicação tem o objetivo de apresentar re‑ sultados de trabalhos realizados pelo “Grupo de Estudos de Didática de Língua Estrangeira” (GEDLE) credenciado no Diretório de Grupos de pesquisa do CNPq e certificado pela instituição de origem. O grupo trabalha atualmente com o projeto que tem por título “A questão da oralidade no ensino de língua estrangeira”. As investigações são realizadas sobre as línguas espanhola, francesa, inglesa e japonesa. Os es‑ tudos baseiam‑se nas perspectivas sociointeracionista de Vygotsky (2007, 2008) e discursiva de Bakhtin (2009, 2011). No âmbito do ensino de línguas estrangeiras, esta concep‑ ção leva a reflexões sobre quais experiências o professor pode proporcionar aos aprendizes para levá‑los a interagir com o seu contexto sociocultural, transformando‑o e sendo trans‑ formados em uma interação dialética com o seu meio cul‑ tural. Fundamentando‑se igualmente nos conceitos de ora‑ lidade e gêneros em Marcuschi (2008) e Dolz & Schneuwly (2004), o presente trabalho apresenta caminhos possíveis para o desenvolvimento da produção oral em língua estran‑ geira. Tendo‑se em conta que a linguagem passa pelo cor‑ po e pela voz, as reflexões do grupo visam ainda a propiciar, consequentemente, uma atenção especial às questões de identidade presentes no processo de ensino/aprendizagem, considerando que as línguas são a “expressão das identida‑ des de quem delas se apropria” (RAJAGOPALAN, 2003, p. 69; MASTRELLA, 2007). A experiência apresenta como resultados um livro a ser publicado no próximo ano e a sua aplicação no curso de Licenciatura Letras–Francês da Universidade que sedia o grupo. No presente estudo, focalizo a produção de textos na escola pública no Rio de Janeiro, no segundo ciclo do ensino fun‑ damental, enquanto lugar de discussão de identidades e de posicionamentos de alunos construídos em discurso, nas re‑ des de relações sociais. Ivanic (1998) considera que “quem so‑ mos afeta a forma como escrevemos”. Hungerford‑Kresser e Vetter (2012) focalizam, em especial, discursos que emergem na educação urbana de estudantes adolescentes latinos a partir de Harré & Langenhove (1999). A relevância da pesqui‑ sa se coloca a partir da necessidade de professores e alunos buscarem inteligibilidades (Moita Lopes, 2006) sobre a prá‑ tica pedagógica e a formação de novos professores. Nossas indagações são: Que discursos e identidades são construí‑ dos pelos alunos na produção de textos na escola? De que forma as ideologias influenciam na construção discursiva e social? Discuto duas pesquisas: a de Linares e Pereira (2010), com alunos do 9º ano do Ensino Fundamental, no municí‑ pio de Nova Iguaçu – RJ; e a de Rodrigues, Marques e Costa (2012), com alunos de 6ª e 7ª séries de uma escola pública da Rocinha – RJ, com geração de dados para disciplinas de um Curso de Licenciatura em Letras. Na primeira pesquisa, mediante um texto‑motivador, os alunos construíram tex‑ tos narrativos, com vivências da infância e adolescência e temáticas variadas, acionando lugares e ambientes. Os po‑ sicionamentos são reveladores de laços afetivos conflitu‑ osos em relação à família e trabalho. Na segunda pesquisa, como os futuros professores se pautaram pelo estudo de Linares (2009), fizeram uma pergunta direta – “O que quero ser quando crescer? Por quê?”; os alunos trouxeram constru‑ ções identitárias sociais influenciadas pela mídia, mas ain‑ da em dúvida sobre escolhas profissionais futuras. A partir dos resultados, procuro refletir sobre o papel da escola em relação às construções de identidade dos alunos, de forma a termos um papel mais agentivo e de transformação social na escola pública. 204 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada MEMÓRIA(S) E (RE) SIGNIFICAÇÕES DE PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA SOBRE O CURSO DE LETRAS MARIA DE FÁTIMA FONSECA GUILHERME (UFU) CRISTIANE CARVALHO DE PAULA BRITO (UFU) Resumo de Paper Deleuze (2008), ao refletir sobre a relação do sujeito com o processo de escrita, entende que, ao escrever, o sujeito co‑ loca‑se em um caso de devir, ou seja, coloca‑se em um caso “sempre inacabado, sempre em via de fazer‑ser, e que extra‑ vasa qualquer matéria vivível ou vivida” (p. 11). Entendemos que as reflexões do autor podem se estender para quaisquer outros processos que envolvam a relação sujeito e lingua‑ gem. E é essa relação, sujeito e linguagem, especificamente no Curso de Letras, que pretendemos abordar neste traba‑ lho. Mobilizados por uma memória discursiva, professores em‑serviço de língua inglesa enunciam sobre seu processo de aprendizagem da língua inglesa no Curso de Letras, assim como sobre seu processo de formação como (futuros) pro‑ fessores. Entendemos que, quando esses professores enun‑ ciam, eles tomam uma posição enunciativa, que diz respeito a processos identificatórios, a relações de poder decorrentes de filiações sócio‑históricas e redes de memória de sua cons‑ tituição (SERRANI, 2000). A memória discursiva, numa pers‑ pectiva peucheutiana, significa as possibilidades de dizeres que se atualizam no momento da enunciação, enquanto efeito de um esquecimento correspondente a um processo de deslocamento da memória de significações. Em suma, ela se refere ao saber discursivo que torna possível todo dizer e que retorna sob a forma do pré‑construído, o já dito, que está na base do dizível, sustentando cada tomada da pala‑ vra (ORLANDI, 2002). Para este estudo, o corpus foi consti‑ tuído a partir de um questionário aplicado, tendo com base a proposta AREDA ‑ Análise de Ressonâncias Discursivas em Depoimentos Abertos (SERRANI, 1998). Alguns resultados si‑ nalizam que, ao enunciarem sobre o Curso de Letras, os pro‑ fessores se inscrevem em várias formações discursivas, (res) significando o curso como espaço de não‑aprendizagem da língua inglesa e de não‑formação do professor dessa língua. QUESTÕES DE REPRESENTAÇÃO E IDENTIDADE EM DISCURSOS MIDIÁTICOS SOBRE USO DE REDES SOCIAIS NO ENSINO DE LÍNGUAS MARIA DE FÁTIMA SILVA AMARANTE (PUC–CAMPINAS) Resumo de Paper Nos últimos anos, o advento de ferramentas tecno‑digitais provocaram alterações marcantes no ensino/aprendizagem de línguas, pois ampliaram as possibilidades interacionais, o que nos levou a analisar discursos midiático‑digitais sobre o uso de redes sociais em processos de ensino/aprendiza‑ gem de línguas. Mapeamos nesses discursos como são re‑ presentados os atos de ensinar e aprender, que constituem e são constituídos por relações de poder saber (FOUCAULT, 2012); e verificamos, com base em Woodward (2011), Hall (1996), Silva (2004), Bauman (2011), dentre outros, as práti‑ cas identitárias constituídas por essas representações para, então, discutir suas implicações para a (re)configuração de relações de poder no ethos discursivo da sala de aula, bem como para a formação de professores. Adotamos a perspec‑ tiva teórico‑metodológica interpretativa e transdisciplinar da Análise de Discurso de Linha Francesa, conforme descri‑ ta por Gregolim (2006), fundamentando‑nos em estudos de Foucault (1996 e 1969) e Pêcheux (1988 e 1983). O corpus foi coletado de discursos veiculados nos últimos cinco anos na Internet, em artigos científicos, boletins informativos e blogs. Dessa forma, este estudo permite refletir sobre a tec‑ nologização do ensino de línguas como um aspecto das polí‑ ticas linguísticas implícitas que transitam na academia e na sociedade em geral. Os resultados, ainda parciais, revelam, por um lado, o forte deslocamento das identidades nacio‑ nais pela homogeneização cultural (HALL, 2011), da qual a noção de inglês como língua de comunicação internacional é um dos índices. De outra parte, observamos práticas iden‑ titárias (re)nova(da)s que derivam da aparente centralidade do aluno e que deixam ao professor as margens do discurso. As conclusões, ainda preliminares, remetem‑nos às relações entre avatares (BAUMAN, 2004), que carregam a promessa da excelência, mas também de seu avesso. 205 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A PRÁTICA PEDAGÓGICA NO DISCURSO DE PROFESSORAS DE INGLÊS E DE ALUNOS DA REDE PÚBLICA MARIA EUGENIA BATISTA (SME–SP) PERCEPÇÕES E EXPERIÊNCIAS DE DUAS PROFESSORAS DE COM O ENSINO CRÍTICO DE LÍNGUAS EM UM CONTEXTO TÉCNICO/ TECNOLÓGICO MARIA EUGÊNIA SEBBA FERREIRA DE ANDRADE (IFG) Resumo de Paper Esta comunicação tem como objetivo apresentar a repre‑ sentação da prática pedagógica que permeia o discurso de professoras de inglês e de alunos dos anos iniciais do ensino fundamental (3ª e 4ª séries) da rede pública de ensi‑ no de um município da região metropolitana de São Paulo. Foram coletadas 10 entrevistas orais (cinco com profes‑ soras e cinco com alunos) gravadas em áudio e transcritas para análise. A análise linguística tem como aporte teórico a Linguística Sistêmico Funcional (HALLIDAY, 1994 e HALLIDAY & MATHIESSEN, 2004) e a Análise Crítica do Discurso (VAN LEEUWEN, 2008) e a discussão a respeito da representação da prática pedagógica é fundamentada em Freire ([1968] 2005), Bernstein (1971, 1990, 2000) e Kumaravadivelu (2003). Os resultados do estudo apontam para a presença marcante de processos materiais na representação da prática pedagó‑ gica cujo ator social de destaque é o professor. Observa‑se que as ações representadas no discurso das professoras e dos alunos sinalizam que o ensino‑aprendizagem da língua inglesa é orientado para conteúdo centrado em vocabulário, muitas vezes descontextualizado, em detrimento do desen‑ volvimento de competências comunicativas que habilitem os alunos a agirem em sociedade. Resumo de Paper Esta comunicação apresenta os resultados de uma pesqui‑ sa que teve por objetivo examinar a maneira como duas professoras de ILE (inglês como língua estrangeira) do IFG (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás) compreendem e abordam questões ligadas ao ensino crítico de línguas (raça, gênero, sexualidade, imperialismo linguístico etc.) nas salas de aula de contexto técnico/ tec‑ nológico. Para a coleta de dados, foram utilizados questio‑ nários, narrativas escritas e uma sessão reflexiva com base na leitura do texto “Ensino Crítico de Línguas Estrangeiras” (PESSOA; URZÊDA‑FREITAS, 2012). Apesar da “aparente” des‑ conexão entre o contexto de atuação das professoras (cujo foco principal está na formação para o mercado de traba‑ lho e no consequente predomínio do ensino voltado para as habilidades instrumentais da língua) e a proposta de ensino crítico de LE (que pressupõe uma prática pedagógi‑ ca constantemente problematizadora por meio da língua e do corpo (PENNYCOOK, 2006)), os resultados apontam que as participantes percebem o uso da língua como prática so‑ cial, ou seja, como algo que pode tanto ajudar a empoderar como marginalizar os indivíduos que dela fazem uso (MOITA LOPES, 1996). E, por isso, também defendem o ensino crítico como sendo um caminho capaz de transformar vidas e re‑ alidades, e o que difere disto, para elas, é entendido como mera instrumentalização. 206 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O DESENHO DE UM CURSO ONLINE PELO VIÉS DA COMPLEXIDADE: ESPAÇO DE FORMAÇÃO MARIA EUGENIA WITZLER D’ESPOSITO (GPEAHF/CNPQ) Resumo de Paper Os temas que perpassam a formação de uma professora/pes‑ quisadora quando do desenho de um curso online de prática escrita em língua inglesa para professores do Ensino Médio da rede pública estadual na cidade de São Paulo, desenha‑ do a partir das necessidades expressas por professores des‑ se contexto, da Proposta Curricular do Estado de São Paulo (São Paulo, 2008) e dos Cadernos redigidos pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (São Paulo, 2008), pelo viés da complexidade (Morin, 1990/2008, 1999/2006a,b, 2005/2006), são o foco desta comunicação. A base de todo o processo é a complexidade, estabelecendo um diálogo com os construtos teóricos relacionados ao desenho de cursos a distância (Palloff & Pratt, 1999; Horton, 2000; Filatro, 2003, 2008, dentre outros). Tendo o intuito de investigar a expe‑ riência de desenho e a busca dos temas que a constituem, utilizei a abordagem hermenêutico‑fenomenológica (Freire: 1998, 2007, 2008a,b, 2010) como metodologia de pesquisa. Assim, ao longo desta comunicação, apresentarei as fases que compuseram o desenho desse curso a distância de prá‑ tica escrita pelo viés da complexidade, os temas que com‑ preendem a formação da professora/pesquisadora ao dese‑ nhá‑lo e que contribuem para a formação e prática de outros docentes que atuam na área. ANÁLISE DA COMPREENSÃO ESCRITA EM LÍNGUA INGLESA NO CADERNO DO PROFESSOR MARIA FERNANDA MARTINS (PUC–SP E FACULDADE DE TECNOLOGIA DE BOTUCATU ‑ FAT) Resumo de Paper Análise da compreensão escrita em língua inglesa no Caderno do Professor Maria Fernanda Martins (Faculdade de Tecnologia de Botucatu – FATEC–Botucatu) Os professo‑ res de língua inglesa das escolas públicas do estado de São Paulo, a partir de 2008, puderam contar, pela primeira vez, com material didático de apoio para o desenvolvimento de seu trabalho em sala de aula. Esse material foi oferecido pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, que lançou o Caderno do Professor, por meio da Proposta Curricular do Estado de São Paulo (SÃO PAULO, 2008). O Caderno do Professor, parte do processo de elaboração da Proposta Curricular, é o material didático destinado aos professores de cada disciplina do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio, nas escolas públicas do estado de São Paulo e contêm as pro‑ postas, os direcionamentos e sugestões de como realizar as atividades e conteúdos do Caderno em sala de aula. O obje‑ tivo da Proposta Curricular (SÃO PAULO, 2008) é de articular a rede de ensino estadual para que as escolas trabalhem como um todo, garantindo a todos os alunos uma base comum de conhecimentos. O objetivo desta apresentação é mos‑ trar os resultados da análise da habilidade comunicativa de compreensão escrita em inglês no Caderno do Professor de Inglês, da 1ª série do Ensino Médio (SÃO PAULO, 2009), ob‑ servando como ela reflete os documentos oficiais e como é explorada nas atividades. Os critérios da lista de Ramos (2009) foram usados na análise dos dados a fim de obser‑ var como a compreensão escrita em inglês é trabalhada no Caderno do Professor da 1ª série do Ensino Médio (SÃO PAULO, 2009) e como ela reflete os documentos oficiais. A ficha de compreensão escrita de Dias (2009) foi usada para a análise dos dados no que concerne especificamente as atividades de leitura. 207 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A APROPRIAÇÃO DO PORTUGUÊS‑ACADÊMICO POR UNIVERSITÁRIOS INDÍGENAS: MATERIAIS DIDÁTICOS E METODOLOGIAS DE ENSINO EM FOCO MARIA GORETE NETO (UFMG) O ALUNO ‘LOCAL’ E O ALUNO ‘DO LIVRO DE INGLÊS’: COMO A LINGUAGEM E AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PROPOSTAS PELO LIVRO TEXTO DO PNLD FAZEM SENTIDO NA SALA DE AULA? MARIA HELENA FÁVARO (UFSC) MARIA INÊZ PROBST LUCENA (UFSC) Resumo de Paper Este artigo discute o ensino do português‑acadêmico para universitários indígenas oriundos de contextos multicultu‑ rais e multilíngues diversos. O corpus principal de análise compõe‑se de produções escritas por alunos de distintas etnias do curso de Formação Intercultural de Educadores Indígenas da Universidade Federal de Minas Gerais, dentre os quais uma parte fala português como língua materna e outra fala português como segunda língua. Estes regis‑ tros são complementados por planos das aulas de Leitura e Produção de Textos Acadêmicos ministradas no referido curso e ainda de notas e diários de campo elaboradas pela professora da disciplina. A análise aponta que o processo de apropriação do português exigido pela academia é perpas‑ sado pelo português‑indígena e/ou por outras línguas indí‑ genas faladas como língua materna pelos povos focalizados. Isto indica a necessidade de que materiais didáticos e meto‑ dologias específicas de ensino do português sejam pensadas para os cursos de licenciatura indígena com o intuito de fa‑ cultar tanto a apropriação do português‑acadêmico quanto a valorização do português‑indígena e/ou de outras línguas indígenas. A expectativa é que a reflexão apresentada pos‑ sa contribuir nas discussões que envolvem o ensino do por‑ tuguês para indígenas tanto nas universidades quanto nas aldeias e, eventualmente, também colaborar para reflexões sobre o ensino de português em outros cenários. Resumo de Paper Nesse estudo, buscamos discutir o uso do livro didático de língua inglesa em sala aula, a partir da observação e pro‑ blematização dos modos como os alunos de uma turma do oitavo ano do ensino fundamental, de uma escola pública de Florianópolis, atribuem sentido ao conteúdo trazido por esse livro do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), do Ministério da Educação (MEC). Dada a reconhecida impor‑ tância que o livro‑texto assume na sala de aula de língua in‑ glesa nas escolas públicas brasileiras, entendemos que seja indispensável problematizar seus conteúdos, bem como a forma como esse recurso pedagógico é concebido e utilizado no contexto de ensino/aprendizagem de inglês, a fim de que discussões sobre valores socioculturais, políticos e ideológi‑ cos sejam contempladas no ensino de língua inglesa. Esse entendimento se dá em consonância com um grande núme‑ ro de trabalhos na Linguística Aplicada que vem constituin‑ do um importante arcabouço teórico voltado à discussão e questionamento dos usos do livro didático no contexto de sala de aula de língua inglesa (OLSON, 1989; HOLLIDAY, 1994; CANAGARAJAH, 1999; 2005; PENNYCOOK, 2001; MOITA LOPES, 2005; DIAS, 2009; SOUZA, 2011; LUCENA, 2012; dentre outros). Procuramos investigar a maneira como os alunos atribuem sentido às atividades trazidas pelo livro didático de língua in‑ glesa, fazendo uso de recursos da etnografia que nos ajuda a entender práticas locais e situadas de ensino e aprendiza‑ gem de línguas estrangeiras (CANAGARAJAH, 2007; CLEMENTE & HIGGINS, 2008). Embora os dados sejam preliminares, apresentaremos uma breve análise realizada a partir dos conceitos de performatividade e identidade, no sentido de mostrar que os modos como os alunos lidam e significam as diferentes práticas de linguagem propostas pelo livro texto apontam para diferentes posicionamentos identitários as‑ sumidos por eles no contexto pesquisado. 208 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada SESSÕES COLABORATIVAS: ANÁLISE DE UMA PERSPECTIVA SOCIOCULTURAL DA APRENDIZAGEM DO PROFESSOR E DA MEDIAÇÃO PELO PROFESSOR FORMADOR MARIA HELENA VIEIRA ABRAHÃO (UNESP) Resumo de Paper Sessões Colaborativas: análise de uma perspectiva socio‑ cultural da aprendizagem do professor e da mediação pelo professor formador Tomando por arcabouço teórico uma perspectiva sociocultural (Vygotsky, 1978; 1985; Wertsch, 1985; Johnson, 2009; Johnson e Golombek, 2011), objetiva‑se nesta comunicação apresentar resultados da análise de sessões colaborativas realizadas com professores de inglês em formação continuada, em que se buscou compreender como se deu a aprendizagem do professor e a atuação do professor formador, em seu papel de mediador desse pro‑ cesso. Essas sessões integraram um projeto longitudinal de pesquisa‑ação colaborativa (Burns, 1999), que visava a coconstrução da prática de ensino de inglês em uma única escola pública estadual e envolveu os dois professores efeti‑ vos que eram responsáveis pelo ensino da língua inglesa na escola. As ações do projeto abarcaram o acompanhamento das aulas dos professores pelos estagiários e mestrandos in‑ tegrantes do estudo, gravações em áudio e vídeo das aulas, aplicação de questionários para o levantamento das crenças e expectativas dos alunos e dos professores, entrevistas e sessões colaborativas mensais (com oito horas de duração) com os professores e o grupo de colaboradores (mestrandas, duas docentes universitárias, alunos de graduação). Nestas, buscava‑se refletir colaborativamente sobre os sucessos e insucessos experienciados nas aulas, discutindo possíveis encaminhamentos, com base nos conhecimentos (concei‑ tos) cotidianos e científicos introduzidos. Os resultados des‑ sa análise mostram o caminho tortuoso e difícil que caracte‑ riza a construção de novos conceitos (Smagorinsky, Cook e Johnson (2003) e o trabalho de mediação pelo formador. AVALIAÇÃO, AUTO‑AVALIAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS PARES NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUAS MARIA INÊS VASCONCELOS FELICE (UFU) Resumo de Paper O objetivo desta comunicação é expor e discutir criticamente a avaliação no curso de Letras – Licenciatura – cuja propos‑ ta pedagógica prevê o foco na formação do professor, fun‑ damentada na autonomia e na reflexão crítica do aprendiz. Esse futuro professor reflexivo, pesquisador de sua própria ação, será agente de transformação do contexto social da escola pública (CELANI, 2003). Este trabalho pretende, ainda, abrir espaço para reflexões sobre a importante função for‑ mativa que a avaliação desempenha nos processos de apren‑ dizagem. Fundamentada na noção de ensino‑aprendizagem do interacionismo sociodiscursivo (Bronckart, 1997/1999), e apoiada em Vygotsky (1930/1993, 1934/1998) e Habermas (1983/1989, 1985/2000, 1987), a avaliação será entendida aqui como prática que tem por função ser parte essencial do processo de ensino‑aprendizagem, tendo o objetivo maior de auxiliar o aluno a se constituir como um agente crítico (Felice, 2006), desde que exercida como uma atividade a serviço do conhecimento (Alvarez Méndez, 2002). Pretendo, ainda, refletir especificamente sobre a avaliação que tenho aplicado às turmas na disciplina do primeiro período, Língua Francesa: Aprendizagem crítico‑reflexiva. Apresento tam‑ bém discussões sobre a auto‑avaliação e a avaliação do pares que esses alunos, ingressantes em 2008, 2009, 2010 e 2011 vêm fazendo sobre seu desempenho e aprendizagem, assim como o desempenho e a aprendizagem de seus cole‑ gas. Resultados parciais mostram a resistência dos estudan‑ tes em aprender a avaliar, sobretudo quando se trata de atri‑ buir uma nota aos colegas, mas pode‑se perceber que são bastante precisos e honestos ao se auto‑avaliarem. 209 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A TEORIA E A PRÁTICA: PROCURANDO ENTENDER AS POLÍTICAS LINGUÍSTICAS EDUCACIONAIS A PARTIR DE ETNOGRAFIAS ESCOLARES MARIA INÊZ PROBST LUCENA (UFSC) Resumo de Paper A compreensão de políticas educacionais relacionadas as práticas de linguagem envolve uma discussão acerca das relações entre políticas linguísticas, políticas culturais, currículo, prática educacional e forças governamentais (PENNYCOOK, 2002). No cenário da Linguística Aplicada, os procedimentos da abordagem etnográfica nos ajudam a entender as relações entre leis, resoluções, diretrizes, etc. e o contexto para o qual políticas educacionais são pensadas (CANAGARAJAH, 2005). O objetivo deste trabalho é chamar a atenção para o papel que a pesquisa interpretativista de cunho etnográfico pode desempenhar no entendimento das políticas educacionais de línguas. Argumentando em favor dessa perspectiva de investigação como um modo de pro‑ blematizar a relação entre os objetivos de tais políticas e o contexto sociocultural para o qual elas são planejadas, apre‑ sento uma breve reflexão acerca da elaboração e do uso dos documentos oficiais provenientes das políticas educacionais de línguas; em seguida, discuto questões metodológicas na etnografia das políticas educacionais e de planejamentos de línguas. Por fim, discuto alguns elementos que podem fazer parte da etnografia de políticas linguísticas, apresentando três exemplos de pesquisas realizadas em salas de aulas de línguas (LIMA, 2010; GADIOLI, 2012; GUEROLA, 2012) que em‑ bora não tenham tido como objetivo principal a discussão de políticas educacionais, revelaram, entre outros aspectos, o modo como essas políticas e documentos oficiais são inter‑ pretados e recriados na escola. ALTERIDADE E CONSTRUÇÃO DE AUTORIA: O DESAFIO PEDAGÓGICO MARIA MARTA FURLANETTO (UNISUL) Resumo de Paper Neste trabalho, dou continuidade a minhas reflexões sobre autoria como uma prática específica de subjetivação, te‑ oricamente e em sua vertente pedagógica, entendendo‑a como processo político de produção no interior da cultura. Concebendo a materialidade do discurso em formulações textuais que emergem a partir de uma matriz de sentido (interdiscurso), tenho como objetivos, à luz de noções dis‑ cursivas tais como subjetividade, identidade (e sua crítica de cunho filosófico), alteridade (nas práticas atravessadas pe‑ las várias modalidades de linguagem), ideologia e memória discursiva: a) considerar, teoricamente, a impossibilidade de fechamento, de indiferença e de passividade frente à alte‑ ridade, em geral na sociedade e em especial na construção da função‑autor; b) refletir, a partir daí, sobre a produção de autoria (e do efeito‑leitor) no contexto de formação pedagó‑ gica. A alteridade deriva os acontecimentos da vida (social) e é derivada deles. Com o outro “eu”, sua identificação e pro‑ dução, abre‑se a linguagem para a proximidade e para o es‑ tranhamento; para a compreensão e para a incompreensão; para o acordo e para o desentendimento. A espessura da lin‑ guagem, aberta pela alteridade, faz pensar nos confrontos, na identidade e na diferença – tudo concertado pela expe‑ riência social, tributária da racionalidade da esfera política, que tem um papel simbólico especial na construção ética da convivência e das identidades. 210 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada FORMAÇÃO DE PROFESSORES, LINGUAGEM E TECNOLOGIA MARIA VALÉSIA SILVA DA SILVA (UCS–RS) Resumo de Paper Este trabalho propõe a apresentação de Projeto Piloto no RS de formação continuada, em ambiente na Plataforma MOODLE da Escola Estadual de Ensino Médio Santa Catarina, em Caxias do Sul‑ RS. Para tanto, relataremos o início, a or‑ ganização e o desenvolvimento de projetos na Sala Digital da escola. O referido projeto tem cunho etnográfico, e tra‑ tará das atividades da sala digital desenvolvidas desde 2011, além da criação do grupo “GT Linguagens e suas Tecnologias”. O grupo trabalha sob a Coordenação da Sala Digital do Ensino Médio e Núcleo de Tecnologias Educacionais da 4º CRE. Este é desenvolvido em conjunto com a Coordenação das Línguas Adicionais, em parceria com a Coordenação de Língua Portuguesa e Literatura e tem o objetivo de desenvol‑ ver a formação continuada dos professores de Ensino Médio, em um primeiro momento. Relataremos, também, como as reuniões e as atividades são elaboradas em conjunto e demonstraremos as atividades desenvolvidas pela coorde‑ nação da sala digital e pelos docentes que fazem parte do grupo. Finalmente, falaremos sobre a interdisciplinaridade resultante da articulação, não intencional, do Coordenador da Sala Digital e os professores, da relação construída com a Universidade da Caxias do Sul, com a Associação de Professores de Inglês do Rio Grande do Sul, bem como sobre os planos futuros para o desenvolvimento das atividades de formação continuada para esses educadores. Pensamos que a ferramenta poderá resultar em diferentes possibilidades de aprendizagem dos alunos e de articulação para reuniões as‑ síncronas, para fazer frente à dificuldade de reunião dos pro‑ fessores devido ao grande número de horas em sala de aula. A PROVISORIEDADE DA TRADUÇÃO: O INTRADUZÍVEL COMO O QUE NÃO CESSA DE (NÃO) SE TRADUZIR MARIA VIVIANE DO AMARAL VERAS (UNICAMP) Resumo de Paper Este trabalho tem por objetivo argumentar em favor do in‑ traduzível como uma experiência original que só se mostra ‘em tradução’. Falar em intraduzível no mundo institucional da tradução é de saída pôr sob suspeita a objetividade co‑ municante que diz respeito a uma concepção instrumental de língua, mesmo que se admita que é justamente essa ob‑ jetividade que se torna problemática logo que se entra em contato com outra língua. Existe, é claro, uma dimensão partilhável da língua, que permite supor alguma transpa‑ rência, alimentada pela possibilidade de comunicar certo conteúdo produzido em uma língua estrangeira, mesmo que sustentado em uma abstração da materialidade dessa língua e em uma ilusão de identidade que pressupõe que o sucesso de uma tradução residiria na passagem de uma língua a outra sem equívocos. O que acontece, contudo, quando a língua não é oferecida como meio de transmissão de uma experiência prévia (que ela traduz), mas se oferece ela mesma como experiência a traduzir? Se, como diz Walter Benjamin (1923–2010), “toda tradução é apenas uma forma, de algum modo provisória, de lidar com a estranheza das lín‑ guas”, levantamos a hipótese de que essa forma provisória é ditada pelo que de cada língua permanece intraduzível. Esse intraduzível, longe de negar a tradução, afirma‑a como uma tarefa cuja riqueza está justamente no “provisório” que ela insiste em sempre pôr em cena, ao mesmo tempo em que se põe à escuta das diferenças, dos equívocos e das lacunas que se escrevem numa língua de tradução ‘sem original’. 211 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O LEGADO PURITANO NA CONSTRUÇÃO DO PENSAMENTO MODERNO DOS ESTADOS UNIDOS LETRAMENTO CRÍTICO: EFEITOS DE UMA DISCUSSÃO SOBRE GÊNERO EM SALA DE AULA MARIANA NUNES MONTEIRO (UFRJ) MARIANA BATISTA TORRES (UFRJ) Resumo de Paper Resumo de Pôster Os puritanos contribuíram significativamente para a cons‑ trução dos ideais que guiaram os americanos no período co‑ lonial e nos séculos posteriores. Nos dias atuais, ainda é pos‑ sível enxergar resquícios desta influência, conforme Carlos Eduardo Lins da Silva expõe em seu artigo “Puritanismo, Individualismo e Pragmatismo na Resposta Americana ao Terror” (2002). Estudar, pois, esta sociedade é crucial para que se possa conhecer e quiçá compreender um pouco mais o país que desperta reações de amor e ódio. Posto estas con‑ siderações, o presente trabalho visa investigar a herança puritana na América moderna, através do conceito de self‑ ‑made man, amplamente difundido durante a época da pro‑ pagação do “sonho americano”, e da importância atribuída à figura divina, com a ressalva de que anteriormente Ele era visto como aquele que pune (a exemplo, o sermão do prega‑ dor puritano Jonathan Edwards “Sinners in the Hands of an Angry God”) em oposição à visão de salvador e protetor de uma nação (“God Bless America”) que caminha para a glória. Discutirei os elementos que caracterizam o legado puritano por meio da análise de discursos políticos e literários desde a época do auge deste sistema, no século XVIII, até os dias de hoje. As ideias de Norman Foerster, Carlos Eduardo Lins da Silva, Antonio Pedro Tota e Stuart Hall constituem o arca‑ bouço teórico que fundamenta esta pesquisa. A dicotomia homem/mulher está tão enraizada na socieda‑ de contemporânea que o fato de a identidade de gênero ser discursivamente construída é naturalizado. Ao adotar essa visão essencialista de gênero/sexualidade, criando uma po‑ laridade entre homo¬erotismo e heterossexualidade (MOITA LOPES,2002), o papel ativo do indivíduo na construção do mundo que o cerca é desconsiderado. Dessa forma, o pre‑ sente trabalho visa apresentar e discutir os efeitos acarreta‑ dos pelo processo de desenvolvimento do letramento crítico de alunos do Ensino Médio acerca de questões identitárias. Mais especificamente, o foco desta pesquisa se volta para uma aula em particular na qual os alunos são expostos a questionamentos problematizadores sobre o binarismo homem/mulher, sendo levados a considerar novas possibi‑ lidades de ser e a perceber que desempenham papéis impor‑ tantes na construção do mundo a sua volta e na construção contínua das identidades sociais. O contexto de pesquisa é uma escola pública localizada na zona sul do Rio de Janeiro na qual os alunos participam de um projeto intitulado “A pro‑ moção do letramento crítico no ensino de inglês” propor‑ cionado pelo Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID. As aulas desse projeto são pensadas de forma a desenvolver nos alunos habilidades não só linguís‑ ticas, mas também reflexivas sobre a sociedade na qual estão inseridos. 212 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada RESISTINDO A IDENTIDADES LEGITIMADAS DE FALANTES DE INGLÊS: UMA EXPERIÊNCIA NO CURSO DE LETRAS MARIANA R. MASTRELLA‑DE‑ANDRADE (UNB) Resumo de Paper Esta comunicação objetiva relatar uma pesquisa no curso de Letras/Inglês em uma universidade pública, com foco sobre a construção de uma noção crítica de identidade de falan‑ tes de inglês. O suporte teórico que embasa este trabalho se constitui especialmente de três aspectos. O primeiro enfa‑ tiza que língua é o lugar onde formas possíveis e reais de or‑ ganização e suas prováveis consequências políticas e sociais são definidas e contestadas (Weedon, 1997). Não dissociado disso, temos que língua é lugar de luta política, ou seja, está sempre imbuída de poder. Poder é entendido como relação e não como força pertencente a alguém e que, portanto, não se possui, mas se exerce, está em tudo e em todo o tempo, inclusive nas relações que constroem as categorizações so‑ bre quem somos (Foucault, 1979). O terceiro aspecto diz res‑ peito à questão das identidades, entendidas como plurais, feitas na e por meio da linguagem, existindo nos atos de fala que as produzem (Butler, 1997). Nesse sentido, esta pesquisa de base qualitativa contou com os seguintes procedimentos metodológicos: 1) entrevistas iniciais, em que os alunos re‑ lataram suas compreensões dos modelos ideais de falantes da língua inglesa hoje; 2) a recepção de representantes da Nigéria e de Trinidad e Tobago na sala de aula do curso de Letras; 3) momento de discussão em grupo sobre questões linguísticas, sociais e políticas sobre o uso do inglês hoje; e 4) entrevista final sobre a relação dos licenciandos com a lín‑ gua inglesa no processo de formação após a experiência do projeto. Os resultados mostraram que o modelo de falante ideal ainda persiste e se concentra sobre nativos anglo‑sa‑ xões. Entretanto, os resultados também sugerem que essas concepções podem ser desafiadas, trazendo em especial no‑ vas compreensões sobre a relação do licenciando em língua inglesa com essa mesma língua e uma maior liberdade para o uso da língua inglesa que atenda aos próprios interesses da comunidade brasileira, não fixo a um modelo apenas. “LET GREEKS BE GREEKS, AND WOMEN WHAT THEY ARE”, A LITERATURA FEMINISTA DE ANNE BRADSTREET E A POESIA COMO ESPAÇO DE ATIVISMO POLÍTICO. MARIANA ROMARIZ LEIVAS (UFRJ) Resumo de Pôster Embora a literatura tenha sido por muito tempo um espaço restrito a escritores homens, o primeiro poeta norte‑ameri‑ cano de que se tem registro foi uma mulher, Anne Bradstreet, cujo livro “The Tenth Muse Lately Sprung Up in America” foi o primeiro de autoria feminina a ser publicado nos Estados Unidos. Sua poesia oscila entre o cotidiano feminino bem‑comportado e a crítica à sociedade patriarcal do século XVII. Bradstreet reivindica seu direito de escrever, deixando claro em sua própria poesia que sabe que não será bem acei‑ ta por quem lê sua literatura. O objetivo desse trabalho é in‑ vestigar os recursos linguísticos dos quais Anne Bradstreet se apropria para reconstruir discursivamente sua identidade social como feminista e como a autora usa sua poesia como espaço para ativismo político e denúncia da condição social da mulher, usando sua própria voz para dar a voz a quem não tem. Pretendo também analisar os recursos linguísticos de que Bradstreet lança mão ao reivindicar seu espaço na lite‑ ratura, que merece ter sua obra valorizada. Esse trabalho possui considerável relevância para a literatura porque visa melhorar a percepção da força literária feminina em um mo‑ mento primordial da literatura norte‑americana. 213 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada NOVAS PERSPECTIVAS PARA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA PORTUGUESA MARIANA VIDOTTI DE REZENDE (UEL) A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA EXPERIÊNCIA DO ABUSO SEXUAL INFANTIL: NARRATIVAS INVIÁVEIS MARILÉIA SELL (UNISINOS) Resumo de Paper Ao longo dos últimos anos as políticas públicas de educação têm se preocupado com a necessidade de se rever o papel do professor frente à nova perspectiva educacional decorrente, em especial, da cultura digital. No que faz referência ao pro‑ fessor de Língua Portuguesa (foco de meu estudo), é consen‑ so que ele deve, entre outras questões, considerar as novas maneiras de ler, de se produzir, de se fazer circular os textos na sociedade e, consequentemente, do novo perfil do aluno, para elaborar suas propostas de ensino. Neste viés da cultu‑ ra digital e papel do professor de Língua Portuguesa, perce‑ be‑se, no entanto, um grande abismo entre o que se propõe, o que é possível fazer e o que se faz fruto, entre outras ques‑ tões, da falta de participação do professor na elaboração de novas propostas de ensino e de um currículo que restringe e sistematiza. Nesta perspectiva, proponho‑me a discutir a necessidade de se rever as propostas e de propor novas po‑ líticas para formação de professores de Língua Portuguesa. Resumo de Paper As narrativas são um recurso para realizar diversas ações no mundo, como construir, interpretar, socializar experiências, negociar identidades e significar acontecimentos (SACKS, 1992; OCHS; CAPPS, 1996; DE FINA, 2008). Através da estrutu‑ ra das narrativas os/as atores/as sociais aprendem a se po‑ sicionar frente às experiências, estabilizando preferências de como agir, sentir e saber nos diferentes grupos sociais. Adotando uma perspectiva etnometodológica (GARFINKEL, 1967) e interacional (SACKS, 1992), esta pesquisa analisa in‑ terações entre um conselheiro tutelar e crianças vítimas de abuso sexual, atentando para as ações que os/as interlocu‑ tores/as realizam ao coconstruir as histórias. Os resultados da pesquisa apontam que as práticas narrativas são aciona‑ das para organizar a experiência das vítimas e acomodá‑la às expectativas morais e às demandas do discurso jurídico (MACMARTIN, 2002). A estrutura da narrativa (i.e. as suas características) está, assim, condicionada à atividade intera‑ cional que está sendo desenvolvida (i.e. construir um relato reportável para o sistema judiciário e realinhar as expecta‑ tivas morais quebradas). Isso mostra que as narrativas pre‑ cisam ser analisadas em seu contexto de produção, ou seja, no turno a turno da interação, e não como uma unidade dis‑ cursiva pronta e externa ao evento interacional (SCHEGLOFF, 1997). Em outras palavras, então, é a atividade interacional que determina o formato da narrativa, e não o contrário. Nesta perspectiva, esta pesquisa mostra como as práticas narrativas muito estruturadas podem representar roteiros de significação pré‑estabelecidos para as vítimas de abuso sexual, retirando‑lhes a agentividade e inviabilizando signifi‑ cações alternativas e únicas da experiência vivida. O esforço de acomodar as histórias das vítimas às expectativas sociais e morais privilegia determinadas versões da realidade, em detrimento de outras, promovendo silêncios que podem di‑ ficultar a nossa compreensão deste fenômeno social comple 214 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O LAPTOP EDUCACIONAL UCA NAS AULAS DE LÍNGUA INGLESA: UM ESTUDO DE CASO EM TRÊS ESCOLAS DA REDE PÚBLICA DE ENSINO NO ESTADO DO ACRE LÍNGUA PORTUGUESA: BREVE PERCURSO HISTÓRICO‑PROFISSIONAL NO BRASIL MARÍLIA CARVALHO BATISTA (UNB) MARILEIZE FRANÇA MATTAR (UFAC) Resumo de Paper Resumo de Paper Essa comunicação é fruto de uma pesquisa financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) intitulada “Laptop Educacional UCA: aná‑ lise das práticas pedagógicas e da formação dos professo‑ res das escolas do Projeto Piloto do Acre”, que está em fase de desenvolvimento e é vinculada ao Centro de Estudos do Discurso do Acre (CED–Ac) da Universidade Federal do Acre. Com a inserção de computadores nas escolas através do Projeto UCA (um computador por aluno), as possibilida‑ des tecnológicas tornam‑se uma alternativa para facilitar a educação através da inclusão digital. Papert (1994), Moran (2000) e Masseto (2000) salientam que o computador pode vir a ser um grande aliado no esforço em prol da melhoria da qualidade do ensino, tendo em vista que respeita ritmos diferenciados. Perrenoud (2000) e Arroyo (2000) salientam que a tecnologia na sala de aula é uma forma não só de in‑ clusão digital, mas também de inclusão social. Estudiosos da contemporaneidade, como Lemos (2003) e Levy (1999), defendem que estamos vivendo em uma nova era sociocul‑ tural, pautada pela ampliação das possibilidades comunica‑ cionais e pelo avanço tecnológico da informática e compu‑ tação que tem produzido inúmeras e profundas transforma‑ ções nas mais diversas esferas sociais, enfim, em todo nos‑ so papel social e, inclusive, nossa linguagem. Dessa forma, após breve contextualização da pesquisa supracitada e dos pressupostos que a fundamentam, pretendo discutir nes‑ sa comunicação como os professores de língua inglesa em três escolas da rede pública de ensino no estado do Acre vêm articulando a sua prática pedagógica com o uso do laptop educacional no processo de língua inglesa e que implicações pedagógicas contribuem para o desenvolvimento da com‑ petência comunicativa do aluno. Como resultado desse con‑ junto de ações, espera‑se que esse estudo fortaleça o uso do laptop educacional no processo de ensino‑aprendizagem de língua Inglesa. Este trabalho tem como fio condutor a história do ensino de Língua Portuguesa no Brasil. Analisa‑se a partir da his‑ tória da LIngua Portuguesa, como a formação do professor interfere no processo ensino‑aprendizagem. O enfoque parte dos textos de Serafim da Silva Neto, José Ricardo Pires de Almeida, Maria Cecília Camargo Magalhães e de Carla Lynn Reichmann. O texto de Silva Neto permite‑nos orien‑ tar no âmbito do historicismo cultural. Já a obra de Pires de Almeida retrata o movimento pedagógico e os aconteci‑ mentos da criação de escolas no Brasil. Magalhães, em seu texto demonstra que a história da própria prática permite criar espaço reflexivo e crítico, possibilitando o questiona‑ mento sobre as escolhas metodológicas em contextos esco‑ lares. Reichmann sublinha historiar e historicizar processos de ensino‑aprendizagem e práticas discursivas docentes po‑ dem reposicionar o professor‑autor na própria (re)constru‑ ção identitária. A pesquisa biográfica de contextos escolares problematiza a trajetória da formação e identidade sociopro‑ fissional. O professor ao ser analisado a partir de sua própria formação levará à compreensão do percurso histórico‑social que o ensino/aprendizagem assumiu e assumi no contexto social, político, cultural e profissional. O trabalho orienta‑se na busca de caminhos para compreender a formação de pro‑ fessor de Língua Portuguesa e o movimento de sua própria identidade profissional que não está desvinculada de sua formação social e sua trajetória de vida, para tanto será ana‑ lisada as negociações identitárias enunciadas, o que é dito e pensado por meio das vozes que entrecruzam o discurso do professor e transferido para o processo de aprendizagem. 215 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NA LICENCIATURA EM LETRAS: OS SIGNIFICADOS DESSA PRÁTICA SITUADA NA ÓTICA DO PROFESSOR EM FORMAÇÃO A PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO EM AMBIENTE DIGITAL POR ALUNOS DE LICENCIATURA EM LETRAS MARÍLIA DOS SANTOS LIMA (UNISINOS) PATRÍCIA DA SILVA CAMPELO COSTA (UFRGS) MARÍLIA CURADO VALSECHI (UNESP) Resumo de Paper Resumo de Paper Este trabalho visa analisar os significados que o estágio cur‑ ricular supervisionado apresentam para o professor de lín‑ gua portuguesa em formação. Trata‑se de um recorte de mi‑ nha pesquisa de doutorado, que, inserida numa perspectiva transdisciplinar e interpretativista da Linguística Aplicada, busca conhecer os significados que o fenômeno em estudo tem para os sujeitos envolvidos a fim de valorizar os saberes, bem como as necessidades desse grupo, e, em função des‑ tes, refletir sobre formas de contribuir para uma formação mais sólida para o professor. A abordagem metodológica da pesquisa constitui‑se em um estudo de caso, cuja unidade particular consiste na prática do estágio supervisionado da licenciatura em Letras de uma universidade pública específi‑ ca. Da perspectiva dos Estudos de Letramento, o estágio su‑ pervisionado é uma prática situada voltada para o letramen‑ to para o local de trabalho docente, que, “além dos conhe‑ cimentos teóricos pertinentes, devidamente ressignificados para a situação de ensino, abrange também conhecimentos sobre as condições específicas de trabalho, as capacida‑ des e interesses da turma, a disponibilidade de materiais e o acesso que a comunidade tem a eles.” (KLEIMAN, 2008, p. 512). Dessa forma, o estágio supervisionado contribui forte‑ mente para a construção da identidade docente. Para a pre‑ sente comunicação, trazemos alguns dados provenientes de relatórios de estágio e trechos de interação em sala de aula, focalizando as vozes – no sentido bakhtiniano do conceito – dos professores em formação. O estudo aqui relatado focaliza a produção de material didá‑ tico em língua estrangeira a partir da colaboração estabele‑ cida entre duplas de alunos de licenciatura em Letras/Inglês de uma universidade particular do sul do Brasil. É adotado o conceito de diálogo colaborativo (Swain, 2000), entendido como o diálogo que contribui para o desenvolvimento lin‑ guístico a partir de uma perspectiva sociocultural de apren‑ dizagem. Considera‑se também a relevância da pesquisa em educação mediada por computador que aponta para a tecnologia como elemento potencializador da interação, da criação e da autoria na língua, gerando um espaço propício para o ensino‑aprendizagem. Para a elaboração do material didático, solicitou‑se aos participantes que focalizassem a compreensão e a produção oral e escrita, considerando os conceitos de letramento, gêneros textuais, autonomia, co‑ nhecimento de mundo, necessidades e interesses dos alu‑ nos. Após a conclusão das tarefas, foram feitas entrevistas com os participantes a fim de investigar suas opiniões e sentimentos a respeito da proposta e das tarefas desenvol‑ vidas por eles. São apresentadas algumas produções que evidenciam o envolvimento dos alunos de licenciatura e sua reflexão sobre a relevância de um material didático ade‑ quado, enfatizando‑se o papel da tecnologia. Os resultados também revelam que a interação estabelecida durante a produção do diálogo colaborativo pode estimular o proces‑ so de aprendizagem. 216 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada DISCURSO E IDENTIDADE: DOIS JORGES E DUAS CIDADES MARÍLIA VARELLA BEZERRA DE FARIA (UFRN) Resumo de Paper Esta comunicação pretende discutir as construções identi‑ tárias de duas cidades a partir do discurso poético. Partimos da compreensão de que as cidades são cenários múltiplos e fragmentados na contemporaneidade e de que múltiplos são também os sujeitos que nelas habitam. O poeta se utili‑ za da palavra que é o seu material verbal e descreve a nature‑ za, o cotidiano, os personagens, os sons, as cores da cidade, atribuindo‑lhes um sentido artístico, refletindo uma deter‑ minada época histórica, social e cultural. O presente estu‑ do se fundamenta no modelo sócio histórico de linguagem (BAKHTIN E O CÍRCULO, 2002, 2003, 2010) e nos estudos cul‑ turais, considerando que a cultura constrói valores, estabe‑ lecendo diferenças, em função de suas condições de produ‑ ção (HALL, 2003, 2011; CANCLINI, 1997, 2003). O corpus desta pesquisa é constituído por dois poemas, sendo o primeiro es‑ crito pelo poeta Jorge Fernandes sobre a cidade do Natal e o segundo, sobre a cidade de Buenos Aires, escrito pelo poeta Jorge Luis Borges. As primeiras análises discursivas revelam que, apesar da diferença de estilos dos dois autores‑criado‑ res, ou seja, das suas diferenças nas relações históricas, so‑ ciais e culturais, as construções identitárias das duas cidades se dão a partir de traços das suas memórias, de experiências próprias que os identificam com essas cidades. PARÂMETROS LINGUÍSTICOS E CULTURAIS DA LÍNGUA PORTUGUESA EM PRODUÇÃO ESCRITA EM LÍNGUA INGLESA – CONTRIBUIÇÕES PARA UMA LÍNGUA FRANCA OU INDÍCIOS DE INTERLÍNGUA? MARINA MEIRA DE OLIVEIRA (UFRJ) Resumo de Pôster Este projeto de pesquisa busca investigar o nível de influên‑ cia que a língua “nativa” (L1) pode exercer sobre o aprendi‑ zado de língua adicional (LA) na escrita. A proposta temáti‑ ca, primeiramente, é avaliar que estruturas gramaticais da Língua Portuguesa na sua variação brasileira (L1 em ques‑ tão) comumente se apresentam na redação de textos na Língua Inglesa (LA em questão). Em um segundo momento, o enfoque cai sobre as atividades de escrita nos livros didáti‑ cos, baseando‑se nas instruções apresentadas para escrever uma “boa” redação. Trata‑se de um estudo quanti‑qualitati‑ vo, partindo da quantificação de certas estruturas advindas da língua nativa, presentes nas redações em língua inglesa. O caráter qualitativo, no entanto, é predominante na inves‑ tigação das motivações dessas ocorrências, e na existência de perguntas passíveis de modificação ao longo da análise dos dados. Dentre elas, a principal é “Até que ponto pode‑se dizer que o emprego de categorias sintático‑semânticas de forma inapropriada por aprendizes de LA caracteriza um le‑ gado da L1?”. O material utilizado para a geração de dados compreende dois questionários, os textos reunidos, e livros didáticos selecionados. O cruzamento de dados nos textos pretende verificar a produtividade de uma determinada estrutura, ao passo que os questionários têm por objeti‑ vo testar o reconhecimento de algumas dessas categorias por parte do aluno/escritor e de falantes de outra L1. No se‑ gundo momento, serão analisados os enunciados de livros didáticos que se referem à produção escrita e as sugestões de avaliação apresentadas. Os resultados esperados permi‑ tirão mapear quais estruturas claramente motivadas pela L1 se apresentam como um obstáculo para a inteligibilidade discursiva, e quais não constituem séria ameaça ao enten‑ dimento da mensagem que se quer transmitir. Quanto ao segundo momento, a conclusão poderá apontar para a ne‑ cessidade de uma análise crítica das atividades de produção escrita nos livros didáticos. 217 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada MÍDIAS DIGITAIS E MULTIMODALIDADE: ANÁLISE DE DOIS SITES DE REVISTA DE CULTURA O USO DO DICIONÁRIO NA SALA DE AULA DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA, PLE MARISELA COLÍN RODEA (UNAM) MARISA NASCIMENTO (Puc–sp) Resumo de Paper Resumo de Paper Este trabalho é a aplicação dos conhecimentos adquiridos na área da Multimodalidade e da Semiótica Social duran‑ te meu intercâmbio feito na The Hong Kong Polytechnic University, com o financiamento do programa Ciência sem Fronteiras do CNPq, na modalidade Graduação Sanduíche. Em meu estudo, analiso a disposição dos elementos que compõem as homepages de duas revistas de arte e cultura: a revista Bravo!, do Brasil (http://bravonline.abril.com.br/) e a revista ArtAsiaPacific, de Hong Kong (http://artasiapacific. com/). Esta análise é feita com base nas ferramentas que a Multimodalidade possibilita para a leitura de textos compos‑ tos por diversas semioses. A partir da análise da disposição dos elementos multimodais, busco identificar a proposta de mensagem destas páginas online. Valendo‑se do entendi‑ mento de que as homepages são textos, utilizo os estudos de tipologia de textos multi‑semióticos para compreender a proposta da mensagem. Os elementos interativos dispo‑ níveis numa homepage estão integrados para compor um layout e dar coerência e significado ao todo. Há, nesta com‑ posição, um sistema de escolhas, por parte de seus auto‑ res, que são justificáveis devido ao contexto no qual foram feitas. Estas escolhas podem ser compreendidas através de funções desempenhadas pela linguagem, denominadas por Halliday de metafunções – ideacional, interpessoal e textu‑ al.Dessa forma, a fundamentação teórica deste estudo é a Multimodalidade, com foco nas três metafunções. Os resul‑ tados da análise demonstram que o uso de recursos interati‑ vos, bem como o público leitor ao qual o site se direciona re‑ fletem as escolhas na composição das páginas web. Apesar das duas revistas terem linhas editoriais semelhantes, seus sites apresentam propostas de mensagem distintas. O propósito deste trabalho é pesquisar o uso do dicionário na sala de aula de português como língua estrangeira, PLE. O dicionário é um objeto verbal imanente que tem um cará‑ ter simbólico, cultural e social, a exploração do significado não só define aquilo que os signos nomeiam, mas a maneira em que se significa com eles desde a experiência histórica de uma cultura (Lara, 2006). No caso de PLE, existem dicio‑ nários monolíngues de qualidade tais como o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. No entanto, os dicionários bilíngues não oferecem a mesma qualidade e há uma falta de dicionários didáticos dirigidos a um público hispano‑falante universitá‑ rio. Adotando‑se o método de análise de observação de sala de aula, este estudo examina o uso do dicionário na sala de aula em tarefas de aprendizagem. Completa‑se a informa‑ ção com um questionário e uma discussão em grupo (focus group) sobre o tema em questão. As perguntas de pesqui‑ sa foram as seguintes: Cómo usa o dicionário o aluno que aprende português como língua estrangeira, PLE? Qué estra‑ tégias relacionadas com léxico utilizam os alunos? Qué re‑ presentações os alunos fazem do dicionário? Cómo aparece o uso do dicionário na sala de aula? Nossos informantes foram 24 alunos do terceiro nível de português com 240 horas de aula. No momento da pesquisa, os alunos participavam em experiências de intercambio via chat com uma universidade brasileira. No momento da pesquisa o tema tratado era a “escola e a educação”, o campo semântico abrangeu centros de interes relacionados com esse tema. O principal resultado do estudo informa sobre o uso do dicionário em sala de aula, as estratégias de aprendizagem de léxico empregadas pelo aluno, as rotinas de busca geradas pela tarefa e aquelas pró‑ prias da cultura de aprendizagem em atividades de 218 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada HISTÓRIAS DE LETRAMENTO EM CENÁRIO DE IMIGRAÇÃO ALEMÃ DO SUL DO BRASIL MARISTELA PEREIRA FRITZEN (FURB) Resumo de Paper Os Estudos do Letramento têm ressaltado que as práticas de leitura e de escrita se dão em contextos sócio‑históricos e ideológicos específicos, envolvem relações de poder e adqui‑ rem sentidos distintos para os atores sociais que se inserem nessas práticas. A partir desse pressuposto, desenvolveu‑se uma pesquisa com o objetivo de desvelar e compreender histórias de letramento de indivíduos teuto‑brasileiros em um cenário do Sul do Brasil, onde coexistem línguas de imi‑ gração ao lado da língua portuguesa. Todos os sujeitos da pesquisa são pessoas que vivenciaram na escola a campa‑ nha de nacionalização do ensino empreendida pelo Governo Vargas (1037–1945). Nesta comunicação, pretende‑se socia‑ lizar e discutir dados parciais dessa pesquisa interpretati‑ vista de cunho etnográfico, em busca da compreensão das complexas relações entre letramentos, políticas linguísticas nacionais e locais e a educação. Os registros foram gerados por meio de entrevistas narrativas individuais, por meio das quais os sujeitos, todos acima de 78 anos, foram con‑ vidados a reconstruir sua trajetória de vida no tocante às práticas sociais de leitura e de escrita em alemão e em por‑ tuguês. As narrativas construídas pelos atores sociais desta pesquisa desvelam histórias de letramento em que os sig‑ nificados da escrita transcendem a esfera escolar, uma vez que são produzidos na inserção dos sujeitos em práticas de letramentos vivenciadas na família, na esfera religiosa e no trabalho. Além disso, os depoimentos dos sujeitos trazem à tona os conflitos gerados pela imposição de uma identidade nacional única, os ressentimentos decorrentes do processo de assimilação e as estratégias de resistência desses grupos. A partir desses registros, espera‑se poder contribuir para dar visibilidade ao cenário intercultural da região e de outras zo‑ nas de imigração. Espera‑se ainda ampliar o debate sobre o papel da LA na discussão e implementação de políticas lin‑ guísticas e na formação de professores. CRENÇAS DE PROFESSORES DE LÍNGUA JAPONESA DESCENDENTES DE IMIGRANTES JAPONESES EM CONTEXTO DE SALA DE AULA MARLEY FRANCISCA DE LIMA (USP) Resumo de Paper O presente trabalho trata da investigação de crenças sobre a experiência de professores descendentes de imigrantes ja‑ poneses. Especificamente, desenvolveremos esta pesquisa tendo como foco a sequência de aula, fazendo um compa‑ rativo entre duas professoras. Caracterizando‑se como um estudo de caso, esta pesquisa é de base qualitativa e resulta‑ do da observação não participativa de sua pesquisadora no campo investigado. As colaboradoras são duas professoras de língua japonesa com experiência no Japão como alunas do ensino regular japonês que, de volta ao Brasil, começa‑ ram a ensinar a língua japonesa. Ambas possuem entre 20 e 30 anos, sendo uma filha de pai descendente e de mãe não descendente, e a outra, filha de pais descendentes de segunda geração. A primeira adquiriu a língua japonesa de forma simultânea à sua língua materna, enquanto a segun‑ da o adquiriu de forma consecutiva àquela. Verificamos no decorrer da análise dos dados que, apesar de possuírem mui‑ to em comum, as duas professoras têm formas diferentes de conduzir suas aulas. Os dados utilizados neste trabalho, coletados em uma escola de língua japonesa de uma comu‑ nidade de nipo‑brasileiros na região Centro‑Oeste do Brasil, constituiu‑se mediante o uso de instrumentos de pesquisa comuns a uma investigação de base contextual, como gra‑ vações em áudio das aulas, entrevistas, diários e notas de campo, além da própria observação das aulas. 219 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada LEIA AS INSTRUÇÕES: UMA ANÁLISE DE TEXTOS MULTIMODAIS EM RÓTULOS DE ALIMENTOS MARTA APARECIDA PEREIRA DA ROCHA COSTA (CEFET–MG) ASPECTOS DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES‑ALUNOS DE INGLÊS DA REDE PÚBLICA DO AMAZONAS: UMA PESQUISA‑AÇÃO NO PARFOR MARTA DE FARIA E CUNHA MONTEIRO (UFAM) Resumo de Paper Com base em discussões sobre letramento e letramento visual, este estudo traz uma análise da leitura de quatro rótulos de mistura para bolo, focalizando a leitura dos “mo‑ dos de preparo”, considerados aqui textos instrucionais. Observou‑se como a multimodalidade contribui para a pro‑ dução de sentido na leitura desses textos. A hipótese do es‑ tudo aqui apresentado era de que, nos rótulos, a multimo‑ dalidade está além de uma representação semiótica conven‑ cional de caráter meramente ilustrativo. Os fundamentos para esta pesquisa foram dados por diversos autores, mas especialmente por Kress e van Leeuwen (1996, 2001 e 2006), que possuem uma teoria sobre a utilização simultânea de diferentes modos semióticos na comunicação. A coleta dos dados analisados deu‑se por meio da simulação de fazer bo‑ los, das quais participaram 26 alunos, graduandos de uma escola pública federal. Eles leram as instruções em rótulos de mistura para bolo e simularam o seu preparo, enquanto narravam as suas ações (como num protocolo verbal ou em um think aloud). Inspirado em testes de usabilidade, mon‑ tou‑se um cenário para a realização dos procedimentos com uma bancada sobre a qual foram disponibilizados utensílios e ingredientes necessários à simulação do preparo. Os tes‑ tes foram gravados e transcritos, o que permitiu a análise da interação do leitor com o texto, da interação entre recursos verbais e não‑verbais, além das dificuldades encontradas pelos estudantes na leitura. Observou‑se que os recursos semióticos da multimodalidade foram percebidos e utiliza‑ dos pelos leitores participantes, o que permitiu concluir que elementos não‑verbais representados nos rótulos podem se aliar à mensagem verbal na construção de uma compre‑ ensão do texto instrucional. Verificou‑se ainda que a leitura de rótulos de alimentos não é algo tão simples e que requer, além de habilidades de leitura, também conhecimentos es‑ pecíficos não disponibilizados nas propostas instrucionais. Resumo de Paper Considerando‑se a necessidade de formar professores da rede pública para atuar na educação básica em conformida‑ de à Lei de Diretrizes e Bases – LDB de 1996, o Ministério da Educação do Brasil – MEC criou em 2009 o Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR. Assim, para atender a uma demanda significativa de forma‑ ção de professores no Estado do Amazonas, a Universidade Federal do Amazonas – UFAM vêm ofertando, desde 2010, turmas de 1ª. e 2ª. Licenciatura de Língua/Literatura Estrangeira – Inglês. Esse trabalho, pois, apresenta uma pesquisa em andamento realizada no contexto de uma das turmas de 2ª. Licenciatura do PARFOR, de uma cidade do in‑ terior do Amazonas e tem o objetivo de investigar questões discursivas e identitárias subjacentes à formação desses pro‑ fessores‑alunos com base nas teorias do Letramento Crítico. O aporte teórico é baseado em Celani (2010), Fairclough (1992; 2008), Hall (1997), Kleiman (2006a; 2006b), Street (1995), entre outros. A metodologia é baseada no paradigma qualitativo (Denzin e Lincoln, 2006) e a pesquisa vem sen‑ do executada por meio da pesquisa‑ação (Andaloussi, 2004; Thiollent, 2011). Os participantes são 20 professores‑alunos de inglês que frequentam o curso e a geração de dados vem sendo efetivada por meio de instrumentos como questio‑ nários, entrevistas, notas de campo, observações e rodas de conversas. A análise preliminar dos dados vem revelan‑ do que os participantes têm a consciência de que o ensino‑ ‑aprendizagem de inglês no interior do Amazonas exige de si o papel de agentes de transformação social em um contexto pleno de privações (Rojo, 2006), que seu discurso é perme‑ ado por questões políticas referentes ao ensino‑aprendiza‑ gem de línguas e sua identidade se encontra em construção. 220 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE PROFISSIONAL DE ALUNOS DO TERCEIRO PERÍODO DO CURSO DE LETRAS PORTUGUÊS–INGLÊS MARTA DEYSIANE ALVES FARIA (UFV) ENSINO DE ESPANHOL E DE PORTUGUÊS (LÍNGUAS PRÓXIMAS) EM DIFERENTES AMBIENTES DE APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS E SEUS REFLEXOS NA FORMAÇÃO INICIAL DOCENTE MARTA LÚCIA CABRERA KFOURI KANEOYA (UNESP) Resumo de Paper A identidade do professor de línguas tem sido tema de vá‑ rios estudos (BAGHIN‑SPINELLI, 2002; TELLES, 2004; LOURES, 2007; MALATÉR, 2008). Contudo, poucos foram aqueles que verificaram a questão identitária com participantes dos pri‑ meiros períodos da graduação (TICKS e MOTTA‑ROTH, 2010; TICKS, 2011) e como a sala de aula pode ser um local que fa‑ vorece (ou não) a identificação dos participantes com a pro‑ fissão. Nesta comunicação faço um relato sobre um projeto de pesquisa, ainda em andamento, que tem por objetivo ve‑ rificar como futuros professores de línguas do terceiro perí‑ odo de uma universidade federal do interior de Minas Gerais estão construindo suas identidades profissionais. Para isso, investigo os discursos desses futuros professores por meio de narrativas escritas, questionários abertos, grupos focais, e também observações em sala de aula de língua inglesa. Os resultados parciais sugerem que a maioria dos alunos utiliza o discurso veiculado na sociedade sobre o ensino de línguas nas escolas publicas, relatando problemas veicula‑ dos na mídia como salas cheias, falta de respeito por parte dos alunos e baixos salários. Apesar disso, parecem construir uma identidade (ainda frágil) de professores de língua ingle‑ sa, embora a identidade que se sobressai mais nessa fase, ainda é a de aprendiz de línguas. Isso pode ser devido ao tipo de aula de língua inglesa que não focaliza na sua forma‑ ção enquanto professores em formação, mas apenas como aprendizes desse idioma. A aula os constrói assim e por sua vez, eles também ajudam na construção de uma aula ape‑ nas de língua. Considerações sobre a formação de professo‑ res serão oferecidas ao final. Resumo de Paper Este trabalho traz alguns resultados investigativos de um es‑ tágio de iniciação científica (PIBIC–Reitoria/Unesp) sobre en‑ sino/aprendizagem de línguas tipologicamente próximas – português e espanhol – em contexto de formação inicial de professores de línguas (ALMEIDA FILHO, 2001, 2004; 2007; CUNHA, 2007; KFOURI‑KANEOYA, 2008), tendo como parâ‑ metro as Orientações Curriculares para o Ensino Médio: lin‑ guagens, códigos e suas tecnologias (2006). A pesquisadora é licencianda em Letras nas duas línguas e realiza estágios curriculares supervisionados em contextos distintamente configurados de ensino/aprendizagem de línguas estran‑ geiras (LEs): o presencial e o virtual. O primeiro contexto é a sala de aula, no qual a estagiária ministra aulas de regência de Espanhol como LE (ELE), tendo como participantes alu‑ nos da rede pública estadual de ensino. O segundo contexto é o ambiente virtual teletandem, no qual a estagiária atua como interagente de um parceiro mexicano, ensinando‑lhe português como língua estrangeira (PLE) (MENDES, 2011; KFOURI‑KANEOYA, 2010; MOTA E SCHEYERL, 2010; RABASA, 2010; ALMEIDA FILHO E CUNHA, 2007; CUNHA E SANTOS, 2002; FERREIRA, 2001). O estudo proposto, caracterizado como qualitativo de cunho etnográfico (ANDRÉ, 2000; RICHARDS, 2003), tem como principal objetivo possibilitar a conscien‑ tização da estagiária sobre a estreita relação entre a LM e a LE, em distintos contextos, especialmente quando se trata do estudo de línguas muito próximas, como se propõe nesta pesquisa. Podemos vislumbrar, por fim, uma atitude de con‑ vergência cultural, social ou psicológica com relação à nova língua estudada (ALMEIDA FILHO, 2001). 221 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada THE EFFECT OF ETANDEM LEARNING ON STUDENTS’ ENGLISH SPEAKING COMPETENCE MARTHA GUADALUPE HERNÁNDEZ ALVARADO (UAEH) Resumo de Paper Previous studies have revealed the potential of eTandem learning between native speakers of two different languag‑ es. Most research however has focused on the development of learners’ writing skills through synchronous and asyn‑ chronous written Computer‑Mediated Communication (CMC). This work reports findings from a study conducted be‑ tween students of English from the Universidad Autonoma del Estado de Hidalgo and students of Spanish from the University of Southampton. The project focused on the ef‑ fect that eTandem language learning through synchronous oral CMC with native speakers had on the improvement of Mexican students’ English speaking competence, based on their reflections and perceptions of improvement. The work is structured into five sections. Section one offers a description of the teaching and learning context where the research took place and states the problem, aims as well as research questions addressed in the study. It explains the researcher’s motivation to conduct the study as well as its significance considering the characteristics of the students and the limitations of the English teaching and learning con‑ text. Section two provides information regarding Tandem language learning, its definition, main principles, approach‑ es, and the media used by language partners to communi‑ cate with native speakers of their target language depend‑ ing on their learning goals and needs. Section three explains the methodology used in the study with a detailed descrip‑ tion of participants, research procedure, data collection in‑ struments, data analysis, as well as limitations encountered in the study. Section four presents and discusses the findings obtained from the analysis of data from participants’ pre and post interviews and eTandem language learning portfolios. Section five concludes by summarising the findings emerged from the study, commenting on the pedagogical implica‑ tions, and providing recommendations for further research in the field in other contexts. A MÚSICA POPULAR COMO RECURSO NO DISCURSO POLÍTICO: A CAPTAÇÃO DE UM ENUNCIADO SOBRE OUTRO ENUNCIADO. MARY CRISTINA RODRIGUES DINIZ (UEMA) Resumo de Pôster Este trabalho tem por objetivo analisar a capacidade que tem a musica popular, como parodia no discurso político apresentado na propaganda eleitoral para vereadores em São Luís, capital do Maranhão. Esboçar uma espécie de per‑ fil linguístico – discursivo da produção de músicas populares seguindo os preceitos de Dominique Maingueneau sobre discurso constituinte considerando a comunidade discursi‑ va, o etos e os domínios enunciativos. Analisar a combina‑ ção de duas fontes enunciativas que tem como finalidade em seu nível de ação levar o público ouvinte a agir pelo voto. O discurso político vem captar a letra da musica popular para apropriar‑se do seu valor pragmático inserindo na mes‑ ma o tom persuasivo no tocante a convencer a população de que estão falando a verdade, sendo assim tais aspectos são abordados mediante a estrutura vocabular e considerando a modalidade de construção semântica que é produzido pelo ato de enunciação. A avaliação proposta para a realização deste trabalho baseia‑se em observação e análise de músi‑ cas e em entrevistas que demonstram o nível de alienação das pessoas enfatizando com tal método a noção de respon‑ sabilidade no ato da fala na música propagandista eleitoral na qual os políticos apresentam discursos assertivos a fim de garantir veracidade no que diz. 222 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada PESQUISAS SOBRE GÊNEROS TEXTUAIS NO RIO DE JANEIRO: UM LEVANTAMENTO A PARTIR DOS SIGETS MATEUS CARVALHO BRUM DE OLIVEIRA (UFRJ) ANA PAULA MARQUES BEATO CANATO (UFRJ) FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DE INGLÊS: CONSIDERAÇÕES SOBRE A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO LINGUÍSTICO MATEUS EMERSON DE SOUZA MIRANDA (UFMG) Resumo de Pôster Desde a década de oitenta, muito tem sido estudado e dis‑ cutido sobre gêneros discursivos/textuais. No Brasil, a área de investigação se ampliou especialmente a partir da publi‑ cação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), em 1998, que, em uma perspectiva bakhtiniana, toma a linguagem como prática social e, com uma visão vigotskiana, aborda as interações sociais e a colaboração entre os indivíduos como possibilitadoras do desenvolvimento e da construção de co‑ nhecimento. Na mesma perspectiva, o presente trabalho faz uma análise documental dos cadernos de resumos das seis edições do SIGET – Simpósio Internacional de Estudos de Gêneros Textuais –com o intuito de mapear as pesquisas que estão sendo realizadas no Brasil, especificamente no Estado do Rio de Janeiro, com foco em gêneros textuais. Recolhendo e avaliando os resumos inscritos nesses Simpósios, foi feito um levantamento dos trabalhos apresentados, categorizan‑ do‑os e organizando‑os de maneira a obter a quantidade de pesquisas na área, assim como as Universidades envolvidas, os focos de investigação e ainda os teóricos mais estudados pelos pesquisadores cariocas. Com esses dados, obtivemos um panorama dos estudos sobre o assunto em nosso esta‑ do, de maneira a compreendermos mais amplamente nossa área de atuação. Os resultados revelam um crescimento gra‑ dativo de apresentações de pesquisadores do estado do Rio de Janeiro ao longo das edições do Simpósio e um aumento significativo de investigações com enfoque no processo de ensino‑aprendizagem, o que demonstra uma consonância entre as pesquisas e os documentos oficiais da área. DEISE PRINA DUTRA (UFMG) VICTOR HUGO MEDINA SOARES (UFMG) Resumo de Pôster O desenvolvimento linguístico dos professores não é tarefa fácil e sua formação integral não acontece somente duran‑ te o período da graduação, sendo um processo contínuo de aprendizado (Dutra e Mello, 2004). Nesse sentido, o projeto de educação continuada propõe ações efetivas que causam impacto na sociedade, por meio de investimentos na qualifi‑ cação de professores. Segundo Dutra e Mello (2004), os pro‑ fessores‑alunos tornam‑se mais confiantes no uso da língua inglesa, seguindo caminhos autônomos para a continuida‑ de de seu crescimento profissional. Assim, o objetivo deste trabalho é analisar como os professores buscam aperfeiço‑ ar a proficiência linguística, tanto em situação de educa‑ ção continuada, quanto de forma autônoma, investigando a influência do projeto e das atividades nele desenvolvidas para esses fins. Para tanto, a metodologia empregada foi a) aplicação de questionários de competência linguística para os 22 professores‑alunos do projeto; b) análise das atividades propostas; c) adequação das atividades do projeto. Os resul‑ tados apontam que, quanto à autonomia no aprendizado do inglês, 76% dos participantes utilizam recursos, tais como filmes, músicas e internet. Em relação ao módulo linguísti‑ co, a maior contribuição vem do enfoque na interação em atividades de produção e compreensão oral. Constata‑se que o aprimoramento linguístico, por exemplo, do vocabu‑ lário e da utilização real da língua reflete no crescimento da motivação para a continuidade do desenvolvimento profis‑ sional. 100% dos participantes acreditam que a participação no projeto acarretou mudanças na sua prática pedagógica, proporcionando mais segurança e reflexão. A partir dessas ações, compreendemos melhor o nosso público alvo e suas verdadeiras necessidades. Podemos, portanto, afirmar que o professor precisa ser crítico e estar constantemente aber‑ to às indagações que alimentarão sua contínua construção pessoal e profissional (FREIRE, 2001). 223 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada PESQUISA E ARTE: O USO DE METÁFORAS NA ABORDAGEM HERMENÊUTICOFENOMEOLÓGICA AS TIC E AS IMPLICAÇÕES NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA MAURILIO DE CARVALHO (UNITAU) MAURÍCIO VIANA DE ARAÚJO (UFU/PUC–SP) Resumo de Paper Resumo de Paper Os sentidos de téchne, palavra do grego antigo, cujo valor não separava técnica e arte, foram há muito preteridos pela ciência cartesiana e positivista. No espírito clássico grego, no entanto, não podia haver separação entre o trabalho em busca do belo que se faz para produzir uma obra literária, estátua ou pintura, ou para a construção de um barco, um arco, um escudo: tudo isso era visto como obra do engenho do espírito humano. No decorrer da história, os sentidos de téchne, uma vez inseparáveis, se afastaram e chegaram até nós como duas coisas distintas: a arte, identificada com a imaginação, a fruição estética e com o não útil, e a técnica, guardando a etimologia, identificada com a razão e a cons‑ trução de coisas úteis. No campo da pesquisa, desde René Descartes, nas ciências da natureza, e Auguste Comte, nas ciências humanas, o dilaceramento da téchne grega só tem aumentado, chegando a um ponto de uma separação quase irremediável entre a razão técnica e a arte da imagi‑ nação. Para a Abordagem Hermenêutico‑Fenomenológica (van MANEN, 1990; FREIRE, 1998), tendo em vista as relações complexas e a transdisciplinaridade nos fenômenos huma‑ nos, no entanto, a dicotomia arte/técnica é passível de su‑ peração. Essa abordagem busca um resgate, para a pesquisa linguística, dos significados de criação do espírito humano contidos na antiga téchne grega, ao tentar traduzir as moti‑ vações, percursos e vivências de pesquisa em termos de um conjunto de metáforas que possam, mesmo imperfeitamen‑ te, desvelar os significados da transcendência aos dados bru‑ tos que emerge das expressões das matizadas, ricas e com‑ plexas realidades da experiência humana. Este trabalho apresenta parte de uma pesquisa concluída intitulada “Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e ensino‑aprendizagem da Língua Portuguesa – Implicações na formação do professor” desenvolvida no âmbito do proje‑ to “Competências e habilidades de leitura: da reflexão teórica ao desenvolvimento e aplicação de propostas didático‑pe‑ dagógicas” (CAPES/INEP/Observatório da Educação/UNITAU). Esta fração da pesquisa teve dois objetivos básicos: 1‑ de‑ monstrar o que dizem alguns documentos oficiais, como a LDB 9394/96 e também as Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Letras, sobre a preparação do professor para o uso das TIC em aulas de Língua Portuguesa; 2‑ compreen‑ der melhor a realidade da formação do professor de Língua Portuguesa e investigar os cursos de Licenciatura em Letras, especialmente no que diz respeito à preparação do professor para o uso das TIC. Para isso, coletaram‑se para análise as planilhas dos conteúdos curriculares de três Universidades do Estado de São Paulo, sendo duas públicas e uma parti‑ cular. Também foram entrevistados seis (06) professores de Língua Portuguesa da Rede Pública Municipal de Taubaté, com o objetivo de obter dados concretos sobre se a forma‑ ção desse professor abrange ou não a preparação para o uso das TIC em sala de aula. Apesar do que dizem os documentos oficiais, a pesquisa constatou por meio da análise das grades curriculares que os cursos de formação analisados não pre‑ param efetivamente o professor de Língua Portuguesa para uma correta apropriação e uso das TIC em suas aulas. Essa constatação é ratificada pelos dados fornecidos pelos seis entrevistados a respeito da formação deles. 224 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A NARRATIVA A SERVIÇO DA COCONSTRUÇÃO DE PERTENCIMENTO EM UM EVENTO DE FALA‑EM‑INTERAÇÃO INSTITUCIONAL O FOCO NO CONTEXTO EM GÊNEROS TEXTUAIS MULTIMODAIS: UMA ABORDAGEM PARA O ENSINO DE ALEMÃO COMO LÍNGUA ADICIONAL MELISSA SANTOS FORTES (UNISINOS) MERGENFEL ANDROMERGENA VAZ FERREIRA (UFRJ) Resumo de Paper Resumo de Paper Goodwin (1989, 1990) e Schegloff (1997) afirmam que, na maior parte das interações, as pessoas contam histórias para fazer algo como reclamar, informar, alertar, explicar, justificar, dentre outras ações. Os interagentes, na fala‑em‑ ‑interação, não se orientam para as narrativas que copro‑ duzem somente como uma unidade discursiva, mas “para o que é feito por ela, com ela, através dela” (Schegloff, 1997, p. 97). Nosso estudo procura descrever como os participantes da fala‑em‑interação institucional entrevista de proficiência oral em português como língua adicional constituem per‑ tencimento (Garfinkel, 1967; Garfinkel e Sacks, 1970) de for‑ ma conjunta por meio da produção de narrativas. Os dados foram gerados e analisados com base no arcabouço teóri‑ co‑metodológico da Análise da Conversa Etnometodológica (ACe) e da Etnometodologia (EM). Os resultados corroboram o entendimento das narrativas como uma realização inte‑ racional coordenada e conjunta a serviço de ações como desculpar‑se, exibir‑se, justificar‑se, dentre outras (Goodwin, 1989, 1990; Schegloff, 1997). Bakhtin (1997) ressalta em seus textos a importância capi‑ tal dos estudos centrados em gêneros para todos aqueles que lidam com enunciados concretos relacionados às mais diferentes esferas da atividade humana. É nesse sentido que este trabalho destaca e relaciona a pesquisa com foco em gêneros textuais ao processo de ensinar e aprender lín‑ guas, mais especificamente, ao ensino de Alemão como Língua Adicional, com especial ênfase para a abordagem de aspectos contextuais e culturais nesse ensino. Segundo estudos sociointeracionistas, o contexto estaria ligado aos construtos “conhecimento” e “situação”. Nesta linha, auto‑ res como Bateson (1987), Goffman (1974) e Gumperz (1982; 2001) enfatizam o contexto como uma categoria socialmen‑ te situada ou, em outras palavras, o processo pelo qual o conhecimento social constrói a interpretação de diferentes ações em quaisquer situações de uso linguístico. Assim, ao considerarmos a língua como um sistema de “opções entre‑ laçadas” (HALLIDAY, 1994; 2004), a opção do falante por uma ou outra forma ou significado é explicada exatamente pelo contexto em que ocorre. Nesse sentido, é a situação (ou o contexto) que dá ao interactante uma boa parte da informa‑ ção sobre os significados que estão sendo trocados. Desta forma, este trabalho tem por objetivo geral discutir em que medida a exploração de elementos contextuais em gêneros textuais multimodais pode contribuir para o processo de significação desses textos, principalmente, no que tange ao ensino de Alemão como Língua Adicional. A análise do con‑ texto, realizada nesse estudo, baseia‑se nas categorias cam‑ po, modo e participantes, como apresentadas por Halliday e Hassan (1998). Além do conceito de contexto, fundamentam e embasam este trabalho os conceitos de gêneros textuais (BAKHTIN, 1997; SWALES, 1990; MARCUSCHI, 2002; PALTRIDGE, 2001), multimodalidade (KRESS & VAN LEEUWEN,1996; 2001) e construção de sentido (KOCH, 2003). 225 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada “I AM A PIBIDIANA”: SOCIETAL RELATIONS AS THE LOCUS OF SUSTAINED DEVELOPMENT IN A TEACHER EDUCATION PROGRAM IN BRAZIL A ESCRITA DO PROFESSOR COMO UM ELEMENTO DA INOVAÇÃO NO PROCESSO DE ENSINO‑APRENDIZAGEM DE LÍNGUA PORTUGUESA MICHELE SALLES EL KADRI (UEL) MILENE BAZARIM (UNICAMP/EDUVALE) Resumo de Paper Resumo de Paper In teaching and teacher education, the gap between edu‑ cational theory and educational practice is part of the com‑ mon lore constitutive of the field of education (Baird, 2010; Cheng, Cheng, & Tang, 2010). Coteaching in conjunction with cogenerative dialoguing as a means of teacher induc‑ tion has been shown to overcome this gap (Roth & Tobin, 2001; Scantlebury, Gallo‑Fox, & Wassell, 2008; Mateus, 2005; El Kadri, 2013). In the context of a case study of one teacher, we exemplify teacher development through a cul‑ tural‑historical perspective on learning and development in a Brazilian teacher preparation (PIBID) that made coteach‑ ing/cogenerative dialoguing the core of its approach. Therefore, the purpose of this article is to articulate teacher development in the praxis‑centered coteaching/cogenera‑ tive dialoguing setting of this PIBID arrangement in terms of changing societal relations that shaped and were shaped by their participants. We draw on the work of Vygotsky and other cultural‑historical activity theorist, who theorize hu‑ man development and personality in terms of the “ensemble of societal relations” (Leont’ev, 1983; Vygotskij, 2005) that an individual is and has been a part of. The case study exempli‑ fies the dialectic of changing societal relations that are both produced and the condition for the further production of de‑ velopment. The results show that (a) development is a pro‑ cess of subjectification; (b) the condition for development is participation in the praxis of relations and (c) coteaching and cogenerative dialogue set the context for transforma‑ tion to occur. Implications for teaching education programs are discussed. Nesta comunicação, apresento resultados de uma pesquisa em andamento sobre o processo de inovação nas aulas de Língua Portuguesa ministradas por mim, enquanto profes‑ sora‑pesquisadora, para alunos de 5.ª e 6.ª séries do Ensino Fundamental de uma escola pública de Campinas–SP. É um estudo realizado no âmbito da Linguística Aplicada que uti‑ liza diversas metodologias de base qualitativo‑interpretati‑ vista. O corpus é constituído por registros gerados em con‑ texto escolar entre 2004 e 2007, que flagram a minha escrita como professora, e coletados em 2010, que abarcam minha escrita como aluna da Educação Básica e Superior. As análi‑ ses preliminares apontam que a monitoração reflexiva e a ra‑ cionalização da ação se apresentam como características da escrita da professora desde quando era aluna. Na condição de professora, essa escrita tem um efeito de reversibilidade que provoca mudanças nas suas práticas de ensino‑aprendi‑ zagem. Assim, a experiência vivida na aula, única e irreversí‑ vel, ao ser registrada, escrita em diversos gêneros, passa a estar sujeita aos processos de (re)entextualizações e des/re/ contextualizações e, com isso, a novas significações. O efei‑ to de reversibilidade se dá quando, por conta dessas novas significações, há a (re)construção de (novas) práticas em sala de aula. Trata‑se de um movimento constante, carac‑ terístico, portanto, do processo de inovação. Mesmo a mu‑ dança em práticas já estabelecidas não sendo um atributo exclusivo dessa professora, é a sua escrita que torna visível o processo e possibilita que a ele sejam atribuídas várias signi‑ ficações. Tais resultados têm implicações nos estudos sobre letramento e formação de professores, pois evidenciam que a inovação das práticas escolares de ensino‑aprendizagem de Língua Portuguesa também dependem do fortalecimen‑ to da relação que os professores têm com a escrita. 226 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada REPRESENTAÇÕES DISCURSIVAS DE NAMORAR NA PRODUÇÃO ESCRITA DE ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO MILTON GUILHERME RAMOS (UERN) MULTILINGUISMO EM CONTEXTO DE SALA DE AULA: O ENSINO/ APRENDIZADO DE ALEMÃO COMO SEGUNDA LÍNGUA ESTRANGEIRA (L3) MINKA BEATE PICKBRENNER (UFRGS) Resumo de Paper Nos dias de hoje, as formas de relacionamento humano es‑ tão em constante mudança, parecendo acompanhar a dinâ‑ mica sociocultural. De certo modo, essa mudança perpassa o discurso, manifestando textualmente a representação que se constrói sobre o mundo. Neste trabalho, que é um re‑ corte de uma pesquisa de doutorado mais ampla intitulada “Representações discursivas de Ficar e Namorar em textos de vestibulandos e pré‑vestibulandos”, vinculada ao PpGEL, da UFRN, Natal, RN, objetiva‑se evidenciar como estudantes do ensino médio constroem as representações discursivas de Namorar na produção escrita, pelo viés semântico, a partir de algumas categorias geradas com base em Adam (2006; 2008), Passeggi (2010) e Ramos (2011). Para tanto, parte‑se de uma abordagem quali‑quantitativa (GONÇALVES, 2005; CRESWELL, 2007). Constitui‑se como corpus de análise 62 redações de estudantes concluintes do ensino médio da Escola Estadual Juscelino Kubitschek, situada em Açu, RN. Teoricamente, esta pesquisa segue as orientações de Bentes (2001), Koch (2006; 2010) e Oliveira (2011), perspectivada pela Análise Textual dos Discursos (ATD), abordagem pro‑ posta por Adam (2006; 2008; 2010) que situa a Linguística Textual no quadro mais amplo da Análise do Discurso. A aná‑ lise do corpus evidencia que os estudantes do ensino médio mobilizam elementos semânticos diversos na construção das representações discursivas de Namorar no texto escri‑ to, revelando uma imagem multifacetada para esse evento sociodiscursivo; aponta também a influência do contexto na construção dessas representações. Ressalta ainda a im‑ portância do docente de língua materna em criar, mediar e acompanhar situações de ensino e de aprendizagem, as quais possibilitem a discussão de temas diversos, além do contato com uma diversidade de gêneros textuais que suscitem a discussão em grupo e à (re)construção das representações discursivas diante dos novos contextos sociointeracionais. Resumo de Paper No cenário multilingue europeu atual, onde a convivência entre pessoas de diferentes países, línguas e culturas tor‑ na‑se cada vez mais presente e intensa, cresce o interesse pelo multilinguismo. No Brasil, os estudos sobre o processo de aquisição de mais de duas línguas são ainda muito recen‑ tes e exíguos, revelando a existência de uma lacuna teórica que evidencia a necessidade de serem desenvolvidas pesqui‑ sas na área voltadas a um cenário próprio de aquisição de línguas estrangeiras. Adotando como referência a pesquisa e trabalhos concernentes à educação multilingue desen‑ volvidos na Europa e, mais especificamente, relacionados ao ensino/aprendizado da língua alemã como segunda lín‑ gua estrangeira (L3), após o inglês como primeira língua es‑ trangeira (L2), na Alemanha, o trabalho tem por finalidade fomentar discussões, estudos e reflexões acerca do multilin‑ guismo e contribuir para a construção de novas concepções e elaboração de novas práticas relacionadas à aquisição de línguas estrangeiras no Brasil. Com foco no ensino/apren‑ dizado de alemão como L3 e sob uma abordagem que pri‑ vilegia conhecimentos já apreendidos do inglês como L2, o presente estudo investiga em que medida o conhecimento prévio do inglês pode influenciar o aprendizado de alemão e, a partir disso, procura avaliar as implicações da relação L2/L3 de forma mais geral. Para a elaboração do trabalho, tomamos como base os dados obtidos em estudo empírico realizado com um grupo de aprendizes adultos do primeiro semestre do nível básico de língua alemã. Os escores obti‑ dos indicam que conhecimentos anteriormente adquiridos e já consolidados de determinadas estruturas do inglês (L2) podem afetar positivamente a execução de atividades que envolvem a língua alemã (L3), sugerindo que conhecimentos da L2 podem trazer benefícios no sentido de qualificar e ace‑ lerar o processo de aquisição da L3, principalmente quando L2 e L3 forem tipologicamente semelhantes, como no inglês e no alemão. 227 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O ENSINO DE LÍNGUAS, A INTERNET E A COMPETÊNCIA INTERCULTURAL MIRELLE AMARAL DE SÃO BERNARDO (UFSCAR) Resumo de Paper Nesta comunicação pretendo discutir sobre a relação entre o uso da internet em aulas de língua estrangeira (inglês) e o desenvolvimento da Competência Intercultural de profes‑ sores e aprendizes. Revisito, assim, os conceitos de cultura, competência intercultural e ciberespaço e suas implicações para o ensino de línguas, dentro do contexto da Linguística Aplicada. Baseando‑me em dados empíricos da pesquisa realizada durante o Mestrado em Linguística Aplicada pela UnB e no projeto apresentado ao programa de doutorado em Linguística da UFSCar, pretendo mostrar como a inte‑ ração entre aprendizes de línguas estrangeiras e falantes nativos ou não dessas línguas contribui para o desenvolvi‑ mento da Competência Comunicativa e, por conseguinte, da Competência Intercultural dos alunos ou futuros pro‑ fessores, uma vez que motiva os aprendizes a fazerem uso da língua‑alvo e, ao mesmo tempo, favorece o intercâmbio cultural e linguístico entre os participantes da interação. Segundo Ware & Kramsch (2005), “o papel tradicional do pro‑ fessor como tutor e transmissor do conhecimento na sala de aula centrada no professor já não é suficiente para as salas de aula sem paredes onde a perícia de ninguém pode com‑ binar a riqueza de recursos culturais e contatos acessíveis encontrados na Internet. Nem a visão do professor como facilitador, comum em classes centradas no aprendiz, na abordagem comunicativa para o ensino de língua pode, ne‑ cessariamente, preparar os alunos para os tipos de desafios colocados pela comunicação global”. A SEMIÓTICA JURÍDICA COMO INSTRUMENTO DE SUPERAÇÃO DA CRISE HERMENÊUTICA CONTEMPORÂNEA – POR UMA SEMIÓTICA DA CULTURA DO PODER JUDICIÁRIO E DAS FIGURAS DE AUTORIDADE MIRIAM AZEVEDO HERNANDEZ PEREZ (UNESA) Resumo de Paper O presente trabalho tem por objetivo analisar se a semiótica da cultura do Poder Judiciário pode ser utilizada como um mecanismo de superação da crise hermenêutica que se ve‑ rifica na seara jurídica, a fim de ver suprida a exigência cons‑ titucional de consolidação de um Estado Democrático de Direito, via uma prática democrática, que se requer formal e materialmente. Os autores jurídicos nacionais não alcan‑ çam um consenso quanto às técnicas hermenêuticas ideais a serem adotadas na interpretação e aplicação do Direito, o que resulta em incerteza jurídica, social, econômica e políti‑ ca. Desse modo, trata‑se de um problema de ordem prática cujo enfrentamento faz‑se necessário a fim de que a socieda‑ de tenha a possibilidade de planejar‑se com a certeza de que a lei será aplicada de forma equânime e correta, sem que se consolidem tratamentos desiguais, para casos iguais. A aná‑ lise do discurso utilizado, portanto, via semiótica da cultu‑ ra jurídica, a partir das lições de autores como Jackobson, Lotman e Eric Landowski, retratada nas decisões judiciais proferidas, no século XXI, pelo Supremo Tribunal Federal, en‑ sejaria a constatação da presença das figuras de autoridade, em uma prática de baixa democracia. Na hipótese de restar evidenciado que a via definida constitui um instrumento re‑ velador de decisões judiciais que não se adequam à exigência constitucional de democracia formal e material, teremos a fundamentação necessária ao cidadão a fim de que questio‑ ne tais práticas, a fim de que se adequem à determinação da Lei maior. 228 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada ESTRATÉGIAS MOBILIZADAS POR ALUNOS DAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL PARA A LEITURA DO GÊNERO CONTO MÔNICA DE SOUZA SERAFIM (UFC) A COMPETÊNCIA PRAGMÁTICO‑SOCIAL DE PESSOAS COM AFASIA OPERANDO EM PROCESSOS DE NEGOCIAÇÃO DE FACE MÔNIKA MIRANDA DE OLIVEIRA (UFJF) Resumo de Paper Este trabalho visa investigar as capacidades de leitura de alunos de 1ª a 3ª séries do ensino fundamental de uma escola pública brasileira. Para desenvolvermos este estudo basea‑ mo‑nos nos estudos de Giasson (1996), Kress e van Leeuwen (1996), Solé (1998), Harvey e Goudvis (2007), Mills (2009) e Girotto & Souza (2010), que tratam sobre as estratégias de leitura e/ou de seu ensino, além das pesquisas da equipe de Didática de línguas da Universidade de Genebra sobre a noção de gênero textual na produção e na compreensão de textos com Schneuwly e Dolz, 2004; Cordeiro, 2004; Thévenaz, Schneuwly, Soussi, Ronveaux, Aeby, Jacquin, Léopoldoff, Cordeiro & Wirthner, 2011. A fim de analisarmos as estratégias que os alunos utilizaram para a leitura e o re‑ conhecimento do gênero textual conto, apoiamo‑nos em um corpus composto por nove entrevistas semi‑estrutura‑ das, realizadas no momento em que os alunos recontavam oralmente o conto ilustrado Ali Babá e os 40 ladrões. Nosso estudo mostrou que as crianças tratam as dimensões verbal e não‑verbal do conto como um continuum, ou seja, uma complementando a outra. Além disso, no tocante à caracte‑ rização do gênero textual, a maioria das crianças conseguiu identificar os personagens da história pela vestimenta, pela presença na capa do livro, pelo ambiente em que estavam e pelo semblante. No que diz respeito à estrutura da narrativa, as crianças de 1a série ordenaram cronologicamente a histó‑ ria, por meio das imagens, identificando a situação inicial, a complicação, o desenvolvimento das ações e a resolução dos fatos. No caso das crianças de 2ª e 3ª série, todos os elemen‑ tos que compõem a estrutura narrativa estavam presentes no momento em que elas recontavam a história. Esses re‑ sultados nos levam a concluir que as crianças procuram compreender os sentidos do conto mobilizando, para tanto, conhecimentos específicos ao gênero de maneira articulada aos inúmeros recursos verbais e não‑verbais presentes no suporte livro. Resumo de Paper Estudos recentes têm mostrado que pessoas com afasia podem apresentar habilidades para lidar com regras sociais, culturais e interacionais que subjazem às suas construções discursivas (cf. OLIVEIRA & OLIVEIRA, 2009; LANINI, OLIVEIRA, VIEIRA, 2010; OLIVEIRA, 2011; OLIVEIRA & BASTOS, 2011, 2012). Este estudo que se insere no quadro teórico‑metodológi‑ co de perspectivas interacionais em linguística (SCHIFFRIN, 1994), vale‑se das contribuições dos estudos de Goffman (1967, 1969, 1971) acerca do fenômeno da face, buscando com‑ preender os meandros do processo de negociação de face que opera em interações entre pessoas com e sem afasia. O conceito de face pode ser definido como o valor social posi‑ tivo que uma pessoa efetivamente reivindica para si mesma através da linha que os outros assumem que ela assumiu du‑ rante um contato particular (GOFFMAN, 1967 [2011]). Logo, a manutenção da face é construída na fábrica da interação so‑ cial (lócus das negociações de faces), configurando‑se como uma condição da interação e não o seu objetivo. Pode‑se considerar, então, que negociações de face demandam ha‑ bilidades em usar a linguagem para desempenhar ações em situações interacionais, nas quais construções sociais são informadas por uma matriz cultural de valores e normas que guiam toda e qualquer construção discursiva. Assim consi‑ derando, este estudo assume a possibilidade de entender as ações (eg. auto‑elogios, críticas, etc.) de pessoas com afasia que emergem em suas construções discursivas enquanto compondo um processo de negociação de face. Para tanto, de um corpus de aproximadamente 15 horas de gravações em vídeo de interações face a face entre pessoas com e sem afasia, serão selecionados para análise trechos em que tais ações sinalizam negociações de face. O material linguístico a ser analisado foi gerado através do método de entrevista grupo focal (MORGAN, 2002) e será transcrito para uma aná‑ lisa que volta o foco para a competência pragmático‑social de pessoas com afasia. 229 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada IDENTIDADE DE GÊNERO EM CONTEXTO PEDAGÓGICO MONIQUE DA SILVA VICENTE (PUC–RIO) LÍNGUAS MINORITÁRIAS/ LÍNGUAS IMIGRANTES, HÁ DIFERENÇA? MYRNA ESTELLA MENDES MACIEL (SESI/ UNISEP) Resumo de Paper Algumas pesquisas têm mostrado que as questões referen‑ tes às sexualidades permeiam todo o processo educacional, sendo identificadas não somente em múltiplas conversas em sala de aula como também nas interações e nas relações sociais construídas pelos alunos em outros espaços extra‑ ‑escolares. Notamos, sobretudo, a predominância das prá‑ ticas discursivas reprodutoras de noções de masculinidade hegemônica e heterossexualidade normativa como formas categóricas de performances de gênero e de sexualidade. Entretanto, de acordo com a Teoria Queer – que tem como um de seus principais objetivos criticar a heteronormativida‑ de homofóbica –, os gêneros e os desejos sexuais são con‑ cebidos como múltiplos, dinâmicos e contraditórios, uma vez que a anatomia sexual não deve necessariamente coin‑ cidir com o gênero. Partindo do princípio de que, a partir do século XX, coube às instituições de ensino escolarizar seus discentes em múltiplos letramentos (Davies, 1999), entende‑ mos que é também papel da escola conscientizá‑los sobre a forma plural como as pessoas vivenciam seus gêneros e suas sexualidades. Entendemos por letramento um conjunto de práticas discursivas (nas formas orais, escritas e visuais, por exemplo) associadas a visões particulares do mundo e a crenças e valores – um processo intrinsecamente relacio‑ nado às identidades sociais ou ao sentido de si mesmo das pessoas que participam de tais práticas. (FRABRÍCIO & MOITA LOPES, 2010: 290.) Para tal, apontamos a necessidade de fa‑ zer, em sala de aula, o uso da linguagem atrelado às redes de conhecimento e de saber sócio‑historicamente situados, seja através de debates, palestras ou simples discussão so‑ bre textos, a fim de que as práticas discursivas se façam re‑ fletir sobre as práticas identitárias. Nesse sentido, torna‑se conveniente fazer uso dos estudos em Linguística Aplicada, a qual procura observar como a linguagem é realmente apli‑ cada nos diversos campos, como da retórica ou escrita, do discurso comunicativo, das técni Resumo de Paper As línguas de imigrantes hoje no Brasil, segundo MORELLO (1999), contemplam um cenário de mais de 30 línguas es‑ palhadas pelo Brasil. E assim, o contexto de imigrantes no Brasil é significativo, pois há um cenário de manifestações linguísticas baseadas em um processo de historicidade em que levou os imigrantes buscarem lugar melhor para viver e constituir família. Essa situação faz com que possamos com‑ preender que somos um país plurilíngue, que passou pelo processo histórico de imigração, em que recebeu imigrantes de todos os países durante um processo de colonização e que infelizmente vive hoje em situação monolíngue. Mas apesar de todo esse cenário, temos outro contexto de políticas pú‑ blicas em prol da valorização de línguas consideradas mino‑ ritárias, esse contexto, incluem línguas de imigrantes como também as línguas indígenas. Com a vinda dos imigrantes, veio com as famílias, a língua, os costumes, a música, a dan‑ ça entre outros hábitos específicos de cada país. O Brasil abriu as portas para os imigrantes, que aqui, encontraram terras para produzir e consequentemente também substi‑ tuir a mão‑de‑obra escrava. MACIEL (2010). Isso fez com que, as variedades não padrão sofressem forte estigmatização decorrente da norma padrão vigente, caracterizando‑as como variedades caipiras, língua não padrão, decorrente de falantes não alfabetizados. Portanto, pensar em ações de políticas públicas que, promovam as línguas minoritárias é colaborar para que a construção de um país monolíngue seja desmistificado e consequentemente valorizar os imigrantes que construíram este país.Uma dessas ações importantes para identificar as línguas minoritárias, são as relações de redes, em que o pesquisador pode analisar a língua falada em comunidades, identificando a sua relação com línguas de imigrantes, definindo‑as, em categorias como língua mi‑ noritária, ou majoritária e propondo relações de redes com outros falantes de línguas de imigrantes. 230 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada RELAÇÕES ENTRE DISCURSOS EM ATAS ESCOLARES NÁDIA DOLORES FERNANDES BIAVATI (UESB) Resumo de Paper Relações entre discurso(s) e(m) atas: Política Linguística e ensino Nádia Dolores Fernandes Biavati O trabalho consiste em investigar discursos e práticas representadas em atas do Instituto Euclides Dantas/ Vitória da Conquista–BA. O foco se concentra em apresentar as implicações de uma identi‑ dade de professores presente no território simbólico da es‑ cola e conquistense, bem como os reflexos dessa condição sobre o olhar sobre si e sobre o outro (no caso, outras práti‑ cas, outros locais). Em um estudo de caso, pesquisa se con‑ centra no conjunto de aspectos que (re)estruturam o gênero a partir do olhar pela análise discursivo‑crítica de Norman Fairclough (2003;2006), desvelando vivências escolares baianas, bem como o modo de vida e de atuação com e so‑ bre o idioma. O destaque é dado aos discursos que caracte‑ rizam o conjunto de decisões dos professores relatados em documentos. São atas lavradas que se no acervo do arquivo morto do instituto ora mencionado que interessam como foco para o desenvolvimento do presente projeto. O estudo de caso considera um conjunto de elementos discursivos tanto no contexto de consolidação da escola, quanto na sua contribuição e delineamento das marcas identitárias, tra‑ zidas pelos professores e professores em formação, através dos registros nos documentos em estudo. Entendem‑se as atas como documentos que se estabelecem como discurso no seu sentido amplo (FAIRCLOUGH, 2001; 2003), linguagem como prática social (escolar), quanto um conjunto de docu‑ mentos que se destacam por totalidades de práticas de insti‑ tuições, com suas decisões políticas, ideológicas e marcadas por relações de poder. Compreender o movimento discursi‑ vo que envolve o gênero ata significa compreender que tal gênero, em geral, resgata, narra e descreve fatos, eventos, valores, hábitos e decisões que permearam a antiga Escola Normal na região. POLÍTICAS LINGUÍSTICAS E POLÍTICAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES E PESQUISADORES EM LÍNGUAS NARA HIROKO TAKAKI (UFMS) Resumo de Paper Observa‑se que diferentes atribuições de sentido a uma mesma política pode representar espaços para mudan‑ ças a favor do professor/pesquisador/cidadão. Relacionar documentos e prioridades da sala de aula e da pesquisa já implica estar além da mera transformação do velho com o novo. No olhar do intérprete dessas políticas, visões domes‑ ticadas e visões que requerem ressignificações coexistem ganhando contornos complexos (Maciel, 2011). Este traba‑ lho apresenta, pois, interfaces epistemológicas no encontro de conhecimentos científicos e conhecimentos desconheci‑ dos por meio da construção de sentido dos co‑pesquisado‑ res e aprendizes em aulas de língua inglesa para indígenas de MS. São focalizados: aspectos educacionais (Monte Mór, 2011), éticas das dinâmicas (Caputo, 2008; Takaki, 2012) nos processos tradutórios culturais nas ecologias de saberes da perspectiva das minorias pós‑coloniais (Andreotti, 2011; Bhabha, 1994; Menezes de Souza, 2012; Santos, 2008). A me‑ todologia é qualitativa, interpretativa e rizomática (Cormier, 2008; Jordão, 2012; Takaki, 2012). As tomadas de iniciativas e intersubjetividades dos participantes sugerem a necessi‑ dade de reflexividades e de formas complementares aos mo‑ delos existentes de construção de sentido nas políticas de ensino de línguas, formação de professores e pesquisadores de línguas sob a premissa de que inovações e éticas podem ser conciliadas. 231 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A EJA E OS MODOS DE SUBJETIVAÇÃO NATÁLIA COSTA LEITE (UFMG) Resumo de Paper A educação e as instituições escolares têm sido alvos cons‑ tante de pesquisas nos últimos anos. Diversas áreas do sa‑ ber tem se debruçado em cima de estudos que as analisem a partir de uma configuração própria da pós‑modernidade. Dentro dessa perspectiva, defino como objeto de análise os discursos produzidos por professores de língua inglesa atu‑ antes no projeto de Educação para Jovens e Adultos (dora‑ vante EJA).A proposta busca refletir sobre como esses profes‑ sores dialogam com as regularidades discursivas produzidas pelas instituições político educacionais através do espaço discursivo demarcado como Discurso Político Educacional (MASCIA, 2002), que tem entre suas características a regu‑ lação de práticas educacionais através de dispositivos de poder (documentos oficiais como o PCN, OCEM) Conceitos da Análise do Discurso (doravante AD), em especial as con‑ tribuições de Michel Foucault em sua obra “A Arqueologia do Saber” serão utilizados para o embasamento teórico deste trabalho. A proposta buscou entender como professores dialogam com as regularidades discursivas produzidas pelos discursos circulantes e a maneira como tais discursos funcio‑ nam como produtores de subjetividades e regimes de verda‑ de. A análise do estudo apontou para dizeres que remetem a um discurso institucionalizado, o discurso da legalidade assim como referências aos discursos amoroso, político edu‑ cacionais e da globalização. ENTOAÇÃO E EXPRESSIVIDADE EM ESPANHOL: ANÁLISE DAS ATITUDES PROPOSICIONAIS EM DUAS VARIEDADES ARGENTINAS. NATALIA DOS SANTOS FIGUEIREDO (UFRJ) Resumo de Paper A proposta deste trabalho é a de descrever foneticamente e analisar fonologicamente alguns contornos melódicos de enunciados assertivos e interrogativos que representam diferentes formas de atitudes do falante com relação a um contexto expressivo. A partir dos padrões atitudinais pro‑ postos por Moraes (2008) para a descrição do português brasileiro e por Prieto & Roseanno (2010) para diferentes va‑ riedades dialetais do espanhol, foram analisados seis tipos de enunciados assertivos e interrogativos totais em espa‑ nhol. Consideraram‑se as variedades de Buenos Aires e de Córdoba, de acordo com a atitude do locutor em relação ao valor proposicional do enunciado (Moraes 2008). O objetivo é descrever seus padrões entonacionais. As asserções e per‑ guntas, com seus respectivos contornos tonais, cumprem diversas funções pragmáticas conversacionais, mas ain‑ da estão pouco descritas em espanhol, representando um grande vazio para o ensino do Espanhol/LE. Os dados foram coletados de informantes com nível de ensino superior, de ambos os sexos e de cada variedade do espanhol em estudo. A intenção é a de se obterem mostras de fala representada, a partir da interação entre entrevistador e entrevistado, em que cada informante interpreta papéis comunicativos den‑ tro de uma tarefa controlada. Os enunciados gravados fo‑ ram descritos a partir da análise fonética do contorno de fre‑ quência fundamental e medidas de duração de sílabas atra‑ vés do programa computacional Praat (BOERSMA y WEENINK, 1993–2000) e etiquetados fonologicamente segundo o modelo Métrico Autossegmental – AM (LADD, 1996) e a no‑ tação Sp_ToBI (ESTEBAS‑VILAPLANA & PRIETO, 2009). Com a descrição dos contornos tonais dos enunciados analisados, espera‑se contribuir na descrição das variedades da língua e no ensino da oralidade do Espanhol como língua estrangeira. 232 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada (IN)SIGNIFICAÇÕES DE DONA LEOPOLDINA NA HISTORIOGRAFIA BRASILEIRA. CURADORIA NA WEB COMO PRÁTICA ESCOLAR NAYARA NATALIA DE BARROS (UNICAMP) NATHALIA NICACIO GANZER (UFRJ) Resumo de Paper Resumo de Paper A partir do momento em que o Brasil proclamou a indepen‑ dência de Portugal, em 1822, colocou‑se como projeto in‑ telectual e ideológico, e por conseguinte discursivo, definir a nova nação que surgia em termos identitários. O Brasil passou a precisar de uma história própria, desdobrada no tempo. Isto implicava a definição do que seria o “brasileiro”, como indivíduo e como povo, a descrição de um passado co‑ mum e a projeção de um destino comum aos nacionais. Era preciso, portanto, definir e dar contornos à cultura brasilei‑ ra e qualificar um “projeto de civilização” para o país. Neste projeto de construção discursiva de uma história para o Brasil, D. Maria Leopoldina, figura central na Independência ao lado de D. Pedro I, representa uma figura problemática. Não somente por sua condição de estrangeira, mas princi‑ palmente por ser filha de Francisco I, o mais importante re‑ presentante da aristocracia europeia à época, da linhagem dos Habsburgos, cujos planos impunha com mão de ferro no Império Austro‑Húngaro (recém fundado em 1806) através de uma política interna e externa extremamente reacioná‑ ria e colonialista. As construções discursivas de Leopoldina nos discursos da história desde os dias da Independência até os nossos dias são, por conseguinte, heterogêneas, porque interpretam esta personagem histórica de modos diferen‑ tes, e atendem a projetos específicos determinados por cada momento em que foram produzidas. Proponho, portanto, uma análise específica, não exclusivamente historiográfi‑ ca, mas igualmente linguístico‑aplicada, que dê conta não somente das motivações histórico‑sociais dos discursos históricos sobre Leopoldina, mas igualmente as motiva‑ ções de ordem ideológico‑discursivas e de seus elementos morfológico‑textuais. O panorama de estudos e discussões sobre os novos letra‑ mentos, além de proporcionar a reflexão sobre as práticas letradas apoiadas nas tecnologias digitas da informação e comunicação (TDICs), instiga a observação sobre os novos objetos que constroem essas práticas ou têm se desenvolvi‑ do a partir delas. Nesse contexto, acreditamos que é preciso mobilizar os nossos alunos para o conhecimento e operacio‑ nalização desses objetos na escola, considerando que esse tipo de engajamento não tem sido incorporado ao currícu‑ lo escolar por razões bastante conhecidas – por exemplo, a dinâmica em que, na maioria das vezes, estabelecem‑se as aulas, nas quais o conhecimento é adquirido pelos alunos muito mais numa relação de consumo e recepção, do que de produção e colaboração, componentes característicos da Web 2.0. Assim, seguindo a perspectiva teórica dos novos letramentos/letramentos digitais, é que propomos pensar questões práticas sobre a possibilidade de trabalho com novos objetos digitais na escola, já que eles requerem ca‑ pacidades específicas e, em certa medida, sofisticadas, do aluno para que ele possa fazer um uso democrático e demo‑ cratizador de tais ferramentas. A fim de ilustrar um exem‑ plo específico de prática, a curadoria digital, analisaremos a plataforma Storify, que oferece um serviço de apoio para a produção de objetos textuais, além de explicitar algumas de suas potencialidades para o trabalho com a cultura digi‑ tal, dentro do ensino de habilidades específicas (tais como a seleção de informação pertinente e o domínio da coesão e coerência na produção de textos), e para o contato com noções importantes como as de gêneros textuais e leitura crítica, entre outras. No entanto, é importante enfatizar que, embora esse tipo de trabalho não entre em conflito direto com o currículo, nossa perspectiva abarca a consideração de que a sensibilização dos alunos para esse tipo de objeto não deve ser meramente baseada em designs didáticos e curriculares autoritários. 233 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada NEW ENGLISHES: INTELIGIBILIDADE ENTRE UMA FALANTE CAMARONENSE DE INGLÊS E APRENDIZES BRASILEIROS CRENÇAS E EMOÇÕES DE DUAS PROFESSORES EM SERVIÇO NEIDE CESAR CRUZ (UFCG) O estudo de crenças sobre o ensino e a aprendizagem de línguas vem se desenvolvendo consideravelmente como um campo fértil de pesquisa no Brasil desde meados da dé‑ cada de 90 (BARCELOS, 2007, p. 27). As inúmeras pesquisas desenvolvidas na área (COELHO, 2005; CONCEIÇÃO, 2004; LIMA, 2005; SILVA, 2004) contribuem para se ampliar o co‑ nhecimento sobre o assunto, assim como apontam para a necessidade de novas investigações. Nesse trabalho, propo‑ mo‑nos a apresentar um estudo qualitativo, de cunho explo‑ ratório e descritivo, acerca das crenças e emoções de duas professoras de escolas públicas da cidade de Viçosa, Minas Gerais. Pata tanto, procuramos identificar quais são suas crenças; as emoções vivenciadas por elas em suas práticas de ensino, bem como a relação existente entre essas crenças e emoções a partir da análise de questionários semi‑abertos, narrativas gravadas e entrevistas. Discutimos como esses dois conceitos se inter‑relacionam na formação das partici‑ pantes como professoras de inglês, como língua estrangeira; e influenciam sua prática, trazendo implicações para o ensi‑ no. Como pressupostos teóricos, pautamo‑nos nas discus‑ sões de Barcelos (2006) a respeito de crenças, e nos estudos de Zembylas (2009); Aragão (2007) e Ribeiro (2012) acerca das emoções de professores. Resumo de Paper Este estudo focaliza a inteligibilidade entre falantes de duas variedades do inglês: o inglês camaronense e o inglês brasileiro. Especificamente, o estudo apresenta dois objeti‑ vos. O primeiro tenciona investigar até onde a fala de uma falante camaronense de inglês como segunda língua é in‑ teligível para aprendizes brasileiros de inglês como língua estrangeira e vice‑versa. O segundo é identificar as razões que causaram problemas de inteligibilidade entre os falan‑ tes. Participaram do estudo oito aprendizes brasileiros de in‑ glês, graduandos de Letras de uma universidade localizada em um estado da região nordeste do Brasil, e uma falante de inglês de Camarões, também graduanda do mesmo curso. A coleta de dados foi realizada em três etapas. Na primeira, conversas informais entre os brasileiros e a camaronense foram gravadas. Na segunda etapa, trechos da fala da ca‑ maronense foram apresentados aos graduandos brasileiros. Em seguida, esses graduandos foram solicitados a escrever os trechos e a identificar palavras que tivessem considerado difícil, muito difícil ou impossível de entender (Silva, 1999). Na terceira etapa, o inverso ocorreu: trechos das falas dos graduandos foram apresentados à camaronense, que foi solicitada a escrever esses trechos e a identificar palavras que tivesse considerado difícil, muito difícil ou impossível de entender. Os resultados sugerem que os problemas de inteligibilidade ocorreram mais no nível fonológico do que no nível lexical. NEIDE NUNES RODRIGUES (UFV) Resumo de Pôster 234 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada RELATOS DE EXPERIÊNCIA DE UMA ALUNA DE LETRAS E SUAS IMPLICAÇÕES SOBRE SEU PROCESSO DE FORMAÇÃO DOCENTE: FOCO EM IDENTIDADES E EMOÇÕES NEILA DIAS DOS SANTOS UECKER (UNB) MARIANA R. MASTRELLA‑DE‑ANDRADE (UNB) Resumo de Pôster Pesquisas com foco em identidade e línguas estrangeiras apontam há muito para o fato de que a sala de aula, espaço formal de ensino‑aprendizagem, se constitui como um espa‑ ço de construção identitária (CANAGARAJAH, 1999; MASTRELLA, 2007; NORTON, 2011). Para Norton e Toohey (2002), tal apren‑ dizagem engaja as identidades dos aprendizes porque língua não é apenas um sistema linguístico de signos e símbolos, mas também uma prática social complexa. A língua estran‑ geira, nesse caso, tem um papel ativo na contínua produção das identidades, especialmente quando identidade é enten‑ dida como relação, não como característica fixa ou natural‑ mente dada (BUTLER, 1997). Por essas razões, sendo o curso de Letras um espaço de formação linguística e pedagógica, ele se constitui, por natureza, como uma arena apropriada onde são construídas e desconstruídas identidades de pro‑ fessores formadores e em formação. Nessa perspectiva te‑ órica, este trabalho apresenta uma investigação qualitati‑ va, em que são analisados relatos de aprendizagem de uma aluna do curso de Letras/Inglês de uma universidade pública, coletados por meio de sessões de reflexão. As análises das narrativas são conduzidas a partir de uma compreensão de língua como performatividade (Austin, 1976), mostrando em especial dois aspectos: 1) que as identidades no curso de for‑ mação não são simples “categorias” nas quais as pessoas são encaixadas, sendo responsáveis também por um desencade‑ amento de consequências, as quais têm implicações nega‑ tivas e positivas, provendo acessos e/ou embargos sobre o processo de aprendizagem da língua e de formação docen‑ te e 2) que, indissociavelmente das relações e construções identitárias, aprender línguas e aprender a ensinar línguas são processos permeados de emoções, as quais não são ape‑ nas simples “sentimentos”, mas reações carregadas de signi‑ ficados e reveladoras dos tipos de interação que a vivência trazida com a nova língua, língua estrangeira, proporciona O ESTADO ANÔMICO DE EXCEÇÃO DE (D)DIREITO NO ENSINO DE INGLÊS NA ESCOLA PÚBLICA NEIVA CRISTINA DA SILVA REGO RAVAGNOLI (PUC–SP) Resumo de Paper Este trabalho, uma pesquisa qualitativo‑interpretativista, investiga a manifestação do estado de anomia nas represen‑ tações de professores e alunos de inglês de escolas públicas no interior do estado de São Paulo. A anomia é a expressão de um estado do indivíduo que, frente à ausência, conflito, falta de clareza ou não conhecimento das normas, regras ou leis do contexto no qual se integra, experimenta um es‑ tado de vazio ou indeterminação que se manifesta através de diferentes respostas individuais de adaptação ou condi‑ cionamento. Essas respostas emergem da confluência de sua identidade e de suas representações e por fomentarem zonas de instabilidade como, por exemplo, incerteza, apa‑ tia, rejeição, sentimentos de inferioridade, impotência, inca‑ pacidade, inconformismo, dentre outras, é um estado que pode comprometer o ensino‑aprendizagem de inglês. Os re‑ sultados desta investigação mostraram que no contexto pesquisado, a manifestação da anomia instaura uma situa‑ ção social caracterizada por um estado de exceção de direi‑ to e de Direito – um estado no qual o direito à educação de todo cidadão, garantido constitucionalmente não se perfaz: nem a sociedade reivindica seus direitos pelo Direito, nem o Direito protege os direitos sociais dos indivíduos. 235 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada PRÁTICAS INTERACIONAIS NA ESCOLA: A NEGOCIAÇÃO DE UMA IDENTIDADE RURAL NEIVA MARIA JUNG (UEM) JAKELINE APARECIDA SEMECHECHEM (UEM) A INSTITUCIONALIZAÇÃO DE UM PROCESSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA PARA PROFESSORES DE INGLÊS NUMA CAPITAL DO NORDESTE NIEDJA BALBINO DO EGITO (IFAL) Resumo de Paper Esta comunicação tem como objetivo apresentar um estudo que objetivou evidenciar de que modo participantes de uma sala de aula precisam negociar significados sociais, como uma identidade rural. Os dados analisados são resultantes de uma pesquisa do tipo etnográfico realizada em uma co‑ munidade multilíngue (português, brasileiro e ucraniano) do Sul do Brasil. A perspectiva teórico‑metodológica é a da Sociolinguística Interacional, procurando evidenciar como alguns dos seus conceitos têm contribuído para compreen‑ der eventos interacionais em contextos institucionais esco‑ lares. Para tanto são retomados conceitos, como encontro social, contexto, enquadre, footing, alinhamento, pistas de contextualização, estruturas de participação, a fim de discu‑ tir a concepção de interação dessa vertente teórica. Os re‑ sultados deste trabalho mostram como a análise no plano microanalítico de práticas interacionais escolares, como as que envolvem a participação e o gerenciamento de identida‑ des sociais, apontam para as relações e conflitos macrosso‑ ciais que constituem os membros da comunidade. Resumo de Paper O presente trabalho traz os resultados de uma pesquisa de mestrado que analisou as ações de formação continuada para professores de inglês que ocorreram num período de 10 anos numa rede municipal de uma capital do Nordeste. Neste trabalho a autora visa investigar o processo de insti‑ tucionalização dessa formação continuada, desde a parte burocrática que diz respeito à Rede, a escolha metodológica do formador e a interação deste com as crenças de cada par‑ ticipante, bem como fazer uma reflexão sobre sua configu‑ ração naquele período, (transição do século XX para o XXI) no intuito de estabelecer sua trajetória e os resultados que tal empreendimento trouxe ao ensino de Inglês nas escolas da citada rede depois de uma década, pelo menos no sentido de alguma definição metodológica que tenha possibilitado al‑ guma renovação no ensino desse idioma. Com o objetivo de obter uma verificação dessa ação, foi lançado mão de uma pesquisa de cunho etnográfico. A pesquisadora participou de sessões de formação, assistiu às aulas de alguns professo‑ res participantes da formação, fez entrevistas com formado‑ res e professores e aplicou questionários a alguns dos alunos da rede. 236 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O PIBID NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA: UM ESTUDO SOB A ÓTICA DA ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO NILCEIA BUENO DE OLIVEIRA (UNISUL) Resumo de Paper A presente pesquisa de cunho qualitativo situa‑se no univer‑ so de formação continuada de professores de Língua Inglesa da educação básica em escolas públicas. O foco do trabalho está direcionado para o discurso de professores de Língua Inglesa que estão participando do Projeto PIBID (Letras/ Inglês) na Universidade Estadual de Londrina. Ao participar deste projeto, o professor‑supervisor atua como formador de professores num espaço de reflexão sobre suas práticas e teorias presentes em seu contexto de trabalho. Desta forma, o objetivo da pesquisa é investigar as ideologias presentes nas lutas hegemônicas para sustentação ou transforma‑ ção das relações assimétricas de poder presentes do discur‑ so dos professores que atuam como supervisores do PIBID. O aparato teórico que fundamenta a pesquisa é a Análise Crítica do Discurso (FAIRCLOUGH, 2001), cuja premissa bási‑ ca é que a linguagem é uma forma de ação social, ou seja, uma prática social. O Modelo analítico seguido foi o Quadro Tridimensional de Análise na dimensão texto, através da metafunção ideacional (Halliday, 2001), e na dimensão prá‑ tica discursiva. Os dados foram coletados através de ques‑ tionário e, posteiormente, de entrevista semi‑estruturada. A análise preliminar dos dados tem indicado que o discurso dos professores‑supervisores age na formação dos pibidia‑ nos (alunos do curso de Letras) e também em si próprios (autoformação), um modo de ação sobre o mundo e sobre as pessoas, numa relação dialética, constituindo tanto uma condição como um efeito da estrutura social (FAIRCLOUGH, 1989). O discurso dos professores apresenta‑se de forma hí‑ brida, apresentando ideologias tanto tradicionais quanto da modernidade tardia (mudança social). TRADUÇÃO DE ARTIGO COMO ATIVIDADE DE FORMAÇÃO EM LETRAS–FRANCÊS NA UFSC NOÊMIA GUIMARÃES SOARES (UFSC) Resumo de Paper A presente comunicação tem como objetivo apresentar par‑ te de um projeto de pesquisa, o qual envolve três universida‑ des brasileiras: UFBA, UFSC e PUC–RS. Trata‑se da organiza‑ ção e publicação de um livro com artigos traduzidos na área de Crítica Genética. A parte aqui apresentada é aquela que envolveu, na tradução de um dos artigos, alunos de gradua‑ ção do Curso de Letras Francês da UFSC em 2012–2013. Esta comunicação concentra‑se em apresentar essa atividade de pesquisa do ponto de vista pedagógico. Além de se oportu‑ nizar aos alunos participantes do projeto a publicação de uma tradução em conjunto, considere‑se todo o aprendi‑ zado que decorre da situação de publicação (direitos auto‑ rais, orçamentos) e também de tradução (questões práticas e teóricas). Ademais, houve também a oportunidade de os alunos vivenciarem os benefícios da tradução para a apren‑ dizagem da língua estrangeira, conforme autores como Atkinson (1993), Malmkjaer (1998), Balboni (2002), Soares, Romanelli (2012). Em encontros semanais, o professor orien‑ tou o trabalho de tradução junto aos alunos, e o grupo, com base em preceitos teóricos e através da prática e de discus‑ sões conjuntas, foi definindo, além do texto traduzido, uma série de questões gerais norteadoras das escolhas tradutó‑ rias. O trabalho foi muito bem avaliado pelos alunos (ques‑ tionário) e pelo professor, oferecendo oportunidades únicas de formação, corroborando a ideia de que a tradução pode ser uma valiosa ferramenta de conhecimento e aprofun‑ damento em vários aspectos no ensino/aprendizagem da língua estrangeira. 237 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada LINGUAGEM E APRENDIZAGEM EM PESQUISAS DE LETRAMENTO DIGITAL COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAIS NA PRODUÇÃO ESCRITA DE FORMANDOS EM LETRAS NÚBIO DELANNE FERRAZ MAFRA (UEL) ORLANDO DE PAULA (UNITAU) Resumo de Paper Resumo de Paper Efetuou‑se um levantamento sobre a temática Linguagens e Tecnologias em teses e dissertações dos programas de pós‑graduação em Letras, Linguística e Linguística Aplicada, produzidas no período 2000–2010 em todo o país. Baseados neste levantamento, apresentamos nesta comunicação al‑ guns resultados da análise em desenvolvimento sobre pes‑ quisas de letramento digital que contemplam projetos de intervenção em aulas de Língua Portuguesa na Educação Básica (Fundamental II e Ensino Médio). Que concepções de linguagem e de aprendizagem, constantes nesses projetos de intervenção, têm contribuído para delinear o trabalho de letramento digital do professor? Estas questões têm sido trabalhadas, dentre outras, tendo em vista o delineamento de um cenário teórico‑prático dos projetos de intervenção desenvolvidos recentemente. Quando pensamos no coti‑ diano do professor, construído entre concepções e ações em sala de aula, o contexto da escolarização não só é constituti‑ vo deste cotidiano como contribui na definição das ações di‑ dático‑metodológicas, articuladas às concepções de lingua‑ gem. Neste sentido, entendemos que o mapeamento destas investigações tem colaborado para uma ampla visualização e análise do cenário de pesquisas desenvolvidas, sinalizando assim para uma ação mais consistente voltada às demandas do professor de Língua Portuguesa no âmbito do letramento digital em sala de aula. Proponho, nesta pesquisa, uma rediscussão dos conceitos de coesão e coerência textuais a partir da investigação des‑ ses conceitos na produção escrita de formandos em Letras. Para essa rediscussão, são retomados os estudos feitos por Beaugrande e Dressler, Halliday e Hasan, Giora, Charrolles, Koch, Travaglia, Fávero, e Marcuschi. Nosso objetivo é, to‑ mando a conceituação desses autores como parâmetro, apontar e discutir a concepção de coesão e coerência tex‑ tuais que esses formandos apresentam por meio de seus textos. O corpus de análise é constituído de textos produzi‑ dos por formandos do curso de Letras de universidades pú‑ blicas e particulares do Brasil ao responderem a uma ques‑ tão discursiva da prova de Linguística e Língua Portuguesa do Exame Nacional de Cursos (ENC)‑2001, mais conhecido na época como Provão, que, em 2004, foi substituído pelo Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Essa questão versava sobre o uso de mecanismos coesivos em um texto produzido por uma menina de 10 anos. Do pon‑ to de vista teórico‑metodológico, esta pesquisa ancora‑se no conceito de interacionismo dialógico e no conceito de he‑ terogeneidades enunciativas. Isto quer dizer que a sustenta‑ ção desta pesquisa está na manifestação verbal do discurso desses alunos, o qual se dá por sujeitos constituídos social e historicamente. Nesse sentido, a análise, feita de uma pers‑ pectiva enunciativo‑discursiva, permite lançar um olhar que se caracteriza não só pela análise de marcas linguísticas ex‑ plícitas, mas também, no nível discursivo, pela análise dos efeitos de sentido que essas marcas enunciam. De acordo com os resultados, os conceitos de coesão e coerência tex‑ tuais revelados no discurso dos formandos ocorreram sob diferentes formas de manifestação, as quais podem ser re‑ lacionadas ao conceito de heterogeneidade mostrada mar‑ cada, caracterizando diversas noções de coesão e coerência textuais com ancoragem em uma concepção tradicional de linguagem. 238 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada GÊNEROS NO LETRAMENTO ACADÊMICO DO PESQUISADOR EM LINGUÍSTICA APLICADA ORLANDO VIAN JR (UFRN) DA FRAGMENTAÇÃO À COLETIVIDADE E VICE‑VERSA: IDENTIDADES EM TRÂNSITO NO JOGO DAS AFINIDADES OSEAS BEZERRA VIANA JÚNIOR (UFBA) Resumo de Paper Pela perspectiva sistêmico‑funcional, “os gêneros são defi‑ nidos como uma configuração recorrente de significados e que tais configurações recorrentes de significados desen‑ cadeiam as práticas sociais de uma dada cultura” (Martin e Rose, 2008, p. 6). Com base nesse pressuposto, pode‑se afir‑ mar que uma cultura específica pode ser mapeada de acordo com os gêneros que nela circulam e que, a partir das configu‑ rações de significados produzidas textualmente, textos con‑ figurados na mesma família de gêneros podem ser descritos de acordo com a especificidade de cada gênero (isto é, sua topologia, de acordo com Martin e Rose, 2008) e também de acordo com as inter‑relações entre gêneros da mesma família (isto é, sua tipologia, também segundo Martin e Rose, 2008). Tomando esses princípios como ponto de par‑ tida, nosso objetivo é discutir como textos configurados na família de gêneros acadêmicos podem ser agrupados, assim como delineadas suas semelhanças e diferenças como modo de contribuir para o planejamento curricular de cursos em nível de pós‑graduação, além de serem vislumbrados como um meio de promover o letramento acadêmico dos estudan‑ tes nesse nível de ensino. A partir de um corpus gerado por meio de análise de necessidades (Hutchinson e Waters, 1987) de um grupo de pesquisadores neófitos em um programa de Estudos da Linguagem, as noções de tipologia e de topolo‑ gia são usadas para mapear os gêneros requeridos na for‑ mação de pesquisadores no campo da Linguística Aplicada. Nosso foco recairá sobre o artigo acadêmico e seu papel na família de gêneros acadêmicos, uma vez que é um dos mais requisitados, tanto para leitura quanto para produção, no programa pesquisado, conforme revelaram os resultados da análise de necessidades. Objetivamos, ainda, discutir como os conceitos propostos por Martin e Rose podem ser usados como ferramentas para a implementação de uma proposta educacional baseada em gêneros em nível de pós‑graduação no no campo de Linguística Aplicada. Resumo de Paper Ao longo das últimas décadas, um dos principais debates que têm se centrado nas diferentes disciplinas das ciências humanas e sociais dizem respeito às identidades e os modos pelos quais elas são (re) construídas e/ou operam nos mais variados contextos. Apesar de suas diferentes abordagens, pelo menos, duas ideias centrais foram convergentes: em primeiro lugar, a ideia de que já não é mais possível se admi‑ tir a concepção de uma identidade unitária, fixa e imutável do sujeito e, em segundo lugar, que há uma multiplicidade de identidades. Assim, é possível afirmar que se, por um lado, a inauguração da pluralidade e fragmentação do sujeito é, de fato, operante, por outro, como Hall (2005) realça, é a consequência dessa sua condição que não mais lhe permite a identificação com apenas um modo de ser sujeito. No en‑ tanto, diante desse quadro, há uma tendência ao “enfraque‑ cimento” das identidades coletivas enquanto estratégias e forças políticas, de resistência e reversão da condição de diversos grupos marginalizados. Tendo por base a ideia de uma política de afinidades (DAY, 2002; 2005; HARAWAY, 2009), constituída por grupos sociais distintos, fazendo valer um lugar político e não mais por uma coletividade, nesse traba‑ lho, discuto os modos pelos quais estudantes resistem e re‑ vertem suas posições de sujeito, por vezes, marginalizadas e subalternizadas. Para tanto, situado na área da línguística aplicada em sua interface com a Antropologia, Sociologia, Teoria Feminista, Estudos Culturais e Geografia, me apoio nas observações e análises realizadas em uma sala de aula de língua estrangeira, de nível básico, do Núcleo de Extensão da UFBa, constituida por estudantes oriundos de classes so‑ ciais, etnias e orientação sexual diversas, entrecortados pela necessidade de interação. 239 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada INSTANCIAÇÕES AVALIATIVAS EM PARECERES DE REVISTA CIENTÍFICA DE LINGUÍSTICA: UMA PERSPECTIVA SISTÊMICO‑FUNCIONAL OSILENE MARIA DE SÁ E SILVA DA CRUZ (Puc–SP) Resumo de Paper Este trabalho traz resultados de uma pesquisa de douto‑ rado realizada na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, cujo objetivo foi a análise de pareceres de artigos de uma revista acadêmica da área de conhecimento de Linguística (RL1). Especificamente, buscou‑se identificar os assuntos (tópicos) abordados pelos pareceristas e explicar a avaliação dos artigos, tendo como suporte teórico‑meto‑ dológico a Linguística Sistêmico‑Funcional (HALLIDAY, 1994; HALLIDAY e MATHIESSEN, 2004; e seguidores), sobretudo no que se refere às instanciações da metafunção interpessoal, e o Sistema de Avaliatividade (consubstanciado em MARTIN e WHITE, 2005). Realizou‑se uma pesquisa qualitativa em um corpus constituído por 67 pareceres, divididos em três grupos: Pareceres de Artigos Aprovados sem Restrições (A), Artigos Aprovados com Restrições (AR) e Artigos Reprovados (R). Resultados mostram os tópicos (aboutness) abordados pelos pareceristas, dentre os quais: Análise, Argumentação, Bibliografia, Contribuição, Forma, Língua e Metodologia, os quais foram analisados na perspectiva dos Subsistemas de Avaliatividade: Atitude, Engajamento e Gradação. No Subsistema Atitude, identificou‑se considerável ocorrên‑ cia da categoria Apreciação, com avaliações predominan‑ temente positivas para o grupo de pareceres A e negativas para os grupos de pareceres AR e R. Instanciações típicas do Subsistema Engajamento revelam predomínio de posiciona‑ mentos heteroglóssicos com alto índice de modalidade nos três grupos de pareceres, embora se tenha observado um índice maior de posicionamentos monoglóssicos no grupo de pareceres A. A análise do Subsistema Gradação mostra predomínio de ocorrências do tipo Força, com destaque para recursos de Intensificação, demonstrando aspectos positivos nos pareceres A e negativos nos pareceres AR e R. Recursos de Quantificação foram utilizados com maior in‑ cidência em avaliações negativas, sinalizando generalização na avaliação. INTELIGIBILIDADE NA ESCRITA ACADÊMICA DE APRENDIZES DE INGLÊS PATRICIA BERTOLI DUTRA (UFMG) Resumo de Paper Este trabalho apresenta relatos de uma pesquisa em anda‑ mento sobre inteligibilidade (readability) da produção es‑ crita de aprendizes brasileiros de nível universitário em um curso de inglês para fins acadêmicos. O corpus coletado compreende a produção escrita desses alunos que são de diversas habilitações e origens, como engenharia mecânica, engenharia aeroespacial, administração de empresas, histó‑ ria, entre outros, com cerca de 50 mil palavras. Os textos fo‑ ram submetidos à versão online do programa de análise de complexidade textual Coh‑Metrix (McNAMARA, et al., 2010). O programa analisa os textos por seus elementos linguís‑ ticos extraindo índices de correferência lexical e semântica, índices de frequência e informação lexical, índices de hipe‑ ronímia, polissemia, causalidade e complexidade sintática. Os índices são contrastados com resultados obtidos em pesquisas de inteligibilidade de textos de falantes nativos (CROSSLEY; McNAMARA, 2011). Os resultados parciais da aná‑ lise contrastiva entre cada um dos índices especificamente apontam problemas tais como de colocações semânticas e de simplicidade sintática, demonstrando que a produção escrita dos alunos esta aquém do esperado em textos aca‑ dêmicos quanto à idiomaticidade e naturalidade. Esses re‑ sultados são indícios de pontos específicos que podem ser trabalhados em sala de aula. 240 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada INGLÊS PARA FINS ESPECÍFICOS EM AMBIENTE DIGITAL PATRÍCIA DA SILVA CAMPELO COSTA (UFRGS) Resumo de Paper Este trabalho visa examinar como tarefas focadas na leitura de inglês como língua instrumental, na área de Tecnologia da Informação (TI), podem ser conduzidas em ambiente digi‑ tal. Especificamente, foram elaboradas tarefas que tinham como suporte duas ferramentas digitais de edição colabora‑ tiva, as quais foram utilizadas com o propósito educacional de auxiliar no desenvolvimento da língua estrangeira (LE). Para tanto, participaram da pesquisa seis alunos de uma tur‑ ma de Inglês Instrumental para Tecnologia da Informação do curso de graduação em Sistemas de Informação, em uma faculdade particular da região sul do Brasil. Primeiramente, os alunos utilizaram a ferramenta CorkboardMe, que possi‑ bilita a criação de painéis interativos, para elaborarem um resumo colaborativo e visual em língua materna de um tex‑ to lido em inglês da área de TI. Nessa etapa, eles tiveram a oportunidade de adicionar palavras‑chave, links, imagens e vídeos relacionados ao texto. Em um segundo momento, os participantes construíram um resumo colaborativo, na fer‑ ramenta GoogleDocs, a partir da leitura de outro texto sobre TI. Posteriormente, os aprendizes responderam a um ques‑ tionário com perguntas sobre suas percepções e dificuldades em relação à realização das tarefas. A análise dos dados e as respostas do questionário revelam que os alunos refletiram sobre o texto lido e sobre seu processo de aprendizado em LE. Além disso, a amostragem exibe um interesse dos apren‑ dizes por ferramentas digitais que se aproximem da sua área de TI. Desse modo, é possível constatar a importância da in‑ clusão de diferentes recursos tecnológicos, a fim de benefi‑ ciar as aulas de línguas para fins específicos. LAS NUEVAS TECNOLOGÍAS COMO HERRAMIENTA DE MANUAL DIDÁCTICO PARA LA ENSEÑAZA GRAMATICAL PATRICIA DE CARVALHO ANDRADE (UFS) Resumo de Pôster La llegada de las nuevas tecnologías han cambiado las for‑ mas de comunicación, además de cambiaren la postura de instituciones de enseño, profesores y materiales didácticos. La educación actual encuentra un desafío de construir un enseño que engloben la utilización de las nuevas tecnolo‑ gías. La enseñanza tradicional de la lengua da mucho énfasis a la gramática normativa que se presenta de forma artificial y mecanizada. Así, en las clases de LE, se trabajan los ele‑ mentos que forman parte de la lengua a partir de propues‑ tas de cuestiones que identificamos como fragmentadas y desconectadas del significado para el uso y funcionamiento en el lenguaje. La utilización de tecnologías surge como una posibilidad para envolver el alumno a una propuesta de en‑ señanza que lo motive para desenvolver su reflexión crítica. De esta forma, nuestro trabajo busca, primero analizar si el manual “El arte de leer español”, primer volumen, incluye ac‑ tividades utilizando las TICs (Tecnologías de la Información y Comunicación) y en seguida plantear una actividad para la inserción de las TICs en colaboración con la propuesta del libro didáctico “El arte de leer español”, suplementando los posibles huecos en la enseñanza de la gramática. La es‑ coja del libro es justificada por ser uno de los manuales elegidos por el guía del PNLD (Programa Nacional do Livro Didático) de 2012. Para ofrecer un subsidio didáctico, nos ba‑ samos en los conceptos de los estudiosos Coscarelli(2002), Marcuschi,Xavier(2007)e Koch e Elias(2007). Buscamos de esta manera auxiliar en el proceso de enseñanza/aprendiza‑ je de LE y a la vez inserir a los estudiantes en el mundo digital. Se espera que con la inclusión de utilización de las TICs en las clases de E/LE, la visión acerca de la enseñanza de la gramá‑ tica tradicional se rompa, superando la frontera del material didáctico impreso, una vez que va a proporcionar que el pro‑ ceso de enseñanza/aprendizaje dé continuidad fuera de sala de clase. 241 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada REFLEXÕES COLABORATIVAS SOBRE A EXPERIÊNCIA DOCENTE NO ENSINO DE INGLÊS PARA PROPÓSITOS ACADÊMICOS. A CONSTRUÇÃO DE UMA COMUNIDADE DE PRÁTICA E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUAS PATRICIA DE OLIVEIRA LUCAS (UFSCAR) PATRÍCIA FABIANA BEDRAN (UNESP) Resumo de Paper Resumo de Paper Nos últimos anos o Brasil tem se destacado em diversas áre‑ as da pesquisa científica. Dessa forma, o país tem propiciado condições favoráveis para que seus estudantes participem de programas de estudo em universidades estrangeiras, compartilhando conhecimentos e experiências. Todavia, mesmo com as inúmeras oportunidades, muitos deles en‑ frentam um grande obstáculo: a Língua Inglesa. Por essa ra‑ zão, algumas universidades, cientes de tal dificuldade, têm buscado ofertar a seus alunos cursos de Inglês baseados nas necessidades específicas dos aprendizes, refletindo aspectos de seu cotidiano acadêmico. Assim, parte do suporte teórico de nosso trabalho como docente desse tipo de curso de lín‑ gua vem da teoria de gênero de Swales (1990), na qual o au‑ tor defende que os membros de uma comunidade discursiva se engajam em atividades que envolvem habilidades retóri‑ cas, discursivas e linguísticas específicas. Essa atuação nos conduziu a indagações sobre questões de ensino‑aprendiza‑ gem e à reflexão sobre nossa prática em relação ao contexto social de atuação (ZEICHNER E LISTON; 1996). As respostas encontradas nos conduziram a trabalhar de forma colabo‑ rativa, e, essa colaboração entre os professores, permeadas pelos desafios que são encontrados no processo de ensino e pelas reflexões que eles suscitam, são elementos que tal‑ vez possam ajudar os professores a se tornarem verdadeiros líderes e consequentemente profissionais reflexivos e en‑ gajados com a profissão (DELLACARPINI, 2008). Isso posto, é nosso intuito mostrar alguns dos resultados do trabalho colaborativo em nossa prática docente na qual professores (presencial e a distância) trabalharam com um mesmo gru‑ po de graduandos da área de ciências exatas. Tais observa‑ ções resultam de nossas anotações e discussões em forma de diários, posto que esses instrumentos são adequados ao fomento do processo reflexivo (BAILEY; 1990) e demonstram a busca por alternativas para a melhoria da qualidade do en‑ sino ofertada aos nossos aprendizes. Este trabalho apresenta resultados de uma pesquisa de dou‑ torado que teve como principal objetivo investigar a forma‑ ção e a configuração de uma Comunidade de Prática (CdP) em um contexto de formação de professor no e para o meio virtual.O referencial teórico que fundamentou este trabalho foram as pesquisas sobre formação pré‑serviço de professo‑ res na contemporaneidade sob uma perspectiva sociocultu‑ ral, CdP e formação tecnológica do professor. Para realizar essa pesquisa qualitativa de cunho etnográfico, contamos com a participação de seis brasileiros professores‑aprendizes de italiano como LE e uma professora‑mediadora formadora de professores de uma universidade pública do interior pau‑ lista. O contexto de investigação foram as sessões de media‑ ção realizadas por meio do chat do Windows Live Messenger, de encontros presenciais, do uso de videoconferência do aplicativo Oovoo e por meio do ambiente wikispaces (wiki). Essas sessões configuraram‑se como uma prática coletiva e um ambiente propício para o desenvolvimento de uma CdP, em que se buscava abordar questões vinculadas à experiên‑ cia prática dos professores‑aprendizes enquanto professores de sua língua materna e aprendizes de língua estrangeira. Os resultados obtidos, a partir da triangulação dos dados e das perspectivas, mostraram que o uso de instrumentos e ambientes tecnológicos e dos recursos humanos, metodo‑ lógicos e tecnológicos constituíram um verdadeiro habitat tecnológico que serviu de base para o desenvolvimento da CdP, em que se buscava instigar o desenvolvimento de uma prática reflexiva. Os resultados obtidos por meio do desen‑ volvimento desta pesquisa permitem visualizar de maneira mais clara a relação entre tecnologia e educação e nos faz repensarmos e reconceitualizarmos a função do professor, bem como sua formação neste meio e para atuar futura‑ mente neste e em outros contextos. 242 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada CONHECIMENTO PRÉVIO, LEITURA E METACOGNIÇÃO: ENSINO DE LEITURA E AUTOAVALIAÇÃO EM LD DE LÍNGUA PORTUGUESA PATRICIA FERREIRA BOTELHO (UFRJ) “ENGLISH FROM ZOG”: O LIVRO DIDÁTICO DE INGLÊS DO PROGRAMA ACELERA BRASIL E SUA INFLUÊNCIA NO PAPEL DESEMPENHADO PELA DISCIPLINA PATRÍCIA HELENA DA SILVA COSTA (CEFET/RJ) Resumo de Paper Este trabalho tem o objetivo de apresentar o ensino de leitu‑ ra na escola sob a perspectiva metodológica fundamentada pelos estudos da metacognição. Para tanto, entende‑se o processamento interativo de leitura – advindo dos estudos em Psicolinguística – como o ponto de partida para compre‑ ender a leitura como uma atividade cognitiva de produção de significados. Entende‑se, nessa perspectiva teórica, a lei‑ tura como uma integração conceptual em vias de constru‑ ção de significados, para além das metodologias que se vê nos LD correntemente utilizados no meio escolar, que pouco explora o conhecimento prévio do aluno como estruturador do seu saber. Entende‑se, com esse trabalho, os julgamentos de aprendizagem como ponto de partida para explorar refle‑ xão sobre as habilidades a serem desenvolvidas em leitura: a) Easy of learning no estágio de pré‑leitura e Judgments of learning no estágio de pós‑leitura (KORIAT, 1993). Com base em pesquisas recentes na área de Cognição e Ensino com alunos de Ensino Médio da rede pública, apresenta‑se uma nova metodologia de ensino de leitura que visa à melhoria do desenvolvimento dessa atividade no espaço escolar a partir da exploração do conhecimento prévio dos alunos, in‑ tegrando esse saber aos saberes envolvidos em sala de aula para aprendizagem da leitura em língua materna. Resumo de Paper Esta pesquisa objetiva analisar o livro didático utilizado nas aulas de língua inglesa de duas turmas do Programa Acelera Brasil de uma escola pública do município do Rio de Janeiro. O Programa consiste em corrigir o fluxo escolar de alunos multirrepetentes do 3° e 4° anos do ensino funda‑ mental, promovendo‑os ao 6° ano. Através da utilização de materiais didáticos exclusivos, os discentes têm a oportu‑ nidade de discutir assuntos relativos aos seus contextos so‑ ciais. Além disso, os docentes responsáveis pelas turmas do Programa participam de reuniões semanais oferecidas pela Coordenadoria Regional de Educação. Tendo em vista estas características, dois aspectos merecem atenção: a falta de diálogo entre os responsáveis pelo Programa e os docentes de língua inglesa e o livro didático adotado. Diferentemente do que ocorre com os professores regentes, não há nenhu‑ ma reunião específica com os professores de língua inglesa. Em relação ao livro didático selecionado, o mesmo não faz parte do conteúdo especificamente elaborado para os alu‑ nos, pois se trata do livro utilizado pelas turmas do 5° ano do ensino fundamental, o livro Zip From Zog. A partir destes dois aspectos, surgiram as seguintes problematizações: a) qual o papel exercido pelo ensino de língua inglesa no Programa Acelera Brasil? b) em que aspectos o livro didático adotado se adequa ao Programa? Utilizaremos, como objeto de estudo desta pesquisa documental, o próprio material didático Zip From Zog, investigando‑o a partir da “análise de adequação” proposta por Cunningsworth (1995). Contaremos também com Almeida Filho (2009) e sua definição do ensino de lín‑ gua estrangeira como uma tríade “educacional‑cultural‑co‑ municacional”. Com base nos aspectos que motivaram esta pesquisa, pode‑se apontar a pouca relevância dada ao ensi‑ no de língua inglesa. Além disso, acredita‑se que a utilização do material didático em questão possibilite o trabalho com Temas Transversais, trazendo o cotidiano dos alunos para a sala de aula. 243 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A LÍNGUA QUE DEVE SER “DOMINADA” RAPIDAMENTE ‑UM ESTUDO SOBRE A LÍNGUA INGLESA EM DOIS TEXTOS DA REVISTA VEJA PATRÍCIA MARA DE CARVALHO COSTA LEITE (UFSJ) O DESENVOLVIMENTO DE LETRAMENTOS CRÍTICOS EM PROJETOS INTERDISCIPLINARES NO CONTEXTO DE ESCOLA PÚBLICA PAULA ANGÉLICA DA SILVA CAMPOS (ufrj) Resumo de Paper Aliado ao discurso do crescimento da necessidade de se aprender a língua inglesa, percebe‑se um consequente inte‑ resse da mídia em explorar tal assunto, veiculando textos di‑ versos que versam sobre a necessidade de se aprender inglês (revista Cláudia 2009), a dominação da língua inglesa (revis‑ ta Veja, 2009, 2012), a facilidade e essencialidade da crian‑ ça aprender o idioma (revista Veja, 2007 e revista Educação, 2010), para citar alguns exemplos. O discurso sobre a obriga‑ toriedade do conhecimento da língua inglesa na sociedade contemporânea apresenta formações discursivas marcadas por argumentos positivos: inserção no mundo globaliza‑ do, ascensão social, melhores oportunidades, por exemplo. No entanto, a língua deve ser “dominada” de modo fluente e rápido. Será isso possível? O objetivo do presente trabalho é abordar o modo como a língua inglesa é representada so‑ cialmente em dois textos da VEJA: “Yes, nós somos bilíngues” (2007) e “A corrida pelo domínio da língua” (2009) sob a óti‑ ca de Moscovici (1978), bem como, explicitar possíveis vozes conflituosas no fio enunciativo. Utilizaremos, pois, autores como Bauman (2001) que trata do conceito de Modernidade Líquida, Carmagnani (2008) e Coracini (2007) que estudam publicidades de escolas de idiomas e Garcia (2011) que estu‑ da a aprendizagem infantil. Uma vez que as representações sociais orientam condutas e práticas sociais, elas se consti‑ tuem em elementos privilegiados ao estudo dos mecanis‑ mos que influenciam o processo educativo. Assim, o modo como a língua inglesa é representada pela mídia interfere tanto no modo como o professor ministrará sua aula quanto o modo do aluno aprender. Resumo de Paper A presente pesquisa pretende investigar as práticas de multiletramentos envolvidas em projetos interdisciplina‑ res desenvolvidos em escolas públicas participantes do projeto Práticas de Linguagem em Diferentes Áreas do Conhecimento na Escola Pública (PLIEP). A análise realizada baseia‑se na concepção de letramentos críticos e multiletra‑ mentos de Rojo (2009 e 2012) e procura estabelecer diálogos entre as definições de interdisciplinaridade propostas por Fazenda (2012) e as concepções de professores de diferen‑ tes áreas do conhecimento participantes do PLIEP acerca da prática interdisciplinar. O PLIEP conta com a participação de professores do Programa Interdisciplinar de Pós‑Graduação em Linguística Aplicada da Universidade Federal do Rio de Janeiro e professores participantes de três escolas públicas das redes municipal e estadual do Rio de Janeiro. Além disso, o projeto promove a formação dos integrantes através de seis módulos semipresenciais que visa à formação continu‑ ada destes profissionais da educação. Este trabalho é finan‑ ciado pela FAPERJ no âmbito das bolsas de iniciação científica recebidas pelo PLIEP. A escolha metodológica desta investi‑ gação prevê a realização de entrevistas e observação de pro‑ jetos desenvolvidos em sala de aula que colaborem para o en‑ tendimento das práticas de letramento críticos e multiletra‑ mentos desencadeadas em projetos interdisciplinares; das expectativas e concepções de professores da escola pública a respeito destas práticas e dos processos de co‑construção do conhecimento decorrente dos projetos interdisciplinares observados. A análise dos dados possibilitará compreender os multiletramentos desencadeados em projetos interdisci‑ plinares desenvolvidos por professores das escolas públicas participantes e as concepções destes professores acerca da interdisciplinaridade de forma a propiciar a reflexão sobre a prática da interdisciplinaridade como um instrumento efeti‑ vo e, como uma atividade ideológica na esfera escolar. 244 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada SIGNIFICADOS DAS PRÁTICAS DE LETRAMENTO FORMATIVAS NA ESFERA ESCOLAR: VOZES DAS PROFESSORAS PARTICIPANTES CAMINHANDO RUMO À AUTONOMIA DO APRENDIZ: O PROCESSO COLABORATIVO COMO FERRAMENTA PAULA BARACAT DE GRANDE (UNICAMP) PAULA FRANSSINETTI DE MORAIS DANTAS VIEIRA (UFG) Resumo de Paper Resumo de Paper Este trabalho discute práticas de letramento na formação continuada de professores, situadas na esfera escolar, pela perspectiva de seus participantes. Como uma pesquisa si‑ tuada na Linguística Aplicada, discuto questões implica‑ das em uma esfera social, no caso, a escola e a formação do professor, para então refletir sobre uma formação que contribua para que o professor seja autorizado, legitimado e valorizado para agir no seu contexto de ação (KLEIMAN; MARTINS, 2007). Essa posição, dentro da LA e da perspectiva dos Estudos de Letramento, tem o intuito de compreender o professor em sua “agentividade e heterogeneidade” (VÓVIO; DE GRANDE, 2010) ao enfocar as práticas de letramento nas quais os professores se engajam na formação profissional que ocorre na escola, e também os seus dizeres sobre essas práticas. Para isso, acredito que seja necessário conhecer e discutir tais práticas e situá‑las sócio‑historicamente no contexto das iniciativas de formação continuada de profes‑ sores. Trago para a apresentação uma parte de análises de minha pesquisa de doutorado em andamento, cujo objetivo geral é conhecer e compreender as práticas de letramento formativas situadas na esfera escolar de professoras de 1º a 5º ano do Ensino Fundamental de uma escola do interior pau‑ lista. Os dados foram gerados em metodologia qualitativa de natureza etnográfica por meio de observação participan‑ te em reuniões Hora de Trabalho Pedagógico Coletivo, bem como em outros eventos formativos de iniciativa da escola ou da secretaria municipal de ensino. Questionários e entre‑ vistas também são utilizados. As análises discutidas neste trabalho, que partem da descrição de quais são as práticas formativas e como estas são compreendidas e ressignifica‑ das pelas professoras em um evento de formação, apontam para vozes sociais e gêneros mobilizados pelas professoras diversos daqueles que circulam em cursos acadêmicos: o dis‑ curso de autoajuda e a preocupação com o “como fazer” em sala de aula. Este trabalho objetiva apresentar os resultados de uma pes‑ quisa realizada com alunos do terceiro ano do ensino médio em uma instituição pública de ensino na cidade de Goiânia– go. Salientar a importância do processo colaborativo como um dos caminhos que pode conduzir o aprendiz rumo à sua autonomia é valorizar o eixo que sustenta esta pesquisa. Para tanto, nos propomos a discutir a cultura de aprender inglês a partir da visão dos alunos envolvidos nesse processo. A pesquisa qualitativa é aqui aplicada com a finalidade de se observar o contexto e, principalmente, de se avaliar o proces‑ so em que ela ocorre, mais que apenas observar o resultado (BODGAN e BIKLEN, 1998; NUNAN, 1998). O termo ‘cultura de aprender línguas’ é utilizado por Almeida Filho (1993) e aqui resgatado ao considerarmos as crenças, os mitos, os pressu‑ postos culturais que afloram da fala e das atitudes dos alu‑ nos ao serem convidados a participar mais efetivamente na construção de sua aprendizagem através de atividades por eles sugeridas. O processo colaborativo implica em reeducar e em reaculturar aqueles que estão envolvidos, uma vez que os resultados apontam para uma repetição de momentos vi‑ vidos pelos alunos em outros locais de aprendizagem. As ati‑ vidades sugeridas ressaltam a importância ainda atribuída a exercícios controlados e de cunho estrutural, sendo, portan‑ to, fundamental a discussão aqui proposta sobre o papel do aprendiz. Para tanto, nos baseamos em autores que tratam do processo colaborativo (BENSON & VOLER, 1997; BRUFFEE, 1999; FIGUEIREDO, 2006), de pesquisas em sala de aula de L.E. (ALLWRIGHT & BAILEY, 1991; LIGHTBROWN & SPADA, 1993; FIGUEIREDO, 1999; SCARCELLA & OXFORD, 1992) e também so‑ bre a cultura de aprender línguas (BARCELOS, 1999, 2004). 245 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada SENTIDOS DE LETRAMENTO PARA ALUNOS‑PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA PAULA KRACKER FRANCESCON (UEL) Resumo de Paper Este trabalho relata resultados parciais do projeto de pesqui‑ sa Pensamento Crítico para Ação Transformadora, desenvol‑ vido na Universidade Estadual de Londrina (UEL), sob orien‑ tação da Profa. Dra. Simone Reis. Os dados foram coletados no início de 2012 com alunos do 2º ano do curso de Letras – Língua Inglesa. O instrumento de coleta consistiu em um par de textos sobre os quais os alunos responderam questões a partir de dois posicionamentos: o de professor e o de leitor. A análise presente neste trabalho se refere às respostas dos alunos, na posição de professores, à pergunta que pedia que eles formulassem questões e/ou proposições para uma aula de leitura em língua inglesa, tomando como base os textos oferecidos com o instrumento. As unidades de análise apre‑ sentadas neste trabalho são a cognição (BORG, 2003) e o dis‑ curso (FAIRCLOUGH, 1989; 1992; 2003), conduzidas pela epis‑ temologia construcionista social (SCHWANDT, 2003). O obje‑ tivo das análises é observar as concepções de texto, leitor e leitura dos alunos‑professores, permitindo que esse estudo se enquadre na área do letramento. SABER METALINGUÍSTICO: UMA ABORDAGEM PSICOLINGUÍSTICA DA METALINGUAGEM COMO POSSIBILIDADE DE ELABORAÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA PAULA REGINA DE ANDRADE LESSA (UFRJ) Resumo de Paper O termo “metalinguagem” traz diferentes possibilidades de abordagem, logo, é necessária uma distinção entre elas no trato com o termo, devendo‑se distinguir entre a concepção dos linguistas e dos psicolinguistas (GOMBERT, 1992). Assim, objetivamos discutir tais abordagens a fim de contribuir para a melhor difusão da concepção psicolinguística, que se mostra como uma alternativa de entendimento dos saberes envolvidos no uso da língua em termos reflexivos e de geren‑ ciamento de saberes para a melhoria de materiais didáticos de produção textual. Tratando a metalinguagem no sen‑ tido em que os linguistas apontam, lidamos com questões relacionadas a nomenclaturas e classificação de estruturas. Portanto, “atividades metalinguísticas são aquelas que to‑ mam a linguagem como objeto não mais enquanto reflexão vinculada ao próprio processo interativo, mas consciente‑ mente constroem uma metalinguagem sistemática com a qual falam sobre a língua” (GERALDI, 1995, p. 25). Tal con‑ cepção tem sido largamente utilizada há muito no ensino de Língua Portuguesa, o que parece limitar o aluno no uso da norma padrão escrita. Contudo, o termo pode ser com‑ preendido, no que tange à concepção psicolinguística, como um saber oriundo de reflexões conscientes sobre a lingua‑ gem. Isto é, o saber metalinguístico (como preferimos) diz respeito ao saber da pessoa acerca da língua por meio da re‑ flexão e ação sobre ela, que envolve os saberes metassintáti‑ co, metatextual, etc. (GOMBERT, 1992; CORRÊA, 2004). Nossa hipótese é que este saber, contrapondo‑se à sua concepção classificatória, parece ser mais eficaz no aprimoramento das habilidades relacionadas à língua escrita em norma padrão de Língua Portuguesa (LESSA, a sair). Assim, a distinção en‑ tre as concepções do termo “metalinguagem” (linguística e psicolinguística) mostra‑se importante para se entender as diferentes possibilidades de abordagem e, também, abrir portas para metodologias de ensino de língua portuguesa diversas às tradicionais. 246 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada ENGLISH AS A LINGUA FRANCA: CONFLICTING IDEOLOGIES EXPRESSED IN AN ACADEMIC WRITING COURSE ONLINE FORUMS PAULA TATIANNE CARRERA SZUNDY (UFRJ) Resumo de Paper The fact that the number of those who speaks English as an additional language is much bigger than the amount of peo‑ ple who speaks it as a mother tongue has raised the devel‑ opment of researches about its status as a global language, phenomenon addressed as English as a lingua franca (ELF), English as an international language (EIL) and World English (WE) (House, 2003; Rajagopalan, 2004; Canagarajah, 2007; Seidlhofer, 2010; Llurda, 2011; Jenkins, 2012). Taking into con‑ sideration the implication that the role of ELF can have on language policies, English language teaching (ELT), teacher education, didactic material development and so forth, the topic has increasingly gained attention in the field of Applied Linguistics, where it has been transformed into an arena to deconstruct crystallized views about the native accent as a model to be pursued, propose the development of con‑ textualized teaching‑learning approaches in which English become a tool to value local knowledge and practices and emphasize a multilingual and multicultural perspective to ELT. Framed on the conception that future language teach‑ ers need to construct theoretically informed views both about language and the teaching‑learning processes, this paper aims at reflecting about the ideologies expressed by pre‑service English teachers concerning the role of ELF in the Academic Writing course I teach to undergraduate students at the Federal University of Rio de Janeiro (UFRJ). The corpus is composed of participants’ posts in forums that integrate the course online component, which will be analyze in the light of the bakhtinian circle conceptions of crystallized/behavioral ideologies, authoritative/persuasive discourse and responsiveness. Additionally, constructs of the Systemic Functional Linguistics (Halliday, 2004; Eggins, 2004) will be used to comprehend how linguistic choices related to lexicon, modality and mental processes express conflicting ideologies. A PRÁTICA DE FORMULAÇÃO NA ENTREVISTA DE PRÉ‑MEDIAÇÃO FAMILIAR JUDICIAL PAULO CORTES GAGO (UFJF) ROBERTO PEROBELLI DE OLIVEIRA (UFS) Resumo de Paper Neste trabalho, examinamos o papel profissional de uma pessoa que atua como uma terceira parte em uma disputa legal – uma mediadora – na justiça familiar. Especificamente, investigamos uma determinada ferramenta de comunica‑ ção utilizada pelos mediadores: a prática da formulação, como descrita originalmente por Garfinkel & Sacks (1970:171), a prática de “dizer‑em‑forma‑muitos‑palavras o que esta‑ mos fazendo (...)”. Na literatura em Análise da Conversa, ela é descrita como um método utilizado pelos participantes na interação para criar inteligibilidade e resolver problemas de indicialidade no aqui e agora de encontros. Considerando‑se a entrevista de pré‑mediação um gênero específico de co‑ municação na área e sua importância para o processo de mediação, analisamos dois casos de mediação com dados de 2007 (primeiro caso) e de 2008 (segundo caso), em pes‑ quisa qualitativa e interpretativa, com dados reais de fala‑ ‑em‑interação, em um tipo de estudo que conta com uma base de colaboração da mediadora em questão através de entrevistas e análise de dados conjunta, no quadro teórico da Análise da Conversa. O estudo de quatro entrevistas (duas em cada caso, perfazendo um total de 228 minutos de con‑ versa) revelou os seguintes resultados: o mediador formula sentimentos não ditos das partes, futuras posições possíveis a serem levadas para a seção conjunta de mediação, acusa‑ ções ocultas, recupera informações anteriores ditas pelas partes para reabrir tópicos, lida com problemas de compre‑ ensão de partes da conversa, reúne informações durante narrativas. Estas formulações são divididas em dois grupos: as que tiram conclusões e tecem implicações do que foi dito, e aquelas que resumem a conversa ou parte dela. A media‑ ção é uma importante ferramenta de política pública de dis‑ tribuição de oportunidades iguais na sociedade brasileira. 247 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O “FAZER POÉTICO” NOS LETRAMENTOS VERNACULARES PAULO ROBERTO ALMEIDA (UEL) Resumo de Paper Nesta comunicação pretendo expor a concepção de um pro‑ jeto de pesquisa implementado junto ao curso de Letras da Universidade Estadual de Londrina sob minha coordenação. Tomando como referência teórica os conceitos de cultu‑ ra, esta vista como constitutivamente híbrida (cf. Bhabha), de letramentos (cf. Street, Soares), de gêneros do discurso (cf. Bakhtin) e a perspectiva de um sujeito “trabalhador” (cf. Possenti; Certeau), o presente projeto tem como objetivo coletar produções orais e/ou escritas, em seus mais diferen‑ tes gêneros discursivos, produzidas nas práticas sociais de letramentos das culturas populares, buscando investigar nessas produções os modos de um “fazer poético” (“poiéo”‑ do grego =criar, inventar, gerar), ou seja, as táticas no tra‑ balho de um fazer poético de dizer o mundo. A hipótese é de que um olhar crítico para este “espaço” constitutivamente heterogêneo, um contexto de letramentos locais ou verna‑ culares, em que estão envolvidos/imersos os sujeitos em suas vivências cotidianas, possibilitará indiciar nas práticas de/sobre linguagem não valorizadas e, portanto, pouco in‑ vestigadas, manifestadas sob forma de textos/enunciados de diferentes gêneros discursivos, a singularidade ou indí‑ cios de autoria de sujeitos falantes, em seu “trabalho” com e na sua própria língua. O desenvolvimento do projeto visa à constituição de um corpus com a perspectiva de elaboração de material didático, buscando contribuir para o ensino de língua materna. SENTIDOS E SIGNIFICADOS ATRIBUÍDOS À RELAÇÃO TEORIA E PRÁTICA POR PROFESSORES DE INGLÊS EM FORMAÇÃO PAULO ROBERTO BOA SORTE SILVA (PUC–SP) Resumo de Paper Este trabalho tem o objetivo de analisar os sentidos e sig‑ nificados (VYGOTSKY, 1934/2010; LEONTIEV, 2006; LIBERALI, 2009) atribuídos por professores de inglês em formação ini‑ cial e formação contínua à relação teoria e prática. Trata‑se de parte dos resultados da pesquisa de doutorado que ana‑ lisa criticamente como os professores de inglês em forma‑ ção entendem a relação teoria e prática para, a partir desse entendimento, propor possíveis formas de estabelecer essa relação na ação docente de língua de inglesa. A pesquisa é qualitativa, caracterizada como estudo de caso (YIN, 2010). Para a coleta dos sentidos e significados dos professores fo‑ ram utilizados questionários e entrevistas (LAVILLE E DIONE, 1999). Os sentidos e significados têm base na teoria sócio‑ ‑histórico‑cultural e, ao serem levados em consideração no âmbito da formação de professores de inglês, oferecem a possibilidade de se verificar a presença de eventos psicoló‑ gicos resultantes do contato com o idioma e a cultura dos países de língua inglesa, bem como do contato com os alu‑ nos, pais dos alunos, formadores e coordenadores pedagó‑ gicos. Essa apropriação está associada às concepções de lin‑ guagem e ensino com as quais esse professor teve contato ao longo da sua vida, da sua formação e (re)construção da identidade profissional. 248 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O ESPAÇO DISCURSIVO DA SALA DE AULA DE LÍNGUA INGLESA DA ESCOLA PÚBLICA E OS SIGNIFICADOS DA NÃO‑INTERAÇÃO ENTRE PROFESSOR E ALUNO: UMA QUESTÃO PARA AS POLÍTICAS LINGUÍSTICAS? PAULO ROGÉRIO STELLA (UFAL) Resumo de Paper Este trabalho discute os resultados parciais de uma pesquisa com professores e alunos de inglês na escola pública regu‑ lar em Maceió no estado de Alagoas com foco na reflexão sobre as políticas linguísticas que permeiam as relações de ensino e aprendizagem. Partimos do pressuposto de que: a) o foco do ensino de língua estrangeira pertence à “comunica‑ ção dialógica” (BAKHTIN 1988); b) toda posição expressa em enunciados é carregada de valores circulantes que apontam para contextos nem sempre comuns entre os interlocutores; c) todo enunciado é orientado a outros, implicando um jogo entre alteridade (PONZIO 2010) e identidade. O objeto deste trabalho é a discussão sobre as representações dos professo‑ res e alunos sobre as aulas de inglês. Volta‑se, primeiramen‑ te, à análise das falas dos professores sobre a língua que en‑ sinam no que se refere à importância do inglês no contexto da educação no estado, os métodos que utilizam e as ações em sala de aula. E, em segundo lugar, analisa também as percepções dos alunos não somente sobre o valor da língua inglesa na sua formação mas também sobre o que apren‑ dem em suas aulas. Pretendemos trazer à reflexão o fato de que, apesar de os professores e seus alunos partilharem do pontos de vista convergentes sobre língua inglesa e ensino, existe entre ambos um não‑diálogo que interfere diretamen‑ te no processo de ensino‑aprendizagem dessa língua para ambas as partes observadas. Acreditamos que os resultados dessa análise podem nos dar subsídios para reflexões sobre as políticas linguísticas para o ensino de inglês no estado. POLÍTICAS PÚBLICAS PARA OS CENTROS INTERESCOLARES DE LÍNGUAS DO DISTRITO FEDERAL PRÍSCILA PATRÍCIA PAIVA MESQUITA (UNB) Resumo de Paper É sabido que há carência de políticas públicas especifica‑ mente direcionadas ao ensino de línguas no Brasil, o que não é diferente na nossa capital. Porém com o advento dos gran‑ des eventos internacionais que nosso país receberá em 2013, 2014 e 2016, houve no Distrito Federal a preocupação em re‑ gulamentar os Centros Interescolares de Línguas (doravan‑ te CIL) que já existem na região a mais de 30 anos, foi cria‑ do no ano de 2012 pela Secretaria de Estado e Educação do Distrito Federal – SEDF, o Núcleo dos Centros Interescolares de Línguas – NCIL, que tem a incumbência de em um curto espaço de tempo regulamentar a ação dos CIL além de criar novas diretrizes para tais centros. Atualmente o DF conta com oito CIL, que atendem alunos de escolas públicas ofere‑ cendo cursos de alemão, espanhol, francês, inglês e japonês. Estes Centros contam com cursos que tem duração de três a sete anos. O trabalho que o NCIL vem desempenhando de maneira bem democrática (ao contrário do que costuma ser feito nas políticas públicas especialmente de educação) ao longo deste ano está reestruturando os cursos oferecidos pelos Centros de Línguas, além de alterar a configuração atual destas escolas com oferecimento de cursos diferentes dos que vem sendo trabalhados ao longo de todo este tem‑ po. Destarte, este trabalho pretende expor o trabalho reali‑ zado até a data do Congresso pelo NCIL, além de analisar se as novas Diretrizes apresentadas pelo Núcleo serão eficien‑ tes para os CIL e especialmente para os seus alunos e toda a comunidade escolar. 249 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O GAME “WORLD OF WARCRAFT” E A INTERAÇÃO DOS JOGADORES: O CASO DO “APORTUGUESAMENTO” PRISCILHA SANSÃO ALVES DE OLVEIRA (CEFET–MG) Resumo de Pôster O game World of Warcraft é um MMORPG (Massive Multiplayer Online Role‑Playing Game) que combina ele‑ mentos de narrativas, cumprimentos de tarefas, criação de itens, batalhas e convivência com outros jogadores, em um ambiente virtual (LEVY, 1999). Atualmente, o WoW pos‑ sui cerca de dez milhões de jogadores no mundo, forman‑ do uma comunidade de diferentes faixas etárias e perfis. Esses jogadores conhecem e produzem suas próprias re‑ ferências, inclusive na cultura do jogo, e mantêm uma for‑ ma de comunicação específica. Assim, tem‑se a criação de novo vocabulário e de expressões próprias da comunidade de jogadores. Entre os jogadores de língua portuguesa, o processo de “aportuguesamento” de palavras é evidente e surge da interação dentro de uma comunidade de prática (WENGER, 1998). Esta pesquisa – de cunho etnográfico – pre‑ tende analisar esse “aportuguesamento” de palavras entre usuários do game, processo observável nas ferramentas de chat ou janelas de bate‑papo dos servidores do jogo. A fim de compreender o processo de formação de palavras por meio do “aportuguesamento” de termos do jogo (o qual é originalmente em inglês), realizamos a coleta de dados dos registros de comunicações escritas nos chats, apoiando‑nos em questões morfológicas e gramaticais do português, ca‑ racterizando expressões próprias e identificando expressões idiomáticas exclusivas, bem como relações entre linguagem e tecnologias. As informações são analisadas de acordo o aporte teórico em linguística (morfologia e sociolinguística) e em Wenger (comunidade de prática). Dessa forma, espe‑ ramos obter bons subsídios para contribuir para a discussão sobre neologismos, estrangeirismos, aportuguesamento e outras questões linguísticas, especialmente em morfologia da língua. Ao final da pesquisa, será produzido um glossário composto pelas expressões utilizadas pelos jogadores de língua portuguesa, indicando os termos, abreviações e de‑ nominações que os jogadores utilizam frequentemente no ambiente virtual. REFLETINDO SOBRE A OBSERVAÇÃO DE AULA NARRATIVAMENTE: HISTORIANDO A EXPERIÊNCIA DE PROFESSOR‑PARTICIPANTE E DE PROFESSOR‑PESQUISADOR RAFAEL BARCELLOS DE MORAES (UFV) LUNARA DAVID GOLÇALVES (UFV) Resumo de Paper Nesta comunicação de Pesquisa Narrativa (CLANDININ & CONNELLY, 2000), trazemos algumas reflexões e implica‑ ções acerca do processo de observação de aula. A partir de nossa experiência, como pesquisadores e professores, ao mesmo tempo participantes e autores da pesquisa, relata‑ mos a trajetória percorrida para a observação de aula em um contexto de formação de professores de LI. Nossos planos para esta pesquisa, bem como para a observação de aula, foram se modificando e se adaptando ao passo que íamos desenvolvendo o trabalho, aprendendo sobre o processo e caminhando entre as etapas de observação de aula, a dizer, a pré‑observação, a observação e a pós‑observação (BAILEY, 2006; SILVA, 2008). Em vias de conclusão, nossas reflexões nos levam a acreditar que este seja um processo complexo devido não apenas à natureza histórica, social e cultural que compõe o processo de observação de aula, mas também às emoções (ARAGÃO, 2011) e às crenças (BARCELOS, 2004; GIMENEZ et al., 2000) que o permeiam e que estabelecem o espaço conversacional (COELHO, 2012) em que participante e pesquisador se inserem, guiando as ações e os sentidos construídos nesta experiência. 250 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada ESTRATÉGIAS DE VERDADE EM RELATOS DE VIAGEM DE LÍNGUA ALEMÃ RAFAEL CHAVES SANTOS (UFRJ) Resumo de Pôster Esta comunicação tratará das estratégias presentes nos dis‑ cursos dos viajantes de língua alemã para apresentar suas descrições como verdade. Para isso, foram selecionadas as três principais estratégias presentes nas obras dos viajantes, na tentativa de dar veracidade as suas palavras. São elas: (1) quando se faz uso da palavra de outra pessoa, que seria, segundo o próprio viajante, especialista naquele assunto tratado; (2) quando um viajante repete a idéia ou mesmo as palavras de outro (intertextualidade); (3) quando utiliza ex‑ pressões moduladoras ou, ainda, no prefácio ou introdução de suas obras afirmam que vão relatar somente a verdade. Esta análise leva em consideração também o fato de que qualquer trabalho que utilize como fonte o olhar do estran‑ geiro (do outro) deve observar que este olhar também virá sempre acompanhado de valores pré‑existentes, e que, cer‑ tamente, entrarão em choque com os fatos e pessoas obser‑ vados numa luta dialética que pode se dar no interior de uma mesma pessoa, e de um mesmo relato. Em outras palavras, isso decorre porque o “habitante tem vivência comum ao grupo, mas parcos conhecimentos sobre o todo”, (cf. LEITE, 1997) e o “viajante torna‑se um observador alerta e privilegia‑ do do grupo visitado” (idem) por estar “de fora”, ou seja, não pertencer diretamente àquele grupo. Entretanto, este olhar “de fora” não é isento, pois o visitante não é um mero expec‑ tador que assiste as coisas passarem, ele interage com as pessoas e com o meio e, desta forma, apresenta‑os sua cul‑ tura “civilizada” na sua maneira de agir. Mesmo que ele não pertença em seu país de origem a uma classe elevada é pos‑ sível que ele se identifique com ela. Dessa interação resulta uma nova visão por parte do visitante e do visitado. Novas visões estas que trarão em si traços de ambas as posições, decorrente deste confronto dialético. O que denominamos aqui de visões são os significados ideológicos presentes nos discursos ou na linguagem. A RESSEMIOTIZAÇÃO EM PLATAFORMAS HIPERMODAIS: A REDISCUSSÃO DE BINARISMOS A PARTIR DOS TRANSLETRAMENTOS DE FÃS RAFAEL SALMAZI SACHS (UNICAMP) Resumo de Paper A expansão das tecnologias digitais de informação e comu‑ nicação facilitou a combinação e manipulação de diferentes modalidades em formato digital, consolidando diversas prá‑ ticas discursivas que podem ser definidas como transletra‑ mentos, já que envolvem o atravessamento de diferentes modalidades, mídias e gêneros na produção de textos multi e hipermodais. No bojo das culturas de fãs apoiadas por pla‑ taformas de publicação on‑line, essas práticas podem origi‑ nar percursos de ressemiotização em que os usuários con‑ solidam posturas variadas em relação à própria afinidade, reutilizando criativa e colaborativamente os conteúdos pu‑ blicados pelas corporações de mídia. Dado que a multimo‑ dalidade enseja uma multiplicação e diversificação dos sen‑ tidos, e que tal diversificação tem consequências políticas, como apontam os estudos sobre hipermodalidade, propu‑ semo‑nos a explorar tais percursos a partir da análise de re‑ des hipermodais constituídas num corpus de posts de fãs do seriado Glee na plataforma hipermodal Tumblr. Na análise, reconstituíram‑se os processos de criação e remixagem dos posts, levantando‑se as operações e saberes semiótico‑dis‑ cursivos agenciados no processo, bem como as alterações de significados ocorridas em cada etapa e nos diferentes per‑ cursos de leitura das redes hipermodais. Concluiu‑se que, na prática letrada focalizada, os processos de ressemiotização podem levar os fãs a novas leituras dos conteúdos disponibi‑ lizados pela franquia, especialmente por meio de travessias a outros domínios discursivos, permitindo, a partir das ima‑ gens e textos do seriado, a expressão e afirmação de identi‑ dades liminares envolvendo certos binarismos — em espe‑ cial os relacionados (i) à sexualidade, com a representação de várias nuances do que significa, por exemplo, ser gay; e (ii) aos papéis/direitos de autores/produtores e leitores/es‑ pectadores, com reflexões metadiscursivas em que os fãs se colocam como coprodutores dos conteúdos que consomem, e, portanto, como produsuários. 251 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A COMPETÊNCIA PROFISSIONAL DOCENTE EM UMA ANÁLISE MULTIMODAL DE INTERAÇÕES PROFESSOR/ALUNO O TEXTO NA TELA: SINCRETISMO VERBO‑VISUAL NA PRODUÇÃO DE ESTUDANTES EM PROJETO HIPERMIDIÁTICO RAFAELA FETZNER DREY (IFRS) RAQUEL SALCEDO GOMES (UNISINOS) Resumo de Paper Resumo de Pôster Este estudo teve como objetivo principal analisar quais ele‑ mentos interacionais, vistos sob uma perspectiva multimo‑ dal, permitem observar a emergência de uma competência profissional docente. Para isso, foram filmadas aulas de alunas‑professoras do curso de licenciatura em Letras, para que se analisassem os momentos de interação entre pro‑ fessora/alunos. Com este fim, foi realizada uma análise que integra elementos discursivos (BRONCKART, 2003), gestuais (KENDON, 2004) e sequenciais, da fala‑em‑interação, con‑ substanciando uma análise multimodal (GOODWIN, 2000). Os resultados mais importantes deste estudo apontam três aspectos: (i) a apresentação de uma metodologia inicial de análise do trabalho real/concretizado sob a perspectiva multimodal; (ii) a reflexão sobre um conceito dinâmico de competência profissional docente; e (iii) a motivação para repensar o estágio como prática de ensino nos cursos de li‑ cenciatura. Os dados aqui apresentados enfocam o primeiro deles, especificamente a questão da multimodalidade. Para a realização desta análise, foi proposto um cruzamento epistemológico entre os quadros teóricos do Interacionismo Sociodiscursivo (ISD) (BRONCKART, 2003, 2006), que pro‑ põe uma análise da linguagem como ação social; e da Sociolinguística Interacional, que prevê análises da intera‑ ção como prática social. A viabilidade deste cruzamento parece justificar‑se a partir dos estudos sociointeracionistas de Vygotsky (1939/2005; 1984/2007), que consideram a inte‑ ração professor/alunos um instrumento que altera o desen‑ volvimento do pensamento, mediado pela linguagem – ge‑ rando uma mudança de ação. Os resultados apontam que a análise sob a perspectiva multimodal pode ser decisiva no sentido de revelar uma gama maior de elementos interacio‑ nais que permitem inferir a profissionalidade docente como um processo em constante (re)construção, propiciando re‑ flexões necessárias às mudanças que urgem nas práticas de ensino propostas atualmente. Que texto é este produzido na e para a tela do computador? Quais as implicações de suas especifidades para o ensino de línguas? Tais questionamentos norteiam a presente pesquisa de mestrado, que versa sobre o texto sincrético, hibridizador de diferentes linguagens na tela digital. Objetivamos inves‑ tigar os aspectos verbo‑visuais e discursivos do texto na tela em atividades pedagógicas de um projeto de trabalho hiper‑ midiático. Como referencial teórico, fundamentamo‑nos em aportes conceituais e metodológicos de dois projetos distin‑ tos que se debruçam sobre o estudo da linguagem humana: a Semiótica Discursiva e o Interacionismo Sociodiscursivo (ISD). A escolha deveu‑se à raiz comum a que se fidelizam esses dois projetos: a Linguística de Ferdinand de Saussure, em sua fase atual. A partir da máxima saussuriana de que o sistema linguístico é forma e tudo nele são relações, pelo entendimento de que sua apreensão é uma abstração ope‑ racional; conjugamos elementos da Semiótica Discursiva Plástica e da concepção do agir de linguagem do ISD de modo a permitir a observação de uma discursividade na tela do computador, mediante a hibridização entre o verbal e o visual, que caracterizariam outra concepção de texto. A fim de subsidiar a verificação empírica de nossa hipótese, desen‑ volvemos um projeto de trabalho, inspirado na Pedagogia de Projetos, para aulas de inglês em uma turma de 19 alunos do oitavo ano do Ensino Fundamental da rede municipal de ensino de Novo Hamburgo. As produções dos estudantes, blogs elaborados ao longo do projeto, compõem o corpus da pesquisa. É possível que ocorram, no contexto educacional em que os textos analisados foram produzidos, letramentos múltiplos, que não se referem apenas ao desenvolvimento da habilidade de ler e escrever dentro do sistema linguístico, mas que envolvem habilidades em outras linguagens, como a plástica, que passa a desempenhar papéis mais relevantes na produção e leitura destes textos. 252 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A ETNOGRAFIA VIRTUAL E OS NOVOS DESAFIOS LANÇADOS AO/À PESQUISADOR(A) ONLINE ESPANHOL PARA NEGÓCIOS: DESAFIOS E ESTRATÉGIAS NO ENSINO SUPERIOR TECNOLÓGICO RAQUEL SOUZA DE OLIVEIRA (UFRJ) REGIANE SOUZA CAMARGO MOREIRA (FATEC ‑ GUARATINGUETÁ) Resumo de Paper O advento da Internet afetou, de maneira contundente, as interações entre as pessoas e as formas como elas vêm ence‑ nando as performances de suas intersubjetividades. Em face disso, vários pesquisadores sublinham a relevância de olhar‑ mos para os contextos virtuais e produzirmos conhecimen‑ to que faça justiça aos efeitos sociodiscursivos engendrados por essas novas formas de socialização (Hine, 2000 e 2005; Wittel, 2000; Leander & McKim, 2003; Gimarães Jr, 2005; dentre outros). Para isso, revisões na tradição de métodos e teorias das ciências sociais e da área da linguagem vêm se mostrando imprescindíveis. Neste trabalho, debruço‑me so‑ bre os pressupostos teórico‑metodológicos que orientaram uma pesquisa etnográfica que realizei em duas comunida‑ des online sobre artrite reumatóide nas redes sociais Orkut e Facebook. Debato sobre as reconfigurações implementadas na etnografia à luz dos múltiplos contextos que coexistem nas redes onde hoje nossas vidas sociais são organizadas. Novos desafios metodológicos e éticos têm sido lançados à prática etnográfica em virtude, principalmente, dos usos que temos feito da Internet. Busco, então, apontar alguns processos de desestabilização por que determinados princí‑ pios dessa prática investigativa vem passando na atualidade. Nesta investigação, apresento os contextos virtuais selecio‑ nados para minha pesquisa, discorro sobre minha atuação como pesquisadora‑participante das comunidades e aponto os cuidados éticos tomados. Relato, ainda, os desafios por mim encontrados em meu trabalho de campo que motiva‑ ram o redesenho de minha investigação. As considerações finais deste estudo apontam que pesquisas efetuadas em contextos online vêm contribuindo com o exercício de refle‑ xividade acerca de nossos aportes teórico‑metodológicos, assim como com a deflagração de mudanças em nossas práticas epistemológicas. Resumo de Paper Esta pesquisa, inserida no contexto de Ensino de Línguas para Fins Específicos, com ênfase em Espanhol para Fins Específicos, foi conduzida com o objetivo de conhecer as necessidades de um grupo de alunos do curso superior de tecnologia em Gestão Empresarial, bem como de professo‑ res que atuam como profissionais dessa área no mercado de trabalho; saber qual a avaliação dos alunos em relação ao plano de curso da disciplina de Língua Espanhola e apontar subsídios que possam contribuir com a reelaboração do pla‑ no de curso da disciplina Espanhol. O aporte teórico referen‑ te à Abordagem de Línguas para Fins Específicos utilizado neste trabalho focaliza, principalmente, os pressupostos de Hutchinson e Waters (1987) e Dudley‑Evans e St. John (1998), entre outros. Os dados foram coletados através dos seguin‑ tes instrumentos: questionários, aplicados aos alunos e aos professores do curso de Gestão Empresarial; entrevistas se‑ mi‑estruturadas com alunos e professores que atuam como gestores e fazem uso do espanhol no mercado profissional, e também com a coordenadora do curso; e documentos sobre o curso de Gestão Empresarial. Este estudo justifica‑se pela importância da língua espanhola para a formação profissio‑ nal dos estudantes de tecnologia em Gestão Empresarial. Os resultados desta pesquisa deverão ser utilizados como subsídios para propostas futuras de adequação do plano de curso da disciplina Espanhol, atualmente oferecida a esses alunos. 253 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS NO ENSINO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA REJANE CRISTINA DE CARVALHO BRITO (UNIMONTES) Resumo de Paper Este trabalho é um recorte da pesquisa para doutoramen‑ to em andamento na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Nosso estudo tem como tema a situação do intérprete de língua de sinais inserido na educação regular para atender o público surdo nas escolas inclusivas, de for‑ ma específica em relação ao ensino de línguas. Trata‑se de um contexto especial no grande cenário do ensino da língua estrangeira por ter características específicas (como sala de aula mista: alunos surdos e ouvintes) que o diferem do ensino regular comumente conhecido. O objetivo é proble‑ matizar a situação do intérprete de libras (língua brasileira de sinais) na aula de ensino de línguas estrangeiras. Neste recorte, trazemos as representações do intérprete sobre a sua função na inclusão de alunos surdos em relação ao en‑ sino nas escolas regulares. Percebemos que a relação entre os discursos e a memória/história permite ver a identidade do intérprete de língua de sinais como não acabada e (trans) formada na várias práticas de subjetivação, nos significados sócio‑histórico‑culturais materializados nos dizeres sobre o que é ser intérprete, o que é interpretar, nos reflexos in‑ clusivos, educacionais e sociais que envolvem a inclusão de alunos surdos no ensino regular. Apresentamos uma breve análise discursiva de recortes das entrevistas (orais) com in‑ térpretes de língua de sinais realizadas nos estados de São Paulo e Minas Gerais. Em nossas análises, seguimos a pers‑ pectiva discursiva desconstrutivista apoiada em autores como Foucault e Derrida e em algumas noções da psicaná‑ lise freudo‑lacaniana. Como considerações tecidas a partir das nossas análises, percebemos no dizer dos intérpretes algumas regularidades e representações acerca da função do intérprete como complemento do corpo do surdo, auxí‑ lio pedagógico, formador social do aluno, mediador familiar, professor e pessoa ocupante de um novo e outro lugar entre a “normalidade” e “anormalidade” na sala de aula. APRENDER A ENSINAR INGLÊS EM ESCOLAS PÚBLICAS DO INTERIOR: O ACONSELHAMENTO LINGUAGEIRO COMO FORMA DE INTERVENÇÃO E FORMAÇÃO DOCENTE REJANE SANTOS NONATO (UFPA) Resumo de Paper Ensinar Língua Estrangeira (LE) em escolas públicas do in‑ terior é uma tarefa muito difícil, uma vez que as condições de trabalho são extremamente precárias. Por outro lado, se‑ gundo Paiva (1997), o ideal seria que o professor de LE tivesse bom domínio do idioma, sólida formação pedagógica, além é claro de uma aguçada consciência política. Dessa forma, entendendo a necessidade de qualificação profissional dos professores de LE e as remotas condições de oferta de forma‑ ção continuada para professores de LE de escolas públicas de cidades do interior é que pensamos uma forma de interven‑ ção e formação que visa conhecer melhor esse profissional tantas vezes desvalorizado e incentivá‑lo a buscar sua auto‑ nomização e consequentemente a melhoria de sua prática docente. Para tanto, nos utilizamos do aconselhamento linguageiro que é um novo campo de pesquisa, que pode exercer grande influência no processo de ensino‑aprendi‑ zagem, apoiando as ações desenvolvidas em sala de aula (GARDNER; MILLER, 1999; MOZZON‑McPHERSON, 2007; RILEY, 1997). A metodologia de pesquisa adotada enquadra‑se no método de pesquisa qualitativa. A sequência de procedi‑ mentos apóia‑se no projeto coordenado por MAGNO E SILVA desenvolvido na UFPA, no qual primeiramente, analisa‑se a experiência pessoal de aprendizagem de LE do aconselhado e identifica‑se uma área de preocupação pessoal; em segui‑ da, planeja‑se pró‑ativamente, visando a área de preocu‑ pação pessoal; o terceiro passo é exercer uma intervenção monitorada, agindo e refletindo, coletando e analisando informações por meio de observação, notas de campo, nar‑ rativas, checklists de avaliação, questionários etc.; por fim, como última etapa, dá‑se a avaliação e o replanejamento, levantando os pontos positivos e negativos da intervenção, planejando uma nova intervenção para o mesmo problema ou, se ele estiver resolvido, procura‑se identificar um novo problema e recomeçar o ciclo. 254 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada CIÊNCIAS SEM FRONTEIRAS E LÍNGUAS SEM FRONTEIRAS: QUE FRONTEIRAS RESTAM PARA O SER DE LINGUAGEM CONTEMPORÂNEO? PRODUÇÃO ORAL PARA O EXAME TOEFL IBT: A PERCEPÇÃO DE ALUNOS EM AULAS PARTICULARES RENATA MENDES SIMOES (PUC–SP) RENATA ARCHANJO (UFRN) Resumo de Paper Resumo de Paper A oportunidade aberta pela temática proposta neste 10º CBLA para discutir política e políticas linguísticas acontece em um momento social de extrema complexidade para o ser de linguagem contemporâneo. Em meio à globalização das práticas sociais, à homogeneização da cultura de mas‑ sa, e aos novos modelos de relações sociais fluidas e fugazes, o sujeito social procura seu lugar no mundo, sua identida‑ de as quais estão cada vez mais hibridizadas e mestiçadas. Tal panorama característico do mundo da vida não deixa de ser replicado no mundo da arte, da cultura, e, portanto, da produção do conhecimento. As políticas linguísticas, que em si nos sinalizam para o modo como usamos a linguagem na mediação de nossas práticas sociais, ao se tornarem po‑ liticas de hibridização podem contribuir, em um primeiro momento para escapar da lógica da homogeneização do mundo, conforme nos esclarece Garcia Canclini (2001). Se a educação é um espaço político para promover o multilin‑ guismo faz‑se necessário analisar as ações sociais e políti‑ cas que tentam promover a democratização do acesso aos bens culturais. Assim, este estudo tem por objetivo discutir o programa governamental brasileiro intitulado Ciências sem Fronteiras, que em seu bojo desencadeou o programa linguístico Línguas sem Fronteiras, com base nos discursos dos documentos oficiais e de artigos na mídia impressa de reações à essas iniciativas, problematizando a formação lin‑ guística pensada para promover a ascensão social desejada no contexto da sociedade contemporânea. Como professora de inglês em aulas particulares, minha pre‑ ocupação pedagógica tem se voltado para o preparo de alu‑ nos que pretendem prestar o exame de proficiência em inglês TOEFL iBT (Test of English as a Foreign Language – Internet Based Test). Apesar da ampla oferta de livros e cursos em es‑ colas de idiomas voltados para a preparação do exame TOEFL iBT, ainda é escassa a literatura sobre ensino‑aprendizagem para preparação desse exame em aulas individuais. Nesse sentido, Ramos (2008, p.75–77) alerta para as diferentes necessidades de cursos voltados para áreas específicas, cor‑ roborando a noção aqui apresentada da importância de um curso focado especificamente nas necessidades para o exa‑ me TOEFL iBT. Assim, emergiu a necessidade de se investigar como o aluno se sente ao final do curso elaborado por esta pesquisadora e adaptado para cada novo aluno, em relação à sua habilidade de produção oral no exame. Este trabalho pretende investigar as percepções de aprendizagem dos alu‑ nos em contextos individuais de aula. Para tanto, serão uti‑ lizados os seguintes procedimentos metodológicos: análise do material elaborado para o curso; aplicação de questioná‑ rios fechados a 8 alunos no início e no final do curso; obser‑ vações de aulas e anotações de campo. O referencial teórico deste trabalho engloba os seguintes conceitos: ensino base‑ ado em tarefa, como proposto por Swain (2000), Ellis (2000), e Nunan (2004); elaboração de material didático com base em Hutchinson e Waters (1987), Dudley Evans e St. John (1998), e Tomlinson (2001); e análise de necessidades como proposta por Hutchinson e Waters (1987), Dudley‑Evans e St. John (1998) e Long (2005). Com base nesse tripé, espera‑se apontar diretrizes que possam contribuir para o contexto individual de ensino‑aprendizagem, especialmente com re‑ lação às necessidades específicas de produção oral para o exame TOEFL iBT, uma vez que esse é um campo carente de estudos aprofundados. 255 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A (NÃO) IMPLICAÇÃO NA LINGUÍSTICA APLICADA: O PROFESSOR DE LÍNGUA INGLESA E SUA RELAÇÃO POLÍTICA COM ESSA LÍNGUA RENATA NASCIMENTO SALGADO (UFMG) Resumo de Paper O entendimento sobre a implicação, ou não, de professo‑ res de Línguas Estrangeiras (LEs) – em especial, de Língua Inglesa (LI), com questões que transcendam as discussões de políticas linguísticas, adentrando em aspectos ligados ao papel do linguista aplicado, visto, também, como um agen‑ te politizante, sugere a desconsideracão de fatores relacio‑ nados tanto aos processos identitários quanto aos proces‑ sos identificatórios desses sujeitos. Frente a este quadro, eis que algumas perguntas norteadoras são pontuadas: como o professor de LE – em especial, de LI, se vê na sua relação com a língua que fala e que ensina (língua esta que tem uma “penetração política acentuada” (MARIANI, 2007))? Ao narrar sua trajetória profissional, de que forma, e quando, o pro‑ fessor fala sobre sua percepção e seu engajamento nessa relação política com a LI e, se não fala, como essa ausência de relato pode ser interpretada/analisada? Com o intuito de respondê‑las, o presente estudo procura, através de dizeres de professores de LE, entrevistados durante a pesquisa de Doutorado em andamento desenvolvida na Faculdade de Letras da UFMG, analisar os discursos que retratam/relatam aspectos sociais, históricos, ideológicos e políticos focados na LI, tendo como referencial teórico teorias do discurso atra‑ vessadas por conceitos da psicanálise freudo‑lacaniana. Por meio da análise discursiva inspirada nas considerações de Foucault ([1983–84]2011) sobre a ‘prática da parresia’, proble‑ matizando‑a com a escuta psicanalítica, aborda‑se o ponto de vista desses professores por via das identificações que ex‑ perimentam nas suas trajetórias e escolhas profissionais no que se refere ao seu papel como professor de LE e, ao mesmo tempo, à sua implicação com a língua que o constitui profis‑ sionalmente. Ademais, considera‑se também o conceito de implicação na elaboração de Monceau (2008), para o qual não existe análise da implicação na profissão sem o (O)ou‑ tro – o inconsciente (LACAN, 1998) – como referência. ESP NA EAD: REPENSANDO AS NECESSIDADES DOS ALUNOS DE LICENCIATURA EM QUÍMICA RENATA RIBEIRO GUIMARÃES (IFRJ/UFF/CAPES) Resumo de Paper O presente trabalho teve como objetivo repensar as neces‑ sidades dos alunos e as demandas do currículo de um cur‑ so de Licenciatura em Química na modalidade a distância (EaD), no que diz respeito à disciplina “inglês para fins espe‑ cíficos” (ou ESP), disciplina essa obrigatória para os alunos no primeiro período do curso. Para atingir tal objetivo, foi necessário: entrevistar tutores presenciais e alunos, con‑ tabilizar os dados coletados e analisar as sugestões dadas quanto aos temas e gêneros textuais relevantes e que deve‑ riam ser parte do material didático. Além disso, para emba‑ sar os procedimentos da pesquisa, trabalhamos de acordo com alguns dos principais referenciais teóricos das áreas de ensino‑aprendizagem de inglês, inglês para fins específicos, leitura, gêneros textuais e análise de necessidades, a sa‑ ber: Goodman (1967), Kaufman (1985), Hutchinson; Waters (1987), Swales (1990), Johns (1991), Bhatia (1993), Long (1996), Dudley‑Evans; St. John (1998), Stewart; Cuffman (1998), Martin (2000), Paltridge (2001), Bakhtin (2003), Marcuschi (2003), Ramos (2004), Basturkmen (2006), Costa (2008), Motta‑Roth (2008), Songhori (2008), Cristóvão (2010) e Vereza (2005; 2011). Por fim, vale ressaltar também que a importância do trabalho está na possibilidade de propor‑ cionar aos alunos uma participação mais bem sucedida em ambientes profissionais e acadêmicos por meio da leitura de textos, em língua inglesa, pertinentes para os mesmos. 256 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O ENSINO DE INGLÊS NO CONTEXTO ESCOLAR: POLÍTICAS, PRÁTICAS E IDENTIDADES PROFISSIONAIS REESCRITA E REVISÃO DE TEXTO: UMA PRÁTICA NECESSÁRIA NA FORMAÇÃO DOCENTE RISOLEIDE ROSA FREIRE DE OLIVEIRA (UERN) RICARDO LUIZ TEIXEIRA DE ALMEIDA (UFF) Resumo de Paper Resumo de Paper A presente investigação tem por objetivo discutir políticas governamentais para o ensino de Inglês como língua es‑ trangeira nas escolas brasileiras, em relação com as práticas e identidades desenvolvidas por professores trabalhando nesse contexto. Partindo de uma análise histórica das prá‑ ticas, propostas e políticas educacionais desde a segunda metade do século passado, pretendemos avaliar o impacto de documentos oficiais, como os Parâmetros Curriculares Nacionais, as Orientações Curriculares para o Ensino Médio e os editais do Programa Nacional do Livro Didático – Língua Estrangeira, sobre o processo de ensino de Inglês no Brasil. Dentre os documentos citados, daremos atenção especial às Orientações Curriculares para o Ensino Médio, que serão interpretadas à luz dos procedimentos da Análise Crítica do Discurso (CHOULIARAKI & FAIRCLOUGH, 1999; FAIRCLOUGH, 2003), visando à explicação dos efeitos de sentidos evocados por seu texto. O foco maior nesse documento justifica‑se pelo fato de ele aparentemente sinalizar, pela primeira vez, uma mudança de rumos nas políticas oficiais em relação àquilo que era preconizado pelos Parâmetros Curriculares Nacionais. A tensão entre resistência e desejo de mudança, bem como entre as identidades do professor como educador ou instrutor (ASSIS‑PETERSON, 2003) subjaz essa análise, que também tenta apontar caminhos possíveis para o futuro de nossa profissão nas escolas regulares. Este estudo tem como objetivo contribuir com um problema recorrente na esfera universitária: as dificuldades na escri‑ ta dos gêneros acadêmicos. Com o propósito de colaborar para a solução dessa problemática na formação docente, propõe‑se um trabalho conjunto de reescrita e revisão de texto nas disciplinas Metodologia do Trabalho Científico e Produção Textual, ministradas no primeiro período da gra‑ duação, uma vez que elas têm como finalidade orientar os alunos no início de sua trajetória acadêmica. Para tanto, destaca a necessidade de uma efetiva prática de escrita e revisão textual nessas disciplinas, subsidiada na teoria/ análise dialógica do discurso do Círculo de Bakhtin. A pes‑ quisa conta com a participação dos professores das referi‑ das disciplinas e de um grupo constituído de 20 alunos do curso de Letras, da UERN, Núcleo de Macau. A metodologia inclui, além da aplicação de questionários a professores e alunos, a análise das várias versões de gêneros acadêmicos produzidos pelos alunos no processo de escrita. Os achados iniciais da pesquisa demonstram que a prática de revisão de textos na escritura de gêneros acadêmicos, especialmente por parte dos alunos que apresentam dificuldades de ordem linguística e discursiva, é bastante produtiva, pois estimula a autonomia no desenvolvimento de diferentes gêneros dis‑ cursivos exigidos no âmbito universitário ao longo da forma‑ ção de professores. 257 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O ETHOS ESPECULAR DE ALUNOS E PROFESSORES EM SITUAÇÕES DE CONFRONTO NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA RITA DE CÁSSIA SOUTO MAIOR SIQUEIRA LIMA (UFAL) Resumo de Paper As imagens de si depreendidas nas situações interacionais e na reflexão sobre os significados das ações de linguagem são problematizadas com dados de uma pesquisa‑ação (BARBIER, 2006), provenientes do curso de Leitura e Produção em Língua Portuguesa do projeto “Ensino/ Aprendizagem de Línguas em Comunidades de Maceió” (PROEX/FALE/UFAL), objetivando refletir acerca do Ethos Especular (SOUTO MAIOR, 2009, 2011) e das relações dialógicas (BAKHTIN, 2003) em contexto de ensino/aprendizagem. Na seleção de análise, apresento momentos de tensão interacional em sala que respondem à construção do ethos especular dos sujeitos ali envolvidos. É possível observar essa constituição através de estratégias linguístico‑discursivas, na relação simbólica do poder estabelecida. Nesse sentido, segundo Bakhtin (2003, p.225), as relações dialógicas refletem e refratam intenções discursivas dos sujeitos e são elementos fundamentais para a reestruturação das ideologias vigentes (BAKTHIN, 2003). Compreendemos, com a análise, que as estratégias utiliza‑ das pelos sujeitos nas práticas sociais funcionam como me‑ canismos de Discursos Envolventes (SOUTO MAIOR, 2012) na constituição de suas subjetividades pelo fenômeno do Ethos Especular e que a observação desse acontecimento promo‑ ve a reflexão sobre os elementos que compõem o momento de ensino, proporcionando, assim, novos desdobramentos nas pesquisas e na atuação do professor em formação. PROFICIÊNCIA EM LEITURA NO ENSINO MÉDIO: UMA ANÁLISE DE ATIVIDADES QUE CONTEMPLAM HABILIDADES COM RENDIMENTO INSATISFATÓRIO NO SARESP RITA ROBERTA MARIOTO (UNITAU) Resumo de Paper O desenvolvimento de habilidades de leitura e trabalho com gêneros textuais voltados aos alunos do Ensino Médio paulista tematizam este trabalho, pois se trata de alunos concluintes, que estão prestes a atuar em vários níveis da sociedade. O presente estudo traz como questionamento o processo de desenvolvimento dos procedimentos didáti‑ cos voltados para a formação da proficiência leitora desses alunos. O estudo se justifica pela necessidade de se dedicar uma atenção específica à abordagem dos materiais didáti‑ cos, para se delinear, a partir das atividades e exercícios rea‑ lizados pelos alunos, como o tema é desenvolvido na prática. O objetivo é oferecer uma análise reflexiva sobre os procedi‑ mentos didáticos que medeiam o trabalho com habilidades de leitura e gêneros discursivos. A metodologia de trabalho foi a pesquisa bibliográfica, realizada no Caderno do Aluno de Língua Portuguesa, material didático oficial, distribuído pela Secretaria de Educação de São Paulo para os três anos do Ensino Médio. Primeiramente, foram selecionadas, a par‑ tir dos dados disponibilizados pelo Relatório Pedagógico do Saresp 2010, as três habilidades de leitura do nível adequado obtiveram menor porcentagem de acertos. Em seguida, fo‑ ram observados os exercícios e atividades que desenvolvem tais habilidades no Caderno do Aluno, considerando‑se os critérios de frequência, clareza do comando, contextuali‑ zação e nível de dificuldade. A fundamentação para o tra‑ balho alicerça‑se na Matriz de Referência do Saresp (2009) e no Relatório do Saresp (2010), bem como nos conceitos de gênero discursivos de Bakhtin (1998). O estudo concluiu que, quanto aos gêneros discursivos, as atividades atuam de forma a valorizar sua diversidade; quanto às atividades refe‑ rentes às habilidades de leitura, verificou‑se a necessidade de revisão de exercícios e da articulação de conteúdos que agem como pré‑requisitos para a resolução das questões, com vistas ao melhor desenvolvimento da habilidade. 258 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada TEXTUALIZAÇÃO COMO PRINCÍPIO METODOLÓGICO NO ENSINO DE LITERATURAS DE LÍNGUA INGLESA ROBERTO BEZERRA DA SILVA (UFS) Resumo de Paper Concepções de inspiração pós‑estruturalista convergem para uma compreensão relacional da textualidade, na medi‑ da em que a concebem como processo engendrado por sujei‑ tos historicamente situados em relação co‑constitutiva com a linguagem, de forma que os sentidos sejam entendidos como construção resultante da ação humana no meio sim‑ bólico em tensão dialética com a realidade. Tais concepções, por um lado, afastam‑se da tradição fortemente arraigada de valorização das leituras autorizadas e, no caso da litera‑ tura, da hegemonia do cânone e da crítica; por outro, põem em relevo a figura do(a) leitor(a) e a instância da recepção como espaço privilegiado que então se abre para a dimensão afetiva, as histórias e memórias de leituras, suas idiossincra‑ sias, a fruição e o prazer, convidando à reflexão acerca das práticas leitoras institucionalizadas pela educação formal. Nesse contexto, este estudo discute possibilidades de ação pedagógica no ensino de literaturas de língua inglesa em um curso de Letras, tomando a noção de textualização como princípio para a construção de eventos de interpretação li‑ terária que se harmonizem com a perspectiva pós‑estrutu‑ ralista. Outrossim, busca alinhar tal princípio com os ideais de formação crítica e formação cidadã, indagando sobre os pressupostos ideológicos e o sentido político imaginados para tais eventos. UMA PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO DE TAREFAS PARA A PRÁTICA DA HABILIDADE ORAL DE ALUNOS CURSANTES DAS SÉRIES FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL DE ESCOLA PÚBLICA ROBSON PAES PINA FERNANDES (UERJ) Resumo de Pôster Esta comunicação visa a apresentar resultados preliminares de uma pesquisa, na qual se busca desenvolver tarefas vol‑ tados para a habilidade oral de alunos cursantes das séries finais do Ensino Fundamental de Escola Pública. A pesquisa se justifica, pois há pouco ou nenhum foco no desenvolvi‑ mento dessa habilidade na escola pública. A pesquisa está alicerçada teoricamente pelos estudos de ALMEIDA FILHO (1993), LITTLEWOOD (1995), WILLIS (1996), NUNAN (2004), TOMLINSON (2004). Do ponto de vista metodológico, o es‑ tudo se pauta pelos parâmetros da pesquisa qualitativa. A pesquisa está sendo realizada em três diferentes escolas públicas localizadas na região metropolitana do estado do Rio de Janeiro. Os primeiros resultados revelam que não existe qualquer preocupação por parte dos professores em fornecer oportunidades para que os alunos desenvolvam a habilidade oral. No presente estágio, algum material basea‑ do no conceito de tarefa já foi desenvolvido e será, em breve, pilotado nas turmas observadas. 259 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O LETRAMENTO CRÍTICO E O ENSINO DE INGLÊS: REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA DO PROFESSOR EM FORMAÇÃO CONTINUADA RODOLFO RODRIGUES PEREIRA DOS SANTOS (UFAL) Resumo de Paper Sempre que apresentados às discussões que envolvem propostas de ensino dentro das concepções teóricas do le‑ tramento crítico e multiletramentos no ensino de língua adicional – Inglês, uma questão primária surge como tôni‑ ca colocada pelo professor em formação acadêmica ou for‑ mação continuada: o que o letramento, particularmente o “crítico” tem haver com o seu fazer prático em sala de aula? Este questionamento parece‑me ter fortes implicações não somente em relação à própria preocupação do professor em querer saber como tal abordagem o ajudará a melhorar sua prática, como também parece apontar para a discussão do ensino de língua Inglesa, ainda divido entre o desenvol‑ vimento de habilidades e competências necessárias à vida escolar e a necessidade de, através da aprendizagem dessa língua, desenvolver a consciência do sujeito para que ele possa posicionar‑se criticamente contra as forças de opres‑ são e dominação operantes na sociedade pós‑modernização. Acredito ser esta última necessidade o local em que o debate sobre o ensino de língua adicional, dentro da abordagem do letramento crítico, ganha terreno e aponta para a emergên‑ cia de práticas de ensino que objetivem não somente à cons‑ trução das habilidades linguísticas dos sujeitos aprendizes, mas também a formação de cidadãos mais críticos e cons‑ cientes socialmente. Por esta razão a formação do professor, seja ela acadêmica ou continuada, não deve ser vista alheia à discussão teórica do letramento crítico e ao cotejo dos di‑ álogos relacionados à prática e sua reflexão. Neste trabalho, procuro demonstrar como experiências desenvolvidas den‑ tro de um projeto de formação continuada para professores de língua adicional vêm contribuindo para a prática do pro‑ fessor em sala de aula. Por fim, apresento a análise de uma atividade desenvolvida por uma das professoras envolvidas no projeto, com o objetivo de proporcionar como é possível desenvolver práticas de ensino dentro da abordagem do le‑ tramento crítico nas aulas de línguas. SENTIMENTOS E CRENÇAS NA PAISAGEM DE ENSINO DE PROFESSORES/TUTORES RODRIGO CAMARGO ARAGÃO (UESC/IAT) Resumo de Paper Esta comunicação apresenta recortes de uma pesquisa com tutores de um curso de Letras a distância. Buscou‑se com este estudo, inserido em um programa de formação de pro‑ fessores, comparar como o tutor do curso de Letras repre‑ senta sua prática pedagógica em contraste com sua ativida‑ de docente na educação básica. A partir da pesquisa narra‑ tiva (Clandinin e Connely, 2000); da pesquisa sobre crenças e emoções (Barcelos, 2006; Aragão, 2011); e de imagens que representam sua prática (Aragão, 2008); foram analisados documentos da pesquisa que retratam a trajetória pessoal e profissional de oito tutores, bem como a maneira como es‑ tes acreditam e sentem sua pedagogia com o uso intensifica‑ do das tecnologias da informação e comunicação. Durante a investigação, buscou‑se responder perguntas como: O que significa ser tutor? Como você se sente durante as atividades de tutoria? Como você compara sua atividade de tutor da ati‑ vidade de professor do ensino médio? Qual sua relação com as novas tecnologias na tutoria e na escola? Questões sobre as crenças e os sentimentos desta nova figura da educação superior são comparadas com outro momento do ensino de línguas em que a identidade da profissão se via em processo de construção (Leffa, 1999, 2000). Comparações no âmbito teórico/prático são avançadas acerca da identidade do tutor com aquela representada por um momento do ensino de lín‑ guas no Brasil. Assim também, refletimos sobre a situação das políticas públicas atuais no campo de formação de pro‑ fessores à luz dos resultados desta pesquisa. 260 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada VISUALIDADE E ESCRITA: TIPOGRAFIA, PRODUÇÃO TEXTUAL E LEITURA CRÍTICA BRASIL SEM MISÉRIA E RIO + 20: ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO DE COMBATE À POBREZA RODRIGO ESTEVES DE LIMA LOPES (UFPB) RODRIGO SLAMA RIBAS (UFRN) Resumo de Paper Resumo de Paper Este artigo tem por objetivo estabelecer uma discussão so‑ bre as potencialidades significativas da tipografia. É minha preocupação em entender melhor o fenômeno da escrita tipográfica mecanizada, discutindo‑a enquanto tecnologia essencial para peodução e leitura de textos, tanto impressos como digitais. Esse suporte de produção sempre foi relevan‑ te para o uso da linguagem escrita — uma vez que a esma‑ gadora maioria do que lemos é impresso e, por conseguinte, utiliza a tipografia na base de sua constituição enquanto mensagem – e ganhou cores especiais depois do nascimen‑ to da tipografia digital. Apesar de naturalizada, ora pelo hábito, ora pelas convenções sociais ou ainda pelas possi‑ bilidades tecnológicas do meio (MCLUHAN, 1962; 1994), as escolhas tipográficas desempenham um papel importante na materialização da linguagem escrita. Logo, acredito ser simplista imaginar que elas teriam um papel apenas secun‑ dário na construção semiótica do signo linguístico escrito. De forma a cumprir tal objetivo, ele parte dos estudos mul‑ timodais de análise da lin‑guagem e de estudos do design ti‑ pográfico para estabelecer as relações funcionais que essas escolhas possuem. O discurso de combate à pobreza é universal. No Rio + 20, como popularmente foi conhecida a Conferência da Organização das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (CNUDS) realizada no primeiro semestre de 2012 no Brasil, gerou um documento que, dente questões relacio‑ nadas à preservação ambiental, pressupõe o combate à po‑ breza, a exemplo dos Oito Jeitos para Mudar o Mundo, tam‑ bém da ONU. Outro lócus de materialização deste tipo de dis‑ curso é o Governo da República Federativa do Brasil, liderado por Dilma Rousseff, PT, que em sua plataforma de governo, ainda na campanha, privilegiava a erradicação/diminuição da miséria em nosso país, refletido no slogan de seu gover‑ no, Pais pobre é país sem miséria. A partir destes postulados, este trabalho, ancorado pela Análise Crítica do Discurso, de acordo com van Dijk (2008), Fairclough (1992[2008], 2006), e Pedrosa (2008, 2012a, 2012b) – a última, que fundamen‑ ta a Abordagem Sociológica e Comunicacional do Discurso (ASCD) –tem por objetivo promover uma reflexão crítica acerca do discurso sobre a pobreza do governo federal, pre‑ sente no site institucional Brasil sem miséria, especifica‑ mente no texto intitulado Paraibanos recebem assistência técnica para produzir no campo, publicado em março de 2012, que será comparado, brevemente, ao texto da Rio + 20. Assim, caminharemos com os que se preocupam em analisar criticamente as idiossincrasias sociais manifestas no discur‑ so. Ainda, é importante dizer que este trabalho faz parte de uma dissertação em andamento, previamente intitulada de A RE(A)PRESENTAÇÃO DA POBREZA BRASILEIRA: Análise crítica dos discursos do governo, da CUFA e da Veja, que se preocu‑ pa com a construção discursiva dos pobres pelo Governo Federal, por uma ONG, e por um veículo representante da mídia de massa. 261 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada “O BURRO NÃO SABE LÊ” – LETRAMENTOS DE NEGRITUDES EM PONTOS DE JONGO ROGÉRIA COSTA DE PAULA (USS ‑ UNIVERSIDADE SEVERINO SOMBRA) REPENSANDO A ABORDAGEM COMUNICATIVA: MULTILETRAMENTOS EM UMA ABORDAGEM CONSCIENTE E CONSCIENTIZADORA ROGÉRIO CASANOVAS TILIO (UFRJ) Resumo de Paper Tendo como pressuposto que as negritudes, situadas em contextos de diáspora africana, constituíram significações sobre o mundo social e sobre elas próprias por meio de jo‑ gos de linguagem, fluxos de identificações, apropriações e performances que são históricas e que atravessaram a his‑ tória, este trabalho investiga os letramentos das chamadas minorias sociais e das culturas locais na região centro‑sul fluminense. A pesquisa está abalizada em epistemolo‑ gias descolonizadoras (MIGNOLO, 2008, CASTRO‑GÓMEZ e GROSFOGUEL, 2007, QUIJANO, 2002, SANTOS, 2001) e contesta visões tradicionais de letramento que têm servido para que negritudes sejam posicionadas como iletradas. Traz à bai‑ la uma perspectiva em que a linguagem é entendida como performativa, ou seja, instauradora de realidades sociais. Dessa forma, interpreta os modos de significar pelos quais as negritudes desenvolveram um “letramento” peculiar que lhes possibilitaram organizar politicamente a resistência ao capitalismo negro e à supremacia branca, especificamen‑ te por meio da música e da dança – no jongo. Para melhor elucidação dos letramentos das negritudes investigadas, o trabalho focaliza pontos de jongo e duas oficinas de jongo ministradas por um grupo cultural da região. As letras do jongo possibilitam desenvolver uma análise dos índices lexi‑ cais em que as negritudes constroem uma crítica às políticas de poder pelas quais são socialmente situadas. Além disso, focaliza as indexicalidades (BLOMMAERT, 2005) pelas quais as negritudes se apropriam de referenciações para contestar, transgredir, criticar e denunciar os meandros em que seus corpos e culturas foram forjados em um sistema de exclusão e abjeção. As oficinas mostram como as negritudes situadas na localidade recontextualizam o jongo e suas culturas lo‑ cais. As considerações finais indicam que, na contempora‑ neidade, os letramentos das negritudes são trans‑históricos, translocais e se mesclam aos novos letramentos. Resumo de Paper Mais de 30 anos já se passaram e a abordagem comunica‑ tiva (CELCE‑MURCIA, 2001; BROWN, 2007a; HAMMER, 2007; RICHARDS & RODGERS, 2001; SCRIVENER, 2010) ainda é con‑ siderada por muitos a metodologia mais eficiente para o en‑ sino de inglês. Mesmo a chamada abordagem pós‑método (BROWN, 2007a, 2007b) parece ainda não ter rompido o sufi‑ ciente com a abordagem comunicativa, a ponto de apontar para uma quebra de paradigma – parece tratar‑se apenas de uma pequena modificação desta. Embora sem negar suas qualidades, é importante refletir criticamente e repensá‑la. Seus princípios ainda estão sintonizados com as necessida‑ des do conhecimento de inglês na contemporaneidade? Ela é suficiente para promover a comunicação? Existe apenas um tipo de comunicação? As quatro habilidades são realmente suficientes e/ou necessárias? A tentativa de responder es‑ tas questões leva ao conceito de multiletramentos (COPE & KALANTZIS, 2000), especialmente ao de letramento crítico (CERVETTI et al., 2001), segundo o qual os aprendizes preci‑ sam ser empoderados para usar a língua(gem) de maneira crítica e responsável, consciente do seu papel no mundo globalizado e preparado para agir nele. O ensino de língua estrangeira na contemporaneidade (MOITA LOPES, 2003) requer repensar o conceito de competência comunicativa e seus desdobramentos, que deram origem à abordagem co‑ municativa de ensino de línguas. O objetivo deste trabalho é, através de uma discussão teórica embasada primordial‑ mente pelo trabalho de Cope & Kalantzis (2000) e por do‑ cumentos oficiais brasileiros, tais como PCN (BRASIL, 1998), OCEM (2006) e o Edital do PNLD (2011), propor a professores de língua estrangeira uma reflexão crítica acerca de sua prá‑ tica pedagógica, muitas vezes ainda presa de maneira acrí‑ tica a pressupostos naturalizados da chamada “abordagem comunicativa”. Propõe‑se uma postura pró‑ativa e reflexiva, mais condizente com o objetivo do ensino de língua estran‑ geira na contemporaneidade. A proposta aqui apresentada é a que norteia o projeto PIBID (Capes)‑Inglês da UFRJ, que se apóia em três eixos: tópicos e temas socialmente relevantes, multiletramentos e gêneros discursivos. 262 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada COMO É (NÃO) SABER INGLÊS? UMA ANÁLISE DAS METÁFORAS DE ALUNOS UNIVERSITÁRIOS SOBRE (NÃO) SABER A LÍNGUA. O ENSINO‑APRENDIZAGEM DA LÍNGUA FRANCESA NO CURSO DE LICENCIATURA ROSA MARIA DE OLIVEIRA GRAÇA (UFRGS) RONALDO CORRÊA GOMES JUNIOR (UFMG) Resumo de Paper Resumo de Paper Para Lakoff e Johnson (1980), ao contrário do que muitos pensam, “as metáforas estão presentes no dia a dia não só na linguagem, mas nos pensamentos e ações humanas” (p.5). Dessa forma, metáforas são mais que figuras artifi‑ ciais e estão presentes na linguagem no pensamento. Este trabalho teve por objetivo identificar as metáforas de alunos universitários de diversos cursos de graduação sobre o saber e não saber inglês. Para isso, estimulou‑se que os estudan‑ tes expressassem suas concepções por meio de metáforas que, posteriormente, foram categorizadas em: Metáforas Estruturais e Metáforas de Esquemas Imagéticos. Dentro de cada grupo, foram formadas sub‑categorias advindas da análise e do agrupamento contextual das expressões meta‑ fóricas. É importante ressaltar que os agrupamentos sur‑ giram das regularidades nas conceitualizações dos apren‑ dizes e refletem como essa população enxerga (não) saber inglês. Para a análise das metáforas, foi utilizada a Teoria da Metáfora Conceitual (LAKOFF & JOHNSON, 1980), associada à Teoria da Mesclagem Conceitual (FAUCONNIER & TURNER, 2002). Os dados revelaram que, de maneira geral, saber a língua está intimamente relacionado com a inclusão dos in‑ divíduos no mundo. A língua demonstra ser um instrumen‑ to de inserção social, ou seja, quem sabe inglês “abre portas para”, “tem acesso ao”, “está incluído em” e “está conectado ao” mundo. Ademais, o conhecimento da língua está tam‑ bém relacionado à “posse” de coisas e ao “domínio” do mundo. Os licenciandos em Língua Francesa têm, na formação di‑ dática oferecida pelas disciplinas de Didática de Língua Francesa e Estágios de Docência de Língua Francesa I e II, a oportunidade de refletirem sobre o ensino‑aprendizagem da língua francesa não só como alunos como também futuros professores. Ao longo dos últimos anos, a essa formação vêm sendo acrescidas as experiências como as monitorias de língua francesa tanto no Colégio de Aplicação da UFRGS (CAP), onde também realizam seus estágios regulamentares, como no Núcleo de Ensino de Línguas Estrangeiras da UFRGS (NELE). Tanto o CAP como o NELE contam com professores tutores que orientam os seus monitores no sentido de apro‑ fundar suas reflexões sobre questões essenciais para suas futuras práticas docentes. A inclusão em 2012 de um subpro‑ jeto em Língua Francesa no PIBIB abriu mais uma opção de monitorias em uma escola de ensino médio de Porto Alegre. Tais experiências contribuem, sem dúvida, para o debate sobre o ensino do francês como língua adicional sob a pers‑ pectiva do sociointeracionismo e para a reflexão sobre a im‑ portância do contexto em que se insere, em práticas contex‑ tualizadas a partir de projetos que privilegiem competências específicas visando à autonomia e ao espírito crítico. 263 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada RESPONSABILIDADE ENUNCIATIVA E CONSTRUÇÃO DE AUTORIA NA ESCRITA DE TEXTOS ACADÊMICOS DE ESPECIALISTAS DA ÁREA DE LETRAS ROSÂNGELA ALVES DOS SANTOS BERNARDINO (UERN) TRANSFERÊNCIA DE ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM COM FOCO NA LEITURA: UM ESTUDO DE CASO NO CONTEXTO DE INGLÊS PARA FINS ACADÊMICOS ROSÂNGELA GUIMARÃES SEBA (UFES) Resumo de Pôster Este trabalho é um recorte de nossa pesquisa de doutorado em andamento, cujo objetivo geral consiste em investigar a responsabilidade enunciativa na escrita de textos de espe‑ cialistas, precisamente em artigos científicos produzidos por pesquisadores doutores. O corpus da pesquisa foi coletado em um periódico especializado da área de Letras e avaliado no Qualis da CAPES com extrato A1. Como baste teórica, se‑ guimos pressupostos da Análise Textual dos Discursos (ATD), a partir da compreensão de Adam (2008; [2011]) acerca da responsabilidade enunciativa, bem como de Rabatel (2009; 2010), Coltier, Dendale e Brabanter (2009), entre outros. Em diálogo com esse quadro teórico, buscamos respaldo na concepção dialógica dos enunciados de Bakhtin (1990, 2000, 2006), nas suas discussões sobre discurso relatado, nas pos‑ tulações teóricas cunhadas por Authier‑Revuz (1998; 2004) sobre heterogeneidade enunciativa e, ainda, nos trabalhos de Foucault (1969 [2002; 2010]) sobre discurso e autoria. Neste trabalho, apresentamos e discutimos resultados preli‑ minares de nossa pesquisa, procurando examinar as seguin‑ tes questões de pesquisa: que estratégias textuais/discursi‑ vas são mobilizadas pelo locutor/enunciador para materiali‑ zar a (não) assunção da responsabilidade enunciativa no ar‑ tigo científico? Como o locutor/enunciador se posiciona em relação ao coletivo de vozes alheias que nele permeiam? E, ainda, como esse locutor/enunciador constrói uma voz au‑ toral portadora de um ponto de vista próprio, pelo qual ele assume a responsabilidade enunciativa? A partir dos resulta‑ dos obtidos, nosso trabalho espera colocar em discussão o manejo de estratégias textual‑discursivas de materialização da responsabilidade enunciativa e de inscrição de autoria na escrita considerada especializada, e, em extensão, nos gêneros acadêmicos, de modo a contribuir, também, para o debate em torno da produção textual na universidade e nos espaços de circulação da produção científica. Resumo de Paper Considerando que a transferência da aprendizagem, objeti‑ vo central da Educação, constitui‑se, surpreendentemente, “o Santo Graal dos educadores”, ou seja, algo que sempre se procura, mas a respeito de que ainda não se tem uma explica‑ ção definitiva (HASKELL, 2001), esta Comunicação apresenta os resultados de um estudo de caso qualitativo, de natureza exploratória (YIN, 2003), fruto da tese de doutoramento da autora, realizado na Universidade Federal do Espírito Santo, envolvendo cinco participantes voluntários. A pesquisa bus‑ cou investigar o processo de transferência de estratégias de aprendizagem com foco na leitura de textos acadêmicos autênticos em inglês para novos contextos além da sala de aula. Os dados foram coletados em quatro etapas, por meio de questionários, atividades escritas de compreensão textu‑ al em inglês, justificativas (para o uso ou não de certas estra‑ tégias), relatórios finais dos participantes e diário de campo. Os resultados sugeriram que a transferência de certas estra‑ tégias foi efetiva, contribuindo positivamente para o desen‑ volvimento da habilidade leitora em inglês dos participantes. Fundamentado na teoria psicogenética de Piaget (1978) e no conceito de transferência de Haskell (2001), o estudo pre‑ tende contribuir para uma maior compreensão do processo de construção e transferência do conhecimento através da interação do sujeito leitor com o texto a partir da tomada de consciência, vista como um processo de construção, uma passagem do saber fazer para o compreender (PIAGET, 1978). 264 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A PRÁTICA DE ANÁLISE LINGUÍSTICA MEDIADA PELOS GÊNEROS DO DISCURSO ROSÂNGELA HAMMES RODRIGUES (UFSC) Resumo de Paper A publicação dos PCNs e dos documentos oficiais de ensino dos estados e municípios oficializou a proposta de ensino e aprendizagem de língua materna gestada na década de 1980, denominada por Britto (1997) como ensino operacional e re‑ flexivo da língua(gem). Essa proposta, a partir de uma dada concepção de sujeito e língua e de uma dada concepção da finalidade do ensino de línguas na escola, se constituiu arti‑ culada em torno de dois eixos da linguagem, uso e reflexão, e concretizada por meio do ensino e aprendizagem das práti‑ cas de leitura/escuta, produção textual e análise linguística. Ainda, no campo da pesquisa aplicada, na década de 1990 vemos o impulso das pesquisas em torno dos gêneros do discurso, especialmente na área de ensino e aprendizagem de línguas. Um olhar retrospectivo sobre essas pesquisas demonstra que a articulação foi enfatizada primordialmen‑ te em torno do ensino e aprendizagem da produção textual, com menos ênfase para o ensino e aprendizagem da prática de análise linguística. Nesta comunicação, partindo da posi‑ ção teórica de que os gêneros do discurso constituem base teórica e pedagógica para o ensino e aprendizagem de lín‑ guas, objetiva‑se discutir o potencial teórico e pedagógico dos gêneros do discurso para o ensino e aprendizagem da prática de análise linguística no âmbito do ensino operacio‑ nal e reflexivo da linguagem. ARTICULAÇÕES E DESARTICULAÇÕES ENTRE TEORIA E PRÁTICA NA FORMAÇÃO INICIAL DE FUTUROS PROFESSORES DE LÍNGUA ESTRANGEIRA ROSANGELA SANCHES DA SILVEIRA GILENO (UNESP/FCLAR) Resumo de Paper O objetivo deste paper é propor a reflexão sobre as articula‑ ções e desarticulações entre teoria e prática na formação ini‑ cial de futuros professores de língua estrangeira de um curso de Letras de uma instituição pública de ensino superior do Estado de São Paulo. Pensando a formação do professor den‑ tro do paradigma do profissional reflexivo‑crítico e com base nos trabalhos já realizados que focalizam a “relação entre teoria e prática” na formação inicial ou continuada de pro‑ fessores de línguas estrangeiras com suporte na Línguística Aplicada, procurou‑se responder em que medida os conheci‑ mentos adquiridos no curso de formação inicial embasam os projetos de estágio, e materializam‑se nas práticas de sala de aula durante o estágio supervisionado. Para tal, foram coletados e analisados dados dos relatos dos alunos estagiá‑ rios, registrados nos diários reflexivos e nos relatórios finais de estágio de observação e regência de aulas, assim como dos projetos de minicurso e dos planos de aulas elaborados a partir de sua proposição, que foram elaborados para a dis‑ ciplina de Prática de Ensino de Língua Estrangeira: Espanhol e Italiano, durante o primeiro semestre do corrente ano. Verificou‑se nestes trabalhos a forte influência das experiên‑ cias de aprender e ensinar que os alunos‑professores trazem ao escolher não só o tema e os conteúdos dos projetos de es‑ tágio como também os materiais e os procedimentos meto‑ dológicos. Também se observou que quando colocados em prática, os projetos revelam abordagens de ensino ecléticas, dificultando em alguns casos que o estagiário conseguisse ensinar a língua‑alvo de maneira coesa, coerente e eficiente. Por outro lado, em outros casos, verificaram‑se projetos em que foi possível a articulação entre o conhecimento adquiri‑ do nas disciplinas de conteúdo e nas disciplinas de formação pedagógica, e a realização de minicursos bem sucedidos ofe‑ recidos a alunos de escolas públicas. 265 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada FORMAS CONCEITUAIS ALTERNATIVAS DE LINGUAGEM, CIÊNCIA E ESTUDOS DE GÊNERO ROSEANNE ROCHA TAVARES (UFAL) A TEORIA DOS NOVOS LETRAMENTOS NA PERSPECTIVA DA FORMACAO INICIAL DE PROFESSORES ROSELI PEIXOTO GRUBERT (UEMS) Resumo de Paper Nessa comunicação, tenho como objetivo refletir sobre ci‑ ência, linguagem e estudos de gênero no conto intitulado “Congenital Agenesis of Gender Ideation by K. N. Sirsi e Saniha Botkin, escrito por Raphael Carter e publicado por “The James Tiptree award anthology”. Apesar de já existir estudos na área de ficções científicas, acredito que, nesse conto, há um desenvolvimento de estruturas conceituais alternativas no que diz respeito aos imaginários tecnocientíficos, às dis‑ cussões sobre universais linguísticos e relativismo cultural, visionando diferentes perspectivas aos estudos de gênero e à própria crítica ao mundo acadêmico ortodoxo. Há uma su‑ gestão de uma revisão na política das relações hierarquiza‑ das de gênero na sociedade, perceptíveis como um fenôme‑ no transcultural. Esse trabalho faz parte de um projeto de pesquisa financiado pelo CNPq e coordenado pela professora Ildney de Fátima Souza Cavalcanti da UFAL. O título do pro‑ jeto é: Histórias de gênero e de ciência na ficção e na teoria: utopias, distopias e ficção científica de autoria feminina. ADRIANA LÚCIA DE ESCOBAR CHAVES DE BARROS (UEMS) Resumo de Paper Novas perspectivas epistemológicas que têm surgido como efeito dos novos letramentos digitais Snyder (2007) e as características de uma sociedade multimodal (COPE E KALANTZIS, 2000), bem como a visão crítica para o ensino de Línguas Estrangeiras (MONTE MÓR, 2009). Essas questões têm apontado perspectivas teóricas para a formação de pro‑ fessores, sobretudo nas disciplinas específicas de formação no curso de Letras. Nesse sentido, o presente trabalho visa a discutir a formação inicial de professores na disciplina de estágio supervisionado com base na teria dos novos letra‑ mentos. Parte integrante do projeto de novos letramentos da USP, em colaboração com a UFMS, a pesquisa faz um le‑ vantamento das práticas adotadas nas escolas públicas, co‑ letadas por acadêmicos do curso de Letras da UEMS, proble‑ matizadas nas aulas de estágio supervisionado. Como base nesses dados e reinterpretados localmente, os alunos pro‑ põem alternativas para a transposição entre teoria e prática, fazendo uso das tecnologias digitais. 266 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada ATIVIDADE FORMAÇÃO DE COORDENADOR: UMA PESQUISA CRÍTICA DE COLABORAÇÃO ROSEMEIRE RODRIGUES DOS SANTOS (Puc–SP) FORMAÇÃO DE DOCENTES DA ÁREA DE LINGUAGENS: APROXIMAÇÕES TEÓRICO‑PRÁTICAS DOS CONTEXTOS GLOBAL E LOCAL ROSINDA DE CASTRO GUERRA RAMOS (PUC–SP) Resumo de Pôster Este pôster visa a apresentar a pesquisa que investigou a formação de coordenador de uma escola municipal situa‑ da na região de São Mateus na cidade de São Paulo.Como objetivo geral, este trabalho almeja compreender como um contexto de formação de coordenador, voltado para a formação de professores em local de trabalho, pode criar possibilidades de compreensão e transformação das práti‑ cas didáticas nesta escola. Como objetivos específicos, esta pesquisa almeja compreender e transformar: a) os modos como professora‑pesquisadora e coordenador entendem a condução e organização da formação de professores ao longo da pesquisa; e b) as relações entre professora‑pes‑ quisadora e coordenador participantes como centrais ao introduzir ou não transformação nos modos de participa‑ ção e nas práticas didática. As escolhas teórico‑metodo‑ lógicas, nesta pesquisa, apoiam‑se na Teoria da Atividade Sócio‑Histórico‑Cultural, com base nos estudos de Vygotsky (1930, 1934), Leontiev (1978), nas expansões de Engeström, (2008, 2011), Magalhães (2010, 2011), Liberali (2011), ao estu‑ dar a atividade coletiva e intencional dos sujeitos que, por meio de artefatos culturais (linguagem organizada pela ar‑ gumentação) e das regras que organizam a divisão de tra‑ balho, em contextos sócio‑histórico‑culturais definidos. na construção de zpds para transformações de compreensões. Quanto à escolha da metodologia, este trabalho se insere na Pesquisa Crítica de Colaboração, cujo foco está na organiza‑ ção de projetos de intervenção formativa para a formação colaborativo‑crítica e reflexiva de todos os participantes da pesquisa, inclusive da professora‑pesquisadora, propondo uma investigação na qual teoria e prática relacionam‑se como práxis crítica (Magalhães, 2011). Os dados foram pro‑ duzidos por meio de sessões reflexivas videografadas entre pesquisadora e coordenador, sendo as categorias de análise utilizadas: levantamento do plano geral do texto, escolhas lexicais, turnos conversacionais e tipos de pergunta. LEANDRA INES SEGANFREDO SANTOS (UNEMAT) Resumo de Paper Este trabalho apresenta e discute reflexões referentes à for‑ mação docente e sua construção dentro da profissão, desen‑ cadeadas mediante encontros presenciais e a distância com suporte do ambiente colaborativo de aprendizagem a dis‑ tância, a plataforma e‑Proinfo por um grupo de professoras formadoras que compõem a equipe da área de linguagens do Centro de Formação e Atualização dos Profissionais da Educação Básica do Estado de Mato Grosso, polo de Sinop. A partir da leitura e discussão de pressupostos teóricos de‑ fendidos por Nóvoa (2009), a equipe (re)pensou e (re)avaliou as ações desenvolvidas em forma de exercícios de reflexão crítico‑colaborativa realizados conjuntamente a partir de interações e registro no fórum de discussão do ambiente e‑Proinfo. Os dados sinalizam para alguns aspectos que tra‑ remos para discussão: i) a equipe encontra‑se aberta para mudanças de ideias e nas ações de formação continuada nas escolas, em um momento de construção da identidade de professoras formadoras, juntamente com a consolidação das ações de políticas públicas adotadas pelo estado, por meio do Projeto Sala de Educador – espaço conquistado para o desenvolvimento da formação continuada – que pre‑ conizam a formação e desenvolvimento profissional no ló‑ cus de atuação mediante um trabalho colaborativo e reflexi‑ vo; ii) é importante que a proposta de formação continuada atenda tanto às questões gerais sobre educação e formação docente, bem como às especificidades das áreas/disciplinas; iii) a cultura do individualismo e certa apatia por parte dos profissionais impedem avanços profícuos; iv) o excesso de atividades, a falta de tempo e/ou sua melhor organização na escola, a dificuldade em organizar horários em que todos os profissionais possam participar e resistência às inovações propostas pelas políticas públicas interferem no bom anda‑ mento da oferta de formação, bem como em sua qualidade. 267 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada O PAPEL DO COLETIVO NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES: INVESTIGANDO A ATIVIDADE DOCENTE DE ESTAGIÁRIOS DE FRANCÊS ROZANIA MARIA ALVES DE MORAES (UECE) Resumo de Paper A formação de professores compreende um objeto de inves‑ tigação de grande interesse para os profissionais das áreas de Letras, Linguística, Linguística Aplicada, Pedagogia e ou‑ tras, inclusive para a Ergonomia da Atividade. Porém, dentro do sistema professor‑saber‑aluno, o professor ainda é consi‑ derado um elemento pouco investigado (cf. BARRÉ DE MINIAC & HALTÉ, 2002 apud AMIGUES, 2003), logo, o trabalho desse profissional também representa um ponto de investiga‑ ção pouco explorado; no entanto, tem‑se notado que esse campo de investigação vem se ampliando não apenas na Europa (por exemplo, na França, com as pesquisas da equi‑ pe ERGAPE da Universidade de Aix‑Marseille), mas também no eixo Sul‑Sudeste do Brasil e, recentemente, com estudos iniciados em uma universidade pública do Ceará. A partir de um recorte (resultados parciais) de uma pesquisa em curso que investiga a atividade docente de professores de francês em formação inicial, este trabalho busca analisar, particular‑ mente, o papel do coletivo profissional (formadores, coorde‑ nadores, os próprios estagiários) na formação desses futu‑ ros professores. Participam da pesquisa duas estagiárias do Curso de Letras/Francês e duas formadoras, dentre as quais uma coordena o curso onde as estagiárias atuam. A partir de autoconfrontações realizadas entre as estagiárias, e do retorno ao coletivo, o estudo aponta para a importância deste momento realizado pelo coletivo não apenas para o desenvolvimento profissional das estagiárias, professoras em formação, mas também para a organização do trabalho docente das professoras formadoras. A análise da ativida‑ de docente adotada nesse estudo apóia‑se nas teorias dos gêneros do discurso e da enunciação de Bakhtin (2003), e também na teoria do desenvolvimento na perspectiva histó‑ rico‑cultural de Vygotski (2008). Fundamentando‑se ainda na ergonomia da atividade (CLOT & FAITA, 2000), o estudo segue os procedimentos adotados no quadro metodológico da autoconfrontação (FAITA & VIEIRA, 2003). NEGOCIANDO POLÍTICAS LINGUÍSTICAS NA ESCOLA PÚBLICA: QUEM EMPODERA QUEM? RUBERVAL FRANCO MACIEL (UEMS) Resumo de Paper O presente trabalho tem por objetivo discutir lançamento de várias propostas curriculares no contexto “nacional, fe‑ deral e internacional denominado por Rizvi e Lingard (2010) como “fastpolicymaking”. Essas políticas possuem influência de forças com a globalização, neoliberalismo (Block, Gray, Holborow, 2012), FMI, PISA, entre outros aspectos que em geral podem ser consideradas apenas como políticas simbó‑ licas (Maciel, 2010, 2011, 2012). Do ponto da vista da linguís‑ tica aplicada, poucos têm sido os estudos que propõem uma investigação sobre as políticas linguísticas na formação de professores de inglês (Maciel, 2009). Os estudos sobre po‑ líticas linguísticas têm enfocado a análise de documentos Ricento (2009), resistência local (Canagarajah, 2005), es‑ paço para translíngua (Garcia, 2011), construção identitária (Morgan 2010), mecanismos de controle (Shohamy, 2009), efeitos da globalização (Blommaert, 2010), entre outros. A discussão deste trabalho tomará como base uma pesquisa qualitativa,com característica etnográfica (McCarty, 2011) com foco na colaboração entre universidade e escola públi‑ ca na reinterpretação e implementação de dois documentos oficiais para o mesmo segmento. Busca‑se, ainda, abordar as questões éticas com base em Rancière (2010), Spivak (2005), bem como o aspecto crítico (Menezes de Souza,2012; Monte Mór, 2012; Maciel, 2012, Takaki, 2012). 268 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada IDENTIDADE E PESQUISA DO PRATICANTE: TRABALHANDO PARA ENTENDER REUNIÕES DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA A PARTIR DOS PRINCÍPIOS DE PRÁTICA EXPLORATÓRIA A PRODUÇÃO ORAL DE FALANTES BILÍNGUES HUNSRIQUEANO‑PORTUGUÊS NA LEITURA DO ALEMÃO STANDARD SABRINA GEWEHR BORELLA (UFRGS/CAPES) SABINE MENDES LIMA MOURA (PUC–RIO) Resumo de Paper Resumo de Paper O presente trabalho surge em uma comunidade de pesqui‑ sadores em Prática Exploratória (Moura, 2007, 2008, dora‑ vante PE), composta por alunos de um curso de Licenciatura em Letras no Rio de Janeiro. A partir de questionamentos em relação ao conhecimento compreendido como tendo valor científico e aos demais saberes da comunidade explorató‑ ria (Foucault, 2012), realizei uma análise, em conjunto com uma das pesquisadoras‑praticantes licenciandas, a partir da transcrição de uma reunião de iniciação científica da qual participamos. Nesta análise, a pesquisadora buscou obser‑ var, linguisticamente, onde/se podíamos evidenciar os prin‑ cípios de PE (Allwright e Hanks, 2009) em nossa interação. Em seguida, partindo do conceito de quadro e laminação (Goffman, 1974/2012), com especial ênfase no posicionamen‑ to do eu e na possível construção de uma política de iden‑ tidade própria (Goffman, 1963/2012), analisei a interação e as observações da licencianda, inspirada pelo trabalho de Miller (2001). Observamos que a PE parece oferecer um quadro híbrido e multi‑laminado em que pesquisa, atuação profissional e autoconhecimento surgem como parte de nossa política de identidade, em busca de uma Linguística Aplicada como área indisciplinar (Moita Lopes, 2008a), que precisa refletir um mundo pós‑identitário (Bastos & Moita Lopes, 2010). O presente artigo analisa a produção oral de falantes bilín‑ gues hunsriqueano‑português na leitura em alemão stan‑ dard. Tal propósito justifica‑se por ser a habilidade de leitura um indicativo da presença e acesso maior ou menor à norma culta do alemão em comunidades onde a língua de imigração usada na interação diária equivale a uma variedade dialetal, portanto substandard. É, por isso, objetivo deste estudo ve‑ rificar em que medida: 1º) os participantes conhecem a rela‑ ção ‘grafema‑fone’ do alemão standard; 2º) os participantes apresentam transferências do português ou do hunsrique‑ ano na leitura em alemão e, finalmente, 3º) de que modo diferentes dimensões sugeridas pelo modelo teórico da dia‑ letologia pluridimensional e contatual (THUN, 1998) indicam uma variação de pronúncia na leitura em alemão standard e, consequentemente, um maior grau de presença da nor‑ ma escrita. Para este artigo, foram analisados segmentos de leituras realizadas por 60 informantes de 17 localidades do Projeto ALMA‑H (Atlas Linguístico‑Contatual das Minorias Alemãs na Bacia do Prata: Hunsrückisch – v. www.ufrgs.br/ projalma), os quais foram divididos em quatro grupos, sepa‑ rados por escolaridade e faixa etária. Foi analisado o seguin‑ te segmento do texto, por conter grafemas característicos do alemão, como,,,,,, e : Und er sprach: Ein Mensch hatte zwei Söhne. Und der jüngere von ihnen sprach zu dem Vater. Os resultados apontam que grande parte dos participantes conhece a relação entre grafema‑fone do alemão standard. Transferências interlinguísticas também foram observadas, tanto do português como do hunsriqueano. A partir das análises apresentadas pode‑se concluir que a semelhança do hunsriqueano com o alemão standard facilita a tarefa de leitura na norma escrita. As potencialidades apontadas por essa relação entre oralidade e escrita carecem, no entanto, de uma pedagogia mais adequada aos contextos de plurilin‑ guismo (ALTENHOFEN, C. V; BROCH, I, K; 2011). 269 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUA INGLESA DA ESCOLA PÚBLICA: UMA EXPERIÊNCIA NO PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO DA CAPES COM O INSTITUTO DE EDUCAÇÃO (IOE) DA UNIVERSIDADE DE LONDRES SABRINA HX DURO ROSA (IFRS) Resumo de Paper Especialistas e profissionais da área de educação são unâni‑ mes em afirmar que o processo de decadência da educação pública no Brasil vem da metade do séc. XX, num período que começou nos anos 50 e teve o ápice nos anos 70 (RIBEIRO, M.L.S, 1982; PALMA FILHO, J.C., 1998; SILVA, J. C., 2007). Em vis‑ ta de um ensino público precário como um todo – com falta de estrutura física, de materiais básicos, de livros, de profes‑ sores etc. – o ensino de LI também sofreu em termos de qua‑ lidade, o que não poderia ser diferente já que está inserido nesse sistema educacional público que depende, principal‑ mente, da boa vontade dos nossos governantes para mudar esse quadro. Com este trabalho, pretendemos trazer à luz uma iniciativa da CAPES em prol de uma qualificação de pro‑ fessores de Língua Inglesa (LI) que veio para mudar, mesmo que de forma sutil, essa situação em várias partes do País, pois 13 Estados foram contemplados. Muitas vezes, é a cren‑ ça dos próprios professores de LI que leva adiante a cultura de que não se aprende inglês na escola; eles têm em seu dis‑ curso as famosas frases: “Eles [estudantes] não aprendem português quanto mais inglês” (MOITA LOPES, 1996, p. 63) e “[...] ensinar inglês em escolas públicas não funciona” (LIMA, 2011, p.14). Por meio de relatos da experiência, pretendemos socializar as práticas desenvolvidas no Curso de Capacitação para Professores de Inglês das Escolas Públicas e motivar ou‑ tros profissionais para buscarem sua formação continuada, atuando na promoção desse processo de mudança. FORMAÇÃO DE PROFESSORES E FORMADORES DE EDUCAÇÃO BILINGUE EM MOÇAMBIQUE: FOCO NOS POSICIONAMENTOS SOBRE O ENSINO DE LÍNGUAS E SUA PROFISSIONALIZAÇÃO SAMIMA AMADE PATEL (UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE ‑ MOÇAMBIQUE) Resumo de Paper Este trabalho apresenta um recorte referente aos aspectos sobre a formação de professores/formadores de educação bilingue de uma pesquisa maior de doutorado, cujo objetivo era olhar como os alunos do “Curso de Licenciatura em Ensino de Línguas Bantu”, em Moçambique, se relacionavam com a disciplina de “Didática de Línguas Bantu e Metodologias de Educação Bilingue”, através do desenvolvimento de um curso semipresencial experimental, com recurso ao ambien‑ te virtual, como parte da pesquisa. O recorte tinha como foco o posicionamento interacional dos alunos participan‑ tes da pesquisa a partir do seu lugar de enunciação e actu‑ ação, face aos aspectos sobre língua, cultura e identidade em contextos de minorias ou minoritarizados na formação de professores e formadores (Cavalcanti, 1999, 2006; Maher 1997, 2006), bem como sobre o contexto sociolinguístico africano e Moçambicano (Bamgbose, 1991; Lopes 2004). A pesquisa de cunho etnográfico interpretativo (Erickson, 1982, 1996; Mason, 1997; Cavalcanti, 1991, 1999, 2006), se enquadra na área da Linguística Aplicada em uma vertente da Linguística Aplicada com viés INdisciplinar (Moita Lopes, 2006) ou Transgressiva (Pennycook, 2006), sustenta‑se nos estudos culturais pós‑coloniais e em visões de língua e lin‑ guagem sócio – construtivistas. Os resultados da pesquisa atinentes ao presente recorte mostram que do ponto de vis‑ ta linguístico, cultural, ideológico e pedagógico, os alunos se posicionam crítica e assertivamente em matérias sobre a sua profissionalização como professores de ensino bilingue em contextos de ensino complexos e sociolinguisticamente heterogêneos. Nesses posicionamentos, evidenciou‑se que havia uma busca de espaço de trabalho legitimado por po‑ líticas linguísticas favoráveis às línguas Bantu e à educação bilingue, em Moçambique. 270 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada MEMÓRIAS LINGUÍSTICAS, MEMÓRIAS DE APRENDIZAGEM: POLÍTICAS LINGUÍSTICAS FAMILIARES DE TRANSMISSÃO E USO DA LÍNGUA ÁRABE EM FOZ DO IGUAÇU SAMIRA ABDEL JALIL (UNICAMP / UNILA) Resumo de Paper Buscando privilegiar a relação entre linguagem e socieda‑ de com as implicações ideológicas que lhe são pertinentes, esta comunicação tem como objetivo geral a apresentação de uma pesquisa ora em andamento, cujo enfoque está na investigação sobre as políticas familiares de transmissão e uso de uma língua de imigração – no caso, o árabe – na se‑ gunda geração de sua comunidade de fala em Foz do Iguaçu, cidade paranaense em que a presença dos árabes pode ser fortemente percebida em números e no uso da língua de herança em diversos contextos de comunicação. A partir da análise das memórias linguísticas e de aprendizagem da língua árabe, bem como dos sentimentos linguísticos e das funções sociais que as línguas assumem na trajetória linguística dos sujeitos de pesquisa, pretende‑se promover uma discussão sobre as representações construídas acerca das identidades linguísticas dos membros da segunda gera‑ ção desse grupo étnico, de forma a estabelecer uma relação entre as representações que emergem em seu discurso e as políticas familiares de uso (ou não) da língua árabe. Com essa pesquisa, planeja‑se produzir novos significados e sa‑ beres sobre a realidade social da coletividade em questão ao se criar subsídios para a promoção de políticas pró‑línguas minoritárias nessa comunidade. Ao se conhecer melhor o contexto em questão, pode‑se auxiliar, também e caso haja interesse, as famílias de imigrantes em geral no planejamen‑ to e na implementação de políticas linguísticas familiares e comunitárias que sejam favoráveis à transmissão e ao uso da língua de herança. PROPOSTAS DE ATIVIDADES ONLINE E RECURSOS DIGITAIS PARA O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA A DISTÂNCIA SAMUEL DE CARVALHO LIMA (IFRN) Resumo de Paper Levando em consideração o panorama de pesquisas que refletem a relação e o compromisso da Linguística Aplicada (LA) com os fenômenos que envolvem o uso das novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), este tra‑ balho desenvolve um estudo das propostas de atividades online para a oferta de ensino da compreensão e produção oral em língua inglesa como língua estrangeira mediado por computador/web. A execução desta proposta baseou‑se nas reflexões acerca das propostas de atividades online (SALMON, 2002; CHAPELLE, 2003), relacionando‑as aos princípios de ensino da compreensão e produção oral em língua inglesa (HARMER, 1998; 2001; BROWN, 2000a; 2000b), bem como às possibilidades desse ensino ser realizado através do uso de recursos digitais (PAIVA, no prelo; 2010). Nossa análise resul‑ tou na descrição dos usos da tecnologia que constitui a ofer‑ ta desse ensino a distância no curso semipresencial Letras/ Inglês da Universidade Federal do Ceará (UFC) em parceria com a CAPES/UAB. O gráfico resultante desse levantamento representa o catálogo das tecnologias digitais utilizadas pe‑ los elaboradores do material didático para o ensino da com‑ preensão e produção oral em inglês por computador/web, a saber: áudio; vídeo; gravador; portfólio; vídeo conferência; fórum digital. Distintas pelos traços constitutivos de suas configurações, as propostas de atividades online refletem as escolhas realizadas pelos seus proponentes durante o plane‑ jamento do curso em EaD, comprometido com a promoção das interações que podem resultar na prática de gêneros di‑ gitais e o uso das tecnologias que os medeiam. 271 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada SOBRE O TRABALHO DE ALFABETIZAR: DESCRIÇÕES E ANÁLISES SANDOVAL NONATO GOMES SANTOS (USP) UM OLHAR PARA A REPRESENTAÇÃO DE POBREZA NAS TRADUÇÕES DE VIDAS SECAS PARA O ESPANHOL SANDRA FRANCISCA DA SILVA (UNICAMP ‑ SP) Resumo de Paper Este estudo propõe descrever e contrastar componentes didáticos e interacionais do trabalho de alfabetização da criança em três contextos escolares pertencentes a redes de ensino municipais da região metropolitana de São Paulo, a saber: a) em uma turma de 1o. ano do ensino fundamental de uma escola do município de São Bernardo do Campo; b) em uma turma de 2o. ano do ensino fundamental de uma es‑ cola do município de Taboão da Serra e c) em uma turma de 1o. ano do ensino fundamental de uma escola do município de São Paulo. Assim formulado, este objetivo aponta para o trabalho docente como foco de interesse do estudo. Dois problemas preliminares estão pressupostos nessa opção. O primeiro tem a ver com a natureza constitutivamente in‑ terativa do trabalho docente, percepção comum às diferen‑ tes abordagens do tema na pesquisa acadêmica, no Brasil (GOMES‑SANTOS; ALMEIDA 2009; MACHADO 2009; MACHADO; LOUSADA; FERREIRA 2011) e no exterior (BRONCKART 2009; CLOT; FAÏTA 2000; SCHNEUWLY; DOLZ 2009; TARDIF; LESSARD 2005). O segundo problema decorre desse. Dada a natureza interativa do trabalho docente, como caracterizar a intera‑ ção em que ele ganha corpo especificamente em sala de aula de alfabetização – contexto comumente de ingresso formal da criança não apenas no mundo da escrita como também nos rituais e nas práticas do mundo da escola. A geração de dados consistiu no acompanhamento de aulas nas turmas mencionadas pela técnica da observação participante, en‑ tre 2010 e 2011. Os dados gerados nesse período compreen‑ dem três corpora de gravações em áudio e em áudio‑vídeo (ALVES 2012; JORDÃO 2012; TORINI 2011) integrantes do banco de dados do Grupo de Pesquisa Linguagem na prática esco‑ lar (LIPRE) da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Descrições e análises de contextos escolares como os de que trata este estudo podem fornecer pistas suscetíveis de elucidar aspectos centrais da natureza do trabalho de en‑ sino na escola pública brasileira de hoje. Resumo de Paper O objetivo desta pesquisa é lançar um olhar para o discur‑ so da tradução literária do romance moderno brasileiro Vidas Secas, de Graciliano Ramos. Inicia‑se este estudo pela perspectiva do processo tradutório da referida obra, tradu‑ zida para o espanhol pelos tradutores José Rodríguez Feo (La Habana – Cuba, 1964), José Luis Díaz Liaño (Madrid – España, 1974) e Florencia Garramuño (Buenos Aires – Argentina, 2001). Pensamos então que, por pertencer à década de trinta, a obra tenha sofrido influências ideológi‑ cas das disputas de poder desse momento histórico e políti‑ co‑social, pois o contexto no qual está inserida a obra Vidas Secas é marcado por transformações políticas, decorrentes da queda da oligarquia cafeeira, acentuando, com isso, a luta de classes liderada por Getúlio Vargas que, posteriormente, foi nomeado presidente. O embasamento teórico deste es‑ tudo parte de uma perspectiva discursivo‑desconstrutivista, especialmente no que tange aos estudos de Michel Foucault e Jacques Derrida, em discurso e Estudos da Tradução, com o fito de observar os sentidos de pobreza que emergem no texto de chegada, além de inquirir como a representação da pobreza é articulada na cultura do outro pelo viés do tradutor. Compreende‑se conforme Jacques Derrida (2005, p.7), “Um texto só é um texto se ele oculta ao primeiro olhar, ao primeiro encontro, a lei de sua composição e a regra de seu jogo”. Esse jogo é marcado por essa impossibilidade de nomeação, não inacessível, mas quase imperceptível. Esse desejo de nomeação faz com que o tradutor acredite deter o poder em atribuir sentidos a todos os fios discursivos da língua de partida. 272 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada LETRAMENTO E FORMAÇÃO INICIAL E CONTÍNUA DE PROFESSORES DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS ORALIDADE E ETHOS DISCURSIVO: OLHARES CRUZADOS SANDRO LUIS DA SILVA (UNIFESP) SANDRA REGINA BUTTROS GATTOLIN DE PAULA (UFSCAR) Resumo de Paper Resumo de Paper O período contemporâneo é marcado pelo desenvolvimento tecnológico e pelas transformações econômicas, políticas, culturais e sociais, influenciadas pelo fenômeno da globali‑ zação. Tais transformações tiveram seu impacto também na educação do país, motivando pesquisas e novas propostas para o ensino, visando adequar os objetivos escolares às no‑ vas necessidades. Pretende‑se abandonar práticas de ensino baseadas em uma visão de educação bancária (FREIRE, 1979) e inserir novos conceitos e tecnologias, como o letramento e seus estudos mais recentes, como os multiletramentos, novos letramentos e letramento crítico. A escola tem a res‑ ponsabilidade de formar cidadãos críticos, preparados para o convívio social e político e para as novas exigências do mer‑ cado de trabalho. Enquanto isso, o professor precisa se atu‑ alizar, conhecer, discutir e trabalhar em sala de aula com as novas orientações, além de refletir sobre sua prática. O pro‑ fessor de Língua Estrangeira, principalmente o de Inglês, a língua da globalização, depara‑se com outros desafios, como o de afirmar o papel social e educacional de sua disciplina. Nesta apresentação, reportaremos resultados de uma pes‑ quisa que buscou compreender como é feita a construção de conhecimento sobre as teorias que dão base às orientações curriculares, por parte de professores em formação inicial ou contínua. A preocupação com a formação do conhecimento teórico pelo docente justifica‑se pela sua importância para o desenvolvimento de uma prática informada e consciente, em que o professor consegue explicar o seu processo de ensi‑ no, analisá‑lo e, principalmente, transformá‑lo. O desempenho linguístico na fala não se serve apenas da gramática e do léxico da língua, mas lança mão dos mais variados recursos, sejam eles verbais ou não. Por um lado, a Análise da Conversação (AC) desenvolve espaço privilegiado para a construção de identidades sociais no contexto real – “controle social” e, além disso, exige uma enorme coordena‑ ção de ações que exorbitam em muito a simples habilidade linguística dos falantes. A AC estabeleceu sua preocupação básica com a vinculação situacional, com o caráter prag‑ mático da conversação e toda atividade linguística diária. Todos os aspectos da ação e interação social poderiam ser examinados e descritos em termos de organização estrutu‑ ral. AC preocupa‑se com a especificação dos conhecimentos linguísticos, paralinguísticos e socioculturais que devem ser partilhados para que a interação seja bem sucedida (Gumperz, 1982). De acordo com Kerbrat‑Orecchiohni (2006, p. 15), “O objetivo da análise conversacional é, precisamen‑ te, explicitar essas regras que sustentam o funcionamento das trocas comunicativas de todos os gêneros; (...) decifrar (...) o comportamento daqueles que se encontram engaja‑ dos nessa atividade polifônica complexa que é a condução de uma conversação”. Assim, ocorre a preocupação com a vinculação situacional e, em consequência, com o caráter pragmático da conversação e de toda atividade linguística diária. Por outro lado, a Análise de Discurso (AD), em especial a de linha francesa, sobretudo a desenvolvida pelos estudos de Dominique Maingueneau, procura evidenciar os funda‑ mentos linguísticos da teoria da enunciação, os quais sus‑ tentam explicações sobre relações enunciativas nas quais os interlocutores, situados num aqui e num agora, não só se assumem reciprocamente, como também se atribuem iden‑ tidades, por um jogo de imagens ideologicamente forjadas a partir de formações discursivas. Segundo Maingueneau (2005, p.15), discurso é “uma dispersão de textos cujo modo de inscrição histórica permite definir como 273 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada AVALIANDO A AVALIAÇÃO: UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE A INFLUÊNCIA DAS RUBRICAS DO PNLD SOBRE OS MATERIAIS DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA SEBASTIÃO CARLÚCIO ALVES FILHO (UFU) Resumo de Paper Neste trabalho, investiguei o que propõem as rubricas de avaliação do PNLD presentes na seção que trata de leitura e interpretação de textos, buscando conhecer quais as con‑ cepções de linguagem, leitura e avaliação estão presentes no processo de análise dos livros. Em seguida, utilizei os re‑ sultados encontrados nesta primeira análise para avaliar as atividades de leitura e interpretação de texto presentes em dois conjuntos de materiais didáticos adotado por turmas do EM: uma turma de uma escola da rede privada que adota apostilas e outra turma de uma escola da rede pública que utiliza os livros didáticos distribuídos pelo Governo Federal. A análise dos materiais foi feita com a finalidade de perce‑ ber se a (não) avaliação do PNLD exerce influência sobre o conteúdo por eles apresentado. Para a realização do estudo proposto, foram utilizados, como perspectiva metodológica, os pressupostos da Linguística Aplicada (LA), que, de acordo com Moita Lopes (1996), é uma ciência social, pois visa a es‑ tudar os problemas de uso da linguagem enfrentados pelos usuários da língua no contexto de ensino/aprendizagem ou fora dele. Como fundamentação teórica para a análise dos dados, foram utilizados os estudos acerca das concepções de linguagem, leitura e avaliação. Ao final deste trabalho, foi possível conhecer quais as concepções de linguagem, leitu‑ ra e avaliação estão presentes no processo de avaliação de materiais didáticos feito pelo Governo Federal. Foi possí‑ vel, também, através dos dados encontrados, perceber se a (não) avaliação dos materiais didáticos feita pelo PNLD exer‑ ce alguma influência sobre as atividades de leitura e inter‑ pretação de textos presentes nos materiais e quais as con‑ cepções teóricas subsidiam a sua produção. A FORMAÇÃO PRÉ‑SERVIÇO DE PROFESSORES DE INGLÊS COMO ESPAÇO PARA A (RE) CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES. SELMA MARIA ABDALLA DIAS BARBOSA (UFT) Resumo de Paper Esta comunicação se propõe a mostrar os resultados par‑ ciais de uma pesquisa de doutoramento de base etnográ‑ fica e longitudinal a qual traz como tema: A Formação Pré‑Serviço de Professores de Inglês como Espaço para a (Re)construção de Identidades. Esta pesquisa tem como objetivo investigar e analisar o processo de (re)construção das identidades culturais, profissionais e sociais de alunos do curso de Letras de uma Universidade Federal do extremo norte do Tocantins. A investigação é realizada por meio da análise qualitativa dos relatos reflexivos realizados pelos professores em formação inicial ao final de quatro semestres da disciplina de estágio supervisionado de ensino de língua estrangeira (Inglês), como também de relatos e interações postados numa Comunidade de Prática‑CoP (WENGER, 1998; CLARKE, 2008) e sessões temáticas realizadas durante o pro‑ cesso de investigação. O gênero autonarrativo denominado relato‑reflexivo, são estórias de vida e experiências desses alunos‑professores com a regência, que em momentos pon‑ tuais serão dialogadas com o leitor‑pesquisador. No intuito de mapear a (re)construção das identidades profissionais, sociais e culturais, nos propomos a analisar, concomitan‑ temente, os aspectos cognitivos (BORG, 2006; ZEICHNER, 2005; ZEMBYLAS, 2005) como por exemplo, as crenças e emoções(VIEIRA ABRAHÃO,1992, 1996, 2004, 2006; BARCELOS, 2007, 2010; ARAGÃO, 2005; COELHO, 2010) que subjazem o processo de formação de professores de língua estrangeira. 274 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada NOVOS LETRAMENTOS E ENSINO DE LÍNGUA INGLESA: UMA PESQUISA‑AÇÃO EM COMUNIDADES DE BAIXA RENDA POR MARES NUNCA DANTES NAVEGADOS:ÁGUAS DESCONHECIDAS NA AULA DE INGLÊS SERGIO GARTNER (Puc–sp) SELMA SILVA BEZERRA (IFAL) Resumo de Paper Resumo de Paper Este estudo teve como objetivo investigar o processo de en‑ sino‑aprendizagem de alunos de duas comunidades de bai‑ xa renda da cidade de Maceió durante um semestre letivo. O semestre em questão teve como foco o ensino da língua inglesa com ênfase nos novos letramentos visando desen‑ cadear uma consciência crítica sobre os temas discutidos. A metodologia de pesquisa escolhida foi à pesquisa‑ação (ANDRÉ, 2004), e os procedimentos utilizados para a coleta dos dados foram notas de campo, questionário, entrevista, gravações em áudio e vídeo. A fundamentação teórica se baseou nos pressupostos da Linguística Aplicada e nos con‑ ceitos dos novos letramentos (NEW LONDON GROUP,1996; COPE & KALANTZIS,2008), da pedagogia crítica (FREIRE, 2005; KRAMSCH, 1993) e da produção responsiva ativa (ZOZZOLI, 2006). Os resultados sinalizam que a condução das três ati‑ vidades desenvolvidas com nuances dos novos letramentos promoveu a participação dos alunos com posicionamentos conscientes e alguns críticos. Cada atividade trabalhou com um tipo de design (NEW LONDON GROUP, 1996). A primeira objetivou a produção de uma apresentação na qual os par‑ ticipantes teriam, inicialmente, que analisar o contexto de algumas imagens (design visual) para depois escolher os elementos linguísticos apropriados (design linguístico); a segunda objetivou o uso de sítios de relacionamento para a produção de um perfil, a atividade envolvia também a esco‑ lha de elementos linguístico adequados (design linguístico); a terceira atividade tinha como objetivo a produção de um slogan (design linguístico) através das imagens de um vídeo (design visual), que trazia alguns temas sociais (violência, preservação ambiental, abuso sexual) nos quais os alunos tiveram que construir seus posicionamentos e escrever a respeito. Através da metáfora de navegar em mares desconhecidos, apresentamos um trabalho de pesquisa de doutorado, focali‑ zando a escrita colaborativa em língua inglesa como L2. Esta apresentação tem como pilar uma experiência pedagógica desenvolvida em uma sala de aula virtual de inglês como L2, com aprendizes adolescentes do Ensino Fundamental II, que visa desenvolver a escrita em L2 por meio da colaboração entre pares. Especificamente, este trabalho procura com‑ preender as primeiras vivências e percepções sobre a escrita colaborativa no ambiente do Google Docs. A interpretação se concentra nos questionários reflexivos que fazem parte da pesquisa do autor. O objetivo dos questionários foi tentar entender e interpretar a dinâmica da escrita colaborativa e suas implicações para o desenvolvimento de outras tarefas no ambiente virtual. Utilizou‑se a abordagem hermenêuti‑ co‑fenomenológica (Freire, 1998, 2007, 2008), tem como in‑ tuito metodológico investigar um dado fenômeno humano através da descrição e interpretação de uma ou várias mani‑ festações, buscando entender sua essência. Portanto, a me‑ todologia foi o caminho usado para se fazer uma breve refle‑ xão sobre as vivências desse processo de ensino e aprendiza‑ gem. Em um nível mais específico e teórico, buscou‑se fazer uma leitura dessa vivência, dialogando com os princípios do paradigma da complexidade estabelecidos por Morin (1999, 2003, 2004, e 2007) e Moraes (2008). Percebeu‑se que tal projeto pedagógico em contextos de ensino‑aprendizagem de línguas vai ao encontro dos princípios que compõem esse paradigma emergente, ou seja, o princípio dialógico, holo‑ gramático e o da recursividade. 275 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DE INGLÊS COMO LÍNGUA ADICIONAL EM ALAGOAS: REFLEXÕES, CONTRIBUIÇÕES E (RE) CONSTRUÇÕES SERGIO IFA (UFAL) Resumo de Paper Nesta apresentação, descrevo e interpreto a formação continuada de professores de língua inglesa da rede públi‑ ca que oferecemos em Alagoas. A formação de professores faz parte da Rede Nacional de Formação Continuada dos Profissionais do Magistério da Educação Básica Pública e se desenvolve, em Alagoas, no formato de um curso de aper‑ feiçoamento com seis módulos de trinta horas. Como em‑ basamento teórico, apoio‑me na Lingüística Aplicada Crítica (Pennycook, 2001); na teoria do ensino reflexivo (Schön, 1983,1987; Zeichner, 1993, 2003; Salles e Gimenez, 2010); na perspectiva crítica de formação de professores (Freire, 1970; Kincheloe, 1993; Pimenta, 1999; e Celani, 2001); nas teorias do letramento crítico e dos novos letramentos (Lankshear e Knobel, 2011a, 2011b; Menezes de Souza, 2011a, 2011b; Monte Mór, 2010, 2011). Em especial, o objetivo da apresentação centra‑se em descrever e interpretar de que forma a equi‑ pe formadora e os professores em formação promovem o desenvolvimento profissional, nos módulos iniciais, ao ar‑ ticularem: (1)a expansão dos conhecimentos teóricos e das práticas de letramento e (2) a formação crítica para a parti‑ cipação em práticas sociais; (3) o aperfeiçoamento das habi‑ lidades na língua inglesa e (4) a participação cidadã em um mundo plural. A DIMENSÃO AFETIVA E AS CRENÇAS DE PROFESSORES DE INGLÊS SOBRE AVALIAÇÃO FORMAL SÉRGIO RAIMUNDO ELIAS DA SILVA (UFOP) Resumo de Paper Este trabalho contribui para a qualidade do aprimoramen‑ to profissional de professores de língua estrangeira (LE) no que tange à uma maior conscientização da dimensão afeti‑ va que perpassa as crenças e as práticas didático‑pedagógi‑ cas de avaliação, instigando uma postura mais reflexiva do professor, aperfeiçoando sua formação e seu desempenho. Analisa o papel tanto da afetividade quanto das crenças so‑ bre avaliação na prática docente, com vistas a destacar de que formas a dimensão afetiva e as crenças contribuem para o desenvolvimento de suas práticas profissionais de ava‑ liação. Trata‑se de uma pesquisa de base qualitativa, cujos instrumentos de coleta de dados utilizados são um ques‑ tionário, uma entrevista e uma narrativa, coletados de um grupo de professoras de inglês em serviço. Os resultados mostram que a afetividade é considerada em diferentes mo‑ mentos das práticas de avaliação formal das professoras‑in‑ formantes (ora em cada uma das três etapas consideradas por essa pesquisa: elaboração, aplicação e correção), não havendo um consenso quanto aos momentos em que ela está ou deve se fazer presente. Em outras palavras, os dados revelam que a percepção das informantes quanto aos mo‑ mentos em que a dimensão afetiva está presente, e também em que intensidade ela deve ser considerada, é variável. Por conseguinte, as crenças sobre a afetividade nas práticas de avaliação reveladas nos dados analisados são individuais e variadas, além de inconsistentes e até mesmo controversas, em algumas situações. 276 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada ESCREVENDO NA INTERNET: O TRABALHO COM REVISÃO E REESCRITA DE TEXTOS DIGITAIS NA ESCOLA SERGIO VALE DA PAIXÃO (IFPR) Resumo de Paper O trabalho intenta continuar as investigações acerca da pro‑ dução escrita dos alunos nos espaços virtuais de comunica‑ ção iniciados em minha dissertação de mestrado e continua‑ das no grupo de pesquisa Ensino, Cultura, Linguagem e suas Tecnologias (GECLIT – IFPR/Jacarezinho). Nossa intenção é a de aproximar as discussões sobre letramento em seu senti‑ do geral, ao que se tem buscado compreender sobre o letra‑ mento digital considerando os novos espaços em que os alu‑ nos têm circulado e suas novas formas de comunicação nas redes em que são necessárias práticas de leitura e escrita. Para que haja uma contribuição significativa aos trabalhos que são realizados nessa nova era tecnológica, faremos um recorte no que diz respeito aos aspectos de revisão e reescri‑ ta de textos já iniciados em trabalhos como o de Menegassi (1998) e que podem colaborar para práticas escolares que acontecem na esfera digital, na cultura do hipertexto. Ao re‑ conhecer a esfera digital como excelente possibilidade de trabalho no que concerne à leitura e a produção de textos, e fazendo uso desses recursos em minhas aulas no ensino mé‑ dio no IFPR ‑ Jacarezinho, questiono‑me sobre minha própria prática pedagógica no que concerne a qualidade desses tex‑ tos. Será que a simples prática de produção escrita na esfera virtual, como em sites de relacionamento, por exemplo, tem colaborado para produções escritas com qualidade fora des‑ se espaço? Ou será que os trabalhos realizados por mim e no contexto digital têm sido realizados apenas para deixar as aulas mais “interessantes” e “prazerosas” aos olhos dos alu‑ nos, porém desprovidas de significativa qualidade no que se produz? É nesse sentido, que uma pesquisa sobre essas pro‑ duções, tendo em vista a possibilidade de revisão e reescrita dos textos produzidos pelos alunos nas esferas digitais, nas aulas de Português, colaborará significativamente para que se comprove a eficácia e a necessidade de se trabalhar com os textos produzidos nesse campo, ou seja, o espaço virtual. INICIAÇÃO CIENTÍFICA JÚNIOR: RELATO DE EXPERIÊNCIAS DE PESQUISAS COM FOCO NO ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS ADICIONAIS COM USO DE CORPORA SHIRLENE BEMFICA DE OLIVEIRA (IFMG) Resumo de Paper A iniciação científica Júnior promove momentos para que bolsistas sejam inseridos na prática de pesquisa como prin‑ cipio educativo favorecendo ao desenvolvimento da com‑ petência comunicativa em língua inglesa e da capacidade crítica. Nesta comunicação, apresentaremos os resultados de uma investigação que se desdobrou em três experiências com bolsistas desta modalidade. O estudo de caso foi de‑ senvolvido em um Instituto Federal com a participação da pesquisadora, oito bolsistas PIBIC Jr. e 230 alunos do Ensino Médio Técnico. Os dados foram coletados por meio de ques‑ tionários, um corpus de textos argumentativos escritos pelos alunos e as análises foram feitas com o auxílio do WordSmith Tools. Na primeira experiência, quatro bolsistas mapearam, descreveram os pacotes lexicais típicos de alunos inician‑ tes evidenciados em um corpus de textos argumentativos e os categorizaram de acordo com a Academic formulas List (SIMPSON‑VLACH; ELLIS, 2010). As análises foram pautadas pela frequência dos itens e de seus colocados para a compre‑ ensão do comportamento das palavras em diferentes con‑ textos de uso e dos padrões probabilísticos da linguagem produzida pelos participantes (BIBER, 1998). Na segunda experiência, quatro bolsistas analisaram o efeito da instru‑ ção formal como foco na forma proativo no uso de orações relativas em produções escritas (DOUGHTY; WILLIAMS, 1998). Finalmente, na terceira experiência, os bolsistas analisaram as crenças e experiências dos participantes sobre o processo de aprendizagem de língua inglesa (MICCOLI, 1996; BARCELOS, 2001). Os resultados apontam para a necessidade de envol‑ vimento de professores de línguas e outras áreas neste tipo de pesquisa, pois os alunos do ensino médio demonstram, como pesquisadores, grande amadurecimento teórico, me‑ todológico e no uso da tecnologia. A pesquisa também pro‑ move a capacidade de organização dos estudos, de abstra‑ ção, a autonomia, e o mais importante o desenvolvimento da competência comunicativa em língua inglesa. 277 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada AS NOVAS TECNOLOGIAS REPRESENTADAS NO LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA INGLESA TEORIA SOCIOCULTURAL E AUTONOMIA SILVIA EMILIA DE JESUS BARBOSA DA CUNHA (UFRJ) SILVELENA COSMO DIAS (UNICAMP) Resumo de Paper Resumo de Paper Esta pesquisa tem por objetivo investigar e analisar se os livros didáticos de língua inglesa, (LD de LI) que integram o Programa Nacional do Livro Didático 2011 e 2012, se apro‑ priam do discurso sobre ou das novas tecnologias e como se dá essa apropriação. Trata‑se de uma pesquisa que se insere na perspectiva discursivo‑desconstrutivista, postu‑ ladas pelas teorias do discurso, da psicanálise lacaniana e da desconstrução derridiana. Partimos do pressuposto de que o LD é portador do discurso de verdade, garantindo‑lhe legitimação e poder, o que nos remete aos estudos foucaul‑ tianos sobre a maneira como o poder se dissemina em uma sociedade e produz efeitos de verdade e saber inquestioná‑ veis. O nosso corpus se constitui de duas coleções de LD de LI para o ensino fundamental e de sete coleções para o ensi‑ no médio. Buscou‑se investigar como o discurso sobre (d)as novas tecnologias emerge nos textos, nas imagens, fotos e ilustrações, nas atividades de comunicação escrita, de pro‑ dução escrita, de compreensão oral, de produção oral, de elaboração de projetos e nas orientações teórico‑metodo‑ lógicas que permeiam o exemplar do professor. Os resulta‑ dos apontam que o LD traz unidades temáticas referentes às novas tecnologias, propõe realização de atividades com o manuseio das novas tecnologias e apropria‑se de forma‑ tos textuais circulados na internet, como e‑mails, fóruns e webpages. Assim, podemos afirmar que as novas tecnolo‑ gias deixam suas marcas impregnadas no papel impresso do LD de LI e por meio dele veiculam‑se representações sobre as novas tecnologias, sobre os sujeitos aluno e professor e sobre as questões relativas ao ensino e aprendizagem de LI, na tentativa de tornar‑se o objeto desejante de seu leitor, pois o LD precisa provocar identificações em seu “consumi‑ dor”, uma vez que “identificar‑se significa encontrar naquilo que se lê traços de si, que constituem o seu inconsciente” (CORACINI, 2010, p. 33). A falta de compreensão acerca do termo autonomia faz com que muitos o associem como um sinônimo de independên‑ cia, individualismo, isolamento. O objetivo deste trabalho consiste em desmistificar o termo e inseri‑lo em uma pers‑ pectiva sociocultural que preze as interações com o outro, tomando como pressuposto, portanto, a autonomia como parte das relações humanas. Dickinson (1994) define autono‑ mia em uma linha mais clássica na qual aponta que a mesma está mais para uma atitude em relação à aprendizagem do que para uma metodologia em si. Freire (1996) aponta para a importância da responsabilidade e desenvolve o tema desta‑ cando que a autonomia seria uma relação simbiótica entre professor e aluno, vantajosa para ambos, e que não deveria implicar em licenciosidade por parte do aluno tampouco em autoritarismo por parte do professor. Ao destacarmos a rela‑ ção com o outro não podemos deixar de considerar a Teoria Sociocultural de Vygotsky na qual o psicólogo destaca a im‑ portância da interação. Tal teoria serviu como base para que Oxford (2003) definisse a autonomia a partir de um viés so‑ ciocultural, levando em consideração o contexto situado de aprendizagem mediada que se dá através da interação com um par mais experiente. Neste trabalho, portanto, serão expostas as diferentes visões de autonomia e como a visão tradicional acerca da mesma pode ser desconstruída ao in‑ serirmos a importância da versão sociocultural apresentada por Oxford. 278 10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada AVALIAÇÃO DO ENEM E AS ATIVIDADES DE LEITURA DO APOSTILADO DO SISTEMA POSITIVO DE ENSINO MÉDIO PRÁTICAS CONTEMPORÂNEAS NO ENSINO DA LÍNGUA INGLESA: OS LETRAMENTOS CRÍTICOS EM SALA DE AULA SÍLVIO RIBEIRO DA SILVA (UFG–CAJ) SIMONE BATISTA DA SILVA (UFRRJ) Resumo de Paper Resumo de Paper O presente trabalho tem como objetivo analisar a didatiza‑ ção da leitura e da interpretação de textos escritos no apos‑ tilado do Sistema Positivo, usado pelos alunos de uma insti‑ tuição privada de ensino numa cidade do interior de Goiás (Ensino Médio – EM), observando como ele mobiliza os sabe‑ res e competências requeridos pela matriz de referência da área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias na avaliação do ENEM. Sob a ótica da pesquisa interpretativista, procede‑ mos a um levantamento dos gêneros discursivos/textuais que são apresentados ao aluno para leitura e interpretação, observando se existe diversidade deles no material didático, bem como analisando a forma como são trabalhados com o aluno. Além disso, direcionamos nosso olhar sobre qual su‑ porte teórico subjaz à noção de habilidades e competências pretendidas pela avaliação. Os resultados do estudo (em an‑ damento) poderão indicar a necessidade de mudanças nas políticas de elaboração de material didático dos sistemas privados de ensino, tendo em vista que esse material deve oportunizar ao aluno a vivência de situações em que o co‑ nhecimento esteja relacionado com a realidade, objetivando a construção de competências, assim como prevê o exame do ENEM. No ensino formal em contexto brasileiro, usualmente o co‑ nhecimento da Língua Inglesa tem sido considerado como commodity e visto como porta de acesso para ascensão so‑ cial e econômica. As teorias pós‑críticas dos Letramentos Críticos (MENEZES DE SOUZA, 2011; MONTE MÓR, 2011; NEW LONDON GROUP, 2006; CERVETTI, PARDALES e DAMICO, 2001; entre outros), entretanto, enxergam o ensino de língua Inglesa na educação formal como a oportunidade de pro‑ mover uma metalinguagem em sala de aula, fomentando entre os alunos a crítica de seus próprios discursos, repre‑ sentações e produções de sentidos, buscando, desta forma, trabalhar a diferença, a pluralidade e a apropriação local de conteúdos globais. Com a intenção de investigar essas te‑ orias contemporâneas para o ensino de Língua Inglesa, foi fundado o Grupo de Estudos sobre Letramentos Críticos, da UFRRJ, constituído por professores de Inglês em pré‑serviço na Universidade além de professores em serviço da comu‑ nidade extramuros. O objetivo deste trabalho é apresentar as perspectivas desses professores componentes do Gr