UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI PRÓ-REITORIA DE ENSINO BACHARELADO INTERDISCIPLINAR EM BIOSSISTEMAS THAIZ APARECIDA MALTA Caracterização Físico-Química de Queijo Minas recheado com Doce de Leite Sete Lagoas 2014 THAIZ APARECIDA MALTA Caracterização Físico-Química de Queijo Minas recheado com Doce de Leite Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso Bacharelado Interdisciplinar em Biossistemas da Universidade Federal de São João del Rei como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Biossistemas. Área de concentração: Ciência e Tecnologia de Alimentos. Orientadora: Cíntia Nanci Kobori. Co-orientador: Christiano Vieira Pires. Sete Lagoas 2014 3 THAIZ APARECIDA MALTA Caracterização Físico-Química de Queijo Minas recheado com Doce de Leite Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso Bacharelado Interdisciplinar em Biossistemas da Universidade Federal de São João del Rei como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Biossistemas. Sete Lagoas, 15 de Dezembro de 2014. Banca Examinadora: _________________________________________________ Dra. Cintia Nanci Kobori – UFSJ _________________________________________________ Dra. Juliana Cristina Sampaio Rigueira Ubaldo – UFSJ _________________________________________________ Ms. Janaína Miranda Barbosa – UFSJ 4 AGRADECIMENTOS Como o tempo passou rápido, parece que foi ontem que entrei pra Universidade, hoje só tenho a agradecer. Primeiramente, a Deus por ter me dado o sopro da vida, por não me desamparar em momento algum, dar-me forças, paciência, sabedoria e por providenciar pessoas especiais em minha vida. Aos meus pais pela humildade e simplicidade que me criaram, pelas palavras de carinho ditas e por acreditar no meu potencial. Aos meus familiares, com suas divergências e igualdades, sou muito grata de ter nascido nessa família. A minha nova família que tanto me apoiou em Sete Lagoas, que me recebeu de braços abertos, com palavras doces e sensatas. A família Caipirinha, minha república amada de três anos, com todas as pessoas que por aqui passaram e ainda continuam, pelo apoio nas horas difíceis, carinho, companheirismo e cumplicidade. Não teria melhor lugar pra agradecer, pois se não fosse elas, esse trabalho seria muito mais árduo, foram meu braço direito na execução deste. Aos meus mestres pela sabedoria, dedicação e apoio. Desculpa pelas vezes que deixei algo a desejar. 5 “A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.” (Charles Chaplin) 6 6 RESUMO O mercado brasileiro tem uma grande variedade de tipos de queijos devido à tradicional herança europeia no setor, à introdução recente de queijos de tradição norte americana e à criatividade brasileira que expandiu a oferta de: queijos Minas frescal, requeijões saborizados, queijo tipo coalho, creme de ricota, queijos com fibras e probióticos. Com o aumento da renda, uma parcela maior da população está consumindo queijos, além da maior frequência do hábito de consumo desses produtos, elevando assim o padrão de exigência e apreciação de tipos de queijos mais sofisticados. Em Minas Gerais, consumir queijo Minas Frescal com algum tipo de doce é um hábito tradicional, principalmente com o doce de leite ou goiabada. O presente trabalho teve como objetivo realizar a caracterização físico-química de um novo produto desenvolvido: queijo Minas recheado com doce de leite. Para a produção do queijo, foi utilizada a formulação do queijo Minas frescal, com redução de tamanho do grão no corte da massa e prensagem em formas adequadas, reduzindo-se assim, o teor de umidade do queijo. Utilizou-se a formulação do doce de leite em barra, com tempo de cocção reduzido, resultando em um produto em ponto puxa. O produto final continha 300 g de queijo Minas recheado com 150 g de doce de leite misturado com 50 g de massa de queijo dessorada. O produto foi embalado em sacos plásticos de polietileno de baixa densidade, refrigerado (5°C) e aberto no momento das análises físico-químicas. O queijo Minas recheado com doce de leite apresentou 28,70% de umidade; 2,87% de cinzas; 17,12% de proteína; 15,25% de lipídeos; 21,38% de gordura no extrato seco e atividade de água de 0,951. Os valores encontrados para o doce de leite classificam o recheio como um doce de leite em barra de baixa umidade. O novo produto desenvolvido pode ser classificado como um queijo semi-duro, semi-gordo, fresco e textura fechada. Visto que o produto tem potencial de mercado, devido a sua demanda e aceitação, mais estudos para melhorar a formulação e produzir em escala industrial são necessários. Palavras-chave: Queijo Minas. Doce de leite. Análises físico-químicas. 7 7 ABSTRACT Physicochemical characterization of Minas cheese stuffed with dulce de leche The Brazilian market has a wide variety of cheeses due to the traditional European heritage in this sector, the recent introduction of the North American traditional cheeses and Brazilian creativity, which expanded the offer of: Minas fresh cheese, flavored cream cheese, cheese rennet type, ricotta cream, cheese with fiber and probiotics. With increasing income, not only a larger share of the population is consuming cheeses, as well as the frequency of consumption habits of these products, raising the standard of care and appreciation of more sophisticated types. In Minas Gerais, consume Minas cheese with some kind of candy is a traditional habit, especially with dulce de leche or guava sweet. This study aimed to physicochemical characterization of Minas cheese stuffed with dulce de leche. For the production of cheese, the wording of Minas fresh cheese was used, with reduced grain size in cutting the dough and pressing in appropriate ways, thereby reducing the moisture content of the cheese. It was used a dulce de leche formulation with reduced cooking time, resulting in a product at the point pulls. The final product contained 300 grams of cheese Mines filled with 150 g of dulce de leche mixed with 50 g of cheese mass. The product was packed in plastic bags of low density polyethylene, refrigerated and open at the time of the physico-chemical analysis. Minas cheese stuffed with sweet milk had 28.7% moisture; 2.87% ash; 17.12% protein; 15.25% of lipids; 21.38% fat in dry matter and water activity of 0.951. These values are in accordance with the standards established by legislation to Minas cheese, except for the lower humidity. The values found for the dulce de leche filling classified as a dulce de leche with low humidity. The new product developed could be classified as a semi-hard cheese, semi-fat, fresh and close texture. Since the product has market potential due to their demand and acceptance, more studies to improve formulation and to produce in industrial scale are needed. Keywords: Minas cheese. Dulce de leche. Physico-chemical analysis. 88 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 9 2. OBJETIVO ...................................................................................................................... 11 2.1 Objetivo Geral .............................................................................................................. 11 2.2 Objetivos Específicos .................................................................................................... 11 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................... 12 3.1 Leite e produtos lácteos ........................................................................................... 12 3.1.1 Queijo................................................................................................................. 14 3.1.2 Doce de leite ....................................................................................................... 16 3.2 Parâmetros Físico-químicos dos produtos lácteos.....................................................17 4. 5. MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................... 22 4.1 Processo de fabriciação do doce de leite ................................................................ 22 4.2 Processo de fabricação dos queijos......................................................................... 23 4.3 Análises físico-químicas ........................................................................................... 25 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................... 27 5.1 Análises físico-químicas ........................................................................................... 27 5.1.1 Queijo Minas ........................................................................................................... 27 5.1.2 Doce de leite.............................................................................................................28 5.1.3 Queijo Minas recheado com doce de leite.............................................................29 6. CONCLUSÃO................................................................................................................. 30 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 31 9 1. INTRODUÇÃO Alguns especialistas consideram que a Idade Média foi o início da fabricação dos queijos, há alguns relatos que o leite solidificado foi consumido a 7.000 a.C., alguns desenhos em cavernas indicam que os queijos poderiam ser feitos de leite de vaca e de cabra (PERRY, 2004). A produção de leite bovino mundial é crescente e o Brasil vem acompanhando esta tendência. Estudos mostram que de 2008 a 2012, a produção brasileira teve uma média de crescimento de 4,3% ao ano (PILA, 2013). Os produtos lácteos foram surgindo aos poucos e estão presentes no mercado em grande escala. Hoje, há produtos dos mais sofisticados aos mais simples. O queijo é um dos primeiros produtos derivados do leite, resultante de um processo de produção cujas etapas são: coagulação, retirada do soro, moldagem, prensagem, salmoura e maturação, conforme a sua técnica de fabricação, é classificado como fresco ou maturado. O mercado brasileiro tem uma grande variedade de tipos de queijos, graças a uma tradicional boa herança europeia no setor, como os tipos: mussarela, prato, gouda, provolone, camembert e gorgonzola. E, mais recentemente, graças à introdução de queijos de tradição norte americana, tais como fatiados fundidos, cream cheese e cottage. E sem falar na criatividade brasileira, que expandiu a oferta de queijos Minas frescal em variações, requeijão saborizado, queijo de coalho e também introduziu queijos como o creme de ricota, queijos com fibras e probióticos. Com o aumento da renda, não só uma parcela maior da população está consumindo queijos, como também a frequência do hábito de consumo desses produtos em ocasiões diversas, elevando o padrão de exigência e apreciação de tipos mais sofisticados (HEGG, 2011). Em ambientes de alta competitividade empresas precisam estar atentas para não perder o posicionamento que detêm em um setor ou segmento e devem sempre buscar, de alguma forma, melhorar este posicionamento com o lançamento de novos produtos. O doce de leite é um alimento produzido e comercializado, principalmente, na Argentina e no Brasil. É o produto obtido da cocção do leite adicionado de sacarose, podendo utilizar o leite integral ou padronizado. Algumas vantagens na sua produção é que exige poucos gastos com mão de obra e oferece bom rendimento quando comparado com os demais produtos lácteos (FERREIRA, 2006). O doce de leite é um produto muito consumido, principalmente em Minas Gerais. 10 A origem do hábito de consumo de alimentos doces misturados aos salgados é desconhecida. Em Minas Gerais, por exemplo, a mistura principalmente do queijo Minas Frescal, com algum tipo de doce é um hábito tradicional. Os doces mais comuns para esta combinação são o doce de leite ou a goiabada. As justificativas para o desenvolvimento de um Queijo Minas prensado recheado com doce de leite são: Necessidade de inovações tecnológicas na área de lácteos; Agregação de valor ao produto; O setor de lácteos é um setor rentável e é previsto crescimento; Há demanda pelo produto devido ao hábito tradicional da população; Praticidade pela compra de um alimento que contenha dois produtos numa só embalagem. Segundo a análise sensorial realizado por Malta (2014), a média geral dos atributos avaliados para o queijo Minas recheado com doce de leite indicaram que o provador gostou moderadamente do novo produto. A maior nota obtida foi para o sabor do produto, correspondente a gostei muito. Os atributos aparência global e textura apresentaram as menores notas (gostei moderadamente). A mistura do doce de leite com a massa do queijo dessorada fez com que o recheio não se apresentasse de forma homogênea. O recheio granuloso pode ter levado à insatisfação do consumidor com relação à aparência e textura do produto. Com relação à intenção de compra, o consumidor provavelmente o compraria. Porém, a intenção de compra depende da aceitação do produto pelo consumidor. Para uma melhor classificação e avaliação do produto desenvolvido, análises dos parâmetros físicoquímicos são necessárias. 11 2. OBJETIVO 2.1 Objetivo Geral O objetivo do trabalho foi determinar os parâmetros físico-químicos do queijo Minas recheado com doce de leite. 2.2 Objetivos Específicos Produzir individualmente a massa do Queijo Minas, o Doce de Leite e o produto final, um Queijo Minas recheado com Doce de Leite; Realizar a caracterização do produto em relação à umidade, cinzas, proteínas, lipídeos, gordura no extrato seco (GES) e atividade de água (Aw); Comparar os resultados obtidos com a literatura e legislação vigente. 12 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 Leite e produtos lácteos Os egípcios possivelmente estão entre os primeiros a cuidar do gado e, consequentemente, consumiam leite e derivados como importante fonte de nutrientes na sua alimentação. Uma prova deste início são os desenhos em tumbas egípcias. As passagens bíblicas também registram o queijo como sendo um alimento da época das escrituras. Os primeiros a adotarem na alimentação foram os gregos (LEANDRO, 2008). Segundo o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), “Entende-se por leite o produto obtido da ordenha ininterrupta e completa, de forma higiênica, de vacas sadias, bem alimentadas e descansadas” (BRASIL, 2011). A composição centesimal do leite pode variar por vários motivos, alimentação animal, raça, período de lactação, entre outros. Em um estudo feito por Deitos et. al. (2010), os parâmetros físico-químicos dos leites avaliados variaram de 2,85 a 3,43% para gordura, 3,15 a 3,17% para proteína, de 4,58 a 4,65% para lactose, de 11,72 a 12,17% para sólidos totais e de 8,73 a 8,77% de extrato seco desengordurado para diferentes grupos genéticos de vacas. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o Brasil em 2011, assumiu no ranking dos maiores produtores de leite mundial o terceiro lugar com 33,2 milhões de toneladas, perdendo apenas para Estados Unidos com 88,6 milhões de toneladas e Índia, com 52,2 milhões de toneladas (MILKNET, 2011). Segundo Pinha et. al. (2013), a renda da população brasileira aumentou e isto influencia diretamente o consumo de lácteos no país. A Figura 1 mostra o crescimento das vendas dos diferentes produtos derivados do leite no Brasil no ano de 2010 em relação ao mesmo período em 2009. O produto lácteo com maior aumento foi o leite fermentado (23,3%), seguido dos queijos (14,4%) e o petit suisse (12,2%). 13 Figura 1. Crescimento das vendas (%) de produtos lácteos no Brasil no ano de 2010 em comparação ao ano de 2009. Fonte: PINHA (2013). Os produtos mais inovados do setor lácteo são os da linha funcional. As empresas do ramo consideram esse mercado uma oportunidade de crescimento e competitividade. Os produtos lácteos funcionais correspondem cerca de 65% das vendas de alimentos funcionais (MENRAD, 2003 apud LIMA et. al. 2009). Primo (2014) relacionou a produção brasileira de alguns produtos lácteos durante o período de 1994 a 2000. Durante esse período a produção nacional de lácteos teve um aumento de aproximadamente 3% ao ano. Os queijos são os lácteos mais produzidos, chegando ao ano 2000 com aproximadamente 6,5 toneladas, seguido dos leites pasteurizados e Ultra High Temperature (UHT) com aproximadamente 4,5 toneladas (Figura 2). Figura 2. Produção brasileira de lácteos em toneladas. Fonte: PRIMO, 2014. 14 3.1.1 Queijo Alguns estudos mostram que foi há cerca de 12.000 a.C. que surgiram os queijos. Uma lenda diz que o queijo foi descoberto por Aristeu, filho de Apolo e Cirene (LEANDRO, 2008). Outra diz que um nômade árabe andando pelo deserto levou leite em um cantil feito de estômago de carneiro enquanto seguia seu caminho. Quando foi tomar do leite, este se transformara em uma massa de sabor agradável (PERRY, 2004). Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA – Gado de Leite, o consumo de queijos no Brasil aumentou durante os últimos anos e tende a aumentar nos próximos períodos (Figura 3). Houve um aumento de 30,8% no consumo de queijos de 2000 a 2008, sendo que a quantidade consumida passou de 2,6 Kg/habitante/ano para 3,4 Kg/habitante/ano. Estima-se que em 2010, o consumo passou de 4,0 Kg/habitante/ano (EMBRAPA, 2008 apud LIMA FILHO, 2010). Figura 3. Consumo per capta de queijos no Brasil de 2000 a 2008 e estimativas (kg/ano). Obs.: Linha tracejada em vermelho é uma estimativa. Fonte: LIMA FILHO (2010). Dos queijos fabricados no Brasil, os que possuem as maiores produções são: mussarela (28,4%), requeijões (26,5%), prato (19,9%) e Minas Frescal (5,2%), como mostra a Figura 4 (LIMA FILHO, 2010). 15 Figura 4. Valores da produção de diferentes queijos no Brasil. Fonte: LIMA FILHO (2010). Segundo a Portaria N° 352 de 04/09/1997 do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – (MAPA), o queijo Minas Frescal “é o produto obtido pela coagulação enzimática do leite com coalho e/ou outras enzimas coagulantes apropriadas, complementada ou não com ação de bactérias lácticas específicas” (BRASIL, 1997a). O queijo Minas Frescal é um dos queijos mais populares de origem brasileira, do estado de Minas Gerais, cujo início de fabricação foi no século XVIII. É um queijo muito perecível devido ao seu alto teor de umidade. Porém, se a massa passar pelo processo de redução de tamanho dos grãos e for prensada em formas adequadas, ocorrerá uma redução da umidade do produto final, aumentando-se assim, o prazo de vida de prateleira (FERREIRA, 2008). No processo de fabricação do queijo Minas, é feito primeiramente a pasteurização e padronização do teor de gordura do leite para aproximadamente 3%. Resfria-se o leite para 35 °C (temperatura de coagulação), adiciona-se sob constante agitação o cloreto de cálcio, ácido lático e coalho. Em seguida, deixa-se o leite em repouso por aproximadamente 50 minutos para a coagulação. Faz-se o corte da coalhada e a massa fica em repouso por mais três minutos. O tamanho do grão é reduzido por mexeduras, seguido de dessoragem e pré-prensagem da massa. Enforma-se e permanece 16 em prensa por aproximadamente duas horas, faz-se a salga e embalagem do produto (FERREIRA, 2008). 3.1.2 Doce de leite O Doce de Leite também não possui origem conhecida, a lenda diz que possivelmente foi inventado pelo político argentino Juan Manuel de Rosas, no século XIX. Numa tarde de inverno, ele esquentava um pouco de leite, quando foi interrompido por alguém que o chamou, esqueceu a vasilha no fogo. Quando voltou, o leite havia evaporado e dado origem ao doce de leite (FERREIRA, 2006). Segundo a Portaria do N° 354 do MAPA de 04/09/1997, “entende-se por doce de leite o produto, com ou sem adição de outras substâncias alimentícias, obtido por concentração e ação do calor a pressão normal ou reduzida do leite ou leite reconstituído, com ou sem adição de sólidos de origem láctea e/ou creme adicionado de sacarose (parcialmente substituída ou não por monossacarídeos e/ou dissacarídeos)” (BRASIL, 1997b). O doce de leite apresenta elevado valor energético, é composto por no mínimo 5% de proteína, de 6,0 a 9,0% de gorduras, máximo de 2% de cinzas, com umidade variando conforme sua consistência, que pode ser pastoso ou em barra, sendo que o máximo de umidade é de 30%. No doce em pasta ou em barra a quantidade varia de sacarose adicionada. Para o doce em pasta a quantidade ideal está entre 16 a 20% e para o doce em barra é de 25 a 35% (FERREIRA, 2006; MONTEIRO, 2007). No processo de fabricação, o leite deve ser de boa qualidade, padroniza-se o teor de gordura para 1,5%, reduz-se a acidez por adição de bicarbonato de sódio (13°D), adiciona-se a quantidade de açúcar, concentra-se por ação da temperatura até o ponto desejado, resfria-se e armazena-se de forma adequada (FERREIRA, 2006). Para doce de leite, admitem-se diferentes texturas, que vão do pastoso ao em barra, o ponto de puxa é conseguido pela redução do tempo de cocção do produto em barra. 17 3.2 Parâmetros físico-químicos de queijo e doce de leite Segundo o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento e da Reforma Agrária, pela portaria N° 146 de 07 de março de 1996, onde aprova o regulamento técnico de identidade e qualidade de produtos lácteos, os queijos são classificados de acordo com os parâmetros físico-químicos observados (BRASIL, 1996). Os queijos podem ser classificados de acordo com a porcentagem de matéria gorda no extrato seco, como: - Extra Gordo ou Duplo Creme: quando contenham o mínimo de 60%; - Gordos: quando contenham entre 45,0 e 59,9%; - Semi-gordo: quando contenham entre 25,0 e 44,9%; - Magros: quando contenham entre 10,0 e 24,9%; - Desnatados: quando contenham menos de 10,0%. Os queijos também podem ser classificados de acordo com a porcentagem de umidade, como: - Queijo de baixa umidade (geralmente conhecidos como queijo de massa dura): umidade de até 35,9%; - Queijos de média umidade (geralmente conhecidos como queijo de massa semidura): umidade entre 36,0 e 45,9%; - Queijos de alta umidade (geralmente conhecido como de massa branda ou "macios"): umidade entre 46,0 e 54,9%; - Queijos de muita alta umidade (geralmente conhecidos como de massa branda ou "mole"): umidade não inferior a 55,0%. Crivelaro (2014) relatou as diferenças nutricionais de alguns tipos de queijos consumidos, conforme mostra na Tabela 1. 18 Tabela 1 – Diferenças nutricionais de alguns tipos de queijos consumidos. ( - ) Não estabelecido. Fonte: CRIVELARO (2014). Silva e Ferreira (2010), avaliaram quatro marcas de queijo Minas Frescal comercializados na cidade de Campos dos Goytacazes (RJ) e puderam observar que há características distintas entre as marcas avaliadas (Tabela 2). Tabela 2 – Características físico-químicas de quatro marcas de queijo Minas Frescal comercializadas em Campos dos Goytacazes (RJ). Fonte: Modificado de SILVA e FERREIRA (2010). Como a gama de queijos é grande e muito variável, as diferenças podem estar ligadas a detalhes de processo, região, condições climáticas, matéria-prima, entre outras. Assim, sua classificação pode não ser precisa, por isso, há algumas formas de classificá- 19 los que são mais comuns (HOHENDORFF et. al., 2006). A Tabela 3 apresenta alguns critérios estabelecidos para classificação de queijos. Tabela 3 – Classificação dos queijos conforme consistência, maturação, textura e tratamento da coalhada. Critérios Classificação de Queijos Brandos: facilmente podem Exemplos Requeijão espalhados cremoso Queijo creme, Quark. ser Semi-brandos: não se espalham Minas frescal facilmente, mas podem ser cortados Consistência Semi-duros: fatiados permitem ser cortados Prato, Gouda, Edam Duros: bastante resistentes ao corte e Emmenthal, baixa umidade Cheddar, Suíço. Extraduro: Não permitem sendo utilizados ralados Grau de maturação o corte, Parmesão, Romano, Ganapadano. Frescos: queijos não maturados Minas frescal, Campesino Maturados A maioria Por bactérias: fermentos lácticos maturados Por mofos e bactérias: interna e/ou externamente por Prato, Minas, Gouda maturados Roquefort, Brie, Cammembert Queijos de casca lavada: maturados Saint-Paul externamente com Brevi bacterium Textura Tratamento da coalhada pronta Aberta: com olhaduras na massa de Prato, tamanho e números variados Emmenthal Fechada: sem olhaduras Cheddar Massa filada: o tratamento da coalhada pronta sofre um processo de acidificação natu ral ou dirigida, durante o qual o paracaseinato bicálcico é transformado em paracaseinato monocálcico, que por ação do calor permite a formação de fios longos, que facilitam a moldagem do queijo Mussarela, Provolone, Cacciocavalo, Queijo de Pescoço. Fonte: Modificado de HOHENDORFF et. al. (2006). 20 Segundo o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Queijos, por definição “o queijo Minas Frescal é um queijo semi-gordo, de muito alta umidade, a ser consumido fresco” (BRASIL, 1997a). Os requisitos para ser considerado como queijo Minas Frescal são: - Características sensoriais: - Consistência: branda e macia; - Textura: com ou sem olhaduras mecânicas; - Cor: esbranquiçada; - Sabor: suave ou levemente ácido; - Odor: suave, característico; - Crosta: não possui, ou crosta fina; - Olhaduras: eventualmente algumas olhaduras mecânicas; - Forma e peso: - Forma: cilíndrico; - Peso: de 0,3 a 5kg. Quanto ao doce de leite, pelo Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Doce de Leite (BRASIL, 1997b), pode ser classificado de acordo com seu conteúdo de matéria gorda, como: - Doce de Leite; - Doce de Leite com Creme. O produto também pode ser adicionado de outras substâncias, tais como, coco, frutas cristalizadas, entre outros, a classificação pode ser como: - Doce de Leite ou Doce de Leite sem adições; - Doce de Leite com adições. Para ser considerado doce de leite, em sua composição deve conter os ingredientes obrigatórios, que são: leite e/ou leite reconstituído e sacarose no máximo de 30Kg/100L de leite. Os requisitos são: - Características sensoriais: - Consistência: cremosa ou pastosa, sem cristais perceptíveis sensorialmente. A consistência poderá ser mais firme no caso do doce de leite para confeitaria e/ou sorveteria. Poderá ainda apresentar consistência semi-sólida ou sólida e parcialmente cristalizada quando a umidade não supere 20% m/m; - Cor: castanho caramelado proveniente da reação de Maillard; 21 - Sabor e Odor: doce característico, sem sabores e odores estranhos; Os requisitos físico-químicos estabelecidos para o doce de leite estão apresentados na Tabela 4. Tabela 4 – Requisitos físico-químicos para o doce de leite. Requisito (g/100g) Doce de Leite Doce de Leite com Creme Umidade Máx. 30 Máx. 30 Matéria gorda 6–9 >9 Cinzas Máx. 2 Máx. 2 Mín. 5 Mín. 5 Proteína Fonte: BRASIL (1997b). 22 4. MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 Processo de fabricação do doce de leite Para a produção do doce de leite, utilizou-se 8L de leite, sendo 5L leite in natura e 3L leite desnatado e ensacado. O leite ensacado foi adicionado no intuito de reduzir o teor de gordura do leite in natura para 1,5%. Para a redução da acidez para 13° D foi adicionado bicarbonato de sódio para padronização. O teor de açúcar utilizado foi de 30%, a quantidade de sacarose ideal para o doce em barra (FERREIRA, 2006). O doce de leite foi produzido em tacho de cobre, seguindo as etapas apresentadas no Fluxograma 1. Fluxograma 1. Etapas da fabricação do doce de leite em ponto de puxa. Leites (in natura e desnatado) ↓ Padronização do teor de gordura (aproximadamente 1,5%) ↓ Redução da acidez com adição de bicarbonato (13° D) ↓ Adição do açúcar (30%) ↓ Concentração por aquecimento ↓ Ponto do doce (ponto de puxa) ↓ Resfriamento do doce ↓ Acondicionamento do doce Fonte: MALTA (2014). O doce de leite produzido foi mais macio que o doce em barra, a etapa de concentração foi interrompida antes do término do processo, produzindo-se assim um produto tipo caramelo (ponto de puxa), como mostra a Figura 5. 23 Figura 5. Ponto do doce de leite. Fonte: MALTA (2014). 4.2 Processo de fabricação dos queijos Para a elaboração dos produtos, todos os utensílios foram devidamente lavados e imersos em solução de 100 ppm de cloro, por no mínimo 10 minutos. O leite in natura utilizado foi adquirido na Epamig, Sete Lagoas-MG. Para a elaboração dos queijos utilizou-se 38L de leite, sendo 30L de leite in natura e de 8L de leite desnatado ensacado, no intuito de reduzir o teor de gordura do leite para aproximadamente 3%. Após padronização, o leite foi pasteurizado de forma lenta (65 °C por 30 minutos) em panela por aquecimento a gás. Os queijos Minas foram produzidos conforme descrito no Fluxograma 2. Fluxograma 2. Fluxograma utilizado na fabricação dos queijos. Leite (in natura e desnatado) ↓ Padronização (Aproximadamente 3% de gordura) ↓ Pasteurização lenta (65°C/30 min.) ↓ Resfriamento (35°C) ↓ Adição de cloreto de cálcio (45 mL/100L) ↓ Adição de ácido lático (25 mL/100L) 24 ↓ Adição do coalho (9 mL/10L) ↓ Coagulação – repouso (50 minutos) ↓ Corte da coalhada ↓ Repouso (3 min) ↓ Mexedura (40 min) ↓ Dessoragem ↓ Pré-prensagem ↓ Enformagem Queijo sem recheio Somente massa do queijo Queijo com recheio Moldura da massa do queijo ao redor da fôrma Adição do recheio de doce de leite Prensagem (2kg/2 horas) ↓ Refrigeração (5°C) ↓ Desenformagem e salga seca ↓ Embalagem Fonte: MALTA (2014). A coagulação do leite para fabricação do queijo foi realizada em tanque de aço inoxidável e os cortes foram feitos com liras vertical e horizontal (Figura 6). 25 Figura 6. Corte da massa dos queijos produzidos. 5 Fonte: MALTA (2014). Foram produzidos oito queijos para as determinações físico-químicas, quatro com recheio de doce de leite e quatro sem recheio. Na etapa de enformagem, as fôrmas foram preenchidas por completo com a massa de queijo para os sem recheio. Para os recheados com doce de leite, a massa do queijo foi moldada ao redor da fôrma e colocou-se o recheio composto por uma mistura de 150 gramas de doce de leite e 50 gramas de massa de queijo dessorada. Em seguida, colocou-se massa de queijo por cima para cobrir o recheio de forma que este ficasse apenas no centro do produto. Para ambos os produtos foram realizadas as etapas de enformagem, prensagem e resfriamento. No dia seguinte, foi realizada a desenformagem, salga a seco e embalagem do produto em saco de polietileno. 4.3 Análises físico-químicas Os queijos com e sem recheio de doce de leite foram quarteados e homogeneizados com o auxilio de um mixer da marca Black & Decker. Todas as análises físico-químicas foram realizadas em triplicata. O queijo sem recheio, o doce de leite e o queijo recheado com doce de leite foram analisados individualmente pela mesma metodologia. Os parâmetros avaliados foram: - Determinação da umidade por método gravimétrico pela remoção de umidade por radiação infravermelha, baseado na diferença do peso do inicial e após a secagem, realizada na balança determinadora de umidade por infravermelho (Marte, modelo id 200) (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 2005). 26 - Determinação de resíduo mineral fixo (cinzas) por diferença do peso inicial e final, após incineração (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 2005). Após prévia secagem em estufa a 105 °C por duas horas, fez-se a incineração da amostra a uma temperatura de 550 °C em mufla até peso constante (aproximadamente seis horas). - Teor de proteína pelo método de Kjeldahl modificado (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 2005) multiplicado pelo fator de correção para leite que é de 6,38. Em primeiro momento, a amostra foi digerida com uma mistura digestora que consiste em ácido sulfúrico, sulfato de cobre e selênio em pó, a temperatura de 350 °C por aproximadamente seis horas. Depois a amostra é destilada e recolhida em solução de ácido bórico com indicador Tashiro. Logo em seguida é titulada utilizando-se solução de ácido clorídrico padronizado. - Teor de gordura pelo método de butirômetro (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 2005), adiciona-se a amostra dentro do butirômetro com ácido sulfúrico 62%, até preencher o gargalo fino do butirômetro, em seguida é aquecido em banho-maria a 65 °C por uma hora. Adiciona-se 1 mL de álcool iso-amílico completando o volume com ácido sulfúrico até 30% e retorna para o banho por mais cinco minutos, em seguida é centrifugado por 10 minutos para realizar a leitura em porcentagem de gordura. Não foi possível realizar a análise de gordura e gordura no extrato seco do doce de leite devido à falta de equipamento adequado. - Determinação da atividade de água (Aw) foi determinada a 25°C por leitura direta pelo equipamento Aqualab 4TE da Decagon Devices. O aparelho é um psicrômetro que utiliza a técnica do ponto de orvalho, quando começa a condensação da água da amostra mede-se a temperatura de um espelho resfriado. A atividade de água é a razão entre a pressão de vapor de saturação no ponto de orvalho pela pressão de vapor de saturação da amostra (DECAGON, 2014). 27 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 Análises físico-químicas As médias e os desvios-padrões obtidos nas análises de umidade, cinzas, proteína, lipídeos, gordura no extrato seco (GES) e atividade de água (Aw) para o queijo sem recheio, o doce de leite e o queijo recheado com doce de leite estão apresentados na Tabela 5. Tabela 5. Parâmetros físico-químicos do queijo Minas, doce de leite e quijo recheado com doce de leite e dados da Legislação. Parâmetro (%) Umidade Cinzas Proteínas Gordura GES4 Aw5 Queijo Minas Produto 1 38,10 ± 1,31 3,50 ± 0,03 23,93 ± 0,82 20,27 ± 0,29 32,74 0,981 Doce de Leite 2 1 Legislação Produto > 55,0 NI NI NI 25 – 44,9 NI 5,60 ± 0,10 1,18 ± 0,11 7,86 ± 0,41 ND ND 0,793 Legislação 3 Máx. 30% Máx. 2% Mín. 5% Mín. 2% NI NI Queijo recheado com doce de leite 28,7 ± 0,50 2,87 ± 0,17 17,12 ± 0,52 15,25 ± 1,26 21,38 0,951 1 Média ± Desvio Padrão; 2Brasil, 1997a; 3Brasil, 1997b;4Gordura no Extrato Seco;5Atividade de água. NI: Não informado; ND: Não determinado. Fonte: MALTA (2014). O teor de gordura para queijos é comumente expresso em GES. Este termo é calculado reduzindo a umidade do queijo e multiplicando pela quantidade de gordura obtida na análise (RODRIGUES, 2014). Portanto, os resultados obtidos foram de 32,74 e 21,38% para o queijo Minas e para o queijo Minas recheado com doce de leite, respectivamente. 5.1.1. Queijo Minas Hohendorff et. al. (2006) reportaram que o queijo Minas possui 54,1% de umidade, resultados similares foram obtidos por Silva e Ferreira (2010) que encontraram valores entre 55 a 63% de umidade. Pela legislação, o queijo Minas Frescal deve conter valores acima de 55% de umidade. O valor obtido no experimento foi de 38,1%, provavelmente, esta menor umidade ocorreu devido ao tamanho reduzido do grão no processo de corte da massa e a adição da etapa de prensagem, essas 28 modificações foram necessárias devido a necessidade de redução da umidade do queijo. Normalmente, na produção de queijo Minas Frescal, não há o refino da massa, resultando em grãos maiores. O queijo produzido poderia ser melhor classificado como queijo de média umidade, ou seja, queijo de massa semidura. Freitas et. al. (2012) analisaram queijos de duas marcas produzidos de forma convencional, obtiveram valores de 2,81 e 3,52% de cinzas, valores próximos aos encontrados neste estudo. Para o teor proteico, Silva e Ferreira (2010) obtiveram valores de 16 a 22%. Comparando com o resultado do queijo produzido (23,93%), pode-se observar que este se encontra ligeiramente acima. Na formulação de queijo recheado com doce de leite, este valor é reduzido para 17% de proteínas. Em relação ao teor de gordura, Hohendorff et. al. (2006) encontraram 28% e Silva e Ferreira (2010) reportaram teores de 14 a 27% de gordura. O valor obtido para o queijo Minas foi de 20,27% de gordura e a adição de recheio de doce de leite reduziu o teor para 15,25%. Para porcentagem de GES, Silva e Ferreira (2010) obtiveram valores entre 32 a 47%. Pela legislação vigente, o GES deve estar entre 25 e 44,9% para queijo Minas Frescal. O valor encontrado foi de 32,74%, para o queijo Minas estando dentro dos padrões encontrados na literatura e estabelecidos pela legislação. Além disso, o queijo produzido pode ser classificado como semi-gordo. O queijo Minas obteve uma alta atividade de água (0,981), considerando que o limite máximo é 1,0. Freitas et. al. (2012) relataram atividades de água de 0,988 e 0,987 para duas marcas de Queijo Minas Frescal. 5.1.2 Doce de leite Segundo a legislação vigente, o doce de leite caracteriza-se por um produto com pouca umidade, máximo de 30%, no mínimo 5% de proteína, com 6 a 9 % de gordura e no máximo 2% de cinzas (BRASIL, 1997b). O doce de leite em pasta contém de 16 a 29 20% de açúcar, já o em barra possui 25 a 35%, com isso, há uma maior concentração de açúcar, o que consequentemente, reduz sua umidade (MONTEIRO et. al., 2007). Os valores encontrados para o doce de leite produzido foram: 5,6% de umidade, 7,86% de proteína e 1,18% de cinzas. Mostrando que o produto estava de acordo com a legislação, caracterizando-o como um doce de leite em barra de baixissima umidade. Andrade (2014) analisou a atividade de água de vários alimentos e verificou que para os doces em barra e em pasta, os valores são de 0,73 e 0,84, respectivamente, a temperatura de 24 a 29°C. A Atividade de água obtida para o doce de leite fabricado para o recheio foi de 0,793, valor intermediário aos dois tipos de doce de leite. 5.1.3 Queijo Minas recheado com doce de leite Os valores obtidos para os parâmetros físico-químicos do queijo Minas recheado com doce de leite foram sempre intermediários aos valores encontrados para o queijo Minas e para o doce de leite analisados isoladamente. Estes resultados estão dentro do esperado, já que o produto foi uma mistura dos dois produtos. Não foi possível comparar seus resultados com a literatura, pois é um produto totalmente novo. Com relação à consistência, o queijo produzido corta-se facilmente, obteve média umidade, podendo ser classificado como um queijo semi-duro, semi-gordo, fresco (não houve maturação) e de textura fechada, pois não continha olhaduras. 30 6. CONCLUSÃO O processo de prensagem e redução do tamanho dos grãos reduziram a quantidade de água no produto, tornando-o um queijo semi-duro. Os valores encontrados para o doce de leite classificam o recheio como um doce de leite em barra de baixa umidade. Os valores físico-químicos encontrados para o queijo Minas recheado com doce de leite foram característicos para uma mistura dos dois produtos. Este novo produto poderia ser classificado como um queijo semi-duro, semi-gordo, fresco e textura fechada. 31 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, A. Fundamentos da conservação de alimentos. Disponível em: < http://www.ct.ufpb.br/laboratorios/lta/index.php/textos-didaticos/fundamentos-daconservacao-do-alimento> Acesso em: 28 Nov. 2014. BRASIL. 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Aprova o Regulamento Técnico de Produção, Identidade e Qualidade do Leite tipo A, o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Leite Cru Refrigerado, o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Leite Pasteurizado e o Regulamento Técnico da Coleta de Leite Cru Refrigerado e seu Transporte a Granel, em conformidade com os Anexos desta Instrução Normativa. CRIVELARO, T. R. Vocês sabem qual é o queijo mais saudável? 2014. Disponível em: <http://saberepoder57.blogspot.com.br/2014/06/voces-sabem-qual-e-o-queijomais.html> Acesso: 16 Dez. 2014. DECAGON, Devices Inc. Aqualab – Water Activity Meter – Operator’s Manual. Versão: 16/09/2014. DEITOS, A. C.; MAGIONNI, D.; ROMERO, E. A. Produção e Qualidade de Leite de Vacas de Diferentes Grupos Genéticos. Revista: Campo Digit@l, v. 5, n. 1, p. 2633, Campo Mourão, dez., 2010. 32 FERREIRA, C. L. F. Produção de Iogurte, Bebida Láctea, Doce de Leite e Requeijão Cremoso. Minas Gerais: Viçosa. CPT, 2006, 160p. FERREIRA, C. L. F. 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