POLÍTICA 24 ANOS/ Período marcou fim da Ditadura Militar com a escolha de um civil para presidente Colégio eleitoral paraibano votou em Tancredo na última eleição indireta ADJA BRITO N a quinta-feira passada, dia 15, se comemoraram os 24 anos da última eleição indireta para presidente da República. Mesmo indireta, a eleição foi recebida com entusiasmo pela maioria dos brasileiros, porque o período marcou o fim da ditadura militar, com a transferência pacífica do Poder Executivo aos civis, sem que isso ocasionasse uma ruptura da ordem social vigente e nem qualquer punição às Forças Armadas pelas violações dos direitos humanos perpetradas pelos órgãos de repressão. O Colégio Eleitoral no Congresso Nacional elegeu Tancredo Neves, pela Aliança Democrática, que disputou com Paulo Maluf, representante do Partido Democrático Social (PDS). Assim, Tancredo Neves seria o primeiro presidente brasileiro civil, desde o golpe de 1964. Tancredo não assumiu o cargo por problemas médicos e o seu vice José Sarney tomou posse. Entre os representantes do Colégio Eleitoral, 19 eram da Paraíba. “Foram 493 votos para Paulo Salim Porém, de acordo com o ex- Maluf e 350 para Mário Andreazza, deputado e advogado Francisco de fato esse que motivou o racha do Assis Camelo, outro fato que cha- partido, dando origem à chamada mou a atenção na época foi a con- Frente Liberal (depois PFL, atual venção nacional do PDS para saber Democratas). Inconformados com quem concorreria à Presidência da a derrota, os correligionários de República. A disputa foi entre o de- Andreazza passaram a apoiar o putado federal Paulo candidato da oposiMaluf (SP) e o então Na época, o ção Tancredo Neves. ministro do Interior, Com isso, além dos Mário Andreazza. “A atual deputado aliancistas, Tancreconvenção tava tão Wilson Braga, que do recebeu os votos acirrada que o cená- era governador, dos convencionais rio e as atenções em do PDT, de dissidenBrasília se dividiam apoiou tes do PDS e do PT”, entre os correligioná- Paulo Maluf lembrou o advogado rios de Maluf e os de Assis Camelo, destaAndreazza. O então cando que Tarcísio deputado Antônio Gomes me in- Burity - deputado pelo PDS - foi um dicou para ser convencional e votar dos dissidentes e votou em Tancreem Maluf e assim o fiz”, comentou do Neves. Assis Camelo, que na época era O ex-deputado frisou que a chefe da Casa Civil do governador transição do regime militar para o Wilson Braga, que apoiava Paulo regime civil merecia um homem Maluf. que tivesse habilidade e que TanFrancisco de Assis Camelo lem- credo Neves foi capaz de agregar os brou que, na convenção, Paulo Ma- militares e os civis para seu lado.“A luf conseguiu uma vitória expres- transição não poderia ser traumásiva, derrotando Mário Andreazza. tica. Com uma habilidade que lhe 5 PARAÍBA, DOMINGO, 18 DE JANEIRO DE 2009 era peculiar, o mineiro Tancredo Neves reuniu todos em sua volta. Trouxe logo para ser seu vice José Sarney. Ele foi, sem dúvida, preciso e soube, muito bem, lapidar o diamante que se jogara em suas mãos. Conquistou logo a sociedade com a frase: ‘Eu sepultarei este processo. Esta será a última eleição indireta’”, lembrou Assis Camelo. Diante deste quadro, Tancredo Neves chegou eleito ao Congresso Nacional - onde se realizaria a votação do Colégio Eleitoral - na manhã do dia 15 de janeiro de 1985. Ao final, Tancredo vence Maluf por 480 votos contra 180, tendo sido registradas 17 abstenções e nove ausências. O novo presidente obteve 231 votos da bancada do PMDB, 113 do PFL, 65 do PDS, 27 do PDT, onze do PTB e três do PT. Entre os paraibanos, Tancredo Neves obteve 12 votos e Paulo Maluf ficou com sete. A vitória de Tancredo foi entusiasticamente recebida pela população e é tida ainda hoje como uma das mais complexas e bem-sucedidas operações políticas na história política do Brasil. CláudioHumberto Linha direta com a coluna: [email protected] MINISTÉRIO NÃO PAGA A TERCEIRIZADOS O ministro Carlos Lupi (Trabalho) reclama das demissões no setor privado, ameaça retaliar as montadoras cujos bancos receberam ajuda do governo Lula, mas seu próprio ministério desrespeita o direito mais elementar do trabalhador: receber salários. Duzentos funcionários terceirizados do Ministério do Trabalho, contratados pela empresa Conservo, não recebem salários desde dezembro. Tampouco o 13º. Lista negra A Conservo está na lista negra da Controladoria Geral da União (CGU), sob a suspeita de fraudar licitações. À beira de um ataque Nervosa, a chefe de Recursos Humanos da Conservo disse à coluna que não dará “satisfações à imprensa”. E às vítimas do calote, nada? Yellow submarine Com o companheiro Hugo Chávez, na Venezuela, Lula visitou o complexo agropecuário “El Dilúvio”. Deve ter se sentido em casa... Praia da fortuna Angra dos Reis (RJ) aumentou o salário do prefeito para R$ 23 mil e seus quinze auxiliares mais importantes ganham agora R$ 15 mil. PODER SEM PUDOR DIVULGAÇÃO Disputa entre João Agripino e Ruy Carneiro RIZEMBERG FELIPE O historiador José Octávio de Arruda Mello, autor do livro História da Paraíba: Luta e resistência, que está na sua 11ª edição, lembrou que, na Paraíba, a última eleição direta para governador,antes do longo período de eleições indiretas, aconteceu em 1965. A disputa ocorreu entre os senadores João Agripino (UDN, PSP, PL, PDC, entre outros) e Ruy Carneiro (PSD, PTB, PSB) e foi marcada pelo acirramento. No final da apuração, foi vitorioso o senador udenista João Agripino que não chegou a dois mil votos de maioria, conforme informou o professor da Universidade Federal da Paraíba, José Octávio. Comentando sobre os partidos políticos, o professor da UFPB disse que há um equívoco em pensar que o movimento de 64 extinguiu imediatamente os partidos políticos. “Isto não é verdade. Apesar de todas as cassações, os partidos permaneceram até a publicação do Ato Institucional Número Dois, ou AI-2, que foi mandado cumprir pelo presidente Humberto de Alencar Castelo Branco no dia 27 de outubro de 1965. Ele foi baixado em consequência dos resultados das eleições de 1965, em que o PTB e o PSD venceram. É destacável a eleição de Israel Pinheiro ao governo de Minas Gerais, assim como a vitória de Negrão de Lima na eleição da Guanabara. O AI-2 ficou vigente até 15 de março de 1967, sendo substituído pela nova Lei de Segurança Nacional e pela Constituição de 1967, que eram complementares. Futuramente nem a nova constituição vingaria, sendo revogada pelo AI-5”, lembrou o historiador. A partir de 1965 começou o bipartidarismo, com a Arena (Aliança Renovadora Nacional), considerado partido de direita e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), que era de esquerda. Foram 12 anos, entre 1966 e 1979. “Assim, os partidos extintos (UDN, PSD, PTB, PSB, PSP, entre outros) Encontro marcado Nos anos 70, o economista Mangabeira Unger participou de um debate do MDB. Ele é brasileiro, mas após uma temporada nos EUA adquiriu sotaque mais carregado que de turista americano. Dias depois, o deputado Marcus Cunha, do MDB, recebeu um telefonema. O sotaque inconfundível de Unger solicitava um encontro no dia seguinte, no cafezinho da Câmara. Unger também receberia telefonema de um Marcus Cunha propondo encontro no mesmo lugar. Na hora marcada, cada um quis saber o motivo do convite. – Mas foi você que me convidou – espantou-se Unger. – Não, foi você que me ligou – respondeu Cunha. Ali perto, saboreando um cafezinho, um deputado do Paraná se divertia com a cena. Era o brincalhão Maurício Fruet, exímio imitador de vozes. JOSÉ OCTÁVIO Livro traz relatos da última eleição, antes do militarismo foram obrigados a se reorganizar entre dois grupos: um alinhado com o governo militar e outro na oposição. Nesta época, o MDB se habilita a ganhar nas capitais. Foi aí que o regime militar extinguiu as eleições para governador em capitais. Os governadores passaram a ser indicados pelo Governo Federal e depois referendados em votação indireta pelas Assembleias Legislativas. As eleições para governador e vice-governador passaram a ser novamente diretas e realizadas na mesma data para a eleição de senadores, deputados estaduais e federais a partir de 1982”, disse José Octávio Mello. (AB) Ciclo de governadores começa com Ernani Sátiro O historiador José Octávio de Mello - membro da Academia Paraibana de Letras - comentou ainda que com o Ato Institucional Número três, ou AI-3, estabelecendo eleições indiretas, também para governador (período de 1966-1982) foi indicado para governar a Paraíba Ernani Sátiro, que fica no poder até 15 de março de 1975.“Sátiro foi substituído por Ivan Bichara, que foi seguido por Dorgival Terceiro Neto. E aí, em 1978, temos o último governador indicado pelo sistema militar, trata-se de Tarcísio de Miranda Burity, que concluiu seu mandato em 1983”, comentou. Com a volta da eleição direta, lembrou José Octávio, em 15 de novembro de 1982 aconteceu o grande embate político-partidário da Paraíba, com três candidatos concorrendo ao cargo de governo do Estado: Wilson Braga, Antônio Mariz e Derly Pereira pelo PT. “O pleito de 1982 apresentava-se como o maior da história do país. O eleitor teria seis cargos para escolher o candidato de sua preferência: governador, senador, deputado federal, deputado estadual, além de prefeito e vereador. Era a retomada da democracia, pois os partidos criados pela reforma de 1979 estariam nas urnas, políticos cassados haviam retornado e a disputa para governador voltava a ser direta depois de quase 20 anos e, na sua volta, Wilson Braga vence na Paraíba”, relembrou o professor. José Octávio explicou que em meio a um regime de transição entre militar e civil, acontece em 1985 a grande campanha pelas Diretas Já, referindo-se à escolha para Presidência da República. Em 1986, três candidatos ao governo da Paraíba entram em cena e o PMDB sai vitorioso com Tarcísio Burity, que disputou o pleito com Marcondes Gadelha (PFL) e Carlos Alberto (PT). Em 1990, o PMDB continua seu domínio, desta vez com Ronaldo Cunha Lima, que venceu no segundo turno. O peemedebista concorreu ao cargo de governador com: João Neto (PDS), Wilson Bra- ga (PFL), Juracy Palhano (PDT) e Genival Veloso (PT). “Wilson Braga vence no primeiro turno, no entanto, no segundo turno, os demais candidatos se unem com Ronaldo e conseguem derrotar Braga”, disse o historiador. Em 1994, Antônio Mariz (PMDB) é eleito, logo em seguida é substituído pelo seu vice José Maranhão (PMDB), que, em 1998 se elege governador numa disputa com Gilvan Freire (PSB). O PMDB domina o governo da Paraíba até 2002, quando Cássio Cunha Lima, do PSDB, consegue expressiva vitória, no segundo turno, contra Roberto Paulino (PMDB). O governador tucano é reeleito em 2006, no segundo turno, em uma disputa emocionante contra o senador peemedebista José Maranhão. (AB) José Dirceu: fim de ano ‘dos deuses’ O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, que agora passeia em Nova York por cerca de três semanas, curtiu um final de ano “dos deuses”, em uma casa na bela praia de Carneiros, litoral sul de Pernambuco. As mordomias para o ex-deputado petista, típicas de celebridades, incluíram um chef de cousine e um garçom exclusivos, recrutados em Brasília. Isso sem contar a invejável carta de vinhos da Expand à sua disposição. A marolinha espera Desde que voltou das férias, o presidente Lula tem-se ocupado mais com a sucessão nas presidências da Câmara e Senado do que com a crise. Conspiração Na iminência do ostracismo, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, ainda conspira para substituir o ministro José Gomes Temporão (Saúde). Perguntar não exila Com tanto produto genuinamente nacional, precisava importar uma mala sem alça da Itália? Arredondou Para o ex-ministro Fernando Lyra “o poder é afrodisíaco”, mas seu conterrâneo José Múcio concluiu que o poder apenas engorda: ganhou 8 kg desde que assumiu o cargo de ministro de Relações Institucionais. Blindagem antecipada Economistas vêem como“blindagem” a compra de metade do Votorantim pelo Banco do Brasil. Temem uma suposta “bolha” de financiamento de automóveis prestes a explodir no banco de Antônio Ermírio de Moraes. Boca maldita 148946 O Brasil é o único país do mundo com três chanceleres: o oficial, Celso Amorim, e dois da boca para fora: Marco Aurélio top-top Garcia e o “peremptório” Tarso Genro. E bota boca nisso... Amor de filha A deputada Luciana Genro (PSol- 149182 “ RS), que não recebeu o apoio do pai, ministro Tarso Genro (Justiça), nas eleições de 2008, diz apoiar a decisão dele de conceder asilo político ao ex-terrorista Cesare Battisti. Sacoleiros Seguindo os conselhos de Lula, os brasileiros foram às compras. Em Miami, Atlanta e Nova Iorque, o que mais se vê neste início de ano é brasileiro carregando sacola, numa felicidade só. Parecem pinto no lixo. Sempre ele Um dos principais defensores do terrorista italiano Cesare Battisti, agora sob a proteção do governo Lula, é o ex-deputado Luiz Eduardo Grenhalgh (PT), advogado favorito de gente da mesma laia. Fundo do poço O nazista Josef Mengele, o mafioso Tommaso Buscetta, o ladrão Ronald Biggs, o ditador Alfredo Stroessner e agora o assassino Cesare Battisti. No paraíso dos criminosos, só falta o governo oferecer asilo a Bin-Laden ou dar título de entidades pilantrópicas ao Hamas e ao Hezbollah. Partido do Minc O ministro Carlos “Adorador de Holofotes” Minc é simpático ao “Partido dos Defensores da Ecologia”, articulado por Walter Bonetti, que teve 2.898 votos para deputado federal pelo PRTB de São Paulo, em 2006. Pensando bem... ...é caso de hospício o asilo do terrorista italiano Cesare Battisti. Vou vencer essas eleições, pode escrever isso aí” - Tião Viana (PT), muito otimista sobre sua candidatura à Presidência do Senado