DEZEMBRO 2010 – ANO 10 – EDIÇÃO 42
CONQUISTAS
ANL 2010
A ANL APRESENTA UM BALANÇO DO
ANO DE 2010. ACOMPANHE AS PRINCIPAIS
ATIVIDADES, EVENTOS E CONQUISTAS DO
SETOR LIVREIRO BRASILEIRO.
U M A M E N S A G E M E S P E C I A L PA R A V O C Ê N A P Á G I N A 3 2
ENTREVISTA
José Luiz Goldfarb, à frente
de um dos prêmios mais
tradicionais da literatura
brasileira, nos fala sobre o
Prêmio Jabuti e sua inserção ao
Mundo do Livro.
LIVRARIA MODELO
A Livraria Escariz de Aracaju/SE nos conta sua trajetória. De uma Banca de
Revistas em 1985, a uma das principais redes de livrarias de seu Estado.
LINHAS DE CRÉDITO ESPECIAIS
Sebastião Macedo Pereira, economista que desenvolve os projetos de
financiamento ao BNDES e outras instituições, fala sobre regras básicas para
quem busca um financiamento junto ao BNDES.
NESTA EDIÇÃO
EDITORIAL
A ANL termina mais um ano com conquistas e efetivações de
antigas reivindicações. Sabemos que muito ainda há de vir,
mas podemos dizer, num balanço geral, que o ano de 2010 nos
deixa um saldo positivo.
A Revista ANL, em sua edição de dezembro, traz um balanço
das mais importantes atividades, conquistas e eventos desenvolvidos durante este ano. Entre eles: o 1º Encontro ANL de
Livreiros Independentes; a efetivação do programa de Cursos
de Formação de Capacitação de Livreiros da ANL; a concretização do Buscalivros; a apresentação de nosso segundo Diagnóstico do Setor Livreiro; a entrega da 3ª edição do Anuário Nacional de Livraria; a
participação da ANL no IV Congresso Iberoamericano de Libreros; o Levantamento
Anual do Segmento de Livreiras; a aprovação da Desoneração para Pequenas Livrarias;
o nosso maior apoio e presença nos principais eventos do livro em todo o país; o sucesso da 20ª Convenção Nacional de Livrarias; a contemplação das pequenas e médias
livrarias nos editais do ProCultura; a presença na mídia nacional, cada vez mais forte;
entre outras ações de igual importância.
As conquistas não foram apenas da Entidade. O setor se mexe e cresce. Um bom
exemplo é a Livraria Escariz, de Aracaju/SE, que conta sua história de sucesso na seção
Livraria Modelo. Mas sabemos que nem tudo é só calmaria e, por isso, nossa luta é
constante e incansável.
Segundo as duas últimas pesquisas do setor do livro no país, o número de livrarias cresceu 11,12% e continuamos como o mais importante canal de venda de livros, com 40%
do setor. No entanto precisamos observar que cada vez mais as livrarias concentram-se
em grandes centros. Mais de 70% das livrarias brasileiras têm até 2 lojas (63% apenas 1),
mas representam apenas 30% do faturamento total do setor de livrarias, hoje na marca
dos 2 bilhões de reais/ano. Faturamento este que agrega 2.980 livrarias espalhadas pelo
país, representando em média, no país, 1 livraria para cada 64.255 habitantes, muito
aquém do sugerido pela UNESCO que seria 1 livraria por cada 10 mil habitantes.
Por isso e por tantos outros motivos e intempéries do setor, temos que ficar atentos a
tudo o que acontece em nosso meio, como o Livro Eletrônico, por exemplo. Temos
consciência de que ele tem suas vantagens, de que virá para ficar e vamos nos preparar
para ele. Como nos diz José Luiz Goldfarb, curador do Prêmio Jabuti, que concede entrevista exclusiva nesta edição da Revista ANL, temos que conhecer este novo leitor que
surge e que é chamado de nativo digital.
Mas, seja qual for o formato do livro, somos, de fato, um povo que sempre quando há
oportunidade, busca a leitura, seja através das livrarias, dos sebos, da venda online, das
bibliotecas e dos eventos literários regionais e nacionais. Se assim não fosse, a Bienal de
SP não teria arrebatado mais de 700 mil visitantes em 10 dias (o primeiro dia do evento
foi aberto apenas para profissionais do livro, agregando cerca de 5 mil visitantes). Esta
demanda está por aí, no dia-a-dia, e cabe a nós, o principal canal de vendas de livros no
país, inovar e sobreviver, trazendo este público leitor até nós.
Assim nos despedimos de 2010 com um balanço positivo, com esperança de que o novo
Governo amplie, ainda mais, as ações específicas e dirigidas para as Livrarias e com o
sentimento de que nos falta muito o que conquistar. Para isso é fundamental uma Associação Nacional de Livrarias cada vez mais forte e representativa. E você é peça fundamental, prestigie e seja mais atuante junto a sua Associação.
Boas Festas e Feliz 2011!
Vitor Tavares
Presidente ANL
4
6
CALENDÁRIO
ENTREVISTA
José Luiz Goldfarb
à frente de um dos prêmios mais tradicionais da
literatura brasileira
LIVROS QUE FALAM SOBRE LIVROS & AFINS
O Livro na Era Digital
A Aventura do Livro Experimental
Autores e Ideias
10
11
LIVRARIA MODELO
12
Livraria Escariz, em 1985 uma banca de revistas,
FORMAÇÃO DE LEITORES
O Café com Leitura da Livraria Cortez
hoje uma referência de sucesso em Aracaju/SE
14
CURTAS & BOAS
15
MATÉRIA DE CAPA
18
CONQUISTAS
ANL 2010
FINANCIAMENTOS
Linhas de crédito especiais para o Livreiro
22
ESPAÇO CONHECIMENTO
24
Como promover a sua loja virtual
CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL
26
Cursos de Formação e Capacitação de Livreiros
ENTIDADES DO SETOR
27
FEIRAS
29
LIVREIROS INDEPENDENTES
33
Carta Aberta Aos Deputados Estaduais E Federais,
ARTIGO
O Futuro do Livro é o Híbrido
Senadores, Governadores E Presidente Da República
E Ao Público Em Geral
NOVOS ASSOCIADOS
34
EDIÇÃO 42 • REVISTA ANL • 3
EXPEDIENTE
CALENDÁRIO DE REUNIÕES DE DIRETORIA
14 15 15 19
DEZ 2010
FEV 2011
MAR 2011
ABR 2011
CALENDÁRIO DE DATAS COMEMORATIVAS
Dezembro de 2010
10 - Declaração Universal
dos Direitos Humanos
13 - Dia do Marinheiro
25 - Natal
29 - Dia Internacional da
Biodiversidade
Janeiro de 2011
01 - Dia Mundial da Paz
Confraternização Mundial
07 - Dia da Liberdade de Cultos
08 - Dia do Fotógrafo
24 - Dia Nacional dos Aposentados
Fevereiro de 2011
07 - Dia do Gráfico
10 - Dia do Atleta Profissional
14 - Dia da Amizade
27 - Dia dos Idosos
PRESTIGIE SUA REVISTA ANL – PARTICIPE DELA – FALE CONOSCO
A ANL disponibiliza para seus associados e interessados em conhecer mais sobre a Associação o Fale
Conosco. Por meio deste Canal de Comunicação, os associados poderão tirar suas dúvidas, obter
informações sobre os eventos e demais atividades da Associação, além de enviar cartas à redação da
Revista Informativo da ANL. Participe, dê sua opinião, sugestões e críticas.
Você pode participar do Fale Conosco por diversos meios:
Por carta: Sede da Associação Nacional de Livrarias (ANL) na Rua Marquês de Itu, 408 – cjs 71,72,73
CEP 01223-000 - São Paulo SP - A/C Francini (secretária)
Por telefone: (11) 3337-5419 – Por e-mail: [email protected]
DIRETORIA E CONSELHO FISCAL DA ANL
Biênio 2009/2011
PRESIDENTE: Vitor Tavares da Silva Filho – Livraria Loyola
1° VICE-PRESIDENTE: Francisco Ednilson Xavier Gomes – Livraria Cortez;
2° VICE-PRESIDENTE: Solange Jacob Whehaibe – Livraria Veredas.
1° SECRETÁRIO-GERAL: Milena Piraccini Duchiade – Nova Livraria
Leonardo da Vinci;
2° SECRETÁRIO-GERAL: Samuel Seibel – Livraria da Vila.
1° TESOUREIRO: Augusto Mariotto Kater – Livraria Ave Maria;
2° TESOUREIRO: Mauro Lopes de Azevedo – Livraria Revista dos
Tribunais.
DIRETORES ADJUNTOS: Arcângelo Zorzi Neto – Livraria do Maneco;
Magda Krauss de O. Freitas – Casa Cultural Saber Ler Livraria; Marcus
Teles Cardoso de Carvalho – Livraria Leitura; Maria do Socorro
Sampaio Flores – Livraria Feira do Livro; Primo Luiz Maldonado –
Livraria Multicampi; Renato Francisco Corrêa – Livraria Paulinas; e
Teobaldo Heideman – Livraria Vozes.
CONSELHEIROS FISCAIS: Bernardo Gurbanov – Livraria Letraviva; Claudio
Amadio – Livraria Cidade do Livro; e João Scortecci – Livraria Asabeça.
SUPLENTES: João Batista Sobrinho – Livraria Pedagógica Paulista;
Marcos Pedri – Livrarias Curitiba; e Marylene Baracchini – Livrarias
Paraler.
REVISTA ANL
Órgão Oficial
DEZEMBRO – ANO 10 – EDIÇÃO 42
PERIODICIDADE
Trimestral
DIRETOR RESPONSÁVEL
Vitor Tavares
CONSELHO EDITORIAL
Augusto M. Kater; Ednilson X. Gomes; João Batista Sobrinho;
Mauro Lopes Azevedo e Renato Corrêa.
PRODUÇÃO EDITORIAL
MGA Comunicações — (11) 2991-2934
www.mgacomunica.com.br
[email protected]
EDITORA
Marilu G. do Amaral (Mtb 14.830)
REPÓRTER
Carina Gonçalves
REVISOR
Vinícius Trindade
EDIÇÃO DE ARTE E CAPA
Sergio Fernandes Comunicação (@sergiofernandes)
PAPEL
Esta revista foi impressa em Papel Chamois Bulk Dunas 90
g/m², fabricado pela MD Papéis em harmonia com o meio
ambiente.
CTP, IMPRESSÃO E ACABAMENTO
Instituto Brasileiro de Edições Pedagógicas Ltda. (IBEP)
TIRAGEM
6 mil
CIRCULAÇÃO
Nacional
SECRETÁRIA DE REDAÇÃO E PUBLICIDADE
Francini Ramalho
SEDE DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE LIVRARIAS
Rua Marquês de Itu, 408 – cjs. 71,72,73
CEP.: 01223-000 São Paulo SP
Tel.: (11) 3337-5419
e-mail: [email protected]
CARTAS DO LEITOR
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4 • REVISTA ANL • EDIÇÃO 42
ENTREVISTA
JOSÉ LUIZ
GOLDFARB
À FRENTE DE UM DOS PRÊMIOS MAIS
TRADICIONAIS DA LITERATURA BRASILEIRA
ANL – Goldfarb, como foi sua primeira incursão pelo livro, como tudo começou?
José Luiz Goldfarb – Tudo começou em
1983, quando voltei para o Brasil — fui para
o Canadá muito cedo, aos 21 anos, completar meus estudos para meu ingresso no
mundo acadêmico, no qual permaneço até
hoje — e conheci Mário Schenberg (1914
-1990), professor cassado pela ditadura militar, uma figura muito importante da história
da ciência, da política e da crítica de arte
no Brasil. Passei a ter uma interação muito
grande com este professor e, de certa forma,
eu me tornei editor para disseminar o pensamento do Mário Schenberg. Em 1984
fundo a Editora Nova Stella e lançamos o
livro Pensando a Física, uma coletânea de
aulas, de palestras e conferências que ele
ministrou na USP.
Mesmo tendo a convicção de ser um predestinado ao mundo acadêmico, em pouco
tempo eu estava bastante envolvido com a
promoção em vendas de livros e em 1985
assumi a Livraria Belas Artes passando, então, a ter uma atividade dupla de professor
acadêmico/universitário e editor/livreiro. E
assim começou, mas na verdade, até então,
eu não tinha nenhuma pretensão de trabalhar no mercado editorial.
6 • REVISTA ANL • EDIÇÃO 42
ANL– Seu encontro com o Prêmio Jabuti já
foi como curador?
José Luiz Goldfarb – Logo após assumir a
livraria fui convidado a integrar a diretoria
da Associação Nacional de Livrarias (ANL),
quando a gestão era de Armando Antoningi.
Na época a ANL funcionava dentro da sede
da Câmara Brasileira do Livro (CBL). Em
1990, participo, pela primeira vez, do Encontro dos Editores e Livreiros (os eventos
eram em conjunto entre a CBL e a ANL),
e nesta ocasião acabei conhecendo a diretoria da CBL e me tornei mais próximo à
entidade. Já no ano seguinte, sou convidado
a integrar a diretoria da CBL. Naquele momento havia um certo vácuo em relação à
coordenação do Prêmio Jabuti, e as pessoas
que estavam à frente, cuidando por muito
tempo do Prêmio, tinham se afastado, fui
então ficando mais próximo a CBL.
Na verdade quem assumiria a curadoria,
neste primeiro momento, não seria eu, um
ingressante na entidade e, sim, Marcos Gasparian (da Paz e Terra) que, a princípio, estaria mudando-se para São Paulo, e eu iria
auxiliá-lo. Mas, já na primeira reunião do
Jabuti, ele não pôde comparecer e comunicou que, por uma série de razões estruturais,
teria que voltar para o Rio de Janeiro e que
não poderia mais cuidar do Prêmio. Acabei
assumindo.
Fica, mais uma vez, claro que meus encontros com o livro e a literatura sempre ocorreram de uma maneira leve e nada muito
estrategicamente preparado. A vontade de
fazer aquilo que eu acreditava foi me levando
para o mundo das letras, mas sempre continuei ligado ao mundo acadêmico.
ANL – Quais as principais mudanças no
Prêmio, nestes mais de 50 anos?
José Luiz Goldfarb – Na época coloquei
algumas condições à diretoria para que pudesse, de fato, dar um upgrade ao Prêmio
para que ele crescesse. O Jabuti já era muito
importante quanto ao mérito, mas o número de participantes era muito pequeno. Média até então de 300 inscritos por ano. Em
2010 atingimos o numero de 3 mil.
A CBL passa a destinar uma verba específica para o Jabuti, de modo que ele pudesse
entregar uma premiação em dinheiro e não
apenas o troféu, como acontecia até então.
Começamos com 4 mil reais, passamos para
6, 8 mil, sempre no ritmo de Jabuti, com
calma e persistência, e, hoje, entregamos um
montante de mais de 100 mil reais, no total
da premiação.
‘‘
Foto: Divulgação
O editor passou a valorizar mais os prêmios literários brasileiros. É grande a
quantidade de menções que o Prêmio Jabuti tem em qualquer referência sobre
os livros e os autores premiados. Ele passou a ser um diferencial, um marco para
a obra, seu autor e seu editor. Nas livrarias percebemos, também, numa ação
conjunta entre as editoras e as livrarias, um maior destaque para os livros premiados. Eles têm percebido que a ampla divulgação que a mídia tem dispensado para os
principais prêmios, nacionais e internacionais, de literatura, leva o leitor a procurar as
obras e isso reflete diretamente nas vendas.
José Luiz Goldfarb é, deste 1991, curador do Prêmio Jabuti
Outra mudança importante foi criar recursos para pagarmos o jurado — tornando assim a avaliação mais profissional — até então,
o jurado era composto por voluntários do
setor. Deste modo, o Jabuti, diferentemente
dos demais prêmios do setor, tem, independentemente de seus patrocinadores, um
orçamento equilibrado, entre o que arrecada
nas inscrições e os custos para sua realização.
Lembrando que temos, ainda, uma verba da
própria Entidade. Este é um dos motivos
de nunca darmos um salto muito grande
em termos de valores. O Prêmio tem uma
história e uma credibilidade consolidadas
que de certa forma minimizam o fato de ele
não ter um prêmio muito alto em dinheiro.
ANL – Podemos dizer que ele é um dos
precursores da premiação de literatura no
país? Quais os demais prêmios tradicionais
no Brasil?
José Luiz Goldfarb – Sim, o Jabuti é um
dos precursores. Durante muitas décadas,
como um prêmio do mercado editorial,
diferente da tradicional premiação da Academia Brasileira de Letras (ABL) que sempre foi mais restrita aos escritores, o Jabuti
valoriza o livro publicado
comercializado e, por este
motivo, durante muito tempo
teve um caminho solitário.
Hoje é um Prêmio consolidado em todos os sentidos, no
mercado, na mídia e junto ao
público em geral.
Nos últimos 10 anos, tivemos
uma maior diversificação, não
apenas de prêmios, mas de
eventos envolvendo o livro
no Brasil. A Festa Literária em
Parati (Flip), no RJ, foi uma
primeira experiência fantástica, provocando um aumento no número de festas literárias pelo Brasil afora, além das tradicionais
Bienais de São Paulo e do Rio de Janeiro e da
Feira de Porto Alegre. Começam, então, a
pipocar e a se multiplicar as festas literárias e
junto com elas uma série de prêmios. Algumas ótimas premiações surgiram, mas não
ficaram como o da Nestlé; e outras se consolidaram como o Portugal Telecom e o do
Prêmio São Paulo de Literatura.
Como curador do mais tradicional Prêmio
do mercado do livro brasileiro, nunca encarei a concorrência como algo negativo,
muito pelo contrário, acho que o Jabuti
cumpriu e cumpre seu papel de não deixar
a “peteca cair”, de dar continuidade e abrir
espaço para a premiação do setor. Quanto
mais prêmios de qualidade, mais colocaremos em evidência a produção editorial de
nosso país.
ANL – Em que o Jabuti se difere dos demais prêmios?
José Luiz Goldfarb – A ininterrupta continuidade do Jabuti, sempre com qualidade
é, sim, um grande diferencial. O Jabuti é o
único prêmio que prestigia, de uma única
vez, toda a produção literária e seus diversos
segmentos. Mesmo que às vezes torne a festa
da premiação um pouco mais pesada, com
uma média de 20 categorias, passando pela
capa, tradução, ilustração, textos e diversos
segmentos literários, esta é a missão do Jabuti, prestigiar a todos aqueles que investem no
desenvolvimento destes textos. Importante
destacar que a escolha destas categorias
acompanha o que o mercado ditar.
ANL – As premiações no Brasil interferem
nas vendas dos livros? Com sua experiência de livreiro, quando esteve à frente
da Livraria Belas Artes, entre os anos de
1985 e 2003 — uma das mais tradicionais
livrarias independentes, em sua época,
que ainda nos deixa saudade, localizada
na cidade de São Paulo — como a Livraria
pode trabalhar os livros premiados no
Brasil e no exterior?
José Luiz Goldfarb – No caso do Jabuti,
por exemplo, percebemos sim, que o editor, o mercado, passou a valorizar mais o
Prêmio e destacá-lo na capa das próximas
edições. É, ainda, impressionante a quantidade de menções que o Jabuti tem em
qualquer referência sobre livro e autores
premiados. Ter sido premiado passou a ser
um diferencial, um marco fundamental para
a obra, seu autor e seu editor.
Nas livrarias percebemos, também, numa
ação conjunta entre as editoras e as livrarias,
um maior destaque para os livros premiados,
com vitrines especiais somente para o Jabuti.
Eles têm percebido que a ampla divulgação
que a mídia tem dispensado para os principais prêmios, nacionais e internacionais, de
literatura, levam o leitor a procurar as obras,
e isso reflete diretamente nas vendas.
EDIÇÃO 42 • REVISTA ANL • 7
ENTREVISTA
Mas, embora a produção literária brasileira
seja muito boa, sabemos que o processo de
vendas de livros no Brasil é, ainda, muito
complexo e esbarra na falta de hábito da
leitura, incluímos aí as obras de ficção e
literatura. Este nível de leitura ainda está
muito abaixo do desejado. A grande missão do Jabuti, de todos os tempos, é divulgar a qualidade literária brasileira, para que
ela se torne mais popular, mais próxima da
população geral, para provocarmos, indiretamente, maiores tiragens.
Outras ações podem ser desenvolvidas, na
busca de disseminar as obras premiadas. Os
autores, aqui em São Paulo, são convidados
para participarem das Feiras, Bienais e também de Caravanas que levam os premiados
do Jabuti, do Portugal Telecom, por exemplo, para as bibliotecas, através do programa
Viagem Literária, o que permite uma aproximação maior com os leitores.
ANL – Você acredita no crescimento do setor
do livro no Brasil, para os próximos anos?
José Luiz Goldfarb – Para nos tornarmos
um país de leitores ainda falta muito, mas
Em 2008 o Prêmio Jabuti completou 50 Anos. O caminho do Jabuti sempre seguiu com
bastante equilíbrio. Progressivamente, foi conseguindo, junto a sua promotora, a Câmara Brasileira do Livro (CBL), alguns apoios como a assessoria de imprensa, para um
destaque maior junto à mídia. No início a cerimônia de entrega não contava com uma
grande presença, tanto dos próprios autores, como do público. A premiação passa então a fazer parte dos eventos oficiais das duas maiores Bienais do Livro do país, em
São Paulo e no Rio de Janeiro. Há cerca de 10 anos, com o amadurecimento e com
o grande prestígio adquirido, volta a ter uma festa de premiação independente, e em
2004, ele ganha espaço no Memorial da América Latina, na cidade de São Paulo, e depois na Sala São Paulo, que tornou a noite do Jabuti muito mais charmosa e glamorosa.
Em sua edição de 2010, o Jabuti inova e traz o Prêmio “Voto Popular” ficção e “Voto
Popular” não-ficção — a votação do público foi aberta pela internet, com o objetivo de
aproximar o grande público da premiação. (saiba mais: http://www.cbl.org.br/jabuti/)
ações acontecem. Atualmente o mundo
editorial vive uma realidade provocada,
principalmente, pelos investimentos de empresas do exterior que entraram no país com
muito capital e muita coragem. Isso deu uma
agitada no mercado. Estamos numa fase
de crescimento, provocando um aumento,
também, entre as livrarias brasileiras. Temos
exemplos de crescimento bastante positivos,
como a franquia da Nobel; e as expansões da
Livraria da Vila, da Cultura, entre outras.
ANL – Mesmo com todas as necessidades
e problemas que os Livreiros Independentes brasileiros vêm sofrendo nestes últimos anos, o Sr. acredita na sobrevivência
deste segmento?
guesa contempla os três vencedores com R$ 100
mil ao primeiro colocado, R$ 35 mil ao segundo
e R$ 15 mil ao terceiro. (Mais: http://www.premioportugaltelecom.com.br/2010/)
rários, escritores, livreiros, professores universitários e profissionais atuantes da área literária.
Compete ao Júri Inicial selecionar os dez livros
finalistas, em cada categoria, que serão levados
ao Júri Final para definição dos vencedores. Os
vinte finalistas são divulgados durante o Festival da Mantiqueira, em São Francisco Xavier.
Após o anúncio dos finalistas, são promovidos
bate-papos entre os autores e o público, em
livrarias da capital. Mais: http://www.cultura.
sp.gov.br/portal/site/SEC - seção Prêmios).
José Luiz Goldfarb – A criatividade é
o maior parceiro para que os livreiros independentes revertam esta situação. Vejo
o surgimento de novos espaços dentro de
museus, cinemas e novas áreas culturais, em
geral e segmentadas. Têm muitas ações que
PREMIAÇÕES
Prêmio Portugal Telecom
O Prêmio existe desde 2003. Até
2006 era Prêmio Portugal Telecom
de Literatura Brasileira, neste ano
passou a premiar livros de outros
autores de língua portuguesa publicados no Brasil. Em 2007 passou
a se chamar Prêmio Portugal Telecom de Literatura em Língua Portuguesa.
Em sua edição de 2010, foram classificados seis
livros de autores brasileiros e quatro de autores
portugueses. Dessa lista foram eleitas as três
obras vencedoras da 7ª edição do Prêmio, que
teve sua divulgação em novembro, em São Paulo/SP. Foram classificados livros dos escritores
brasileiros: João Gilberto Noll, Nuno Ramos,
Lourenço Mutarelli, Eucanaã Ferraz, Silviano
Santiago e Maria Esther Maciel – e dos escritores
portugueses – António Lobo Antunes, Gonçalo
M. Tavares, José Luis Peixoto e Inês Pedrosa. As
10 obras finalistas foram selecionadas por 11 jurados e 4 curadores que, em votação individual,
também elegeram o Júri Final. O Prêmio Portugal Telecom de Literatura em Língua Portu-
8 • REVISTA ANL • EDIÇÃO 42
Prêmio São Paulo de Literatura
O Prêmio São Paulo de Literatura surgiu no ano de
2008 com o intuito de ser um estímulo à leitura. O
concurso complementa uma série de outros projetos de estímulo à literatura e leitura desenvolvidos
pela Secretaria de Estado
da Cultura de São Paulo.
O concurso consiste na
seleção de romances
escritos em língua portuguesa, editados e comercializados no Brasil, tendo como finalidade
conferir dois prêmios: “Prêmio São Paulo de
Melhor Livro do Ano” e “Prêmio São Paulo
de Melhor Livro - Autor Estreante do Ano”. A
estrutura organizacional é composta por um
Conselho Curador, que além de acompanhar
o concurso em todas as suas etapas, seleciona
o Júri Inicial e Final, formado por críticos lite-
Viva Leitura 2010
O Vivaleitura é uma iniciativa dos Ministérios
da Educação e Cultura e da Organização dos
Países Ibero-Americanos para a Educação,
a Ciência e a Cultura
(OEI), com apoio do
Conselho Nacional de
Secretários de Educação (Consed) e da União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime). 2010 é o ano da
quinta edição anual do Vivaleitura.
podem ser exploradas por este segmento
específico.
Mas as dificuldades para as independentes
existem sim e não são poucas. A Belas Artes,
que dirigi entre os anos de 1985 e 2003, e foi
fechada em 2005, era uma livraria de rua,
localizada numa região boêmia da cidade
de São Paulo — na Avenida Paulista quase
esquina da Rua da Consolação. Ela não era
especializada em nenhuma área técnica,
nem didática. Era genérica, pequena, e uma
referência na literatura e não-ficção, como:
filosofia, história, sociologia e política.
Quando eu comprei a Belas Artes, a Avenida
Paulista era segura, mas no final dos anos
1990 começou a ficar inviável à noite. As pessoas pararam de passear à noite pelas ruas e
meu público forte era o noturno. Então, na
época, não foram as grandes redes, não foi a
internet que nos derrotou e sim a falta de segurança nas ruas. Ainda hoje temos grandes
dificuldades e pequenas e antigas livrarias
estão fechando em São Paulo e em outras
capitais brasileiras. O varejo de rua, em geral,
sofre com a questão da criminalidade, falta
de estacionamentos, entre outros fatores.
Os 15 projetos finalistas são provenientes dos
Estados do Rio Grande do Norte, Pernambuco,
Ceará, Bahia, Piauí, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Amapá. Os projetos
foram inscritos em três categorias distintas: (1)
Bibliotecas públicas, privadas e comunitárias; (2)
Escolas públicas e privadas; e (3) Sociedade: empresas, ONGs, pessoas físicas, universidades e
instituições sociais. Os três vencedores de cada
uma das categorias receberão prêmio de R$ 30
mil. Eles serão revelados em cerimônia a ser realizada pelos Ministérios da Educação e Cultura
no próximo dia 19 de novembro, em Brasília.
(Mais: http://www.premiovivaleitura.org.br/)
LIVRARIAS E EDITORASTAMBÉM CRIAM
SEUS PRÊMIOS DE LITERATURA
O Grupo Livrarias Curitiba promoveu o 2º
Concurso de Contos no início do ano de 2010.
Mais de 700 participantes de todo país se inscreveram – um crescimento de cerca de 30%
em relação à primeira edição. Os seis ganhadores tiveram seus textos divulgados na revista
ler&Cia [periódico da Livrarias Curitiba que
tem circulação bimestral, tiragem média de 200
mil exemplares e circulação nos Estados do Para-
ANL – Poderíamos utilizar exemplos internacionais dirigidos para livreiros independentes, que poderiam ser usados no
Brasil?
José Luiz Goldfarb – O problema das
pequenas, é geral, não é só no Brasil. Mas
existe, ainda no exterior, um movimento
cool que sustenta estas livrarias tradicionais,
antigas, principalmente as de rua. Vemos
em alguns países algumas lojas tradicionais
que cresceram muito, oferecendo outros
serviços, como Wi-Fi, conveniências e associações com marcas de grife de cafés. Vemos
exemplos positivos, também, no Brasil. Em
Montevidéu (Uruguai), há pouco tempo,
visitei livrarias com mais de 100 anos. Elas
também abriram cafés dentro das livrarias,
se modernizaram, mas mantêm aquele
charme, aquela seleção especial da livraria
pequena e média.
ANL – Voltando ao Jabuti, nesta edição de
2010, já temos alguma indicação para o
livro digital? Com será nos próximos anos?
José Luiz Goldfarb – Nesse momento
estamos discutindo. Até o momento ainda
ná, Santa Catarina e São Paulo, locais onde a empresa mantém suas filiais] e ganharam um valecompras de R$ 500,00 (quinhentos reais) cada, a
ser gasto em qualquer produto numa das 17 lojas
físicas do rede.
Revelar novos talentos e promover a literatura
nacional são propósitos do Prêmio Benvirá de
Literatura Ficção 2010. Com a finalidade de
estimular a produção e a divulgação das obras de
escritores brasileiros, a Editora Saraiva institui o
concurso, que também abre uma porta do mercado editorial aos estreantes: o livro selecionado
será publicado e distribuído em todo o país. Cada
candidato concorre somente com 1 (um) original.
Caberá ao vencedor, além da publicação da obra
pelo selo Benvirá, um prêmio de R$30.000,00
(trinta mil reais).
Revelar novos talentos e promover a literatura
nacional são propósitos do Prêmio SESC de
Literatura. Lançado pelo SESC em 2003, o
concurso identifica escritores inéditos, cujas
obras possuam qualidade literária para edição
e circulação nacional. Além da divulgação das
obras, o Prêmio SESC também abre uma porta
do mercado editorial aos estreantes: os livros
vencedores são publicados pela editora Record e
distribuídos para toda a rede de bibliotecas e sa-
é só livro impresso. Já em 2011 estamos vendo a tendência do e-book, do livro digital,
como vamos classificá-lo, qual a diferença
de um blog, de um livro digital? São várias
questões a serem avaliadas.
ANL – O mercado nacional está preparado para o Livro digital? Em particular as
livrarias?
José Luiz Goldfarb – O mundo digital
tem sido utilizado com uma ferramenta
para promover a literatura, não só no Brasil,
no mundo inteiro. Nos EUA eles dizem que
vale muito mais uma corrente no twitter falando bem de um livro do que uma propaganda num jornal, em uma TV, ou em outra
mídia. A livraria tem de estar nas redes sociais, ganhar sua presença lá dentro. Devem
desenvolver vendas digitais e fortalecer seu
e-commerce.
E, acima de tudo, ficar atento e já plugados
na geração “Nativo Digital”, que são os leitores que já estão nascendo lendo no digital.
E essa tendência não tem volta. O público
do livro impresso continua, mas tende a ser
minoria nas próximas décadas. •
las de leitura do SESC e SENAC em todo o país.
O concurso cultural III Prêmio Literário Canon
de Poesia 2010 promovido pelas empresas: Canon
do Brasil, Fábrica de Livros e Grupo Editorial Scortecci, tem por objetivo descobrir novos talentos,
promover a literatura e difundir a impressão digital
de livros no Brasil. Este concurso é exclusivamente
de cunho cultural, sem qualquer modalidade de
sorte ou pagamento pelos concorrentes. Os 50
participantes escolhidos com as melhores poesias
participarão da Antologia do III Prêmio Literário
Canon de Poesia 2010, selo editorial Fábrica de
Livros/Scortecci.
Promovido pela Fundação SM, o Prêmio Barco
a Vapor de Literatura Infantil e Juvenil se
propõe a estimular a produção literária e a promover a leitura entre crianças e jovens a partir
de 6 anos. O Prêmio representa a consolidação
do projeto cultural e educacional do Grupo
SM no Brasil e nos demais países onde a SM
atua (Chile, México, Argentina, Porto Rico,
República Dominicana, Colômbia, Peru e Espanha). O ganhador tem a publicação do original na coleção Barco a Vapor, de Edições SM.
No ato da assinatura do contrato de edição, o
autor receberá R$ 30.000,00 (trinta mil reais)
como adiantamento de direitos autorais.
EDIÇÃO 42 • REVISTA ANL • 9
LIVROS QUE FALAM SOBRE LIVROS & AFINS
O LIVRO NA ERA DIGITAL
As emergentes mídias digitais estão influenciando diretamente no concorrido tempo dos
consumidores modernos e transformando o hábito da leitura em todo o mundo. O texto não
é mais lido apenas sob a forma impressa em papel. O texto também está onipresente em uma
miríade de suportes suspensos e em uma diversidade de aparelhos tecnológicos, móveis e de
comunicação.
Uma série de meios, como o Kindle da Amazon, o iPhone e iPad da Apple, o Nook da Barnes
and Noble, o Google Books, entre tantos outros canais ou plataformas, promete transformar
definitivamente a realidade dos livros através de uma convergência digital e cultural sem precedentes. É o que busca demonstrar Ednei Procópio nesta sua obra, O Livro na Era Digital.
Digitalidade
Titulo: O Livro na Era Digital
Autor: Ednei Procópio
Editora: Giz Editorial
O Livro na Era Digital é um review, nos últimos dez anos, de todo o mercado editorial
convencional presente, diante das transformações das mídias digitais, do ponto de vista exclusivamente dos negócios ou da atualização profissional.
O objetivo central do livro é pontuar em que estágio nós estamos da digitalidade, antever
ou nos preparar para a próxima tendência, e o que podemos fazer para manter os nossos
negócios na chamada Web 2.0 e tirar ainda mais proveito da Era Digital.
Ao ler O Livro na Era Digital, o profissional pode levar, para o dia-a-dia dos seus negócios,
o esclarecimento necessário ante a digitalização dos meios de comunicação, absorvendo
experiência a respeito da convergência dos livros no seu formato clássico em papel, tanto
quanto nos formatos eletrônicos e até em áudio.
O Livro na Era Digital destina-se a todos os interessados, em geral, e aos profissionais da
cadeia produtiva do mercado editorial brasileiro, tanto os que atuam na produção e na área
editorial quanto os que atuam nas vendas, comercialização e marketing dos livros. Isso inclui
os profissionais que trabalham em editoras, livrarias, distribuidoras, bibliotecas, etc.
Título: A Aventura do Livro Experimental
Autor: Ana Paula Mathias de Paiva
Editora: EDUSP
A Aventura do Livro Experimental
convida o leitor a realizar uma viagem
pelo panorama descritivo e ilustrado da
história do livro, valorizando a arte e a
experimentação dos suportes de leitura,
seus grandes pioneiros, estilos de vanguarda e evoluções editoriais. Fruto de
uma pesquisa realizada ao longo de oito anos, o texto abarca períodos
significativos do nascimento desse suporte e as etapas de profunda renovação dos métodos de produção. Inicialmente, a autora apresenta mais
de 80 ilustrações que ajudam a compor uma linha do tempo editorial.
Em seguida, se ocupa em nomear os profissionais que tornam possível a
realização material do objeto livro, inclusive aqueles conhecidos por sua
grande contribuição para a história da editoração, e discorre sobre algumas funções e definições do livro. Os dois últimos capítulos são dedicados ao livro-lúdico, ou livro-objeto, incluindo uma galeria e uma relação
de sites e exposições onde podem ser encontrados.
10 • REVISTA ANL • EDIÇÃO 42
Título: Autores e Ideias
Autor: Mona Dorf
Editora: Editora Saraiva
A jornalista Mona Dorf realizou,
nos últimos quatro anos, 500 entrevistas com os melhores escritores do Brasil, no programa Letras e Leituras da rádio Eldorado
de São Paulo. Autores e Ideias é
uma reunião das 35 melhores entrevistas em livro, formando um painel da atual literatura
nacional: quem são os melhores escritores brasileiros e o
que pensam da literatura e do processo criativo. Entre esses autores, estão João Ubaldo Ribeiro, Milton Hatoum,
Moacyr Scliar, Ruy Castro, Marçal Aquino, Mário Prata,
Cristóvão Tezza, Bernardo Carvalho e Fernando Bonassi.
Tudo o que envolve a ficção e a realidade ou a emoção está
por trás das palavras nessas entrevistas. O resultado é um
painel instigante e inédito do melhor da literatura brasileira
contemporânea.
FORMAÇÃO DE LEITORES
O CAFÉ COM LEITURA DA LIVRARIA CORTEZ
O Café com Leitura, que a Livraria Cortez (São
Paulo /SP) realiza há mais de 10 anos, são encontros matinais com periodicidade mensal,
onde um ou mais funcionários da Livraria, desde o mais humilde até o diretor presidente, comentam de maneira livre, detalhada ou não, os
livros que leram para seus colegas de trabalho.
Além de transformar seu instrumento de trabalho, também, em fonte de lazer e entretenimento, os objetivos do ‘Café com Leitura’ são
vários, dentre alguns pode-se destacar o incentivo ao hábito da leitura; a desinibição de
falar em público; e o conhecimento, com mais
profundidade, sobre os livros que são colocados à disposição do público.
Os resultados têm sido surpreendentes, conforme descreve Ednilson Xavier, diretor da
Livraria. “Estes encontros nos dão a possibilidade de estar mais próximos daqueles que
trabalham conosco e também proporcionam
uma satisfação muito grande quando os funcionários descobrem a riqueza e a importância que a leitura tem na vida de todo cidadão.”
“Como vendemos conhecimento, nada melhor do que entendermos daquilo que dispomos aos nossos clientes, que certamente se
sentem mais seguros quando são atendidos
por vendedores que, de fato, conhecem o
produto que vendem”, completa.
Mesmo em se tratando de um evento restrito
aos funcionários da Cortez, com participação
voluntária, o ‘Café com Leitura’ recebe visitas
de autores, professores e leitores da Livraria que
querem conhecer esta iniciativa inovadora.
Para o público externo, a Livraria desenvolve
os eventos “Oficina lendo melhor” e o Círculo
de Leitura, com a coordenação de Mônica
Éboli de Nigris, Mestre em Comunicação e
Semiótica pela PUC-SP e Doutora em Linguística pela USP. Nestes encontros mensais
do Círculo de Leitura, que é gratuito, os participantes têm a oportunidade de comentar,
sugerir e trocar ideias sobre as mais diversas
obras literárias, com a liberdade de escolher o
livro de sua preferência. O evento, que acontece desde 2003, é frequentado por pessoas
comuns, que encontraram um local adequado
e um ambiente informal para conversar sobre
o que mais gostam: Literatura.
LIVRARIA MODELO
Início em março de 1985 como banca de
revistas numa garagem.
A loja do Shopping Jardins,
em 2003.
LIVRARIA ESCARIZ, EM 1985 UMA BANCA
DE REVISTAS, HOJE UMA REFERÊNCIA DE
SUCESSO EM ARACAJU/SE
A Livraria Escariz é, sem sombra de dúvida, um exemplo de sucesso. Tendo à frente
o livreiro Paulo Escariz, a rede é composta
por cinco lojas, localizadas em lugares estratégicos — Shopping, Aeroporto e Universidade — na capital sergipana, a bela
Aracaju.
‘‘
Segundo o Diagnóstico do Setor Livreiro
2009, da Associação Nacional de Livrarias
(ANL), apresentado durante a 20ª Convenção Nacional de Livrarias, que aconteceu entre 9 e 11 de agosto, em São Paulo,
e que contou com a presença de Paulo na
mesa “Casos de Experiência de Sucesso nas
“O sucesso da Livraria Escariz divide-se em alguns
alicerces fundamentais, entre eles: o treinamento e
qualificação da equipe de colaboradores da loja; a
excelência no atendimento ao cliente; localização estratégica; incentivo à
leitura como um todo; e na busca de cumprir com todos os pagamentos de
fornecedores, parceiros de nosso crescimento”
Paulo Escariz,
Diretor da Livraria Escariz
12 • REVISTA ANL • EDIÇÃO 42
Livrarias”, o Estado de Sergipe tem apenas
32 livrarias em todo seu território, o que
representa 1 livraria para cada 57.705 (para
uma estimativa de 2.019.679 habitantes),
um reflexo da falta de livrarias dos demais
Estados do país.
Em sua mesa de participação, mediada
por Samuel Seibel, diretor da Livraria da
Vila de São Paulo e da ANL, e composta,
ainda, por outros exemplos de sucesso, Benjamim Magalhães, diretor da rede Travessa
de Livrarias do Rio de Janeiro; e José Xavier Cortez, diretor fundador da Livraria
Cortez de São Paulo. Paulo Escariz, diretor
da Livraria Escariz de Aracaju, ressaltou a
importância da infra-estrutura e organização de temas. Citou que é imprescindível o treinamento e qualificação da equipe
de colaboradores da loja. Disse, também,
que é possível inovar e ampliar os negócios
com o apoio do Governo e empréstimos
do BNDES. “Acredito que somos um caso
de sucesso porque sempre procurei cumprir com todos os pagamentos de fornecedores, o que me garantiu um diferencial.
É necessário, acima de tudo, oferecer ao
cliente excelência no atendimento, localização estratégica e especialmente incentivar
a leitura como um todo”, comentou Escariz.
Presente, também, no 1º Encontro ANL de
Livreiros Independentes, uma discussão
para um completo levantamento das principais problemáticas das livrarias independentes no país, que precedeu a 20ª Convenção Nacional de Livrarias e tem como
principal objetivo promover debates para o
desenvolvimento de ações que possam ga-
rantir sua participação sempre competitiva
no mercado, Paulo Escariz falou sobre a preocupação com a entrada do livro eletrônico
no mercado. “Comecei como livraria e hoje
vendo CD e DVD, além de livros didáticos e
estamos nos preparando para sair de Aracaju e encarar novos horizontes. Acho que tem
determinadas coisas que não são obstáculos, temos que estar preparados para o novo,
temos que enfrentar, buscar novas opções
para o crescimento”, destacou ele.
A HISTÓRIA DA ESCARIZ
Em março de 1985, o economista Paulo Escariz resolveu investir no ramo de banca de
revista. Comprou uma estante usada e montou numa garagem o primeiro negócio. A
falta de recurso na época não impediu que
no mesmo ano fossem inaugurados outros
dois pontos. Em 1989, surgiu o primeiro
shopping da cidade de Aracaju, onde a banca de revista se instalou, começando a vender livros e se transformando na Livraria
Escariz. Anos depois foi inaugurado na cidade o Shopping Jardins e uma nova Escariz
foi instalada.
No ano de 2001, começaram as primeiras
mudanças: a loja de 20m² no Shopping Riomar passou a ter 200m² e a oferecer café,
mesas para leitura, papelaria e uma seção
de livros infanto-juvenis. Em novembro de
2003 a loja do Shopping Jardins passou de
100m² para 600m², contando também com
café, papelaria, seção infantil, ampla área
para leitura e um direcionamento especial
para livros universitários.
Ampliação da loja do Shopping Jardins.
A EXCELÊNCIA EM ATENDIMENTO
É A NOSSA PRINCIPALVANTAGEM
COMPETITIVA
Tendo como missão a contribuição com a promoção
do conhecimento continuado da comunidade sergipana, oferecendo ambiente favorável à leitura e
excelência de atendimento, com variedade de títulos
agregando valor para os acionistas e colaboradores, a
Livraria Escariz tem em seus valores a excelência em
atendimento; a ética; o respeito com todos os clientes,
colaboradores e fornecedores; o compromisso com
prazos e com os resultados; e o incentivo à leitura.
Com 100 funcionários, atualmente a rede é composta
de cinco lojas – nos Shoppings Jardins e Riomar, na
UNIT Farolândia, na UFS e no Hiper Gbarbosa Francisco Porto, com extensa variedade de livros, excelente
estrutura e atendimento, e acima de tudo proporcionando condições de conforto aos seus clientes.
EDIÇÃO 42 • REVISTA ANL • 13
FINANCIAMENTOS
LINHAS DE CRÉDITO ESPECIAIS
PARA O LIVREIRO
Como um dos destaques da segunda mesa
da 20ª Convenção Nacional de Livrarias
“Políticas Públicas Voltadas às Livrarias e
seus Benefícios para o Setor”*, o tema Linhas de Créditos Especiais BNDES para as
Livrarias gerou grande interesse por parte
dos presentes à Convenção.
Para Sebastião Macedo Pereira, economista,
professor e prestador de consultoria financeira, que desenvolve os projetos de financiamento ao BNDES e outras instituições,
presente no debate, o livreiro, assim como
todos que são envolvidos na cadeia livro e
livraria, distribuidora e editora, devem se
organizar e cadastrar todos os seus produtos
no BNDES para que consigam aprovações
de empréstimos e subsidiar os projetos
que envolvem o seu campo de atuação ou
loja. “Oferecemos o cartão BNDES que facilita muito a aquisição de empréstimos e
aprovação dos mesmos. Hoje, o BNDES disponibiliza crédito de 200 mil até 1 milhão de
reais, de acordo com o perfil e o setor.”
Para o economista, participar da 20ª Convenção da ANL foi muito gratificante e enriquecedor porque possibilitou a ele o contato
direto com os responsáveis por este segmento
tão importante para a educação e cultura do
país. “Pude verificar a preocupação dos participantes com o desenvolvimento do setor,
principalmente com a questão de financiamento e os desafios e oportunidades na
comercialização em novas mídias. A oportunidade de apresentar as possíveis formas de
financiamento público para o setor foi muito
gratificante, pois o setor livreiro possui algumas especificidades que tornam o setor mais
sensível à necessidade de políticas públicas
mais efetivas”, destaca.
“Estes assuntos foram tratados com muita
competência pelos participantes o que acredito possibilitar a elaboração de uma pauta de
reivindicações a ser encaminhada aos setores
competentes. Dentre as opções de financiamento para o setor, o Procult do BNDES
14 • REVISTA ANL • EDIÇÃO 42
é um instrumento que possibilita o apoio
público direto ao desenvolvimento e fortalecimento da cadeia produtiva da economia
do setor e promover a descentralização da
oferta de bens culturais. No entanto, o acesso
a este crédito ainda é muito complexo para
a maioria dos pequenos e médios livreiros”,
completa o economista do BNDES.
Na busca de atender as expectativas nos Associados da ANL e, principalmente, aqueles
que não estiveram presentes à Convenção,
solicitamos a Sebastião Macedo, que prontamente nos atendeu, algumas regras básicas para quem busca um financiamento
junto ao BNDES.
VEJAMOS OS PRIMEIROS PASSOS
O BNDES tem algumas formas de financiar o pequeno e médio livreiro, tais como: investimentos em implantação, modernização, ampliação e recuperação da capacidade produtiva de empresas, incluída a aquisição de
máquinas e equipamentos novos, de fabricação nacional, credenciados pelo BNDES, e o capital de giro associado. Dentre as formas de apoio do BNDES temos principalmente o Cartão BNDES, o FINAME e o Procult.
Para solicitar o Cartão BNDES informe-se com o gerente de seu Banco (CEF, Nossa Caixa, Bradesco e Banco do Brasil) ou preencha formulário no site www.cartaobndes.gov.br. O limite de crédito oferecido pelo
Cartão BNDES aos clientes é de R$ 1 milhão e o prazo máximo de amortização é de 48 meses. Outro instrumento já bastante conhecido por todos é o FINAME, que é utilizado para o financiamento de máquinas e
equipamentos nacionais.
A novidade para o setor é o Procult que foi criado para financiar os investimentos relacionados aos segmentos de atuação: Patrimônio Cultural, Audiovisual, Editorial e Livrarias, Fonográfico e Espetáculos ao vivo.
O limite para operação direta é de R$ 1 milhão (este valor para a maioria dos setores é de R$ 10 milhões).
A participação máxima do BNDES nos financiamentos para Micro, Pequenas e Médias Empresas é de até
100% dos itens financiáveis. Para Grandes Empresas a participação é de até 80% dos itens financiáveis. No
site do BNDES está disponível o Manual de Elaboração da Carta Consulta para Enquadramento e o Manual
para Elaboração do Projeto, no entanto existem algumas recomendações preliminares que são importantes:
• Ter um plano de negócio bem elaborado que lhe possibilite projeção de resultados para no mínimo 5 anos.
• Ter os demonstrativos contábeis (Balanço e Demonstrativo de Resultado) bem elaborados dos
últimos 4 anos.
• Solicitar valor de financiamento de acordo com a capacidade de pagamento do projeto.
• Verificar se tem garantias que cubram 130% do valor financiado.
* “Políticas Públicas Voltadas às Livrarias e seus Benefícios para o Setor”, discutiu sobre a Lei de Fomento ao Livro e à Leitura –
Lei Preço Único; o Colegiado Setorial do Livro, da Leitura e Literatura, Fundo Pró-Leitura e outras ações do MinC voltadas ao
setor Livreiro; Plano Nacional do Livro e Leitura – ações do PNLL voltadas às Livrarias. Mediada por Galeno Amorim, diretor
do Observatório do Livro e da Leitura, estiveram presentes ao debate: Tuchaua Rodrigues – Diretor da Câmara Rio-Grandense
do Livro e membro da Comissão da Lei de Fomento ao Livro e à Leitura – “Lei do Preço Único”); Prof. Castilho Marquês Neto –
Diretor Presidente da Fundação Editora da UNESP. Secretário PNLL; Gabriela Gambi, representante do Ministério da Cultura;
e Sebastião Macedo Pereira – Economista, professor e prestador de consultoria financeira, desenvolve projetos de financiamento
ao BNDES e outras instituições.
CURTAS & BOAS
São Paulo ganha livraria temática
Especializada em livros de gastronomia e culinária, a Livraria
Gourmet inaugura na capital paulistana e traz a proposta de um lugar aconchegante e especializado em culinária e gastronomia, uma
opção para reunir a família, amigos, e receber eventos culturais e
lançamentos de livros. Uma ótima sugestão aos profissionais da
área e ao público que quer se iniciar na arte culinária. Os livros
comprados na Livraria darão direito a uma aula-show no Restaurante Bistro Crêpe de Paris, localizado na mesma vila.
A Livraria Gourmet traz, ainda, toda a linha de livros da Editora
Boccato, como o Dicionário Gastronômico do Café, O Brasil
bem temperado - Nordeste e Os árabes no Brasil - História e Sabor; a linha CookLovers, apresentada na 20ª Convenção Nacional
de Livrarias. Os amantes da cozinha agora têm uma livraria especialmente dedicada a ele.
Obrigado Dorina, por seu legado
Aos 91 anos, no dia 29 de agosto de 2010, a pedagoga Dorina Nowill
nos deixava um grande vazio na alma e um grande legado na vida.
Cega desde os 17 anos, Dorina Nowill criou uma fundação que
leva seu nome. A entidade produz e distribui livros em braille para
deficientes visuais.
Há mais de seis décadas a Fundação Dorina Nowill para Cegos
dedica-se à inclusão social das pessoas com deficiência visual,
por meio da educação e cultura, atuando na produção de livros
em braille, livros e revistas falados e obras acadêmicas no formato
Digital Acessível, distribuídos gratuitamente para pessoas com
deficiência visual e para centenas de escolas, bibliotecas e organizações de todo Brasil.
CURTAS & BOAS
Plano Nacional do
Livro e Leitura (PNLL)
completa 5 anos
Fomentar o acesso à leitura é o
início e o reinício de qualquer ação
em prol da cadeia produtiva do
livro. As ações desenvolvidas pelo
Plano Nacional do Livro e Leitura
(PNLL), provocaram frequentes
diálogos entre todos os envolvidos comercialmente, socialmente e institucionalmente ao
livro. Permitiram também uma maior articulação entre os órgãos governamentais e as instituições; e restabeleceu um reencontro do leitor com o livro.
Tendo como prioridade transformar a capacidade leitora do Brasil, trazendo a leitura para o
cotidiano do brasileiro, o PNLL desenvolve, desde seu início, uma gama de projetos, programas, atividades e eventos no setor do livro e da leitura em andamento no país, numa junção
de ações entre o Estado, em todas suas estâncias, e a Sociedade Civil.
O Mercado do Livro
Em artigo, Rosely Boschini, empresária do setor editorial e a
presidente da Câmara Brasileira
do Livro (CBL), fala sobre a Pesquisa
Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro 2009.
O Brasil produziu 386,4 milhões
de li-vros em 2009, conforme indica a recém-divulgada Pesquisa
Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, realizada pela Fipe
(Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas da Universidade de São
Paulo), para a CBL e o SNEL. Ademais, ao contrário do que ocorria na Colônia e em alguns tristes períodos do Império e da República, a produção editorial e o hábito de leitura
tornaram-se os paradigmas da liberdade de expressão e pensamento conquistada por nossa
sociedade. Sob essa égide, o livro consolida-se no País como um dos mais eficazes e acessíveis meios de democratização do conhecimento e da cultura (seus preços caíram mais
3,52% no ano passado). “As estatísticas da Pesquisa Fipe indicam haver boas perspectivas
para o Brasil resgatar seu passivo cultural e educacional, pelo qual tem pago alto preço, em
especial no tocante à sua agenda de desenvolvimento. A negligência com a educação e o descaso com a formação intelectual da população, equívocos de quase cinco séculos, vão sendo
paulatinamente revertidos, com o maior acesso à escola pública e combate aos resquícios do
analfabetismo”, descreve Rosely Boschini, em seu artigo.
“Obviamente, ainda há muito a ser feito quanto à inclusão e melhoria da qualidade do ensino, multiplicação do número de bibliotecas públicas e disseminação do hábito de leitura.
No entanto, os avanços são inegáveis nos 188 anos de nossa Independência, comemorados
em 7 de setembro de 2010. Em todo esse período, o livro tem sido um dos protagonistas dos
processos de transformação política e social, pois a conquista do conhecimento é essencial
para credenciar pessoas e povos à plena liberdade!”, completa a presidente.
16 • REVISTA ANL • EDIÇÃO 42
A expansão da Livraria
Leitura inclui duas lojas
no interior de São Paulo
Inaugurada em 1967, por Emidio Teles, a
Rede Livraria Leitura foi uma das primeiras livrarias no país no conceito megastore,
lojas acima de 1.000 m2 e variado mix de
produtos de cultura e entretenimento. Líder
de mercado no ramo de livrarias em Minas
Gerais e no Centro-Oeste, a Leitura contava
com 28 lojas, até o final de 2009, distribuídas
em 6 estados brasileiros, sendo 10 unidades
em Belo Horizonte (MG), 2 em Contagem
(MG), 1 em Betim (MG), Governador Valadares (MG), Ipatinga (MG), Juiz de Fora
(MG), Goiânia (GO), Campo Grande (MS),
Vitória (ES), João Pessoa (PB), 7 em Brasília
(DF) e a loja virtual Leitura.com. A rede
conta, ainda, com a Leitura Distribuidora
de Livros, o atacado de papelaria PLM e a
Editora Leitura.
Novas Leituras em 2010
Em julho último, a rede inaugurou sua
primeira loja no Nordeste, no Manaira
Shopping da bela João Pessoa/PB. Em outubro, entregou a expansão da Leitura Itaú
Shopping, em Contagem/MG, com 1.100
m² em dois pisos. No mês de novembro o
Boulevard Shopping, de Belo Horizonte/
MG, ganhou duas lojas, com 540m² de piso.
Em São Paulo, duas livrarias no interior
do Estado, no Max Shopping Jundiaí, com
620m² e, ainda, em Campinas, no Shopping
Parque Dom Pedro, com 770m² de piso e
380m² de mezanino, totalizando 1.150m².
Com o resultado deste investimento, a Rede
Leitura deverá crescer 20% em faturamento
no ano de 2010. Com a previsão de mais
quatro novas livrarias para 2011, a Leitura
deverá repetir este crescimento.
A quem interessa uma Lei de Preço Fixo no Brasil
Tuchaua Pereira Rodrigues*
É público e notório que o livro é um produto
diferenciado em razão do apelo educativo e
cultural que representa.
É público e notório que há mecanismos legais
que buscam proteger esta fragilidade educativa e cultural que o livro deve preservar.
Esta diferenciação faz do livro um produto
que deve circular, também, de forma diferenciada.
O livro não é um produto que permita investimentos significativos em publicidade, mas
concorre com produtos que tem ações de marketing extremamente agressivas, com apelo de
consumo muito maior.
Estes produtos estão disponíveis em um
grande número de pontos de venda, disputando as compras por impulso. E vendem muito
porque estão onde o consumidor está. Sem
sacrifício das margens de lucro, sem concorrência predatória.
Já no que diz respeito ao número de livrarias a
situação é bem diferente: o número de livrarias
é inferior ao desejável, segundo os padrões internacionais (recomendações da UNESCO),
e, conforme dados da ANL tem diminuído
ano a ano.
Todos os integrantes da cadeia produtiva do
livro, em algum momento de suas vidas profissionais, devem ter se perguntado por que, no
Brasil, a melhor propaganda do livro tem sido
o desconto, por que dar descontos tão altos ao
consumidor final, etc.
E as respostas são as mais variadas e contraditórias, ainda longe de qualquer consenso.
E se mudarmos estas perguntas?
Já pensaram a quem interessa uma Lei de
Preço Fixo no Brasil?
E a quem não interessa?
A quem pode trazer benefícios?
A quem pode prejudicar?
Continuamos vendo mais benefícios do que
prejuízos. E você?
Responda para a ANL!
* Tuchaua Pereira Rodrigues, é diretor da
Editora Magister
MATÉRIA DE CAPA
CONQUISTAS ANL 2010
1º Encontro ANL de Livreiros
Independentes
O 1º Encontro ANL de Livreiros Independentes - Uma discussão para um
completo levantamento das principais
problemáticas das livrarias independentes
no país, que precedeu a 20ª Convenção
Nacional de Livrarias, teve como principal objetivo promover debates para o
desenvolvimento de ações que possam
garantir sua participação sempre com18 • REVISTA ANL • EDIÇÃO 42
petitiva no mercado, buscou conhecer,
mais detalhadamente, as atuais necessidades do pequeno empresário no segmento
de livrarias, assim como desenvolver ações
concretas junto às entidades públicas e privadas, que visem exclusivamente o livreiro
independente. (Veja no Encarte que acompanha esta edição da Revista ANL, a “Carta
Aberta aos Deputados Estaduais e Federais,
Senadores, Governadores e Presidente da
República e o Público Em Geral” – desen-
volvida pelos livreiros participantes do Encontro. (Veja íntegra da carta na pág. 33)
Cursos de Formação de
Capacitação de Livreiros
Responsável pela capacitação de mais de
400 profissionais da área do livro, o Curso
de Formação e Capacitação de Livreiros
da ANL chega ao final de seu terceiro ano
consolidado “O principal objetivo do Curso
de Formação e Capacitação de Livreiros
da ANL é disseminar conhecimento
e informações de
uso prático para os
profissionais da área.
Promover o encontro e a aproximação
entre esses profissionais, permitindo a troca de conhecimento e
a criação de um networking que só agrega
valor ao trabalho de todos”, completa Vitor
Tavares, presidente da ANL.
Entre as novidades deste ano, destaca-se a
efetivação do Curso em Bienal e Feiras do
Livro, como a Bienal do Livro de São Paulo
e da Feira do Livro de Brasília, entre outras.
Para 2011, um dos principais objetivos
do Programa será levá-lo para vários
Estados brasileiros, através de cursos in
company e regionais, uma reivindicação
dos próprios Associados, durante a 20ª
Convenção Nacional de Livrarias. (Veja
matéria completa na pág. 26)
A efetivação do Buscalivros
Abrindo novas alternativas para os Associados a ANL efetivou, numa parceria com a
Via Logos, o BUSCALIVROS. A ANL passou, então, a oferecer aos seus Associados a
garantia de serviços realizados com qualidade, compromisso e credibilidade. Com
esta parceria, a ANL passou a oferecer um
Banco de Dados completo e atualizado diariamente, com mais de 300 mil títulos de
livros de editoras nacionais, e de uso exclusivo dos sócios.
Este novo serviço é acessado através do site
da ANL – www.anl.org.br e cada Associado pode utilizar esta ferramenta mediante
uma senha exclusiva, fornecida pela própria
ANL. O BUSCALIVROS permite aos Associados visualizar os lançamentos dos
últimos 30 dias, assim como pesquisar os
livros no prelo e os esgotados, além de baixar
tabelas de preços organizadas por editora e
utilizar o mecanismo de Busca Rápida.
Diagnóstico do Setor Livreiro
O Diagnóstico do Setor Livreiro, apresentado na 20ª Convenção Nacional de
Livrarias, revelou
que no Brasil existem
2.980 livrarias. Um
aumento de cerca
de 11%, comparativamente ao levantamento apresentado
em 2006, mas ainda
muito aquém de nossas necessidades. Esse
número nos leva à constatação de que hoje
temos uma livraria para cada 64.255 habitantes, enquanto a Unesco sugere 1 livraria
para cada 10 mil habitantes.
O Diagnóstico analisou dados importantes, como o
número de empregos gerados, considerando tanto
permanentes quanto temporários; temas mais vendidos; modificação no perfil de
livrarias que hoje oferecem
outros produtos além de livros e serviços, como o Café.
Além disso, foram avaliados
os patamares de informatização das empresas; a quantidade de vendas realizadas
pela internet; a distribuição geográfica dos
estabelecimentos; o número de habitantes
por região. Essas informações são de extrema importância para percebermos a expressão desse setor no mercado. Desenvolvimento e coordenação Beth Naves, diretora
da Naves Mineiro Informação e Cultura.
Anuário Nacional de
Livrarias 2010
A 3ª edição do Anuário Nacional de
Livraria, desenvolvido e coordenado pela
Associação Nacional de Livrarias (ANL),
também lançado durante a 20ª Convenção, contou com o apoio da Câmara Brasileira de Livros (CBL) e do Centro Regional
para o Fomento ao livro na América Latina
e Caribe (CERLALC).
O projeto oferece uma completa listagem
de mais de 3.800 pontos de vendas de livros,
em todo o país, organizada por regiões geográficas, municípios e Estados – tudo em
ordem alfabética. Uma importante ferra-
menta facilitadora no contato com o mercado livreiro e para os departamentos de
vendas e marketing das editoras e distribuidoras de todo o Brasil. O principal objetivo
do Anuário é oferecer para o mercado
editorial endereços onde se vendem livros
no Brasil e montar um completo banco de
dados.
Para Vitor Tavares, presidente da ANL, o
Anuário Nacional de Livrarias da ANL,
cada vez mais completo — único oficial do
setor —, tem se aprimorado a cada edição.
“Finalmente nosso setor terá em mãos
quantas livrarias, de fato, existem no Brasil e principalmente onde elas estão localizadas”, destaca ele.
IV Congreso
Iberoamericano de
Libreros
A convite do Comitê do IV
Congreso Iberoamericano
de Libreros (CIL), que em
2010 aconteceu durante o
XVI Congreso de Libreros
Mexicanos (Colime), Vitor Tavares, presidente da Associação Nacional de Livrarias
(ANL), representou o segmento do livro
brasileiro. O evento ocorreu entre os dias
17 e 21 de março de 2010, na cidade de Morelia, do Estado de Michoacán, no México.
Como resultado do evento, a ANL disponibiliza a Declaração do IV Congreso Iberoamericano de Libreros (CIL).
Levantamento Anual do
Segmento de Livreiras
A Associação Nacional de Livrarias
(ANL) realizou seu Levantamento Anual
do Segmento de Livreiras junto a suas
Associadas — que representam 67% do
setor entre pequenas, médias e grandes
livrarias —, uma amostragem sobre o
faturamento deste setor no Brasil. O
segmento livreiro apresentou um crescimento médio para 2009 comparativamente ao ano de 2008 de 9,73%. Neste
Levantamento da ANL de 2008 a expec-
MATÉRIA DE CAPA
tativa de crescimento do setor de livrarias para o período de 2009 era de 11,89%.
A Associação acredita que a queda de
2,16% seria um reflexo direto da crise
econômica apresentada neste período.
Só para destacar, o crescimento de 2008,
comparativamente a 2007, foi de 10,46%.
Câmara Aprova Desoneração
para Pequenas Livrarias
Sempre defendida pela Associação Nacional de Livrarias (ANL), a desoneração
para as pequenas livrarias do PIS e Cofins
começa a tornar-se realidade. Deputados
federais aprovaram em março de 2010 a
desoneração de pequenos editores e livreiros na Comissão de Finanças e Tributação
da Câmara dos Deputados. O projeto de lei
do deputado federal Antônio Palocci (PTSP) estende a desoneração fiscal do livro
às micros e pequenas editoras, livrarias e
distribuidoras que são optantes do Simples. Com isso, todas as empresas do setor
terão 0% de alíquota no PIS e Cofins. As
empresas que recolhem com base no lucro real ou presumido já são beneficiadas
desde 2004, quando Palocci era ministro
da Fazenda.
20 • REVISTA ANL • EDIÇÃO 42
ANL amplia seu apoio e marca
presença nos principais
eventos do livro em todo o país
A Associação Nacional de Livrarias (ANL)
busca incentivar o crescimento do mercado
livreiro ao apoiar e incentivar a cultura e a
leitura no país. Desde sua fundação, em
1978, tem o compromisso de defender direitos, interesses e prerrogativas de seus Associados e de toda a classe livreira do país, e
hoje, passados 30 anos, mantém sua principal missão que é a de fortalecer o mercado
livreiro, incentivar a abertura de livrarias no
país, fomentar e apoiar junto às entidades
governamentais e de classe a busca de benefícios ao comércio livreiro como incentivo à
leitura. Por meio de diversas ações, a ANL
tem atuado fortemente no apoio aos seus
Associados, através de Feiras e Eventos,
como organizadora e/ou apoiadora. A entidade representa, ainda, o mercado livreiro
em fóruns de formatação de políticas públicas na promoção, difusão e defesas do livro
e das livrarias como na Câmara Setorial do
Livro e da Leitura e no Conselho Nacional
de Incentivo à Cultura (CNIC), órgãos ligados ao Ministério da Cultura. Em 2010
entre as diversas Feiras desenvolvidas no
país, ela esteve presente: I Salão do Livro
de Guarulhos; Salão do Livro do Tocantins;
III Feira Cametaense do Livro; I Bienal
do Livro do Paraná; III Feira Catarinense do Livro; Salão do Livro de
Presidente Prudente; Bienal Internacional do Livro de São Paulo; V
Feira Nacional do Livro de Poços
de Caldas; 9ª Bienal do Livro do
Ceará; Bienal do Livro de Minas;
4ª Bienal do Livro São José do Rio
Preto; 1º Encontro Nacional do Varejo do Livro Infantil e Juvenil; entre
outras.
A Livraria e sua importância
em um mundo em
transformação
Nesta 20ª Convenção Nacional de
Livrarias, que se realizou em agosto de
2010, na cidade de São Paulo, a ANL trouxe
o tema “A Livraria e sua importância em
um mundo em transformação – Transformações para as quais precisamos estar preparados, independentemente do
porte de nossas livrarias”. Desta forma,
os temas das mesas de debates foram
cuidadosamente estudados para atender
as expectativas de nossos Associados,
com matérias relevantes e atuais.
Entre os Debates e Palestras tivemos: “A
importância do capital humano para a
excelência no atendimento à Livraria”;
“Políticas públicas voltadas às Livrarias
e seus benefícios para o setor”; “Editor,
distribuidor, livreiro, educador e autor
– Juntos em um mesmo ideal”; “Casos e
experiências de sucessos nas Livrarias”;
“Qualidade de vida no mundo contemporâneo”; “Livros por demanda: como
agregar valor comercial à Livraria trabalhando sob demanda”; “Panorama
das Livrarias brasileiras. Problemas e
desafios atuais do setor Livreiro”; e “Os
desafios e o impacto do Livro Digital nas
Livrarias. Como as livrarias devem se
preparar com esta nova tecnologia”.
Um dos destaques, o Diagnóstico do
Setor Livreiro, ocorreu logo na mesa de
abertura. Um retrato atual — inédito
— do segmento livreiro em nosso país.
Concentrações geográficas; hábitos de
compras dentro de uma livraria; número
de livrarias por habitantes, dividido por
regiões e Estados; além de outros dados
de igual relevância.
A Convenção abriu espaço para sua 2ª Rodada de Negócios, um ponto de encontro
para que os profissionais fiquem por dentro
das novidades do setor. Neste ano, a Rodada
— atendendo e buscando as necessidades
daqueles que tornam possível a realização
de nossa Convenção: nossos apoiadores e
patrocinadores — dedicou um espaço privilegiado aos expositores. O local foi ponto de
encontro na chegada ao evento, nos coffees
breaks e eventos de degustação.
Em outubro último a Associação
Nacional de Livrarias encaminhou
para seus Associados um folder com
a síntese da 20ª Convenção Nacional
de Livrarias. Agora disponível em seu site, em
versão completa. Vale conferir www.anl.org.br.
Pequenas e médias livrarias
foram contempladas nos
editais do ProCultura As pequenas e médias livrarias brasileiras foram contempladas nos editais ProCultura, lançados em outubro último.
Esta foi a primeira vez que o Ministério
da Cultura (MinC) lançou um edital
específico para o setor. O novo edital
contempla o Eixo 4 do Plano Nacional
de Livro e Leitura (PNLL), instituído
em 2006 pelos Ministérios da Cultura e
Educação, voltado ao desenvolvimento
da economia do livro. Trata-se também
de uma antiga reivindicação do setor, de
que o governo fomentasse, de alguma
forma, a cadeia produtiva do livro.
Em outubro de 2009, após a participação
do Sr. diretor Fabiano dos Santos Piuba,
do Departamento Nacional do Livro,
Leitura e Literatura, do MINC, no debate “O papel das políticas públicas do
Livro e leis de defesa das Livrarias. Lei de
Fomento ao Livros e à Leitura”, realizado
na 19ª Convenção Nacional de Livrarias de 2009 (Rio de Janeiro/RJ), a ANL
encaminhou ao Departamento, ofício
com sugestões de ações em defesa das
Livrarias, ressaltando a importância de
ações dirigidas às pequenas e médias livrarias. “Aproveitamos, então, este novo
momento, de troca de experiências, para
lhe entregar oficialmente algumas sugestões de ações práticas, que poderão
ser desenvolvidas numa parceria entre
o Governo Federal e a ANL, em benefício direto dos livreiros brasileiros, principalmente para as pequenas e médias
livrarias brasileiras”, ressaltou na época
Vitor Tavares, presidente da ANL. •
ARTIGO
O FUTURO DO LIVRO
É O HÍBRIDO
Ednei Procópio *
Vem aí o primeiro catálogo universal e padrão de obras, disponível para todo o mer-
cado editorial brasileiro.
A Câmara Brasileira do Livro [CBL] ainda
não liberou, oficialmente, informações detalhadas sobre o tema, mas creio que esta
novidade será tão importante para apontar
e delimitar novos horizontes do mercado de
livros, quanto foi a primeira edição do Congresso Internacional do Livro Digital.
É, sem dúvida alguma, a grande sacada em
2011 para o mundo dos livros. E que era
uma antiga aspiração da categoria, mas que,
só agora, graças ao aprimoramento da tecnologia, está se tornando possível.
A ideia central de um catálogo único é criar
uma plataforma distribuidora de informações
claras e precisas sobre o cadastro de todos os
livros publicados em língua portuguesa.
Uma plataforma de normalização de metadados digitais [baseada em um padrão para
o mercado brasileiro] traria uma evolução
criativa na transmissão de informações sobre livros para as editoras, distribuidoras,
livrarias físicas e virtuais [no caso das vendas], blogs e redes sociais [divulgação], bibliotecas [circulação], etc.
Na prática, isso quer dizer que o leitor, o
bibliotecário e/ou até o Governo, irá encontrar aquele livro que precisa, através da
Internet ou dos terminais de buscas nas
livrarias e bibliotecas, pois as informações
sobre os livros, se o mercado livreiro aderir à iniciativa, estarão sendo armazenadas
e transmitidas de modo mais preciso que
atualmente. Principalmente, por exemplo,
no que diz respeito à disponibilidade de um
determinado título nos estoques físicos.
Se o mercado editorial brasileiro juntar a
tecnologia de uma normatização de cadastro único padrão para livros, com os mo22 • REVISTA ANL • EDIÇÃO 42
dernos processos de impressão digital sob
demanda, a mágica estará feita.
Há discussões técnicas incipientes ainda,
mas bem interessantes, nas entidades de
classe como CBL e ANL [Associação Nacional de Livrarias], com relação ao padrão
a ser adotado. Existem alguns caminhos
como é o caso do Onix for Books [que atualmente está em sua versão 3.0], que de longe
parece ser a melhor escolha.
Além de permitir uma melhor segurança
na transmissão de dados, o Onix [acrônimo
para ONline Information EXchange] é um
dos padrões internacionais para representar e comunicar informações de produtos
nas indústrias de bens culturais, ou seja, no
nosso caso, para a cadeia produtiva do livro.
O mais interessante é que o padrão Onix não
nasceu para criar o intercâmbio de tráfego
de dados para livros digitais, mas sim para
livros impressos. Mas o conceito do Onix
é tão amplo e tão rico que caiu como luva
nos demais formatos ou suportes mais modernos do livro, como é o caso do e-book e
também do audiobook. O Onix for Books
3.0 é baseado na tecnologia XML, assim
como o formato padrão para publicações
eletrônicas, o ePub, e o formato de acessibilidade conhecido como DAISY. Creio que
se juntarmos o Onix [para metadados de
livros em geral] e o ePub [para o conteúdo
especificamente] teremos um cenário muito
interessante pela frente.
O catálogo padrão único fortaleceria toda
a cadeia produtiva do livro, desde o livreiro independente, assim como também
melhoraria a comunicação de cadastro
de obras das pequenas editoras junto às
grandes livrarias. O cadastro do livro se
daria de modo uniforme, graças aos metadados, independente se o livro estaria circulando em formato eletrônico, impresso
ou em áudio. E independente também dos
diversos players e canais de vendas hoje disponíveis no mercado.
Como vemos, o futuro do livro é o híbrido.
O mercado deverá oferecer o conteúdo das
obras em formatos diversos [impresso sob
demanda, eletrônico ou em áudio], e o consumidor final é quem escolherá em qual suporte deseja consumir os livros. E o segredo
desse consumo está no acesso irrestrito às
informações sobre as obras.
* Ednei Procópio é editor especialista
em livros digitais há mais de dez anos;
é sócio-diretor da Giz Editorial e criou a
plataforma Livrus.com.br e autor da obra
O Livro na Era Digital.
ESPAÇO CONHECIMENTO
COMO PROMOVER A
SUA LOJA VIRTUAL
Eduardo Infante *
Muitas livrarias, de todos os portes, contam
com uma estrutura para operações online e
já realizam vendas regularmente. Entretanto,
é muito comum vermos casos de livrarias que
atuam na internet, mas não estão atingindo
as vendas esperadas ou desejadas.
Quando isso acontece, muitas razões podem
estar contribuindo para o baixo volume de
vendas, entre elas, podemos destacar problemas funcionais no site, o mix de produtos
oferecido, meios de pagamento inadequados ou parcelamento de vendas aquém dos
praticados pelo mercado e, especialmente, a
divulgação da livraria virtual, que pode estar
sendo inadequada ou inexistente.
De nada adianta termos uma livraria virtual bem montada, com todos os melhores
atributos técnicos, logística impecável e
outras vantagens competitivas, se não for
adequadamente divulgada para o públicoalvo. Mas, como podemos aumentar as vendas utilizando a propaganda e o marketing
adequado?
Existem diversas formas eficientes de divulgação, que pode ser feita utilizando-se mídias tradicionais, como TV, rádio, revistas,
jornais, etc. ou, ainda, publicidade ou marketing online.
Para uma loja virtual, divulgar diretamente
na internet traz grandes benefícios, pois
qualquer propaganda na rede deixa o consumidor a apenas um clique da livraria
virtual. Existem diversas formas de publicidade online, entre as quais, podemos destacar os anúncios em sites de busca, sites de
comparação de preços, inserção de banners
em sites de conteúdo específico, portais,
shoppings virtuais, email marketing, etc.
Apesar da grande variedade de formatos
disponíveis, para cada tipo de livraria virtu24 • REVISTA ANL • EDIÇÃO 42
al encontraremos um formato de campanha
mais adequado. Para livrarias com acervo
específico, dirigido para um determinado
público-alvo (livrarias jurídicas, livros técnicos, medicina, etc.), anunciar em sites de
conteúdo específico para o seu público-alvo
costuma ser uma alternativa menos dispendiosa e com maior retorno em vendas. O
email marketing, desde que seja utilizada
uma base de endereços de email devidamente segmentada, costuma apresentar o
melhor resultado em termos de relação
custo/benefício.
Para livrarias com acervo genérico, cujo
público-alvo é composto por leitores em
geral, a melhor estratégia é utilizar todos
os meios de divulgação online que atinjam
o maior número de internautas possível.
Entretanto, devemos lembrar que esta fatia
do mercado é a que sofre com a maior concorrência e que, além da boa divulgação, é
necessário contar com um acervo de quali-
dade, preços competitivos e prazos de entrega adequados às expectativas dos consumidores.
Eduardo Infante Vieira é graduado em Administração de Empresas pela PUC-SP, Publicidade e
Propaganda pela FAAP-SP e Pós-Graduado em Marketing pela FAAP-SP. É diretor de conteúdo do portal
Ruralnews.com.br e da loja virtual Ruralshopping.
com.br, que comercializa livros e DVDs há mais de
10 anos. É autor do livro ESTRATÉGIAS DE MARKETING NA INTERNET, consultor de marketing
digital e diretor da Prata Editora.
E-mail: [email protected]
Estratégias de Marketing na Internet
Eduardo Infante Vieira, Prata Editora
Vendas: Distribuidora Loyola
(11) 3322-0100
[email protected]
CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL
CURSOS DE FORMAÇÃO E
CAPACITAÇÃO DE LIVREIROS
Entre as novidades deste ano, destacou-se a efetivação do Curso em Bienal e Feiras do Livro, como a
Bienal do Livro de São Paulo e a Feira do Livro de Brasília, entre outras. Para 2011, um dos principais
objetivos do Programa será levá-lo para vários Estados brasileiros, através de cursos in company e
regionais, uma reivindicação dos próprios Associados, durante a 20ª Convenção Nacional de Livrarias.
Se o bom atendimento é a chave para o
sucesso de uma livraria, é de bons fun-
cionários que a empresa precisa. A motivação é sempre a melhor solução. A extensa
grade dos cursos atende a todos os níveis
profissionais, como: vendedores, gestores,
gerentes e executivos de livrarias de todos
os portes. Responsável pela capacitação de
mais de 400 profissionais da área do livro, o
Curso de Formação e Capacitação de Livreiros da ANL, chega ao final de seu terceiro
ano consolidado. “A política de promover o
conhecimento como ferramenta essencial
para o crescimento do setor livreiro, mostrou-se bastante eficiente e está sendo muito
bem avaliada pelos participantes dos cursos
realizados”, descreve Eduardo Infante, coordenador da Grade de Cursos.
“O principal objetivo do Curso de Formação
e Capacitação de Livreiros da ANL é disseminar conhecimento e informações de
uso prático para os profissionais da área.
Promover o encontro e a aproximação entre
esses profissionais, permitindo a troca de conhecimento e a criação de um networking
que só agrega valor ao trabalho de todos”,
completa Vitor Tavares, presidente da ANL.
GRADE ATUAL
• A cadeia de produção e comercialização
• Atendimento é tudo – como surpreender, inovar e transformar a experiência de compra de seus clientes
• Arquitetura interna das livrarias: definição da utilização, aproveitamento do espaço disponível e decoração
• As vitrines nas livrarias – vitrinismo prático
• Como e quando ampliar a livraria: novas filiais e criação de redes.
• Compras: como definir e comprar o melhor acervo
• Contratação, reciclagem e aprimoramento do quadro de funcionários
• Definição e aprimoramento do mix de produtos
• E-Book – como as livrarias devem se preparar para esse novo produto?
• E-Commerce – como implantar e aumentar as vendas na internet
• Liderança – não é possível crescer sem bons líderes
• Marketing para pequenas e médias livrarias: como divulgar, reforçar a
marca e conquistar mercado
• O Livro na era digital – o mercado editorial e as mídias digitais
FICHA TÉCNICA
Cursos de Formação de Capacitação de Livreiros
Local - Auditório da Livraria Paulinas (Rua Domingos de Moraes, 678
- próximo metrô Ana Rosa). Horário — todos os módulos acontecerão
em 1 dia (4 horas) Associados: R$ 80,00 reais — Não Associados: R$
120,00 reais (preços de 2010)
Mais Informações: Associação Nacional de Livrarias (ANL)
Site: www.anl.org.br — Fone: (11) 3337-5419 — E-mail: [email protected]
Coordenação: Eduardo Infante Vieira
26 • REVISTA ANL • EDIÇÃO 42
ENTIDADES DO SETOR
ROTEIRO DAS LIVRARIAS DO CENTRO HISTÓRICO DO
RIO DE JANEIRO CHEGA A SUA TERCEIRA EDIÇÃO
Com a organização e produção da Associação Estadual de Livrarias do Rio de
Janeiro (AEL), a terceira edição do Roteiro
das Livrarias do Centro Histórico da cidade carioca, lançado em agosto último,
traz Mapa detalhado, no qual estão assinaladas 47 livrarias, das tradicionais como
Leonardo da Vinci, Saraiva, Martins Fontes,
às mais novas: Kitabu (cultura afro), Folha
Seca (futebol) e Travessa (filial com livros
acadêmicos). Com uma tiragem de 100 mil
exemplares, distribuídos gratuitamente,
além da identificação das livrarias, o Mapa
traz as atrações culturais do Centro carioca,
incluindo nesta edição a região do Catete.
Segundo os organizadores do Roteiro, os
próprios cariocas desconhecem a diversidade de livrarias do Centro da cidade do
Rio de Janeiro. Ele veio para orientálos assim como aos turistas do Brasil
e do mundo e mostrar a riqueza
histórica da região.
Entre livrarias técnicas, como Interciência, Technical Books e Ciência Moderna, temos 11 religiosas,
sendo 5 católicas, Paulus, Paulinas,
Lumen Christi, Vozes e Ave Maria;
3 evangélicas, Godspel, Betânia, Sociedade Bíblica do Brasil; e 2 espíritas, Livraria da FEB e Joanna de Angelis, esta no Catete, onde o mapa dá uma
esticada. E, de quebra, ainda tem a Horus,
esotérica. Completando com os sebos, entre
eles: Antiqualhas Brasileiras, Berinjela, Letra Viva, Elizart, Rio Antigo e Padrão.
O Roteiro das Livrarias do Centro Histórico
do Rio de Janeiro contou com o patrocínio
da Secretaria Municipal de Cultura e apoio
de escolas como IBEU, ESPM e Instituto
Cervantes; além de restaurantes e estabelecimentos do Centro.
Informações: [email protected].
ENTIDADES DO SETOR
COMITIVA CEARENSE MARCA PRESENÇA
NA BIENAL DO LIVRO DE SÃO PAULO
Fórum da Rede Nordeste, realizado na Bienal do Livro de São Paulo, enfatizou a compra
regionalizada por parte da Fundação Biblioteca Nacional e os preparatórios para Feira
do Livro de Frankfurt em 2013.
Se a ideia de participar da Feira do Livro de Frankfurt pode ser impossível para uns, para outros é
um desafio que pode ser conquistado. Em 2013,
o Brasil será o país homenageado pelo evento que
é considerado o maior fomentador de rodada de
negócios do setor editorial no mundo. Este foi um
dos assuntos tratados pelo diretor do Livro, Leitura e Literatura do Ministério da Cultura, Fabiano
dos Santos, durante a reunião do Fórum da Rede
Nordeste do Livro, realizado na Bienal do Livro
de São Paulo, em agosto de 2010.
Segundo Fabiano dos Santos, em breve será criado um Escritório (Grupo de Trabalho) formado
por entidades representativas dos membros da
cadeia do livro, Ministério da Educação e Ministério das Relações Exteriores. A partir dessa organização, a curadoria irá pensar tanto na Feira de
Frankfurt quanto na programação preparatória a
ser realizada nos anos que a antecedem. Ele adiantou ainda que serão criados editais ou bolsas
da Fundação Biblioteca Nacional (FBN) para
tradução de livros para o alemão, para que se crie
um bom acervo progressivamente.
Foi definido que o GT será formado por integrantes da Diretoria do Livro e Leitura do Ministério
da Cultura, Diretoria do Ministério das Relações
Exteriores, Gabinete do Ministro da Cultura, Diretoria do Ministério da Educação e do Ministério de Ciência e Tecnologia. Além disso, haverá
representantes da Cadeia Produtiva do Livro,
terá assento ainda a LIBRE, ABEU, CBL, Instituto
Pró-Livro, Academia Brasileira de Letras, União
Brasileira dos Escritores, Movimento Literatura
Urgente e Fórum da Rede Nordeste.
Mileide Flores, que também esteve presente no ato
da assinatura do convênio Brasil em Frankfurt, levanta a questão da participação do Fórum da Rede
Nordeste neste GT. “Atendendo às discussões da
bibliodiversidade, é necessário uma maior representação da produção literária nacional. Por
isso, defendo a ideia que a Rede Nordeste do
Livro tenha uma representação“, explica.
Quanto à compra descentralizada, Fabiano
dos Santos fez o balanço de como o MinC está
atuando desde a implantação do Mais Cultura,
que ampliou o número de pontos de leitura de
800 para 3 mil, a partir de contrapartidas com
as prefeituras. Ele disse ainda que cada Estado
deverá formar uma comissão para a escolha de
50% dos títulos a serem adquiridos pela FBN,
assim o Ministério estará fomentando a bibliodiversidade, pois as editoras locais participarão
dos editais.
A valorização dos livros produzidos na região
muitas vezes não acontece nos próprios locais de
origem. Esta é a crítica de Lucinda Marques, da
Editora IMEPH, do Ceará. “Se o Ceará nos comprasse o acervo das nossas editoras e de outros
Fórum da Rede Nordeste do Livro, realizado na Bienal do Livro de São
Paulo, em agosto de 2010.
Estados do Nordeste, vir para São Paulo seria
uma consequência. Ainda sofremos muita rejeição em nossos Estados de origem”, critica.
Outra boa notícia é que será lançado também
em breve um edital de fomento para as pequenas
editoras e livrarias. “Precisamos ainda estudar
e definir o que consideramos pequeno e médio
em nosso mercado”, explica.
Para Tarciana Portella, chefe da Representação
Regional Nordeste do Ministério da Cultura, um
momento como este de troca de experiências é
fundamental, mas há dificuldades em reunir
todos os Estados. “Só temos uma maior organização do Livro e Leitura no Ceará e Bahia, por
isso precisamos estar sempre nos articulando,
repassando as informações para os outros Estados”, explica. Flávio Martins, da Editora Conhecimento (Ceará), achou o encontro positivo,
mas sentiu falta de mais participações. Estados
como Pernambuco, Rio Grande do Norte e Bahia enviaram representantes. “Se todo editor do
Nordeste pudesse visualizar o que está acontecendo neste momento, estaria aqui presente
nessa reunião”, justifica. (colaboração, jornalista Luiza Helena Amorim).
CARTA ABERTA DA
A Liga Brasileira de Editoras (LIBRE) entregou
aos futuros deputados, senadores, governadores
e presidente, carta assinada por Cristina Warth,
presidente da Liga, que expressa a posição dos
editores independentes brasileiros e na qual, em
sua abertura, destaca:
Dentro do catálogo das nossas editoras, temos
alguns livros bastante conhecidos, os que normalmente são chamados pelos jornais de bestsellers. Não nos afirmamos, porém, por meio
deles. Nossa contribuição está na diversidade, e
28 • REVISTA ANL • EDIÇÃO 42
é com a arma da bibliodiversidade que enfrentamos as mais difíceis condições que o mercado
nos impõe...
...A cadeia do livro é parte fundamental deste processo. E engloba não apenas os autores, os produtores (editores, tradutores, revisores, designers e
ilustradores, entre tantas outras profissões), como
também os distribuidores e livreiros...
... Libre defende que o futuro governo, a ser empossado em 1º de janeiro de 2011, deve atuar
firmemente na direção de incentivar a bibliodi-
*
versidade por meio da edição independente... *
Confirmadas as tendências de crescimento
econômico e do aumento da relevância política
do país no cenário internacional, a produção da
cadeia do livro deve ser tomada como uma prioridade de governo e Estado, pois seu papel será
estruturante na consolidação dos grandes projetos nacionais.
* A íntegra da carta está disponível
no site da ANL (www.anl.org.br)
FEIRAS
FEIRA DO LIVRO DE FRANKFURT
SALÃO DO LIVRO DE
PRESIDENTE PRUDENTE
A Feira do Livro de Frankfurt organizou pela primei-
Alexander Heimann
ra vez este ano um espaço
de debates voltado ao mundo
digital e convidou o PublishNews para mediar dois desses
encontros, no dia 7 de outubro de 2010. Os diretores da
Livraria Saraiva, Frederico
Indiani e Cesar Groh, conversaram com Carlo Carrenho, sobre os primeiros
passos do mercado do livro
digital no Brasil. O que é
esse mercado e o que isso pode interessar
aos editores internacionais? O papo tomou
o rumo de uma troca de experiência dos players
brasileiros, que pode ser proveitosa para
os ouvintes, como o trabalho da Livraria,
de cerca de um ano, para ter a sua eBookstore.
Sobre os consumidores/leitores, Cesar disse:
“As pessoas sabem que o mercado do livro
está mudando e elas querem fazer parte
disso.” Para Frederico, “a Saraiva vê um futuro de sinergia e ótima convivência entre
o digital e o impresso.” É acompanhar para
ver. (fonte: PublishNews - 08/10/2010 matéria completa - Ricardo Costa, de Frankfurt).
O 1º Salão do Livro de Presidente Prudente,
interior de São Paulo, que aconteceu em outubro último, já tem data marcada para uma
nova edição. “A previsão é que a segunda
edição seja realizada entre os dias 7 e 16 de
outubro de 2011. O projeto foi um sucesso
por isso não há como não voltar”, afirma o
secretário municipal de Cultura e Turismo,
Fábio Nougueira.
FEIRAS
Primavera dos Livros chega a sua 10ª edição
Entre 21 e 24 de outubro, o Museu da República do Rio de Janeiro foi cenário da 10ª Primavera dos Livros, o maior encon-
tro de editoras independentes do país. O evento, que acontece
pela quarta vez consecutiva nos jardins do Palácio do Catete,
teve como tema principal o Rio de Janeiro, em um momento
em que olhares do mundo inteiro estão voltados para a cidade.
Promovida pela Libre (Liga Brasileira de Editoras), a Primavera dos
Livros busca fomentar a troca de ideias e contribuir para o fortalecimento da cultura nacional. Ao todo, serão cerca de 90 editoras independentes participantes
e um catálogo de 10 mil títulos à disposição do público. A expectativa da organização é que
30 mil pessoas circulem pelos jardins do Palácio do Catete nos quatro dias de evento.
Com curadoria de Suzana Vargas, o tradicional fórum de debates da Primavera dos Livros
contará com oito mesas-redondas e palestras que vão apresentar uma série de temas ligados
ao Rio de Janeiro, como urbanismo, arquitetura, literatura, música, violência urbana e economia. Entre os palestrantes confirmados estão o economista Sergio Besserman, o escritor
Ferreira Gullar (que será homenageado e lançará um livro pela Casa da Palavra), o teólogo
Leonardo Boff, o sociólogo Michel Misse e o jornalista Sérgio Cabral.
56ª Feira do Livro de Porto Alegre
A Feira do Livro de Porto Alegre, que chega a sua 56ª
edição, é uma das mais antigas do País. Sua primeira
edição ocorreu em 1955 e seu idealizador foi o jornalista
Say Marques, diretor-secretário do Diário de Notícias.
Inspirado por uma feira que visitara na Cinelândia no Rio de Janeiro, Marques convenceu
livreiros e editores da cidade a participarem do evento. A 56ª Feira do Livro de Porto Alegre
aconteceu no período de 29 de outubro a 15 de novembro de 2010.
Nesta edição a Feira do Livro destinou um espaço especial para debates sobre a
história do nosso País – o Ciclo História do Brasil – que aconteceu nos dias 1º e 2
de novembro. No dia 1º de novembro, Mary del Priore, Renato Venâncio e Laurentino
Gomes debateram sobre o tema “História, Brasil e o que você tem com isso”, com a mediação de Cláudia Laitano. No dia 2 de novembro, José Roberto Torero e Eduardo Bueno
debateram sobre as “Histórias da História do Brasil”, mediação de Cristiane Ostermann.
As atividades da programação oficial da Feira foram distribuídas em vários locais
do entorno da Praça da Alfândega. O encontro trouxe novidades para este ano e
levou a feira para além da praça. Aconteceram atividades no Cais do Porto (Avenida
Mauá, altura da Praça da Alfândega), Avenida Sepúlveda, Centro Cultural CEEE Erico Verissimo (Rua dos Andradas, 1.223), Memorial do Rio Grande do Sul (Praça da
Alfândega, s/nº) e no Santander Cultural (Praça da Alfândega, s/nº).
A 1ª Bienal do Livro Paraná atraiu pessoas
de todas as idades no Estação Convention
Center e reuniu uma intensa programação
cultural. Ao todo, 30 sessões de debates e
58 apresentações voltadas para o público
infanto-juvenil aproximaram os visitantes do universo literário. Além de 70
horas de programação cultural, a Bienal
também chamou a atenção pelas livrarias e editoras que expuseram no evento. Diversos títulos foram divulgados.
Wagner Aparecido Fonseca, gerente da
Livrarias Curitiba do Shopping Estação
e do estande na 1ª Bienal do Livro Paraná, conta que o evento foi muito bom.
“Superou minhas expectativas e, como
conheço os curitibanos, sei que eles vão
incorporar o evento e fazer com que ele
tenha periodicidade. A organização foi
incomparável em relação a outros eventos que participamos na cidade.”
“Fico feliz que Curitiba tenha recebido
com tanto carinho os autores que participaram dos 18 Cafés Literários. Essa
Bienal conseguiu fazer de Curitiba uma
cidade culturalmente melhor, com a presença de público qualificado. Nós partimos do nada, em uma cidade que não tem
tradição em Bienais, e mostramos que estamos preparados para a próxima”, destaca o jornalista Rogério Pereira, editor do
Rascunho e curador do Café Literário.
Tarrafa Literária
A 2ª edição da Tarrafa Literária, Festival Internacional de Literatura, que aconteceu entre os dias 22 e 26 de
setembro, no Teatro Guarany, em Santos/SP, sediou várias mesas de debates com a presença de autores
como Luis Fernando Verissimo, Zuenir Ventura, Roberto Muylaert e João Paulo Cuenca, entre outros
nomes nacionais e internacionais, como Célestin Monga (Camarões), Mark Crick (Inglaterra) e Jeremy
Mercer (Canadá). A programação também contou com a Tarrafinha, com atividades especiais para os
pequenos, contação de histórias, partida de futebol entre os artistas convidados e um show de abertura.
A Tarrafa Literária é realizada pela Realejo Livros & Edições, por meio da Lei Rouanet com patrocínio da
Praticagem e Codesp.
30 • REVISTA ANL • EDIÇÃO 42
I Festival de Literatura Infantil Monteiro Lobato
A cidade de Monteiro Lobato, no interior de São Paulo,
promoveu entre os dias 2
até 5 de Setembro de 2010,
o “I Festival de Literatura Infantil - Monteiro Lobato”.
Na programação do evento estão previstos ciclos de
palestras com escritores, oficinas culturais, exposições,
shows e apresentações artísticas, baseados na temática
das obras da literatura infantil. O festival será realizado
na Praça Deputado Cunha Bueno e na Biblioteca Pública do município.
Em tempo: o município aguarda o título de “Capital da Literatura Infantil”, pelo Governo do Estado de
São Paulo. A homenagem faz parte do Projeto de Lei
n°1003/09. A ação já foi aprovada pela Comissão de
Cultura, Ciência e Tecnologia (CCT) e será votada
em caráter de urgência pela Assembleia Legislativa. A
concessão do título homenageia a cidade que serviu de
inspiração para o maior escritor infantil brasileiro, José
Bento Monteiro Lobato.
29ª Feira do Livro de
Brasília
A 29ª Feira do Livro de Brasília, que
teve como tema central “O Mundo da
Leitura e a Leitura no Mundo”, foi reali-
zada entre os dias 8 e 17 de outubro em
Brasília. O evento recebeu cerca de 300
mil pessoas durante os 10 dias de evento.
A Feira, neste ano, inovou ao fortalecer
em sua realização o compromisso na
proteção do nosso planeta. A ABDF
aderiu ao Pacto Global da ONU e os 10
Princípios, que abordam aspectos dos Direitos Humanos, Direitos do Trabalho,
Meio Ambiente e Combate à Corrupção, norteiam todas as atividades da Feira.
Segundo o presidente da Câmara do Livro, professor Anderson Batista, “o livro
é um objeto de mudança”. E Brasília só perde para a Bienal do Livro de São Paulo
e para a Feira do Livro de Porto Alegre.
Durante a Feira, cerca de 2 mil alunos da rede pública visitaram a Feira. Como
entrada foram montados espaços específicos para crianças, famílias, mulheres,
idosos. A 29ª Feira do Livro de Brasília, contou, também, com área de leitura,
Café Literário, entre outras atrações.
LIVREIROS INDEPENDENTES
CARTA ABERTA AOS DEPUTADOS ESTADUAIS
E FEDERAIS, SENADORES, GOVERNADORES E
PRESIDENTE DA REPÚBLICA E AO PÚBLICO EM GERAL
A Associação Nacional de Livrarias em nome das Livrarias Independentes do Brasil divulga as resoluções retiradas do
1º Encontro das Livrarias Independentes.
Tendo em seu quadro de associados uma
grande representatividade de pequenos e
médios livreiros, a Associação Nacional de
Livrarias (ANL), por uma legítima solicitação de seus associados, passa a desenvolver ações dirigidas especificamente para
este segmento.
Como iniciativa, a ANL organizou o 1º Encontro ANL de Livreiros Independentes
– que provocou um completo levantamento
das principais problemáticas das livrarias
independentes no país. O Encontro — que
precedeu a 20ª Convenção Nacional de
Livrarias, realizada entre os dias 09 e 12
de agosto, em São Paulo/SP — teve como
principal objetivo promover debates para
o desenvolvimento de ações que possam
garantir sua participação sempre competitiva no mercado. O evento buscou,
ainda, conhecer mais detalhadamente, as
atuais necessidades do pequeno empresário
no segmento de livrarias, assim como desenvolver ações concretas junto às entidades públicas e privadas, que visem exclusivamente o livreiro independente.
O evento provocou uma ampla discussão
sobre a posição do Livreiro Independente
neste mundo em transformação diante
dos resultados apresentados no Diagnóstico do Setor Livreiro 2009 realizado pela
ANL e divulgado na Convenção do setor,
que revelou a existência no Brasil de 2.980
livrarias, das quais cerca de 70% pertencem
a Livreiros Independentes (grupos com
uma e duas lojas), sendo que 63% com apenas uma loja. [material completo no site da
entidade www.anl.org.br]
A distribuição geográfica destas livrarias
pelo Brasil está diretamente relacionada à
distribuição de renda e à qualidade do ensino básico oferecido. Quanto menor a renda
e menor a qualidade de ensino, menor a presença de livrarias. Observando desta forma,
a pequena e a média livraria exercem um
papel fundamental na democratização do
acesso à leitura e nas necessidades primeiras da formação leitora de uma população
carente de informações e conhecimentos
para se integrar a um mundo cada vez mais
competitivo e globalizado. É neste sentido
que são necessárias as políticas públicas
de incentivos permanentes para a sua manutenção.
São as livrarias independentes que traduzem maior democratização do acesso ao
livro e ao conhecimento e maior bibliodiversidade. As pequenas e médias livrarias
não estão atreladas apenas ao mercado de
produção e compra, já que é nelas que se retrata a realidade do comércio multifacetado
que representam. Comércio este que, para
ser eficiente em seus múltiplos aspectos,
precisa conciliar imperativos comerciais
com exigências culturais, imperativos estes
não presenciados, tão intensamente, em
outra cadeia produtiva.
As pequenas e médias livrarias não são vistas pelos governos como estratégicas para
alcançar os índices desejados de acesso ao
livro e à leitura, que um país democrático e
republicano precisa para se fazer entender e
para ser entendido.
Dados para análise
• As livrarias permanecem o principal canal
de comercialização e acesso ao livro, conforme demonstrado tanto nas pesquisas Retratos da Leitura - 2008, como no estudo
O Livro no Orçamento Familiar – IBGE
- 2003;
• Temos um grande déficit no número de
livrarias existentes no país, uma vez que
existem apenas 2.980 livrarias para cerca
de 5.700 municípios1. Há no Brasil 64 mil
Anuário Nacional de Livrarias 2010, ANL, São
Paulo.
1
habitantes por livraria, quando a UNESCO
recomenda uma relação de 10 mil habitantes por livraria;
• Mesmo Estados como SP e RJ não atingem
os índices desejáveis na relação livrarias por
habitantes. Para uma população de 200 milhões de habitantes, a ser atingida no Censo
ora em curso, seriam necessárias, no mínimo, 20 mil livrarias no Brasil, ou seja, um
aumento de 17 mil novas livrarias (500%);
• A relação número de habitantes por livraria
hoje é de 1 livraria para cada 64 mil habitantes.
O melhor índice é o de 1 livraria para cada 16
mil habitantes (Roraima) e o pior índice de 1
para cada 200 mil habitantes (Pará);
• Estas se concentram nos grandes centros,
em especial nas Capitais e Regiões Metropolitanas, estando 75% das empresas localizadas nas regiões Sul e Sudeste;
• A maioria (2/3) dos municípios brasileiros
não possui qualquer livraria2;
• A participação de livrarias no Nordeste
diminuiu percentualmente de 20 para 12%
entre 2006 e 2009;
• As Livrarias Independentes, que representam 90% do total de pontos de venda
existentes, são constituídas por pequenas e
médias empresas. Apenas 10% das livrarias
faturam acima de R$ 2,4 milhões anuais, e
somente 4% das empresas faturam mais do
que R$ 4,8 milhões no mesmo período;
• Reforçamos, ainda, que 63% das empresas
possuem apenas uma única livraria.
Com estas preocupações, a Associação
Nacional de Livrarias (ANL), representando as Livrarias Independentes
do Brasil, se manifesta e solicita:
• Aprovação da adequação das livrarias que
operam no sistema tributário, supersimples
e lucro presumido, na isenção do PIS e do
COFINS. O produto Livro não pode sofrer
Perfil de Informações Municipais 2009, IBGE, Rio
de Janeiro, 2010.
2
EDIÇÃO 42 • REVISTA ANL • 33
discriminação tributária pelo viés do tamanho da empresa que o opera;
• Reafirmação da função cultural e social
da livraria como fator de desenvolvimento
econômico e humano das pessoas;
• Regulamentação do mercado criando
mecanismos para que as pequenas e médias
livrarias não desapareçam;
• Criação de linhas de crédito, com juros
subsidiados e carência, para as pequenas e
médias livrarias e editoras;
• Oferta de cursos para qualificação profissional dos que compõem a cadeia do livro;
• Criação urgente de política de barateamento do frete, aéreo ou terrestre, para
melhorar a distribuição do livro em todo
o território nacional, observando o custo
Amazonas, através de subsídio pelo fundo
Pró-Livro;
• Coibir a concorrência predatória;
• Revisão da política de descontos e condições de pagamentos, que, neste momento,
privilegia apenas as grandes redes de livrarias;
• Facilitação para obtenção de empréstimos
públicos, como o BNDES.
• Aprovação dos projetos de lei que estão
tramitando no Congresso Nacional:
*** PEC 150 (que estabelece a dotação orçamentária para a cultura)
*** Projeto de Lei do Plano Nacional de
Cultura e Sistema Nacional de Cultura
*** Projeto de Lei do Fundo Pró-Leitura
*** Projeto de Lei do Plano Nacional do
Livro, Leitura e Literatura (PNLLL)
*** Projeto de Lei para criação do Instituto Nacional do Livro
*** Projeto de Lei de Incentivo ao Livro e
a Leitura (Lei do Preço Fixo)
*** Apoio político para aprovação dos
projetos de leis que criam o Fundo PróLeitura, PNLLL e o Instituto do Livro.
*** Que integrem a Frente Parlamentar
Mista da Leitura e se insira na discussão
sobre a questão da sobrevivência das
pequenas livrarias e editoras nacionais.
Vitor Tavares
Presidente da Associação Nacional de Livrarias
Membros da Comissão Interna da ANL de
Livreiros Independentes
34 • REVISTA ANL • EDIÇÃO 42
A ANL FECHOU O ANO DE 2010 COM UM
AUMENTO APROXIMADO DE 20% EM SEU
QUADRO DE ASSOCIADOS ATUANTES
Em todas as edições da Revista ANL, divulgamos e damos as boas vindas aos novos Associados. Nesta edição abrimos um espaço mais especial e, em nome dos que chegaram,
neste último trimestre, desejamos a todos nossos Associados, um Novo Ano de muitas
conquistas. Feliz 2011!
Dona Traça
Lepisma Livraria LTDA
Rua Gonçalves Dias 435 /439
Valparaíso
29655-120 Petrópolis /RJ
Fone: (24) 2231-6966
E-mail: [email protected]
Livraria do Alto EPP
Rua São Benedito 2522
04735-005 São Paulo /SP
Fone: (11) 2366-3433
Fax: (11) 2366-3432
E-mail: [email protected]
Site: www.livrariadoalto.com.br
Livromed
João Felício Marsal Vieira ME
Rua Eduardo Santos Pereira 501
79010-030 Campo Grande /MS
Fone: (67) 3321-8917
E-mail: [email protected]
Site: www.livromed.com
Varejão do Estudante LTDA
Avenida Manoel Borba 267
Boa Vista
50070-000 Recife /PE
Fone: (81) 2123-5823
Fax: (81) 3423-0105
E-mail: [email protected]
Site: www.varejao.com.br
Traça Livraria e Sebo
Carmen Elisabete de Menezes ME
Avenida Osvaldo Aranha 966
90035-191 Porto Alegre /RS
Fone: (51) 3232-8404
E-mail: [email protected]
Site: www.traca.com.br
Editora Fórum LTDA – Sócio Colaborador
Avenida Afonso Pena 2770 15º e 16º
andares
Funcionários
30130-007 Belo Horizonte /MG
Fone: (31) 2121-4989 Fax: (31) 2121-4952
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Duemath – Livraria e Papelaria LTDA
Rua Monteiro Lobato 270
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Fone: 11 4816-7738
E-mail: [email protected]
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