UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA - CAEN MESTRADO PROFISSIONAL EM ECONOMIA RB DISTRIBUIDORA: SUA HISTÓRIA E O PROCESSO DE FORMULAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE ESTRATÉGIA HÉLVIO BENEDITO DIAS DE CARVALHO FORTALEZA 2004 HÉLVIO BENEDITO DIAS DE CARVALHO RB DISTRIBUIDORA: SUA HISTÓRIA E O PROCESSO DE FORMULAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE ESTRATÉGIA Dissertação aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre no curso de Pós-graduação em Economia, Área de Concentração em Desenvolvimento Regional, da Universidade Federal do Ceará – CAEN. Orientador: Prof. Phd. Manoel Bosco de Almeida FORTALEZA 2004 Carvalho, Hélvio Benedito Dias de RB Distribuidora: sua história e o processo de formulação e implementação de estratégia/ Hélvio Benedito Dias de Carvalho. 147 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Ceará – Curso de Pós-graduação em Economia – CAEN. 1. Logística 2. Distribuição 3. Estratégia Empresarial I. Título CDD – 658.8 RB DISTRIBUIDORA: SUA HISTÓRIA E O PROCESSO DE FORMULAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE ESTRATÉGIA HÉLVIO BENEDITO DIAS DE CARVALHO Aprovada em _____/_____/______ ___________________________________________ Prof. Manoel Bosco de Almeida Phd ___________________________________________ Prof. Paulo de Melo Jorge Neto Phd ___________________________________________ Prof. Antônio Lisboa Teles da Rosa Doutor “Nunca te é desejo sem concedido que te um seja concedida também a faculdade de torná-lo realidade. Entretanto, é possível que tenhas que lutar por ele”. Richard Bach À Deus... pelos dons recebidos, pelas oportunidades, pelas conquistas, e por tudo que tem me oferecido. À minha família... pelo amor, pelo apoio, e pelo estímulo constantes. AGRADECIMENTOS Ao meu orientador, Professor Manoel Bosco de Almeida, pela orientação segura, exigente, detalhada, paciente e esclarecedora, que possibilitou a concretização deste trabalho. Aos meus professores, que me encaminharam na busca do saber na área da Economia. Aos meus amigos e colegas de mestrado, que pela sua luta me inspiraram a não esmorecer no meio do caminho. Aos Diretores, Gerentes e Integrantes da RB Distribuidora, empresa objeto deste estudo, pela abertura e receptividade, que me possibilitaram seguir adiante neste trabalho. RESUMO Esta dissertação analisa o processo de elaboração e implementação de estratégias, e, em particular, a formulação e implementação de estratégia pela RB Distribuidora, empresa do ramo de Distribuição, que comercializa produtos de higiene, limpeza e alimentos no estado do Ceará. Os resultados alcançados demonstram que um processo formal e estruturado de elaboração e implementação de estratégias pode agregar valor ao gerenciamento estratégico de qualquer empresa. Este processo dá direcionamento à elaboração do planejamento estratégico e incrementa a capacidade da empresa para enfrentar as forças competitivas do mercado. Neste sentido, a RB Distribuidora realizou seu planejamento estratégico e formulou suas estratégias de longo prazo. Estas estratégias deram direcionamento à definição de metas estratégicas anuais da Empresa. Contudo, existem barreiras e mudanças do mercado que influenciam o processo de implementação das estratégias e da concretização das metas. De fato, a RB Distribuidora enfrentou barreiras e mudanças ocorridas no cenário dos negócios, que influenciaram o nível de implementação das suas estratégias e metas estratégicas. Em face do que, sugere-se a adoção de um programa de acompanhamento e ajuste das suas estratégias e do seu planejamento estratégico, ao longo da sua implementação, como forma de enfrentar as barreiras impostas pelas forças competitivas do mercado, manter o foco no gerenciamento estratégico, adequar-se às mudanças do mercado e assegurar a efetiva implementação das suas estratégias e metas. PALAVRAS-CHAVES: Logística, Distribuição e Estratégia Empresarial. ABSTRACT This dissertation analyzes the process of creating and improving strategies, in particular, the strategy formulation and implementation by RB Distributor. This company is a wholesale distributor of groceries and health care products in the state of Ceará. The study shows that a formal and structured process of strategic planning can add value to the strategic management of any company. This process gives direction to the formulation of strategies and goals which may increase their capacity to face the competitive forces in the market place. As such, RB Distributor has formulated its plan, its strategies and goals with a look into the future and its competitors. However, barriers and market changes influence the process of implementation of strategies and the attainment of its goals. In fact, RB Distributor faced those problems and this influenced adversely its results. A systematic feedback system of information and monitoring is recommended as a tool to reduce the negative impact those variables could have on the desired results. Key words: Logistics, Distribution and Strategic Management SUMÁRIO RESUMO................................................................................................................ i ABSTRACT............................................................................................................ ii SUMÁRIO.............................................................................................................. iii ÍNDICE DE QUADROS.......................................................................................... iv ÍNDICE DE FIGURAS ........................................................................................... v ÍNDICE DE TABELAS .......................................................................................... vi INTRODUÇÃO....................................................................................................... 01 1. O MERCADO ATACADISTA NO BRASIL....................................................... 1.1 - Os Setores e Sub-setores da Economia Brasileira..................................... 1.2 - Os Setores Financeiros e Não-financeiros da Economia Brasileira............ 1.3 - O Setor Comércio e seus Sub-setores........................................................ 1.4 - O Sub-setor Comércio Atacadista............................................................... 1.5 - A Importância Econômica dos Sub-setores Comércio Atacadista e Varejista................................................................................................... 06 06 09 13 18 2. A LOGÍSTICA EMPRESARIAL E UMA ANÁLISE ESTRUTURAL DO MERCADO....................................................................................................... 2.1 - A Logística Empresarial e sua Importância para as Empresas................. 2.2 - A Cadeia de Distribuição................................................................. .......... 2.3 - A Relação do Sub-setor Atacadista com o Varejista................................. 2.4 - Classificação dos Atacadistas por Tipo de Atendimento........................... 2.5 - Impactos da Evolução da Tecnologia de Informação sobre a Cadeia de Distribuição.......................................................................................... 24 24 25 35 40 3. ESTRATÉGIA, ESCOLAS E MÉTODOS........................................................ 3.1 - Estratégia: conceito e importância................................................................. 3.2 - Escolas de Estratégia..................................................................................... 3.3 - Análise Estrutural do Mercado e suas Forças Competitivas......................... 3.4 - Estratégia Competitivas Genéricas................................................................ 3.5 - Modelos para Formulação de Estratégias...................................................... 51 51 54 61 74 77 4. RB DISTRIBUIDORA: SUA HISTÓRIA E O PROCESSO DE FORMULAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DAS SUAS ESTRATÉGIAS.............. 4.1 - História, Crescimento e Diversificação da empresa .................................. 4.2 - Formulação das Estratégias da RB Distribuidora....................................... 4.3 - Planejamento Estratégico da RB Distribuidora para o ano de 2002.......... 86 21 44 86 89 100 5. RESULTADOS OBTIDOS PELA RB DISTRIBUIDORA EM 2002.................. 5.1- Análise dos Resultados Relativos às Metas Estratégicas da RB Distribuidora em 2002.................................................................................. 5.2- Análise do nível de implementação dos Planos Táticos relativos às Metas Estratégicas.................. .................................................................... 5.3 - Barreiras enfrentadas pela RB Distribuidora para implementação das suas Estratégias........................................................................................ 117 117 119 133 6. CONCLUSÃO................................................................................................... 139 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................. 145 ÍNDICE DE QUADROS QUADRO 1.1 - Setores e Sub-Setores da Economia Brasileira........................... QUADRO 2.1 - Impactos das Mudanças na Tecnologia de Informações sobre o Sub-setor Atacadista..................................................................... QUADRO 3.1 - Escolas de Estratégia.................................................................... QUADRO 4.1 - Diagnóstico Estratégico da RB Distribuidora................................ QUADRO 4.2- Formulação das Estratégias da RB Distribuidora......................... QUADRO 4.3- Planejamento Estratégico da RB Distribuidora para 2002............ QUADRO 4.4 - Metas Estratégicas da RB Distribuidora para 2002...................... QUADRO 4.5 - Plano Tático relativo para a Meta Estratégica: Aumentar o Faturamento em 40 %/mês até o 4° Trimestre de 2002.............. QUADRO 4.6 - Plano Tático para a Meta Estratégica: Garantir a remuneração do Capital em no mínimo 36% em 2002..................................... QUADRO 4.7 - Plano Tático para a Meta Estratégica: Aumentar o faturamento da Marca Própria para 35% do Faturamento Total até 31/12/2002.................................................................................... QUADRO 4.8- Plano Tático para a Meta Estratégica: Garantir o Custo Operacional Total em no máximo 10% do Faturamento Total em 2002........................................................................................ QUADRO 4.9 - Plano Tático para a Meta Estratégica: Atender a 20.000 PDVs Ativos até 31/12/02....................................................................... QUADRO 5.1 - Resultados relativos Metas Estratégicas da RB Distribuidora no ano de 2002.................................................................................. QUADRO 5.2 - Nível de implementação do Plano Tático relativo à Meta Estratégica: Aumentar o faturamento em 40 %/mês até o 4° Trimestre de 2002........................................................................ QUADRO 5.3 - Nível de implementação do Plano Tático relativo à Meta Estratégica: Garantir a remuneração do Capital em no mínimo 36% em 2002............................................................................... QUADRO 5.4 - Nível de implementação do Plano Tático relativo à Meta Estratégica: Aumentar o faturamento das Marcas Próprias para 35% do Faturamento Total até 31/12/2002................................... QUADRO 5.5 - Nível de implementação do Plano Tático relativo à Meta Estratégica: Garantir o Custo Operacional Total em no máximo 10% do Faturamento Total em 2002............................................ QUADRO 5.6 - Nível de implementação do Plano Tático relativo à Meta Estratégica: Atender a 20.000 PDV´s ativos até 31/12/02............ 07 45 54 92 93 100 103 106 109 111 113 115 117 120 122 124 126 129 QUADRO 5.7 - Resumo da Implementação das Ações dos Planos Táticos......... 131 ÍNDICE DE FIGURAS FIGURA 1.1 - Setores da Economia Brasileira...................................................... 06 FIGURA 2.1 - Cadeia de Distribuição ou de Suprimento proposta por NOVAES............ FIGURA 2.2 - Cadeia de Valor proposta por Porter............................................... FIGURA 3.1 - Forças que Governam a Competição em um Setor........................ FIGURA 3.2 - A Rede de Valor de Adam Brandenburger e Barry Nalebuff........... FIGURA 3.3 - Estratégias Competitivas Genéricas................................................ FIGURA 3.4 - Roda da Estratégia Competitiva...................................................... FIGURA 3.5 - Contexto onde a Estratégia Competitiva é Formulada.................... FIGURA 3.6 - Modelo básico para Formulação e Implementação de Estratégias. FIGURA 4.1 - Etapas do Processo de Formulação e Implementação de Estratégias na RB Distribuidora..................................................... 27 31 62 73 75 78 79 82 91 ÍNDICE DE TABELAS TABELA 1.1 - Participação dos Setores Financeiros e Não-Financeiros na Economia Brasileira no Período de 1997 a 2001- Base Receita Líquida Acumulada Ano.................................................................. TABELA 1.2 - Participação dos Setores Financeiros no Período de 1997 a 2001- Base Receita Líquida Acumulada Ano.................................. TABELA 1.3 - Participação dos Setores Não-Financeiros no Período de 1997 a 2001- Base Receita Líquida Acumulada Ano.................................. TABELA 1.4 – Participação dos Sub-Setores do Setor Comércio no período de 1997 a 2001- Base Receita Líquida Acumulada Ano..................... TABELA 1.5 - Número total de Estabelecimentos Comerciais no Sub-setor Comércio Varejista no período de 1997 a 2001.............................. TABELA 1.6 - Número total de Estabelecimentos Comerciais no Sub-setor Comércio Atacadista no período de 1997 a 2001........................... TABELA 1.7 - Participação dos Ramos do Sub-Setor Comércio Atacadista no período de 1997 a 2001 Base Receita Líquida Acumulada Ano..... TABELA 1.8 - PIB Brasileiro e sua relação com a Receita Líquida gerada pelo Setor Comércio e Sub-setores Comércio Atacadista e Varejista no período de 1997 a 2001............................................................ TABELA 2.1 - Distribuição das Empresas Atacadistas por tipo de atendimento, no período de 1995 a 2002 - Base Vendas no período................ 09 11 12 13 17 18 20 21 42 INTRODUÇÃO O mundo dos negócios, nos dias atuais, apresenta características peculiares, tais como: 1. Um forte e irreversível processo de globalização da economia; 2. Permanente e continuado processo de mudança; 3. Acirramento da concorrência; 4. Nível crescente de exigência dos consumidores; e 5. Forte pressão sobre os administradores das empresas no sentido de torná-las suficientemente preparadas para enfrentar todo esse processo de mudanças e de forte concorrência, mantendo um nível de competitividade suficiente para garantir a sobrevivência das mesmas. Nesse contexto, a sobrevivência das organizações passa a depender do conhecimento que elas possuem acerca do mercado em que se encontram inseridas, ou seja, saibam o que está acontecendo no ambiente externo, pois, esse mercado em constante mutação lhes proporcionará tanto oportunidades quanto ameaças à sua sobrevivência. Necessário também se torna conhecer muito bem o seu ambiente interno, de forma a se posicionar perante as forças presentes no mercado em que atuam. O ambiente altamente competitivo exige das organizações maior agilidade, melhores performances e a constante procura por redução de custos. Neste universo de crescentes exigências em termos de produtividade e de qualidade do serviço oferecido aos clientes, o maior ou menor êxito das organizações depende do seu sucesso no relacionamento com esse macroambiente e em procurar um equilíbrio dinâmico e permanente, pois o ambiente não permanece fixo, ele muda com o passar do tempo e o ritmo de mudanças varia de época para época. As constantes mudanças e transformações no ambiente de operações produzem uma forte pressão sobre as empresas no sentido de ações ágeis e de reações rápidas para aproveitar prontamente as novas oportunidades que surgem e para escapar das dificuldades, restrições e limitações impostas pelo ambiente. 1 Para CHIAVENATO (1999), as organizações precisam realocar, reajustar e reconciliar continuamente seus recursos disponíveis com as oportunidades percebidas no seu ambiente de operações a fim de aproveitar as brechas nos mercados e neutralizar as ameaças de seus concorrentes. Para tanto, as organizações devem procurar desenvolver seus negócios e operações de uma maneira coerente e consistente por meio de estratégias que garantam seu pleno sucesso nessa empreitada. Dessa forma, a Estratégia Organizacional pode constituir o primeiro e principal passo para a organização articular e alcançar esta capacidade de manobra em um cenário cada vez mais complexo e dinâmico. Na realidade, a estratégia deve representar o comportamento global da organização em relação ao seu ambiente. Ela configura a resposta organizacional às condições ambientais e deve se orientar para a organização inteira a fim de moldar o seu futuro e preparar o seu destino. Independentemente do setor onde as empresas atuam, a Estratégia Organizacional representa um esforço conjunto e concentrado para alcançar objetivos impostos pela missão da organização, em um ambiente onde estão localizados mercados (oportunidades), concorrentes (ameaças) e recursos disponíveis. Assim, a Estratégia Organizacional busca a harmonização entre três variáveis: os objetivos organizacionais a serem alcançados, a análise ambiental e a análise organizacional. A análise ambiental mostra a viabilidade externa, ou seja, o que é necessário e o que é possível em ternos de condições ambientais. A análise organizacional mostra a capacidade interna, ou seja, o que a organização é capaz de fazer. Para PORTER (1991), cada empresa que compete em um setor possui uma estratégia competitiva, seja ela explícita ou implícita. Essa estratégia tanto pode ter se desenvolvido explicitamente por meio de um processo de planejamento como ter evoluído implicitamente através das atividades dos vários departamentos funcionais da empresa. A ênfase dada, hoje, ao planejamento estratégico nas empresas reflete a proposição de que existem benefícios significativos a serem obtidos com um processo explícito de formulação de estratégia, garantindo que pelo menos as 2 políticas (se não as ações) dos departamentos funcionais sejam coordenadas e dirigidas visando um conjunto comum de metas. Partindo da premissa de que as empresas, de modo geral, precisam definir e adotar estratégias para garantir a sua sobrevivência e considerando que premissa também se aplica ao Sub-setor Comércio Atacadista, dissertação esta a presente analisa o processo de formulação e implementação das estratégias adotadas pela RB Distribuidora. A Empresa pesquisada atua no ramo atacadista desde 1979 e suas operações envolvem a distribuição de produtos alimentícios, de higiene e limpeza em todo o estado do Ceará, que será apresentada em detalhes no quarto capítulo. Em face do exposto, definiu-se como escopo fundamental desta pesquisa investigar o processo de elaboração e implementação de estratégias, bem como a formulação e implementação das estratégias pela RB Distribuidora. Para alcançar tal escopo, fixou-se os objetivos específicos a seguir: Descrever o processo de formulação e implementação das Estratégias da RB Distribuidora ao longo da sua história; Analisar o Planejamento Estratégico da RB Distribuidora para o ano de 2002; Analisar os resultados obtidos pela Empresa no ano de 2002. Para a investigação dos objetivos definidos, utilizou-se o método de estudo de caso. A coleta dos dados da presente pesquisa se deu através de: Entrevistas com Dirigentes e Gerentes; Consulta a documentos relativos ao processo de definição e implantação das estratégias; e 3 Acompanhamento do processo de definição e implantação das estratégias da Empresa. Para a escolha do Setor Comércio e do Sub-setor levou-se em consideração a participação Comércio Atacadista, que os mesmos têm na economia nacional. Em resumo, o Setor do Comércio no período de 1997 a 2001 teve uma participação relativa que oscilou entre 10,74% e 11,73% do PIB brasileiro, tendo o seu melhor desempenho, em termos percentuais, no ano de 1998, que correspondeu a 11,90% do PIB do país naquele ano. Já o Sub-Setor Comércio Atacadista, no mesmo período, teve uma participação relativa que oscilou entre 4,34% e 4,87% do PIB brasileiro, tendo o seu melhor desempenho, em termos percentuais, no ano de 2001, que correspondeu a 4,87% do PIB do país naquele ano. A análise acerca da importância do Setor Comércio e Sub-setor Comércio Atacadista será vista com maior profundidade no primeiro capítulo. Para a escolha da empresa RB Distribuidora como foco da presente pesquisa, levou-se em consideração o seu ramo de atuação e o processo de transição vivido pela mesma nos últimos anos para um modelo de gestão mais sistematizado, que será descrito com detalhes no quarto capítulo. O referencial teórico em que se apoiou esta pesquisa recaiu, principalmente, nos conceitos e estudos desenvolvidos por MICHAEL PORTER (1992, 1999), HENRY MINTZBERG (1998, 2000) e ANTÔNIO NOVAES (2001). A estrutura da presente dissertação encontra-se dividida em cinco capítulos, além desta introdução, a seguir relacionados: O primeiro capítulo será dedicado ao conhecimento dos Setores e Sub-setores da Economia Brasileira, bem como do Mercado Atacadista no país. 4 O segundo capítulo será dedicado à abordagem dos temas Logística Empresarial e da Cadeia de Distribuição. O terceiro capítulo será dedicado à fundamentação teórica acerca do tema Estratégia, dos Modelos de Formulação de Estratégias e Uma Análise Estrutural do Mercado. O quarto capítulo será dedicado à abordagem do histórico da RB Distribuidora, bem como do processo adotado pela mesma na formulação e implementação das suas estratégias. No quinto capítulo serão analisados os resultados obtidos pela empresa pesquisada em relação às suas Metas Estratégicas. Na Conclusão do trabalho serão reforçados os tópicos discutidos na dissertação, bem como serão apresentadas as recomendações e sugestões para pesquisas posteriores. 5 1 - O MERCADO ATACADISTA NO BRASIL 1.1 - Os Setores e Sub-Setores da Economia Brasileira A GAZETA MERCANTIL por vários anos vem realizando estudos sobre a economia brasileira, os quais têm sido divulgados pela revista Balanço Anual. A edição relativa ao ano de 2002, como mostra a figura 1.1, traz a composição da Economia Brasileira. Figura 1.1 – Setores da Economia Brasileira Setores da Economia Brasileira Indústria Serviços Comércio Agrobusi ness Finanças Holding Seguros Fonte: Balanço. Anual Gazeta Mercantil. 2002 Conforme se vê na figura 1.1, a Economia Brasileira é composta pelos seguintes setores: Indústria, Serviços, Comércio, Agribusiness, Finanças, Holdings e Seguradoras. Por sua vez, cada Setor da Economia Brasileira se subdivide em Sub-Setores, que são mostrados no quadro 1.1. 6 Quadro 1.1 – Setores e Sub-Setores da Economia Brasileira Setores da Economia Brasileira Indústria Serviços Comércio Agribusiness Sub-setores da Economia Brasileira Petróleo e Gás Veículos Metalúrgica Petroquímica Química Minerais não metálicos Autopeças Eletrodomésticos Mineração Mecânica Papel e celulose Têxtil Equipamentos Elétricos Higiene e Limpeza Material Eletrônico Farmacêuticos Plástico Couro e Calçados Madeira e Móveis Material de Escritório Borracha Energia Elétrica Telecomunicações Logística Construção Informática e Tecnologia da Informação Comunicações Saneamento Saúde Serviços Especializados Turismo e Alimentação Comércio Varejista Comércio Atacadista Distribuidores de Veículos e Autopeças Comércio Exterior Franquias Alimentos Bebidas e Fumo Cooperativas Cana/Açúcar/Álcool Agricultura Pecuária 7 Quadro 1.1 – Sub-Setores da Economia Brasileira (continuação) Setores da Economia Brasileira Finanças Holdings Sub-Setores da Economia Brasileira Bancos Arrendamento Mercantil Corretoras e Distribuidoras de Valores Capitalização Cartões de Crédito Diversos Intermediação Monetária Fundo Imobiliário Gestão de Participação Societária Seguradoras Previdência Privada Atividades Auxiliares Fonte: Revista Gazeta Mercantil – Balanço Anual (2002) Seguros Para efeito de análise a GAZETA MERCANTIL-BALANÇO ANUAL (2002) agrupou a Economia Brasileira em dois grupos de setores: Setores Não-Financeiros - composto pelos setores: Indústria, Serviços, Comércio e Agribusiness; e Setores Financeiros - composto pelos setores: Finanças, Holdings e Seguros. Nesta pesquisa, será dedicada maior atenção aos Setores Não-Financeiros, focando o Sub-Setor Comércio Atacadista, uma vez que é neste segmento que a RB Distribuidora, empresa onde foi realizado o presente Estudo de Caso, encontrase inserida. Antes, porém, será visto o comportamento dos Setores Financeiros e Não-financeiros na Economia Brasileira no período de 1997 a 2001. 1 ___________________________________________________________________ 1 Todos os dados apresentados neste capítulo estão em valores constantes e foram corrigidos pelo IGP/DI - dez/2001. A metodologia utilizada para apuração dos valores apresentados na tabela 1.1 a 1.6 levou em consideração a receita líquida (receita bruta deduzida dos impostos incidentes sobre vendas e das devoluções e abatimentos) dos exercícios de 1997 a 2001 das Sociedades Anônimas, que por lei são obrigadas a divulgar seus balanços, e das Empresas Limitadas, que embora não sejam obrigadas a divulgar seus balanços, os submeteram à análise da Revista Gazeta Mercantil. As análises das demonstrações contábeis foram elaboradas consoante as práticas pertinentes à Legislação Societária e normas da Comissão de Valores Mobiliários – CVM. Considerando as disposições da Lei 9.249 de 26/12/96, que através dos seus artigos 4 e 5 extinguiu a partir de 1o. de janeiro 1996, a sistemática até então em vigor de correção monetária das demonstrações contábeis, bem como o disposto na Instrução CVM n o. 248, de 29/03/96, que regula a divulgação das análises na forma da legislação societária. 8 1.2 – O Setores Financeiros e Não-Financeiros da Economia Brasileira A tabela 1.1 mostra o comportamento dos Setores Financeiros e Nãofinanceiros no período de 1997 a 2001. Tabela 1.1- Participação dos Setores Financeiros e Não-Financeiros na Economia Brasileira no Período de 1997 a 2001- Base Receita Líquida Acumulada Ano 1997 N ã o- F inan ceiros Setores 1999 2000 2001 R$ bil % R$ bil % R$ bil % R$ bil % R$ bil % Indústria 244.91 28.45% 237.36 24.31% 273.50 28.18% 388.65 38.56% 390.74 35.10% Serviços 166.59 19.35% 211.63 21.67% 185.11 19.07% 162.14 16.09% 233.32 20.96% 137.84 16.01% 157.47 16.13% 129.79 13.37% 137.35 13.63% 140.82 12.65% Agribusine ss 74.77 8.68% 86.31 8.84% 74.19 7.64% 69.84 6.93% 93.07 8.36% Sub-total 624.11 72.49% 692.78 70.95% 662.59 68.27% 757.98 75.21% 857.95 77.08% 180.62 20.98% 217.67 22.29% 245.76 25.32% 185.50 18.41% 184.89 16.61% 25.15 2.92% 29.89 3.06% 36.95 3.81% 39.97 3.97% 42.52 3.82% 31.05 3.61% 36.12 3.70% 25.27 2.60% 24.34 2.41% 27.75 2.49% 236.82 27.51% 283.68 29.05% 307.98 31.73% 249.81 24.79% 255.16 22.92% 860.93 100.00% 976.46 100.00% 970.57 100.00% 1007.78 100.00% 1113.11 100.00% Comércio Finanças F inanceiros 1998 Holdings Seguros Sub-total Total Fonte: Revista Gazeta Mercantil – Balanço Anual (1998 a 2002) Pela análise da tabela 1.1, observa-se uma tendência de crescimento do grupo composto pelos Setores Não-Financeiros no período em destaque, pois, no ano de 1997 este grupo possuía uma participação de 72,49% da receita líquida gerada na economia brasileira e no ano de 2001 teve uma participação de 77,08%. Observa-se ainda que nos anos de 1998 e 1999 houve uma redução de 1,54% e 4,22%, respectivamente, em relação ao ano de 1997. Entretanto, nos anos de 2000 e 2001 houve uma recuperação deste grupo de setores, evoluindo para 75,21% e 77,08%, respectivamente. 9 Por outro lado, no grupo composto pelos Setores Financeiros observa-se uma redução na sua participação para o mesmo período, a qual variou de 27,51% em 1997 para 22,92% em 2001. Observa-se, também, que nos anos de 1998 e 1999 este grupo de setores apresentou um crescimento na sua participação relativa de 27,51% em 1997 para 29,05% em 1998 e para 31,73% em 1999. Entretanto, nos anos de 2000 e 2001 houve um decréscimo para 24,79% e 22,92%, respectivamente, confirmando a tendência de redução da sua participação na receita líquida gerada pelos setores financeiros da economia brasileira. A tabela 1.1 evidencia ainda que os quatro setores mais representativos da Economia Brasileira, em termos da receita líquida acumulada, no período de 1997 a 2001 foram Indústria, Serviços, Finanças e Comércio. Ao analisar o comportamento de cada setor, observa-se que a Indústria e Serviços apresentaram uma tendência de crescimento no período. O Setor Industrial teve o maior índice de crescimento, evoluindo sua participação relativa de 28,45% para 35,10% no período em análise. O Setor de Serviços, por sua vez, teve sua participação elevada de 19,35% para 20,96%. Já os Setores de Comércio e Finanças apresentaram uma tendência de decréscimo no mesmo período. Estes setores tiveram uma redução nas suas participações, decrescendo de 16,01% para 12,65% e de 20,98% para 16,61%, respectivamente. Dando continuidade à análise do desempenho dos Setores e Sub-setores da Economia Brasileira, a seguir será visto, de forma isolada, o comportamento dos Setores Financeiros e Não-Financeiros e seus respectivos componentes. 1.2.1- Setores Financeiros A tabela 1.2, apresentada a seguir, evidencia os resultados obtidos pelos Setores Financeiros no período de 1997 a 2001. 10 Tabela 1.2 - Participação dos Setores Financeiros no Período de 1997 a 2001- Base Receita Líquida Acumulada Ano 1997 Setores 1998 1999 2000 2001 R$ bil % R$ bil % R$ bil % R$ bil % R$ bil % 180.62 76.27% 217.67 76.73% 245.76 79.80% 185.50 74.26% 184.89 72.46% 25.15 10.62% 29.89 10.54% 36.95 12.00% 39.97 16.00% 42.52 16.66% 31.05 13.11% 36.12 12.73% 25.27 8.20% 24.34 9.74% 27.75 10.88% 236.82 100.00% 283.68 100.00% 307.98 100.00% 249.81 100.00% 255.16 100.00% Financeiros Finanças Holdings Seguros Total Fonte: Revista Gazeta Mercantil – Balanço Anual (1998 a 2002) Pela análise da tabela 1.2, observa-se que o setor mais representativo do grupo de Setores Financeiros foi o das Finanças, cuja participação oscilou entre 76,27% e 72,46 %. Este setor foi responsável, no período analisado, por praticamente um terço da receita gerada em seu grupo, tendo o seu melhor desempenho no ano de 1999, em que gerou R$ 245,76 bilhões da receita líquida do grupo. O segundo setor mais representativo foi de das Holdings, cuja participação oscilou entre 10,62% e 16,66%. Este setor teve o seu melhor desempenho no ano de 2001, gerando R$ 42,52 bilhões da receita líquida do grupo. Em último lugar ficou o setor de Seguros, cuja participação oscilou entre 13,11% e 10,88%. Este setor teve o seu melhor desempenho no ano de 1998, gerando R$ 36,12 bilhões da receita líquida do grupo. 1.2.2- Setores Não-Financeiros Será visto a seguir o comportamento dos Setores que integram o Grupo de Setores Não-Financeiros no período de 1997 a 2001. 11 Tabela 1.3- Participação dos Setores Não-Financeiros no Período de 1997 a 2001- Base Receita Líquida Acumulada Ano 1997 Setores 1998 1999 2000 2001 R$ bil % R$ bil % R$ bil % R$ bil % R$ bil % 244.91 39.24% 237.36 34.26% 273.50 41.28% 388.65 51.26% 390.74 45.54% 166.59 26.69% 211.63 30.55% 185.11 27.94% 162.14 21.39% 233.32 27.20% 137.84 22.09% 157.47 22.73% 129.79 19.59% 137.50 18.14% 140.82 16.41% 74.77 11.98% 86.31 12.46% 74.19 11.20% 69.84 9.21% 93.07 10.85% 624.11 100.00% 692.78 100.00% 662.59 100.00% 757.98 100.00% 857.95 100.00% N ã o - F in a n c e ir o s Indústria Serviços Comércio Agribusiness Sub-total Fonte: Revista Gazeta Mercantil – Balanço Anual (1998 a 2002) Pela análise da tabela 1.3, observa-se que o setor não-financeiro mais representativo na economia brasileira no período de 1997 a 2001 foi o da Indústria, cuja participação oscilou entre 39,24% e 45,54 %, tendo o seu melhor desempenho, em termos percentuais, no ano de 2000, em que foi responsável por 51,26% da receita líquida gerada pelos setores não-financeiros, no montante de R$ 388,65 bilhões. O Segundo setor mais representativo nesse período foi o de Serviços, cuja participação oscilou entre 26,69% e 27,20%, tendo o seu melhor desempenho, em termos percentuais, no ano de 1998, em que foi responsável por 30,55% da receita líquida gerada pelos setores não-financeiros, no montante de R$ 211,63 bilhões. Em terceira posição ficou o setor de Comércio, cuja participação oscilou entre 22,09% e 16,41%, tendo o seu melhor desempenho, em termos percentuais,no ano de 1998, em que foi responsável por 22,73% da receita líquida gerada pelos setores nãofinanceiros, no montante de R$ 157,47 bilhões. O Setor de Agribusiness ficou em quarto lugar, cuja participação oscilou entre 11,98% e 10,85%, tendo o seu melhor desempenho, em termos percentuais, no ano de 1998, em que foi responsável por 12,46% da receita líquida gerada pelos de setores não-financeiros, no montante de R$ 86,31 bilhões. 12 Em resumo, os dados da tabela 1.3 evidenciam uma tendência de crescimento para os Setores da Indústria e de Serviços e de redução para os Setores do Comércio e Agribusiness, no período analisado. Uma vez analisado o comportamento dos Setores Financeiros e NãoFinanceiros da Economia Brasileira, será visto o comportamento dos Sub-Setores que integram o Setor Comércio. 1.3 – Setor Comércio e seus Sub-setores Neste item será analisado o comportamento do Setor Comércio e seus Subsetores, em função do fato de que a empresa objeto desta pesquisa está inserida neste Setor e Sub-setor. Tabela 1.4 – Participação dos Sub-Setores do Setor Comércio no período de 1997 a 2001Base Receita Líquida Acumulada Ano 1997 Sub-Setores 1998 1999 2000 2001 R$ bil % R$ bil % R$ bil % R$ bil % R$ bil % Comércio Varejista 56.71 41.14 58.52 37.16 56.35 43.42 56.98 41.48 60.63 43.05 Comércio Atacadista 55.74 40.43 50.78 32.24 53.44 41.18 57.44 41.82 58.41 41.48 Distribuidores de Veículos e Auto Peças 12.47 9.05 12.91 8.20 9.59 7.39 12.27 8.93 10.72 7.61 Comércio Exterior 12.93 9.38 35.28 22.40 10.41 8.02 9.22 6.71 9.33 6.63 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 1.44 1.05 1.73 1.23 137.84 100.00 157.49 100.00 129.79 100.00 137.35 100.00 140.82 100.00 Franquias Total Fonte: Revista Gazeta Mercantil – Balanço Anual (1998 a 2002) 13 Pela análise da tabela 1.42, observa-se que o Sub-setor mais representativo no Setor Comércio, no período analisado, foi o do Varejo, cuja participação relativa oscilou entre 41,14% em 1997 e 43,05% em 2001, tendo o seu melhor desempenho, em termos percentuais, no ano de 1999, em que foi responsável por 43,42% da receita líquida gerada pelo Setor Comércio. O segundo Sub-setor mais representativo foi o de Atacado, cuja participação relativa variou de 40,43% para 41,48%, no período analisado, tendo o seu melhor desempenho, em termos percentuais, no ano de 2000, em que foi responsável por 41,82% da receita líquida gerada pelo Setor Comércio. Já o sub-setor de Comércio Exterior ficou em terceiro lugar, com uma participação relativa variando de 9,38% para 6,63% , atingindo um valor máximo em 1998, em que foi responsável por 22,40% da receita líquida gerada pelo Setor Comércio, no montante de R$ 35,28 bilhões da receita líquida gerada pelo Setor. O Sub-setor de Distribuição de Veículos e Auto-Peças ficou em quarto lugar, com sua participação variando de 9,05% para 7,61%, tendo o seu melhor desempenho, em termos percentuais, no ano de 1997, em que foi responsável por 9,05% da receita líquida gerada pelo Setor Comércio. O Sub-setor Franquia ficou em último lugar, com sua participação variando de 1,05% para 1,23%, tendo o seu melhor desempenho, em termos percentuais, no ano de 2001 em que foi responsável por 1,23% da receita líquida gerada pelo Setor Comércio. Este último sub-setor não teve os dados apresentados pela Revista Gazeta Mercantil-Balanço Anual nos anos de 1997 a 1999, o que não prejudica a análise aqui apresentada uma vez que a sua participação manteve-se bastante estável nos anos de 2000 e 2001. ___________________________________________________________________ 2 Neste levantamento não estão inclusos dados do Sub-Setor Franquia nos anos de 1997, 1998 e 1999, pois os mesmos não foram apresentados pela Revista Gazeta Mercantil. 14 Ao analisar o comportamento de cada sub-setor, observa-se que os Subsetores Comércio Varejista e Comércio Atacadista apresentaram uma tendência de crescimento, enquanto que os Sub-setores Distribuidoras de Veículos e Autopeças e Comércio Exterior apresentaram uma tendência de redução nas suas participações relativas, no período analisado. O Sub-setor de Franquias praticamente não cresceu, mantendo uma participação estável e constante. Segundo MARTINEZ et al. (2002), o comportamento do Sub-setor Varejista, que apresentou o maior índice de crescimento dentre os sub-setores do setor Comércio, no período analisado, deve-se aos seguintes fatores: Reorganização das Grandes Redes do Comércio Varejista: As grandes redes do comércio varejista, como o Grupo Pão de Açúcar, Carrefour e outros promoveram, no final da década de 90, uma reorganização nas suas estruturas e na forma de conduzir seus negócios, com o objetivo de fazer crescer as suas vendas. O reflexo desse processo foi observado nas cinco maiores redes de supermercados do País (Grupo Pão de Açúcar, Carrefour, Sonae, Bompreço e Sendas). Entre os anos de 1997 e 2000 essas redes ampliaram sua participação relativa no faturamento do Sub-Setor Varejista, passando de 27% para 41%; As grandes redes varejistas desenvolvem políticas de compras agressivas junto aos fornecedores: As grandes redes, por comercializarem grandes volumes de produtos e por atuarem em extensas áreas geográficas e por terem políticas de compras que contemplam negociações diretas com os fornecedores possuem grande poder junto aos mesmos. Estes fatos influenciaram as negociações entre os varejistas e fabricantes, que fizeram com que o volume de negócios dos Varejistas aumentasse no período em análise. 15 Crescimento do número de lojas do ramo de supermercado: O ramo de supermercado chegou ao final do ano de 2000 com 61,2 mil lojas, num crescimento de 28% em relação a 1997. Com um número maior de lojas em atividade no período o volume de negócios também cresceu, influenciando a tendência de crescimento do Sub-setor Varejista. Aumento do tamanho das lojas de supermercado: As lojas mostraram uma tendência gradual de aumento de tamanho, evidenciando o melhor retorno de hipermercados e formatos semelhantes. Evidência deste fato são os indicadores apresentados a seguir: ¾ As lojas com área de vendas entre 2,5 mil e 5 mil metros aumentaram a sua participação relativa, no total de lojas, de 7,6% em 1999 para 8,9% em 2000. ¾ No mesmo período, as lojas com área comercial acima de 5 mil metros quadrados aumentaram a sua participação relativa, no total de lojas, de 5,3% para 6,2%. Aumento do número total de lojas no Sub-setor Comércio Varejista: O número total de lojas no Sub-setor Comércio Varejista apresentou uma tendência de crescimento no período entre 1997 e 2001, conforme a tabela 1.5. 16 Tabela 1.5 – Número total de Estabelecimentos Comerciais no Sub-setor Comércio Varejista no período de 1997 a 2001 1997 1998 1999 2000 2001 Número de estabelecimentos 937.579 Evolução %(em relação ao 899.835 925.527 974.835 1.131.311 - 4,03 + 2,86 + 5,33 + 16,05 - 4,03 - 1,29 + 3,97 20,66% ano anterior) Evolução % (em relação ao ano de 1997) Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - Pesquisa Anual do Comércio (2003) Pela análise da tabela 1.5, observa-se que o número de estabelecimentos do Sub-setor Comércio Varejista apresentou, a partir de 1999, crescimento quando comparado aos uma tendência de anos anteriores, evidenciando a seguinte evolução: 2,86 % em 1999; 5,33 % em 2000; e 16,05 % em 2001. Quando comparado ao ano de 1997, observa-se uma tendência de crescimento a partir de do ano 2000, evidenciando a seguinte evolução: 3,97 % em 2000; e 20,66 % em 2001. O menor crescimento do Sub-setor Atacadista quando comparado ao Varejista fica evidente pela análise da tabela 1.6, onde se verifica uma redução do número de estabelecimentos comerciais do Sub-setor Comércio Atacadista quando comparados ao ano de 1997, principalmente nos anos de 1998 e 1999. 17 Tabela 1.6 – Número total de Estabelecimentos Comerciais no Sub-setor Comércio Atacadista no período de 1997 a 2001 1997 1998 1999 2000 2001 Número de estabelecimentos 79.692 Evolução % (em relação ao 71.380 77.879 83.537 105.834 - 10,43 + 9,10 + 7,26 + 26,69 - 10,43 - 2,28 + 4,82 + 32,80 ano anterior) Evolução % (em relação ao ano de 1997) Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - Pesquisa Anual do Comércio (2003) Pela análise da tabela 1.6, observa-se que o número de estabelecimentos comerciais no Sub-setor Comércio Atacadista apresentou uma redução de 10,43% e 2,28% nos anos de 1998 e 1999 e uma evolução de 4,82% e 32,80% nos anos de 2000 e 2001, quando comparados ao ano de 1997. Quando comparado aos anos anteriores, obteve uma redução de 10,43 % em 1998 e crescimento de 9,10%, 7,26% e 26,69% nos anos de 1999, 2000 e 2001, respectivamente. A seguir será visto o comportamento do Sub-setor Comércio Atacadista e dos Ramos de Atividades que o integram. 1.4 – Sub-setor Comércio Atacadista O Sub-Setor Comércio Atacadista, como será visto na tabela 1.8, teve uma participação relativa no PIB brasileiro variando de 4,34% em 1997 para 4,87% em 2001, tendo o seu melhor desempenho, em termos percentuais, no ano de 2001, que correspondeu a 4,87% do PIB do país naquele ano. No mesmo período, esse sub-setor teve uma participação relativa que variou de 40,43% a 41,48% da receita líquida gerada pelo setor Comércio, tendo seu melhor desempenho no ano de 2000, em que foi responsável por R$ 57,44 bilhões da receita líquida gerada pelo setor Comércio, o que correspondeu a 41,82% da receita líquida daquele setor, como foi visto na tabela 1.4. 18 Pela análise da tabela 1.7, a seguir apresentada, observa-se que o Sub-setor Atacadista é composto de 14 ramos, dos quais, no período em análise, destacaramse os ramos a seguir descritos: Produtos Químicos e Petroquímicos; Alimentos, Bebidas e Cereais; Produtos Farmacêuticos, Higiene e Limpeza; e Distribuidoras de Aço. Dentre estes, os de maior destaque são: Produtos Químicos e Petroquímicos e Alimentos, Bebidas e Cereais, face às suas elevadas participações, no período em análise, que oscilaram de 71,86% para 73,22% e de 16,11% para 15,94%, respectivamente. O terceiro ramo em destaque é o de Produtos Farmacêuticos, Higiene e Limpeza cuja participação variou de 3,04% em 1997 para 3,80% em 2001. A Quarta posição ficou com o ramo das Distribuidoras de Aço, cuja participação relativa variou de 2,24% para 1,88%. Os demais ramos de atividade tiveram pouca representatividade para o Sub-setor Comércio Atacadista. 19 Tabela 1.7 - Participação dos Ramos do Sub-Setor Comércio Atacadista no período de 1997 3 a 2001 Base Receita Líquida Acumulada Ano Ramos Alimentos, bebidas e Cereais Prod. Farmacêuticos, Higiene e Limpeza 1997 R$ bil % 8.98 16.11 1998 R$ bil % 6.80 13.40 1999 R$ bil % 8.15 15.25 2000 R$ bil % 8.79 15.29 2001 R$ bil % 9.31 15.94 1.70 3.04 1.79 3.53 1.55 2.89 1.92 3.34 2.22 3.80 40.05 71.86 38.58 75.97 40.74 76.24 41.63 72.47 42.77 73.22 1.25 2.24 1.37 2.70 0.75 1.40 0.94 1.63 1.10 1.88 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.62 1.09 0.76 1.30 0.86 1.55 0.70 1.38 0.16 0.29 0.54 0.94 0.57 0.98 0.43 0.77 0.25 0.49 0.33 0.61 0.42 0.73 0.41 0.70 0.49 0.88 0.40 0.78 0.46 0.87 0.57 0.99 0.41 0.70 Produtos de Papel 0.37 0.66 0.53 1.04 0.58 1.08 0.22 0.38 0.28 0.48 Distribuidores de Jornais e Revistas 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.22 0.38 Diversos 0.54 0.97 0.18 0.35 0.49 0.91 1.65 2.87 0.20 0.34 Produtos Têxtis e de Couro 1.05 1.88 0.15 0.30 0.12 0.23 0.11 0.19 0.10 0.17 Máquinas e Ferramentas 0.03 0.05 0.03 0.06 0.12 0.23 0.05 0.08 0.03 0.05 Eletrodomésticos 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.03 0.05 55.74 100.00 50.78 100.00 53.44 100.00 57.44 100.00 58.41 100.00 Prod. Químicos e Petroquímicos Distribuidoras de Aço Informática e Telecomunicações Centrais de Abatecimento Produtos Metalúgicos Madeira, Mat. Elétrico e de Construção Total Fonte: Revista Gazeta Mercantil – Balanço Anual (1998 a 2002) Pela análise da tabela 1.7 pode-se inferir a importância do Ramo em que a RB Distribuidora, empresa objeto deste Estudo de Caso atua, pois a mesma distribui produtos integrantes de dois representativos do ramos dentre os três ramos mais Sub-setor Comércio Atacadista, quais sejam os de _____________________________________________________________________________________________________ 3 Os dados dos ramos Informática e Telecomunicações nos anos de 1997 a 1999 e eletrodomésticos nos anos de 1997 a 2000 não foram apresentados pela revista Gazeta Mercantil. Os dados do ramo Distribuidores de Jornais e Revistas nos anos de 1997 a 2000 estão inclusos junto ao ramo Produtos de Papel. Os dados do ramo Produtos Químicos e Petroquímicos relativos aos anos de 2000 e 2001 não foram apresentados pela Revista Gazeta Mercantil-Balanço Anual nas respectivas edições. Os dados relativos a esses anos foram coletados pelo autor junto à essa revista especializada. 20 Alimentos/Bebidas/Cereais e Produtos de Higiene/Limpeza. Estes ramos juntos representaram 19,74% do total de receitas geradas dentro do Sub-setor Comércio Atacadista no ano de 2001, em que foram responsáveis por R$ 11,53 bilhões de um total de R$ 58,41 bilhões gerados pelo Sub-Setor Comércio Atacadista naquele ano. A seguir, será visto uma análise da importância econômica dos Sub-setores Comércio Atacadista e Varejista. 1.5– Importância Econômica dos Sub-Setores Comércio Atacadista e Varejista Avaliou-se a importância do Setor Comércio e dos Sub-setores Comércio Atacadista e Comércio Varejista no Brasil, comparando-se o comportamento das Receitas Líquidas geradas pelos mesmos em relação ao PIB do País, no período de 1997 a 2001. Os dados do PIB e das Receitas Líquidas do Setor Comércio e dos Sub-setores Comércio Atacadista e Varejista estão dispostos na tabela 1.8, apresentada a seguir. 4 Tabela 1.8 – PIB Brasileiro e sua relação com a Receita Líquida gerada pelo Setor Comércio e Sub-setores Comércio Atacadista e Varejista no período de 1997 a 2001 1997 R$ bil PIB RCEITA LÍQUIDA DO SETOR COMÉRCIO RCEITA LÍQUIDA DO SUB-SETOR COMÉRCIO ATACADISTA RCEITA LÍQUIDA DO SUB-SETOR COMÉRCIO VAREJISTA RCEITA LÍQUIDA DOS SUB-SETORES COMÉRCIO ATACADISTA E VAREJISTA 1998 % em relação ao PIB 1283.57 R$ bil 1999 % em relação ao PIB 1323.27 R$ bil 2000 % em relação ao PIB 1163.57 R$ bil 2001 % em relação ao PIB 1197.87 R$ bil % em relação ao PIB 1200.06 137.84 10.74 157.47 11.90 129.79 11.15 137.35 11.47 140.82 11.73 55.74 4.34 50.78 3.84 53.44 4.59 57.44 4.80 58.41 4.87 56.71 4.42 58.52 4.42 56.35 4.84 56.98 4.76 60.63 5.05 112.45 8.76 109.30 8.26 109.79 9.44 114.42 9.55 119.04 9.92 Fontes: Revista Gazeta Mercantil – Balanço Anual (1998 a 2002) IBGE, Diretoria de Pesquisa, Departamento de Contas Nacionais (2003) _____________________________________________________________________________________________________ 4 Receita Líquida = receita bruta deduzida dos impostos incidentes sobre vendas e das devoluções e abatimentos PIB = Produto Interno Bruto 21 A análise da tabela 1.8 evidencia que: 9 O Setor do Comércio teve uma participação relativa que variou de 10,74% a 11,73% do PIB brasileiro no período de 1997 a 2001, tendo o seu melhor desempenho, em termos percentuais no ano de 1998, em que foi responsável por 11,90% do PIB do país naquele ano, que correspondeu a R$ 157,47 bilhões, conforme se vê na tabela 1.3. 9 O Sub-Setor Comércio Atacadista, no mesmo período, teve uma participação relativa que variou de 4,34% a 4,87% do PIB brasileiro, tendo o seu melhor desempenho, em termos percentuais, no ano de 2001, em que foi responsável por 4,87% do PIB do país naquele ano, que correspondeu R$ 58,41 bilhões, conforme se vê na tabela 1.4. 9 O Sub-Setor Comércio Varejista, no mesmo período, teve uma participação relativa que variou de 4,42% a 5,05% do PIB brasileiro, tendo o seu melhor desempenho, em termos percentuais, no ano de 2001, em que foi responsável por 5,05% do PIB do país naquele ano, que correspondeu a R$ 60,63 bilhões, conforme se vê na tabela 1.4. 9 O Setor Comércio e os Sub-setores Comércio Atacadista e Varejista apresentaram uma tendência de crescimento no período analisado quando comparados ao PIB do país,conforme análise apresentada nos itens anteriores. Em resumo, a economia brasileira é composta de 07 setores e 54 sub-setores, sendo observado que: 22 O Setor Comércio foi o setor com o quarto melhor desempenho na economia brasileira no período de 1997 a 2001, conforme ficou demonstrado na tabela 1.1; O Sub-setor Comércio Atacadista foi o sub-setor com o segundo melhor desempenho no Setor Comércio no período de 1997 a 2001, conforme ficou demonstrado na tabela 1.4. Estes dados, bem como as análises feitas ao longo deste capítulo demonstram a relevância do Setor Comércio e do Sub-setor Comércio Atacadista na economia brasileira, evidenciando, com isso, a importância da atividade desenvolvida pela RB Distribuidora, empresa objeto desta pesquisa, no cenário econômico do país. A RB Distribuidora, empresa de Distribuição de Produtos de Higiene, Limpeza e Alimentos, cuja história, evolução e estratégias serão vistas no capítulo quarto, atua no ramo Atacadista desde 1979, atendendo, hoje, todo o estado do Ceará. Tendo em vista que o ramo de atividade da RB Distribuidora está intrinsicamente relacionado ao tema Logística, serão vistos no segundo capítulo os seguintes tópicos: A Logística Empresarial e sua Importância para as Empresas; Cadeia de Distribuição; Relação entre os Sub-setores Atacadista e Varejista; Classificação dos Atacadistas por tipo de atendimento; Impactos da Evolução da Tecnologia de Informação sobre a Cadeia de Distribuição. 23 2 – LOGÍSTICA EMPRESARIAL E CADEIA DE DISTRIBUIÇÃO 2.1 – A Logística Empresarial e a sua importância para as empresas Em épocas passadas, as mercadorias não eram tão acessíveis quanto os consumidores desejavam. Os bens de consumo eram abundantes nos locais onde eram produzidos e em certos períodos do ano. As pessoas tinham que consumir as mercadorias imediatamente nos locais onde as encontravam, ou precisavam transferí-las para um local de sua preferência e armazená-las para uso posterior. Entretanto, devido à ausência de um sistema de transporte suficientemente desenvolvido e de sistemas de armazenagem, o movimento de mercadorias era limitado ao que o indivíduo podia transportar e a preservação de perecíveis era possível apenas por um curto período de tempo. Essas limitações dos sistemas de movimentação e de armazenagem forçaram as pessoas a viverem perto das fontes de produção e a consumirem uma estreita gama de mercadorias. Com o passar dos anos, à medida que os sistemas logísticos foram evoluindo, o consumo e a produção começaram a separar-se geograficamente. As regiões se especializaram nas mercadorias que poderiam produzir com mais eficiência. O excesso de produção poderia ser transportado para outras áreas consumidoras, ao mesmo tempo em que os produtos não produzidos no local poderiam ser importados. Nesse contexto, o conceito de Logística evoluiu e uma nova concepção entrou em vigor, passando a existir a integração das diversas áreas envolvidas na produção, na distribuição, na comercialização, no dimensionamento e layout de armazéns, na alocação de produtos em depósito, nos transportes (roteirização, dimensionamento de frota de veículos), na seleção de fornecedores e clientes externos, surgindo um novo conceito que é conhecido como supply chain ou logística integrada. Assim, a Logística moderna passa a ser uma grande preocupação dentro das empresas, abrangendo toda a movimentação de materiais, interna e externa à 24 empresa, incluindo chegada de matéria-prima, estoques, produção e distribuição, até o momento em que o produto é colocado nas prateleiras à disposição do consumidor final. O caminho que se estende desde as fontes de matéria-prima, passando pelas fábricas dos componentes, pela manufatura do produto, pelos distribuidores, chegando finalmente ao consumidor através do varejista, constitui a Cadeia de Distribuição. O conceito da Logística está fortemente ligado ao conceito de Cadeia de Distribuição. Nela, os fornecedores de matéria-prima entregam insumos de natureza variada para a indústria principal e também para os fabricantes dos componentes que participam da fabricação de um certo produto. A indústria fabrica os seus produtos, que são distribuídos parte aos varejistas e, parte aos atacadistas e distribuidores. Estes últimos fazem o papel de intermediários entre os fabricantes e os varejistas, pois muitos destes não comercializam um volume suficiente de produtos que lhes possibilite a compra direta, a partir do fabricante. As lojas de varejo abastecidas diretamente pelo fabricante ou indiretamente por atacadistas ou distribuidores vendem os produtos ao consumidor final. Nessa linha de raciocínio, é importante o entendimento do conceito de Cadeia de Distribuição, também denominada de Cadeia Produtiva ou de Suprimento, que será abordado a seguir. 2.2- A Cadeia de Distribuição Neste item, serão apresentadas duas visões acerca do tema Cadeia de Distribuição. 25 2.2.1 – Cadeia de Distribuição segundo Novaes: Para NOVAES (2001), a Cadeia de Distribuição é composta pelos seguintes elementos: Suprimento da Manufatura; Manufatura; Distribuição Física; Varejo; Consumo; Transporte. Os seis elementos listados acima são apresentados na figura 2.1. e comentados em seguida. 26 Figura 2.1 : Cadeia de Distribuição ou de Suprimento proposta por NOVAES Matériaprima Componentes pré-montados Componentes soltos Suprimento da Manufatura Transporte Manufatura Produção Transporte Distribuição Física Atacadista Transporte Varejo Loja n Varejo Loja 3 Varejo Loja 2 Varejo Loja 1 Consumidor Final Fonte: NOVAES, Antônio Galvão. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Distribuição (2001) 27 Cada elemento integrante da Cadeia de Distribuição tem uma função específica, a seguir descrita: 1. Suprimento da Manufatura: constituído por empresas cuja função é abastecer as indústrias com componentes e insumos para que estas possam desempenhar sua função; 2. Manufatura: constituído por empresas cuja finalidade é realizar o processo de fabricação propriamente dito, normalmente envolvendo várias etapas e podendo ser mais ou menos complexa, conforme o tipo de produto a ser industrializado. 3. Distribuição Física: constituído por empresas cuja função é realizar a distribuição dos produtos industrializados, utilizando-se de depósitos ou centros de distribuição, para posterior envio às lojas de varejo. Neste grupo de empresas estão os atacadistas e distribuidores, que são objeto de estudo desta pesquisa. 4. Varejo: constituído por empresas cuja finalidade é realizar a comercialização dos produtos industrializados aos consumidores. 5. Consumo: constituído pelos consumidores, que são o foco central de todos os participantes da Cadeia de Distribuição. 6. Transporte: constituído por empresas cuja função é deslocar matérias-primas e componentes para a manufatura, produtos acabados para os centros de distribuição e destes para as lojas e, em muitos casos, entregar mercadorias nos domicílios dos consumidores. Para um bom funcionamento de toda a Cadeia de Distribuição é fundamental que os seus elementos atuem de forma integrada, pois a cooperação entre os participantes da cadeia de distribuição tende a aumentar a sua eficiência global. 28 Assim, à medida que as operações entre as mesmas se tornam mais integradas e ágeis, passa a prevalecer a tendência de haver: melhoria do nível de atendimento aos consumidores; redução dos custos ao longo da cadeia; aumento da rentabilidade global, aumento da rentabilidade de cada empresa integrante da cadeia. Na Cadeia de Distribuição, cada elemento integrante tem o seu papel e a sua importância para que toda a Cadeia funcione e possa agregar valor aos mesmos. Nesse contexto, será dado destaque ao papel e importância dos Atacadistas na Cadeia de Distribuição, uma vez que o objeto de estudo desta pesquisa envolve empresa atuante nesse sub-setor. Nesse contexto, NOVAES (2001) ressalta que os Atacadistas desempenham funções relevantes na Cadeia de Distribuição, tais como: Garantir a rápida disponibilidade dos produtos nos segmentos de mercado identificados como prioritários; Intensificar ao máximo o potencial de vendas dos produtos. Por exemplo, buscar parcerias com os fabricantes e com os varejistas que permitam a exposição e comercialização mais adequada dos produtos; Buscar a cooperação entre os participantes da cadeia de suprimento no que se refere aos fatores relevantes relacionados com a distribuição; Garantir um nível de serviço preestabelecido pelos parceiros da cadeia de distribuição; Garantir um fluxo de informações rápido e preciso entre os elementos participantes da cadeia de distribuição; 29 Buscar, de forma integrada e permanente, a redução de custos. A seguir, será visto a Cadeia de Valor defendida por PORTER. 2.2.2 A Cadeia de Valor de PORTER PORTER (1989), desenvolveu o conceito da Cadeia de Valor, sendo hoje um dos pilares do moderno Gerenciamento da Cadeia de Suprimento. Na visão deste autor, toda empresa é uma reunião de atividades que são executadas para projetar, produzir, comercializar, entregar e sustentar seu produto. PORTER (1992), afirma que “ A Cadeia de Valores de uma empresa e o modo como ela executa atividades individuais são um reflexo de sua história, de sua estratégia, do método de implementação de sua estratégia e da economia básica das próprias atividades.” (1992, p.33). PORTER (1992), afirma ainda que “ Valor é o montante que os compradores estão dispostos a pagar por aquilo que uma empresa lhes fornece. Uma empresa é rentável, se o valor que ela impõe ultrapassa os custos envolvidos na criação do produto. Criar valor para os compradores que exceda o custo é a meta de qualquer estratégia genérica.” (1992, p.34) A figura 2.2, a seguir apresentada, sintetiza a noção da Cadeia de Valor proposta por PORTER (1992), onde nove atividades principais inter-relacionadas envolvidas no processo de compra e da venda de produtos, são destacadas: 30 Figura 2.2 – Cadeia de Valor proposta por Porter A t i v i d a d e s d e Infra-estrutura da empresa A p o i o Gerenciamento de recursos humanos Desenvolvimento de Tecnologia Aquisição de Insumos e serviços Logística inbound Operações Logística outbound Marketing e vendas Assistência Técnica M A R G E M Atividades primárias Fonte: Porter (1992) PORTER (1992), dividiu as atividades de valor em dois grupos, denominandoas de atividades primárias e atividades de apoio. As Atividades Primárias, relacionadas na parte de baixo da figura 2.2, englobam os processos diretamente relacionados à criação de valor para os clientes, envolvendo a criação física do produto, a sua venda, a transferência para o comprador, bem como a assistência após a venda, a seguir relacionadas: Logística de Entrada: que abrange as atividades envolvidas na recepção, armazenamento e distribuição de insumos; Operações: que envolve as atividades associadas à transformação dos insumos no produto final; Logística de Saída: que envolve as atividades associadas à coleta, armazenamento e distribuição do produto; Marketing e vendas: que envolve as atividades relativas à propaganda, promoção, força de vendas, fixação de preços, etc; 31 Serviços (assistência técnica): que envolve atividades relacionadas ao fornecimento de serviço para intensificar ou manter o valor do produto, como instalação, conserto, treinamento, fornecimento de peças e ajuste do produto. As Atividades de Apoio, relacionadas na parte de cima da figura 2.2, dão suporte às atividades primárias e podem ser divididas em quatro categorias, a seguir descritas: Infra-estrutura: atividades de gerência geral, finanças, contabilidade, planejamento, jurídicas, questões governamentais e gerência de qualidade; Gestão de Recursos Humanos: envolvendo atividades recrutamento, seleção, treinamento, motivação, de bem como o alinhamento da equipe aos valores e prioridades da empresa; Desenvolvimento Tecnológico: envolvendo atividades para aperfeiçoar os produtos e os processos; Aquisição: atividades relacionadas à função de compra de insumos, bem como ativos como máquinas, equipamentos de laboratório, equipamentos de escritório e prédios. Com base nas categorias apontadas, as empresas realizam a Análise da Cadeia de Valor, examinando como cada atividade agrega custos e benefícios ao seu negócio, desde o custo na compra até o preço de venda para os clientes. A empresa consegue, assim, comparar custos e benefícios, escolhendo as melhores alternativas, tais como decidir se deve realizar certas atividades ( ex.: transporte, armazenagem, propaganda) ou terceirizá-las. Conforme observa PORTER (1992), essa avaliação não deve ser apenas restrita à empresa, mas deve também buscar comparação com os custos e os benefícios oferecidos por seus concorrentes. 32 Elos dentro da Cadeia de Valor PORTER (1992), ao analisar a Cadeia de Valor, observa que as atividades de valor não são uma coleção de atividades independentes e sim um sistema de atividades interdependentes, relacionadas por meio de elos. Estes elos representam as relações entre o modo como uma atividade de valor é executada e o custo ou o desempenho de uma outra. Por exemplo, a compra de produtos com embalagens mais resistentes pode influenciar na redução do número de avarias no transporte e manuseio destes produtos, e, por conseqüência, reduzir as perdas por danos nas embalagens. Outro exemplo, em uma cadeia de supermercados, a realização de campanhas promocionais pode influenciar o volume de vendas das suas lojas, o que pode gerar vantagens competitivas em relação aos concorrentes. Os elos são numerosos, e alguns são comuns à várias empresas. Os elos mais óbvios são aqueles entre atividades de apoio e atividades primárias representadas pelas linhas tracejadas na cadeia de valores, representada na figura 2.2. PORTER (1992), observa que os elos entre atividades de valor surgem de várias causas genéricas. Dentre elas, cita as seguintes: A mesma função pode ser desempenhada de formas diferentes; O custo ou o desempenho de atividades diretas é melhorado através de maiores esforços em atividades indiretas; Atividades executadas dentro de uma empresa reduzem a necessidade de demonstrar, explicar ou prestar assistência técnica a um produto no campo; Funções de garantia da qualidade podem ser desempenhadas de formas diferentes. 33 Para PORTER (1992), apesar dos elos dentro da cadeia de valores serem cruciais para a vantagem competitiva, eles normalmente são sutis e passam desapercebidos pelos administradores. Daí, resulta a importância da identificação dos elos ao longo da Cadeia de Valores. Conclui PORTER(1992), acerca deste tema, afirmando que “Administrar elos é uma tarefa organizacional mais complexa do que administrar as próprias atividades de valor. Dada a dificuldade de reconhecer e administrar elos, a habilidade para fazê-lo produz uma fonte sustentável de vantagem competitiva.” (1992, p. 46). Para concluir este item, os modelos apresentados por NOVAES (2001) e PORTER (1992), tendo por base seus aspectos essenciais, podem ser assim resumidos: Cadeia de Distribuição proposta por NOVAES (2001): 9 A Cadeia de Distribuição apresentada por Novaes apresenta uma clara visualização dos elementos constitutivos da cadeia e suas inter-relações, quais sejam: ¾ Suprimento da Manufatura; ¾ Manufatura; ¾ Distribuição Física; ¾ Varejo; ¾ Consumo; ¾ Transporte. 9 Este modelo tem como principal diferencial o destaque dado ao papel do atacadista, que é objeto desta pesquisa. 34 A Cadeia de Valor proposta por PORTER (1992): 9 Permite um melhor entendimento do conceito de Criação de Valor; 9 Permite um melhor entendimento das atividades internas desenvolvidas pelas empresas, classificando-as em Atividades de Apoio e Atividades Primárias. As primeiras são aquelas cujos fins sejam os de dar condições estruturais, de recursos humanos, de tecnologia e gerenciamento para que as segundas (logística, operações, marketing e vendas e assistência técnica) aconteçam; 9 Permite o entendimento e análise das relações entre as atividades internas da empresa, denominados de “Elos da Cadeia de Valor”. Para efeito desta pesquisa, será tomada como base a Cadeia de Distribuição proposta por Novaes (figura 2.1), uma vez que a objetividade da sua apresentação gráfica, a simplicidade esquemática e o foco na atividade dos atacadistas a tornam mais apropriada ao escopo deste estudo. A seguir será visto a relação entre os Atacadistas com outros integrantes da cadeia de distribuição, em especial com os Varejistas. 2.3 - A relação do Sub-Setor Atacadista com o Sub-Setor Varejista Como foi visto no item 2.2, onde se analisou o tema Cadeia de Distribuição, ficou evidente a importância da relação entre os seus integrantes, bem como da cooperação entre os mesmos como fator de melhoria da vantagem competitiva de cada elemento e de toda a cadeia. Nesse contexto, torna-se oportuno analisar a relação existente entre os atacadistas, foco desta pesquisa, e os varejistas, para os quais os primeiros 35 desenvolvem suas atividades e com os quais mantém uma relação comercial permanente. A abordagem relativa à relação entre os atacadistas e varejistas pode se iniciar a partir da análise das suas missões5, descritas a seguir. Os Atacadistas têm como missão: Suprir os varejistas com os produtos procurados pelos consumidores; Mantê-los abastecidos continuamente; Oferecer-lhes condições de preços e prazos adequados ao mercado; Prestar-lhes serviços de forma a contribuir para a melhoria do atendimento aos consumidores. Os Varejistas têm como missão: Suprir os consumidores com os produtos procurados pelos mesmos; Mantê-los abastecidos continuamente; Oferecer-lhes condições de preços e prazos adequados ao mercado; Prestar-lhes atendimento e serviços de forma a contribuir para a melhoria do seu nível de satisfação. _____________________________________________________________________________________________________ 5 Entende-se como Missão da Empresa: a razão da existência da empresa, ou seja, para que ela (empresa) existe. 36 Pela análise das missões dos atacadistas e varejistas, bem como pela análise da Cadeia de Distribuição apresentada na figura 2.1, pode-se inferir que os Atacadistas se constituem no elemento antecessor dos varejistas no processo de negócios, o que implica dizer que pelo menos parte dos produtos recebidos pelos varejistas passam pelos atacadistas, que têm a missão de mantê-los abastecidos, bem como oferecer-lhe condições para que os mesmos possam atender aos consumidores. Por esta análise, pode-se inferir também que a existência de um depende da existência do outro, uma vez que a falta de um deles provocaria uma quebra na Cadeia de Distribuição, pois, a falta dos atacadistas traria, como conseqüência, problemas na distribuição dos produtos, comprometendo o abastecimento regular dos varejistas, por outro lado, a falta dos varejistas, traria, como conseqüência, problemas na comercialização dos produtos aos consumidores, comprometendo o abastecimento regular destes últimos. NOVAES (2001), ao abordar o tema fala das contradições que os varejistas vivem permanentemente no mercado, quais sejam: manter níveis adequados de oferta de produtos, mas ao mesmo tempo reduzindo estoques; oferecer melhores serviços, mas evitando expansão excessiva da folha de salários; melhorar a qualidade dos serviços, mas reduzindo os preços dos produtos. Estas contradições permitem aprofundar a análise da relação entre os atacadistas e varejistas, uma vez que as contradições apontadas podem ser minimizadas pela atuação dos atacadistas, pois estes podem contribuir com os varejistas na solução das mesmas, mantendo uma relação de parceria que possa: 37 Contribuir para manter níveis adequados de oferta de produtos para que não haja falta, nem excesso nas lojas dos varejistas, pois a falta de produtos impede a realização de negócios e o excesso reduz a disponibilidade de capital dos mesmos para outras operações; Contribuir para que o varejista ofereça melhores serviços aos seus clientes finais, realizando ele próprio (atacadista) serviços aos varejistas que contribuam para esse fim; Realizar uma política de preços e condições de pagamento que facilite as operações dos varejistas, concedendo-lhes prazos e descontos adequados ao mercado. PARENTE (2000), ao abordar a relação entre os atacadistas e varejistas, afirma “ A parceria e cooperação com fornecedores deverão ser fortalecidas. O relacionamento com fornecedores está passando por uma modificação profunda, e o desenvolvimento de alianças entre varejistas e fornecedores está sendo considerado uma forte vantagem competitiva. Varejistas e fornecedores agora se deram conta de que é impossível oferecer valor aos consumidores sem possuir baixo custo e alta eficiência no canal de distribuição.” (2000, p. 17) PARENTE (2000), observa ainda que: A parceria com fornecedores vem sendo também fortalecida pelo Gerenciamento por Categorias6 – um processo apoiado na intensa sinergia entre fornecedor e varejista, no qual este último gerencia todos os produtos dentro de determinadas categorias de produtos, que envolve a gestão simultânea de preço, espaço em prateleira, esforços promocionais e outros elementos do composto de marketing, para melhorar as vendas e o desempenho da categoria. ___________________________________________________________________ 6 Entende-se por Categoria de Produtos: grupo de produtos distintos, que atendem a uma necessidade específica do consumidor. São exemplos de categorias: Shampoos, Desodorantes, Cafés, Leites, Farinhas, etc. 38 No processo de Gerenciamento por Categorias o atacadista tem sido um forte parceiro dos varejistas, pois, tem se constituído uma prática de mercado os atacadistas disponibilizarem integrantes das suas equipes para assessorar os varejistas na implantação e manutenção desse tipo de gerenciamento. São exemplos de parceria entre atacadistas e varejistas as chamadas Cadeias Voluntárias Patrocinadas por Atacadistas, onde um determinado atacadista organiza uma cadeia voluntária de varejistas independentes e lhes oferece melhores condições de abastecimento e apoio tecnológico e mercadológico, possibilitando melhores condições para que consigam concorrer com as unidades pertencentes às grandes redes varejistas. Sobre este tema, CHING (1999), afirma: “É muito importante para o sucesso de qualquer empresa que seu produto esteja disponível ao consumidor em qualquer momento, independentemente da dificuldade, distância ou outro tipo de problema que separe o produto do consumidor. Essa área é de responsabilidade dos intermediários que estocam o produto acabado – atacadistas e/ou centros de distribuição. A melhoria no processo de distribuição, redefinindo a atuação dos distribuidores, permitirá tornar o produto mais disponível, reduzir o estoque de produtos acabados e repassar a economia de custo aos clientes.” (1999, p. 62-63) Em suma, para que a relação entre Atacadistas e Varejistas possa se perpetuar, necessário se faz que ela seja de fato uma parceria. Essa relação de parceria deve pressupor que as atividades dos atacadistas possam contribuir para que as atividades dos varejistas sejam desenvolvidas de forma adequada, bem como as atividades dos varejistas possam contribuir para que as atividades dos atacadistas fluam normalmente. Os atacadistas dependem da existência e da prosperidade dos varejistas para sobreviver e prosperar, da mesma maneira que os varejistas dependem da regularidade de fornecimento e das condições de negociação oferecidas pelos atacadistas para sobreviver e prosperar, bem como 39 para que a cadeia de distribuição funcione satisfatoriamente para atender o consumidor final. A seguir será vista a classificação dos Atacadistas segundo o tipo de atendimento que os mesmos dispensam aos seus clientes. 2.4 Classificação dos Atacadistas por tipo de atendimento De acordo com a ABAD - Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados apud CAMPOS (2003, p. 96), existem três tipos de atacadistas atuando no país, classificados de acordo com a forma principal de atendimento que oferecem a seus clientes: 1. O atacadista distribuidor; 2. O atacadista de balcão; e 3. O atacadista de auto-serviço. O Atacadista Distribuidor: tipo de atacadista que tem como principais características: Possuir equipes de vendas externas que atendem um número elevado de clientes com freqüência determinada; Fazer entregas com frota própria ou de terceiros; Trabalhar com um grande número de produtos (esse tipo de atacadista chega a trabalhar com 6.000 itens diferentes); Oferecer um nível de serviços significativos para seus clientes; Suas vendas, de modo geral, são feitas a prazo. O Atacadista de Balcão: tipo de atacadista que tem como principais características: Possuir uma equipe de vendedores internos preparados para atender aos clientes que visitam esse tipo de estabelecimento; 40 Trabalhar com um número reduzido de produtos, representado pelos produtos de maior giro nas lojas varejistas; O cliente geralmente leva consigo mesmo a compra feita. O Atacadista de Auto-serviço: tipo de atacadista que tem como principais características: Ter como principal apelo o baixo preço de venda; Geralmente, suas lojas são despojadas, a mercadoria é oferecida em embalagens originais ou em embalagens menores preparadas pela indústria ou pelo próprio atacadista; O cliente leva suas compras; As vendas são feitas geralmente à vista; Este tipo de atacadista não concorre normalmente com as lojas varejistas de auto-serviços, comumente denominadas de supermercados. A principal diferença entre ambos é o fato de que o atacadista de auto-serviço tem como cliente foco o varejista e não o consumidor final, como é o caso dos supermercados; O atacadista de auto-serviço vende em quantidades maiores, normalmente em caixas ou pacotes e não unitariamente como o setor supermercadista. Os preços dos atacadistas de auto-serviço são mais baixos facilitando a aquisição pelos varejistas que irão revendê-los aos consumidores finais. Nos estudos realizados pela AC-Nielsen7, nos anos de 1996 a 2003, acerca do Sub-setor Atacadista, evidenciou-se a distribuição por tipo de atendimento apresentada na tabela 2.1. ___________________________________________________________________ 7 Dados divulgados pela Revista Distribuição (1998, n. 72) e (2003, n.124) 41 Tabela 2.1 – Distribuição das Empresas Atacadistas por tipo de atendimento, no período de 1995 a 2002_ Base Vendas no período Formas de atuação do Participação % nas Vendas do Sub-Setor atacado Atacadistas Distribuidores Atacadistas de Auto-Serviço Atacadistas de Balcão Fontes: 1995 1996 1997 2001 2002 67,1% 70,9% 66,7% 62,9% 61,3% 8,1% 4,2% 5,5% 34,4% 36,3 % 24,8% 24,9% 27,8% 2,7% 2,5% Revista Distribuição (1998 e 2003) Pela análise da tabela 2.1, observa-se a relativa estabilidade e a elevada participação dos Atacadistas Distribuidores ao longo do período de 1995 a 2002 nas vendas totais do sub-setor Comércio Atacadista, variando entre 67,1% e 61,3%. O seu melhor desempenho foi alcançado no ano de 1996, em que foi responsável por 70,9% das vendas do sub-setor em análise. Em segundo lugar ficaram os Atacadistas de Auto-Serviço, cujo desempenho no período variou entre 8,1% e 36,3%, sendo o seu melhor desempenho neste último ano. Em último lugar ficaram os Atacadistas de Balcão, cujo desempenho oscilou entre 24,8% e 2,5%. Como foi observado, os Atacadistas de Auto-Serviço, apresentaram a evolução de 8,1% para 36,3% no período analisado. Por outro lado, os Atacadistas de Balcão foram os que tiveram o maior decréscimo na sua performance, evidenciando uma tendência de queda bastante acentuada quando comparada aos demais tipos de atacadistas. Sua participação variou de 24,8% para 2,5%, após ter atingido um participação de 27,8 % em 1997. Comparando a performance destes dois tipos de atacadistas, observa-se uma tendência inversamente proporcional entre mesmos, enquanto os Atacadistas de Auto-Serviço tiveram um crescimento acentuado, principalmente nos dois últimos anos, os Atacadistas de Balcão tiveram um decréscimo também acentuado nesse período. 42 A ABAD - Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados apud CAMPOS (2003, p. 96), aponta como principais razões das tendências apresentadas pelos Atacadistas de Auto-serviço e pelos Atacadistas de Balcão os seguintes fatos: O Aumento do número de lojas de auto-serviço; Mudança no comportamento das empresas clientes (varejistas), que preferem ir aos atacadistas de auto-serviço e se abastecerem por um período menor, repetindo esta operação muitas vezes durante o mês. Este comportamento é motivado pela limitação do capital de giro disponível para suas operações; Ampliação do atendimento ao mercado de food-service. Em suma, o aumento do número de lojas de auto-serviço no período analisado se deu, principalmente, pelo aumento da demanda dos pequenos varejistas por lojas e produtos com as características oferecidas por esse tipo de atacadista, já abordadas neste capítulo (lojas despojadas, embalagens originais das fábricas ou embalagens menores preparadas pelo próprio atacadista). Além do que, lojas com as características aqui ressaltadas oferecem outro atrativo importante para os varejistas, ou seja, o preço baixo, pois a simplificação da estrutura das mesmas, o pequeno número de operações internas de manipulação dos produtos e a venda em quantidades maiores permitem aos Atacadistas de Auto-serviço oferecer preços atrativos aos seus clientes. Outro fator que teve impacto positivo no aumento da participação desse tipo de atacadista foi o fato de os pequenos varejistas possuem normalmente pequena disponibilidade de capital para repor seus estoques, o que provoca um aumento do número de vezes que os mesmos realizam suas compras, o que é facilitado pelas características das lojas dos Atacadistas de Auto-serviço, pois os fornecedores, normalmente, têm dificuldades em entregar pequenas quantidades de produtos aos varejistas em função da elevação dos custos de transporte resultante desta operação. 43 Em continuidade ao estudo dos temas Logística e Cadeia de Distribuição, serão abordados, a seguir, os impactos da Evolução da Tecnologia de Informação sobre a Cadeia de Distribuição. Esta abordagem é Tecnologia de Informação pode se tornar oportuna uma vez que a um instrumento à disposição das empresas para enfrentar as forças competitivas do mercado, mantendo suas vantagens competitivas, como será visto no item a seguir. 2.5 - Impactos da Evolução da Tecnologia de Informação sobre a Cadeia de Distribuição O desenvolvimento tecnológico ocorrido nos últimos anos, bem como a redução nos custos de aquisição de equipamentos e softwares têm facilitado a disseminação da informação e possibilitado o desenvolvimento das interações entre as pessoas e as empresas. Essas mudanças têm causado impactos na condução e nos resultados das empresas ao longo de toda a Cadeia de Distribuição. O Sub-Setor Atacadista e de Distribuição não é uma exceção e tem sofrido os impactos da evolução tecnológica vivida pelo mundo dos negócios nos últimos anos. Esse processo traz, ao mesmo tempo, impactos positivos e impactos negativos, que serão evidenciados no quadro 2.1, apresentado a seguir. Os impactos positivos serão denominados de oportunidades e os impactos negativos serão chamados de ameaças. Nesta análise, será dado foco aos impactos que as mudanças ocorridas na Tecnologia de Informação têm promovido sobre as atividades dos Atacadistas, uma vez que estes são objeto desta pesquisa. 44 Quadro 2.1 – Impactos das Mudanças na Tecnologia de Informações sobre o SubSetor Atacadista Impactos decorrentes Visão Interna dos Impactos Visão Externa dos Impactos da Evolução sofridos pelo Sub-setor sofridos pelo Sub-setor Tecnológica Comércio Atacadista Comércio Atacadista 1.Evolução da Impactos Positivos (Oportunidades) tecnologia de transmissão de dados 1.1-Rapidez e segurança na 1.4-Rapidez e segurança na e comunicação comunicação dos Atacadistas e comunicação dos Atacadistas eletrônica Distribuidores com os Profissionais e Distribuidores com os de Vendas, principalmente os que Fabricantes desenvolvem atividades fora da sede da Empresa 1.2-Melhoria do atendimento 1.5- Rapidez e segurança na recebido pelos Atacadistas e comunicação dos Atacadistas Distribuidores e Distribuidores com os Clientes 1.3- Melhoria na comunicação entre 1.6-Melhoria do nível de os setores da empresa atendimento oferecido pelos Atacadistas e Distribuidores aos Clientes Impactos Negativos(Ameaças) pelo não uso da tecnologia Lentidão e obsolescência gerencial Redução do nível de e administrativa competitividade no mercado 2. Desenvolvimento Impactos Positivos (Oportunidades) de Softwares e Sistemas Gerenciais 2.1.Melhoria da Gestão de Estoque Melhoria do nível de 2.2- Melhoria da Gestão Financeira competitividade no mercado 2.3Melhoria da Gestão Operacional 2.4-Melhoria da Gestão da Performance de Vendas 2.5- Melhoria da Gestão das Informações dos Clientes 2.6- Melhoria da Gestão das Pessoas Impactos Negativos (Ameaças) pelo não uso Lentidão e obsolescência gerencial Redução do nível de e administrativa competitividade no mercado Fonte: Elaborado pelo autor 45 Analisando o quadro 2.1, pode-se inferir que as mudanças na Tecnologia de Informações proporcionam dois conjuntos de impactos, a seguir analisados: 2.5.1 - Os impactos Positivos (oportunidades) gerados pela Evolução da Tecnologia de Transmissão de Dados e Comunicação Eletrônica: Rapidez e segurança na comunicação dos Atacadistas com os profissionais que integram as suas equipes de vendas: A velocidade da comunicação e transmissão de dados dos profissionais de vendas para a sede da empresa pode determinar a realização de um maior número de negócios, pois os clientes por eles atendidos têm necessidade de um atendimento ágil, tanto no processo de vendas como no processo de entregas. Todos estes processos são fortemente influenciados pela rapidez e segurança da comunicação e transmissão de dados. Rapidez e segurança na comunicação dos atacadistas com os Fabricantes e Melhoria do Atendimento recebido pelos Atacadistas e Distribuidores: A melhoria no processo de comunicação e transmissão de dados proporciona uma melhor relação entre os atacadistas e seus fornecedores, uma vez que o processo de troca de informações se torna mais ágil e mais seguro, o que pode gerar um diferencial competitivo para os mesmos, uma vez que essas operações lhes permitirão maior agilidade de atuação no mercado. Melhoria na comunicação entre os setores da empresa: A melhoria no processo de transmissão e armazenamento de dados permite uma melhor interação entre os setores da empresa, uma vez que estes podem dispor de um banco de dados único e integrado, o que pode contribuir para uma maior eficácia dos processos internos. 46 Rapidez e segurança na comunicação dos atacadistas com os seus clientes e melhoria do nível de atendimento oferecido aos mesmos: A velocidade e a segurança na comunicação com os clientes pode gerar um diferencial em termos de credibilidade e atendimento, gerando fidelização destes últimos e garantindo uma continuidade no processo de comercialização com os mesmos. 2.5.2 - Os impactos Positivos (oportunidades) gerados pelo Desenvolvimento de Softwares e Sistemas Gerenciais: Melhoria da Gestão da Empresa: O desenvolvimento de softwares e sistemas gerenciais permite um melhor gerenciamento e uma melhor performance em diversas áreas da empresas, tais como: 9 Gestão de Estoque; 9 Gestão Financeira; 9 Gestão Operacional; 9 Gestão da Performance de Vendas; 9 Gestão das Informações dos Clientes; 9 Gestão de Pessoas. A melhoria do gerenciamento nas áreas acima apontadas pode gerar vantagens competitivas para a empresa. 2.5.3 - Os impactos Negativos (ameaças) gerados pela Evolução da Tecnologia de Transmissão de Dados e Comunicação Eletrônica: Os impactos negativos são observados quando os recursos proporcionados pela evolução da tecnologia de transmissão de dados e comunicação eletrônica, bem como pelo desenvolvimento de softwares e sistemas gerenciais não são plenamente utilizados pelas empresas. A não utilização desses recursos promove lentidão e obsolescência 47 gerencial e administrativa, bem como redução do nível de competitividade da empresa no mercado. Em suma, as mudanças ocorridas na Tecnologia de Informação têm influenciado não só o Sub-setor Atacadista como os demais setores da economia. As empresas que se dispuserem a adotar como estratégia a busca permanente pela evolução tecnológica terão melhores condições de competitividade e de permanência no mercado, pois os clientes desejarão sempre negociar com empresas que lhes ofereçam: Melhores condições para identificação das suas necessidades; Oferta de produtos e serviços mais adequados; Meios mais eficazes para troca de informações; Assistência no pós-venda. Estas condições são fortemente impactadas pelo nível de atualização tecnológica das empresas integrantes da Cadeia de Distribuição. PORTER (1992), quando trata da Cadeia de Valor, observa que tanto as Atividades Primárias (logística de entrada, operações, logística de saída, marketing, vendas e assistência técnica), como as Atividades de Apoio ( infra-estrutura, gestão de recursos humanos, desenvolvimento tecnológico, e aquisição) podem contribuir para agregar valor ao negócio da empresa e aos clientes. Analisando a relação entre as atividades descritas na Cadeia de Valor e as influências que a Evolução da Tecnologia de Informações pode gerar sobre as empresas, pode-se inferir que: A evolução da Tecnologia de Informação pode proporcionar às empresas um nível de eficácia maior nos seus processos internos e nas relações intra-empresa, tornando estes processos mais integrados e mais ágeis; 48 Existe uma forte relação do que PORTER (1992) apregoa como Desenvolvimento tecnológico, dentro das Atividades de Apoio, e o tema proposto neste item, ou seja, os Impactos da Evolução da Tecnologia de Informação sobre a Cadeia de Distribuição, pois o Desenvolvimento Tecnológico também envolve as mudanças na Tecnologia de Informação que a empresa pode promover no sentido de ter operações mais ágeis e eficazes, obtendo, com isso, vantagens competitivas em relação aos seus concorrentes, e agregando valor ao seu negócio e aos seus clientes. Por outro lado, ao analisar a Evolução da Tecnologia de Informação em relação às Forças Competitivas do Mercado propostas por PORTER (1991) (rivalidade, fornecedores, clientes, substitutos e entrantes), pode-se inferir que a evolução da Tecnologia de Informação pode gerar impactos no relacionamento das empresas com todos os elementos integrantes das cinco forças presentes do mercado, quais sejam: Com os Concorrentes (rivalidade): terá maior vantagem competitiva a empresa que obtiver o melhor uso da tecnologia de informação disponível no mercado, de forma a realizar o seu negócio com maior eficácia e agilidade que os demais concorrentes; Com os Clientes: terá maior vantagem competitiva a empresa que promover o melhor atendimento aos seus clientes, utilizando-se da tecnologia de informação disponível; Com os Fornecedores: terá maior vantagem competitiva a empresa que tiver uma comunicação mais ágil com seus fornecedores, garantindo um abastecimento regular dos produtos destes 49 fornecedores, e, por conseqüência, abastecendo regularmente os seus clientes; Com os Entrantes e Substitutos: terá maior vantagem competitiva a empresa que oferecer maior resistência (maior número de barreiras) à entrada de novas empresas ou de produtos substitutos. A Tecnologia de Informação pode oferecer condições que dificultem a entrada de novos fornecedores ou de produtos substitutos no mercado. Em suma, a Tecnologia de Informação, se bem utilizada pelas empresas integrantes da Cadeia de Distribuição, pode gerar vantagens competitivas que as diferenciem dos concorrentes, possibilitando o seu crescimento no mercado. Assim, a Inovação Tecnológica pode ser uma das estratégias adotada pela empresa para enfrentar as forças competitivas do mercado. Por fim, infere-se que as empresas têm necessidade de definir e implantar estratégias para enfrentar as forças competitivas do mercado e garantir a sua permanência no mesmo, razões pelas quais, necessário se faz ter contato com os conceitos relativos à Estratégia, suas Escolas e Métodos de Formulação e Implementação das mesmas e uma Análise Estrutural do Mercado e Suas Forças Competitivas, o que será visto no próximo capítulo. 50 3 – ESTRATÉGIA, ESCOLAS E MÉTODOS 3.1 - Estratégia: Conceito e Importância No campo da administração de empresas, estratégia tem diversos significados. Longo prazo, ambiente, planejamento e concorrência são palavraschaves associadas aos significados principais, que aos poucos foram sendo formulados e agregados ao moderno vocabulário da administração estratégica. Muitos autores têm definido o termo estratégia, dando cada um deles o foco que lhes parece mais adequado . A seguir, serão vistas algumas definições para o termo em questão: De acordo com MINTZBERG (1979) estratégia é: 9 Uma forma de pensar no futuro; 9 Um procedimento formalizado e articulador de resultados; 9 Uma programação de trabalho. MINTZBERG (2000), ao abordar o tema Estratégia, afirma que: 9 A Estratégia fixa a direção: mapeando o curso da organização para que ela navegue coesa através do seu ambiente; 9 A Estratégia focaliza o esforço: promovendo a coordenação das atividades da empresa; 9 A Estratégia define a organização: proporcionando às pessoas uma forma clara para entender sua empresa e distinguí-la das outras; 9 A Estratégia provê consistência: reduzindo a ambigüidade e promovendo a ordem na atuação da empresa Para CHANDLER (1962), a estratégia deve ser definida como o processo de estabelecer metas e objetivos de longo prazo para a empresa, de adotar cursos de ação e alocar recursos para atingi-los. 51 MAXIMIANO (2002), em sua obra cita PASCALE, que define a estratégia como o processo de selecionar oportunidades definidas em termos de encomendas a serem atendidas e produtos a serem oferecidos e, ao mesmo tempo, tomar decisões sobre investimentos de recursos com a finalidade de atingir objetivos. MAXIMIANO (2002), ao abordar o tema ressalta que os primeiros autores que tratavam da estratégia aplicada à administração enfatizavam apenas as técnicas de planejamento estratégico e que mais tarde, o conceito ampliou-se, para abranger as atividades de implementação, acompanhamento e avaliação de planos. Completouse, assim, o circuito planejamento-execução-controle da estratégia. Para este autor, na administração contemporânea, a administração estratégica é o campo que trata de: Planejamento Estratégico: o processo de elaborar a estratégia; Implementação e controle da estratégia: o processo de colocar em prática, acompanhar e avaliar a estratégia. A definição defendida por MINTZBERG (1979, 2000) para Estratégia, apresenta o melhor aproach para a presente pesquisa, uma vez que este autor aborda questões fundamentais acerca do tema, quais sejam: 9 Estratégia como forma de planejar o futuro da empresa, 9 Estratégia como procedimento formalizado e articulador de resultados; 9 Estratégia como forma de se definir e implementar uma programação de trabalho para a empresa; 9 Estratégia como fixadora da direção a ser seguida pela empresa; 9 Estratégia como focalizadora dos esforços da empresa; 52 9 Estratégia como definidora da organização; e 9 Estratégia como provedora de consistência às ações da empresa. Para um melhor entendimento acerca do tema estratégia, bem como para que se possa enquadrar a empresa objeto desta pesquisa em um modelo de gestão estratégica, serão vistas a seguir as principais escolas de estratégia, segundo o estudo realizado por MINTZBERG (2000). 53 3.2- Escolas de Estratégia Para MINTZBERG (2000), existem dez escolas de estratégia. Cada escola apresenta uma perspectiva diferenciadora que focaliza um aspecto importante do processo de formulação e implementação da estratégia. Tais escolas, juntamente com as características que melhor as definem, estão relacionados no quadro 3.1. Quadro 3.1 - Escolas de Estratégia Escolas de Estratégia Escola do Design Principais características Formulação das estratégias como um processo de concepção Escola do Formulação das estratégias como um processo formal Planejamento Escola do Formulação das estratégias como um processo Analítico Posicionamento Escola Formulação das estratégias como um processo visionário Empreendedora Escola Cognitiva Formulação das estratégias como um processo mental Escola de Formulação das estratégias como um processo emergente Aprendizado Escola do Poder Formulação das estratégias como um processo de negociação Escola Cultural Formulação das estratégias como um processo coletivo Escola Ambiental Formulação das estratégias como um processo reativo Escola de Formulação Configuração transformação das estratégias como um processo de Fonte: MINTZBERG, Henry. Sáfari de estratégia. Porto Alegre: Bookman, 2000. MINTZBERG (2000), destaca as premissas que sustentam cada uma das dez Escolas de Estratégia apresentadas no quadro 3.1. Estas premissas demonstram as 54 características relevantes do processo de definição e implementação das estratégias em cada uma das escolas, que serão vistas a seguir: 3.2.1 - As premissas das Escolas de Estratégias 1. Premissas da Escola do Design: A formação da estratégia deve ser um processo deliberado de pensamento consciente; A responsabilidade pelo controle e pela percepção são do executivo principal: essa pessoa é o estrategista.; O modelo da formação de estratégia deve ser mantido simples e informal; As estratégias devem ser únicas: as melhores resultam de um processo de design individual; As estratégias devem ser explícitas; Somente depois que essas estratégias únicas, desenvolvidas, explícitas e simples são totalmente formuladas é que elas podem ser implementadas. 2. Premissas da Escola do Planejamento: As estratégias devem resultar de um processo controlado e consciente de planejamento formal; A responsabilidade por todo o processo está, em princípio, com o executivo principal; As estratégias surgem prontas deste processo, devendo ser explicitadas para que possam ser implementadas, através da atenção 55 detalhada a objetivos, orçamentos, programas e planos operacionais de vários tipos. 3. Premissas da Escola do Posicionamento: As estratégias são posições genéricas, especificamente comuns e identificáveis no mercado; O mercado (o contexto) é econômico e competitivo; O processo de formação de estratégia é, portanto, de seleção dessas posições genéricas com base em cálculos analíticos; Os analistas desempenham um papel importante neste processo, passando os resultados dos seus cálculos aos gerentes que oficialmente controlam opções; Assim, as estratégias saem deste processo totalmente desenvolvidas para serem articuladas e implementadas. 4. Premissas da Escola Empreendedora: A estratégia existe na mente do líder como perspectiva, especificamente um senso de direção a longo prazo, uma visão do futuro da organização; O processo de formação da estratégia é, na melhor das hipóteses, semi-consciente, enraizado na experiência e na intuição do líder; O líder promove a visão de forma clara e firme, mantendo controle pessoal da implementação sobre a mesma; A visão estratégica é maleável e, assim a estratégia empreendedora tende a ser deliberada e emergente; 56 A organização é igualmente maleável, uma estrutura simples sensível às diretivas do líder; A estratégia empreendedora tende a assumir a forma de nicho, um ou mais bolsões de posição no mercado protegidos contra as forças de concorrência direta. 5. Premissas da Escola Cognitiva: A formação de estratégia é um processo cognitivo que tem lugar na mente do estrategista; Assim sendo, as estratégias emergem como perspectivas que dão forma à maneira pela qual as pessoas lidam com informações vindas do ambiente; Como conceito, as estratégias são difíceis de realizar em primeiro lugar. Quando são realizadas, ficam consideravelmente abaixo do ponto ótimo e, subseqüentemente, são difíceis de mudar quando não mais são viáveis. 6. Premissas da Escola de Aprendizado: A natureza complexa e imprevisível do ambiente da organização, muitas vezes associada à difusão de bases de conhecimento necessárias à estratégia, impede o controle deliberado; Embora o líder também deva aprender, e às vezes, pode ser o principal aprendiz, em geral é o sistema coletivo que aprende; 57 Este aprendizado procede de forma emergente, através do comportamento que estimula o pensamento retrospectivo para que se possa compreender a ação. Assim, o papel da liderança passa a ser de não pré-conceber estratégias deliberadas, mas de gerenciar o processo de aprendizagem estratégico, pelo qual novas estratégias podem emergir; Dessa forma, as estratégias aparecem primeiro como padrões do passado e, mais tarde, como perspectiva para guiar o comportamento geral. 7. Premissas da Escola de Poder: A formação de estratégia é moldada por poder e política, seja no ambiente interno da empresa, seja no comportamento da empresa em seu ambiente externo; O poder micro (visão interna da empresa) vê a formação de estratégia como a interação, através de persuasão, barganha e, às vezes, confronto direto; O poder macro (visão externa da empresa) vê a organização como promovendo seu próprio bem-estar por controle ou cooperação com outras organizações; 58 8. Premissas da Escola Cultural: A formação de estratégia é um processo de interação social, baseado nas crenças e nas interpretações comuns aos membros de uma organização; Um indivíduo adquire essas crenças através de um processo de aculturação ou socialização; Portanto, os membros de uma organização podem descrever apenas parcialmente as crenças que sustentam sua cultura, ao passo que as origens e explicações podem permanecer obscuras; Em conseqüência disso, a estratégia assume a forma de uma perspectiva, acima de tudo, enraizada em intenções coletivas; A cultura e, em especial,a ideologia não encorajam tanto as mudanças estratégicas quanto a perpetuação da estratégia existente. 9. Premissas da Escola Ambiental: O ambiente é o agente central no processo de geração de estratégia; A organização deve responder às forças do ambiente (mercado), ou será eliminada; Assim, a liderança torna-se um elemento passivo para fins de ler o ambiente e garantir uma adaptação adequada pela organização; As organizações acabam se agrupando em nichos (grupo de empresas) distintos. 59 10. Premissas da Escola de Configuração: Para um período razoável de tempo, a empresa adota um determinada forma de estrutura adequada a um determinado tipo de contexto; Esses períodos de estabilidade são ocasionalmente interrompidos por algum processo de transformação; Esses estados sucessivos de configuração e períodos de transformação podem se ordenar ao longo do tempo em seqüências padronizadas, por exemplo descrevendo ciclos de vida de organizações; Portanto, a chave para a administração estratégica é sustentar a estabilidade; As estratégias resultantes assumem a forma de planos ou padrões, posições ou perspectivas; porém, mais uma vez, cada um a seu tempo e adequado ao contexto vivido pela empresa. Em face da análise do conteúdo do estudo realizado por MINTZBERG (2000), resumido neste capítulo, acerca das Escolas de Estratégia, infere-se que a RB Distribuidora, empresa objeto deste estudo, se enquadra nas seguintes Escolas de Estratégia: Escola Empreendedora: desde a sua fundação até o ano de 2001, pois, nesse período, a empresa adotou um processo de formulação e implementação de estratégias não formalizado, tendo como base a visão empreendedora, a experiência, o conhecimento do mercado e a intuição do seu fundador. Escola do Planejamento: a partir do ano de 2002 começou a migrar para a escola do Planejamento, pois a empresa passou a adotar um gerenciamento estratégico mais estruturado, onde suas estratégias 60 passaram a resultar de um processo controlado e consciente de planejamento formal, que será visto no quarto capítulo desta dissertação. A seguir, será visto uma análise do mercado e das suas forças competitivas. 3.3 - Análise Estrutural do Mercado e suas Forças Competitivas Para PORTER (1991), a essência da formulação de uma estratégia competitiva é relacionar uma empresa ao seu meio ambiente. Embora o meio ambiente relevante seja muito amplo, abrangendo tanto forças sociais como econômicas, o aspecto principal do meio ambiente da empresa é o setor ou mercado em que ela compete. A estrutura do setor tem uma forte influência na determinação das regras competitivas do jogo, assim como das estratégias potencialmente disponíveis para a empresa. Forças externas à empresa são significativas principalmente em sentido relativo; uma vez que as forças externas em geral afetam todas as empresas em um setor. O ponto básico encontra-se nas diferentes habilidades das empresas em lidar com elas. A intensidade da concorrência em um mercado ou setor depende de cinco forças competitivas básicas, apresentadas na figura 3.1 61 Figura 3.1 - Forças que governam a competição em um setor Ameaças de novos Entrantes Poder de negociação dos Fornecedores Rivalidade entre as empresas existentes Poder de negociação dos Clientes Ameaças de produtos ou serviços Substitutos Fonte: PORTER (1999) Segundo PORTER (1 Para PORTER (1991), “A meta estratégica para uma unidade empresarial em um setor é encontrar uma posição dentro dela em que a companhia possa melhor se defender contra estas forças competitivas ou influenciá-las em seu favor.” (1991, p. 22). Serão analisadas, a seguir, as cinco forças competitivas apresentadas por PORTER. O Grau de Rivalidade A intensidade de rivalidade é a mais óbvia das cinco forças em um setor – é aquela que os estrategistas têm focalizado historicamente. Ela ajuda a determinar a extensão até a qual o valor criado por uma indústria será dissipado através da concorrência direta. A mais valiosa contribuição da estrutura de “cinco forças” de 62 Porter pode ser sua sugestão de que a rivalidade, apesar de importante, é somente uma das várias forças que determinam a atratividade do setor. Os determinantes estruturais do grau de rivalidade presente num setor são numerosos. Um conjunto de condições diz respeito ao número e ao porte relativo dos concorrentes. Quanto mais concentrado o setor, maior a probabilidade dos concorrentes reconhecerem sua interdependência mútua e, com isso, restringirem sua rivalidade. Se, ao contrário, o setor possui muitos pequenos participantes, cada um poderá pensar que seu efeito sobre os outros passará despercebido e, assim, estará tentado a conquistar participação adicional, perturbando com isso o mercado. Por razões semelhantes, a presença de um concorrente dominante ao invés de um conjunto de concorrentes igualmente equilibrados pode reduzir a rivalidade: o participante maior pode ser capaz de determinar os preços do setor e disciplinar os oponentes, ao passo que participantes de portes semelhantes podem tentar superar uns aos outros para obter vantagens. Um segundo conjunto de atributos estruturais que influenciam a rivalidade está mais relacionado com as condições básicas do setor. Por exemplo, em setores de capital intensivo, o nível de utilização da capacidade influencia diretamente a disposição das empresas para se engajarem em competições de preço. Em termos gerais, custos fixos elevados, excesso de capacidade, crescimento lento e falta de diferenciação entre produtos aumentam o grau de rivalidade. Finalmente, o grau de rivalidade também tem determinantes comportamentais. Se os concorrentes são diversos, atribuem alto valor estratégico às suas posições num setor ou enfrentam altas barreiras à saída, é mais provável que concorram de maneira mais agressiva. A Ameaça de Entrada A lucratividade média do setor é influenciada pelos concorrentes existentes e em potencial. O conceito-chave na análise da ameaça de entrada são as barreiras à entrada, as quais atuam para evitar a entrada de empresas num setor sempre que 63 os lucros, ajustados para o custo do capital, sobem acima de zero. Em contraste, as barreiras à entrada existem sempre que for difícil – ou economicamente inviável para uma empresa de fora repetir as posições daquelas que já estão no mercado. Normalmente, as barreiras à entrada se baseiam em comprometimentos irreversíveis de recursos. Para ilustrar a diferença que as barreiras à entrada podem fazer, considere dois grupos estratégicos diferentes – como em dois modelos de negócios diferentes – dentro do setor farmacêutico: empresas farmacêuticas baseadas em pesquisas versus fabricantes de medicamentos genéricos. As empresas baseadas em pesquisas têm sido, em média, muito lucrativas, em grande parte porque são protegidas por barreiras mais altas à entrada. Estas incluem a proteção de patentes, os custos de desenvolvimento de um novo medicamento, que podem chegar a centenas de milhões de reais e se estender por mais de uma década, identidades de marcas cuidadosamente cultivadas e grandes quadros de vendedores podem visitar os médicos um a um. Em contraste, o segmento genérico da indústria caracteriza-se pela falta da proteção de patentes, por requisitos de capital e tempo muito menores para o desenvolvimento de produtos, identidades de marcas fracas ou inexistentes e esforços de distribuição que focalizam o atendimento de grandes clientes que compram por atacado a preços baixos. As principais barreiras à entrada para qualquer tipo de empresa são: 9 Economia de Escala: refere-se aos declínios dos custos unitários dos produtos à medida que os volumes absolutos por período aumentam; 9 Diferenciação do Produto: refere-se à forte identificação com a marca já estabelecida no mercado, exigindo elevados investimentos em propaganda para vencer essa barreira; 9 Necessidade de Capital: refere-se à necessidade de elevadas somas para se estabelecer; 9 Custo de Mudança: refere-se aos custos que o consumidor se defronta quando muda de um fornecedor para outro; 64 9 Acesso aos Canais de Distribuição: refere-se à necessidade que a empresa entrante tem em convencer os canais de distribuição a aceitarem seu produto por meio de descontos de preço, verbas para campanhas, elevando seus custos; 9 Desvantagens de Custo Independentes de Escala: refere-se às desvantagens que a empresa entrante tem independente de escala, tais como tecnologia do produto “know how”, acesso favorável às matérias-primas, localização favorável, subsídios oficiais, bem como a curva de aprendizagem ou de experiência; 9 Políticas governamentais: através da regulamentação adotada o governo pode barrar o livre acesso a um determinado setor, tais como licenças para funcionamento e limites de acesso à matéria-prima. Por outro lado, é importante que se considere que as Propriedades das Barreiras de Entrada podem mudar à medida que as condições descritas mudam. Por exemplo, a expiração da patente de determinado produto ou tecnologia pode favorecer a entrada de uma nova empresa, como aconteceu com a Kodak ao expirar as patentes da Polaroid na fotografia instantânea. A Ameaça de Substitutos A Ameaça representada por substitutos à lucratividade de uma empresa depende das proporções relativas preço/desempenho dos diferentes tipos de produtos ou serviços aos quais os clientes podem recorrer para satisfazer a mesma necessidade básica. A ameaça de substituição também é afetada pelos custos de mudança – isto é, os custos em áreas como retreinamento, novo ferramental ou reprojeto, nos quais se incorre quando um cliente muda para um tipo diferente de produto ou serviço. Vale a pena enfatizar que qualquer análise da ameaça de substituição (no lado da demanda) deve olhar de forma ampla todos os produtos que executam funções semelhantes para os clientes, não somente os produtos fisicamente 65 semelhantes. Assim, os substitutos para produtos farmacêuticos poderiam incluir prevenção e hospitalização. De fato, existe alguma verdade na afirmação da indústria farmacêutica de que uma importante razão para sua lucratividade e seu crescimento é o fato de os produtos representarem, em muitos casos, uma forma de cuidado com a saúde mais eficaz em relação ao custo de hospitalização. A Análise das possibilidades de substituição à disposição dos compradores deve ser suplementada pela consideração das possibilidades à disposição dos fornecedores. A possibilidade de substituição no lado da oferta influencia a disposição dos fornecedores para prover os insumos requeridos, assim como a facilidade de substituição no lado da demanda influencia a disposição dos compradores para pagar pelos produtos. O Poder do Comprador O poder do comprador é uma das duas forças que influenciam a apropriação do valor criado por um setor. Ele permite aos clientes comprimir as margens da empresa forçando os concorrentes a reduzir preços ou aumentar o nível de serviço. Um comprador ou grupo de compradores pode ser considerado forte quando: 9 É concentrado ou compra grandes volumes; 9 Compra produtos padronizados ou não diferenciados, não exigindo fornecedores especializados; 9 Os produtos adquiridos representam valor significativo para o comprador, fazendo que ele tente assegurar preços favoráveis; 9 Lucros baixos no setor, devido à sensibilidade dos compradores em relação à variação de preços; 9 O produto da indústria não é importante para a qualidade dos produtos ou serviços do comprador, não sendo valorizado por quem está comprando; 66 9 Representam forte ameaça de integração para trás, ou seja, tem habilidade e recursos para produzir o componente que necessitam; 9 O comprador tem todas as informações sobre a demanda, sobre os preços reais de mercado e mesmo sobre os custos dos fornecedores, o que lhe dá mais poder para a negociação. Poder do Fornecedor O poder do fornecedor é a imagem especular do poder do comprador. Em conseqüência disso, um fornecedor será poderoso quando: 9 O setor é dominado por poucas empresas e é mais concentrado do que o setor para o qual vende; 9 Não está obrigado a lutar com outros produtos substitutos; 9 Vende para várias empresas e uma determinada empresa não representa uma fração significativa das suas vendas; 9 Os seus produtos são insumos importantes para o negócio do comprador; 9 Os seus produtos são diferenciados; 9 O grupo de empresas ao qual pertence tem potencial de integração para a frente. Dentro do contexto das Forças Competitivas do Mercado, apresentadas anteriormente, será analisada a seguir a relação entre os Atacadistas e Varejistas. Para efeito desta análise os Atacadistas serão considerados Fornecedores e os Varejistas Compradores. Na posição de fornecedores, os Atacadistas dispõem de um poder que lhes é conferido pela sua capacidade de criar valor e influenciar o negócio dos seus clientes (os Varejistas). Assim, se os Atacadistas possuem produtos diferenciados, do qual os seus clientes têm necessidade e dependência; se pertencerem a um grupo de fornecedores com maior concentração que os Varejistas; se os seus produtos forem importantes insumos para os compradores; se houver pouca concorrência de produtos substitutos, terão um grande poder de negociação junto 67 aos seus clientes, podendo impor regras e condições na relação com os mesmos. Por outro, quanto menos presentes estiverem os fatores destacados, menor poder para impor regras e condições estará à disposição dos Atacadistas. Quando se analisa os varejistas no papel de compradores, deve-se considerar que os mesmos dispõem de um poder que lhes é conferido pela sua capacidade de se relacionar comercialmente com seus fornecedores. Assim, se os varejistas forem concentrados ou comprarem grandes volumes; se comprarem produtos padronizados ou não diferenciados; se o volume de compras for significativo para os mesmos; se os varejistas dispuserem de informações do mercado; se tiverem um potencial de integração para trás; se os produtos comprados não forem importantes para a qualidade, quantidade e composição dos produtos ou serviços dos mesmos, terão, por sua vez, grande poder de negociação junto aos seus atacadistas. Em suma, tanto os atacadistas quanto os varejistas têm a possibilidade de exercitar os fatores citados a seu favor. Cada um deles terá maior poder quanto maior número de fatores estiverem presentes, bem como quanto mais intensa for a presença de cada um destes fatores. Entretanto, o que se busca no mercado é um equilíbrio entre os seus agentes, de forma que todos possam crescer numa relação de parceria e cooperação. A esse respeito PANKAJ (1999), comenta “As relações dos compradores e fornecedores têm importantes elementos cooperativos e também competitivos. Por exemplo, a General Motors e outras empresas automotivas americanas perderam de vista este fato quando puseram seus fornecedores de peças contra a parede jogando-os uns contra os outros. Em contraste, os fabricantes japoneses comprometiam-se com relações de longo prazo com os fornecedores, as quais rendiam frutos em termos de qualidade superior e desenvolvimento mais rápido de novos produtos” (1999, p. 42). Dessa análise pode-se inferir que atacadistas e varejistas têm poder e necessidades que precisam ser equilibradas ao longo da relação comercial estabelecida entre os mesmos. Os conceitos de cooperação e parceria voltam á 68 tona, pois somente através da cooperação e parceria eles poderão obter ganhos recíprocos e manter uma relação duradoura. Ao analisar as outras Forças Competitivas propostas por PORTER (1999), considerando a relação entre Atacadistas e Varejistas, pode-se inferir que: Rivalidade: Nos dias atuais a rivalidade não é materializada somente pelas empresas que têm sede no mesmo local, pois o mundo globalizado permite que empresas situadas em locais diferentes concorram entre si. Assim, os Atacadistas cujas empresas têm sede no Estado do Ceará sofrem a rivalidade de outros atacadistas com sede em outros estados da Região Nordeste, do Brasil e do Mundo. Essa concorrência globalizada interfere na relação existente entre os Atacadistas e os Varejistas, uma vez que estes últimos são pressionados por ofertas de diferentes fornecedores, enquanto os Atacadistas têm que buscar oferecer melhores condições de negociação e serviços como forma de manter a fidelidade dos mesmos. Para exemplificar esta força competitiva do mercado, pode-se citar a rivalidade existente entre a empresa objeto deste estudo e as empresas Santa Clara e Alteza, na linha de alimentos; Ibiapina e Guarany na linha de higiene; Donizete, nas linhas de alimentos e limpeza, bem como Jotujé, nas linhas de alimentos, higiene e limpeza. As empresas citadas acima têm suas sedes em Fortaleza e concorrem com a RB Distribuidora no mesmo mercado de atuação. Além destas empresas, outras com sede em outros estados comercializam no estado do Ceará, concorrendo com a RB Distribuidora e 69 com as demais empresas com sede no estado. Neste grupo se situam empresas como a Martins e Makro, que têm atuação nacional. A RB Distribuidora define como estratégia para fazer frente a estes concorrentes a diferenciação, através da qual fornece produtos de primeira qualidade e presta serviços diferenciados aos seus clientes, buscando com isso estabelecer e manter uma relação comercial duradoura, reduzindo os impactos da rivalidade dos concorrentes. A definição estratégica definida pela RB Distribuidora para essa relação será apresentada no quarto capítulo. Ameaça de Entrada e Substituição: A possibilidade da entrada de um novo concorrente no mercado ou da substituição dos produtos comercializados pelos atacadistas e varejistas, têm impacto sobre a relação dos mesmos. Pois, por exemplo, ao entrar no mercado um novo atacadista que comercialize os mesmos produtos, com melhores condições comerciais, pode gerar uma redução de volume nos negócios dos atacadistas já estabelecidos na região. Entretanto, a existência das barreiras, comentadas anteriormente, podem dificultar a entrada destes novos concorrentes e de produtos substitutos. Estas barreiras devem ser reforçadas pelos atacadistas já estabelecidos, de forma que os novos concorrentes tenham dificuldades para conquistar os seus clientes (varejistas). Pelo depoimento de integrantes da RB Distribuidora e pelas visitas ao mercado realizadas por este pesquisador, pode-se inferir que têm aparecido empresas regionais ou nacionais dispostas a produzir e comercializar produtos similares ou substitutos dos produtos comercializados pela RB Distribuidora (produtos de higiene, limpeza e alimentos), ameaçando entrar no mercado, conquistando parte da clientela atendida pela mesma. 70 Entretanto, estas empresas que ameaçam entrar com produtos similares ou substitutos enfrentam as barreiras criadas pela RB Distribuidora e pelo mercado, quais sejam: Necessidade de Capital: ou seja, as empresas entrantes precisariam de dispor de capital igual ou superior ao investido pela RB Distribuidora para se estabelecer no mercado e fazer frente à mesma; Custo de Mudança: refere-se ao custo que os clientes hoje atendidos pela RB Distribuidora teriam ao mudar para outros fornecedores; Acesso aos Canais de Distribuição: refere-se ao trabalho que as empresas entrantes teriam para passar a utilizar os canais de distribuição já existentes; Economia de Escala: refere-se à vantagem competitiva que a RB Distribuidora tem por comercializar um grande volume de produtos, o que reduz o custo unitário da sua comercialização. Estas barreiras criam dificuldades às empresas que ameaçam entrar no mercado cearense com produtos similares ou substitutos aos produtos comercializados pela RB Distribuidora. Além do que, a estratégia de diferenciação da Empresa, que será abordada no quarto capítulo, reduz as possibilidades das empresas entrantes ou de produtos substitutos obterem sucesso no mercado. Complementando o estudo da Estrutura das Cinco forças, será analisada a Rede de Valor de Adam Brandenburger e Barry Nalebuff. Segundo PANKAJ (1999), os anos posteriores ao desenvolvimento da estrutura das “cinco forças” de Porter viram o rearranjo e a incorporação de variáveis adicionais (p. ex., concorrência dos importados e o contato multimercado) aos determinantes da intensidade de cada uma das cinco forças competitivas. Ainda mais importante, a estrutura em si pode ser generalizada substancialmente trazendo-se novos tipos de participantes à análise. A tentativa de maior sucesso envolve a estrutura da Rede de Valor desenvolvida por ADAM BRANDENBURGER E BARRY NALEBUFF (1999). 71 A Rede de Valor proposta por estes autores destaca o papel crítico que os Complementadores – participantes dos quais os clientes compram produtos ou serviços complementares, ou para os quais os fornecedores vendem recursos complementares – podem desempenhar, contribuindo para o sucesso ou fracasso da empresa. Os complementadores são definidos como a imagem dos concorrentes (inclusive novos concorrentes e substitutos, bem como os rivais existentes). No lado da demanda, eles aumentam a disposição dos compradores para pagar pelos produtos; no lado da oferta, reduzem o preço exigido pelos fornecedores por seus insumos. Para entender por que é importante incluir complementadores na presente análise, deve-se lembrar o exemplo da indústria farmacêutica. Os médicos influenciam grandemente o sucesso dos fabricantes por meio de suas receitas de medicamentos, embora, na maior parte dos casos, eles não podem ser considerados compradores. Assim, é mais natural considerá-los complementadores que aumentam a disposição dos compradores para pagar por determinados produtos. Em suma, o maior benefício de se levar a sério os complementadores é que eles acrescentam uma dimensão cooperativa à abordagem das “cinco forças”, ou seja, pela ação dos complementadores pode-se obter um volume de negócios maior para as empresas cujos produtos/serviços se complementam, uma vez que juntas podem atender melhor as necessidades dos seus clientes. Como conseqüência, as possibilidades de crescimento para ambas se torna uma realidade mais próxima. A seguir, será apresentada esquematicamente a Rede de Valor proposta por ADAM BRANDENBURGER E BARRY NALEBUFF (1999). 72 Figura 3.2 - A Rede de Valor de Adam Brandenburger e Barry Nalebuff Clientes Concorrentes EMPRESA Complementadores Fornecedores Fonte: CHEMAWAT, Pankaj. A Estratégia e o Cenários dos Negócios (1999) A visão trazida pela Rede de Valor proposta por ADAM BRANDENBURGER E BARRY NALEBUFF (1999) é exatamente a possibilidade de se poder ampliar os negócios, atuando de forma cooperativa com outros integrantes da rede, o que se constata pela manifestação de PANKAJ (1999), no resumo que se segue: “ Pensar a respeito de Complementadores é um modo diferente de pensar a respeito de negócios. Trata-se de achar maneiras para tornar o bolo maior em vez de lutar com os concorrentes por um bolo fixo. Para beneficiar-se com este critério, pense a respeito de como expandir o bolo desenvolvendo novos complementos ou tornando os complementos existentes mais disponíveis.” (1999, p. 44) Ao abordar este tema, PORTER afirma que “A maior parte das indústrias é de alguma forma afetada por produtos complementares – ou seja, produtos usados 73 pelo comprador juntamente com o produto destas indústrias. Software e hardware de computador, por exemplo, são complementos.“ (1992, p. 385). Estendendo essa abordagem para a relação existente entre os Atacadistas e Varejistas, infere-se que a relação de complementariedade pode ser uma oportunidade de ampliar os negócios destes agentes da Cadeia de Distribuição. Os Atacadistas, por exemplo, podem fornecer aos Varejistas produtos e/ou serviços complementares aos que normalmente fornece, ampliando dessa forma o seu negócio e fortalecendo a relação com os mesmos, ao invés de deixar que outras empresas concorrentes o façam. Com isso os Atacadistas podem fortalecer as suas vantagens competitivas, uma vez que estarão ofertando aos seus clientes um conjunto mais amplo de produtos e serviços. Os Varejistas, por sua vez, podem oferecer produtos e/ou serviços complementares aos consumidores, melhorando, dessa forma, o nível de atendimento aos mesmos e fortalecendo as suas vantagens competitivas em relação a seus concorrentes. Em continuidade à abordagem do tema Estratégia, serão vistas a seguir as estratégias competitivas genéricas e os métodos de elaboração de estratégias, buscando ampliar o entendimento acerca dos posicionamentos estratégicos que cada empresa pode adotar no mercado, bem como para permitir uma análise da empresa estudada nesta pesquisa. 3.4- Estratégias Competitivas Genéricas Para PORTER (1996), cada empresa, para enfrentar as cinco forças competitivas (concorrentes, fornecedores, compradores, substitutos e entrantes potenciais), pode adotar uma das três abordagens estratégicas genéricas potencialmente bemsucedidas para superar as outras empresas em um setor: Liderança no custo total; Diferenciação; 74 Enfoque. A figura 3.3, a seguir apresentada, evidencia estas três abordagens estratégicas genéricas, que serão comentadas em seguida. Figura 3.3 – Estratégias Competitivas Genéricas VANTAGEM ESTRATÉGICA A L V O E S T R A T É G I C O Unicidade observada pelo Cliente No âmbito de toda a Indústria Posição de baixo custo DIFERENCIAÇÃO Apenas um segmento particular LIDERANÇA NO CUSTO TOTAL ENFOQUE Fonte: PORTER, Michael. Estratégia Competitiva – Técnicas para análise de indústrias e da concorrência Rio de Janeiro: Campus,1991. 3.4.1- Liderança no custo total A primeira estratégia, bastante comum nos anos 70 devido à popularização do conceito da curva de experiência, consiste em atingir a liderança no custo total em uma indústria através de um conjunto de políticas funcionais orientadas para este objetivo básico. A liderança no custo exige a construção agressiva de instalações em escala eficiente, uma perseguição vigorosa de reduções de custo pela exploração da curva 75 de experiência, um controle rígido do custo e das despesas gerais, bem como a minimização do custo em áreas como P&D, força de vendas, publicidade, etc. Custo baixo em relação aos concorrentes torna-se o tema central de toda a estratégia, embora a qualidade, a assistência e outras áreas não possam ser ignoradas. 3.4.2- Diferenciação A segunda estratégia genérica é diferenciar o produto ou serviço oferecido pela empresa, criando algo que seja considerado único no âmbito de toda a indústria. Os métodos para a diferenciação podem assumir muitas formas: projeto ou imagem da marca, tecnologia, peculiaridades, serviços sob encomenda, rede de fornecedores, ou outras dimensões. A diferenciação se alcançada, é uma estratégia viável para obter retornos acima da média em uma indústria porque ela cria uma posição defensável para enfrentar as cinco forças competitivas, embora de um modo diferente do que na liderança de custo. A diferenciação proporciona isolamento contra a rivalidade competitiva devido à lealdade dos consumidores com relação à marca como também à conseqüente menor sensibilidade ao preço. A lealdade resultante do consumidor e a necessidade de um concorrente superar a supremacia criam barreiras à entrada. A diferenciação produz margens mais altas com as quais é possível lidar com o poder dos fornecedores e claramente ameniza o poder dos compradores, dado que lhes faltam alternativas comparáveis, sendo assim, menos sensíveis aos preços. Finalmente, a empresa que se diferencia para obter a lealdade do consumidor deverá estar mais bem posicionada em relação aos substitutos do que a concorrência. 3.4.3- Enfoque A terceira estratégia genérica é enfocar um determinado grupo comprador, um segmento da linha de produtos, ou um mercado geográfico; como com a 76 diferenciação, o enfoque pode assumir diversas formas. Embora as estratégias de baixo custo e de diferenciação tenham o intuito de atingir seus objetivos no âmbito de toda a indústria, toda a estratégia de enfoque visa atender muito bem ao alvo determinado e cada política funcional é desenvolvida levando isso em conta. A estratégia repousa na premissa que a empresa é capaz de atender seu alvo estratégico estreito mais efetiva ou eficientemente do que os concorrentes que estão competindo de forma mais ampla. Conseqüentemente, a empresa atinge a diferenciação por satisfazer melhor as necessidades de seu alvo particular, ou custos mais baixos na obtenção deste alvo ou ambos. Mesmo que a estratégia de enfoque não atinja baixo custo ou diferenciação do ponto de vista do mercado como um todo, ela realmente atinge uma ou ambas as posições em relação ao seu estreito alvo estratégico. A seguir, serão vistos os modelos para formulação de estratégias. 3.5 - Modelos para Formulação de Estratégias Postula PORTER (1991), que o desenvolvimento de uma estratégia competitiva é, em essência, o desenvolvimento de uma fórmula ampla para definir o modo como a empresa irá competir, quais deveriam ser as suas metas e quais as políticas necessárias para levar-se a cabo suas metas. Visando servir como ponto de partida Porter apresenta um método clássico para a formulação de estratégias, conforme se vê na figura 3.4. 77 Figura 3.4- Roda da Estratégia Competitiva Mercados -Alvo Linha de Produto Finanças e Controle Pesquisa e desenvolvimento Marketing METAS Definição do modo como a empresa irá competir Objetivos para o crescimento da rentabilidade, parcela de mercado, resposta social, etc Compras Vendas Distribuição Mão-de-obra Fabricação A figura 2.4 ilustra que a estratégia competitiva é uma combinação dos fins Fonte: PORTER, Michael. Estratégia Competitiva – Técnicas para análise de indústrias e da concorrência. (metas) que a Campus,1991. empresa busca e dos meios (políticas) pelos quais ela está buscando Rio de Janeiro: A “Roda da Estratégia Competitiva”, é um dispositivo para a articulação dos aspectos básicos da estratégia competitiva de uma empresa em uma única página. No centro da roda estão as metas da empresa, a definição geral do modo como ela deseja competir e seus objetivos econômicos e não-econômicos. Os raios da roda são as políticas operacionais básicas com as quais a empresa busca atingir estas metas. Sob cada tópico na roda deve-se obter uma declaração sucinta das políticas operacionais básicas nesta área funcional. Dependendo da natureza do negócio, a administração pode ser mais ou menos específica na articulação destas políticas 78 operacionais básicas. Como na roda, os raios (políticas) devem originar-se de, e refletir, o centro ( as metas), devendo estar conectadas entre si; do contrário a roda não irá girar. No processo de formulação das estratégias de uma empresa, deve-se levar em consideração o ambiente interno da empresa, bem como o ambiente externo, razão pela qual, PORTER (1991), sugere que na formulação de uma estratégia competitiva sejam considerados os quatro fatores a seguir: Pontos Fortes e Fracos da Empresa; Ameaças e Oportunidades da Empresa; Valores Pessoais dos Principais Implementadores; Expectativas mais Amplas da Sociedade. Esses quatro fatores, que PORTER (1991) denomina de “Contexto onde a Estratégia Competitiva é Formulada”, serão apresentados na figura 3.5. Figura 3.5 -Contexto onde a Estratégia Competitiva é Formulada Pontos Fortes e Pontos Fracos da Companhia Fatores internos à Companhia Ameaças e Oportunidades da Indústria Fatores externos à Companhia Estratégia Competitiva Valores Pessoais dos Principais Implementadores Expectativas mais amplas da Sociedade Fonte: PORTER, Michael. Estratégia Competitiva – Técnicas para análise de indústrias e da concorrência. 79 Os Pontos Fortes concorrentes, são os atributos da empresa que a diferencia dos incluindo os recursos financeiros, a postura tecnológica, a identificação de marca, bem como outros atributos que proporcionem vantagens competitivas em relação à concorrência. Os Pontos Fracos da companhia são os atributos da empresa que a torna frágil perante a concorrência, que proporcionem desvantagens competitivas em relação à concorrência. Os valores pessoais de uma organização são as motivações e as necessidades dos seus principais executivos e de outras pessoas responsáveis pela implementação da estratégia escolhida. A combinação dos pontos fortes e dos pontos fracos com os valores, determinam os limites internos da estratégia competitiva que uma companhia pode adotar com pleno êxito. Os limites externos são determinados pelo meio ambiente. As ameaças e as oportunidades do setor definem o meio competitivo, com seus riscos conseqüentes e recompensas potenciais. As expectativas da sociedade refletem o impacto, sobre a companhia, de fatores como a política governamental, os interesses sociais e muitos outros. Para que a empresa desenvolva um conjunto realista e exeqüível de estratégias, metas e políticas deve levar em conta esses quatro fatores, pois eles oferecem informações acerca do ambiente interno e externo da empresa, sem as quais as estratégias poderiam deixar de ser realistas e por conseqüência não conduzir a empresa na direção de um crescimento sustentável. 80 Uma vez conhecido o contexto (ambiente interno e externo) onde se irá formular as estratégias, necessário se faz definir e seguir uma sistemática estruturada para essa formulação. A essa sistemática estruturada, será aqui denominada de “modelo”. MINTZBERG (1998), apresenta um modelo denominado de Modelo Básico para Formulação e Implementação de Estratégias, no qual define etapas para o processo de formulação e implementação das estratégias de uma empresa, que será visto seguir. As etapas definidas por MINTZBERG (1998) são as seguintes: 1. Criação da Estratégia; 2. Avaliação e escolha da Estratégia; 3. Implementação da Estratégia Estas três etapas constituem o eixo vertical-central da figura abaixo e são alimentadas por quatro fluxos de informação e conhecimento, conforme se vê na figura 3.6. 81 Figura 3.6 - Modelo básico par Formulação e Implementação de Estratégias Avaliação Externa Ameaças e Oportunidades no Ambiente Fatores Chaves de Criação da Estraté gia Avaliação Interna Pontos Fortes e Fracos da Organização Competências Diferenciais Valor Gerencial Responsabilidade Social Avaliação e Escolha da Estratégia Implementação da Estratégia Fonte: MINTZBERG, Henry apud Silva (1998) A primeira etapa, Criação da Estratégia, envolve os dois fluxos superiores – Avaliação Externa e Avaliação Interna – que representam o Diagnóstico Estratégico, onde são analisados e verificados os aspectos inerentes à realidade interna e externa da empresa. O fluxo do lado direito abrange a análise do ambiente interno através dos pontos fortes e fracos, ou seja, dos elementos participantes de uma dinâmica que está sob controle da organização. O fluxo do lado esquerdo envolve a análise do ambiente externo, cuja capacidade de controle da organização é mínima ou inexistente e envolve as ameaças e oportunidades à consecução da missão da empresa. A figura 3.6 mostra outros dois fatores considerados importantes na formação das estratégias. Um deles é o dos valores gerenciais, ou seja, as crenças e preferências daqueles que lideram formalmente a organização. O 82 outro fator é o da responsabilidade social, especificamente a ética da sociedade na qual a organização opera. Uma vez realizado o Diagnóstico Estratégico, passa-se, de fato, à Criação das Estratégias, onde são definidas as estratégias necessárias à realização da Missão8 e Visão de futuro da Empresa9. Uma vez determinadas as estratégias alternativas, o próximo passo no modelo é avaliá-las e escolher a(s) melhor(es). Esta etapa é denominada por MINTZBERG (1998) de Avaliação e Escolha da Estratégia, onde são avaliadas as estratégias sugeridas no processo de formulação, identificando aquelas que realmente possam conduzir a empresa à realização da sua Missão e Visão de futuro. Finalmente, uma vez acordadas as estratégias, elas são implementadas. Esta etapa é denominada por MINTZBERG (1998) de Implementação da Estratégia, onde são direcionados recursos, pessoas e atenção na implementação das estratégias escolhidas. Neste capítulo, foram apresentados dois modelos para formulação e implementação de estratégias, quais sejam: O Modelo Clássico para Formulação de Estratégia, definido por PORTER (1991); e O Modelo Básico para Formulação e Implementação de Estratégia, definido por MINTZBERG (1998). Estes modelos apresentam pontos em comum e pontos diferenciadores, que serão vistos a seguir: _________________________________________________________________________________ 8 Vide nota n. 5, fl. 36 9 Entende-se por Visão de Futuro da Empresa: Um ideal, uma visão que proporcione direção à empresa nos próximos 5 a 10 anos. 83 Pontos Comuns entre os Modelos para Formulação e Implementação de Estratégias, definidos por PORTER (1991) e MINTZBERG (1998): Visão sobre a importância da formulação das estratégias: Os dois modelos apresentados refletem a percepção e visão dos seus autores de que o processo de formulação de estratégias é a essência do direcionamento que a empresa deseja dar ao seu negócio, definindo como irá competir e enfrentar as forças competitivas do mercado. Análise do Ambiente Interno e Externo da Empresa: Os dois modelos apresentados definem como etapa inicial para a formulação das estratégias, o conhecimento do ambiente interno e externo da empresa, como fonte de informações para as respectivas definições. PORTER (1991), chama essa etapa de definição do Contexto onde a Estratégia Competitiva é Formulada. MINTZBERG (1998), denomina essa etapa de Diagnóstico Estratégico. Ambas, embora com nomenclatura diferentes, têm a mesma finalidade, ou seja, coletar informações do ambiente para a definição das estratégias. Pontos Diferenciadores (vantagens) do Modelo de MINTZBERG (1998) em relação ao Modelo de PORTER (1991): O modelo definido por MINTZBERG (1998) apresenta uma visão seqüencial das etapas do processo de formulação e implementação das estratégias melhor elaborada do que o modelo definido por PORTER (1991), quais sejam: 9 Criação da Estratégia 9 Avaliação e Escolha da Estratégia 9 Implementação da Estratégia 84 Pontos Diferenciadores (vantagens) do Modelo de PORTER (1991) em relação ao Modelo de MINTZBERG (1998): O modelo definido por PORTER (1991) apresenta um melhor detalhamento dos itens que devem ser verificados no processo de formulação das estratégias, apresentados em sua Roda da Estratégia Competitiva neste capítulo (figura 3.4), quais sejam: 9 Mercados-alvo; 9 Marketing; 9 Vendas; 9 Distribuição; 9 Fabricação; 9 Mão-de-obra; 9 Compras; 9 Pesquisa e desenvolvimento; 9 Finanças e controle; 9 Linha de produto. O modelo que apresentou o melhor aproach para este estudo é o modelo defendido por MINTZBERG (1998), pelas razões anteriormente apontadas. Utilizando-se do arcabouço teórico apresentado neste capítulo, será visto, no capítulo seguinte, o histórico da RB Distribuidora desde a sua fundação até os dias atuais, bem como o processo adotado pela mesma na formulação e implementação das suas estratégias, onde serão abordados os itens a seguir: História, Crescimento e Diversificação da RB Distribuidora; Formulação das Estratégias da Empresa; e Apresentação e Análise do Planejamento Estratégico da RB Distribuidora para o ano de 2002. 85 4 - RB DISTRIBUIDORA: SUA HISTÓRIA E O PROCESSO DE FORMULAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DAS SUAS ESTRATÉGIAS 4.1- História, Crescimento e Diversificação da Empresa A RB Distribuidora foi fundada em 1979, pelo sr. Ribamar Bezerra, com a denominação de “Francisca Lionete Pinheiro & Cia. Ltda”, com sede em Teresina, onde comercializava produtos de limpeza, higiene e alimentos para clientes daquela região. Nesse período desenvolvia a atividade denominada “Atacado de Balcão”, conforme classificação apresentada no segundo capítulo. No ano de 1982, o Líder da empresa, resolveu abrir uma filial em Fortaleza na Rua Governador Sampaio, onde passou a desenvolver as atividades de atacadista. Em 1983, passou a distribuir o fumo desfiado da marca Rocha. No ano de 1985 deu início à parceria com a Empresa Maratá, indústria de beneficiamento de fumo e café, pertencente a um grupo de empresas com sede em Sergipe. A partir dessa parceria a Empresa passou a comercializar o principal produto daquela empresa: o Fumo Maratá. Em 1988, em continuidade à parceria com o Grupo Maratá, distribuir o café Maratá. começa a Em decorrência dessa decisão, a empresa passou a reforçar a sua estrutura de vendas, adquirindo veículos e contratando profissionais de vendas. Em 1991, visando um melhor aproveitamento da sua estrutura de vendas e percebendo que o mercado demandava um mix de produtos mais amplo, o Líder da Empresa decidiu transferir a sua sede de Teresina para Fortaleza, deixando de atender ao estado do Piauí e agregando novos produtos ao seu mix, tais como produtos da marca Embaré, que inclui leite e caramelos, entre outros. Nesse ano, a 86 Empresa assumiu o posicionamento de atacadista distribuidor, conforme classificação apresentada no segundo capítulo. Nesse período a Empresa não conseguia atender a todos os clientes do mercado fortalezense, o que sinalizava uma oportunidade para ampliação da equipe e estrutura de vendas e conseqüente aumento do volume dos negócios. No ano de 1994, a Empresa decidiu encerrar as atividades de atacadista generalista e dar foco à distribuição exclusiva de produtos das marcas Embaré, Rocha, Maratá e Schincariol. A Empresa aos poucos foi se tornando conhecida no mercado de Fortaleza, o que oportunizou contatos com representantes da multinacional Unilever, indústria de produtos de higiene e limpeza, no ano de 1995. Já em 1996 lançou no mercado fortalezense o detergente Alá Pó, produzido pela Unilever, que obteve sucesso de vendas no mercado local. Em 1998 lançou o produto Ala Tablete, da mesma indústria, em decorrência de pesquisa realizada pela mesma, onde ficou evidente o potencial do mercado para este produto. Ainda em 1996, o Líder da Empresa, percebendo a oportunidade que o mercado oferecia e buscando reduzir a dependência em relação aos grandes fornecedores resolveu lançar a sua marca própria, denominada de “Hora Certa”, focando a comercialização de produtos alimentícios, tais como arroz, feijão, farinha, óleo, café, e margarina. Em função dessa decisão estratégica, a Empresa foi buscar a parceria com fornecedores desses produtos. O arroz, por exemplo, tem sido comprado do Uruguai ou da Argentina. O Café tem sido comprado no Brasil, preferencialmente na região de Minas Gerais. Em 2000 teve fim a parceria com o Grupo Maratá, como resultado da estratégia de fortalecer a marca própria (Hora Certa), pois os produtos da marca própria iriam concorrer com os produtos Maratá. 87 Nesse período teve início o processo de sucessão da direção da empresa. O sr. Ribamar passou a direção da RB Distribuidora para o seu filho, sr. Weima Bezerra. A sucessão já vinha sendo preparada a alguns anos, como reflexo de uma decisão estratégica para continuidade do negócio, onde o fundador da empresa possibilitou ao seu filho oportunidades de preparação intelectual e prática no mercado para assumir a direção da Empresa. A parceria com a Unilever foi crescendo gradativamente à medida que a RB ia conquistando resultados contexto, na distribuição de produtos daquela empresa. Nesse o mix de produtos distribuídos pela RB Distribuidora tem crescido continuamente, tanto que, nos dias atuais a Empresa distribui praticamente toda a linha de produtos de Limpeza e Higiene da Unilever para todo o estado do Ceará, conforme Posicionamento Estratégico da Empresa , que será visto no item 4.2. No ano de 2001, como decorrência da percepção das oportunidades comerciais existentes no interior do estado do Ceará, mais precisamente na região do Cariri, a Empresa definiu a estratégica de ampliar a sua área de atuação, abrindo uma filial naquela região. Esse projeto foi implementado no ano de 2002. Hoje, a empresa possui uma equipe de vendas composta por 95 profissionais que atendem a 178 municípios do estado do Ceará. Nessa área geográfica, a RB Distribuidora atende por volta de 19.000 clientes e tem um faturamento médio de R$ 4.000.000/ mês.10 __________________________ 10 dados de out/2003 88 4.2- Formulação das Estratégias na RB Distribuidora Neste item, será feita uma análise do processo de formulação e implementação das estratégias da RB Distribuidora tendo como base a teoria de MINTZBERG (2000), apresentada no terceiro capítulo. Analisando o histórico da RB Distribuidora, bem como as observações apresentadas pelos integrantes da Empresa, infere-se que, desde a sua fundação até o ano de 2001, a empresa adotou um processo de formulação e implementação de estratégias não formalizado, tendo como base a visão empreendedora, a experiência, o conhecimento do mercado e a intuição do seu fundador, o que possibilita o seu enquadramento na Escola Empreendedora, cujas características, descritas no capítulo terceiro, dão fundamento a essa classificação. A sucessão, que se iniciou por volta de 2000, conforme comentado no item 4.1, teve os seguintes motivadores: Continuidade do negócio; Expansão da Empresa; Aumento da competitividade da empresa; Profissionalização das equipes de trabalho; Busca de outros negócios pelo fundador da Empresa. Nesse contexto, a nova liderança da empresa tem buscado adotar uma gestão baseada em sistemas, métodos e ferramentas gerenciais mais estruturados, como será visto ao longo deste capítulo, o que levou a RB Distribuidora a formalizar, no ano de 2002, as suas Estratégias e o seu Planejamento Estratégico. Em conseqüência desse processo ficou definido o que se segue: 89 Estratégias: Visão de Futuro da Empresa; Posicionamento Estratégico Genérico da Empresa; Posicionamento Estratégico Específico da Empresa. Planejamento Estratégico para 2002: Metas Estratégicas para 2002; e Planos Táticos para implementação das metas estratégicas para 2002. A partir desse evento a RB passa a integrar a Escola do Planejamento, cujas premissas principais, conforme postulado por MINTZBERG (2000), são as seguintes: As estratégias devem resultar de um processo controlado e consciente de planejamento formal, decomposto em etapas distintas, cada uma delineada por check-lists e apoiadas por técnicas, que facilitem o processo de definição das estratégias; A responsabilidade por todo o processo é do executivo principal e a execução está com os planejadores; As estratégias surgem prontas deste processo, devendo ser explicitadas para que possam ser implementadas através da atenção detalhada a objetivos, orçamentos, programas e planos operacionais de vários tipos. As mudanças no processo de formulação e implementação de estratégias ocorridas na RB Distribuidora, que permitiram a migração da Escola Empreendedora para a Escola do Planejamento foram motivadas pela visão e desejo do novo líder da Empresa em adotar uma administração mais científica e estruturada. 90 O modelo que serviu de base para a Formulação das Estratégias da Empresa foi o defendido por MINTZBERG (1998), apresentado no terceiro capítulo. No processo de elaboração e implementação das suas estratégias, A RB Distribuidora realizou as etapas apresentadas na figura 4.1: Figura 4.1 – Etapas do Processo de Formulação e Implementação de Estratégias na RB Distribuidora Diagnóstico Estratégico Diagnóstico Estratégico Avaliação Externa Ameaças e Oportunidades no Ambiente Responsabilida de Social Criação da Estratégia Visão de Futuro Posicionamento Estratégico da Empresa Avaliação e Escolha da Avaliação Interna Pontos Fortes e Fracos da Organização Valor Gerencial Estratégia Planejamento Estratégico Definição de Metas Estratégicas Definição de Planos Táticos Implementação das Estratégias Implementação das Metas Estratégicas e Planos Táticos Fonte: adaptado pelo autor, de MINTZBERG, Henry apud Silva (1998) 91 Diagnóstico Estratégico Nesta primeira etapa foram realizadas as atividades a seguir descritas, com a finalidade de coletar informações do ambiente externo e interno da Empresa e de subsidiar o processo de definições estratégicas da RB Distribuidora, conforme se vê no quadro 4.1. Quadro 4.1 - Diagnóstico Estratégico da RB Distribuidora Atividade Finalidade 1.Entrevista Identificar a percepção dos líderes da empresa quanto a: executiva com Diretores, Gerentes 1. Visão de futuro da empresa; 2. Ambiente Externo: oportunidades e ameaças oferecidas pelo mercado; 3.Ambiente Interno: pontos fortes e pontos fracos da empresa; 4. Metas estratégicas sugeridas; 5. Principais indicadores de desempenho 2. Realização de pesquisas de clima organizacional e grupo focado com todos os colaboradores da empresa 3. Levantamento histórico de dados de vendas e atendimento 4.Definição dos critérios e itens para as pesquisas com os clientes 5. Realização de pesquisa com os clientes 6. Tabulação e analise dos dados coletados Coletar dados do ambiente interno da empresa, contando com a opinião de todas as pessoas integrantes da mesma, relativamente a: 1. Pontos fortes e pontos fracos da empresa; 2. Oportunidades e ameaças; 3. Gestão; 4. Relacionamento com chefias e 5.Gestão de pessoas (remuneração, reconhecimento, benefícios, etc.) Obter informações acerca do desempenho da empresa e do atendimento ao mercado Identificar itens a serem pesquisados junto aos clientes de forma a obter informações acerca do nível de satisfação com a empresa e do mercado (concorrência) Obter informações acerca do nível de satisfação dos clientes com: 1. Produtos oferecidos; 2.Atendimento da equipe de vendas 3. Atendimento da equipe de entrega; 4.Condições de negociação e 5.Concorrência Preparar informações para as definições estratégicas Fonte: Elaborado pelo autor com dados coletados na Empresa 92 Formulação de Estratégia MINTZBERG (2000), ao abordar o tema, afirma que a Estratégia: Fixa a direção: mapeando o curso da organização para que ela navegue coesa através do seu ambiente; Focaliza o esforço: promovendo a coordenação das atividades da empresa; Define a organização: proporcionando às pessoas uma forma clara para entender sua empresa e distinguí-la das outras. Nesse contexto, a RB Distribuidora buscou definir as suas Estratégias, estabelecendo a sua Visão de Futuro e o seu Posicionamento Estratégico. Para isso, realizou as atividades descritas no quadro 4.2. Quadro 4.2- Formulação das Estratégias da RB Distribuidora Atividade Finalidade 1. Definição da Visão de Futuro da Empresa Formalizar a perspectiva de longo prazo da empresa, ou seja, um direcionador da empresa para os próximos 5 a 10 anos 2. Definição do Posicionamento Estratégico Genérico Definir a abordagem estratégica genérica para enfrentar as forças competitivas do mercado 3. Definição do Posicionamento Estratégico Específico da Empresa Detalhar o posicionamento estratégico específico da empresa, considerando: Área de atuação Segmento atendidos de mercado (clientes) que serão Mix de produtos a serem oferecidos aos clientes Política de Preços a ser praticada Serviços a serem prestados aos clientes Política em relação aos colaboradores Fonte: elaborado pelo autor com dados coletados na Empresa 93 A Formulação das estratégias da RB Distribuidora se deu com base nas informações coletadas na primeira fase – Diagnóstico Estratégico, conforme foi visto no quadro 4.1, bem como na visão de crescimento e direcionamento da Empresa. Para realização desta etapa, os líderes da Empresa (diretoria, gerentes, supervisores e encarregados) se reuniram em um hotel durante dois dias, nos quais foram analisadas todas as informações do Diagnóstico Estratégico, bem como foram formuladas as Estratégias da Empresa, que serão vistas a seguir: Visão de Futuro da Empresa: “Ser uma Empresa com Gestão de Classe Mundial, Referência Nacional em Distribuição Total e reconhecidamente Líder do seu setor no Estado do Ceará, assegurando sempre solidez e credibilidade”. A Visão de Futuro da RB Distribuidora se desdobra nas estratégias que dão direcionamento de longo prazo à empresa, quais sejam: A estratégia de ter uma “Gestão de Classe Mundial”. Ter Gestão de Classe Mundial significa ter uma gestão utilizando sistemas e métodos modernos, utilizados por outras empresas a nível mundial. Entendendo que, tendo uma gestão de nível mundial, terá um diferencial de gestão em relação aos concorrentes, o que gera um diferencial competitivo. A estratégia de ser “Referência Nacional em Distribuição Total”. Ser Referência Nacional em Distribuição Total significa ter uma atuação diferenciada dos concorrentes em termos de distribuição a ponto de ser reconhecida nacionalmente por essa diferenciação. A estratégia de ser “Líder do seu setor no Estado do Ceará”. Ser Líder do seu setor no Estado do Ceará significa ter o melhor posicionamento em termos de volume de vendas e serviços prestados 94 aos clientes, nos segmentos que atua, no estado do Ceará, gerando um diferencial competitivo em relação aos concorrentes. Ter uma gestão que garanta a Solidez e Credibilidade da Empresa. Ter solidez significa ter baixo nível de endividamento na condução do seu negócio, buscando utilizar os recursos próprios ao invés de captálos fora da Empresa, o que gera ônus financeiros. Ter credibilidade significa ser pontual nos seus compromissos, não gerando atrasos nos seus pagamentos, de forma a ter credibilidade no mercado. As estratégias apontadas acima estão inclusas na Visão de Futuro da Empresa e vão ao encontro do que foi definido por PORTER (1996), sob o título Estratégias Competitivas Genéricas, apresentadas no terceiro capítulo (item 3.3). Para este autor, existem três Estratégias Competitivas Genéricas, das quais empresa pode adotar uma como forma de enfrentar as a forças competitivas do mercado. São elas: Liderança no Custo Total; Diferenciação; Enfoque. Pela análise da Visão de Futuro da RB Distribuidora e do seu Posicionamento Estratégico, que será visto a seguir, infere-se que a Estratégia Competitiva Genérica por ela adotada é a estratégia de Diferenciação. Quando se compara a Visão de Futuro definida em 2002, com a Visão de Futuro manifestada (não escrita) pelo seu fundador, infere-se que a Visão de Futuro atual é mais estruturada, mais ampla e dá um melhor direcionamento estratégico à Empresa, pois ela aborda os itens analisados anteriormente, quais sejam: 95 Ser uma Empresa com Gestão de Classe Mundial; Ser Referência Nacional em Distribuição Total; Ser reconhecidamente Líder do seu setor no Estado do Ceará; Assegurar sempre solidez e credibilidade. A Visão de Futuro anterior era fundada em dois pontos principais: continuidade e lucratividade da Empresa, também importantes, mas sem a amplitude das estratégias atuais. A seguir, será visto o Posicionamento Estratégico Específico da Empresa, que detalha ainda mais as estratégias da RB Distribuidora. Posicionamento Estratégico Específico da Empresa: A RB Distribuidora completou a definição e formalização das suas estratégias através do seu Posicionamento Estratégico Específico, focando os seis itens a seguir: Área de Atuação Segmento de mercado (clientes) que serão atendidos; Produtos a serem oferecidos aos clientes; Política de Preços a ser praticada Serviços a serem prestados aos clientes Política em relação aos Colaboradores Assim, ficou definido o que se segue: 96 Área de atuação: A RB Distribuidora definiu como área de atuação todo o estado do Ceará, entendendo que ainda tinha muitas oportunidades dentro do Estado antes de atuar fora do mesmo. Segmento de mercado (clientes) que serão atendidos: A Empresa definiu como foco atender os clientes (pontos de vendas) que comercializem os produtos básicos (alimentos, higiene, limpeza). Produtos a serem oferecidos aos clientes: A Empresa definiu como foco trabalhar com: 9 Produtos de Parceiros: Marcas pertencentes à categoria de alto faturamento, preferencialmente exclusivas, que possuam alto giro e valor agregado. Entendendo como produtos de alto giro e valor agregado aqueles produtos que o consumidor compra com grande freqüência, e por conseqüência, tem alto giro e que tragam um retorno alto. 9 Marcas próprias:Trabalhar com alimentos de consumo básico com características de giro e valor agregado similares às marcas de parceiros. Política de Preços a ser praticada: A Empresa decidiu praticar preços justos e competitivos. Entendo-se serem justos os preços que remunerem o negócio adequadamente, isto é, que tragam um retorno adequado para a empresa e serem competitivos, oferecendo condições de competirem com os preços da concorrência. 97 Serviços a serem prestados aos clientes: A Empresa definiu oferecer alto nível de qualidade nos serviços de distribuição, através de modelos diferenciados e adequados às necessidades de cada tipo de Cliente, garantindo a Distribuição Total e respaldado por: 9 Tecnologia em informação e comunicação; 9 Eficiência no atendimento e na entrega; 9 Postura de cordialidade e ética com o cliente; 9 Treinamento de toda a equipe; 9 Trabalho no Ponto de Vendas; 9 Aproximação da Gerência e da Diretoria com o cliente; 9 Agilidade, Flexibilidade e Rapidez = Pouca Burocracia. Política em relação aos colaboradores: A RB Distribuidora decidiu definir e implantar políticas de metas e benefícios para os colaboradores, nos diferentes níveis, em função de crescimento de resultados. Essas políticas visavam melhorar o nível de motivação e resultados das equipes da Empresa. O Posicionamento Estratégico anteriormente descrito evidencia o direcionamento que a liderança da Empresa deu ao seu negócio, para enfrentar as forças competitivas do mercado e obter vantagens competitivas em relação aos concorrentes. A seguir, serão vistas as facilidades e dificuldades vividas pela liderança da RB Distribuidora no processo de formulação das suas estratégias. No processo de formulação das estratégias, a RB Distribuidora vivenciou as seguintes facilidades e dificuldades: 98 Facilidades: 9 A visão clara da Diretoria de que o processo de formulação de estratégias poderia promover negócio, um novo direcionamento ao possibilitando iniciar uma gestão mais científica e baseada em um método estruturado; 9 Desejo das lideranças (gerentes, supervisores e encarregados) em receber novos conhecimentos gerenciais e crescerem juntamente com a Empresa; 9 Percepção das lideranças de que o mercado em permanente mudança exigia da Empresa uma postura mais moderna em termos gerenciais, para garantir a sua competitividade e sobrevivência. Dificuldades: 9 Pouco domínio das lideranças acerca dos conceitos de gerenciamento estratégico; 9 Pouca prática das lideranças no processo de formulação de estratégias; 9 Baixa velocidade na coleta de dados, uma vez que esta foi a primeira vez que se coletou e organizou dados para formalização das estratégias da Empresa. Uma vez definidas as estratégias da Empresa, os seus líderes passaram a realizar o Planejamento Estratégico para o ano de 2002, onde definiram as metas que conduziriam a Empresa à realização das suas estratégias, que será visto no item 4.3. 99 A importância do Planejamento Estratégico se fundamenta no fato de que ao formalizar as “metas de curto prazo”, a empresa registra “o quanto” ela deseja realizar no ano em curso. O raciocínio adotado é de que cada meta anual possa contribuir para a efetivação das estratégias de longo prazo da Empresa. Assim, a cada ano se faz necessário realizar um novo Planejamento Estratégico, o que de fato tem ocorrido na RB Distribuidora. 4.3 – Planejamento Estratégico da RB Distribuidora para o ano de 2002: Para garantir a efetivação das Estratégias de longo prazo da RB Distribuidora, apresentadas no item 4.2, foram realizadas as atividades descritas no quadro 4.3, com a finalidade de formalizar o Planejamento Estratégico da Empresa para o ano de 2002. Para realização desta etapa, os líderes da Empresa se reuniram para analisar as informações do Diagnóstico Estratégico e os Resultados obtidos pela empresa nos anos anteriores. Após essa análise, passaram, então, a definir as Metas Estratégicas para o ano de 2002. Quadro 4.3- Planejamento Estratégico da RB Distribuidora para 2002 Atividade Finalidade 1. Validação das Oportunidades e Ameaças oferecidas pelo mercado Identificar as principais oportunidades e ameaças oferecidas pelo mercado, a partir das informações coletadas na fase de Diagnóstico Estratégico 2. Validação dos Pontos Fortes e Pontos Fracos da Empresa Identificar os principais pontos fortes e pontos fracos da empresa, a partir das informações coletadas na fase de Diagnóstico Estratégico 3.Validação dos Pontos Fortes Identificar os principais pontos fortes e pontos fracos da concorrência, a partir das informações coletadas e Fracos da Concorrência na fase de Diagnóstico Estratégico 4. Definição das Metas Identificar os objetivos estratégicos da empresa para Estratégicas da empresa a perspectiva de curto prazo: ano de 2002 para o ano de 2002 5. Definição dos Planos de Ações para implementação das Metas Estratégicas Definir os planos táticos para garantir a implementação das metas estratégicas da empresa, indicando:1.Responsáveis pelas ações; 2.Prazo para realização das ações e 3.Como realizar as ações Fonte: elaborado pelo autor com dados coletados na Empresa 100 As atividades descritas nos itens 1 a 3 foram, na realidade, atividades preparatórias para a definição das Metas Estratégicas, pois através delas a liderança da Empresa tomou conhecimento das informações acerca do cenário dos negócios (ambiente interno e externo), que forneceram subsídios para a definição das Metas Estratégicas e dos respectivos Planos Táticos. Assim, foi definido o que se segue: Análise do Ambiente Externo: 9 Oportunidades da RB Distribuidora: ¾ Atuar em áreas não atendidas (sul do Estado); ¾ Oferecer novos produtos e serviços aos clientes; ¾ Fidelizar clientes através dos serviços oferecidos; ¾ Estabelecer parcerias com fornecedores. 9 Ameaças à B Distribuidora: ¾ Condições de pagamento do concorrente melhores que as da Empresa (prazos e descontos); ¾ Pirataria da exclusividade de produtos (distribuidores não autorizados comercializando produtos que a RB Distribuidora tem exclusividade para distribuir no estado do Ceará); ¾ Forte marketing do concorrente. 9 Pontos Fortes da concorrência ¾ Condições de pagamento melhores que as da Empresa (prazos e descontos); ¾ Maior quantidade de produtos oferecidos pelos concorrentes atacadistas; ¾ Agressividade nas parcerias com fornecedores, gerando melhores condições de atuação no mercado (preços, prazos); ¾ Marketing agressivo. 101 9 Pontos Fracos da concorrência ¾ Não presta assistência ao pequeno varejista; ¾ Lentidão na sistemática de venda e entrega; ¾ Não faz reposição das mercadorias nas lojas dos Clientes; ¾ Faz parcerias de imposição, gerando desconforto junto aos seus clientes. Análise do Ambiente Externo: 9 Pontos Fortes da Empresa: ¾ Sistemática de Distribuição, que permite atender regularmente um grande número de clientes; ¾ Credibilidade perante o mercado (fornecedores e clientes); ¾ Qualidade dos produtos comercializados; ¾ Visão de futuro da Empresa; ¾ Marca Própria (produtos da linha de alimentos); ¾ Solidez financeira; ¾ Parceria com fornecedores fortes; ¾ Quadro de colaboradores alinhados com o negócio da Empresa. 9 Pontos Fracos da Empresa: ¾ Marketing pouco agressivo; ¾ Entrega com baixa eficácia; ¾ Gerenciamento da frota com baixa eficácia; ¾ Falta de produtos no estoque; ¾ Falta de treinamento de Pessoal (áreas de apoio); ¾ Comunicação interna deficiente. Com base nas informações relativas ao ambiente externo e interno da empresa, os seus líderes, incluindo nesse grupo os diretores, os gerentes, os supervisores de vendas e encarregados dos diversos setores de apoio (logística, pessoal, financeiro, informática, manutenção, segurança), definiram as metas estratégicas descritas no quadro 4.4. 102 Quadro 4.4 - Metas Estratégicas da RB Distribuidora para 2002 Metas Estratégicas Valor Prazo Responsável Até 4o. Aumentar o faturamento 40% Garantir a remuneração do Capital Aumentar o faturamento das Marcas Próprias Garantir Custo Operacional Total no mínimo 36% trimestre de Gerente de 2002 Operações Até dez 2002 35% do Faturamento até 31/12/2002 Diretor Diretor Total máximo 10% do No ano de Faturamento Total 2002 Gerente Financeiro 20.000 PDVs até 31/12/02 Gerente de Vendas Atender PDVs_Pontos de Vendas ativos Fonte: elaborado pelo autor com dados coletados na Empresa Na elaboração das Metas Estratégicas para o ano de 2002, a liderança da Empresa, procurou focar a atenção para os fatores abaixo relacionados, entendendo que o foco nestes fatores conduziriam a Empresa à realização das suas estratégias: Faturamento Remuneração do Capital Faturamento da Marca Própria Custo Operacional Atendimento aos Clientes Assim, após a análise dos resultados dos anos anteriores e possibilidades oferecidas pelo mercado, bem como das do potencial interno de realização, a liderança da RB Distribuidora definiu as metas estratégicas apresentadas no quadro 4.4, quais sejam: 103 Aumentar o Faturamento da Empresa em 40% até o quarto trimestre de 2002; Garantir a Remuneração do Capital em no mínimo 36% até dezembro de 2002; Aumentar o Faturamento da Marca Própria para no mínimo 35% do Faturamento Total da Empresa até 31/dez/2002; Garantir o Custo Operacional da Empresa em no máximo 10% do Faturamento Total durante o ano de 2002; Atender a 20.000 Clientes (pontos de vendas) ativos até 31/dez/2002. A liderança da RB Distribuidora entendeu que estas metas interligadas umas às outras gerariam sinergia suficiente para enfrentar as forças competitivas do mercado e criariam condições para focar outros itens das suas estratégias nos anos seguintes, uma vez que a sua Visão de Futuro foi definida para ser realizada em cinco anos (a partir de 2002). Dessa forma, concentrando esforços em desenvolver uma solidez financeira, pela realização das quatro primeiras metas, e garantindo o atendimento aos clientes, através da quinta meta, a RB Distribuidora estaria em condições de, nos anos seguintes, dar mais foco às metas relacionadas: À Melhoria da sua Gestão, buscando atingir uma Gestão de Nível Mundial, conforme parte inicial da sua Visão de Futuro, apresentada no item 4.2.1 deste capítulo; Ao fortalecimento da sua diferenciação em relação aos concorrentes, de forma a ser “Referência Nacional em Distribuição Total”, implantando uma Metodologia de Atendimento ao Mercado, que já estava sendo concebida em 2002, conforme segunda parte da sua Visão de Futuro, apresentada no item 4.2.1 deste capítulo; Ser reconhecidamente líder do seu setor no estado do Ceará, tendo melhor posicionamento em termos de volume de vendas e serviços prestados aos 104 clientes, nos segmentos que atua, no estado do Ceará, gerando um diferencial competitivo em relação aos concorrentes,. conforme terceira parte da sua Visão de Futuro, apresentada no item 4.2.1 deste capítulo; Em continuidade ao processo de Planejamento Estratégico para o ano de 2002, foi designado um responsável por cada uma das Metas Estratégicas da Empresa, entendo que o foco do gerenciamento estratégico dessas pessoas passaria a ser a implementação das metas definidas. Estes responsáveis reuniramse com as pessoas cujas atividades tinham impacto nas mesmas e definiram os Planos Táticos para assegurar a implementação de cada meta. Na elaboração dos Planos Táticos buscou-se definir os seguintes itens: O que fazer: definindo as ações necessárias à implementação das metas; Como fazer: detalhando as atividades necessárias à realização das ações anteriormente definidas; Responsável: identificando a pessoa responsável por realizar as atividades definidas; Prazo: definindo os limites de tempo para realização de cada atividade do plano. Assim, foram definidos os Planos Táticos constantes dos quadros 4.5, 4.6, 4.7, 4.8 e 4.9, que serão vistos a seguir: 105 Quadro 4.5 - Plano Tático relativo para a Meta Estratégica: Aumentar o faturamento em 40 %/mês até o 4° Trimestre de 2002 Como Fazer O que fazer Implantar Pré-Vendas no Interior Abrir Filial no Cariri Dar foco na marca HORA CERTA 11 Responsável Regionalizando a área de Gerente atuação com vendedores sediados, supervisores por região Operações e entrega rápida Prazo de Até mar de 2002 Garantindo as parcerias atuais e estabelecendo o mesmo processo de operação Diretor Marketing mais agressivo e aumentando a linha de produtos Diretor / Gerente Fev a dez Até maio 2002 de Vendas de 2002 Aumentar o faturamento Elevar a base de Clientes e maior Supervisor dos Fev a dez da área de atendimento aproximação nas Redes 12 aos Clientes VIP´s Clientes VIP’s 2002 Manter o faturamento da Informatizar os veículos da Supervisores da Pronta-Entrega13 pronta-entrega, Aumentar o número de Clientes por vendedor e melhorar o Mix de Pronta-Entrega produtos Substituição de Parcerias (fornecedores) Agregar Parceiros mais adequados ao perfil de giro/faturamento definido pela empresa (produtos com alto giro e valor agregado) Diretor Até 30/jun/ 2003 De 23/02/02 a 31/12/02 Fonte: elaborado pelo autor com dados coletados na Empresa 11 Sistemática de vendas onde o vendedor tira o pedido na visita feita ao estabelecimento do cliente e os produtos são entregues posteriormente. 12 Clientes VIP´s são os de maior potencial de compras. São atendidos pelos vendedores de prévenda. 13 Sistemática de vendas onde os produtos são entregues aos clientes no momento da venda. 106 Sobre o Plano Tático apresentado no quadro 4.5, é oportuno fazer os seguintes comentários: Implantar Pré-vendas no Interior: Pré-vendas é a sistemática de vendas onde o vendedor negocia com o cliente e tira o pedido durante a sua visita ao ponto-de-venda e os produtos são entregues posteriormente. Esse processo de visitas permite uma agilidade no atendimento aos clientes, possibilitando um maior número de visitas por dia. Aumentando o número de visitas por dia, cresce a possibilidade de vendas, o que , por conseqüência, aumenta o faturamento da Empresa. Abrir uma Filial no Cariri: A liderança da Empresa percebeu a oportunidade de ampliar o volume de negócios na região do Cariri. Decidiu, portanto, abrir um filial naquela região como forma de aumentar o volume de negócios gerados na mesma, o que , por conseqüência, aumenta o faturamento da Empresa. Dar foco na Marca Hora Certa: Ao melhorar o marketing dos produtos que integram a marca Hora Certa (linha alimentos: arroz, feijão, café, temperos, farinha) e ampliar o mix de produtos oferecidos, a Empresa pretendia aumentar a venda dos mesmos, o que , por conseqüência, aumentaria o seu faturamento. Aumentar o faturamento da área de atendimento aos clientes VIP´s: Como dito anteriormente, os clientes VIP´s são aqueles com maior potencial de compras e são atendidos pelos vendedores de prévendas. O objetivo desta ação é ampliar a base (número) destes clientes, o que , por conseqüência, aumenta o faturamento da Empresa. 107 Manter o faturamento da Pronta-entrega: Com a migração dos clientes de pronta-entrega para pré-venda, por conseqüência da ação anterior, necessário se fez aumentar o número de clientes desta sistemática e o mix de produtos oferecidos, como forma de manter o faturamento desta categoria de clientes, não impactando negativamente no faturamento total da Empresa. Substituir parceiros (fornecedores): O objetivo desta ação é buscar fornecedores que comercializem produtos com alto giro (comprados diariamente pelos consumidores) e que permitam auferir maior ganho por unidade vendida, o que , por conseqüência, aumenta o faturamento da Empresa. A seguir, será visto o Plano Tático relativo à Meta Estratégica: Garantir a remuneração do Capital em no mínimo 36% em 2002, bem como os comentários pertinentes. 108 Quadro 4.6 -: Plano Tático para a Meta Estratégica: Garantir a remuneração do Capital em no mínimo 36% em 2002 Como Fazer O que fazer Realizar levantamento Atribuindo valores aos ativos da do Ativo Líquido empresa e levantando o capital circulante Elaboração de um orçamento para a Empresa Acompanhamento do capital da Empresa 1. Contratação e indicação de uma pessoa para assumir e desenvolver as atividades 2. Identificar histórico de gastos 3. Definir limites de gastos para cada conta no ano de 2002 1. Analisar sistematicamente os gastos, comparando-os ao orçamento 2. Indicar pontos críticos a serem melhorados na condução dos gastos Responsável Prazo Gerente Financeiro 1. Diretor 01/02/02 a 28/02/02 18/02/02 a 31/03/02 2. e 3.Gerente Financeiro Gerente Financeiro 01/04/02 a 31/12/02 Fonte: elaborado pelo autor com dados coletados na Empresa Sobre o Plano Tático apresentado no quadro 4.6, é oportuno fazer os seguintes comentários: Realizar levantamento do Ativo Líquido: O objetivo dessa ação é fazer o levantamento do patrimônio da empresa, bem como do seu capital circulante, possibilitando um melhor gerenciamento e aplicação dos mesmos, como forma de melhorar a remuneração do capital investido na Empresa. Elaboração de um orçamento para a Empresa O objetivo dessa ação é definir um plano de gastos e investimentos, de forma a obter retornos mais adequados dos mesmos, como forma de melhorar a remuneração do capital investido na Empresa. 109 A Empresa tinha uma grande deficiência nesse aspecto, pois a falta de um profissional para realizar estas atividades promovia uma sobrecarga sobre a Diretoria da Empresa, ao mesmo tempo que dificultava a realização de análises como fonte de informações para decisões. Acompanhar o capital da Empresa: O objetivo dessa ação é promover uma análise sistemática dos gastos, comparando-os ao orçamento, bem como identificar os pontos críticos da gestão financeira para a melhoria dos mesmos, como forma de melhorar a remuneração do capital investido na Empresa. A seguir, será visto o Plano Tático relativo à Meta Estratégica: Aumentar o Faturamento das Marca Próprias para no mínimo 35% do Faturamento Total da Empresa até 31/dez/2002, bem como os comentários pertinentes. 110 Quadro 4.7 - Plano Tático para a Meta Estratégica: Aumentar o faturamento da Marca Própria para 35% do Faturamento Total até 31/12/2002 O que fazer Como Fazer Aumentar o Mix de produtos da Marca Própria Diversificar embalagens Lançar novos produtos 1 produto por bimestre Regularizar o abastecimento Criando controle de estoque Previsão de vendas X Estoque (PCP-Planejamento e Controle da Produção) Evidenciar a marca Foco na marca (com a equipe) Responsável Prazo Diretor 01/04/02 a 31/12/02 Diretor 01/02/02 a 31/12/02 Desenvolvimento de encartes, pontos extras, degustações, brindes e cartazes Gerente de 01/02/02 a 31/12/02 Desenvolvendo premiações e objetivos com acompanhamento diário Gerente de Vendas Vendas Desenvolver ações para Criando Kit’s e cestas, como estimular a venda da pacotes de descontos marca promocionais Gerente de Vendas 01/02/02 a 31/12/02 01/03/02 a 31/12/02 Fonte: elaborado pelo autor com dados coletados na Empresa Sobre esta meta são oportunos os seguintes comentários: A RB Distribuidora tomou a decisão estratégica de fortalecer a sua Marca Própria, a Marca Hora certa, que envolve produtos da linha de alimentos tais como: café, arroz, feijão, farinha e temperos, em função de dois fatores principais, quais sejam: 9 Percepção de que o mercado oferece oportunidades de negócio à linha de produtos alimentícios, pois os clientes atendidos pela RB Distribuidora (bodegas, mercearias, mercadinhos) têm grande potencial de 111 comercialização dessa linha de produtos, uma vez que atendem preferencialmente os consumidores das classes B,C, D e E, onde os produtos de primeira necessidade têm forte participação no orçamento doméstico; 9 Reduzir a dependência de outros fornecedores. O Risco do encerramento de uma parceria com grandes fornecedores é uma preocupação permanente na liderança da RB Distribuidora, razão pela qual direciona a Empresa no sentido de fortalecer a sua marca própria (Hora Certa), pois em caso de se encerrar uma relação de fornecimento com um grande fornecedor, a Empresa enfrentaria um risco menor de descontinuidade dos seus negócios. Nesse contexto, a RB Distribuidora planejou implantar as ações discriminadas no quadro 4.7 com o objetivo de aumentar o faturamento da Marca Própria (Hora Certa). Na linha de alimentos, que é o foco da Marca Própria (Hora Certa), a RB Distribuidora enfrenta dois grandes concorrentes locais: A Alteza (com linha de cereais) e Santa Clara (com linha de matinais: cafés). Estes concorrentes têm um forte posicionamento no mercado de atuação, decorrentes do agressivo posicionamento comercial dos mesmos, razão pela qual a RB Distribuidora precisou dar um direcionamento à sua linha de produtos alimentícios para ter condições de fazer frente à essas forças competitivas do mercado. Em função dessa realidade de mercado, a RB buscou: 9 Solidificar as parcerias com os fornecedores já existentes no sentido de não faltar produtos; 9 Lançar novos produtos, ampliando o mix de produtos oferecidos; e 9 Focar o marketing da Marca Própria. A seguir, será visto o Plano Tático relativo à Meta Estratégica: Garantir o Custo Operacional Total em no máximo 10% do Faturamento Total em 2002, bem como os comentários pertinentes. 112 Quadro 4.8- Plano Tático para a Meta Estratégica: Garantir o Custo Operacional Total em no máximo 10% do Faturamento Total em 2002 O que fazer Como Fazer Responsável Prazo Limitar gastos Definindo orçamentos para os centro de custos Gerente Financeiro e Diretor Até 31/03/02 Aumentar produtividade Definindo tarefas (quem/como) interna Treinamento Encarregado de Pessoal e Diretor Até 15/03/02 Diminuir custos de manutenção .Montar plano de manutenção preventiva .Inspeção e prevenção da Frota/ Equipamentos Ger. Logística Encarregado de Manutenção Técnico de Informática 01/02/02 a 31/03/02 Reduzir gastos tributários Identificar oportunidades na legislação tributária Diretor e Encarregada de Contabilidade 01/02/02 a 31/12/02 Garantir a distribuição física Otimizar rotas Gerente de Operações 01/02/02 a 31/12/02 Fonte: elaborado pelo autor com dados coletados na Empresa Garantir o Custo Operacional Total em no Máximo 10% do Faturamento Total, significa que a Empresa deseja que os custos das suas operações não ultrapassem 10% do seu faturamento total. Sobre o Plano Tático apresentado no quadro 4.8, é oportuno fazer os seguintes comentários: Limitar gastos: O objetivo dessa ação é definir um orçamento para os gastos da Empresa, de forma a ter um instrumento que possibilite o acompanhamento e o efetivo gerenciamento dos mesmos. 113 A Empresa tinha uma grande deficiência nesse aspecto, pois a falta de um profissional para realizar estas atividades promovia uma sobrecarga sobre a Diretoria da Empresa, ao mesmo tempo que dificultava a realização de análises como fonte de informações para as decisões. Aumentar a produtividade interna: O objetivo dessa ação é propiciar uma melhoria nas rotinas internas (das áreas de apoio), de forma que a melhoria da produtividade interna contribuísse para redução dos custos da empresa. Diminuir os custos de manutenção: Como a RB Distribuidora tinha uma frota com mais 50 veículos, a falta do gerenciamento da manutenção dos mesmos provocava um custo elevado e um sucateamento dos veículos. Com a implementação desta ação o que se buscou foi a redução dos custos de manutenção e a conservação dos veículos da Empresa. Reduzir os gastos tributários: O objetivo desta ação é a identificação de oportunidades oferecidas pela legislação para redução da carga tributária paga pela Empresa. Garantir a Distribuição Física: O objetivo desta ação é otimizar a presença dos profissionais de vendas no mercado, possibilitando que um número maior de clientes sejam visitados e atendidos pelos profissionais, de forma que os produtos comercializados pela RB Distribuidora estejam no maior número de pontos-de-venda possível. A seguir, será visto o Plano Tático relativo à Meta Estratégica: Atender a 20.000 PDV´s ativos até 31/12/02, bem como os comentários pertinentes. 114 Quadro 4.9 - Plano Tático para a Meta Estratégica: Atender a 20.000 PDVs ativos até 31/12/02 O que fazer Como Fazer Responsável Prazo Mapear as áreas de atuação da empresa 1.Dividir as áreas em rotas Gerente de Operações e Gerente de Vendas 1)18/02/02 a 30/04/02 2)01/02/02 31/12/02 3)01/03/02 a 15/04/02 Gerente de Operações e Gerente de Vendas Consultor e Diretor 1)A partir de 30/04/02 Gerente de Vendas Gerente de Vendas 26/01/02 a 31/12/02 01/02/02 a 31/12/02 2.Levantamento de todos os PDV´s, identificando ativos e inativos 3.Roteirização da região do Cariri Adequação da equipe de vendas Gerenciamento da operação de vendas Concretizar a operação de vendas nas áreas implantadas 1.Formalização da Metodologia Distribuição Total Treinamento e orientação do profissional Remanejamento/ Contratação 2.Reunião p/ definir estrutura da Metodologia Acompanhamento da positivação14 nos PDV’s Atendendo os PDV’s Sistematicamente 2)Até 28/02/02 Fonte: elaborado pelo autor com dados coletados na Empresa Sobre o Plano Tático apresentado no quadro 4.9, é oportuno fazer os seguintes comentários: Mapear as áreas de atuação da Empresa: O objetivo dessa ação é organizar melhor o atendimento às áreas de atuação da Empresa, seja na Capital (Fortaleza) ou no Interior do Estado do Ceará. Esse mapeamento incluiu a divisão das áreas em rotas15, o levantamento de todos os pontos-de-venda, identificando aqueles que ainda estão ativos (que compram) e os inativos (que não compram). A região do Cariri, como era a mais recente, mereceu uma atenção maior nesse processo. _____________________________________________________________________________________________________ 14 Entende-se por Positivação: o índice que mede o percentual de clientes para os quais foram efetuadas vendas no total de clientes visitados em determinado período (dia/semana/mês). 15 Entende-se por Rota: o itinerário, definido pela Empresa, que cada vendedor deve cumprir no seu dia-a-dia. Este itinerário inclui os clientes que devem ser visitados . 115 Adequação da equipe de vendas: O objetivo dessa ação é o de adequar a estrutura das equipes de vendas e a preparação (treinamento) dos seus profissionais, no sentido de torná-la mais adequada às metas da empresa e mais profissionalizada, de forma a atender melhor os clientes. Gerenciamento da Operação de Vendas: O objetivo dessa ação é o de melhorar o acompanhamento das operações de vendas, principalmente no que se refere à positivação. Em melhorando o acompanhamento, espera-se melhorar os resultados de positivação e, por conseqüência, o atendimento aos clientes e o faturamento da Empresa. Concretizar a operação de vendas nas áreas implantadas: O objetivo dessa ação é atender sistematicamente os clientes cadastrados nas novas áreas (por exemplo na região do Cariri) ou nas rotas adequadas (por exemplo em Fortaleza), entendendo que o atendimento sistemático contribui para a implementação da meta em análise e da meta de aumento de faturamento da Empresa. O nível de implementação das metas estratégicas, os resultados auferidos, bem como as barreiras enfrentadas pela RB Distribuidora na implementação das mesmas serão vistas no quinto capítulo. 116 5 - RESULTADOS OBTIDOS PELA RB DISTRIBUIDORA EM 2002 5.1- Análise dos resultados relativos às Metas Estratégicas da RB Distribuidora em 2002 Conforme se viu no quarto capítulo, a RB Distribuidora definiu cinco Metas Estratégicas para o ano de 2002, como forma de conduzir a Empresa à realização das suas Estratégias de Longo Prazo. O quadro 5.1, a seguir apresentado, evidencia as metas estratégicas definidas, os valores estabelecidos, os prazos, os responsáveis por cada meta estratégica, os resultados auferidos pela empresa, bem como os níveis de implementação de cada uma delas. Quadro 5.1 – Resultados relativos às Metas Estratégicas da RB Distribuidora no ano de 2002 Meta Valor Prazo Estratégica 1. Aumentar o faturamento 2. Garantir a remuneração do Capital 40% no mínimo 36% 3. Aumentar o faturamento das Marcas Próprias 35% do Faturamento Total 4. Garantir Custo Operacional Total máximo 10% do Faturamento Total 5. Atender PDV´s ativos 20.000 PDV´s Até 4o. trimestre de 2002 Resultados Nível de Obtidos Responsável Implementação pela das Metas Empresa Estratégicas em 2002 Gerente de Operações 14,58 % 36,45% Até dez 2002 Diretor 27,00 % 75,00% até 31/12/2002 Diretor 18,00 % 51,43 % No ano de 2002 Gerente Financeiro 12,00 % 60% até 31/12/02 Gerente de Vendas 19.735 98,68% Fonte: Elaborado pelo autor com dados coletados na Empresa 117 As Metas Estratégicas para o ano de 2002 foram definidas no mês de janeiro e a implementação das mesmas se iniciou no mês de fevereiro de 2002. Para a implementação das metas estratégicas foram realizadas reuniões coordenadas pelos responsáveis por cada meta estratégica com a finalidade de definir ações necessárias à implementação das mesmas, o que resultou em um plano tático para cada uma delas. A partir de então, a implementação e o acompanhamento dos planos e das metas se deu por conta de cada responsável pelas metas e pelas pessoas envolvidas nas mesmas. Os níveis de implementação das Metas Estratégicas definidas para o ano de 2002 estão dispostos no quadro 5.1, onde são apresentados os resultados obtidos em cada uma delas e o respectivo percentual de atendimento, conforme comentários a seguir: Meta Estratégica n. 5 – Atender a 20.000 PDV´S - Pontos de Vendas Ativos até dez/2002 foi o que apresentou o melhor índice, com 98,68% de implementação; Meta Estratégica n. 2 - Garantir a Remuneração do Capital em no mínimo 36% até dez/2002, teve o segundo melhor índice, com 75% de implementação; Meta Estratégica n. 4 – Garantir o Custo Operacional Total em no máximo 10% do Faturamento Total no ano de 2002, teve o terceiro melhor índice de implementação com 60%. Meta Estratégica n.3 – Aumentar o Faturamento das Marcas Próprias para 35% do Faturamento Total até dez/2002, teve o quarto melhor índice com 51,43% de implementação; Meta Estratégica n. 1 – Aumentar o Faturamento em 40%até o quarto trimestre, obteve o menor índice de implementação, com 36,45%. 118 As razões pelas quais as Metas Estratégicas não foram atingidas completamente se encontram dispostas no item 5.2, onde serão analisados os níveis de implementação dos Planos Táticos relativos a cada Meta Estratégica e no item 5.3, onde serão vistas as barreiras enfrentadas pela RB Distribuidora durante o ano de 2002 para a efetiva implementação das mesmas. 5.2- Análise do nível de implementação dos Planos Táticos relativos às Metas Estratégicas Os quadros 5.2, 5.3, 5.4, 5.5, 5.6, a seguir apresentados, evidenciam o nível de implementação de cada Plano Tático definido pela RB Distribuidora para as suas Metas Estratégicas e o quadro 5.7 apresenta um resumo dos mesmos. Nesse contexto, serão vistos, a seguir, os níveis de implementação das ações relativas à Meta Estratégica Aumento do Faturamento Total da Empresa e comentários pertinentes. . 119 Quadro 5.2 - Nível de implementação do Plano Tático relativo à Meta Estratégica: Aumentar o faturamento em 40 %/mês até o 4° Trimestre de 2002 O que fazer Como Fazer Responsável Prazo Status Regionalizando a área de Gerente de Até mar / Realizado Implantar Préatuação com vendedores Vendas no Interior sediados, supervisores por Operações 2002 região e entrega rápida Abrir Filial no Cariri Garantindo as parcerias atuais estabelecendo o mesmo processo de operação Dar foco na marca Hora Certa Aumentar o faturamento da área de atendimento aos Clientes VIP Manter o faturamento da Pronta-Entrega Substituição de Parcerias (fornecedores) Diretor Até mai/ Realizado 2002 Marketing mais agressivo e Diretor / aumentando a linha de Gerente de produtos Vendas Elevar a base de Clientes e Supervisor maior aproximação nas dos Clientes Redes VIP’s Fev dez/ 2002 parcialmente Fev Diretor a Não realizado dez/ 2002 Informatizar os veículos da Supervisores Até pronta-entrega ProntaAumentar o número de 30/jun/ Entrega Clientes por vendedor e 2003 melhorar o Mix de Produtos da Empresa Agregar Parceiros mais adequados ao perfil de Giro/Faturamento definido pela empresa (produtos com alto giro e valor agregado) a Realizado De 23/02/02 a 31/12/02 Não realizado Realizado parcialmente Fonte: Elaborado pelo autor com dados coletados na Empresa Sobre o nível de implementação do Plano Tático apresentado no quadro 5.2, é oportuno fazer os seguintes comentários: 120 Ações totalmente realizadas: 9 Implantação da Sistemática de Pré-venda no Interior; 9 Abertura de Filial na Região do Cariri Ações parcialmente realizadas: 9 Dar foco na marca Hora Certa Dificuldades para sua implementação: pressão do seu maior fornecedor quanto ao nível de compras (volume), desviando atenção e recursos para atendimento ao volume de compras sugerido por esse fornecedor. 9 Substituição de parceiros (fornecedores) Dificuldades para sua implementação: dificuldade em encontrar parceiros (fornecedores) com perfil adequado ao negócio, ou seja, que comercializem produtos com alto giro (comprados diariamente pelos consumidores) e que permitam auferir maior ganho por unidade vendida. Ações não realizadas: 9 Aumentar o faturamento da área de atendimento aos clientes VIP´s Dificuldades para sua implementação: dificuldades para elevar a base de clientes (aumento do número de clientes) e por conseqüência o faturamento. 9 Manter o faturamento da Pronta-entrega Dificuldades para sua implementação: dificuldade em relação à tecnologia para informatizar os veículos de pronta-entrega, bem como de aumentar o número de clientes por vendedor. Pela análise do quadro 5.2, infere-se que o nível de implementação das ações foi o seguinte: 121 ¾ Ações totalmente realizadas: 33,33% ¾ Ações parcialmente realizadas: 33,33% ¾ Ações não realizadas: 33,33% Os índices de implementação das ações, acima apresentados, refletem as dificuldades que a RB Distribuidora vivenciou durante o processo de sua implementação. A seguir, serão vistos os níveis de implementação das ações relativas à Meta Estratégica Garantia da Remuneração do Capital e comentários pertinentes. Quadro 5.3 - Nível de implementação do Plano Tático relativo à Meta Estratégica: Garantir a remuneração do Capital em no mínimo 36% em 2002 O que fazer Como Fazer Realizar Atribuindo valores aos levantamento do ativos da empresa Ativo Líquido e levantar o capital circulante Elaboração de 1. Contratação e indicação um orçamento de uma pessoa para para a Empresa assumir e desenvolver as atividades 2. Identificar histórico de gastos 3. Definir limites de gastos para cada conta no ano de 2002 Acompanha 1. Analisar mento do capital sistematicamente os gastos, comparando-os ao orçamento 2. Indicar pontos críticos a serem melhorados na condução dos gastos Responsável Gerente Financeiro 1. Diretor Prazo Status 01/02/02 Realizado a 28/02/02 parcialmente 18/02/02 Realizado a 31/03/02 parcialmente 2. e 3.Gerente Financeiro Gerente Financeiro 01/04/02 Realizado a 31/12/02 parcialmente Fonte: Elaborado pelo autor com dados coletados na Empresa 122 Sobre o nível de implementação do Plano Tático apresentado no quadro 5.3, é oportuno fazer os seguintes comentários: Ações totalmente realizadas: 9 Nenhuma ação deste plano foi totalmente implementada Ações parcialmente realizadas: 9 Realizar levantamento do Ativo Líquido da Empresa 9 Definição de um Orçamento 9 Acompanhamento do Capital da Empresa Dificuldades para desorganização dos a implementação das três ações: dados relativos aos ativos e gastos da Empresa. Demora na contratação de um profissional para a área financeira da Empresa (Gerente Financeiro) , que ficaria responsável por essa atribuição. Pela análise do quadro 5.3, infere-se que o nível de implementação das ações foi o seguinte: ¾ Ações totalmente realizadas: 0 % ¾ Ações parcialmente realizadas: 100% ¾ Ações não realizadas: 0% Os índices de implementação das ações, acima apresentados, refletem as dificuldades que a RB Distribuidora vivenciou durante o processo de sua implementação. 123 A seguir, serão vistos os níveis de implementação das ações relativas à Meta Estratégica Aumento do Faturamento das Marcas Próprias e comentários pertinentes. Quadro 5.4 - Nível de implementação do Plano Tático relativo à Meta Estratégica: Aumentar o faturamento das Marcas Próprias para 35% do Faturamento Total até 31/12/2002 Como Fazer O que fazer Aumentar o Mix Diversificar embalagens de produtos da Lançar novos produtos Marca Própria 1 produto por bimestre (Hora Certa) Regularizar o abastecimento Evidenciar a Marca Própria (Hora Certa) Foco na marca (com a equipe) Desenvolver ações para estimular a venda da Marca Própria (Hora Certa) Criando controle de estoque Previsão de vendas X Estoque (PCP) Desenvolvimento de encartes, pontos extras, degustações, brindes e cartazes nos Pontos de Vendas para estimular as vendas Desenvolvendo premiações e objetivos com acompanhamento diário Criando Kit’s e cestas, como pacotes de descontos promocionais Responsável Diretor Prazo Status 01/04/02 a 31/12/02 Realizado parcialmente Diretor 01/02/02 a 31/12/02 Não Realizado Gerente de 01/02/02 a 31/12/02 Realizado Vendas Gerente de parcialmente 01/02/02 a 31/12/02 Não Realizado 01/03/02 a 31/12/02 Realizado Vendas Gerente de Vendas Parcialmente Fonte: Elaborado pelo autor com dados coletados na Empresa Sobre o nível de implementação do Plano Tático apresentado no quadro 5.4, é oportuno fazer os seguintes comentários: Ações totalmente realizadas: 9 Nenhuma ação deste plano foi totalmente implementada. 124 Ações parcialmente realizadas: 9 Aumentar o mix de produtos da Marca Própria (Hora Certa): foram inclusos produtos como biscoitos e macarrão, a partir de parcerias firmadas com fornecedores locais e regionais. 9 Evidenciar a Marca Própria (Hora Certa) 9 Desenvolver ações para estimular a venda da Marca Própria Dificuldades para implementação: as ações acima indicadas não foram totalmente implementadas face às dificuldades decorrentes do pouco foco que se deu à Marca Própria, em função da pressão do seu maior fornecedor quanto ao nível de compras (volume), desviando atenção e recursos para atendimento ao volume de compras sugerido por esse fornecedor. Ações não realizadas: 9 Foco na marca (com a equipe): Dificuldades para sua implementação: as mesmas causas apontadas para a implementação parcial das outras ações deste plano. Pela análise do quadro 5.4, infere-se que o nível de implementação das ações foi o seguinte: ¾ Ações totalmente realizadas: 0 % ¾ Ações parcialmente realizadas: 60% ¾ Ações não realizadas: 40% 125 Os índices de implementação das ações, acima apresentados, refletem as dificuldades que a RB Distribuidora vivenciou durante o processo de sua implementação. A seguir, serão vistos os níveis de implementação das ações relativas à Meta Estratégica Garantia do Custo Operacional e comentários pertinentes. Quadro 5.5 - Nível de implementação do Plano Tático relativo à Meta Estratégica: Garantir o Custo Operacional Total em no máximo 10% do Faturamento Total em 2002 O que fazer Como Fazer Responsável Prazo Status Limitar gastos Definindo orçamentos para os centro de custos Gerente Financeiro e Diretor Até 31/03/02 Não Realizado Aumentar produtividade interna Definindo tarefas (quem/como) Treinamento Encarreg.Pessoal e Diretor Até 15/03/02 Não Realizado Diminuir custos .Montar plano de de manutenção manutenção preventiva .Inspeção e prevenção da Frota/ Equipamentos Ger. Logística Encarregado de Manutenção Técnico de Informática 01/02/02 a 31/03/02 Realizado parcialmente Reduzir gastos tributários Identificar oportunidades na legislação tributária Diretor e Encarregada de Contabilidade 01/02/02 a 31/12/02 Não Realizado Garantir a distribuição física Otimizar rotas Gerente de Operações 01/02/02 a 31/12/02 Realizado parcialmente Concluído mar/2003 Fonte: Elaborado pelo autor com dados coletados na Empresa Sobre o nível de implementação do Plano Tático apresentado no quadro 5.5, é oportuno fazer os seguintes comentários: Ações totalmente realizadas: 126 9 Nenhuma ação deste plano foi totalmente implementada Ações parcialmente realizadas: 9 Diminuir custos de manutenção: foi organizada a sistemática de manutenção preventiva dos veículos, nomeando um responsável pela coordenação das atividades de manutenção. A Empresa teve dificuldades na implementação da sistemática para equipamentos de informática, face ao volume de trabalho que a área de informática teve que desenvolver durante o ano, que mudou a prioridade desta ação, focando mais o desenvolvimento do sistema de operações do que a organização da manutenção dos equipamentos de informática. 9 Garantir a distribuição física: Esta ação só foi concluída em março de 2003, em função do volume de trabalho gerado para a organização das rotas. A Empresa atende a aproximadamente 19.000 pontos-de-venda, o que exigiu um esforço grande em ternos de organização das rotas para o seu atendimento. Ações não realizadas: 9 Limitar gastos : Dificuldades para sua implementação: desorganização dos dados relativos aos gastos da Empresa. Demora na contratação de um profissional para a área financeira da Empresa (gerente financeiro) , que ficaria responsável por essa atribuição. 9 Aumentar a produtividade interna Dificuldades para realização desta ação: o foco da Empresa no ano de 2002 ficou concentrado nas equipes de vendas, que exigiu uma carga horária grande em termos de sua estruturação e de treinamento dos seus integrantes. 127 9 Reduzir gastos tributários Dificuldades para sua implementação: falta de informações acerca das oportunidades oferecidas pela legislação tributária e a demora na contratação de um profissional para a área financeira da Empresa (gerente financeiro) , que ficaria responsável por assessorar a Diretoria da Empresa nesse trabalho. Pela análise do quadro 5.5, infere-se que o nível de implementação das ações foi o seguinte: ¾ Ações totalmente realizadas: 0 % ¾ Ações parcialmente realizadas: 40% ¾ Ações não realizadas: 60% Os índices de implementação das ações, acima apresentados, refletem as dificuldades que a RB Distribuidora vivenciou durante o processo de sua implementação. A seguir, serão vistos os níveis de implementação das ações relativas à Meta Estratégica Atendimento a PDV’s Ativos e comentários pertinentes. 128 Quadro 5.6 - Nível de implementação do Plano Tático relativo à Meta Estratégica: Atender a 20.000 PDV´s ativos até 31/12/02 O que fazer Como Fazer Responsável Prazo Mapear as áreas de atuação da empresa 1.Dividir as áreas em rotas Gerente de Operações e Gerente de Vendas 1)18/02/02 a Realizado 30/04/02 2)01/02/02 31/12/02 3)01/03/02 a 15/04/02 Gerente de Operações e Gerente de Vendas Consultor e Diretor 1)A partir de Realizado 30/04/02 Gerenciamento Acompanhamento da da operação de positivação nos PDV’s vendas Gerente de Vendas 26/01/02 a 31/12/02 Realizado parcialmente Concretizar a operação de vendas nas áreas implantadas Gerente de Vendas 01/02/02 a 31/12/02 Realizado parcialmente 2.Levantamento de todos os PDVs, identificando ativos e inativos Status 3.Roteirização da região do Cariri Adequação da equipe de vendas 1.Formalização da Metodologia de Distribuição Total Treinamento e orientação do profissional Remanejamento/ Contratação 2)Até 28 02/02 2.Reunião p/ definir estrutura da Metodologia Atendendo os PDV’s Sistematicamente Fonte: Elaborado pelo autor com dados coletados na Empresa Sobre o nível de implementação do Plano Tático apresentado no quadro 5.6, é oportuno fazer os seguintes comentários: Ações totalmente realizadas: 9 Mapear as áreas de atuação da Empresa 129 9 Adequação das equipes de vendas Ações parcialmente realizadas: 9 Gerenciamento da operação de vendas Dificuldades para sua implementação: falta de instrumentos gerenciais e de cultura para acompanhamento do índice de positivação diário. A Empresa possui um sistema que permite o acompanhamento do índice de positivação acumulado, entretanto existe uma necessidade de acompanhamento deste índice diariamente. 9 Concretizar a operação de vendas nas áreas implantadas Dificuldades para sua implementação: a Empresa tem dado muita importância a esta ação, uma vez que a sua realização garante que todos os clientes sejam visitados, e, em sendo visitados, aumenta a possibilidade das vendas crescerem. Entretanto, esta ação não foi totalmente implementada face ao grande número de ajustes realizado nas rotas no sentido de otimizá-las. Pela análise do quadro 5.6, infere-se que o nível de implementação das ações foi o seguinte: ¾ Ações totalmente realizadas: 50 % ¾ Ações parcialmente realizadas: 50% ¾ Ações não realizadas: 0% Os índices de implementação das ações, acima apresentados, refletem as dificuldades que a RB Distribuidora vivenciou durante o processo de sua implementação. 130 A seguir, será visto o Resumo dos Níveis de Implementação das Ações dos Planos Táticos elaborados pela RB Distribuidora para o ano de 2002 e os comentários pertinentes. Quadro 5.7 - Resumo do Nível de Implementação das Ações dos Planos Táticos Meta Estratégica No. de Ações Definidas Ações totalmente implementadas Ações parcialmente implementadas Ações não implementadas No. % No. % No. % 06 02 33,33 02 33,33 02 33,33 2. Garantir a remuneração do Capital 03 0 0 03 100 0 0 3. Aumentar o faturamento das Marcas Próprias 05 0 0 03 60 02 40 05 0 0 02 40 03 60 5. Atender PDVs ativos 04 02 50 02 50 0 0 Total 23 04 17.40 12 52.17 07 30.43 1. Aumentar o faturamento 4. Garantir Custo Operacional Total Fonte: Elaborado pelo autor com dados coletados na Empresa Pela análise dos quadros 5.2, 5.3, 5.4, 5.5, 5.6 e 5.7 observou-se que: A Meta Estratégica com o maior índice de implementação das ações do plano tático foi a de número 5 – Atendimento a 20.000 PDV’s Ativos – onde 50%(cinqüenta por cento) das ações foram totalmente implementadas e 50%(cinqüenta por cento) parcialmente implementadas, não tendo, nenhuma ação sem implementação. Por conseqüência foi a meta com maior índice de implementação, tendo atendido a 19.735 PDV’s ativos, que corresponde a 98,68% da meta. 131 A Meta Estratégica de número 2 – Garantir a Remuneração do Capital em no mínimo 36% até dez/2002, teve 100% das ações do seu plano tático parcialmente implementadas, não tendo nenhuma ação não implementada, por conseqüência, foi a meta com o segundo melhor nível de implementação, correspondente a 75% da mesma. A Meta Estratégica de número 4 – Garantir o Custo Operacional Total em no máximo 10% do Faturamento Total no ano 2002, teve 40% das ações do seu plano tático parcialmente implementadas e 60% não implementadas, tendo sido, por conseqüência, a meta com o terceiro melhor nível de implementação, correspondente a 60% da mesma. A Meta Estratégica de número 3 – Aumentar o Faturamento das Marcas Próprias para 35% do Faturamento Total da Empresa no ano de 2002, teve 60% das ações do seu plano tático parcialmente implementadas e 40% não implementadas, tendo sido, por conseqüência, a meta com o quarto melhor nível de implementação, correspondente a 51,43% da mesma. A Meta Estratégica de número 1 – Aumentar o Faturamento em 40% até o quarto trimestre de 2002, teve 33,33% das ações totalmente implementadas, 33,33% parcialmente implementadas e 33,33% não implementadas. O seu desempenho foi o pior dentre as cinco metas estratégicas da empresa, com 36,45% de implementação. Os níveis de implementação dos planos táticos apresentados nos quadros 5.1 a 5.7 evidenciam as barreiras que a RB Distribuidora enfrentou no ano de 2002 para a implementação das suas metas estratégicas, sobre as quais serão feitas considerações no item 5.3. 132 5.3 - Barreiras enfrentadas pela RB para implementação das suas Estratégias Segundo postula MOTTA (1999), as barreiras normalmente enfrentadas pelas empresas na implementação das suas estratégias e do seu planejamento estratégico são as seguintes: A primeira barreira ocorre quando a empresa não consegue traduzir sua visão e estratégia de forma compreensível e factível; resultando na fragmentação e sub-otimização das iniciativas, dado que os diversos grupos, seguindo suas próprias interpretações de visão e estratégia, são levados a seguirem agendas diferentes, que não estejam associadas de forma coerente a sua estratégia global; A segunda barreira surge quando as exigências de longo prazo da estratégia da unidade de negócios não são traduzidas em metas para os departamentos, equipes e indivíduos, de forma que o foco do desempenho dos departamentos continua a ser o cumprimento dos orçamentos financeiros estabelecidos como parte do processo tradicional de controle gerencial, prejudicando, notavelmente o alinhamento de todos os integrantes da organização à estratégia; A terceira barreira é a falta de alinhamento dos programas de ação e da alocação de recursos às prioridades estratégicas de longo prazo, provocada pela adoção, em muitas organizações, de processos separados para o planejamento estratégico e o orçamento de curto prazo (anual). Geralmente, a falha nesse caso pode ser atribuída aos diretores de planejamento e financeiro por não perceberem a necessidade de integração de iniciativas, preferindo uma independência de suas agendas funcionais; A quarta barreira evidencia a ausência de feedback sobre como a estratégia está sendo implementada, bem como seus resultados. A maioria das empresas obtém apenas feedback sobre desempenho 133 operacional a curto prazo, voltado, em sua maior parte, a medidas financeiras que são normalmente comparadas com os valores orçados. A conseqüência é que empresas, por não terem um feeedback sobre sua estratégia, ficam impossibilitadas de testar e aprender essa estratégia na prática. PORTER (1999), também trata do tema quando aponta as influências que as empresas sofrem no processo de gerenciamento dos seus negócios, bem como na formulação e implementação das suas estratégias quando aborda “as cinco forças básicas que governam a competição”, como foi visto no segundo capítulo desta dissertação, a seguir relacionadas: A rivalidade entre as empresas existentes; A ameaça de entrada; O poder de negociação dos fornecedores; A ameaça de produtos ou serviços substitutos; e O poder de negociação dos clientes. As cinco forças que governam a competição influenciam fortemente quaisquer negócios. A RB Distribuidora não é uma exceção a esse princípio, como será visto a seguir. Por outro lado, PORTER (1992), ao abordar o tema Cadeia de Valores observa que a cadeia de valores de uma empresa encaixa-se em uma corrente maior de atividades denominada “sistema de valores”, onde as empresas se relacionam no desenvolvimento das suas atividades, e, por conseqüência, influenciam o negócio e as estratégias uma das outras. Nesse contexto, ao analisar o processo de implementação das estratégias e do planejamento estratégico da RB Distribuidora no ano de 2002, à luz do que postulam MOTTA (1999) e PORTER (1992 e 1999), pode-se inferir que a empresa 134 vivenciou várias barreiras e influências, que dificultaram a implementação das suas metas estratégicas, as quais serão comentadas a seguir: A Primeira barreira enfrentada pela RB Distribuidora foi o fato de as lideranças da RB Distribuidora (diretores, gerentes, supervisores e encarregados) não realizaram de forma sistemática o acompanhamento e o feedback relativos às suas metas estratégicas e às ações definidas nos planos táticos, bem como não formalizaram as alterações que se fizeram necessárias, em função das ocorrências que se sucederam naquele ano. Esta barreira foi identificada pelos líderes da Empresa em reunião que se realizou no início do ano de 2003 para analisar o nível de implementação das metas estratégicas definidas relativas ao ano de 2002. A segunda barreira presente no processo de implementação das estratégias da RB Distribuidora no ano de 2002 foi o Poder de Negociação dos seus Fornecedores, o que provocou mudanças de foco e influenciou no redirecionamento dos esforços e recursos da empresa, com conseqüente impacto no nível de implementação das metas estratégicas da empresa. A empresa terminou por canalizar mais recursos do que inicialmente se previu para compras de produtos comercializados pelo fornecedor em questão. O principal fornecedor de produtos da RB Distribuidora, das linhas de limpeza e higiene, exerceu forte pressão no sentido de que a RB comprasse e comercializasse volumes de mercadorias bastante agressivos e realizasse ações de mercado focando os produtos dessas linhas. O poder de pressão deste fornecedor foi centrado nos seguintes fatores: 135 9 Condições de negociação para o caso de consecução dos volumes negociados e realização das ações de mercado, onde a RB Distribuidora teria melhores condições de compras, em termos de descontos no caso de comprar os volumes estipulados pelo mesmo. 9 Força da marca, com renome mundial; 9 Qualidade dos produtos fornecidos; 9 Amplitude do mix de produtos oferecidos; 9 Forte marketing; 9 Forte sistemática de atuação no mercado, com fontes permanentes de pesquisas; 9 Acompanhamento permanente junto aos seus distribuidores. A terceira grande barreira que a RB Distribuidora vivenciou em 2002 foi provocada pela crise sofrida pelos principais fornecedores de cereais e derivados, sediados na Argentina, o que provocou sucessivos aumentos dos preços destes produtos e desabastecimento dos mesmos, com forte impacto negativo nos resultados das Metas de Faturamento da Marca Própria, Faturamento Total da Empresa e ainda Remuneração do Capital. A quarta barreira está relacionada aos sucessivos aumentos de preços dos produtos comercializados pela RB Distribuidora, que promoveram um ciclo de redução de volume de venda a cada ciclo de aumento de preços, com impacto negativo sobre as metas de Faturamento, Faturamento das Marcas Próprias e Remuneração do Capital. A quinta barreira vivida pela Empresa foi a não conclusão em 2002 do processo de seleção e contratação de um profissional da 136 área financeira que ficaria responsável pela implementação das ações descritas nos planos táticos a cargo do mesmo. A não contratação do referido profissional acarretou prejuízos à realização das atividades relativas às metas de Aumento do Faturamento e de Remuneração do Capital. A sexta barreira vivida pela RB Distribuidora foi o tempo e esforços destinados à abertura e implantação da Filial na Região do Cariri terem sido maiores do que o previsto, pois foram necessárias as seguintes ações: 9 Seleção e treinamento da equipe de vendas para atuar na região; 9 Cadastramento de clientes; 9 Roteirização das áreas a serem atendidas; e 9 Contatos iniciais para realização de negócios. A carga horária excedente investida no processo de implantação da Filial na região do Cariri exigiu, por conseqüência, a redução do empenho em outras ações com impacto negativo nas demais metas estratégicas. A sétima barreira foi o fato de que as lideranças da RB Distribuidora não fizeram as adequações necessárias nas Estratégias e no Planejamento Estratégico da Empresa, como decorrência das mudanças provocadas pelas barreiras e variáveis apontadas. A deficiência no processo de adequação nas estratégias e planejamento estratégico teve um impacto limitador nos níveis de implementação das mesmas, como foi visto anteriormente. Essa atitude da liderança da Empresa em não promover as adequações necessárias ao longo da implementação das estratégias e do planejamento estratégico se constitui em uma falha em relação a uma das premissas citadas por MITZBERG (2000) 137 para a Escola do Planejamento, pois este autor fala da necessidade de se dedicar “atenção detalhada aos objetivos, orçamentos, programas e planos operacionais” (2000, p. 52), o que de fato não ocorreu de forma completa. Por outro lado, a barreira aqui apontada evidencia que a Cadeia de Valores da RB Distribuidora à luz do que postula PORTER (1992), dissertação, não abordada no segundo capítulo desta foi adequadamente gerenciada, pois, o gerenciamento das suas atividades internas não foi dinâmico e ágil o suficiente para promover as adequações que se fizeram necessárias. Em suma, como foi visto neste item, as barreiras vivenciadas pela RB Distribuidora ao longo do ano de 2002, influenciaram o nível de implementação das suas Estratégias e Metas Estratégicas, fazendo com que as mesmas tivessem os níveis apontados nos quadros 5.2 a 5.7. A análise aqui realizada demonstra ainda que o processo de Gerenciamento Estratégico exige um permanente acompanhamento ao longo do processo de implementação, bem como uma postura da liderança da Empresa em termos de redirecionar as suas Estratégias e o seu Planejamento Estratégico, como decorrência das barreiras e mudanças havidas no cenário dos negócios. 138 6 - CONCLUSÃO O ambiente altamente competitivo presente na economia mundial, com reflexos na economia regional e local, exige das empresas uma busca permanente pela melhoria da sua performance, como forma de enfrentar as cinco forças competitivas do mercado propostas por PORTER (1999) - a rivalidade entre as empresas existentes; as ameaças de novos entrantes; o poder de negociação dos fornecedores; o poder de negociação dos clientes e as ameaças de produtos ou serviços substitutos. Nesse contexto, a Estratégia Organizacional se constitui na base através da qual a organização pode se articular e alcançar sua capacidade de manobra no ambiente competitivo em que atua. Interessado, pois, nos reflexos que as estratégias podem ter sobre os resultados de uma organização, este trabalho se propôs a investigar o processo de elaboração e implementação de estratégias, bem como a formulação e implementação de estratégias pela RB Distribuidora. A Empresa escolhida atua no ramo atacadista desde 1979 e suas operações, atualmente, envolvem a distribuição de produtos alimentícios, de higiene e limpeza em todo o estado do Ceará. Para realização da pesquisa foi utilizado o método de estudo de caso. A partir do escopo definido, buscou-se identificar e analisar o desempenho dos setores da economia brasileira, seus sub-setores e ramos de atividades, procurando enquadrar a empresa pesquisada nessa análise. Essa primeira análise foi baseada no conjunto de dados e na sistematização realizada pela Revista Gazeta Mercantil –Balanço Anual, do período de 1997 a 2001, onde se viu a importância de cada setor da economia brasileira (indústria, serviços, comércio, agrobusiness, finanças, holding e seguros), levando-se em consideração a participação relativa de cada um dos setores no total de receita líquida gerada pelos mesmos. Foi dada atenção especial à análise do comportamento do Setor Comércio e do Sub-setor Comércio Atacadista, em razão de que a empresa objeto desta pesquisa está enquadrada nesse setor e sub-setor. Foi ainda analisada a participação relativa do Setor Comércio e dos Sub-setores Comércio Atacadista e Varejista em relação ao 139 PIB brasileiro, no mesmo período. Constatou-se, por essa análise, que o Setor Comércio representou de 10,74% a 11,73% e o Sub-setor Comércio Atacadista representou de 4,34% a 4,87% do PIB do país no período de 1997 a 2001. Buscou-se fazer um enquadramento da atividade desenvolvida pela Empresa pesquisada dentro do Sub-setor Comércio Atacadista. Segundo a classificação divulgada pela ABAD- Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores apud Campos (2003, p. 96), existem três categorias de atacadistas, quais sejam: o Atacadista Distribuidor, o Atacadista de Balcão e o Atacadista de Auto-serviço. A RB Distribuidora, pelas suas características, se enquadra na categoria de Atacadista Distribuidor. Analisado o desempenho das três categorias de atacadistas no Brasil, no período de 1995 a 2002, constatou-se que a categoria de Atacadista Distribuidor teve uma participação relativa no total das vendas de todo o sub-setor acima de 60% no período analisado, oscilando entre 67,1% em 1995 e 61,3% em 2002. Por conseqüência, os atacadistas distribuidores foram os mais representativos e mais estáveis no período em análise, evidenciando a importância desta categoria para o sub-setor. Constatou-se também que os produtos comercializados pela Empresa pesquisada (produtos alimentícios, de higiene e limpeza), tiveram uma participação relativa na receita líquida gerada pelo Sub-setor Comércio Atacadista que oscilou de 19,15% para 19,74% entre 1997 e 2001, evidenciando uma escolha adequada na composição do seu mix de produtos. Uma vez conhecida a importância do setor e do sub-setor em que a RB Distribuidora atua, passou-se à busca dos referenciais teóricos que explicassem a atividade desenvolvida pela mesma. Nesse contexto, foram estudadas as publicações dos autores PORTER (1992) e NOVAES (2001), abordando os temas: Cadeia de Valor e Cadeia de Distribuição, respectivamente. 140 Buscou-se, ainda, referenciais teóricos que dessem suporte à abordagem do tema estratégia, suas escolas e modelos para formulação e implementação de estratégias e planejamento estratégico. Foram estudados os autores PORTER (1991) e MINTZBERG (1998) com ricas abordagens acerca destes temas. Pode-se, por conseqüência do contato com esses referenciais teóricos, fazer o enquadramento da RB Distribuidora em duas escolas de estratégia, conforme o gerenciamento estratégico adotado pela mesma ao longo de sua história, sendo eles: No período compreendido entre a sua fundação (1979) e o ano de 2001, a RB Distribuidora pertenceu à Escola Empreendedora, onde o processo de formulação de suas estratégias não seguia uma estrutura formalizada e tinha como base a visão empreendedora, a experiência, o conhecimento de mercado e a intuição do seu fundador; e A partir de 2002, passou a pertencer à escola do Planejamento, onde as estratégias passaram a ser o resultado de um processo controlado e consciente de planejamento formal. Com base nos modelos propostos por PORTER (1991) e MINTZBERG (1998), analisou-se o processo de formulação e implementação de estratégias vivido pela RB Distribuidora em 2002, onde foram definidas as suas estratégias de longo prazo e elaborado o planejamento estratégico para aquele ano. Constatou-se que as estratégias definidas pela RB Distribuidora, a partir da sua visão de futuro e do seu posicionamento estratégico, deram o direcionamento para a definição das metas estratégicas da Empresa. Por outro lado, as metas estratégicas foram definidas como forma de garantir a realização das estratégias de longo prazo da Empresa. Observou-se, ainda, que liderança da Empresa evidenciou o entendimento de que a soma dos resultados obtidos em cada meta e a sinergia entre as mesmas garantiriam a efetivação das suas estratégias. 141 Analisando os resultados obtidos pela RB Distribuidora no ano de 2002, constatou-se que suas metas estratégicas tiveram os seguintes níveis de implementação: Meta Estratégica n. 5 – Atender a 20.000 PDV´S - Pontos de Vendas Ativos até dez/2002 foi o que apresentou o melhor índice, com 98,68% de implementação; Meta Estratégica n. 2 - Garantir a Remuneração do Capital em no mínimo 36% até dez/2002, teve o segundo melhor índice, com 75% de implementação; Meta Estratégica n. 4 – Garantir o Custo Operacional Total em no máximo 10% do Faturamento Total no ano de 2002, registrou o terceiro melhor índice de implementação com 60%. Meta Estratégica n.3 – Aumentar o Faturamento das Marcas Próprias para 35% do Faturamento Total até dez/2002, apresentou o quarto melhor índice com 51,43% de implementação; Meta Estratégica n. 1 – Aumentar o Faturamento em 40%até o quarto trimestre, obteve o menor índice de implementação, com 36,45%. Analisando o nível de implementação das ações definidas nos planos táticos para a efetivação de cada meta estratégica, observou-se uma correlação direta entre o nível de implementação das ações dos planos táticos e os resultados obtidos nas metas estratégicas. Por outro lado, no decorrer da implementação das metas estratégicas foram verificadas várias barreiras que dificultaram a consecução dos resultados planejados. O número de barreiras presentes no processo de implementação de cada uma delas, bem como a intensidade com que cada barreira se manifestou, determinou o nível de resultados obtidos nas mesmas. 142 As análises realizadas em relação à implementação das estratégias e do planejamento estratégico da RB Distribuidora evidenciaram a necessidade de um permanente acompanhamento da sua implementação, bem como uma postura da liderança da Empresa em termos de redirecionar as suas estratégias e/ou o seu planejamento estratégico, como decorrência das barreiras e mudanças havidas no cenário dos negócios. Por fim, considerando as análises desenvolvidas neste estudo, pode-se inferir que as estratégias definidas pela RB Distribuidora fixaram a direção a ser seguida pela Empresa, definiram o foco para canalização dos seus esforços e possibilitaram a definição das suas metas. Como conseqüência desse processo, os resultados obtidos pela empresa foram não só influenciados, como direcionados pelas estratégias definidas. Recomendações Face à experiência vivida pela RB Distribuidora no processo de formulação e implementação das suas estratégias e tendo em vista as barreiras enfrentadas, sugere-se a formação de um Comitê de Implantação das estratégias e do planejamento estratégico, como forma de garantir que o gerenciamento estratégico seja efetivado. Esse Comitê de Implantação teria as seguintes atribuições: Realizar a divulgação das estratégias e do planejamento estratégico para todo o público interno da empresa, como forma de conscientizá-los e comprometê-los com o gerenciamento estratégico da empresa; Promover reuniões de acompanhamento das estratégias e do planejamento estratégico, com uma periodicidade definida, como forma de garantir o foco da empresa para o gerenciamento estratégico; Estimular o debate acerca das barreiras encontradas ao longo da implementação; Estimular o ajuste das estratégias e/ou do planejamento estratégico como decorrência das barreiras ou das mudanças do cenário dos negócios.. 143 Este comitê deve ter um representante de cada área da empresa e da diretoria. As pessoas que o integram devem ter facilidade de relacionamento interpessoal e trânsito pela empresa. Por fim, a presença do Comitê de Implantação estimularia os líderes a realizar as quatro fases do gerenciamento (PDCA - planejamento, execução, checagem e ação corretiva), reduzindo os efeitos negativos gerados pelas barreiras e possibilitando maior efetividade na implementação das estratégias e do planejamento estratégico da empresa. Sugestões para pesquisas posteriores Dada a importância do Setor Comércio e do Sub-setor Comércio Atacadista e considerando as dificuldades encontradas por este pesquisador para coleta de dados relativos à Região Nordeste e ao Estado do Ceará, recomenda-se que sejam realizadas pesquisas sobre este Setor e Sub-setor na Região Nordeste e no Estado do Ceará, analisando o desempenho comparado da região e das empresas que atuam nos mesmos. 144 7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, M. et al. Balanço por setores. Revista Gazeta Mercantil – Balanço Anual, São Paulo, n. 22, p. 150, jun. 1998. ALMEIDA, M. et al. Balanço por setores. 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