24 Interbio v.8 n.1 2014 - ISSN 1981-3775 PRESENÇA DE FÁRMACOS NOS RECURSOS HÍDRICOS: UMA REVISÃO PRESENCE OF DRUGS IN WATER RESOURCES: A REVIEW BERNARDI, Rafaella Caroline1; SOUZA, Fabio Régis2 Resumo Junto com o aumento da qualidade de vida, envelhecimento e aumento da população, podemos observar, na mesma proporção, um aumento da complexidade e quantidade de resíduos presentes nos recursos hídricos. Isso se deve basicamente, aos avanços tecnológico e maior acesso a essas tecnologias, como as que se referem ao desenvolvimento e produção de fármacos pela indústria farmacêutica. Esta nova gama de poluentes presentes nos recursos hídricos chega ao meio ambiente, tanto por descarte inadequado, quanto pelos resíduos metabólicos que são eliminados pelas fezes e urina de humanos e animais. Estudos mostram que, a presença destes poluentes provocam inúmeros problemas aos seres vivos, inclusive ao homem, podendo ser a etiologia de diversos tipos de doenças. Atualmente as técnicas de extração de resíduos medicamentosos, em estações de tratamento de esgoto (ETE), ainda se mostram ineficiente, tanto por falta de tecnologia, como pela desestruturação e falta destas instalações no país. Políticas públicas que promovam o uso e descarte adequado pela população, assim como, programas de estruturação do saneamento básico em todo o país e, o incentivo a pesquisas que envolvam novas tecnologias de extração de resíduos medicamentosos, devem ser implantadas a fim de preservar a saúde da população e do meio ambiente. Palavras-chave: Medicamentos; Resíduos; Impacto Ambiental Abstract Along with the increased quality of life, aging and growing population, we observe in the same proportion, an increase of complexity and amount of residues in the water resources. This is due, primarily, to technological advances and increased access to these technologies, such as, those relating to the development and production of drugs by the pharmaceutical industry. This new range of pollutants in water resources, reach the environment, either by improper discard or, by the metabolic wastes eliminated in feces and urine of humans and animals. Studies show that the presence of these pollutants cause many problems to the living beings including man, which may be the etiology of various types of diseases. Currently extraction techniques of drug residues in sewage treatment plants (WWTP), still show inefficient, both because of lack of technology, such as the disruption and lack of such facilities in the country. Public policies that promote the use and proper disposal by the population, as well as sanitation structuring programs throughout the country, and the encouragement of research involving new technologies for extraction of drug residues, should be implemented in order to preserve population health and the environment. Keywords: Drugs; Wastes; Environmental impact 1 2 Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul - UEMS Centro Universitário da Grande Dourados - UNIGRAN BERNARDI, Rafaella Caroline; SOUZA, Fabio Régis 25 Interbio v.8 n.1 2014 - ISSN 1981-3775 Introdução Com o processo de obtenção dos avanços tecnológicos e busca por maior quantidade de recursos para produção de bens de consumo, ouve também uma maior geração de resíduos que hoje se acumulam no ambiente e, entre os meios mais afetados, destacamos os recursos hídricos, do qual a sociedade é indiscutivelmente, dependente. Ao longo do século, os despejos de rejeitos industriais, urbanos e de outras atividades humanas, alteraram drasticamente estes ecossistemas, causando sua contaminação e ameaçando sua integridade (KARR, 1999). Dentre as novas classes de poluentes orgânicos encontradas nos recursos hídricos, ganham destaque os fármacos. Estes medicamentos chegam aos recursos hídricos, quase sempre, a partir de efluentes de estações de tratamento de esgoto (ETEs), causando problemas incalculáveis aos organismos do planeta, tanto pelo consumo, quanto pelo contato indireto com a água, via cadeia alimentar (BILA; DEZOTTI, 2003). O uso de medicamentos é essencial para a conservação da saúde de humanos e animais, porém a facilidade de sua obtenção e também o incentivo da mídia, acabam por gerar um uso descontrolado destes compostos, e consequentemente, o acúmulo destes fármacos nas residências de todo o mundo (FERREIRA et al., 2005). Muitos destes medicamentos estocados acabam perdendo seu prazo de validade e são descartados de forma inadequada, gerando problemas ao meio ambiente e a saúde da população (BILA; DEZOTTI, 2003). Outro grande problema do excesso do consumo de fármacos, é que não somente o descarte inadequado, mas também a sua administração correta pode afetar o meio. Após sua administração, parte deste composto será degradado e absorvido pelo organismo, onde ocorrerá sua ação farmacológica, e outra parte será excretado de forma inalterada ou de metabolito pelas fezes ou urina, onde serão encaminhados para os esgotos aumentando a quantidade de resíduo no ambiente aquático (BOUND; VOULVOULIS, 2005). Estudos revelaram que diversas substâncias presentes nos fármacos são persistentes no ambiente e não são efetivamente removidas pelos tratamentos convenciona nas ETE, isso quando estas estações estão presentes nos municípios. Esta persistência ocorre devido à ação biocida dos medicamentos e pelas estruturas químicas complexas não passíveis de biodegradação destes compostos (RODRIGUES, 2009). Sendo assim, muitos resíduos de drogas farmacêuticas acabam permanecendo e se disseminando pelos recursos hídricos e também para o solo (STUMPF et al., 1999; TERNES et al., 1999). Em todos os países, os riscos dos efeitos adversos em humanos e em animais pela ingestão de água potável contendo resíduos medicamentosos, ou pelo consumo de alimentos contaminados, são negligenciados (KÜMMERER, 2004), sendo que as informações com dados científicos, sobre o impacto ambiental gerado pela disposição direta ou indireta destes fármacos no meio ambiente, são escassas. Algumas pesquisas mostram que dependendo da quantidade e tempo de exposição a estes resíduos, é possível que estes estejam relacionados a diversos tipos de doenças, como exemplo de resíduo, os contraceptivos, que hoje estão sendo associados a doenças como câncer de mama, testículo e próstata, ovários policísticos e redução da fertilidade masculina (FOLMAR et al., 2000; CASTRO, 2002). Sendo assim, esta revisão tem o intuito de levantar informações a respeito da presença de fármacos no ambiente, consumo e forma de entrada de resíduos de medicamentos nos recursos hídricos; categorias de medicamentos residuais e malefícios a saúde humana, animal e ao meio ambiente; extração de fármacos nas estações de tratamento de esgoto; biomonitoramento da presença de fármacos no ambiente; e políticas de controle de BERNARDI, Rafaella Caroline; SOUZA, Fabio Régis 26 Interbio v.8 n.1 2014 - ISSN 1981-3775 descarte e consumo medicamentos. inadequado de Material e Métodos O estudo constituiu de uma revisão de literatura, realizada entre o ano de 2012 e 2013, no qual foi realizada uma consulta a livros e periódicos que cabiam ao tema de pesquisa. Os critérios de inclusão das literaturas levaram em consideração as palavras chaves que incluem a problemática dos resíduos farmacológicos tanto em sua abordagem social como ambiental. A pesquisa procurou envolver desde as primeiras pesquisas que mostram a presença destes compostos no meio, forma da entrada dos medicamentos nos recursos hídricos, números que mostram o aumento do consumo, medicamentos com danos potenciais, formas de extração destes resíduos do ambiente, até o biomonitoramento e leis de controle. Resultados e Discussões Presença de fármacos no ambiente, consumo e formas de entrada de resíduos de medicamentos nos recursos hídricos. O desenvolvimento da indústria farmacêutica, que disponibiliza milhares de substâncias com propósito terapêutico, tanto para humanos quanto para animais, acarretou em um enorme dano ambiental, o qual vem crescendo em atenção e preocupação nas agências controladas do ambiente de inúmeros países (GARRIC et al., 2003). Os primeiros registros que indicavam a presença de fármaco em ambientes aquáticos começaram a ser atentados entre a década de 60 e 70 (MELO et al., 2009), mas foi, principalmente a partir dos anos 90, que os estudos relativos ao monitoramento de medicamentos residuais nos recursos hídricos, tiverem seu aumento acentuadamente. Isso ocorreu, devido a alta freqüência de resíduos farmacológicos em efluentes ETEs e águas superficiais em concentrações na faixa de μg/L e ng/L e em menor quantidade em águas subterrâneas (BILA; DEZOTTI, 2003). Segundo um levantamento realizado em 2008 por uma agência americana de notícias, a Associated Press, a água potável de mais de 41 milhões de pessoas nos Estados Unidos estava contaminada com resíduos de medicamentos. Os exames laboratoriais, relativos às amostras de água, obtiveram em torno de 63 tipos de medicamentos e derivados, pertencentes a diversas categorias de drogas farmacêuticas, como sedativos, calmantes, anticonvulsivantes, ansiolíticos, antibióticos, diuréticos e hormônios. A quantidade de fármacos na sua forma ativa assim como outros produtos de ordem pessoal, que também provocam efeitos negativos ao ambiente e que são produzidos pelas indústrias farmacêuticas, é similar a quantidade de pesticidas utilizados nas lavouras durante o mesmo período (DAUGHTON; TERNES, 1999). Estudos de remoção de fármacos nas ETE brasileiras são escassos. Ternes et al. (1999) e Stumpf et al. (1999) foram os primeiros a mostrarem, através de suas pesquisas, a presença de hormônios, anti-inflamatórios e antilipêmicos nos efluentes de esgoto e águas de rios no país. Nas últimas décadas houve um aumento considerável do uso de medicamentos. Entre 1996 e 2006 ocorreu em todo o mundo um aumento de 25% no consumo de fármacos, sendo que em 2002, mais da metade do seu uso se concentrava nos Estados Unidos (XIA et al, 2005). Segundo Pedroso (2007), o Brasil junto com os Estudos Unidos, França e Alemanha constituem os maiores consumidores de medicamentos do mundo. Os medicamentos, ao serem adquiridos, podem seguir rotas variadas, sendo que estes destinos nem sempre são os mais recomendados. Além de eles serem consumidos, partes destes medicamentos são também, armazenados nas residências, devolvidos a farmácias, hospitais e veterinárias, ou então, descartados, quase sempre de maneira incorreta (RUHOY; DAUGHTON, 2007). A principal rota de BERNARDI, Rafaella Caroline; SOUZA, Fabio Régis 27 Interbio v.8 n.1 2014 - ISSN 1981-3775 entrada de resíduos de farmacológicos, no meio ambiente, é por meio do lançamento direto de material descartado nas redes de esgoto, no entanto, também devem ser considerados os efluentes de indústrias farmacêuticas e efluentes rurais (MELO et al.,2009). Uma forma quase desconhecida de contaminação ocorre com o uso correto do medicamento onde, segundo Mulroy, 50% a 90% da dosagem do fármaco é excretada inalterada por via urinária ou fecal e são encaminhadas aos rios ou ETE, onde se somarão aos resíduos de descarte aumentando ainda mais sua concentração no ambiente. Vários levantamentos realizados em cidades brasileiros mostram um elevado número de armazenamento de fármacos pela população. Em um trabalho realizado por Gasparini et al. (2011) em Catanduvas, São Paulo, mostra que 92,75% dos entrevistados possuíam medicamentos em casa. Bueno et al. (2009) também relataram este alto índice em um levantamento feito no município de Ijuí, Rio Grande do Sul, onde 91,59% possuíam pelo menos um medicamento em casa. Outro estudo realizado em Umuarama, Paraná, revela que 83,2% dos entrevistados também seguiam este padrão, sendo que 21% possuíam 10 ou mais diferentes medicamentos armazenados em casa (FANHANI et al., 2006). Estes valores refletem o hábito do consumo de medicamentos que na maioria das vezes ocorre sem prescrição médica e quase sempre, movidos por indicações de pessoas não especializadas, além do estimulo de propagandas. Nos EUA, por exemplo, estima-se que 50% do uso de antibióticos sejam desnecessários, sendo que o gasto total, por ano, no país ultrapassa a margem de 10 bilhões de dólares (WANNMACHER, 2004). Segundo Schenkel et al. (2005) na cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 54% dos medicamentos estocados nas residências não estão em uso, sendo que 55,2% foram adquiridos sem prescrição médica. Em todo o Brasil é estimado que cerca de 20% dos medicamentos sejam lançados na rede de esgotamento sanitário ou no lixo doméstico sem serem utilizados (SERAFIN et al., 2007). É importante ressaltar, que no Brasil, a presença de fármaco nos recursos hídricos, se deve basicamente devido, à desestruturação e escassez de redes sanitária de tratamento de esgoto (RODRIGUES, 2009). Segundo dados do IBGE (2008), somente 52,2% dos municípios brasileiros possuem serviço de coleta de esgoto e mesmo entre estas cidades, apenas 33,5% dos domicílios são atendidos por rede geral de esgoto. Segundo Fagundes (2003) para cada dólar gasto em saneamento no país, seriam economizados cem dólares na saúde pública. De acordo com especialistas, o Brasil necessita entorno de 142,4 bilhões de reais para sanar os déficits em coleta e tratamento de esgoto (SAMPAIO, 2005). Categorias de medicamentos residuais e malefícios a saúde humana, animal e ao meio ambiente. Um fator importante acerca da exposição ambiental por fármacos, é que estes são planejados de forma que apresentem uma boa estabilidade ou meia vida prolongada. Tal característica, somada a outras propriedades físico-químicas conferem a estes compostos, uma elevada tendência à bioacumulação, tornando a biota mais suscetível aos impactos destes compostos. Em torno de 30% de todos os fármacos produzidos são lipofílicos, sedimentando-se nos meio aquáticos ou transferindo-se para fase biótica (SORENSEN et al., 1998), mas é preciso esclarecer que nem todos os medicamentos são capazes de serem persistentes e acumuladores (DAUGHTON; TERNES, 1999). Alguns fármacos que possuem meiavida curta são passíveis de causar danos com sua exposição crônica nos casos em que sua introdução é continua no ambiente (BILA; DEZOTTI, 2003). Entre as classes mais impactantes de fármacos encontramos estão: os antibióticos, onde 76,6% apresentam inerente risco ambiental; os hormônios com 73,6% de BERNARDI, Rafaella Caroline; SOUZA, Fabio Régis 28 Interbio v.8 n.1 2014 - ISSN 1981-3775 medicamentos impactantes; e os antidepressivos com 69,4% (BOUND et al., 2005). Os impactos ambientais mais preocupantes, que estão associados aos resíduos medicamentosos são: a genotoxicidade (GIL; MATHIAS, 2005), que está ligada a capacidade que algumas substâncias químicas possuem em apresentar alterações genéticas em organismos a elas expostos (RODRIGUES, 2008); e o desenvolvimento da resistência por pressão seletiva de bactérias, exercidas pela ação de antibióticos, sendo a penicilina o grupo mais comum (BERGER et al., 1986). Os antibióticos têm sido amplamente discutidos no meio científico, porque além de provocarem o desenvolvimento da resistência, são usados em grandes quantidades tanto em humanos, quanto na medicina veterinária, para o crescimento do gado, na aquicultura e produção avícola e suína (RABOLLE et al., 2000; INGERSLEV et al., 2001). A ocorrência destes resíduos químicos com capacidade de causar dano ao DNA é considerada alta, tornando-se uma ameaça à saúde pública e de todo o ecossistema (JOBLING et al., 1998). Alguns grupos de resíduos de medicamentos também podem apresentar reações carcinogênicas ao serem consumidas via água potável, em grandes concentrações (RODRIGUES, 2009), mas em alguns casos algumas substâncias podem apresentar toxidade na ordem de nanogramas (MANDAL et al., 2002). Entre os principais exemplos das categorias que são encontradas no meio ambiente estão: • Os analgésicos e anti-inflamatórios que compõem o grupo de compostos farmacêuticos mais vendidos no mundo, sedo produzidos milhares de toneladas todos os anos. Entre seus exemplares mais frequentemente detectáveis no ambiente, estão o paracetamol, ácido acetilsalicílico, diclofenaco, cetoprofeno, ibuprofeno e indometacina (CLEUVERS, 2004). Ternes (1999) relatou em seu estudo concentração acima de 1 g/L de alguns anti-inflamatórios em ETEs. Trabalhos realizados com a toxidade do diclofenaco no ambiente mostram que este composto pode apresentar efeitos mutagênicos sobre microorganismos (BERGER et al., 1986), outro estudo realizado por Triebskorn et al. (2004), mostra que o diclofenaco possui alterações degenerativas das células epiteliais respiratórias e interferem também nas funções respiratórias normais em trutas arco-íris. Hong et al. (2007) relatou em seu trabalho efeitos toxicológicos e carcinogênico em uma espécie de peixe exposta a este mesmo anti-inflamatório. • Os antidepressivos são usados desde a década de 50 e possuem a capacidade de aumentar a concentração de neurotransmissores na fenda sináptica (BEZCHLIBNYK-BUTLER et al., 1999). No Brasil entre 2007 e 2010 os ansiolíticos Clonazepam, Bromazepan e Alprazolam foram às três primeiras posições, respectivamente, dos remédios controlados mais consumidos no país, sendo comercializadas 10 milhões de caixas somente do primeiro desta lista (PORTAL BRASIL, 2012). Um trabalho realizado por Schultz et al. (2008), demonstrou uma presença significativa de fluoxetina, sertralina e norsertralina em vários tecidos de populações de peixes, sendo encontrados efeitos negativos em todo sistemas fisiológicas das três espécies analisadas. • Os Antiepiléticos tem como maior representante a Carbamazepina, que atua bloqueando os canais de sódio (LAGES, 2011). Em um estudo publicado em 2005, foram mostrados efeitos crônicos significativos, em uma espécie de invertebrado aquático exposto a este antiepilético, como o bloqueio de fase de pupa e de emergência em Chironomus riparius (OETKEN et al.,2005). • Os medicamentos utilizados em patologias cardiovasculares, como o ácido clofíbrico, um antidislipidémico, foi um dos primeiros compostos a ser encontrado como um resíduo de medicamento presente em afluentes de ETEs, bem como em águas subterrâneas. Este composto ainda continua BERNARDI, Rafaella Caroline; SOUZA, Fabio Régis 29 Interbio v.8 n.1 2014 - ISSN 1981-3775 sendo um dos fármacos mais monitorados, já que é considerado o maior contaminante farmacêutico presente nos recursos hídricos (TAUXE-WUERSCH et al., 2005). Um estudo realizado em 2005 mostrou efeitos de malformações em crustáceos expostos a este antidislipidémico sendo que misturados a fluoxetina, um antidepressivo, estes animais morreram 6 dias após a exposição (FLAHERTY et al., 2005). • Os Hormônios, como o estradiol, tiveram sua utilização acentuada a partir da década de 70 e consequentemente sua concentração nos recursos hídricos aumentou na mesma proporção. Algumas evidências vem mostrando que os sistemas reprodutivos de várias espécies terrestres e aquáticas são afetados por estrogênios, resultando no desenvolvimento de anormalidades e redução da viabilidade reprodutiva nos organismos expostos (ALLEN et al.,1999; HUTCHINSON, 2002). Consequentemente, numerosos testes e biomarcadores têm sido desenvolvidos para detectar a atividade estrogênica dessas substâncias. Segundo Reis Filho et al (2006), os estrógenos também recebem uma grande atenção por serem compostos extremamente presentes, em relação ao levantamento da à etiologia de vários tipos de cânceres. Segundo um trabalho realizado em 1998 por Jobling et al. foi observado que o estradiol, em altas concentrações, provoca a feminização de algumas espécies de peixes. • Os diuréticos como a furosemida, um dos mais consumidos no mundo, se mostrou potencialmente mutagênico para organismos aquáticos (ISIDORI et al., 2005). Extração de fármacos nas estações de tratamento de esgoto Para a obtenção de um efluente de ETE adequado, existem diversas metodologias de extração de resíduos persistentes, mas mesmo contando com esta variedade de métodos, até as mais modernas ETE ainda não possuímos tecnologia com processos de tratamento capazes de degradar ou eliminar completamente estes resíduos, principalmente os que apresentam alta solubilidade em água ou são pouco degradáveis, como é o caso dos fármacos polares (BILA et al., 2003; GHISELLI et al., 2005; PETROVIC et al., 2007). Entre as técnicas de extração de resíduos persistentes em ETE estão: a Lama ativada, que é um processo biológico que ocorre a partir de um grupo de microorganismos que age na presença de oxigênio, sendo este garantido de maneira artificial mantendo assim as condições aeróbicas para oxidação da matéria orgânica pelas bactérias (RADJENOVIC et al.,2007); a Ozonização, um agente oxidante extremamente forte (KLAVARIOTI et al., 2009), que age a partir de ozono (O3), atuando em compostos sensíveis a oxidação e é utilizada na desinfecção para o controle de odores e também na remoção de compostos orgânicos solúveis refratários (DAUGHTON; TERNES, 1999); os Processos Avançados de Oxidação, que podem ocorre por diferentes processos como, UV, UV/H2O2, Processo de Fenton, Foto-Fenton e Fotocatálise, tendo como finalidade a geração de oxidantes não específicos, altamente reativos e capazes de destruir uma vasta gama de poluentes nas águas residuária; o Carvão Ativado que é um material poroso, utilizado como um adsorvente dos compostos químicos nocivos nas ETEs, sendo que este método consegue remover uma vasta gama de contaminantes residuais de afluentes urbanos e industriais, além de também ser utilizado como purificador de ar ou gás; Os Biorreatores de Membrana que utilizam um biorreator e um sistema de microfiltração podendo estar integrada ao processo de lama ativada; além de outros processos como Microfiltração, Ultrafiltração, Nanofiltração, Osmose Inversa, Leitos Percoladores e Leitos de Macrófitas (LAGES, 2011). Devido seu alto consumo e consequente, alta presença residuária nos recursos hídricos, os fármacos do grupo dos analgésicos e anti-inflamatórios merecem destaque, e podem servir de exemplo em BERNARDI, Rafaella Caroline; SOUZA, Fabio Régis 30 Interbio v.8 n.1 2014 - ISSN 1981-3775 relação à eficácia dos métodos de extração do seu resíduo em ETEs. A taxa de remoção destes compostos, em ETEs, cifra em torno de 17% (HEBERER, 2002), mas podem chegar a quase 100% com o uso de tecnologias mais sofisticadas e consequentemente muito mais caras (CUNHA et al., 2007). Entre as metodologias mais comuns para extração de analgésicos e anti-inflamatórios em ETE estão: os Biorreatores de Membrana com eficácia em torno de 23 a 30% (QUINTANA et al., 2005); o processo de Lama Ativada, junto ao tratamento químico com FeCl3 que conseguem eliminar de 10 a 20% dos resíduos (TAUXE-WUERSCH et al., 2005); o Tratamento Químico para Remoção de Fósforo atrelada a Lama Ativada, que tem sua remoção máxima em torno de 9 a 60% (LINDQVIST et al., 2005); e o Método de Leito percolador com Lama Ativada que podem retirar até 71% do fármaco presentes nos afluentes (ROBERTS; THOMAS, 2005). Segundo Cunha et al. (2007) um método que garante a remoção total do diclofenaco, como já citado como um dos principais exemplares de anti-inflamatórios, é através de processos de oxidação mais modernos, como o método do Foto-Fenton que degrada uma grande variedade de compostos orgânicos levando até a completa mineralização. Biomonitoramento da presença de fármacos no ambiente Quando se trata de bioindicadores da qualidade da água, verifica-se que a grande gama de espécies de macroinvertebrados aquáticos são frequentemente usadas como indicadores da presença de resíduos no ambiente, característica que permitindo a detecção e avaliação de impactos nos ecossistemas (MORENO; CALLISTO 2006). O emprego do uso da bioindicação inclui diferentes níveis de organização biológica, sendo assim, permite o conhecimento sobre a que nível o poluente interage com a espécie e também a que nível este organismo é mais sensível à ação do composto. Os resultados de pesquisas com biomonitoramento são altamente colaborativas no desenho de estratégias mais eficientes que permitam recuperar a biodiversidade dos ecossistemas afetados. A implementação do uso de organismos que auxiliem na avaliação de impactos ambientais podem garantir um conhecimento mais direcionado sobre o agente estressor, já que o bioindicador permite estabelecer o efeito toxicológicos real que a contaminação exerce sobre este. Esta característica permite a produção de dados confiáveis que possibilitarão a implementação de medidas adequadas à proteção e recuperação do meio ambiente (ARIAS et al., 2007). Alguns trabalhos com o uso da bioindicação vêm trazendo valiosas informações com organismos que podem ser utilizados como indicadores da presença dos fármacos. Dentre estes organismos destacam-se microalgas, microscrustáceos, equinoides, poliquetas, oligoquetas, peixes e bactérias, representando os mais diversos ecossistemas e níveis tróficos (MAGALHÃES; FERRÃO FILHO, 2008). Thompson et al. (2000), mostrou que a feminilização de peixes da espécie Oryzia latipes, Morone saxatalis, Morone Chrysops e Ictalurus puntatus ocorre devido a presença do hormônio estradiol, sendo assim, estes servem com indicadores da presença deste composto nos recursos hídricos. Bactérias nitrificantes e outros micro-organismos heterotróficos podem ser utilizados como bioindicadores da presença de estrógeno esteróides, já que o aumento da presença destes organismos heterotróficos, que atuam na degradação destes compostos, podem indicar a presença deste composto (Koh et al., 2008). A Vitelogenina, uma proteína que desempenha um papel crucial no sistema reprodutor de vertebrados ovíparos fêmeas (ZERULLA, 2002), tem sido usada com frequência como marcador para determinação da atividade estrogênica na presença de fármacos (SCHMID et al. 2002; BERNARDI, Rafaella Caroline; SOUZA, Fabio Régis 31 Interbio v.8 n.1 2014 - ISSN 1981-3775 PANTER et al. 1998). Já que a Vitelogenina, que está presente em machos de forma não expressiva devido a baixa concentração, passa a ter sua concentração aumentada no organismo macho ao serem expostos a substancias com atividade estrogênica (JONHSON et al., 2000; ZERULLA et al., 2002). Políticas de controle de descarte e consumo inadequado de medicamentos Segundo o grau de periculosidade que oferece aos profissionais da saúde, à população e ao meio ambiente, de acordo com a Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA n05, de 5 de agosto de 1993, artigo 3º, os resíduos de fármacos encontram-se no Grupo B. Sendo que estão dentro deste grupo, todos os resíduos químicos que geram prejuízos ao ambiente, causando contaminação da água e solo (MELO et al., 2010). A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e o Ministério do Meio Ambiente, a partir dos problemas relacionados ao descarte de resíduos de medicamentos, promovem políticas públicas e ações que controlam as ações dos geradores destes resíduos, para que os mesmos deem seu destino adequado, a fim de preservar a saúde pública e ambiental (FALQUETTO et al., 2006). Infelizmente, apesar de existirem tais resoluções sobre o gerenciamento dos resíduos da saúde, as mesmas não abrangem a disposição final de sobras de medicamentos gerados nos domicílios, ocorrendo ações isoladas somente em alguns municípios brasileiros, isso por partir-se do pressuposto que a população segue de forma correta as recomendações médicas ao realizar tratamento medicamentoso, e com isso não haver sobras de fármacos (KORB; GELLER, 2009). Em países como México, Colômbia, Portugal e Canada existem programas para recolhimento de fármacos vencidos, alguns há pouco tempo inicializados. Estas experiências podem colaborar para que o Brasil defina diretrizes para um programa nacional de recolhimento de medicamentos para descarte (FALQUETTO; KLIGERMAN, 2011). A fim de reduzir a quantidade de medicamentos a serem descartados e consumidos de forma errada evitando intoxicações, foi elaborada, pela ANVISA (2005), uma Resolução (RDC, N135) com condições técnicas e operacionais, que permitem a venda de remédio fracionado pelas farmácias conforme a quantidade recomendada pelo médico. Infelizmente esta resolução ainda não se tornou uma realidade praticada no país. Outros países, como os Estados Unidos e a Espanha, já evidenciam a eficácia desta determinação, portanto mostram que é possível e essencial para redução dos resíduos medicamentoso, concretizar esta resolução (FALQUETTO; KLIGERMAN, 2011). A ANVISA (2008) realizou entre 2006 e 2008, como a comunidade escolar, trabalhos que envolvem o uso consciente de medicamentos, enfocando basicamente na automedicação e problemas como a intoxicação. Trabalhos envolvendo conscientização pública, referentes aos resíduos de descarte e a conscientização para redução do uso desnecessário de fármacos evitando mais resíduos de metabolitos, a fim de preservar a saúde ambiental e humana, são escassos. No país, os critérios para determinar a potabilidade da água são normatizados pela portaria 2.914 do Ministério da Saúde (2011). A determinação, que é alterada com as novas recomendações a cada 5 anos, prevê diversas normas que as distribuidoras de água de todo Brasil devem seguir, como os padrões de acidez, radioatividade, percentual de bactérias, além de definir a quantidade limite de algumas substâncias inorgânicas como cobre, chumbo e mercúrio. Apesar de tantas determinações ainda não há limites estipulados para a quantidade de fármaco limite para a água ser considerada potável. Conclusão BERNARDI, Rafaella Caroline; SOUZA, Fabio Régis 32 Interbio v.8 n.1 2014 - ISSN 1981-3775 É incontestável o alto potencial dos riscos envolvido no manejo dos fármacos, sendo assim, a relevância de programas de gerenciamento de resíduos medicamentosos, como o uso de um sistema de tratamento suficientemente eficazes na remoção de resíduos nas ETE, assim como, campanhas de conscientização que reduzam o consumo de fármaco e a exigência da venda fracionada dos medicamentos para a redução de sobras, são imensuráveis. Também são necessárias medidas de recolhimento de medicamentos vencidos ou danificados em posse da população, além da promoção da conscientização do descarte adequado dos fármacos, a fim de, evitar o comprometimento da integridade do ambiente e da saúde de todos os organismos que dela dependem. Outro ponto fundamental é o direcionamento de verbas públicas e privadas para pesquisas focadas em engenharia hidráulica, química e ambiental com o objetivo de promover pesquisas aplicadas para obtenção de tecnologias de detecção e remoção destes fármacos. Referência Bibliográfica ALLEN, V.; MATTHIESSEN, P.; SCOTT, A. P.; HAWORTH, S.; FEIST, S.; THAIN, J. E. The extent of oestrogenic contamination in the UK estuarine and marine environments--further surveys of flounder. Journals of Science of the Total Environment, v. 233, p. 5-20, ago. 1999. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº 135, de 18 de maio de 2005. Estabelece os critérios que devem ser obedecidos para o fracionamento de medicamentos a partir da sua embalagem original para fracionáveis, de forma a preservar a embalagem primária fracionada, os dados de identificação e as características asseguradas na sua forma original. Diário Oficial da União, ANVISA, 2005. 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