PPGCOM ESPM // SÃO PAULO // COMUNICON 2014 (8 a 10 de outubro 2014)
O papel das Relações Públicas na comunicação integrada: estudo de
caso da marca Alemanha na copa do Brasil
Cândice da S. Quincoses
Universidade Metodista - UMESP
Resumo
As diversas mudanças tecnológicas num mercado altamente competitivo e exigente faz com
que as organizações fiquem mais preocupadas com suas marcas, revendo seus conceitos e
estreitando seu relacionamento com os públicos. Neste novo cenário organizacional, com
públicos que constroem e desconstroem as marcas e suas imagens corporativas, apenas com
ações de comunicação integrada eficazes é que se consegue estabelecer um relacionamento
sólido e duradouro com os públicos, focando na estrutura organizacional e nos pilares que
compõem a identidade, imagem e reputação para alcançar um bom desempenho dos negócios.
Pretende-se por meio de um estudo de caso analisar a reconstrução da imagem institucional
da marca Alemanha na copa do Brasil de 2014.
Palavras-chave: Relações Públicas; Comunicação Integrada; Públicos; Imagem;
Alemanha
Introdução:
O presente trabalho propõe uma reflexão sobre os novos desafios da
comunicação na sociedade contemporânea que vivencia diversas mudanças devido ao
avanço das novas tecnologias que proporcionam aos públicos o fácil acesso à
informação, e este cada vez mais exige das organizações que elas mantenham uma
política pautada em princípios éticos, com valores próprios, construindo uma
identidade sólida para a marca alinhada a transparência das relações internas e
externas.
Os públicos que antigamente não contestavam as organizações, hoje são
conscientes de seus direitos e estão sempre atentos as práticas da marca, isso ocorre
devido a alta demanda de produtos e serviços. Quando insatisfeitos com a marca
simplesmente deixam de consumir seus produtos.
Com este cenário passa a existir a necessidade de uma comunicação integrada
que bem delineada torna-se uma filosofia essencial para criação de estratégias de
relacionamento entre a organização e os públicos de interesse. Essa ideia vai ao
encontro de Kunsch (2003, p.72). “É preciso levar em conta os aspectos relacionais,
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os contextos, os condicionamentos internos e externos, bem como a complexidade
que permeia todo o processo comunicativo”.
Seguindo esta ideia busca-se abordar o papel das Relações Públicas (RRPP) e
a importância da comunicação integrada, no seu sentido mais abrangente que
incorpora ações estratégicas no plano de comunicação, como um composto de
comunicação que agrega valor a imagem organizacional e a consolida
institucionalmente e mercadologicamente.
Nesta pesquisa será feita uma análise do case da marca Alemanha que durante
a copa do mundo no Brasil apresentou as práticas das Relações Públicas e reconstruiu
a sua imagem para a sociedade brasileira, atuando de forma estratégica no
relacionamento com os públicos e consolidando a marca.
Afinal, o que é Comunicação Integrada?
A
importância
da
comunicação
organizacional
foi
destacada
pela
multinacional francesa Rhodia, em 1985, quando ela percebeu que havia uma
necessidade de criar um plano de comunicação fundamentado em princípios
norteadores para a organização.
A comunicação organizacional é um processo dinâmico mediante o qual as
organizações se relacionam com o meio e as subpartes e se conectam entre si. Ela
pode ser vista como fluxo de mensagens dentro de uma rede de relações
interdependentes e deve ter programas de comunicação voltados a todos os públicos.
Dentro das organizações a comunicação se dá através dos diferentes grupos de
pessoas que desenvolvem distintas atividades de forma que ambos trocam
informações, ideias e participam das práticas organizacionais.
Kunsch (2003, p. 149) afirma que:
A comunicação organizacional, como objeto de pesquisa, é a disciplina que
estuda como se processa o fenômeno organizacional dentro das organizações
no âmbito da sociedade global. Ela analisa o sistema, o funcionamento e o
processo de comunicação entre a organização e seus diversos públicos
organizacionais.
O homem é um ser social e vive numa sociedade composta por diferentes
organizações, nas quais ingressa ou por necessidade ou por vontade própria, em busca
de ganhos ou satisfação pessoal. As organizações são compostas por pessoas que se
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comunicam entre si, elas reproduzem o processo da comunicação humana e se
relacionam entre si por intermédio dos seus integrantes.
Neste contexto, Nassar (2008, p.73) destaca que:
A comunicação organizacional se mostra como um campo de conhecimento,
cada dia mais abrangente, que tem uma forte intersecção entre o objeto de
estudo da teoria das organizações, as organizações em geral e a teoria da
comunicação humana. Neste contexto, a comunicação organizacional é um
metassistema social e tecnológico – que tem como objeto de estudo os
processos comunicacionais, no âmbito das empresas e das instituições, suas
redes de relacionamento e sociedade [...]
No século anterior, o trabalho nas organizações se definia como uma atividade
mecânica, operada por máquinas, que segundo Marx (1982) eram atividades
“alienadas” em que o empregado não participava dos processos da organização, nem
da produção das ações, mas sim as executava. Com o passar dos anos surgiu outro
perfil de público, dotado de inteligência, conhecimento e bastante crítico.
O novo cenário provocou mudanças na comunicação das organizações, tanto a
comunicação interna quanto a externa, tornando-a mais estratégica. Dentro das
organizações os funcionários passaram a integrar as ações da organização e exigem
que o ambiente de trabalho seja de harmonia e de crescimento pessoal, eles devem
estar por dentro dos objetivos da organização para assim se sentirem motivados e
valorizados.
Na comunicação organizacional Grunig (1992) desenvolveu o modelo de
relações públicas, “comunicação simétrica de mão dupla”, que enfatiza e valoriza a
troca de informações entre as organizações e seus públicos, sendo as Relações
Públicas o canal de troca dessas informações.
Seguindo esta ideia Grunig (2009) destaca que as Relações Públicas
desempenham função estratégica no gerenciamento da comunicação, construindo
relações sólidas com os públicos de interesse– funcionários, clientes, mídia,
comunidade, e outros.
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Quando a comunicação nas organizações é mais estratégica, ela cria
diferenciais competitivos que consolidam a marca no mercado e alcançam o público
externo.
A autora Kunsch (2003, p. 103) cita as atividades das relações públicas nas
organizações como função estratégica, que “significa ajudar as organizações a se
posicionar perante a sociedade, demonstrando qual é a razão de ser do seu
empreendimento, [...] bem como definir uma identidade própria e como querem ser
vistas no futuro”.
Seguindo esta visão ela destaca que para as organizações se manterem com
uma imagem positiva diante dos seus públicos é preciso que tenham missão, valores,
metas e conceitos bem definidos. A gestão dessas atividades acontece por intermédio
da comunicação que utiliza a informação para legitimar as ações organizacionais. Isto
divulgado internamente consolida a cultura e proporciona benefícios para a
organização. Ainda sob a abordagem da imagem das organizações a autora afirma
que a união da missão, visão, valores, metas formam um instrumento de grande
importância para as ações da empresa e definem como ela é percebida pelos públicos.
Ianhez, (2006, p.185) ressalta ainda que: “Toda essa estrutura de valores,
missão e metas e a definição estratégica do conceito organizacional devem ser
integrados de forma adequada, pelo profissional de relações públicas, para estruturar
mensagens preferenciais”. Mantendo este pensamento se busca através das Relações
Públicas alinhar o discurso a ser transmitido aos públicos e criar formas de
comunicação que possam promover a organização e atingir os públicos de interesse.
Kunsch (2003) divide a comunicação organizacional em quatro tipologias,
denominando-as de: comunicação interna, comunicação mercadológica, comunicação
institucional e comunicação administrativa. Para a autora são essas formas que
permitem a organização se relacionar com seus públicos e com a sociedade em geral,
formando o composto da comunicação integrada. Devem ser analisadas de forma
integrada, formando assim a comunicação organizacional.
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A comunicação integrada é mais conhecida como um mix, já que ela faz uma
conexão entre a comunicação mercadológica, administrativa, interna e institucional.
Na visão da autora, deve haver entre esses quatro tipos de comunicação uma
harmonia, ou seja, devem estar conectadas porque só assim desenvolverão as
demandas da empresa.
Cada um dos quatro tipos de comunicação - mercadológica, administrativa,
interna e institucional compõe uma área da organização, utilizando linguagens e
instrumentos específicos para atingir seus objetivos na comunicação organizacional,
visando manter a identidade da organização como um todo e alcançar os públicos de
interesse.
Portanto, entender a importância dos relacionamentos com os públicos como
estratégia para gerar negócios, passa a ser essencial na estruturação da comunicação
organizacional.
A Comunicação Administrativa:
Entende-se por comunicação administrativa que é o estudo de forma
administrativa da comunicação das organizações, ou seja, oportuniza o procedimento
organizacional por meio da conjunção de fluxos e redes de processos de comunicação.
Kunsch (2003, p. 153) destaca: “Administrar uma organização consiste em planejar,
coordenar, dirigir e controlar seus recursos, de maneira que se obtenham alta
produtividade, baixo custo e o maior lucro ou resultado, por meio da aplicação de um
conjunto de métodos e técnica”.
Quando se fala em comunicação administrativa logo se pensa no planejamento
das ações a serem realizadas e na forma como a organização alcançará o máximo de
capital com baixos custos. Com isso percebe-se a importância da comunicação na
consolidação dos lucros, tornando-se imprescindível a organização dos fluxos de
informação para que a organização consiga se manter no mercado e crescer cada vez
mais, deixando equilibrados os gastos.
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Sendo assim a comunicação administrativa é um dos pilares que fundamenta
as ações da organização, através da hierarquia de seus membros. A comunicação
administrativa proporciona a gerência de todas as atividades burocráticas da empresa.
Ela tem por objetivo manter o foco da produtividade, visando sempre um maior
capital.
Dessa forma se pode ter uma visão de que a comunicação administrativa
organiza as ações da empresa baseada num planejamento estratégico voltada para as
suas funções e atividades.
A Comunicação Interna:
Antigamente as empresas se preocupavam em captar cada vez mais clientes e
lucros e acabavam se esquecendo de analisar se a empresa estava fazendo um bom
atendimento, se seus colaboradores estavam com as ferramentas necessárias de
trabalho, enfim se encontravam satisfeitos e motivados a desenvolver suas atividades
dentro da empresa.
Com o avanço tecnológico as organizações começaram a sentir a necessidade
de estabelecer uma boa relação entre seus colaboradores. Na medida em que as
organizações se deram por conta que quem vende os produtos e a imagem da empresa
são seus públicos internos passaram a investir mais neles, por outro lado, infelizmente
este processo ainda tem sido demorado e muitas organizações concentram poderes
apenas em suas lideranças.
Kunsch (2003, p.159-60) deixa clara a importância da comunicação interna,
quando se refere à troca de informação indispensável para se alcançar objetivos: “[...]
reside, sobretudo nas possibilidades que ela oferece de estímulo ao diálogo e à troca
de informações entre a gestão executiva e a base operacional, na busca da qualidade
total dos produtos ou serviços e do cumprimento de qualquer missão de qualquer
organização”.
Hoje as empresas estão investindo em seus colaboradores através de
treinamento, metas, bonificações, entre outras. Os clientes não querem mais chegar à
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organização e comprar um produto. Eles querem saber tudo sobre a organização qual
sua filosofia, sua missão, seus valores e seus objetivos. Com isso cabe às
organizações estabelecerem diferenciais competitivos que integrem os clientes a
organização.
Entre os objetivos da comunicação interna destacam-se: engajar os
colaboradores, ter funcionários motivados trabalhando com paixão, empenhados com
os objetivos da empresa e capazes de ir além, diminuindo o distanciamento entre
organização, liderança e funcionários.
Seguindo esta ideia Bueno:
A Comunicação Interna, que se pretende incorporada a uma gestão em que
vigora a autêntica governança corporativa (diferente dessa que está aí e que
nada vê além do “management”), precisa estar respaldada no humanismo, no
conhecimento do outro e no respeito às suas demandas e expectativas. Não
pode estar condicionada a uma proposta que só tem olhos para os lucros, para
o aumento da receita [...]
A comunicação interna busca atender as necessidades dos funcionários da
organização, ou seja, todos os públicos que contribuem para o desenvolvimento da
mesma, sendo norteada para uma relação humana. Ela trabalha no benefício dos seus
públicos, proporcionando um clima de satisfação nas empresas e visando acima de
tudo à harmonia organizacional possibilitando uma maior integração e interação entre
todos.
Comunicação Mercadológica
Já a comunicação mercadológica busca atender todos os objetivos
mercadológicos de comunicação da organização. É feita através do marketing, ou
seja, da divulgação dos produtos ou serviços oferecidos pela organização. A
divulgação ocorre através das campanhas publicitárias, eventos, promoção de vendas
de produtos ou serviços.
Por esta linha de pensamentos Kunsch (2003; p. 162) coloca que: “[...] A
propaganda, a promoção de vendas e todas as outras ferramentas que compõem o mix
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da comunicação de marketing têm de ser abastecidas com informações colhidas com
pesquisas de mercado e do produto, que normalmente estão a cargo do departamento
ou setor de marketing das organizações”.
No campo da comunicação Galindo (1986, p. 37) destaca que a comunicação
mercadológica engloba:
[...] a comunicação mercadológica seria a produção simbólica resultante do
plano mercadológico de uma empresa, constituindo-se em uma mensagem
persuasiva elaborada a partir do quadro sociocultural do consumidor alvo e
dos canais que lhe servem de acesso, utilizando-se das mais variadas formas
para atingir os objetivos sistematizados no plano.
A comunicação mercadológica se encarrega de todas as manifestações
simbólicas, que compõem um plano de ações mercadológicas com formas de
comunicação bem definidas, persuasivas para atingir e conquistar os públicos de
interesse.
Já para Kotler (2000) o processo de desenvolvimento da comunicação
mercadológica engloba a definição do público que pretende se alcançar, pois somente
desta forma se conseguirá criar uma ação de marketing do que fazer, como, quando e
para quem, isso só será possível quando o público estiver definido.
Com isso compete à comunicação mercadológica oferecer recursos de
marketing para atender as necessidades dos públicos e da organização. A
comunicação mercadológica deve ser persuasiva na medida em que pretende captar
clientes, mas também deve estabelecer relacionamento e diálogo com os públicos de
interesse.
A comunicação de mercado está evoluindo porque hoje através do
profissional de Relações Públicas são realizadas pesquisas que buscam saber quais as
necessidades dos públicos, logo o profissional de Publicidade e Propaganda cria
estratégias de acordo com os interesses dos clientes. É importante ressaltar que hoje
os clientes não compram somente o produto, mas compram os conceitos e práticas da
organização também.
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A Comunicação Institucional
A comunicação institucional é a responsável pela criação de conceitos para os
seus públicos. Neste âmbito o profissional de Relações Públicas utiliza de estratégias
para desenvolver uma identidade para a empresa, criando assim a missão, visão,
valores e objetivos. Formando um conceito de identidade forte, para que assim a
imagem perante seus públicos seja aquela que pretende transmitir.
A comunicação institucional é algo planejado, bem elaborado, ela deve ser
feita por um profissional de Relações Públicas que conheça a organização e só assim
possa através de um plano estruturado criar conceitos, estabelecer valores, criar sua
missão e definir os objetivos para a organização.
Na visão de Kunsch (2003, p. 164) “A comunicação institucional está
intrinsecamente ligada aos aspectos corporativos institucionais que explicitam o lado
público das organizações, constrói uma personalidade creditiva organizacional [...]”.
No contexto atual das organizações é necessário estar atento aos fatores
externos, ou seja, analisar o macroambiente no qual ela está inserida e após isso criar
condições para a construção da sua identidade.
Para Rego (1986, p. 183-4): “A comunicação institucional objetiva conquistar
simpatia, credibilidade e confiança, realizando como meta finalista, a influência
político-social”; utiliza para tanto “estratégias de relações públicas, tanto no campo
empresarial como no governamental, de imprensa, publicidade, até as técnicas e
práticas do lobby”. As estratégias citadas pelo autor englobam ações de comunicação
específicas para cada público de interesse.
No que se refere às relações com a assessoria de imprensa cabe as Relações
Públicas despertar o interesse dos públicos, divulgar a organização e fortalecer a
marca. Seguindo esta ideia Eduarte (2006, p. 111) destaca: “O papel da assessoria de
imprensa será tanto de falar temas de caráter institucional, fortalecendo a plataforma
de conceito que os consumidores têm da empresa e de seus produtos, quanto o de
complementar os esforços da propaganda [...]”
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Os
tipos
de
comunicação
abordados
representam
a
comunicação
organizacional de Kunsch (2003) que desenvolve a ideia de que essas quatro
modalidades quando interagem entre si, a fim de potencializar resultados,
denominam-se a comunicação integrada. Quando as quatro formas de comunicação
atuam de forma integrada, participando do mesmo processo, a organização só tem a
ganhar e os públicos também. Cabem as Relações Públicas neste processo: criar,
manter e estabelecer relacionamentos pautados na compreensão mútua entre a
organização e os públicos de interesse.
A comunicação integrada deve ser percebida como uma filosofia de vida das
organizações, aliada a sua missão, princípios e visão, deve ser responsável por
direcionar suas ações, procedimentos e decisões.
Para que a organização alcance os seus objetivos e a comunicação seja eficaz
não devem isolar este composto, pois são esses meios que propiciam a organização se
relacionar com os públicos de interesse.
A Imagem, Identidade e Reputação
Neste recorte serão apresentados os entendimentos sobre: identidade, imagem
e reputação sobre a identidade diz respeito ao que se constitui internamente, é a
percepção que os membros têm da organização, o que a diferencia das outras
organizações. Para Kunsch (2003, p.170) “a identidade é o que a organização é, faz e
diz”.
Seguindo esta visão a identidade é representada pela organização como um
todo, ou seja, englobam suas políticas, processos, personalidade, valores, marca,
crenças e relações de poder. A identidade projeta-se na imagem, sendo resultado
daquilo que a organização comunica e propaga.
Já a imagem consiste na projeção e percepção da realidade. A imagem, que se
estabelece externamente é a forma como organização é percebida pelos seus diversos
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públicos, podendo ser compartilhada por muitos, porém muitas vezes não é a mesma
imagem que a organização deseja transmitir.
Para Kunsch (2003, p.170) “imagem tem a ver com o imaginário das pessoas,
com as percepções. É uma visão intangível, abstrata das coisas, uma visão subjetiva
de determinada realidade”.
Já a imagem, definida por Argenti, “[...] é a empresa vista pelos olhos de seu
público” (2006, p.60).
A imagem não precisa ser real para se formar no imaginário de cada pessoa.
Ela é uma percepção que se tem da organização que pode, muitas vezes, ser injusta ou
ainda, além do esperado. Rosa (2001, p.90) afirma que “Imagens, goste-se ou não,
nunca são reais. E nunca são falsas”, isto porque têm componentes baseados na
realidade e adicionados de elementos subjetivos de interpretação.
Independente do tipo de imagem que se tem em relação à organização,
destaca-se que ela é transmitida por pessoas, que muitas vezes desconhecem a
organização e as práticas da marca, por isso conhecer os públicos, estabelecer
contatos, criar canais de comunicação com eles e ainda se fazer compreender diante
deles é essencial para construção e manutenção da imagem da organização.
Em suma: a imagem não se limita apenas as percepções visuais, ela está nas
relações. Existem valores que abrangem a sociedade e podem determinar a imagem da
organização, como cita Rosa (2001, p.85): [...] estão baseadas não apenas em fatos,
mas condicionadas fortemente por valores. Os valores associados a uma imagem às
vezes são muito mais influentes do que os fatos objetivamente pertencentes a ela.
Portanto distintas situações podem gerar algumas repercussões, devido aos diferentes
valores presentes nas pessoas.
A reputação que é outro elemento que precisa ser gerenciado. Ela é construída
ao longo dos anos e baseia-se na percepção que os públicos têm sobre a marca.
Argenti (2006, p.97), afirma que “[...] uma reputação sólida é criada quando a
identidade de uma organização e sua imagem estão alinhadas”, ou seja, quando a
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imagem projetada é a mesma percebida. Em geral, a reputação está diretamente
ligada à identidade, imagem e as interpretações que os públicos que se relacionam
com as organizações têm sobre elas, em relação as suas práticas e políticas.
Nassar (2008, p. 26) destaca que: “para a empresa criar imagem, identidade e
reputação num ambiente de rede e legitimar suas intenções e ações, é preciso criar
diálogo”. Desta forma, quando existe um alinhamento entre a identidade, imagem e
as percepções dos públicos pode-se dizer que houve uma integração e que a
construção da reputação foi eficaz. Por outro lado, quando isso não ocorre e há
desacordos é sinal de alerta para uma mudança de estratégia. Por fim, com as diversas
exigências dos públicos e mudanças no âmbito organizacional, para as marcas
sobreviverem no mercado precisam além de oferecer produtos e serviços de
qualidade, conquistar e manter a credibilidade dos públicos.
A marca Alemanha e o trabalho de reconstrução da imagem
A Alemanha não chegou somente com intuito de participar do mundial no
Brasil. Ela veio com uma proposta social muito além de alcançar o título de melhores
jogadores do mundo. Na verdade, os alemães pretendiam conquistar o povo brasileiro
e mudar sua imagem de país: frio e insensível para cordial e carismático.
Os alemães chegaram no Brasil com uma proposta inovadora, romperam com
paradigmas e transformaram uma imagem de apenas jogadores de futebol para
pessoas humanas, cidadãos, aproximando o esporte a uma causa social, vendendo e
fortalecendo uma marca no país.
Antes da copa, os alemães adquiriram um terreno e construíram um hotel para
a seleção ficar hospedada durante o evento – que inicialmente pareceu um pouco
pretensioso por parte deles este tipo de atitude - já que a rede hoteleira brasileira
estava equipada para hospedar os atletas.
A equipe alemã ficou instalada por trinta e cinco dias, em Santo André,
município de Santa Cruz Cabrália, no sul do estado da Bahia. Durante sua estadia
treinaram num campo de futebol construído, sobretudo, para a copa.
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No período em que a seleção alemã esteve no país, quando não estava
treinando e nem competindo com outras seleções, aproveitava para se socializar com
a região e conquistar os moradores. Tanto na cidade quanto na praia visitava
comunidades carentes, interagia com o povo local para conhecer a cultura, costumes e
estabelecia um programa de relacionamento com a população.
Sendo assim, a imagem de uma Alemanha fria era substituída por uma
Alemanha humana, composta por pessoas. Neste momento, é visível um trabalho bem
estruturado e planejado de Relações Públicas, que estrategicamente por meio de ações
de relacionamento com os públicos de interesse, que neste caso era a comunidade,
implementou ações de reconstrução da imagem dos alemães, fortalecendo a sua
identidade e construindo uma nova reputação da organização Alemanha no país.
Dentro deste contexto, percebe-se que o evento da copa foi uma ocasião
oportuna para os alemães, pois através da seleção de futebol, fixaram a marca e
fortaleceram sua identidade corporativa no Brasil, mostrando para a comunidade os
seus valores, por meio de diálogo, relacionamento e apoio a projetos sociais e
culturais.
A seleção alemã apresentou uma estrutura organizacional focada em
componentes da comunicação integrada. Na comunicação institucional focou suas
ações no fortalecimento da: cultura, princípios e missão. Cabe destacar, mais uma vez
a importância do trabalho das Relações Públicas como função estratégica que para
Kunsch (2003) auxilia as organizações a se posicionarem diante da sociedade
apresentando a razão de ser da marca, expandindo os meios de comunicação entre a
organização e os públicos.
É importante ressaltar também que a marca Alemanha desenvolveu um
excelente trabalho de relacionamento com a mídia, que é uma das funções das
Relações Públicas. Durante o evento ela manteve um assessor de imprensa
informando os jornalistas sobre todos os passos da seleção durante a copa.
Percebe-se ainda que estudaram o povo brasileiro e mapearam o seu perfil,
estabelecendo ações de relacionamento para conquistá-lo. Mais uma vez um trabalho
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de comunicação de forma planejada pelas Relações Públicas que possibilitaram que a
marca Alemanha alcançasse seus objetivos e estreitasse o relacionamento com a
comunidade.
O relacionamento que a marca Alemanha manteve com os públicos durante a
copa foi diferenciado e estratégico, pois utilizaram as mídias sociais em tempo real,
através de conteúdos, de selfies e vídeos que conquistaram o público e reconstruíram
a imagem de fria para engajada, tornando-se uma das favoritas para ser a campeã.
Após o término da copa os alemães doaram o campo de futebol para os
moradores da região, além disso, disponibilizaram uma ajuda financeira de um pouco
mais de trinta mil reais para à comunidade indígena Pataxó comprar uma ambulância.
Os jogadores foram a Escola Municipal Santo André e doaram uma camiseta
autografada pelos atletas e mais sete bicicletas, além disso, comprometeram-se a fazer
doações no valor de sessenta mil reais por mais ou menos três anos para o
desenvolvimento de um projeto social para a escola.
Desta forma, percebe-se que um trabalho de relacionamento da marca com os
públicos, bem estruturado estrategicamente legitima o fortalecimento da marca e cria
oportunidades de negócios. A luz destas questões os alemães deixaram um legado,
uma marca, que fez os brasileiros mudarem a imagem dos alemães.
Conclusão:
Compreende-se com o estudo a importância de estabelecer uma comunicação
integrada, pois somente por meio dela que se agrega valor a imagem organizacional e
a consolida institucionalmente e mercadologicamente. Portanto, percebe-se que
somente com a comunicação integrada que corresponde a comunicação institucional,
administrativa, interna e mercadológica é que a organização consegue legitimar sua
ações e se consolidar no mercado, pois cada uma delas trabalhadas de forma integrada
conseguem desenvolver uma imagem sólida e fortalecer a identidade da marca para o
mercado, isso acontece de forma eficaz quando existe um trabalho estruturado de
Relações Públicas exercendo ações estratégicas junto aos públicos da organização.
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Por fim, conclui-se que a marca Alemanha executou previamente um
planejamento de Relações Públicas para reconstruir a imagem institucional e
fortalecer sua identidade, atingindo os públicos de interesse por meio de ações de
RRPP agregando valor a sua marca e gerando oportunidades de negócios junto aos
públicos.
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Disponível em:
http://noticias.r7.com/bahia/camisa-da-selecao-alema-sera-leiloada-para-ajudar-escola-desanto-andre-18072014 - Acesso em 19-07-2014
Disponível em:
http://www.aberje.com.br/acervo_colunas_ver.asp?ID_COLUNA=1221&ID_COLUNISTA=
101 - Acesso em 19-07-2014
Disponível em:
http://www.rp-bahia.com.br/colunistas/wilbueno.htm - Acesso em 15-07-2014
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