XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005
Comunicação organizacional : disciplina estratégica para a formação
empreendedora em uma Instituição Federal de Ensino
Rosângela Borges Pimenta (CEFET-PR) [email protected]
Isaura Alberton de Lima (CEFET-PR) [email protected]
Dario Amaral Dergint (CEFET-PR) [email protected]
Resumo
O objetivo deste artigo é apresentar a importância da disciplina de comunicação
organizacional para o desenvolvimento da cultura empreendedora dos Cursos Superiores de
Tecnologia e para o Hotel Tecnológico do CEFET-PR, Unidade de Cornélio Procópio.É
apresentado um referencial teórico da comunicação organizacional, da ementa da disciplina
e do Programa Jovem Empreendedor. A pesquisa aponta a relevância da disciplina como
uma ferramenta estratégica para a compreensão do acadêmico sobre a estrutura
comunicacional do mundo empresarial.
Palavras-chave: Comunicação organizacional, acadêmico, cultura empreendedora.
1. Introdução
O panorama mundial é marcado por profundas e rápidas mudanças e avanços tecnológicos,
ocorridos pelo fenômeno da globalização da economia. A celeridade crescente com que se
processam estas mudanças, aliada à competitividade, tem exigido das organizações uma nova
postura de gestão de pessoas. Com o crescimento da competitividade, as organizações
passaram a ser reconhecidas por sua flexibilidade e capacidade comunicacional.
Desta forma, surgem os desafios, cujas soluções alteram a dinâmica das organizações, que,
para sobreviverem, necessitam tornar-se empreendedoras e competitivas. Observa-se que os
profissionais capazes de conviver nestas organizações devem estar preparados para uma
formação mais completa, que deve, além de envolver os conteúdos teóricos e habilidades
práticas, incorporar também a importância do processo da comunicação e a sua complexidade
para as relações interpessoais das organizações.
Como cita Costa (2005), “os universitários têm falta de um espírito de marketing, de
compreensão das situações reais e de linguagem própria para tratar com as empresas. Estas
percepções dificultam o diálogo e a criação de um clima de confiança mútua, mas
correspondem à realidade”.
Neste horizonte, o presente trabalho tem como objetivo apresentar a importância da
comunicação organizacional como disciplina de gestão para a grade curricular dos cursos
superiores de tecnologia, treinamento e consultoria para os futuros empresários incubados no
Hotel Tecnológico da Instituição.
O artigo está estruturado em quatro seções. Na primeira seção, é abordado o referencial
teórico da comunicação nas organizações. A segunda seção, a ementa da disciplina de
comunicação organizacional. Na terceira seção, o Programa Jovem Empreendedor, onde está
inserido o Hotel Tecnológico da Instituição e, na quarta seção, as considerações finais.
2. A comunicação nas organizações
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As organizações estão se preocupando cada vez mais com o processo comunicativo. É
somente pela comunicação que as organizações conseguem agir ou exercer influência sobre
os colaboradores. Ela permeia todas as atividades e tomadas de decisão da empresa. É o fator
essencial para o desenvolvimento interpessoal e a mais básica de todas as necessidades,
depois da sobrevivência fisiológica. Nos tempos pré-históricos, os homens precisavam,
mesmo para se alimentar, se entender e cooperar uns com os outros, através da comunicação
interpessoal. A comunicação interpessoal sempre foi a forma mais antiga e básica do ato
comunicativo.
Para Martino apud Hohlfeldt et al. (2001, p.12), o termo comunicação vem do latim
communicatio, do qual distinguimos três elementos: uma raiz munis, que significa “estar
carregado de”, que acrescido do prefixo co, o qual expressa simultaneidade, reunião,temos a
idéia de uma “atividade realizada conjuntamente”,completada pela terminação tio,que por sua
vez reforça a idéia de atividade.E, efetivamente, foi este seu primeiro significado no
vocabulário religioso aonde o termo aparece pela primeira vez.
O que a comunicação faz para uma empresa se parece com o que a corrente sangüínea faz para o
organismo. A corrente sangüínea supre todas as células do organismo com oxigênio; o sistema de
comunicação supre todas as unidades – departamentos, pessoas – da empresa com informação.
Privadas de oxigênio, a células funcionam mal e morrem; sem a informação necessária, as pessoas e
departamentos dentro da empresa funcionam mal, o que na certa leva a uma espécie de ineficiência
final para elas e para a empresa como um todo (HAMPTON, 1992, p. 249).
Assim, a comunicação na organização deve manter todos os colaboradores com informação e
compreensão para a eficácia de suas atividades.
A comunicação é uma atividade humana que todos conhecem e praticam, mas que poucos
conseguem definir satisfatoriamente. É que, pela sua cotidianidade, os atos de comunicação
parecem tão “naturais”, que dispensam maiores explicações. Trata-se, porém, de um campo
vasto, onde se entrecruzam, no mesmo esforço de compreensão científica, diversas áreas do
conhecimento, compondo uma visão multidisciplinar. Comunicação é, então, a própria prática
cotidiana das relações sociais: conservar aparências e guardar distâncias; vestir a roupa da
moda; adotar tal ou qual atitude em relação a esta ou àquela pessoa; falar num certo tom de
voz e assim por diante. Isto quer dizer que as situações de comunicação são muitas e
diversificadas (RECTOR E TRINTA 1999, p. 9).
Gross (1973), em seu texto, elucida que somente pela comunicação da informação é possível
aos membros de empresa agir em conjunto nela ou exercer uma influência sobre as pessoas.
A organização deve ser encarada não apenas como um sistema de decisão, mas como um
sistema de comunicação.
As pessoas trabalham melhor na organização quando se sentem motivadas pelas atividades
que devem desempenhar e o processo de motivação depende de se permitir que as mesmas
atinjam recompensas que satisfaçam a suas necessidades pessoais. Vários estudos foram
conduzidos com a preocupação na investigação das relações entre condições de trabalho e a
grande incidência de fadiga e monotonia entre os empregados, ocasionados pela falta de
comunicação. À medida que as pesquisas progrediam, abandonava-se a estreita perspectiva
taylorista para focalizar outros grandes aspectos da situação do trabalho.
Para Morgan (1996), ao identificarem que a organização informal, baseada em relações de
amizade e interações não planejadas, pode existir lado a lado com a organização formal,
concebida nos planos definidos pela administração, os estudos causaram um importante abalo
à teoria clássica da organização. A partir dos anos setenta, pesquisadores em administração de
organizações começaram a conceber o planejamento do trabalho com um meio de aumentar a
produtividade e a satisfação no trabalho, melhorando assim os canais de comunicação, e
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conseqüentemente a qualidade de vida no trabalho, ganhando também, quase sempre, muita
publicidade ao conduzirem o processo desta maneira.
2.1 A comunicação contemporânea
Para Druker (1993, p.75), a informação começou a transformar as organizações a partir de
1970. Na organização tradicional, a comunicação é feita pelos gerentes que transmitem ordens
para baixo e informações para cima. A comunicação, hoje, é preciso ir além da organização
baseada na informação, para aquela baseada na responsabilidade. As organizações hoje são
cada vez mais compostas por especialistas que conhecem mais a respeito de sua especialidade
do que qualquer outra pessoa da empresa. O autor ainda salienta que isto significa que todos
os membros da organização devem definir seus objetivos, prioridades e contribuições para
cima, para baixo e para os lados.
Na visão de Zarifian (2001, p.45), a percepção de que a comunicação é um componente
essencial do trabalho – a ponto de se poder afirmar: trabalho é, em parte pelo menos,
comunicar-se.
Kotter e Cohen (2002, p.100), citam que a boa comunicação não é apenas transferência de
dados. É preciso mostrar às pessoas alguma coisa que trate de suas ansiedades, que reconheça
sua raiva, que seja confiável, que faça sentido em nível mais profundo e que evoque fé na
visão. Os grandes líderes agem assim quase por instinto. A maioria precisa fazer o dever de
casa antes de abrir a boca.
Stewart (1998) enfatiza que o desenho gerencial da era mecanicista era o comando e
controle.Hoje, grande parte das avaliações são automatizadas.A gerência da época
mecanicista podia substituir um funcionário por outro que não causava impacto na produção.
O homem trabalhava para a máquina.Hoje, a máquina é que trabalha para o homem.
2.2 O processo da comunicação
Chiavenato (1994, p.551), elucida que o sistema de comunicação envolve, no mínimo, duas
pessoas ou dois grupos: o remetente (fonte) e o recebedor (destino), isto é, o que envia a
comunicação e o que recebe. A fonte constitui o ponto inicial e o destino constitui o ponto
final da comunicação.Entre eles existem mais quatro componentes do processo: a transmissão,
o canal, a recepção e o ruído, como aponta o quadro abaixo.
Para Bordenave (1982, p.41) é praticamente impossível dizer onde começa e onde termina o
processo de comunicação, como se as fases fossem partes de uma lógica e ordenada. Porém,
algumas fases são constantes no processo, podendo se dar em qualquer ordem, ou
simultaneamente, podendo também entrar em conflito umas com as outras.Neste contexto, o
autor aponta as fases abaixo relacionadas.
Segundo Chiavenato (1994, p.90), as barreiras à comunicação são restrições que ocorrem
dentro ou entre as etapas do processo de comunicação, fazendo com que nem todo sinal
emitido pela fonte de informação percorra o processo de modo a chegar incólume ao seu
destino.O sinal pode sofrer perdas, mutilações, distorções, como pode sofrer ruídos,
interferências, vazamentos, e ainda ampliações ou desvios.
Variáveis Intervenientes
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Entrada
Saída
Barreiras à comunicação
Mensagem
tal como é
enviada
a) Idéias preconcebidas
b) Recusa de informação
contrária
c) Significados
personalizados
d) Motivação, interesse
e) Credibilidade da fonte
f) Habilidade de
comunicação
g) Clima organizacional
h) Complexidade dos
canais
Mensagem
tal como é
recebida
Figura 1 – Barreiras ao Processo de Comunicação
Fonte: Andrew J.DuBrin, Fundamentals of Organizational Behavior.An Applied Perspective, Nova
Iorque,Pergamon Press,1974,p.281.
2.3 Padrões de comunicação
Os padrões de comunicações, denominados também de cadeias, canais ou redes de
comunicações, apresentam características diferentes de eficiência, ligação, rapidez, etc.
Através de extensas pesquisas, chegou-se a conclusão atual, como salienta Chiavenato (1994,
p.564), que não existe uma maneira universal de comunicar-se dentro das empresas, pois as
informações e dados são enviados dentro de uma grande variedade de propósitos. A eficácia
das comunicações depende de fatores situacionais.
Os padrões mais comuns de comunicação são o círculo, a cadeia e a roda. Cada um tem suas
vantagens e desvantagens relacionadas com a sua utilização. O padrão de círculo é muito
adaptável, mas muito lento no seu funcionamento. Já, o padrão em roda é rápido no seu
funcionamento, mas apresenta baixa flexibilidade nas mudanças de tarefas.
Assim, os melhores resultados organizacionais são alcançados quando se utilizam vários
padrões de comunicação e vários meios de comunicação, em vez de um único. Todavia, o
quadro abaixo possibilita uma análise da maneira mais indicada de comunicar em cada uma
das situações.
2.4 A Comunicação Interpessoal
A comunicação interpessoal é ponto chave e de maior importância para os relacionamentos
entre pessoas e equipes.É preciso desenvolver nas equipes de trabalho uma boa comunicação
interpessoal. Porém, o processo de comunicação é influenciado por elementos como a
linguagem, a retroação, a percepção e o ruído.
Wels (2003, p.1) cita que a comunicação humana, ancorada particularmente na linguagem,
tem expressão impar no processo de relacionamento social. Ela é portadora de interpretações
objetivadas, constitui fator de transformação, é geradora de cultura e está inclusa no princípio
de circularidade, articulando-se entre os pólos da física e da antropossociologia. A autora cita
também que é Schutz, 1979 quem discorre minuciosamente a propósito da linguagem como
meio de expressão e de comunicação entre as pessoas, tecendo considerações que vão desde a
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idéia genérica de uma comunicação humana ampla, representada por todas as formas de
manifestação, até a comunicação oral, que pressupõe relações interpessoais.
Para Penteado (1977, p.23), a percepção é fenômeno puramente individual, e se a
comunicação humana procura modificar as imagens de nossas cabeças, teremos de levar em
consideração que, embora os homens vivam no mesmo mundo, pensam e sentem em mundos
diferentes, pessoais, individuais. A percepção pode ser definida como um processo
interpretativo, através do qual fazemos passar todos os estímulos que nos chegam do meioambiente.
O ruído consiste em interferências estranhas à mensagem, tornando a comunicação menos
eficaz. Há a necessidade de sempre recorrer à redundância, que é a repetição da mensagem
para superar os vários tipos de ruídos.
A comunicação interpessoal sempre foi de grande valorização pelas empresas, mas agora o
que existe na verdade é uma supervalorização dessa competência [...] A boa comunicação
reflete-se numa negociação eficaz, está ligada ao bom relacionamento interpessoal, a um
efetivo marketing pessoal, é decisiva no contato com clientes internos e externos, interfere na
ascensão da carreira, enfim, está presente em todas as atividades do dia-a-dia nas
organizações e fora delas (RIBEIRO, 2003).
2.5 A comunicação não-verbal
Como o indivíduo diz algo é mais importante que o que é dito. A comunicação não-verbal
pode tanto aperfeiçoar e dar apoio às palavras ou depreciá-las, ou até mesmo se opor ao que
foi dito. Stark (1999) apud Matos (2002, p.67), cita a pesquisa desenvolvida por Albert
Mehrabian, professor da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, em que constatou que
somente 7% dos sentimentos e dos propósitos das pessoas são transmitidos por palavras; 38%
dos sentimentos são comunicados pelo tom de voz, e 55% pelo comportamento não-verbal.
2.6 A importância do ato de ouvir
A comunicação ocorre quando entendemos o que ouvimos. Isso significa ver a idéia expressa
e a atitude do ponto de vista da outra pessoa, para entender como ela se sente e atingir seu
ponto de referência. Acredita-se que o ato de ouvir seja um processo natural. No entanto, ele é
tão complicado quanto à leitura, a escrita e a fala. O ato de ouvir requer atividade mental e
física, pois ouvir não é um ato passivo. A maioria dos problemas de comunicação nas
organizações está relacionada ao ato de ouvir.
3. Disciplina de Comunicação Organizacional
O Quadro 1 apresenta a estrutura proposta para a disciplina de Comunicação Organizacional
para os Cursos Superiores de Tecnologia que foi elaborada em consonância com o diagnóstico
realizado pelas autoras deste artigo, diante das dificuldades apontadas pelos próprios alunos,
bem como o depoimento de vários empresários sobre a dificuldade comunicacional,
encontrada nos profissionais ao ingressarem no mercado de trabalho.As visitas ocorreram nas
empresas da região norte do Paraná, no período de 2000 a 2004.
Unidade
Curricular
Período letivo:
COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL
Módulo Projeto de Software
Carga Horária: 48
Objetivos
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Propiciar ao acadêmico o conhecimento da comunicação organizacional como ferramenta estratégica frente aos novos
cenários do mercado de trabalho, bem como lhe possibilitar a prática em processos de comunicação importantes nas relações
profissionais e pessoais. Desenvolver a competência para compreender a importância da comunicação nas organizações;
Compreender o contexto histórico da comunicação nas organizações; Analisar e debater assuntos relacionados à
comunicação, com ênfase na área do curso. Levar a compreender a importância da comunicação para o marketing pessoal e
networking. Compreender a importância da postura e apresentação pessoal nas relações pessoais e profissionais; Analisar e
discutir as etapas antes e após a contratação do emprego; Reconhecer as habilidades de comunicação na negociação para
administrar conflitos; Identificar os elementos essenciais do processo de comunicação; Reconhecer as barreiras ao processo
de comunicação interna; Discutir as vantagens e desvantagens das várias redes de comunicação; Distinguir e identificar
situações adequadas para o uso das redes de comunicação; Desenvolver a competência para compreender as habilidades
da comunicação interpessoal nas relações profissionais e pessoais para uma efetiva atuação no processo da comunicação
organizacional; Aprender a distinguir os vários tipos de correspondência empresarial e as situações de uso.
Ementas
Importância da comunicação organizacional: panorama histórico da comunicação nas organizações; a comunicação e as
teorias da administração; a comunicação contemporânea; Marketing pessoal: postura e apresentação pessoal; atendimento
ao cliente; a seleção antes da entrevista; entrevista; currículos; equilíbrio emocional; fatores importantes para a negociação; a
importância da comunicação eficaz; Processo de Comunicação; fases do processo de comunicação; barreiras ao processo de
comunicação; fluxos da comunicação; padrões de comunicação Habilidades da Comunicação interpessoal: a comunicação
não verbal; a importância do ato de ouvir; a importância do feedback; Dinâmicas de Grupo; atividades para o
desenvolvimento de habilidades na comunicação interpessoal (dinâmicas de grupo, debates, seminários, reuniões,
entrevistas) Redação empresarial: estudo e produção de textos utilizados na comunicação empresarial, com ênfase na área
do curso. Comunicação por e-mail e intranet; editais, cartas comerciais, laudos técnicos, textos de comunicação interna,
relatórios comerciais; Curriculum vitae).
Quadro 1 - Disciplina de Comunicação Organizacional
4. Programa Jovem Empreendedor
A Unidade de Cornélio Procópio do CEFET-PR vem, desde 1998, através do Programa
Jovem Empreendedor, apoiando e subsidiando a sua comunidade discente com o objetivo de
estimular o espírito empreendedor e desenvolver as características necessárias para o sucesso
em uma carreira empresarial.
O Programa Jovem Empreendedor é desenvolvido em todas as Unidades do Centro Federal de
Educação Tecnológica do Paraná, CEFET-PR. O Programa baseia-se numa seqüência de 05
fases de complexidade crescente, disseminadas a partir de um sistema de informações, com
periodicidade anual, culminando com a criação de empresas de serviços tecnológicos ou
indústrias tecnológicas: Fase 1: Sensibilização; Fase 2: Seminários de Impacto e Depoimentos
de Empresários; Fase 3: Cursos de curta duração; Fase 4: Acesso ao Hotel Tecnológico; Fase
5: Processo de Incubação de Empresas.
É prática comum, seja durante as aulas de empreendedorismo ministradas aos alunos dos
Cursos Superiores de Tecnologia, seja em eventos promovidos na escola, palestras com
empreendedores que trazem à comunidade cefetiana suas experiências, fomentando assim a
discussão e a reflexão sobre o tema. O corpo discente da Instituição já cursa disciplinas sobre
a temática empreendedora em uma clara intenção da Instituição em formar não apenas uma
mão-de-obra especializada para o mundo do trabalho, mas também formar empreendedores
que promovam o desenvolvimento social e econômico sustentável da região.
Assim, surgiu a necessidade da criação de uma pré-incubadora de Empresas no ambiente da
Unidade de Cornélio Procópio do CEFET-PR, onde a possibilidade da criação e
amadurecimento de idéias em negócios estivesse mais próxima do aluno, por ser um
importante agente promotor do desenvolvimento econômico sustentável da região norte do
Paraná.
Por estar inserido em uma instituição de ensino superior profissionalizante, o Hotel
Tecnológico busca disseminar a cultura empreendedora, formar novos empresários e, com
isso, enriquecer o processo educacional, trazendo para o ensino a dimensão da realidade
mercadológica. A existência de uma infra-estrutura para incubar projetos empresariais em
uma instituição de ensino tecnológico é extremamente necessária, tendo em vista o processo
de diminuição de emprego formal que ocorre atualmente como conseqüência da globalização
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econômica e da otimização dos postos de trabalho. Nesse contexto, a preparação de jovens
empreendedores torna-se imprescindível para o desenvolvimento social e econômico do país.
O Hotel Tecnológico visa a incentivar, apoiar e fomentar os alunos e egressos do CEFET-PR
a criar suas empresas, transformando seus sonhos em realidade (JACOMETTI e CRUZ,
2004).
O Hotel Tecnológico é uma Pré-Incubadora de Base Tecnológica, cujo prédio foi inaugurado
em 05 de agosto de 2003, sendo mantido pela Unidade de Cornélio Procópio do CEFET-PR,
Instituição de Ensino Profissionalizante Pública Federal. As dez empresas em processo de
incubação, desde primeiro de agosto de 2003, estão inseridas em arranjo produtivo voltado às
áreas de Eletrotécnica, Informática e Mecânica que são as áreas de atuação da Instituição de
Ensino mediante Cursos Superiores de Tecnologia. Os Cursos Superiores de Tecnologia,
implantados desde 1999, contemplam em suas estruturas curriculares disciplinas da área de
Gestão que visam a formação empresarial do acadêmico. É prática comum, seja durante as
aulas de empreendedorismo ministradas, seja em eventos promovidos na escola, palestras com
empreendedores que trazem à comunidade cefetiana suas experiências, fomentando assim a
discussão e a reflexão sobre o tema.
Para conquista do mercado, o Hotel Tecnológico e as empresas têm como meta o treinamento
e consultoria na área da comunicação organizacional. A disciplina foi também ajustada para
atender as demandas empresariais dos projetos e das empresas incubados pelo Hotel
Tecnológico. No planejamento estratégico do Programa consta a ação de alinhavar as
disciplinas de gestão empresarial com as diretrizes do empreendedorismo, mediante
aplicações na elaboração de documentos, relatórios, projetos, contratos de parceria, etc, bem
como o gereciamento das relações interpessoais e da informação nas organizações.
5. Considerações Finais
Conforme a abordagem teórica, o depoimento de acadêmicos e empresários e os resultados da
disciplina nos cursos superiores de tecnologia, os treinamentos e consultorias aos alunos,
futuros empresários, incubados no Hotel Tecnológico, ainda em um período curto de
aplicação, mas que com resultados eficientes, faz-se necessária as seguintes considerações:
A disciplina de Comunicação organizacional, aplicada como um mecanismo para a formação
empreendedora dos acadêmicos da Unidade de Cornélio Procópio, do CEFET-PR, é de
fundamental importância para a condução das ações empresariais, pois amplia as chances de
sucesso nas relações com a comunidade interna e externa, evitando os ruídos e distorções que
tanto afligem o segmento produtivo.
A capacitação comunicacional voltada para a formação empreendedora ajudará os acadêmicos
a responder à demanda por uma comunicação eficiente dentro e fora da empresa e, também,
projetar a consciência sobre o ambiente organizacional.
Torna-se, então, imprescindível para a boa administração de uma organização, tanto na
comunicação escrita, como oral.
Observa-se que a comunicação, no ambiente educacional, não é dado o seu devido valor.Com
isto, os acadêmicos chegam às organizações conhecendo muito pouco sobre os processos da
comunicação organizacional.
A comunicação organizacional já não se concentra em transmitir informações e
conhecimentos, mas também em mudar o comportamento das pessoas.
Com o desenvolvimento da disciplina, treinamentos e consultorias ao segmento acadêmico, é
possível vislumbrar a comunicação organizacional como um mecanismo de fortalecimento da
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cultura empreendedora e, assim, a instituição cumprir o seu papel de preparar o educando
dentro de um mercado cada vez mais competitivo.
6. Bibliografia
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DRUKER, Peter Ferdinand.Sociedade Pós-Capitalista. Tradução de Nivaldo Montingelli Jr. São Paulo:
Pioneira,1993.
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Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1973.
HAMPTON, David R. Administração Contemporânea: teoria, práticas e casos.São Paulo Mc Graw-Hill, 1992.
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JACOMETTI, Marcio; CRUZ, Glória Alfredo. (2004) Importância das Estratégias no Gerenciamento da
Incubação de Projetos: o Caso do Hotel Tecnológico do Cefet-PR/ Unidade de Cornélio Procópio.In. XIV
Seminário Nacional de Parques e Incubadoras de Empresase XII Workshop ANPROTEC.Anais.Porto de
Galinhas.
KOTTER, John P. e COHEN, Dan S. O Coração da Mudança: Transformando empresas com a força das
emoções.Tradução de Afonso Celso da Cunha Serra.-Rio de Janeiro: Campus, 2002.
MATOS, Eloiza Aparecida Silva Ávila de.O processo de transferência de tecnologia entre UniversidadeEmpresa: uma proposta de metodologia de negociação.Curitiba, 2002.116f. Dissertação (Programa de pósgraduação em Tecnologia) Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná.
MORGAN, Gareth. Imagens da organização.Tradução Cecília Whitaker Bergamini, Roberto Coda.São Paulo:
Atlas, 1996.
PENTEADO, José Roberto Witalker.A técnica da comunicação humana.São Paulo: Pioneira1977
RECTOR, Mônica e TRINTA, Aluízio Ramos.Comunicação do Corpo.São Paulo: Ática, 1999.
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estabelecidas e sociedade.Revista Comunicação Organizacional.FAMECOS/PUCRG,2003.Disponível
emhttp://www.pucs.Br/famecos/geacor/texto 15.html.
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