XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005 Comunicação organizacional : disciplina estratégica para a formação empreendedora em uma Instituição Federal de Ensino Rosângela Borges Pimenta (CEFET-PR) [email protected] Isaura Alberton de Lima (CEFET-PR) [email protected] Dario Amaral Dergint (CEFET-PR) [email protected] Resumo O objetivo deste artigo é apresentar a importância da disciplina de comunicação organizacional para o desenvolvimento da cultura empreendedora dos Cursos Superiores de Tecnologia e para o Hotel Tecnológico do CEFET-PR, Unidade de Cornélio Procópio.É apresentado um referencial teórico da comunicação organizacional, da ementa da disciplina e do Programa Jovem Empreendedor. A pesquisa aponta a relevância da disciplina como uma ferramenta estratégica para a compreensão do acadêmico sobre a estrutura comunicacional do mundo empresarial. Palavras-chave: Comunicação organizacional, acadêmico, cultura empreendedora. 1. Introdução O panorama mundial é marcado por profundas e rápidas mudanças e avanços tecnológicos, ocorridos pelo fenômeno da globalização da economia. A celeridade crescente com que se processam estas mudanças, aliada à competitividade, tem exigido das organizações uma nova postura de gestão de pessoas. Com o crescimento da competitividade, as organizações passaram a ser reconhecidas por sua flexibilidade e capacidade comunicacional. Desta forma, surgem os desafios, cujas soluções alteram a dinâmica das organizações, que, para sobreviverem, necessitam tornar-se empreendedoras e competitivas. Observa-se que os profissionais capazes de conviver nestas organizações devem estar preparados para uma formação mais completa, que deve, além de envolver os conteúdos teóricos e habilidades práticas, incorporar também a importância do processo da comunicação e a sua complexidade para as relações interpessoais das organizações. Como cita Costa (2005), “os universitários têm falta de um espírito de marketing, de compreensão das situações reais e de linguagem própria para tratar com as empresas. Estas percepções dificultam o diálogo e a criação de um clima de confiança mútua, mas correspondem à realidade”. Neste horizonte, o presente trabalho tem como objetivo apresentar a importância da comunicação organizacional como disciplina de gestão para a grade curricular dos cursos superiores de tecnologia, treinamento e consultoria para os futuros empresários incubados no Hotel Tecnológico da Instituição. O artigo está estruturado em quatro seções. Na primeira seção, é abordado o referencial teórico da comunicação nas organizações. A segunda seção, a ementa da disciplina de comunicação organizacional. Na terceira seção, o Programa Jovem Empreendedor, onde está inserido o Hotel Tecnológico da Instituição e, na quarta seção, as considerações finais. 2. A comunicação nas organizações ENEGEP 2005 ABEPRO 5387 XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005 As organizações estão se preocupando cada vez mais com o processo comunicativo. É somente pela comunicação que as organizações conseguem agir ou exercer influência sobre os colaboradores. Ela permeia todas as atividades e tomadas de decisão da empresa. É o fator essencial para o desenvolvimento interpessoal e a mais básica de todas as necessidades, depois da sobrevivência fisiológica. Nos tempos pré-históricos, os homens precisavam, mesmo para se alimentar, se entender e cooperar uns com os outros, através da comunicação interpessoal. A comunicação interpessoal sempre foi a forma mais antiga e básica do ato comunicativo. Para Martino apud Hohlfeldt et al. (2001, p.12), o termo comunicação vem do latim communicatio, do qual distinguimos três elementos: uma raiz munis, que significa “estar carregado de”, que acrescido do prefixo co, o qual expressa simultaneidade, reunião,temos a idéia de uma “atividade realizada conjuntamente”,completada pela terminação tio,que por sua vez reforça a idéia de atividade.E, efetivamente, foi este seu primeiro significado no vocabulário religioso aonde o termo aparece pela primeira vez. O que a comunicação faz para uma empresa se parece com o que a corrente sangüínea faz para o organismo. A corrente sangüínea supre todas as células do organismo com oxigênio; o sistema de comunicação supre todas as unidades – departamentos, pessoas – da empresa com informação. Privadas de oxigênio, a células funcionam mal e morrem; sem a informação necessária, as pessoas e departamentos dentro da empresa funcionam mal, o que na certa leva a uma espécie de ineficiência final para elas e para a empresa como um todo (HAMPTON, 1992, p. 249). Assim, a comunicação na organização deve manter todos os colaboradores com informação e compreensão para a eficácia de suas atividades. A comunicação é uma atividade humana que todos conhecem e praticam, mas que poucos conseguem definir satisfatoriamente. É que, pela sua cotidianidade, os atos de comunicação parecem tão “naturais”, que dispensam maiores explicações. Trata-se, porém, de um campo vasto, onde se entrecruzam, no mesmo esforço de compreensão científica, diversas áreas do conhecimento, compondo uma visão multidisciplinar. Comunicação é, então, a própria prática cotidiana das relações sociais: conservar aparências e guardar distâncias; vestir a roupa da moda; adotar tal ou qual atitude em relação a esta ou àquela pessoa; falar num certo tom de voz e assim por diante. Isto quer dizer que as situações de comunicação são muitas e diversificadas (RECTOR E TRINTA 1999, p. 9). Gross (1973), em seu texto, elucida que somente pela comunicação da informação é possível aos membros de empresa agir em conjunto nela ou exercer uma influência sobre as pessoas. A organização deve ser encarada não apenas como um sistema de decisão, mas como um sistema de comunicação. As pessoas trabalham melhor na organização quando se sentem motivadas pelas atividades que devem desempenhar e o processo de motivação depende de se permitir que as mesmas atinjam recompensas que satisfaçam a suas necessidades pessoais. Vários estudos foram conduzidos com a preocupação na investigação das relações entre condições de trabalho e a grande incidência de fadiga e monotonia entre os empregados, ocasionados pela falta de comunicação. À medida que as pesquisas progrediam, abandonava-se a estreita perspectiva taylorista para focalizar outros grandes aspectos da situação do trabalho. Para Morgan (1996), ao identificarem que a organização informal, baseada em relações de amizade e interações não planejadas, pode existir lado a lado com a organização formal, concebida nos planos definidos pela administração, os estudos causaram um importante abalo à teoria clássica da organização. A partir dos anos setenta, pesquisadores em administração de organizações começaram a conceber o planejamento do trabalho com um meio de aumentar a produtividade e a satisfação no trabalho, melhorando assim os canais de comunicação, e ENEGEP 2005 ABEPRO 5388 XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005 conseqüentemente a qualidade de vida no trabalho, ganhando também, quase sempre, muita publicidade ao conduzirem o processo desta maneira. 2.1 A comunicação contemporânea Para Druker (1993, p.75), a informação começou a transformar as organizações a partir de 1970. Na organização tradicional, a comunicação é feita pelos gerentes que transmitem ordens para baixo e informações para cima. A comunicação, hoje, é preciso ir além da organização baseada na informação, para aquela baseada na responsabilidade. As organizações hoje são cada vez mais compostas por especialistas que conhecem mais a respeito de sua especialidade do que qualquer outra pessoa da empresa. O autor ainda salienta que isto significa que todos os membros da organização devem definir seus objetivos, prioridades e contribuições para cima, para baixo e para os lados. Na visão de Zarifian (2001, p.45), a percepção de que a comunicação é um componente essencial do trabalho – a ponto de se poder afirmar: trabalho é, em parte pelo menos, comunicar-se. Kotter e Cohen (2002, p.100), citam que a boa comunicação não é apenas transferência de dados. É preciso mostrar às pessoas alguma coisa que trate de suas ansiedades, que reconheça sua raiva, que seja confiável, que faça sentido em nível mais profundo e que evoque fé na visão. Os grandes líderes agem assim quase por instinto. A maioria precisa fazer o dever de casa antes de abrir a boca. Stewart (1998) enfatiza que o desenho gerencial da era mecanicista era o comando e controle.Hoje, grande parte das avaliações são automatizadas.A gerência da época mecanicista podia substituir um funcionário por outro que não causava impacto na produção. O homem trabalhava para a máquina.Hoje, a máquina é que trabalha para o homem. 2.2 O processo da comunicação Chiavenato (1994, p.551), elucida que o sistema de comunicação envolve, no mínimo, duas pessoas ou dois grupos: o remetente (fonte) e o recebedor (destino), isto é, o que envia a comunicação e o que recebe. A fonte constitui o ponto inicial e o destino constitui o ponto final da comunicação.Entre eles existem mais quatro componentes do processo: a transmissão, o canal, a recepção e o ruído, como aponta o quadro abaixo. Para Bordenave (1982, p.41) é praticamente impossível dizer onde começa e onde termina o processo de comunicação, como se as fases fossem partes de uma lógica e ordenada. Porém, algumas fases são constantes no processo, podendo se dar em qualquer ordem, ou simultaneamente, podendo também entrar em conflito umas com as outras.Neste contexto, o autor aponta as fases abaixo relacionadas. Segundo Chiavenato (1994, p.90), as barreiras à comunicação são restrições que ocorrem dentro ou entre as etapas do processo de comunicação, fazendo com que nem todo sinal emitido pela fonte de informação percorra o processo de modo a chegar incólume ao seu destino.O sinal pode sofrer perdas, mutilações, distorções, como pode sofrer ruídos, interferências, vazamentos, e ainda ampliações ou desvios. Variáveis Intervenientes ENEGEP 2005 ABEPRO 5389 XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005 Entrada Saída Barreiras à comunicação Mensagem tal como é enviada a) Idéias preconcebidas b) Recusa de informação contrária c) Significados personalizados d) Motivação, interesse e) Credibilidade da fonte f) Habilidade de comunicação g) Clima organizacional h) Complexidade dos canais Mensagem tal como é recebida Figura 1 – Barreiras ao Processo de Comunicação Fonte: Andrew J.DuBrin, Fundamentals of Organizational Behavior.An Applied Perspective, Nova Iorque,Pergamon Press,1974,p.281. 2.3 Padrões de comunicação Os padrões de comunicações, denominados também de cadeias, canais ou redes de comunicações, apresentam características diferentes de eficiência, ligação, rapidez, etc. Através de extensas pesquisas, chegou-se a conclusão atual, como salienta Chiavenato (1994, p.564), que não existe uma maneira universal de comunicar-se dentro das empresas, pois as informações e dados são enviados dentro de uma grande variedade de propósitos. A eficácia das comunicações depende de fatores situacionais. Os padrões mais comuns de comunicação são o círculo, a cadeia e a roda. Cada um tem suas vantagens e desvantagens relacionadas com a sua utilização. O padrão de círculo é muito adaptável, mas muito lento no seu funcionamento. Já, o padrão em roda é rápido no seu funcionamento, mas apresenta baixa flexibilidade nas mudanças de tarefas. Assim, os melhores resultados organizacionais são alcançados quando se utilizam vários padrões de comunicação e vários meios de comunicação, em vez de um único. Todavia, o quadro abaixo possibilita uma análise da maneira mais indicada de comunicar em cada uma das situações. 2.4 A Comunicação Interpessoal A comunicação interpessoal é ponto chave e de maior importância para os relacionamentos entre pessoas e equipes.É preciso desenvolver nas equipes de trabalho uma boa comunicação interpessoal. Porém, o processo de comunicação é influenciado por elementos como a linguagem, a retroação, a percepção e o ruído. Wels (2003, p.1) cita que a comunicação humana, ancorada particularmente na linguagem, tem expressão impar no processo de relacionamento social. Ela é portadora de interpretações objetivadas, constitui fator de transformação, é geradora de cultura e está inclusa no princípio de circularidade, articulando-se entre os pólos da física e da antropossociologia. A autora cita também que é Schutz, 1979 quem discorre minuciosamente a propósito da linguagem como meio de expressão e de comunicação entre as pessoas, tecendo considerações que vão desde a ENEGEP 2005 ABEPRO 5390 XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005 idéia genérica de uma comunicação humana ampla, representada por todas as formas de manifestação, até a comunicação oral, que pressupõe relações interpessoais. Para Penteado (1977, p.23), a percepção é fenômeno puramente individual, e se a comunicação humana procura modificar as imagens de nossas cabeças, teremos de levar em consideração que, embora os homens vivam no mesmo mundo, pensam e sentem em mundos diferentes, pessoais, individuais. A percepção pode ser definida como um processo interpretativo, através do qual fazemos passar todos os estímulos que nos chegam do meioambiente. O ruído consiste em interferências estranhas à mensagem, tornando a comunicação menos eficaz. Há a necessidade de sempre recorrer à redundância, que é a repetição da mensagem para superar os vários tipos de ruídos. A comunicação interpessoal sempre foi de grande valorização pelas empresas, mas agora o que existe na verdade é uma supervalorização dessa competência [...] A boa comunicação reflete-se numa negociação eficaz, está ligada ao bom relacionamento interpessoal, a um efetivo marketing pessoal, é decisiva no contato com clientes internos e externos, interfere na ascensão da carreira, enfim, está presente em todas as atividades do dia-a-dia nas organizações e fora delas (RIBEIRO, 2003). 2.5 A comunicação não-verbal Como o indivíduo diz algo é mais importante que o que é dito. A comunicação não-verbal pode tanto aperfeiçoar e dar apoio às palavras ou depreciá-las, ou até mesmo se opor ao que foi dito. Stark (1999) apud Matos (2002, p.67), cita a pesquisa desenvolvida por Albert Mehrabian, professor da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, em que constatou que somente 7% dos sentimentos e dos propósitos das pessoas são transmitidos por palavras; 38% dos sentimentos são comunicados pelo tom de voz, e 55% pelo comportamento não-verbal. 2.6 A importância do ato de ouvir A comunicação ocorre quando entendemos o que ouvimos. Isso significa ver a idéia expressa e a atitude do ponto de vista da outra pessoa, para entender como ela se sente e atingir seu ponto de referência. Acredita-se que o ato de ouvir seja um processo natural. No entanto, ele é tão complicado quanto à leitura, a escrita e a fala. O ato de ouvir requer atividade mental e física, pois ouvir não é um ato passivo. A maioria dos problemas de comunicação nas organizações está relacionada ao ato de ouvir. 3. Disciplina de Comunicação Organizacional O Quadro 1 apresenta a estrutura proposta para a disciplina de Comunicação Organizacional para os Cursos Superiores de Tecnologia que foi elaborada em consonância com o diagnóstico realizado pelas autoras deste artigo, diante das dificuldades apontadas pelos próprios alunos, bem como o depoimento de vários empresários sobre a dificuldade comunicacional, encontrada nos profissionais ao ingressarem no mercado de trabalho.As visitas ocorreram nas empresas da região norte do Paraná, no período de 2000 a 2004. Unidade Curricular Período letivo: COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL Módulo Projeto de Software Carga Horária: 48 Objetivos ENEGEP 2005 ABEPRO 5391 XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005 Propiciar ao acadêmico o conhecimento da comunicação organizacional como ferramenta estratégica frente aos novos cenários do mercado de trabalho, bem como lhe possibilitar a prática em processos de comunicação importantes nas relações profissionais e pessoais. Desenvolver a competência para compreender a importância da comunicação nas organizações; Compreender o contexto histórico da comunicação nas organizações; Analisar e debater assuntos relacionados à comunicação, com ênfase na área do curso. Levar a compreender a importância da comunicação para o marketing pessoal e networking. Compreender a importância da postura e apresentação pessoal nas relações pessoais e profissionais; Analisar e discutir as etapas antes e após a contratação do emprego; Reconhecer as habilidades de comunicação na negociação para administrar conflitos; Identificar os elementos essenciais do processo de comunicação; Reconhecer as barreiras ao processo de comunicação interna; Discutir as vantagens e desvantagens das várias redes de comunicação; Distinguir e identificar situações adequadas para o uso das redes de comunicação; Desenvolver a competência para compreender as habilidades da comunicação interpessoal nas relações profissionais e pessoais para uma efetiva atuação no processo da comunicação organizacional; Aprender a distinguir os vários tipos de correspondência empresarial e as situações de uso. Ementas Importância da comunicação organizacional: panorama histórico da comunicação nas organizações; a comunicação e as teorias da administração; a comunicação contemporânea; Marketing pessoal: postura e apresentação pessoal; atendimento ao cliente; a seleção antes da entrevista; entrevista; currículos; equilíbrio emocional; fatores importantes para a negociação; a importância da comunicação eficaz; Processo de Comunicação; fases do processo de comunicação; barreiras ao processo de comunicação; fluxos da comunicação; padrões de comunicação Habilidades da Comunicação interpessoal: a comunicação não verbal; a importância do ato de ouvir; a importância do feedback; Dinâmicas de Grupo; atividades para o desenvolvimento de habilidades na comunicação interpessoal (dinâmicas de grupo, debates, seminários, reuniões, entrevistas) Redação empresarial: estudo e produção de textos utilizados na comunicação empresarial, com ênfase na área do curso. Comunicação por e-mail e intranet; editais, cartas comerciais, laudos técnicos, textos de comunicação interna, relatórios comerciais; Curriculum vitae). Quadro 1 - Disciplina de Comunicação Organizacional 4. Programa Jovem Empreendedor A Unidade de Cornélio Procópio do CEFET-PR vem, desde 1998, através do Programa Jovem Empreendedor, apoiando e subsidiando a sua comunidade discente com o objetivo de estimular o espírito empreendedor e desenvolver as características necessárias para o sucesso em uma carreira empresarial. O Programa Jovem Empreendedor é desenvolvido em todas as Unidades do Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná, CEFET-PR. O Programa baseia-se numa seqüência de 05 fases de complexidade crescente, disseminadas a partir de um sistema de informações, com periodicidade anual, culminando com a criação de empresas de serviços tecnológicos ou indústrias tecnológicas: Fase 1: Sensibilização; Fase 2: Seminários de Impacto e Depoimentos de Empresários; Fase 3: Cursos de curta duração; Fase 4: Acesso ao Hotel Tecnológico; Fase 5: Processo de Incubação de Empresas. É prática comum, seja durante as aulas de empreendedorismo ministradas aos alunos dos Cursos Superiores de Tecnologia, seja em eventos promovidos na escola, palestras com empreendedores que trazem à comunidade cefetiana suas experiências, fomentando assim a discussão e a reflexão sobre o tema. O corpo discente da Instituição já cursa disciplinas sobre a temática empreendedora em uma clara intenção da Instituição em formar não apenas uma mão-de-obra especializada para o mundo do trabalho, mas também formar empreendedores que promovam o desenvolvimento social e econômico sustentável da região. Assim, surgiu a necessidade da criação de uma pré-incubadora de Empresas no ambiente da Unidade de Cornélio Procópio do CEFET-PR, onde a possibilidade da criação e amadurecimento de idéias em negócios estivesse mais próxima do aluno, por ser um importante agente promotor do desenvolvimento econômico sustentável da região norte do Paraná. Por estar inserido em uma instituição de ensino superior profissionalizante, o Hotel Tecnológico busca disseminar a cultura empreendedora, formar novos empresários e, com isso, enriquecer o processo educacional, trazendo para o ensino a dimensão da realidade mercadológica. A existência de uma infra-estrutura para incubar projetos empresariais em uma instituição de ensino tecnológico é extremamente necessária, tendo em vista o processo de diminuição de emprego formal que ocorre atualmente como conseqüência da globalização ENEGEP 2005 ABEPRO 5392 XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005 econômica e da otimização dos postos de trabalho. Nesse contexto, a preparação de jovens empreendedores torna-se imprescindível para o desenvolvimento social e econômico do país. O Hotel Tecnológico visa a incentivar, apoiar e fomentar os alunos e egressos do CEFET-PR a criar suas empresas, transformando seus sonhos em realidade (JACOMETTI e CRUZ, 2004). O Hotel Tecnológico é uma Pré-Incubadora de Base Tecnológica, cujo prédio foi inaugurado em 05 de agosto de 2003, sendo mantido pela Unidade de Cornélio Procópio do CEFET-PR, Instituição de Ensino Profissionalizante Pública Federal. As dez empresas em processo de incubação, desde primeiro de agosto de 2003, estão inseridas em arranjo produtivo voltado às áreas de Eletrotécnica, Informática e Mecânica que são as áreas de atuação da Instituição de Ensino mediante Cursos Superiores de Tecnologia. Os Cursos Superiores de Tecnologia, implantados desde 1999, contemplam em suas estruturas curriculares disciplinas da área de Gestão que visam a formação empresarial do acadêmico. É prática comum, seja durante as aulas de empreendedorismo ministradas, seja em eventos promovidos na escola, palestras com empreendedores que trazem à comunidade cefetiana suas experiências, fomentando assim a discussão e a reflexão sobre o tema. Para conquista do mercado, o Hotel Tecnológico e as empresas têm como meta o treinamento e consultoria na área da comunicação organizacional. A disciplina foi também ajustada para atender as demandas empresariais dos projetos e das empresas incubados pelo Hotel Tecnológico. No planejamento estratégico do Programa consta a ação de alinhavar as disciplinas de gestão empresarial com as diretrizes do empreendedorismo, mediante aplicações na elaboração de documentos, relatórios, projetos, contratos de parceria, etc, bem como o gereciamento das relações interpessoais e da informação nas organizações. 5. Considerações Finais Conforme a abordagem teórica, o depoimento de acadêmicos e empresários e os resultados da disciplina nos cursos superiores de tecnologia, os treinamentos e consultorias aos alunos, futuros empresários, incubados no Hotel Tecnológico, ainda em um período curto de aplicação, mas que com resultados eficientes, faz-se necessária as seguintes considerações: A disciplina de Comunicação organizacional, aplicada como um mecanismo para a formação empreendedora dos acadêmicos da Unidade de Cornélio Procópio, do CEFET-PR, é de fundamental importância para a condução das ações empresariais, pois amplia as chances de sucesso nas relações com a comunidade interna e externa, evitando os ruídos e distorções que tanto afligem o segmento produtivo. A capacitação comunicacional voltada para a formação empreendedora ajudará os acadêmicos a responder à demanda por uma comunicação eficiente dentro e fora da empresa e, também, projetar a consciência sobre o ambiente organizacional. Torna-se, então, imprescindível para a boa administração de uma organização, tanto na comunicação escrita, como oral. Observa-se que a comunicação, no ambiente educacional, não é dado o seu devido valor.Com isto, os acadêmicos chegam às organizações conhecendo muito pouco sobre os processos da comunicação organizacional. A comunicação organizacional já não se concentra em transmitir informações e conhecimentos, mas também em mudar o comportamento das pessoas. Com o desenvolvimento da disciplina, treinamentos e consultorias ao segmento acadêmico, é possível vislumbrar a comunicação organizacional como um mecanismo de fortalecimento da ENEGEP 2005 ABEPRO 5393 XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005 cultura empreendedora e, assim, a instituição cumprir o seu papel de preparar o educando dentro de um mercado cada vez mais competitivo. 6. Bibliografia BORDENAVE, Juan E. Díaz.O Que é Comunicação.São Paulo: Brasiliense, 1982. CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos.Editora Compactada.São Paulo: Atlas, 1994. COSTA, João Vanconcellos.A Universidade na Sociesdade do Conhecimento (III)-A relação com as empresas e as universidades empreendedoras.Acesso em 10 de maio de 2005.Disponível em : http://pwp.netcabo.pt/jvcosta/artigos/empresas.htm DRUKER, Peter Ferdinand.Sociedade Pós-Capitalista. Tradução de Nivaldo Montingelli Jr. São Paulo: Pioneira,1993. GROSS, Bertram M. As empresas e sua administração. Tradução de Nathanael C. Caixeiro.Petrópolis, Vozes: Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1973. HAMPTON, David R. Administração Contemporânea: teoria, práticas e casos.São Paulo Mc Graw-Hill, 1992. HOHLFELDT; MARTINO, Luiz C. e FRANÇA, Vera Veiga. Teorias da Comunicação: conceitos, escolas e tendências. Petrópolis: Editora Vozes, 2001. JACOMETTI, Marcio; CRUZ, Glória Alfredo. (2004) Importância das Estratégias no Gerenciamento da Incubação de Projetos: o Caso do Hotel Tecnológico do Cefet-PR/ Unidade de Cornélio Procópio.In. XIV Seminário Nacional de Parques e Incubadoras de Empresase XII Workshop ANPROTEC.Anais.Porto de Galinhas. KOTTER, John P. e COHEN, Dan S. O Coração da Mudança: Transformando empresas com a força das emoções.Tradução de Afonso Celso da Cunha Serra.-Rio de Janeiro: Campus, 2002. MATOS, Eloiza Aparecida Silva Ávila de.O processo de transferência de tecnologia entre UniversidadeEmpresa: uma proposta de metodologia de negociação.Curitiba, 2002.116f. Dissertação (Programa de pósgraduação em Tecnologia) Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná. MORGAN, Gareth. Imagens da organização.Tradução Cecília Whitaker Bergamini, Roberto Coda.São Paulo: Atlas, 1996. PENTEADO, José Roberto Witalker.A técnica da comunicação humana.São Paulo: Pioneira1977 RECTOR, Mônica e TRINTA, Aluízio Ramos.Comunicação do Corpo.São Paulo: Ática, 1999. WELS,Ana Maria Córdova. Reflexões sobre o ambiente de comunicação comum ,relações interpessoais estabelecidas e sociedade.Revista Comunicação Organizacional.FAMECOS/PUCRG,2003.Disponível emhttp://www.pucs.Br/famecos/geacor/texto 15.html. ENEGEP 2005 ABEPRO 5394