1 Estudo sobre preparação de dispositivos eletroluminescentes OLED (Organic Light Emitting Diodes) e das principais técnicas de caracterizações Vinicius D B Lindo, Jorge Tomioka O trabalho em questão é iniciado com uma apresentação dos dispositivos OLED e seu funcionamento. Conseguinte, é brevemente mostrada a tecnologia de filmes finos e alguns cuidados especiais em sua preparação para os dispositivos. Os materiais utilizados na produção dos OLED´s são de extrema importância, pois são os mesmos que determinarão as propriedades mais marcantes como a cor, iluminancia e etc. Porém, devido a grande quantidade de materiais que podem ser aplicados, apenas os materiais utilizados com mais freqüência em trabalhos serão apresentados. Finalizando o trabalho, serão tratados detalhadamente os métodos mais utilizados para a produção destes dispositivos, e os tipos de caracterização que podem ser empregadas nos mesmos. I. INTRODUÇÃO A TUALMENTE, uma verdadeira explosão de novos dispositivos vem aparecendo e despontando no cenário atual dos eletrônicos. Dentre os mesmos podemos encontrar uma grande quantidade de diodos, como os emergentes diodos orgânicos emissores de luz (OLED). Estes dispositivos OLED possuem como característica marcante a possibilidade de serem flexíveis, diferentes dos demais dispositivos existentes. Além da flexibilidade já citada, estes dispositivos têm alta resistência ao stress mecânico e baixo custo de funcionamento, consumindo menos energia do que os atuais displays disponiveis no mercado e as fontes de iluminação. O baixo consumo energético perante as fontes de iluminação existentes, leva a maioria dos grupos de pesquisa a buscar novas aplicações para os mesmos. Dentre estas aplicações pode-se citar a utilização dos OLED’s como fontes de iluminação, pois estes dispositivos propiciam a criação de fontes de luz com uma área superficial elevada às encontradas atualmente. O trabalho em questão tem como objetivo estudar e mostrar o estado da arte destes dispositivos, desde os materiais utilizados na composição até as conformações atuais. E também será apresentado neste trabalho alguns métodos de confecção de dispositivos reprodutíveis em laboratório. dispositivo construído pode-se variar o número de camadas, a espessura de cada camada além dos materiais utilizados em cada uma delas e em seus substratos conforme ilustrado na Figura 1. Figura 1 II. DISPOSITIVOS OLED Existem basicamente dois tipos básicos de OLED’s, os SMOLED’s, e os PLED’s. Onde SMOLED’s é a contração de Small Molecule OLED’s, sigla usada para os dispositivos fabricados a partir de moléculas orgânicas pequenas e o segundo é a contração de Polymerics OLED’s, sigla usada para os dispositivos fabricados a partir de polímeros conjugados. Os OLED’s são construídos utilizando-se a sobreposição em camadas de uma série de filmes finos, os quais são normalmente depositados em seqüência por vários métodos de deposição entre dois eletrodos. Existe uma quantidade ilimitada de arquiteturas possíveis, visto que para cada A emissão de luz de um OLED é obtida por excitação através dos buracos e dos elétrons injetados pelos eletrodos, onde ao se aplicar uma voltagem externa entre os mesmos, os buracos são injetados pelo anodo e os elétrons injetados pelo catodo. Os elétrons e buracos migram de camada em camada até se encontrem na zona de recombinação, dando origem a um estado ligado neutro, chamado éxciton. Porém em um dispositivo dito ideal, esses éxcitons devem ser formados na camada eletroluminescente. A energia de excitação proveniente dos éxcitons pode ser transferida para os estados moleculares excitados de singleto e de tripleto do composto molecular. 2 Normalmente a luz é produzida nos compostos orgânicos pelo rápido decaimento dos estados moleculares excitados de singleto do composto eletroluminescente, e a cor emitida depende da diferença de energia entre o HOMO e o LUMO do composto eletroluminescente. Porém, uma parte da energia é normalmente perdida pelo decaimento não radiativo dos estados excitados de tripleto, provenientes da transferência de energia dos éxcitons de tripleto. III. MATERIAIS UTILIZADOS EM DISOSITIVOS OLED A maioria dos materiais orgânicos pode transportar tanto elétrons como buracos, porém, para a maior parte desses materiais, os elétrons têm menor mobilidade do que os buracos. Assim, buscando um OLED mais eficiente precisamos, muitas vezes, balancear essas cargas dentro dos dispositivos usando materiais específicos como os transportadores de carga, injetores de carga, bloqueadores de carga, além é claro, dos orgânicos eletroluminescentes e os eletrodos propriamente ditos. A injeção de elétrons do cátodo nas camadas orgânicas é feita através de um filme fino metálico depositado sobre estas, pois os valores da barreira de potencial entre o catodo e o LUMO dos materiais orgânicos luminescente são normalmente altos, o que dificulta a injeção de elétrons. Sendo assim, o uso de metais com baixa função trabalho como (In, Ag, Al, Au, Mg e Cu) é altamente desejável para formar um contato de injeção de elétrons mais eficiente entre estes filmes.[1] Diferente do catodo, o contato para a injeção de buracos requer um eletrodo de alta função trabalho, visando passar a barreira de potencial para a injeção de buracos, que é normalmente quantificada como a diferença de energia entre a função trabalho do anodo e o potencial de ionização do composto orgânico. Todavia, não é interessante que o anodo seja um metal, visto que para o caso específico dos dispositivos emissores de luz, existe a necessidade de se extrair a luz emitida. O óxido de índio dopado com estanho (ITO) é um dos materiais mais utilizados como anodo, combinando as propriedades de transparência próprias de um óxido com as propriedades de condução elétrica, tendo mostrado uma boa eficiência na injeção de buracos nos materiais orgânicos. Em um OLED, existem alguns fatores que influenciam diretamente nas características do dispositivo, podemos citar a taxa de recombinação como um dos mais importantes fatores. Porém para se ter boas taxas de recombinação, devemos nos centrar nas propriedades dos injetores de carga, sabendo que os buracos têm maior mobilidade que os elétrons. Para conseguir uma boa taxa de recombinação se faz necessário utilizar materiais que apresentem uma alta função trabalho para a injeção de buracos e materiais com uma baixa função trabalho para a injeção de elétrons. Isto se dá, pois usando metais e ligas com baixa função trabalho, a injeção de elétrons e a velocidade de escoamento são incrementadas e assim as tensões aplicadas podem ser reduzidas. . Para a obtenção de um bom balança de cargas, podemos utilizar o Ca e o Ba que tem baixa função trabalho, protegidos por um metal estável como o Al ou Ag, incrementando a eficiência na injeção de elétrons. Outra opção é baixar a barreira de injeção de elétrons pela introdução de uma camada injetora de elétrons entre o catodo e a camada eletroluminescente, geralmente utiliza-se LiF, CsF, M2O e polímeros orgânicos surfactantes. A função desta camada é baixar a função trabalho do catodo e incrementar a injeção de elétrons pela redução da alta reatividade química dos metais com baixa função trabalho. A camada injetora de buracos age como uma interface de conexão entre o anodo e a camada transportadora de buracos facilitando a injeção de buracos na camada eletroluminescente. Esta camada deve ter boa adesão com o ânodo e também servir como uma superfície perfeitamente lisa para a deposição do anodo. Dentre os materiais mais usados para esta função, estão os polímeros condutores como o PEDOT-PSS ou polianilina dopada, polímeros fluorcarbono como o Teflon ou poliamida depositados a vácuo ou plasma, complexos metálicos e outros. Para o transporte de elétrons no dispositivo, deve-se levar em consideração novamente que os compostos orgânicos têm baixas mobilidades de elétrons em comparação à mobilidade de buracos, assim utiliza-se normalmente compostos que contém oxidiazol como transportadores de carga, pois apresentam melhores valores de mobilidade de elétrons. Dentre estes compostos o 2-(4-bifenil)-5-(4-tert-butilfenil)1,3,4-oxadiazol (butil-PBD), vêm sendo usado com grande freqüência como camada transportadora de elétrons. No entanto o composto mais importante quando se fala de transportadores de elétrons é sem duvida um metal quelato denominado tris(8-hydroxyquinolinato)alumínio (Alq3), cuja estrutura molecular está representada na Figura 2. Figura 2 Já as camadas transportadoras de buracos aumentam a condutividade dos mesmos, fornecendo um caminho para as cargas positivas migrarem do ânodo para a camada eletroluminescente. Estes materiais são de uso muito comum em SMOLED, porém não são tão aplicados nos dispositivos PLED devido ao fato dos polímeros conjugados serem 3 usualmente bons condutores de buracos. Dentre os materiais mais utilizados como transportadores de buracos, estão os triarilaminas, trifenilmatanos e os fenilazometanos. Porém, há alguns anos passados, descobriuse que usar “tri-arilamina” com centros “bi-fenil” como camadas transportadoras de buracos aumentava tanto a eletroluminescência quanto a estabilidade operacional dos OLED’s.Esta camada deve ser capaz de transportar ambas as cargas, de modo que estas cargas consigam atravessar o material e se encontrar. Para isso, algumas técnicas como Guest-Host são utilizadas na confecção desta camada, conseguindo então as características desejadas do material. IV. MÉTOSO DE CONFECÇÃO DE DISPOSITIVOS Inicialmente, deve-se lever em consideração a preparação do substrato para as deposições. Onde o mesmo deve ser limpo e então litografada a camada de ITO. Conseguinte, para a confecção das camadas pode-se utilizar diversos métodos, porém deve-se levar em consideração as limitações dos materiais utilizados, adequando então o método de deposição mais apropriado. Alguns dos métodos mais utilizados para confecção OLED’s são, a pulverização catódica por feixe de elétrons, evaporação térmica resistiva, spin-coating, CVD, e etc. V. CARACTERÍZAÇÃO DE DISPOSITIVOS A caracterização dos dispositivos OLED consiste de duas partes, primeiramente a caracterização do dispositivo emissor, e segundo a caracterização da camada emissora. A caracterização do polímero emissor, moléculas pequenas, compostos de coordenação ou outros componentes da camada emissora é feita através da analise de sua estrutura e suas propriedades. Esta analise é feita através da espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier, técnicas de calorimetria, técnicas de cromatografia, microscopias, e caracterização eletroquímica por voltametria cíclica. Caso seja o objetivo analisar novos compostos, pode-se também utilizar difração de raios-X, caracterização fotofísica por espectroscopia de absorção ultravioleta-visível e espectroscopia de fotoluminescência A caracterização dos dispositivos OLED se resumem a caracterização eletroluminescente e a medição de tempos de vida. A caracterização eletroluminescente se realiza na determinação da voltagem de funcionamento, pico eletroluminescente e eficiência de luminância, o que se consegue através de três tipos de registros: EL vs λ; luminância vs voltagem; e densidade de corrente vs voltagem. A determinação de tempos de vida se realiza mediante a medida do decaimento de luminosidade utilizando corrente direta (DC) ou excitação pulsada. Para tais medições se pode utilizar fotodetectores, esferas integradoras, fotogoniometros, e osciloscópio. Alguns outros dispositivos podem ser utilizados para se obter melhores resultados nas medições, porém com os dispositivos citados é possível encontrar todas as medidas de maior importância para caracterizar este dispositivo. VI. CONCLUSÃO Este trabalho teve como principal objetivo apresentar um possível caminho para confecção de dispositivos OLED simples que teriam utilização para pesquisas dentro da UFABC. Devido à imensa gama de materiais apresentados, e varias técnicas descritas sucintamente, este trabalho foi concluído com êxito, demonstrando teorias físicas do funcionamento do dispositivo e apresentando vários métodos de confecção de dispositivos. A conclusão deste trabalho deixa também um caminho para futuros trabalhos práticos que tenham como objetivo a confecção de dispositivos. Além deste caminho para confecção, se pode concluir que este trabalho é de grande ajuda para futuras pesquisas que tenham como objetivo analisar novos materiais para estes dispositivos. REFERENCIAS [1] [2] [3] [4] [5] L.S. Hung, C.W. Tang, M.G. Mason, Appl. Phys. Lett. 70 (1997) 152 Tang C. W. e VanSlykes S. A, Appl. Phys. Lett. 51 (12) (1987) 913. J. Kido, T. Mizukami, US Patent 6,013,384 (2000). I. Hamberg e C. G. Gramqvist, J. Appl. Phys. 11 (1986) 123 M. Matsumura, K. Furukawa e Y. Jinde, Thin Solid Films, 331 (1998) 96. [6] Y. Hamada, N. Matsusue, H. Kanno, H. Fujii, Jpn. J. Appl. Phys. 40 (2001) L753. [7] M. Hong, Z. Li. Organic Light-Emitting Materials and Devices, Ed. Taylor and Francis, 2007 US. [8] P. E. Burrows, V. Bulovic, S. R. Forrest, L. S. Sapochak, D. M. McCarty, M. E. Thompson, Appl. Phys. Lett. 1994, 65, 2922–2924. [9] G. Xu, Fighting OLED degradation, Inform. Display. 2003, 19, 18–21. [10] P. C. Posada, J. M. Gil, P. M. Ramos, L. M. 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