UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP
Prof. D.Sc. Evaldo Martins Pires
Aula 03
PARASITOLOGIA ZOOTÉCNICA
Aula de hoje:
Insetos da ordem Diptera, Subordem Brachycera de importância em Parasitologia Zootécnica
SUBORDEM BRACHYCERA (moscas e mutucas)
Vamos seguir com conteúdo da seguinte forma: De acordo com alguns sistemátas e
taxonomistas iremos considerar que os dípteros das subordens Brachycera e Cyclorrhapha pertençam a
a subordem Brachycera.
Desta forma os principais aspectos que diferem os Brachycera dos Nematocera são:
- São geralmente moscas de corpo mais robusto que os Nematocera;
- As antenas curtas, com poucos segmentos.
Considerando que as moscas e mutucas pertencem a subordem Brachycera, a diferenciação
desses dípteros serão em outra escala da hierarquia zoológica, as infraordens:
- Tabanomorpha: Mutucas
- Muscomorpha: Moscas
Diferenciação básica de Tabanomorpha e Muscomorpha
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Figura 1. Diferenciação morfológica das estruturas da cabeça de Tabanomorpha e Muscumorpha.
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Infraordem Tabanomorpha (mutucas)
FAMÍLIA TABANIDAE
Moscas desta família podem ser caracterizadas:
- Por serem grandes e robustas;
- Possuem o aparelho bucal: picador-sugador;
- Nutrição: normalmente nutrem-se do néctar de flores. Porém a fêmea realizam a hematofagia
para evolução de seus ovos, o que a torna freqüentemente sérias pragas para os animais e o
homem;
- São moscas de hábitos diurnos;
- Picadas doloridas.
Figura 2. Diptera: Tabanidae.
Gêneros
Existem muitos gêneros de tabanídeos, porém apenas três têm importância veterinária /
zootécnica. Os gêneros são Tabanus, Haematopota e Chrysops. Por causa de sua estreita relação em
termos de comportamento e importância patogênica, serão discutidos como se estivéssemos tratando de
um único grupo.
Morfologia
- Adultos de médio a grande porte, medindo de 6 a 30 mm de comprimento;
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- Possui corpo rosbusto;
- Possuem a cabeça mais larga que o tórax;
- Aparelho bucal picador-sugador;
- Os sexos são facilmente distinguíveis através dos olhos. Nas fêmeas são os olhos são evidentemente
separados (dicópticos) e nos machos essa separação é pouco evidente (holópticos).
Hospedeiros
Geralmente, grandes animais domésticos ou silvestres e o homem, mas os pequenos animais e as aves
também podem ser atacados.
Distribuição
Mundial, embora certos gêneros estejam ausentes em grandes áreas; por exemplo, não há registros de
ocorrência de Haematopota na Austrália e na América do Norte e do Sul.
Aspectos gerais
- A oviposição ocorre em ou próximos a ambientes aquáticos ou semi-aquáticos, propícios ao
desenvolvimento das larvas;
- Os ovos são depositados na forma de massa em plantas ou na terra lamacenta;
- Larvas geralmente carnívoras, alimentam-se de pequenos invertebrados de água doce;
- Os adultos se alimentam basicamente de néctar. No entanto a fêmea necessita de proteína animal
(obtida no repasto sanguíneo) para a maturação dos ovos;
- Os adultos são de hábitos diurnos;
Figura 3. Tabanidae em atividade de postura.
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Ciclo biológico
Figura 4. Ciclo biológico de Tabanidae.
Descrição do ciclo biológico
Os ovos são postos na forma de massa geralmente em plantas ou na terra lamacenta (próximos a
ambientes aquáticos ou semi-aquáticos).
O período de incubação dos ovos, sob condições favoráveis dura em média de dois a três dias,
ocorrendo em seguida à eclosão das larvas;
O estágio larval da maioria das espécies ocorre em condições lamacentas, águas lóticas
(correntezas) e poças d’água. As larvas são carnívoras, alimentando-se de pequenos invertebrados. O
tempo de desenvolvimento larval pode variar de quase um ano até mais de dois anos, apresentando até
mais de 10 estádios.
Quando totalmente desenvolvidas, as larvas geralmente deslocam-se para ambientes mais secos
para empupar.
O estágio pupal varia de uma a três semanas dependendo da espécie e da temperatura.
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Os adultos vivem cerca de dois meses, completando em média dois ciclos gonotróficos (período
que se inicia no repasto e termina na postura). O acasalamento ocorre logo após a emergência e as
fêmeas ovipositam após o repasto sanguíneo, podendo ovipor de 100 a 1000 ovos por repasto.
O ciclo evolutivo dos tabanídeos leva cerca de quatro a cinco meses nos trópicos e de um a três
anos em regiões temperadas.
Importância patogênica
- Essas moscas possuem alta capacidade de dispersão, podendo deslocar-se por quilômetros de
distância dos seus criadouros;
- As fêmeas adultas possuem um apurado sistema visual que, juntamente com quimiorreceptores
permitem localizar a presa;
- Suas picadas são profundas e produzem dor e incômodo;
- Devido ao incômodo causado pelas picadas, o repasto sanguíneo é freqüentemente interrompido, o
que facilita que esses insetos necessitem de picar várias vezes até ingerir a quantidade suficiente de
sangue. Como conseqüência dessas repetidas interrupções, esses insetos destaca-se como eficientes
vetores mecânicos de certas doenças, como dermatobiose (Dermatobia hominis), tripassonomíases
(Trypasnossoma evansi) para os animais e da anemia infecciosa eqüina;
- É difícil avaliar a importância real deste grupo de moscas, mas existem números que mostram grandes
perdas anuais em conseqüência do efeito irritante e da transmissão de doenças.
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Figura 5. Como ocorre a dermatobiose? A mosca Dermatobia hominis utiliza os tabanídeos como
hospedeiro paratênico ou de transporte.
Sinais característicos e prejuízos causados por dípteros da família Tabanidae
PESQUISA PARA A PRÓXIMA AULA.
Controle
Constitui um problema especial, uma vez que os criadouros são difusos e de difícil detecção. Desta
forma, para o controle geral de moscas, são usados:
- Spays inseticidas com efeito residual em estábulos e nos próprios animais;
- Uso de armadilhas de cola;
- há também as grades de eletrocução que podem ser úteis em instalações de animais.
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Infraordem Muscomorpha (moscas)
FAMÍLIA MUSCIDAE
Esta família compreende muitos gêneros picadores e não picadores. As moscas não picadoras
são comumente citadas como moscas irritantes. Podem ser responsáveis por ataques, sendo vetores de
importantes bacterioses, helmintoses e protozooses de animais.
Os principais gêneros de importância veterinária e zootécnica incluem Musca (moscas
domésticas), Stomoxys (mosca dos estábulos) e Haematobia (mosca dos chifres). Um gênero atípico
aqui incluído é Glossina (mosca tsé tsé, causadora da doença do sono ou tripanossomíase africana).
Gênero Musca (mosca doméstica)
Espécie mais comum é a Musca domestica.
Figura 6. Diptera do gênero Musca.
Morfologia
- Adultos de médio porte, medindo de 5,0 a 8,0 mm de comprimento;
- Apresenta coloração que varia de cinza claro a escuro;
- Apresenta quatro listras longitudinais escuras no tórax;
- O aparelho bucal é do tipo lambedor sugador, sendo evidentes quando distendidas durante a
alimentação.
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Figura 7. Detalhe do aparelho bucal sugador distendido.
Hospedeiros
Os membros deste gênero não são parasitas obrigatórios, mas podem nutrir-se de ampla
variedade de secreções animais e são especialmente atraídos por feridas.
Distribuição
Mundial.
Aspectos gerais
- Nesses insetos, as posturas são feitas em fezes ou em matéria orgânica em putrefação;
- Podem-se alimentar de uma grande variedade de substâncias animais e vegetais, principalmente as
açucaradas;
- Alimentam-se da seguinte forma, antes de ingerir o alimento, depositam uma gota de saliva sobre o
mesmo para dissolvê-lo e em seguida o sugam.
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Ciclo biológico
Figura 8. Ciclo biológico de Musca.
Descrição do ciclo biológico
- O processo de localização dos potenciais criadouros por parte das fêmeas é devido ao apurado sistema
olfativo localizados nas antenas desses insetos. Esses criadouros são matéria orgânica fermentável
como lixo, fezes, etc.;
Após a localização, as fêmeas iniciam a atividade de oviposição, colocando massas de ovos de 75 a 170
por vez, totalizando 500 a 800 ovos depositados durante sua fase reprodutiva;
- O período de incubação dos ovos é de um a dois dias em condições favoráveis;
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- Após a eclosão das larvas inicia-se o estágio larval que apresenta três estádios e tem duração de cinco
a oito dias em condições favoráveis e podendo prolongar-se por várias semanas em condições adversas;
- Nesta fase as larvas alimentam-se constantemente digerindo grande variedade de substâncias animais
e vegetais, principalmente as açucaradas. Antes de ingerir o alimento, depositam uma gota de saliva
sobre o mesmo para dissolvê-lo e em seguida o sugam;
- Após a fase larval, inicia-se o período pupal, que dura de três a seis dias sob condições favoráveis;
- Após a emergência dos adultos, as moscas vivem cerca de 30 dias.
Importância patogênica
- Estão intimamente associadas a habitações dos animais e do homem;
- Apresentam grande capacidade de dispersão, pois são atraídos por diferentes odores chegando a voar
cerca de 1.000 a 3.000 m em 24 horas;
- Além de causar grande aborrecimento, podem também, transmitir mecanicamente vírus, bactérias,
helmintos e protozoários devido ao hábito alimentar de freqüentar substância fecal e matéria orgânica
em decomposição;
- Esses patógenos são transportados nos pelos das pernas e corpo ou regurgitados como vômito salivar
durante subseqüente alimentação;
- São responsáveis pela disseminação de doenças, incluindo mastite (inflamação da glândula mamária),
conjuntivite (inflamação ocular – vírus, fungos ou bactérias) e carbúnculo hemático ou antrax (Bacillus
anthracis).
Figura 9. Mamite bovina; conjuntivite bovina e conseqüência do carbúnculo hemático ou antrax.
- Realizam ainda o transporte de ovos de diversos microorganismos podendo também atuar como
hospedeiros intermediários de uma série de helmintos. A deposição das larvas do nematóide
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Habronema spp. em feridas causa a habronemose (tipo de lesão cutânea), conhecida popularmente
como “feridas de verão” em eqüinos;
Figura 10. Habronemose (lesão cutânea) em eqüinos, conhecida como “feridas de verão”.
- Há também espécies do gênero Musca que se alimentam de secreções dos olhos, boca e nariz, bem
como em feridas deixadas por moscas picadoras, causando grande transtorno e perturbação ao animal
interferindo desta forma no pastejo.
Sinais característicos e prejuízos causados por dípteros do gênero Musca
Estas moscas em grandes quantidades são uma enorme fonte de irritação / estresse para os
animais. Em bovinos há algumas estimativas de perda de peso e queda de produção de leite e carne de
até 20%.
Estabelecimento de diversas patologias devido a transmissão de agentes patógenos.
Controle
- Em ambientes rurais o manejo do esterco (juntar o esterno e cobri-lo com lona preta para o calor
matar as larvas de mosca);
- Uso de inseticidas;
- Uso de telas ou grades de eletrocução;
- Uso de telas;
- Combate às larvas (controle do lixo e água).
CURIOSIDADES sobre o uso das larvas de Musca
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Na alimentação de rãs
- Larvas de mosca são utilizadas na alimentação de rãs. As larvas não são o principal alimento, seu uso
se faz necessário devido ao fato de que as rãs só se alimentam de ração se ela estiver em movimento,
sendo assim, neste caso, as larvas colocadas na ração dão mobilidade a comida.
Na alimentação de inimigos naturais
- Larvas de mosca são utilizadas na alimentação de insetos utilizados em programas de controle
biológico de pragas agrícolas.
Gênero Stomoxys (mosca dos estábulos)
Espécie mais comum é a Stomoxys calcitrans.
Figura 11. Diptera do gênero Stomoxys.
Morfologia
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- A espécie Stomoxys calcitrans assemelham-se a Musca domestica, sendo de tamanho semelhante e de
coloração cinza com quatro listras escuras longitudinais no tórax;
- Apresenta o abdome mais curto e mais largo que M. domestica, e, três manchas escuras no segundo e
no terceiro segmento abdominal;
- O método mais simples para distinguir as moscas dos estábulos (S. calcitrans) de Musca e de outros
gêneros de muscídeos não picadores provavelmente seja pelo exame da probóscida (tromba), que em
Stomoxys (picador sugador) é saliente e projetada para frente. A mosca dos estábulos pode ser
distinguida de muscídeos picadores do gênero Haematobia pelo tamanho maior e pelos palpos mais
curtos.
Figura 12. Detalhe do aparelho bucal de Musca domestica (sugador) (A) e Stomoxys calcitrans
(picador sugador) (B).
Hospedeiros
Grande destaque para os equideos, porém há relatos em outros animais inclusive o homem.
Distribuição
Mundial.
Aspectos gerais
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Espécie: Stomoxys calcitrans (mosca do estábulo)
- As posturas são feitas geralmente em matéria vegetal em decomposição como feno e palhas
contaminados com urina;
- Machos e fêmeas são hematófagos;
Figura 13. Larvas de Stomoxys calcitrans (mosca do estábulo) em matéria vegetal em decomposição
(feno e palha).
Ciclo biológico
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Figura 14. Ciclo biológico de Stomoxys calcitrans (mosca do estábulo).
Descrição do ciclo biológico
- As fêmeas ovipositam em matéria vegetal em decomposição (feno e palha, contaminados com fezes e
urinas), cerca de 25 a 50 ovos por vez, o que totaliza de 200 a 400 ovos durante sua fase reprodutiva;
- O período de incubação dos ovos é de um a quatro dias em condições climáticas favoráveis;
- Após a eclosão inicia-se o estágio larval que apresenta três estádios e tem duração de seis a oito dias
em condições favoráveis e podendo prolongar-se por várias semanas em condições adversas;
- Após a fase larval, inicia-se o período pupal, que dura de três a seis dias sob condições favoráveis,
ocorrendo então a emergência dos adultos;
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- Logo após a emergência ocorre o acasalamento e então, as fêmeas adultas necessitam de várias
ingestões de sangue para que os ovários amadureçam e possam iniciar a oviposição;
- O ciclo evolutivo completo desde o ovo até a mosca adulta pode durar de 12 a 60 dias, dependendo
principalmente da temperatura.
Importância patogênica
- Essas moscas são consideradas sérias pragas para os animais e também o homem, devido às picadas
serem doloridas;
- Estudos apontaram que o período de duração do repasto sanguíneo sem que haja interrupção é de três
minutos, no entanto, devido a picada ser dolorosa, raramente a mosca finaliza um repasto sem ser
interrompida, o que se faz necessário inúmeras picadas para se saciar;
- São responsáveis por veicular mecanicamente microrganismos e protozoários patogênicos devido as
inúmeros tentativas interruptas de repasto;
- Nos bovinos S. calcitrans, juntamente com o carrapato Boophilus microplus podem transmitir a
tristeza bovina.
Figura 15. Adultos de Stomoxys calcitrans (mosca do estábulo) na região dorsal de eqüinos.
Sinais característicos e prejuízos causados pela espécie Stomoxys calcitrans
PESQUISA PARA A PRÓXIMA AULA.
Controle
- Manter a higiene das instalações, limpando e removendo sistematicamente toda e qualquer matéria
orgânica acumulada (cama, feno e resíduos alimentares e/ou dejetos dos animais);
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- Usar, quando necessário, inseticidas que sabidamente funcionam e que possuam origem reconhecida,
assim como, registro para uso em animais, utilizando sempre com rigor a dose e o volume de calda
indicados por animal a ser tratado;
-Uso de sprays inseticidas em aerossol ao redor de estábulos e construções rurais.
Gênero Haematobia
Espécie mais comum é a Haematobia irritans
Figura 16. Adultos de Haematobia irritans (mosca dos chifres).
Morfologia
- Adultos medem até 4 mm de comprimento e são os menores muscídeos hematófagos;
- Apresentam coloração cinza com diversas listras escuras no tórax;
- Diferem-se de Musca, pois a probóscida mantém-se para a frente, e, de Stomoxys devido aos palpos
serem grossos e tão longos quanto a probóscida;
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Figura 17. Esquema para diferenciação de Haematobia irritans.
Hospedeiros
Bovinos e bubalinos.
Distribuição
Ocorre em muitas regiões do mundo incluindo Europa, Austrália, Américas.
Aspectos gerais
- Permanecem sempre de cabeça para baixo;
- Permanece sobre o animal dia e noite, picando-o cerca de 15 a 40 vezes por dia, fazendo assim o seu
repasto (alimentação).
- Abandona o animal unicamente para mudar de hospedeiro e, no caso das fêmeas, para ovipositar, pois
coloca seus ovos sobre fezes frescas;
- Durante o dia, se o calor é muito intenso, descem para a parte inferior do animal, concentrando-se na
região do abdome, onde se protegem dos raios solares.
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- A mosca-dos-chifres tem algumas particularidades, como a atração por animais de pele escura e
touros;
- É uma praga que ocorre com maior intensidade no período das águas, sendo observados dois picos
populacionais: No início e final do período das águas;
- Nas épocas de seca ou nos períodos prolongados de chuvas a população da mosca-dos-chifres
decresce.
Figura 18. Haematobia irritans (mosca dos chifres) de cabeça para baixo.
Ciclo biológico
Figura 19. Ciclo biológico de Haematobia irritans (mosca dos chifres).
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Descrição do ciclo
- Os espécimes de Haematobia irritans permanecem sobre o animal dia e noite, picando-os inúmeras
vezes durante o dia.
- As fêmeas somente deixam o animal para ovipositar, pois colocam seus ovos sobre as fezes frescas,
totalizando de 300 a 400 ovos.
- O período de incubação dos ovos é de aproximadamente 24 horas;
- Após a eclosão, inicia-se o período larval, que apresenta três estádios e ao final do quarto até o oitavo
dia transformam-se em pupas;
- O estágio de pupa pode ocorrer no bolo fecal ou no solo, dependendo do grau de umidade. Este
estágio tem duração de seis a oito dias;
- Em seguida ocorre a emergência do adulto o qual pode viver por um período de cerca de três a sete
semanas.
Importância patogênica
- Além de parasitar bovinos, a mosca dos chifres pode parasitar esporadicamente outros animais, como
eqüinos, ovinos, suínos, búfalos, veados e até o homem
- Grandes quantidades causam intensas irritações devido as picadas doloridas, e, as feridas cutâneas
produzidas durante a nutrição podendo desta forma atrair outros muscídeos ou muscas causadoras de
miíases;
- Atribui-se às mosca dos chifres, a condição de vetora de várias doenças nos bovinos, como as
bacterianas, a tripanossomose e também associa-se essa espécie com a veiculação das larvas de
Dermatobia hominis (berne).
Sinais característicos e prejuízos causados pela espécie Haematobia irritans
- A mosca-dos-chifres tem a característica de pousar com a cabeça para baixo e são menores que as
moscas-dos-estábulos;
- Quando o ataque é severo, pode causam sério processo anêmico em animais jovens;
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- Devido às picadas incessantes deixam os animais inquietos e nervosos, com um aumento excessivo no
balançar da cauda e do pescoço, procurando espantá-las, podendo até parar de se alimentar o que leva a
perda de peso e diminuição da produtividade.
- As lesões, além de serem portas para infecções secundárias, causam desvalorização do couro.
- Deve-se considerar ainda o problema causado ao meio ambiente e ao próprio homem pelo uso
intensivo de inseticidas para combater essas moscas.
Controle
Devido as espécies de H. irritans passarem muito tempo em seus hospedeiros, o controle é fácil,
quando comparado com outros muscídeos.
- Recomenda-se que o combate a mosca dos chifres seja feito quando o nível de controle estiver em
torno de 200 moscas por animal;
- Uso de produtos inseticidas específicos através da pulverização, de três a quatro vezes
semanais, fará com que essa primeira geração da mosca desapareça e não dê origem às outras gerações;
- Os produtos químicos mais utilizados são os pertencentes ao grupo dos fosforados;
- O uso de brincos impregnados de inseticidas apresenta bons resultados no controle;
- O combate a mosca dos chifres deve ser feito em conjunto, ou seja, de nada adiantará eu combater a
mosca em meu rebanho se o vizinho não o fizer;
- Outro método de controle, é o biológico, que utiliza o besouro rola bosta. Esses besouros agem
desmanchando o bolo de esterco verde e levando para camadas profundas no solo, não permitindo a
proliferação das moscas.
Vídeo sobre controle biológico das moscas dos chifres
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FAMÍLIA CALLIPHORIDAE
Esta família, juntamente com Sarcophagidae e Oestridae, contém as espécies responsáveis pelas
miíases (bicheiras) nos animais e no homem.
Miíase – é uma doença causada pela infestação de larvas de moscas na epiderme ou outros tecidos de
animais e também do homem.
Figura 20. Miíase.
As miíases podem ser classificadas em dois tipos:
Miíase primária ou obrigatória (causada por moscas da família Oestridae).
- A larva da mosca (geralmente a Dermatobia hominis) invade o tecido sadio e nele se
desenvolve. Essa infestação é também conhecida por berne.
Figura 21. Larvas de Dermatobia hominis, (berne), causadora da miíase primária ou obrigatória.
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Miíase secundária ou opcional (causada por moscas da família Calliphoridae).
A mosca coloca seus ovos em ulcerações na pele ou mucosas e as larvas se desenvolvem nos
produtos de necrose tecidual.
Figura 22. Larvas de Calliphoridae (moscas varejeiras), causadora da miíase secundária ou opcional.
A miíase secundária apresenta-se sob três formas:
- Cutânea - ocorre devido ao depósito de ovos de moscas em ulcerações da pele e conseqüente
desenvolvimento das larvas;
- Cavitária – é aquela que ocorre nas cavidades nazal, orelha e região dos olhos;
- Intestinal – é aquela que ocorre devido a ingestão de alimento ou bebida contaminados com ovos ou
larvas de dípteros.
A miíase causada por moscas da família Calliphoridae é a miíase das moscas varejeiras.
Figura 23. Adulto de Calliphoridae (moscas varejeiras), causadora da miíase secundária ou opcional.
Espécies de importância veterinária e zootécnica causadoras da:
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MIÍASE POR MOSCAS DA FAMILIA CALLIPHORIDAE
Lucilia cuprina
L. caesar
L. illustris
Phormia Regina
Calliphora stygia
C. australis
C. fallax
Chrysomya albiceps
Ch. bezziani
Ch. megacephala
Ch. putoria
C. chlorophyga
C. micropogon
C. rufifacies
Cochliomyia hominivorax
Morfologia
- Adultos medem até 1 cm de comprimento;
- Apresentam cores metálicas (verde, azul, violáceo ou douradas);
- Possuem o aparelho bucal do tipo lambedor sugador.
Hospedeiros
Principalmente ovinus, mas qualquer outro animal pode ser acometido. É importante observar
que apenas as larvas são responsáveis por miíases, pois nesta fase apresentar o aparelho bucal
mastigador.
Distribuição
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Mundial.
Aspectos gerais
- Moscas varejeiras põem seus ovos em feridas, velo sujo ou animais mortos;
- O hábito alimentar dos adultos é: machos têm como base alimentar a ingestão de carboidratos e as
fêmeas proteínas;
- Geralmente, quando verificamos machos sobre feridas, carcaças ou material em decomposição (fonte
de proteína) eles estão ali devido a aspectos reprodutivos;
- As moscas varejeiras se enquadram em duas principais categorias:
Moscas primárias- são aquelas capazes de iniciar um ataque em animais vivos (Lucilia,
Phormia, Calliphora);
Moscas secundárias – são aquelas que não conseguem iniciar um ataque, mas investem contra
uma área já atacada.
Ciclo biológico
Figura 24. Ciclo biológico de das espécies de Calliphoridae (moscas varejeiras), causadora da miíase
secundária ou opcional.
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Descrição do ciclo biológico
- As fêmeas adultas ovipositam em feridas, velo sujo ou animais mortos, sendo atraída pelo odor da
matéria orgânica em decomposição;
- O período de incubação dos ovos é de 12 horas a um dia, em condições favoráveis;
- As larvas recém eclodidas nutrem-se e crescem rapidamente. O estágio larval apresenta três estádios e
dura de 3 a 10 dias;
- Quando as larvas estão maduras, estas caem no solo e pupam. A fase pupal completa-se em três a sete
dias;
- Após a fase pupal, ocorre a emergência das moscas varejeiras adultas que podem viver cerca de 30
dias.
Importância patogênica
- Após a eclosão das larvas das moscas primárias, elas laceram o tecido (epiderme) com seus ganchos
orais e secretam enzimas que digerem e liquefazem os tecidos. Com isso, as moscas secundárias são
atraídas pelo odor dos tecidos em decomposição, e suas larvas ampliam e aprofundam a lesão;
- Essas moscas também podem transportar microrganismos que potencializam o processo infeccioso;
- O ataque pode ser classificado de acordo com a região corpória acometida, traseiro, cauda, corpo,
cornos ou prepúcio.
Sinais característicos e prejuízos causados pelas moscas varejeiras
- Animais anoréticos (ingerem pouquíssimos alimentos ou até nenhum);
- Comportamento apático (falta de motivação) e em geral, isolados dos outros animais;
- Irritação e desconforto causados pela lesão são extremamente debilitantes;
- A região atacada, apresenta aspecto úmido e liberam odores fétidos;
- Pele (tegumento) lesada revelando a presença das larvas ativas.
Controle
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Prof. D.Sc. Evaldo Martins Pires
- Baseia-se amplamente no tratamento profilático com inseticidas.
Profilaxia - é a aplicação de meios que tendem a evitar as doenças ou a sua propagação.
- Recomenda-se que os inseticidas usados não devem somente matar as larvas, mas também
permanecer no pelo por certo período (efeito residual);
- A aplicação desses inseticidas deve ser feitas através de pulverizações manuais, banho de imersão ou
por aspersão (borrifagem);
- O uso de reguladores de crescimento de insetos, confere proteção por até dois meses após uma única
aplicação;
Outra medida é a prevenção da diarréia pelo controle eficaz de verminoses e a remoção do excesso de
pelos ou lã, no caso de ovinos, da região da virilha e na região perineal (entre o ânus e a vulva) para
evitar o acúmulo de sujeira;
Recomenda-se que as carcassas sejam enterradas ou queimadas para evitar criadouros.
CURIOSIDADES sobre o uso das larvas de Calliphoridae
Uso em medicina alternativa
- Larvas desta mosca foram muito utilizadas na segunda Guerra Mundial com a finalidade de limpar
feridas em soldados no campo de batalha. Alguns profissionais ainda adotam essa prática.
FAMÍLIA SARCOPHAGIDAE
Morfologia
- São moscas de tamanho médio a grande (6 a 16 mm);
- Apresenta coloração cinzenta, não metálica, com três listras torácicas pretas, abdome apresentando
padrão xadrez;
- Os machos apresentam a genitália grande, bem evidente e, em alguns casos, vermelha;
- Apresentam o aparelho do tipo bucal lambedor sugador;
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Figura 25. Adulto de Sarcophagidae.
Distribuição
Mundial.
Aspectos gerais
- Moscas da família Sarcophagidae não apresentam a fase de ovo no meio externo;
- As larvas são colocadas diretamente no substrato de alimentação, normalmente matéria orgânica em
decomposição, como esterco; carcaças animais e restos vegetais;
- Essas moscas acometem principalmente o homem e apenas ocasionalmente os animais;
- Os adultos alimentam-se de fezes, da carne de animais mortos e de sucos de frutas;
- A maioria dos sarcofagídeos é saprófaga na fase larval, mas algumas parasitam outros insetos,
caracóis, minhocas, etc.
Ciclo biológico
O ciclo biológico assemelha-se ao de Calliphoridae, apenas o fase de ovo é dentro do oviduto da fêmea.
Neste caso as fêmeas põem as larvas de primeiros estádio sobre o hospedeiro.
Descrição do ciclo biológico
- Os ovos desenvolvem-se e eclodem no oviduto da fêmea que oviposita larvas de primeiro estagio;
- O período larval de Sarcophagidae apresenta de três estádios;
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- As larvas recém colocadas nutrem-se e crescem rapidamente;
- Quando as larvas estão maduras, estas caem no solo e pupam;
- Após a fase pupal, ocorre a emergência das moscas adultas que podem viver cerca de 30 dias.
Importância patogênica
Semelhante ao relatado para Calliphoridae.
Sinais característicos e prejuízos causados pelas sarcofágicas
Semelhantes aos relatados para Calliphoridae.
Controle
Semelhantes aos relatados para Calliphoridae.
FAMÍLIAS OESTRIDAE E CUTEREBRIDAE
Conhecidas como moscas do berne.
Figura 26. Adulto, larva e orifício feito pela mosca do berne.
Morfologia básica dos das moscas do berne
- Adultos medem cerca de 10 a 15 mm de comprimento;
- Apresenta cabeça grande, amarelada;
- Apresentam olhos pequenos e afastados, tanto na fêmea como no macho;
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- Peças bucais são atrofiadas, por isso os insetos adultos não se alimentam, o que os faz utilizar as
reservas acumuladas pela larva;
- As fêmeas depositam os ovos sobre o corpo de insetos hematófagos;
- A larva perfura o epitélio ou aproveita a lesão deixada pelo inseto hematófago;
- Quando atinge a maturidade a larva deixa a pele do hospedeiro vertebrado e no solo dá origem à pupa.
Os principais gêneros associados a dermatobioses animais são:
Hypoderma (Diptera: Oestridae)
Dermatobia (Diptera: Cuterebridae)
Oestrus (Diptera: Oestridae)
Gasterophilus (Diptera: Oestridae) (alguns pesquisadores classificam este gênero numa família
separada, Gasterophilidae).
Hypoderma (berne dos bovinos do Hemisfério Norte)
Conhecidas como mosca do tumor. Dípteros deste gênero Hypoderma estão associadas
principalmente a bovinos, ocorrendo também irregularmente em outros animais, incluindo eqüinos,
ovinos, e, raramente no homem.
As principais espécies associadas a parasitoses animais são Hypoderma bovis e H. linearum.
Essas, moscas destacam-se morfologicamente devido a semelhança com abelhas;
Figura 27. Adulto de Hypoderma.
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Espécie Dermatobia hominis (berne dos bovinos na América Latina)
Considerada a única espécie que parasita o homem.
Figura 28. Animal com dermatobiose.
Oestrus (berne de ovinos e caprinos)
Oestrus ovis é a espécie mais conhecida. As larvas desta espécie são responsáveis por causar a oestrose,
doença conhecida também como bicho da cabeça. As larvas de O. ovis são parasitas obrigatórios das
cavidades nasais e seios frontais de ovinos e caprinos.
Figura 29. Sinal clínico da oestrose. Presença de larvas de Oestrus ovis na cabeça e ovino, próximo a
região nasal.
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Figura 30. Ciclo biológico de Oestrus ovis
Gasterophilus
Indivíduos pertencentes a este gênero depositam seus ovos um a um aderidos a fios dos pelos
dos seus hospedeiros (eqüinos). As larvas ao eclodirem deslocam-se até chegar à comissura labial onde
penetram; daí em seguida chega ao estômago e intestino delgado onde se fixam e formam miíases
intestinais, deste ponto somente se desprendem quando atinge o terceiro instar, sendo eliminada para
fora do corpo do hospedeiro juntamente com o bolo fecal.
Essas larvas se desenvolvem somente no trato digestivo dos eqüinos, podendo ocasionalmente
infestar cães, coelhos e o próprio homem.
Hospedeiros
Equinos, bovinos, asininos, zebras, cães, gatos, porcos, homem e numerosos outros animais.
Distribuição
Hypoderma: ocorrência no Hemisfério Norte.
Oestrus: Geralmente sua ocorrência está associada a locais que ocorrem ovinos e caprinos, de
forma geral.
Dermatobia hominis: Do México a Argentina, amplamente distribuída no Brasil, mas não
ocorre em regiões semi áridas e pouco comum na Amazônia. Geralmente sua ocorrência está
relacionada com regiões que apresentam temperatura acima de 15º C.
Gasterophilus: praticamente todo o Brasil.
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Ciclo biológico
Figura 31. Ciclo biológico da mosca do berne.
Descrição do ciclo biológico
- As moscas adultas não se alimentam, devido ao aparelho bucal atrofiado. Com isso, logo após a
emergência os adultos buscam seu parceiro para o acasalamento;
- As fêmeas buscam abrigo em locais adequados onde compartilham a presença com insetos
hematófagos. Elas fazem a postura de seus ovos no abdome destes insetos durante o vôo, ovipositando
aproximadamente de 15 a 20 ovos em cada inseto e cerca de 400 a 800 em toda sua vida de cerca de 10
dias;
- Após seis dias, os ovos já estão maduros e no momento da picada do inseto hematófago, atraído pelo
calor do hospedeiro, faz com que ocorra a saída das larvas dos ovos para a penetração na pele do
mamífero.
- Esta larva, chamada de berne permanece com parte da estrutura respiratória voltada para a parte
exterior da pele do hospedeiro e com as peças bucais para dentro;
- A fase larval é de 40 a 60 dias e, em seguida, caem ao chão onde infiltra-se transformando-se em
pupa;
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- Na fase pupal, permanecem em média por 42 dias e em seguida emergem e vão em busca do parceiro
sexual para o acasalamento.
Importância patogênica
- As larvas após a penetração no hospedeiro passam considerável tempo nutrindo-se e se
desenvolvendo no corpo do hospedeiro;
- Os adultos podem veicular microrganismos presos ao seu corpo.
Figura 32. Larva da mosca do berne no interior do corpo do hospedeiro. Detalhe da estrutura
respiratória voltada para o meio externo.
Sinais característicos e prejuízos causados pelas moscas do berne
- Corrimento nasal (Oestrus ovis);
- Grande inquietação causada pelas larvas nas narinas dos hospedeiros. O animal apresenta o
comportamento de esconder as narinas contra o solo ou contra a lã do corpo e de outros animais
(Oestrus ovis);
- Dificuldade respiratória (Oestrus ovis);
- As moscas adultas assustam os ovinos quando se aproximam destes para deposição das larvas
e predispõem à queda de produtividade (Oestrus ovis);
- Enfraquecem os animais, possibilitando o aparecimento de doenças;
- Infestações altas provocam o emagrecimento dos animais, desvalorização das peles e a
redução na produção de carne e do leite.
- E eventualmente a morte, principalmente se o animal for jovem.
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Controle
- Limpe os pastos, beiras de rios e outros lugares onde os animais bebem água;
- Limpe e feche as capoeiras, evitando que os animais circulem dentro delas;
- Mantenha limpos os currais e outras instalações onde ficam os animais;
- Retire diariamente o esterco do curral, para evitar o aparecimento de moscas;
- Faça pulverizações com inseticidas nos currais e nas instalações.
- Outra técnica para a remoção da larva do berne é impedir a respiração da larva (por exemplo, com
vaselina sólida ou com a colagem de esparadrapo na área do nódulo) e fazer a sua retirada cirúrgica.
- É recomendado o uso de antiparasitário, para facilitar a extração mecânica.
- O berne deve ser morto antes de ser removido. Após, normalmente são procedidas a aplicação de éter
ou iodo formando e a cobertura da lesão.
FAMÍLIA HIPPOBOSCIDAE
Os adultos da família Hippoboscidae são ectoparasitas (alimentam-se de sangue) de aves e
mamíferos e devido a esse modo de vida apresentam características morfológicas peculiares
(estranhas). A maioria das espécies apresenta asas bem desenvolvidas, outras não apresentam asas e há
ainda outras que retiram voluntariamente as próprias asas assim que encontram um hospedeiro
adequado para melhor se deslocarem entre penas ou pêlos. Estas moscas são achatadas
dorsoventralmente, assemelham-se as pulgas, só que estas são achatadas lateralmente.
Figura 33. Adultos de Hippoboscidae alado e ápteros.
Principais gêneros
Hippobosca
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Melophagus
Morfologia básica de Hippobosca
As principais espécies deste gênero associada a parasitoses são Hippobosca eqüina H. rufipes e H.
maculata.
Hospedeiros
Principalmente eqüinos e bovinos, mas outros animais domésticos e aves podem ser atacados.
Distribuição
Hippobosca eqüina (mundial)
H. rufipes (Africa)
H. maculata (Trópicos e subtrópicos)
Ciclo biológico
- As fêmeas deixam os hospedeiros e depositam larvas maduras unicamente no solo seco ou húmus;
- Cada fêmea pode produzir apenas cinco ou seis larvas durante a vida;
- Essas larvas pupam quase que imediatamente e mudam de uma cor amarela para preta;
- A maturação para o estágio adulto depende da temperatura, e nas regiões temperadas as moscas são
mais abundantes nos meses de verão.
Importância patogênica
- Por furarem a pele para sugar o sangue, podem se vetores mecânicos de microrganismos.
Sinais característicos e prejuízos causados por Hippobosca
- Normalmente os animais acostumam-se aos ataques e não demonstram grande aborrecimento;
- Em alguns casos podem ser uma grande fonte de irritação para aqueles que não se acostumaram com
o ataque;
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Controle
- Aplicações tópicas de inseticidas, de preferência aqueles com algum efeito repelente e residual, como
piretróides sintéticos e deltametrina.
Morfologia básica de Melophagus (Falso carrapato de ovinos e caprinos)
A principal espécie deste gênero associada a parasitoses é Melophagus ovinus.
- Ápteros (desprovidos de asas);
- Cabeça curta e encaixada no tórax;
- Antena pequena
- Corpo largo e achatado;
- Coloração avermelhada;
- Aparelho bucal picador sugador.
Figura 34. Adultos de Melophagus ovinus.
Hospedeiros
Ovinos e caprinos.
Distribuição
Mundial, porém mais comum nas regiões temperadas.
Ciclo biológico
Adultos vivem durante vários meses
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- As larvas produzidas pelas fêmeas aderem à lã, são imóveis e pupam imediatamente;
- A emergência do adulto ocorre em aproximadamente três semanas no verão. No inverno este período
pode se prolongado;
- As populações são formadas lentamente, pois as fêmeas produzem apenas uma larva a cada 10 a 15
dias;
Os adultos e as pupas sobrevivem apenas por um curto período fora do hospedeiro,
Importância patogênica
- Como os melofagídeos são hematófagos, as infestações maciças podem causar debilitação e anemia;
- Disseminam-se por contato
- A irritação causada por esses parasitos faz com que os animais apresentam o comportamento de
morder-se e esfregar-se.
Sinais característicos e prejuízos causados por melofagídeos
Geralmente o ataque ocorre na região do pescoço, abdome e garupa
- Prurido intenso;
- Infecções secundárias;
- Alopecia (redução parcial ou total de pêlos ou cabelos em uma determinada área de pele).
Controle
- Raramente são tomadas medidas específicas;
- O uso de inseticidas para o controle de varejeiras e carrapatos apresenta bons resultados no controle
de melofagídeos;
- Tosquia e exposição do animal ao sol (insetos frágeis).
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PARASITOLOGIA ZOOTÉCNICA Aula de hoje: Insetos