ESCALAPB 2% 5% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 95% 98% PB 100% ESCALACOR Produto: ESTADO - BR - 25 - 23/07/06 2% 5% 10% 15% 20% 30% A25 - B24H 40% 50% 60% 70% COR 80% 85% 90% 95% 98% 100% Cyan Magenta Amarelo Preto Proof %HermesFileInfo:A-25:20060723: DOMINGO, 23 DE JULHO DE 2006 O ESTADO DE S. PAULO VIDA& A25 VIDA& A25 AMBIENTE A invasão das espécies exóticas AGLIBERTO LIMA/AE 545 plantas, animais e micróbios vindos de fora do País adaptaram-se tão bem que hoje ameaçam natureza e pessoas Herton Escobar AGLIBERTO LIMA/AE AG LI BE RT O LI M A/ AE DIVULGAÇÃO CESP/DIVULGAÇÃO GENILTON JOSÉ VIEIRA Achatina fulica ESPÉCIE Quem caminha pelos mais de 70 (caramujo-gigante-africano) quilômetros de praia da Ilha Áreas urbanas e HÁBITAT Comprida, no litoral sul de São INVADIDO de vegetação Paulo,podeperceberumapaisaEquilíbrio ecológico ÁREA gem peculiar. Em meio às dunas ADA AFET da restinga, onde deveria existir oduz com PROBLEMA É maior e se repr apenasvegetaçãorasteira,granmais velocidade que caramujos nativos, des pinheiros brotam por toda competindo com eles no parte. A sombra das árvores é meio ambiente; também um bem-vindo refresco para os pode transmitir doenças moradores da região, mas a verLeste da África ORIGEM dadeecológicaéqueelas nãodeveriam estar ali – assim como os ESPÉCIE Aedes aegypti ripta elegans pombos não deveriam estar nas (mosquito da dengue) Trachemys sc orelhaESPÉCIE epraças das cidades nem as tiláHÁBITAT (tartaruga-d gre dágua) Áreas urbanas ti INVADIDO vermelha ou pias nas águas dos rios, nem o outros e s go ÁREA Rios, la mosquito da dengue picando Saúde humana HÁBITAT água d os AFETADA rp co pessoas dentro de casa ou as INVADIDO ológico PROBLEMA É o inse Equilíbrio ec to vetor da dengue moscasvarejeirasrondandorasÁREA e da febre amarela, duas AFETADA pas de fruta na feira. cho de idas como bi sendo importantes doenças AG LEMA Vend OB PR am São todas espécies exóticas ab LI BE tropicais estimação, ac tindo e RT pe invasoras, originárias de outros O ORIGEM soltas e com espécies África LI M ando com países e de outros ambientes, uz A/ cr AE eio ambiente nativas no m mas que chegaram ao Brasil e ississipi (EUA) M Vale do Rio aqui encontraram espaço para ORIGEM seproliferar.Algumassãoexóticas também no sentido de “diferentes” ou “raras”, mas muitas já se tornaram tão comuns que parecem fazer parte da paisaTilápias (várias) gem nacional tanto quanto um ESPÉCIE pau-brasil ou um tucano. Rios HÁBITAT Outros exemplos, apontados INVADIDO ico Equilíbrio ecológ pelo Programa Global de EspéÁREA AFETADA ciesInvasoras(GISP)eporcienm s agressivos, co PROBLEMA Peixe dieta tistas brasileiros, incluem o pie da pi rá ão uç reprod ; competem nus, o dendezeiro, as acácias, a bastante variada os e tiv mamona, a abelha-africana, o com peixes na do o an in m do am pardal, o barbeiro, a carpa, o búacab ambiente falo, o javali e várias espécies de Médio África e Oriente M IGE gramíneas usadas em pastos, OR alémdebactériasevírusresponsáveis por doenças importantes como leptospirose e cólera. Nenhuma delas é nativa do Brasil.Dependendodascircunstâncias, podem ser meras “imigrantes” inofensivas ou invasoESPÉCIE ombo) Limnoperna fortunei ras altamente nocivas. “Muitas Columbia livia (p ESPÉCIE (mexilhão-dourado) s espécies são exóticas mas não na ba ur s ea Ár HÁBITAT HÁBITAT Rios e represas causam nenhum problema”, diz INVADIDO INVADIDO o sm ni ba ur e a especialista Sílvia Ziller, da ore úd Sa ÁREA ÁREA Produção de energia ganização The Nature Consere AFETADA AFETADA captação de água m re iti m ns tra de vancy (TNC). “A partir do moPROBLEMA Além PRO BLEMA A esp ssoas e écie se multiplica doenças para pe mentoemquecomeçamasedisrapidamente, não de s ze fe as su , ais pend outros anim seminar de maneira prejudicial, de luz e coloniza qualq e m prédios uer corrosivas danifica estrutura submersa, po porém, tornam-se invasoras.” dendo s to en en um tupir completamente e mon Dentrodosistemaprodutivo, tubulações ropa Eu por exemplo, o búfalo e o pinus M ORIGE ORIGEM China e sudeste asiáti são apenas espécies exóticas. co Quando escapam para a natureza, entretanto, muitas vezes torbalis Bubalus bu ua) ESPÉCIE nam-se organismos nocivos aos g á d (búfalo a ecossistemas “naturais”. banhado d Regiões de T BITA HÁ ia Por causa de sua capacidade Amazôn INVADIDO nte de sobrepujar espécies nativas, Meio ambie A IR ÁREA as espécies invasoras são TON JOSÉ VIE o, causa AFETADA o asselvajad rsos consideradas a segun- GENIL A Quand cu re e PROBLEM d degradação stemas de damaior ameaça à biosi hídricos e diversidade no munsão muito drenagem; perigosos do – atrás apenas da e agressivos destruição de hábitats. Ásia ORIGEM Aoassumiremopapeldepragas e vetores de doenças, elas também causam impactos significativos na agricultura e na saúde humana. O prejuízo é de mais de ESPÉCIE Ricinus communis US$ 300 bilhões por ano apenas (mamona) HÁBITAT nos EUA, Reino Unido, Austrá- ESPÉCIE Triatoma infestans (barbeiro) Áreas degradadas, beiras de INVADIDO is ra estrada, margens de rios, ru es lia, África do Sul, Índia e Brasil, HÁBITAT Comunidad pastagens segundo a Convenção sobre DiINVADIDO ÁREA Meio ambiente e saúde mana hu e versidade Biológica (CDB) das úd Sa ÁREA AFETADA humana Nações Unidas. AFETADA PROB LEMA Fora do cultivo es nt ra ig im r po comercial, o id az “Assumindocustos similares PROBLEMA Tr am tem alto potencial de os que trabalhav o ian liv bo paraomundotodo,odanocausacafé de Sã invasão, substituindo nas fazendas de do por espécies invasoras seria al vetor da vege cip tação nativa. A planta in pr o é o, ul Pa as é altamente tóxica e o superior a US$ 1,4 trilhão por doença de Chag consumo de sementes pode ano,equivalente a mais de 5% da Bolívia ORIGEM ser letal economia mundial”, diz a CDB. ORIGEM África tropical No Brasil, a conta chega a US$50bilhõesporano,segundo o coordenador do Programa de Recursos Genéticos do Ministério do Meio Ambiente, Lidio Coradin. Estudos feitos para o primeiro Informe Nacional sobre EsFONTES: CDB, GISP, MMA, CESP, INSTITUTO HÓRUS E MARCIA CHAME (FIOCRUZ) INFOGRÁFICO: GISELE OLIVEIRA/AE pécies Exóticas Invasoras – ainda “Éumaespéciemuitoagressi- BOA INTENÇÃO não publicado oficialmente – tipicamente agressivas, e con- festaolitoralsulpaulista,éorigiapontam para a existência de trolam o ambiente que ocupam, nário da Austrália. A espécie foi vaequevaibem emtodososam- Segundo Sílvia Ziller, mais de 545 espécies invasoras ou “po- roubando espaço das espécies introduzida por moradores pa- bientes”, observa Marcos Cam- 75% das espécies invasoras no tencialmente invasoras” no silvestres e competindo com ra servir de sombra e quebra- polim, diretor do Parque Esta- BrasilforamintroduzidasintenPaís. “É um problema comple- elas por alimento – ou se alimen- vento – funções que ela, de fato, dual da Ilha do Cardoso. “Suas cionalmente,comfinalidadeecoxo, difícil e com repercussões tando delas diretamente. Algo exercemuitobem.Semcompeti- folhas são de difícil decomposi- nômicaoucomercial.Éocasode ambientais, sociais e econômi- como uma pessoa estranha que dores à vista, porém, os pinhei- ção e abafam qualquer outra uma série de gramíneas traziinvade sua residência, come sua ros se espalharam pelo ambien- planta que tente crescer debai- das da África para servir como cas violentas”, diz Coradin. Espécies invasoras não têm comida e acaba por expulsá-lo te, desfigurando a paisagem e xo dela. Também não tem ne- grama de pasto na pecuária. O ocupando o espaço de espécies nhum fruto que atraia aves ou capim-annoni (Erasgrostis plapredadores naturais e se multi- de sua própria casa. outros animais.” O pinheiro casuarina, que in- nativas da mata atlântica. plicam rapidamente. São fortes, na) é um dos mais problemátiITA MA RM IRA A/A ND E cos:alémdenãoagradaraopaladar do gado, é resistente a geadas e usa armas químicas para inibir o crescimento de outras plantas. Só no Rio Grande do Sul, a espécie já tomou conta de 1,5 milhão de hectares. O caramujo-gigante-africano (Achatina fulica) foi trazido para o Brasil nos anos 80 para servir de escargot. O negócio não deu certo e o molusco se espalhoupeloPaís.Arã-touro(Rana catesbeiana), da América do Norte, também foi trazida para produçãodecarne e viroupraga namataatlântica,ondecometudo que encontra pela frente. Já a abelha-africana (Appis mellifera scutellata)foiimportadanadécada de50 paramelhoramento genético da apicultura. Algumas rainhas escaparam e a espécie (vulga “abelha assassina”) se espalhou por todo o continente. Outro exemplo de introdução malsucedida é o lagarto teiú (Tupinambis merianae) em Fernando de Noronha. Nos anos 50, segundo o GISP, dois casais do réptilforamlevadosdocontinente para o arquipélago. A idéia era que eles comessem os ratos dailha, masninguémsedeucontadequeoslagartostêmhábitos diurnos, enquanto os ratos são animais noturnos. Resultado: os dois nunca se encontraram e, emvezderatos,osteiússemultiplicaram aos milhares devorando ovos de aves marinhas. Entre as espécies invasoras que afetam a saúde humana, a tendência é oposta. Segundo a pesquisadora Marcia Chame, da Fiocruz, mais de 70% das espécies nessa categoria chegaram ao Brasil acidentalmente. Dois exemplos conhecidos são o do mosquito Aedes aegypti, transmissordadengue,quechegou da África junto com os navios negreiros, e do barbeiro (Triatoma infestans), inseto transmissor do mal de Chagas, que chegou da Bolívia com imigrantes das lavouras de café. A lista de indesejados inclui ainda os patógenos de várias doenças,comorotavírus,leptospirose, cólera e o Schistosoma mansoni, verme da esquistossomose. Além de plantas tóxicas, como mamona e espirradeira. No meio aquático , o grande transportadordeespéciesexóticas é a água de lastro de navios. Foi assim que chegou ao Brasil, nos anos 90, o mexilhão-dourado (Limnoperna fortunei), que vem causando sérios transtornos a empresas de energia e abastecimento.Deorigemasiática, o molusco se fixa a qualquer superfície submersa e se multiplicaincrivelmenterápido,inclusive dentro de tubulações. Nas hidrelétricas paulistas, o mexilhão já chegou a lacrar canos de mais de 50 centímetros de diâmetro, segundo o gerente do Departamento de Meio Ambiente da Companhia Energética de São Paulo (CESP), Milton Estrela. Após cinco anos de infestação, a empresa só agora está conseguindo controlar o problema, com aplicações de cloro. Entre as espécies exóticas marinhas, uma que começa a preocupar é o siri-bidu (Charybdis helleri), que apareceu recentemente no Rio e vem expandindo sua área de ocorrência. “Não é bom negócio para os catadores,porqueaespécienãotemvalorcomercial”,observaopesquisadorRubensMendesLopes,do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP). Antes que possa ser publicado,oInformeNacionalsobreEspécies Exóticas Invasoras está sendo avaliado pelo Ministério da Agricultura, para evitar conflito comespéciesdeimportânciacomercial. A idéia, no futuro, é fazer uma Lista Nacional de Espécies Invasoras, a exemplo da lista de espécies ameaçadas. ● PENETRAS DA BIODIVERSIDADE Entenda a diferença Número de espécies Exótica Espécie oriunda de outra região ou ecossistema e que ocupa um novo ambiente, porém sem efeitos negativos sobre ele Sistemas de produção (agricultura, pecuária e silvicultura) Ambiente terrestre Saúde humana Ambiente marinho Águas continentais TOTAL Invasora Espécie exótica que passa a ter efeito negativo sobre o ambiente FONTES: CDB E MMA Números do prejuízo 155 176 99 66 49 545 US$ 330BILHÕES US$ 240 é o valor do impacto ambiental e econômico causado por espécies invasoras em seis países* é o custo per capita anual das espécies invasoras nesses mesmos seis países US$ 50BILHÕES US$ 1,4TRILHÃO é o custo estimado do impacto anual das espécies invasoras no Brasil é a estimativa dos prejuízos anuais causados por essas espécies no mundo, equivalente a 5% da economia global *EUA, Reino Unido, Austrália, África do Sul, Índia e Brasil INFOGRÁFICO/AE