Daniel Eduardo Machado Fios Ortodônticos Metálicos: Composição, Indicações e Citotoxicidade Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Senac de Educação em Saúde, como exigência parcial para obtenção do Título Pós-graduação em Ortodontia. Orientadora: Profª. Inês Horie Bellini Pereira São Paulo 2006 Machado, Daniel Eduardo Fios Ortodônticos Metálicos: Composição, Indicações e Citotoxicidade / Daniel Eduardo Machado. – São Paulo, 2006. 42 f. Trabalho de Conclusão de Curso – Faculdade Senac de Educação em Saúde. Orientadora: Profª. Inês Horie Bellini Pereira 1.Ortodontia 2. Ortopedia Facial 3.Odontologia Aluno: Daniel Eduardo Machado Título: Fios Ortodônticos Metálicos: Composição, Indicações e Citotoxicidade Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Senac de Educação em Saúde, como exigência parcial para obtenção do Título Pós-graduação em Ortodontia Orientadora: Profª. Inês Horie Bellini Pereira A banca examinadora dos trabalhos de Conclusão em sessão pública realizada em 21/02/2006, considerou o candidato: ( ) aprovado 1)Examinador(a)_____________________________ 2)Examinador(a)_____________________________ 3)Presidente________________________________ ( ) reprovado Aos professores da faculdade Senac, Centro de Educação em Saúde, do curso PósGraduação Lato Sensu em Ortodontia , pela dedicação e carinho relação à Odontologia. demonstrados em AGRADECIMENTO Aos meus pais À minha orientadora Aos meus colegas RESUMO A movimentação dentária é dependente da ação dos fios ortodônticos, conforme suas características estruturais e mecânicas. Na tradicional seqüência de troca dos fios de aço inoxidável utilizada na fase de alinhamento e nivelamento, a transição progressiva dos calibres dos fios altera a quantidade de força liberada. A modificação da carga dissipada também pode ser obtida pelo uso de fios constituídos por outros materiais. Por muito tempo os fios de aço inoxidável predominaram na Ortodontia, mas o advento de novas ligas metálicas tornou diversificado o universo de fios disponíveis. Estas novas ligas têm propiciado algumas alterações no protocolo de tratamento, encurtando o tempo de cadeira, bem como do tratamento como um todo. A grande variedade de fios à disposição do ortodontista deixa, muitas vezes, dúvidas na escolha do melhor material a ser empregado. Fios de aço inoxidável, de níquel-titânio, beta-titânio, coaxiais, superelásticos, entre outros, possuem características e aplicações clínicas específicas, e devem ser corretamente utilizados. Concluise que fios de níquel-titânio e multifilamentados devem ser usados no início do tratamento; fios redondos de aço inoxidável com alças durante a metade do tratamento; fios de aço inoxidável, cobalto-cromo e braided no final do tratamento. Palavras-chave: Ligas Metálicas, Fios Ortodônticos, Aço Inox, CromoCobalto,Titânio-Molibdênio, Ligas de Níquel, Cromo, Movimento Dentário. ABSTRACT The Orthodontic Wire action is particularly dependent upon the proper relationship of its structural and mechanical characteristics. In the more traditional archwire sequence, stainless steel is used in the alignment and leveling step followed by progressively larger wire sizes and forces. For a long time stainless steel wires prevailed in orthodontics, but since the 1960’s, new metallic alloys have diversified the choice of available orthodontics wires. These alloys have been modifying the treatment protocol by shortening chair time and most mechanical aspects of treatment. The great variety of wires available to the orthodontist, several times leads to doubts in the choice of the best material to be used. Stainless-steel wires, nickel-titanium, betha-titanium, coaxial, superelastic, among others, have specific characteristics and clinical aplications and must be used correctly. Concluding, in the beginning of treatment, must be used nickel-titanium and multistranded archwires, then stainless steel wires with bending. In the final stage of treatment is indicated stainless steel wires, cobaltchromium wires and braided wires. Keywords: Metallic Alloy, Orthodontic Wire, Stainless Steel Wires, CobaltChromium Wires, Titanium-Molybdenum Wires, Nickel, Chrome Alloy, Tooth Movement. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...............................................................................4 2 REVISÃO DA LITERATURA.........................................................6 3 DISCUSSÃO................................................................................23 3.1 Definição de Metal....................................................................23 3.2 Estrutura dos metais.................................................................23 3.3 Propriedades mecânicas..........................................................24 3.4 Rigidez dos fios ortodônticos....................................................30 3.5 Tipos de Ligas Ortodônticas.....................................................30 3.6 Hipersensibilidade ao Níquel....................................................34 4 CONCLUSÃO..............................................................................36 REFERÊNCIAS..............................................................................37 1 INTRODUÇÃO: Por todo século XX, a evolução dos fios ortodônticos ocorreu paralelamente aos bráquetes. No início o ouro, a prata, o bronze e o latão eram os materiais disponíveis para aparelhos ortodônticos. Até o início dos anos 30, os ortodontistas empregavam unicamente os metais nobres - ouro, platina e paládio - na confecção dos fios ortodônticos. A partir dessa época, com a recessão econômica e os elevados custos desses metais, a classe viu-se obrigada a buscar materiais alternativos. O aço inoxidável por seu baixo custo e alta tolerância tecidual, foi rapidamente aceito e adotado. (Vellini – 2002) Após a 1ª Guerra Mundial, a invasão do aço na indústria afetou também a ortodontia, que passou a utilizá-lo como rotina. Foi desenvolvido sob supervisão do Programa Naval Americano, e introduzido no mercado com o nome de Nitinol um fio com características mecânicas superiores aos fios de aço inoxidável. No início da década de 60, a Elgin Watch Company, desenvolveu uma liga metálica de cromo-cobalto, introduzida no mercado pela Rock Mountain Orthodontics com o nome de Elgiloy® – originalmente desenvolvida para fabricação de molas para relógios. Os fios ortodônticos dos anos 90 foram os fios de NiTi do grupo ativo (ANiTi), superando os fios M-NiTi, devido a características de superelasticidade. Neste trabalho nos dispomos a demonstrar a evolução dos fios ortodônticos metálicos na Ortodontia, bem como suas composições, indicações e citotoxicidade. 2 REVISÃO DA LITERATURA: Speck & Fraker (1980) relataram que o acabamento final da liga é de maior influência na resistência corrosiva das ligas de níquel-titânio. Se defeitos e irregularidades da superfície estão presentes, isso faz com que a liga seja mais suscetível à corrosão. Burstone (1981) desenvolveu um sistema numérico, fornecendo a rigidez relativa dos fios de diferentes secções transversais de um mesmo material, que pode ser muito útil na seqüência dos arcos. A rigidez total do aparelho (S) ou a proporção carga deflexão, é determinada por um fator relativo à propriedade de rigidez do fio (Ws) e, pela configuração do mesmo (As). Burstone (1981) propôs a Ortodontia com Módulo de Elasticidade Variável (Variable-Modulus Orthodontics). A idéia era, ao invés de corrigir a maloclusão através de uma seqüência de fios com diâmetro crescente, iniciar o tratamento com fio retangular flexível e, paulatinamente, aumentar sua rigidez. Isto tornou-se possível após o desenvolvimento das novas ligas metálicas para fios ortodônticos. Iniciaria o nivelamento com fio retangular NiTi convencional ou super-elástico, passaria para um fio retangular de Beta-Titânio e então finalizaria com um arco retangular bastante rígido de aço inoxidável ou de Cobalto-Cromo. Concluiu que também seria alterada sua secção transversal e seu desenho, através da confecção de alças. Burstone et al. (1985) realizaram estudos com o fio NiTi Chinês, desenvolvido pelo Dr. Tien Hua Cheng, testes de curvatura foram utilizados para determinar a rigidez, a recuperação elástica e o momento máximo de curvatura deste fio. Os autores concluíram que o fio NiTi Chinês, possuía uma incomum curva de desativação, na qual as forças permaneciam relativamente constantes por um longo intervalo de deflexão. O fio estudado possuía recuperação elástica 4.6 vezes maior que o fio de aço inoxidável, e 1.4 vezes maior que o fio Nitinol, ou seja, apresentava deformação permanente residual muito menor que os outros dois fios estudados quando em desativação de 80° para 0° de defiexão. Diferentemente das outras ligas, a rigidez na curva de desativação variava conforme a quantidade de ativação. No descarregamento, o índice carga- deformação (rigidez) em menores ativações era consideravelmente mais alto do que em amplas ativações. Clinicamente, este fato é importante, pois a magnitude de força aumenta se o fio for reamarrado nos bráquetes, exemplificando, numa ativação de 80 ° se o dente move para uma posição de 40° um momento de 380 gm.mm permaneceria. Porém, se o fio fosse reamarrado, um momento maior ( 700 gm.mm) seria produzido ou seja, uma simples ativação produziria um momento de quase 2 vezes maior do que se o fio fosse mantido na mesma posição. O limite de escoamento em 1° de defiexão para os fios 0.016” foi observado em 9° de ativação para o aço inoxidável, 25° para o Nitinol e 40° para o fio NiTi Chinês. O momento máximo de curvatura do fio NiTi Chinês, estabelecido em 80° de deflexão, foi quase 2 vezes menor que o do Nitinol, e quase 3 vezes menor que o momento do fio de aço inoxidável. Embora o fio de aço libere mais força, a recuperação para a forma original foi somente de 20%, e 65% para o Nitinol; enquanto o fio de NiTi Chinês recuperou 91% de sua forma, o que demonstra que este fio em comparação com as outras ligas possui amplo intervalo de trabalho elástico, além do ponto inicial de deformação (deflexão) permanente observado. Portanto, segundo os autores, o fio NiTi Chinês é altamente apropriado se baixa rigidez é requerida, e largas deflexões são necessárias para alinhar os dentes. Além disso, como em menores deflexões maior rigidez é obtida, o fio NiTi Chinês poderia ser mais eletivo para a movimentação dentária que os fios tradicionais, pois muitas vezes nestes últimos, o nível de força em pequena defiexão poderia ser insuficiente para produzir a movimentação dentária. Kapila et al. (1990) definiram propriedades de relevância clínica dos fios ortodônticos, que são: 1) grande elasticidade; 2) baixa rigidez; 3) facilidade para contornear; 4) alta capacidade de armazenar energia; 5) Biocompatibilidade e estabilidade no meio ambiente e 6) capacidade de solda por caldeamento ou chama para auxiliares e acessórios. Waters (1992) descreveu que o fio NiTi superelástico ao contrário dos fios convencionais era capaz de resistir a largas deflexões e ainda retornar a sua forma original fornecendo forças moderadas. Em descarregamento, a região de platô (ou seja, a região que praticamente mantém a mesma carga durante um razoável intervalo de trabalho), depende da deflexão, sendo maior quanto maior a deflexão. Além disso, um interessante aspecto clínico pôde ser obtido da curva carga- deflexão, o arco após uma quantidade de desativação, quando reamarrado, produzia aumento da intensidade da força de desativação. O autor relatou também, que a temperatura afetava tanto a rigidez inicial quanto a intensidade de força. O diâmetro do fio para esta liga não servia como um guia para determinar o comportamento do fio e os valores de forças em determinada temperatura e , ainda que na região platô haviam diferenças marcantes nos níveis de forças entre fios de mesmo diâmetro e de diferentes marcas, chegando a 6 vezes a diferença. Yoneyama et al. (1992) analisaram o comportamento térmico e superelástico de vinte marcas comerciais de fios da liga NiTi, para verificar sua conveniência ao uso clínico. Houveram diferenças substanciais entre as curvas carga-deflexão obtidas do teste de curvatura em 3 pontos. Alguns fios exibiram superelasticidade, nos quais a carga pouco variava com a diminuição da deflexão, como os fios: Sentalloy® leve e médio (Tomy lnt. Inc.®) e Ni-Ti (Ormco Corp.®). Outros porém, apresentaram a carga praticamente proporcional a deflexão (fios:Orthonol® - RMO, Titanal® - Lancer Pacific, Nitinol Activ®-ArchSE-Unitek.Corp.). O comportamento térmico apropriado para a fase de transformação da liga foi examinado através da Calorimetria de Varredura Diferencial, pois ocorre um processo endotérmico durante as fases de transformação e transição representados como picos na curva de calorimetria. Alguns fios não possuíam a temperatura de transformação correta para exibir a superelasticidade na temperatura corpórea, como foi o caso dos fios: Marsenol® - Glenroe Technologies, Nitanium® - Ortho Organizers, Nitinol Activ® - Arch SE - Unitek Corp. Além disso, os autores observaram que o comportamento térmico estava estritamente relacionado à superelasticidade. Os fios que mostravam picos térmicos altos, exibiam excelente superelasticidade, de modo que a força permanecia praticamente constante. Por outro lado, os fios que não exibiam nenhum pico térmico demostravam apenas a propriedade de bom intervalo de trabalho. Os autores concluíram que as propriedades mecânicas e o comportamento térmico dos fios NiTi variam com a composição, tratamento térmico e a manufatura, sendo portanto, indispensável um correto e cuidadoso processo de fabricação para a obtenção de fios superelásticos. Segundo Müench (1994), os ensaios de propriedades mecânicas informam dos esforços que os metais podem suportar. A resistência à tração é o tipo de ensaio bastante apropriado para os metais usados em ortodontia, pois é próprio para metais dúcteis. O corpo de prova pode ser um fio ortodôntico que pode ser obtido por trefilação ou fundição. As extremidades do corpo de prova são presas em uma máquina de ensaios, onde o mesmo é tracionado com forças gradativamente crescentes, até ser atingida a ruptura. Williams et al. (1997) relataram que os arcos ortodônticos de NiTi austeníticos em oposição aos martensíticos apresentaram uma curva tensãodeformação relativamente plana. Explicaram a produção de forças constantes e leves mesmo com grandes deformações. Concluíram que o NiTi austenítico teve um intervalo de trabalho superior e menor dureza em comparação com fios TMA. Ferreira (1998) fez uma revisão dos aspectos metalúrgicos das ligas utilizadas em Ortodontia. Considerou que é de fundamental importância o conhecimento de como uma liga é feita, no que se refere ao aspecto metalúrgico, tornando mais fácil compreender suas propriedades elásticas básicas. Observou que as ligas de aço inoxidável de uso corrente em Ortodontia apresentam cerca de 18% de Cr e 8 % de Ni; ligas de cromo-cobalto apresentam fios demarcados em cor azul com boa ductibilidade, fácil manuseio permitindo ao clínico realizar dobras e consertá-las. Ligas Beta-Titânio apresentaram retorno elástico superior aos fios de aço inoxidável, e permitiram realização de alças. Ligas em Níquel-Titânio apresentaram o conceito de “transformação martensítica termo-elástica” em oposição à troca seqüenciada da secção transversal realizada nas ligas de aço. Comentou que o recozimento tornou a liga menos rígida, através do aquecimento em temperatura próxima ou abaixo da temperatura crítica, que foi aquela abaixo do ponto de fusão do aço (acima de 815°C), os comportamentos dos materiais submetidos a ciclos de esforço foram influenciados pelo tratamento térmico e acabamento das superfícies. As resistências e fadigas dos materiais foram influenciadas pela direção da incidência de tensão, propriedades mecânicas, padrão de tensão, magnitude do esforço, dimensão da amostra, método de fabricação, rugosidade superficial, meio ambiente e imperfeições induzidas durante o processo de fabricação. Concluiu que os clínicos devem refletir no sentido de escolher entre várias opções, a liga mais indicada para cada fase da terapêutica ortodôntica. Em fases de alinhamento e nivelamento fios de NiTi, em fases de retração fios de aço inoxidável, e em fases de intercuspidação fios braided® de secção retangular. Ferreira (1998) descreveu o fenômeno da memória de forma como a habilidade do fio em retornar à forma previamente manufaturada quando aquecida através de uma média de temperatura transicional. Este efeito é conseguido, segurando-se o fio na forma desejada durante o tratamento térmico a alta temperatura. Quando esfriado, o fio pode deformar de certos limites de tensão, a partir do qual pode readquirir a sua forma original se aquecido até a sua temperatura transicional. Ferreira (1999) no estudo sobre alças de fechamento duplo delta, avaliou as diferenças variando os tipos de ligas (aço inoxidável, cromo-cobalto e titânio molibdênio), e fios de secções transversais diferentes: aço inoxidável .017X.022”,.018X.025”,.019X.025,(3M/Unitek®),.018X.025”e.019X.025”(Morest ®); cromo-cobalto: .016X.022”, .016X.016” (RMO®); TMA: .017X.025” e .019X.0.25”. Havia 72 alças, divididas da seguinte maneira: 33 de aço inoxidável, 26 de cromo-cobalto e 13 de titânio molibdênio. Estas alças foram ativadas de 0.5 em 0.5 mm até o limite de 3 mm. As cargas de ativação das molas foram verificadas, e se as mesmas alteram de acordo com o material e secção transversal do fio. O teste de Tukey-Kramer foi utilizado para verificar as diferenças entre cargas ortodônticas. A análise da regressão foi usada para verificar se as alças obedecem à lei de Hooke. Os resultados demostraram que as cargas das alças ou molas são dependentes da ativação, secção transversal e material do fio. As molas de titânio-molibdênio de .017x.025” foram as que tiveram os melhores resultados e as menores forças. AlQabandi et al. (1999) fizeram comparação dos efeitos do fio retangular e redondo no nivelamento da curva de Spee. Compararam em 2 grupos, sendo um com fio redondo .016" em aço inoxidável e NiTi e outro com fio retangular .016” x .022” em aço inoxidável e NiTi. Em ambos os grupos usou os bráquetes Edgewise .018 x .025”. No 1º grupo com fios redondos, verificaram inclinação de 6,75°. No 2º grupo com fios retangulares em aço e NiTi, verificaram inclinação de 6,10°.Observaram que nos dois grupos ocorreu inclinação semelhante de incisivos inferiores. Concluíram que inexiste habilidade do fio retangular em controlar inclinação vestibular de incisivos. De acordo com Kusy (2000), podemos encontrar três tipos de células eletrolíticas, que são regiões do metal relacionadas com liberação de metais para a cavidade bucal, células de composição, de concentração e de estresse. Os três tipos de células podem ser encontradas em uma simples placa de Hawley, utilizada como contenção pós-tratamento Ortodôntico. Gurgel et al. (2001) realizaram revisão da literatura sobre fios ortodônticos. Analisaram propriedades mecânicas, distância interbráquetes e secção transversal dos fios. Observaram que grande resiliência e baixa formabilidade são desejadas na 1ª etapa do tratamento, sendo os fios A-NiTi os preferidos por liberarem forças de baixa intensidade, independente da quantidade de deflexão. Aventaram outras possibilidades: TMA para correções de caninos e molares, com ancoragem em dentes estabilizados por segmentos de arcos de fios de aço inoxidável. Concluíram que fios de aço inoxidável de secção transversal retangular eram recomendados para retração anterior; TMA e Titânio-Nióbio foram bons para finalização. Profissionais e pacientes tiveram muitos benefícios através de fios com propriedades mecânicas diferenciadas. Suzuki & Lima (2001) descreveram modificações no arco de retração anterior dupla chave. Modificaram a ativação do Double Key Hole, ao invés de tracioná-lo para distal e dobrar as extremidades atrás dos tubos dos segundos molares, propuseram ativação através de um fio de amarrilho .025” amarrado no gancho dos primeiros molares até a segunda alça do arco. Propuseram a amarração das duas alças de cada lado com o intuito de controle vertical dos dentes anteriores. Concluíram que em casos de sobremordida profunda durante a retração, ambas as alças de cada lado devem ser amarradas entre si, com o objetivo de minimizar o efeito de extrusão que acontece no segmento anterior. Quintão et al. (2001) fizeram uma revisão na literatura sobre os fios de níquel-titânio. Verificaram a equivalência entre os termos utilizados em Ortodontia e Engenharia Metalúrgica. Fios com efeito memória de forma, são fios Termoativados. Fios Pseudoelásticos são os fios NiTi Superelásticos. Os fios que apresentam transformação martensítica, são conhecidos na Ortodontia como Austeníticos. E, por último, os fios que não apresentam transformação martensítica são os fios Martensíticos. Segundo os autores, o que determina o efeito memória de forma e a superelasticidade é a alteração da estrutura cristalina do metal. Existe a passagem da fase austenítica para martensítica e vice-versa. O que difere um termo do outro, é o que induz a transformação. Em fios com memória de forma ocorre transformação martensítica pela temperatura. Nos Superelásticos ocorre pela deformação. As ligas de níqueltitânio austeníticas apresentam alta resiliência e baixo módulo de elasticidade, quando comparadas a outras utilizadas em Ortodontia. Isto implica em geração de forças mais leves e contínuas durante o descarregamento. A aplicabilidade clínica da propriedade de superelasticidade se relaciona ao fato de que o fio pode receber grandes flexões, penetrando no slot do bracket com grande facilidade, sem necessidade de múltiplas alças e tendendo a retornar a sua forma original, trazendo consigo os dentes, através de forças leves e contínuas. Os fios Superelásticos estariam indicados em casos onde grandes flexões e força suave se fazem necessárias, tal como a fase inicial de tratamento ortodôntico, com o objetivo de alinhar e nivelar os dentes. Concluíram que a aplicabilidade clínica da propriedade de efeito memória de forma se relaciona ao fato de que, assim como as ligas Superelásticas, o fio pode receber grandes flexões, penetrando no slot do bráquete com grande facilidade, sem necessidade de múltiplas alças. Mas nos fios com memória de forma, os objetivos são alcançados pela mudança de temperatura. Vellini (2002) sugeriu um novo conceito biomecânico: A Ortodontia com Temperatura de Transformação Variável (Variable Transformation Temperature Orthodontics). Esta nova visão surgiu de mais um avanço da Metalurgia Ortodôntica, que foi o Níquel-Titânio com Cobre (Termoativado). Esta liga foi fabricada com 4 distintas temperaturas de transformação cristalina e, portanto, fios de mesma secção transversal e composto pela mesma liga possuem 4 diferentes regimes de trabalho. Concluiu que a ativação do fio esteve na dependência da temperatura bucal, o que constituiu mais um incrível avanço na mecânica ortodôntica. Segundo Vellini (2002), para entender o comportamento dos fios ortodônticos, é fundamental o conhecimento de termos e propriedades físicas dos fios. As propriedades mecânicas são carga, tensão, deformação, limite de elasticidade, módulo biocompatibilidade. de elasticidade, resiliência, tenacidade e Lenza (2003) observou que indivíduos na faixa etária entre 10 a 20 anos se submetem mais freqüentemente ao tratamento ortodôntico. É nesse período que se apresentam os primeiros sintomas de alergia ao níquel, possivelmente devido a uma certa contribuição dos aparelhos ortodônticos . Lenza (2003) em seu artigo a relevância da hipersensibilidade ao níquel na Ortodontia, fez uma revisão da literatura sobre os efeitos alérgicos do níquel. O níquel pode causar efeitos alergênicos e carcinogênicos. Pode ocasionar dermatite de contato alérgica mais do que todos os metais juntos. A resistência à corrosão do metal depende da formação e manutenção de um filme invisível de óxidos complexos chamados óxidos passivadores, que impedem o contato do metal com o meio ambiente. Quando essa camada é removida, inicia-se a corrosão. Segundo Lenza , na cavidade bucal a corrosão acontece devido a liberação de íons metálicos positivos das ligas ortodônticas para formar compostos mais estáveis como cloretos, sulfetos e óxidos. A corrosão é um processo natural e resulta da inerente tendência de os metais se reverterem para sua forma mais estável. Descreveu as células eletrolíticas responsáveis pela corrosão. São de 3 tipos: 1) Células de composição ou galvânicas: em soldas; 2) Células de concentração: placa de Hawley, na interface fio-acrílico; 3) Células de estresse: região de fadiga do metal, após sua repetida manipulação. A corrosão libera o níquel e as reações extra-bucais são mais freqüentes que as intra-bucais. Os dados da literatura não são conclusivos, sendo necessário mais estudos sobre a hipersensibilidade do paciente aos fios ortodônticos. Arruda et al. (2003) fizeram análise das transformações de fase e características nas ligas de níquel-titânio em Ortodontia. Segundo os autores, o nitinol é subdividido em 3 tipos: 1 liga convencional, e 2 superelásticas (Pseudoelásticas e Termoelásticas). 1) A convencional apresenta estrutura martensítica estabilizada (sem memória de forma); 2) Nitinol Pseudoelástico: corpo metálico quase equiatômico. Em alta temperatura, ou seja em fase austenítica, os átomos assumem estrutura cúbica de corpo centrado. Quando em baixa temperatura, apresenta a fase martensítica com estrutura atômica hexagonal. 3) Termoelástico: apresenta maior influência da temperatura. Aparece nas ligas: Sentalloy Light da GAC®. E na liga CuNiTi 35 a 40% da ORMCO®. A transformação martensítica obedece a faixas de temperatura bem definidas. Foram avaliados 4 tipos de fios NiTi 0,017x0,025”. Copper NiTi 35°C (ORMCO), Neo Sentalloy F200® (GAC), Nitinol Superelastik (Unitek®) e NiTi (GAC). Foi retirado um segmento de 30 mm de cada tipo de fio e realizado testes com o aparelho de análise das características mecânicas (DMA). Este aparelho determina propriedades mecânicas como módulo de elasticidade, e propriedades térmicas. O aparelho DMA converte sinais elétricos (entre 0,01 a 100 Hz de freqüência) em força, a qual é aplicada na amostra através de uma haste. Concluíram que a proporção da fase austenítica nos experimentos sem força estática foi de 1,60 a 1,86. Nos experimentos com força estática de 1 N, foi de 1,29 a 1,60, devido ao aumento do módulo de elasticidade da fase martensítica. Com força estática, o fio fica mais rígido na fase martensítica. A liga de CuNiTi 35°C apresentou o menor módulo de elasticidade médio na fase martensítica, seguido das ligas NiTi, Neo Sentalloy F200, e Nitinol SE. Na fase austenítica, a liga CuNiTi 35° também tem o menor módulo de elasticidade médio e maior flexibilidade, seguido das ligas NiTi e Neo Sentalloy F200. A liga Nitinol SE não apresentou curva em razão da temperatura estudada. De maneira geral, quando as ligas de NiTi eram submetidas a força, as temperaturas de transformação de fase foram diferentes. Isso alterou o módulo de elasticidade e a força aplicada aos dentes. Dobranszki et al. (2003) realizaram estudo fotoelástico com arco dupla chave na técnica straight wire. Fizeram comparação da ativação de Suzuki Tie entre as alças e a ativação com gurin. Utilizaram para comparação modelos de gelatina transparente nas regiões de incisivos e caninos. Fotografaram os modelos com o Double Key Hole de 3 maneiras: 1) Com ativação de Suzuki Tie; 2) Ativação de Suzuki Tie e ativação entre as alças; 3) Ativação com o gurin. Concluíram que ocorre movimento de retração de incisivos e caninos de três maneiras: 1) Suzuki Tie - ocorre movimento de retração sem extrusão; 2) Suzuki Tie com ativação entre as alças - ocorre movimento de retração com intrusão; 3) Ativação com gurin - movimento de retração com extrusão, pois não há compensação para efeito extrusivo. Clocheret et al. (2004) realizaram estudo sobre o comportamento friccional ou atrito entre arcos de fios ortodônticos e bráquetes. Observaram que a fricção é a resistência ao deslocamento que existe quando um sólido é movido tangencialmente contra a superfície de outro sólido. Aventaram fatores que influenciam a fricção: 1) Tipo de ligadura; 2) Força aplicada; 3) Desobstrução bráquete-fio; 4) Tipo de movimento na interface bráquete-fio; 5)Materiais ou composição dos fios e bráquetes; 6) Tamanho e morfologia do fio; 7) Torque e interface bráquete-fio. Avaliaram 15 diferentes fios e 16 bráquetes, utilizando pequenas forças de deslocamento, quando opuseram as forças entre bráquetes e fios de aço inoxidável. Utilizaram os bráquetes minitwin slot .018” (3M Unitek®, Monrovia, Califórnia, USA) e fios de arco retangulares .017 X .025” e .016 X.022” (3M - Unitek). Colaram os bráquetes com adesivo Concise® (3M Unitek) , e utilizaram a máquina MTM Fretting para oscilação ou deslizamento lateral. Realizaram análise estatística através do método Tukey e comparação através do teste ANOVA .Concluíram que a fricção entre fios epoxy-coated e bráquetes de aço inoxidável é a mais baixa entre todas as combinações de fios e bráquetes, e que o contato plástico-metal é o de menor fricção, com o plástico ocasionando lubrificação. Mallory et al. (2004) compararam o comportamento força-deflexão de 6 tipos de fios ortodônticos termoativados NiTi pré-contornados e retangulares .016 X .022”. Os 6 tipos de fios testados foram C27, C35, C40 da ORMCO® (os nºs correspondem às temperaturas de transformação de fase), e os fios Neosentalloy® NH (força de 240g); NM (força de 160g); e NL (força de 80g), estes 3 da GAC®. Através desse estudo in vitro, os bráquetes caninos e tubos molares foram colados nivelados para simular nivelamento. Os 10 fios foram passivamente ligados aos bráquetes que estavam em um jig acrílico simulando um arco dentário. A máquina de teste (INSTRON, CANTON,MASS) gravou desativações em 3 distâncias: 5, 4 e 3mm na posição do canino à temperatura de 37°C. Compararam pela análise de variância forças produzidas durante as desativações nas deflexões de 2,5, 2 e 1,5mm. Concluíram que todos os fios termoativados exibiram comportamentos superelásticos, e foram classificados de acordo com as diferentes deflexões. Os fios C40 e NL produziram as mais baixas forças de desativação. Os fios mostraram significante diminuição da força em conseqüência do aumento nas distâncias de ativação. Eliades et al. (2004) avaliaram as ligas ortodônticas de níquel-titânio e aço inoxidável quanto à citotoxicidade. Procuraram com esse estudo, avaliar qualitativamente e quantitativamente as substâncias liberadas pelos bráquetes e pelos fios de níquel-titânio, e avaliar o efeito desses íons liberados nas células humanas. Utilizaram método através de 2 grupos de bráquetes em aço inoxidável, com 20 unidades cada e 2 grupos de fio NiTi .018X.025”, com 10 fios cada grupo. Depois imergiram em solução salina a 0,9% por 1 mês. Avaliaram por espectroscopia (ICP-AES) o conteúdo iônico estatisticamente, através da análise de variância (ANOVA). Os fibroblastos do ligamento periodontal e gengiva foram expostos a várias concentrações dos 2 tipos de imersão citados. Cloreto de Níquel foi usado como controle para comparações. Investigaram a citotoxicidade, atividade citostática e análise da síntese de DNA. Os resultados indicaram ausência de níveis significativos de íons na solução com liga de níquel-titânio enquanto que quantidades relevantes foram encontradas nas soluções com bráquetes de aço inoxidável. Concluíram que concentrações maiores de Cloreto de Níquel foram responsáveis por reduzir em 50% a viabilidade e síntese de DNA dos fibroblastos. Entretanto, nenhum outro material apresenta ausência de efeitos colaterais no que diz respeito à síntese de DNA celular. Solano et al. (2004) realizaram estudo na escola Politécnica de Catalunya, em Barcelona, no departamento de Ciência de materiais e Engenharia Metalúrgica. Fizeram avaliação entre ligas de CuNiTi e NiTi com memória de forma, quanto a citotoxicidade, propriedades mecânicas e microestrutura dos fios. Verificaram as temperaturas de transformação, características mecânicas, tensões de tranformação em diversas temperaturas e a superelasticidade em ligas CuNiTi com várias concentrações de cobre. Os resultados foram comparados com as ligas convencionais de NiTi. Concluíram que adição de cobre produz maior estabilidade em temperaturas de transformação e às forças aplicadas a diversos tecidos. Demonstraram certa toxicidade em fibroblastos devido a adição suplementar de Cu nos fios Ortodônticos. Cash et al. (2004) avaliaram a resistência à fricção estática e dinâmica entre diferentes fios titânio-molibdênio e bráquetes em aço inoxidável. Em seu estudo in vitro comparou oito tipos de fios ortodônticos em bráquetes padrão Edgewise .022x.025”. Os arcos ortodônticos foram nas dimensões de .019x0,025” polegadas. Os 8 fios estudados foram Aqua TMA®, Honeydew TMA®, Purple TMA®, Violet TMA®, TMA, Ion-Implanted TMA®, Timolium® e Stainless Steel (aço inoxidável como controle). A força de fricção foi avaliada a seco, com 20º de torque, através da máquina de teste universal Instron. Também foi utilizado um computador desktop e um microscópio binocular. Fios Ion-Implanted e TMA não apresentaram vantagens em relação ao aço inoxidável, no que diz respeito a fricção. Concluíram que os fios podem ser dispostos da mais baixa à mais alta fricção, da seguinte maneira: stainless steel (mais baixa fricção), seguido pelos fios Honeydew , Ion-implanted TMA, and Timolium e por último os fios Aqua, Purple, Violet e TMA Standard. Pernier et al. (2005) avaliaram os efeitos de esterilização em autoclave na superfície e propriedades mecânicas de 6 fios ortodônticos. Observaram que fios ortodônticos são freqüentemente embalados e selados para evitar contaminação cruzada. As instruções geralmente advertem para esterilização em autoclave para proteções adicionais. Entretanto, a esterilização pode modificar a superfície e propriedades mecânicas de muitos tipos de material. O objetivo desse estudo foi determinar a influência da esterilização por autoclave nas propriedades mecânicas e superfície de 6 diferentes fios usados correntemente em Ortodontia. Utilizaram as recomendações para autoclave estabelecidas pelo ministério da saúde francês. Os fios do experimento foram: aço inoxidável Tru-Chrome® (RMO), 2 fios de níquel-titânio com memória de forma, Neo Sentalloy®, Neo Sentalloy com Ionguard® (GAC); e 3 fios de titânio-molibdênio, TMA; TMA Low Friccion (ORMCO®) e Resolve® (GAC). As ligas foram analisadas antes e após a esterilização, usando técnicas de observação de superfície, incluindo microscópio óptico, eletrônico e atômico, além de profilometria. Propriedades mecânicas foram observadas por testes de curvatura de 3 pontos. Concluíram que as esterilizações por autoclave não apresentam efeitos adversos quanto às propriedades mecânicas e superfície dos fios. Aceitaram a possibilidade dos ortodontistas sistematicamente os fios antes de colocá-los na cavidade bucal. esterilizarem 3 DISCUSSÃO: Em virtude da amplitude do assunto, achamos por bem dividir a discussão em tópicos que são: 3.1 Definição de Metal: Podemos definir metal como aquele elemento químico que em solução, forma íons positivos. Em geral os metais apresentam constituição sólida em temperatura ambiente, superfície lisa e polida, conduzindo bem o calor e a eletricidade(VELLINI–2002). 3.2 Estrutura dos metais: Os materiais dentários usados na mecânica ortodôntica, são principalmente metálicos, o que justifica o conhecimento de algumas de suas propriedades. Os metais à temperatura ambiente, na quase totalidade, encontram-se no estado sólido. Os átomos dispõem-se no espaço, em posições ordenadas um em relação ao outro. Essa disposição homóloga dá-se segundo formas geométricas bem definidas, constituindo as grades espaciais. As formas geométricas mais comuns, com que se dispõem os átomos nos metais, são a cúbica de face centrada e de corpo centrado, e a hexagonal compacta, constituindo as estruturas cristalinas cúbicas e hexagonais. Os fios ortodônticos constituem-se de metais trabalhados, isto é, obtém-se o metal fundido e submete-se este metal ao estiramento através de uma fieira. Neste processo denominado encruamento, a estrutura granular se transforma, a frio, em uma estrutura fibrosa e alongada (GURGEL-2001; FERREIRA-1998; QUINTÃO-2001; VELLINI 2002; WILLIAMS-1997; YONEYAMA-1992; BURSTONE-1985; WATERS-1992). 3.3 Propriedades mecânicas: Carga é a força aplicada sobre um fio ortodôntico. Pelo princípio da ação e reação, quando o fio é colocado na boca e aplica-se uma força no dente, o dente reage e produz uma carga no fio. Sua unidade usual em Ortodontia é o grama (MÜENCH-1994; PROFFIT-1993). Tensão é a carga sofrida pelo fio dividida por sua área . Sempre que houver tensão do fio ortodôntico, haverá alteração na disposição de seus átomos na grade cristalina, seja no sentido de afastá-los ou de aproximá-los (VELLINI-2002; LANGLADE-1993; KAPILA-1990). Paralelamente à adição de forças, registra-se a deformação correspondente. Assim, desde o início da aplicação de forças ao corpo de prova, até ruptura, obtém-se um conjunto de pares de valores (força e deformação). As forças aplicadas são divididas pela área da secção do corpo de prova, obtendo-se as tensões (F/S); as deformações são divididas pelo comprimento inicial do corpo de prova , obtendo-se as deformações unitárias. Com esses pares de valores (tensão, deformação unitária), constrói-se o gráfico 1, no qual podem ser obtidas uma série de informações. Interpretando o gráfico da figura , verifica-se que as deformações são proporcionais às tensões no corpo de prova, até o ponto P. Esse ponto define o limite de proporcionalidade (MÜENCH-1994; PROFFIT-1993; ARRUDA-2003). Gráfico 1: Tensão X Deformação unitária (Segundo Müench - 1994). Um pouco além, mas muito próximo ao ponto P situa-se o limite de elasticidade, que é a tensão máxima que pode ser aplicada ao corpo de prova, sem se deformar permanentemente. Um esforço aplicado ao material além do limite de elasticidade provoca uma deformação permanente. Assim, se o corpo de prova for descarregado a partir do ponto M, a volta se dá segundo a linha NM e a deformação permanente unitária ocorrida corresponde ao segmento ON. Se novamente, o corpo de prova for carregado, o gráfico será segundo NM. Isto indica um aumento do limite de propocionalidade, ou seja, o material suporta maiores esforços sem se deformar permanentemenre, quando previamente já o foi (MÜENCH-1994; PROFFIT -1993; FERREIRA-1998, 1999). Limite de elasticidade é a maior tensão que um fio ortodôntico pode ser submetido, sofrendo apenas deformações elásticas. Este ponto é demarcado no gráfico 2 com as letras L.E. (limite de elasticidade). Módulo de elasticidade é a relação entre tensão e deformação em qualquer ponto da reta (até o ponto LE). O módulo de elasticidade define a inclinação da reta e é constante para uma dada liga metálica. Ligas cuja porção reta do gráfico é mais vertical (alto módulo de elasticidade) são ditas rígidas, enquanto as que possuem baixo módulo de elasticidade (porção reta do gráfico mais horizontal) seriam mais flexíveis (gráfico 2). Módulo de resiliência é a quantidade de energia absorvida por um fio ortodôntico até o limite de elasticidade. No gráfico 2 é representado pela área sob a porção retilínea da curva tensão - deformação (área MR). O ideal seriam os fios com alta resiliência, capazes de absorver grande quantidade de energia, que se dissipará de forma lenta e gradual (ARRUDA2003; BURSTONE-1981; QUINTÃO-2001; SOLANO-2004; VELLINI-2002). Gráfico 2: Tensão X Deformação (Segundo Vellini – 2002). A tenacidade indica a dificuldade de se quebrar o fio ortodôntico (ou a energia total necessária para se fraturar um fio) e seu valor corresponde a toda a área sob a curva tensão-deformação desde o zero até o ponto RF (VELLINI2002; FERREIRA-1998). Biocompatibilidade reúne as características de resistência à corrosão, ao manchamento e tolerância tecidual em relação aos metais constituintes do fio. Assim o fio biocompatível é aquele que não sofre corrosão no meio bucal e que, por sua grande estabilidade, não libera substâncias que possam agredir o organismo (ELIADES-2004; LENZA-2003; KUSY-2000; SPECK & FRAKER1980). Dureza é a medida da resistência do fio à dobradura. Referindo-se ao gráfico 3 o fio A é mais duro que o B, pois para uma dada deflexão liberará uma força maior. Intervalo de trabalho é a medida do quanto o fio pode ser defletido dentro de seu limite de elasticidade. No gráfico 4 , o fio D tem um intervalo de trabalho maior que o C embora sua dureza seja idêntica. A resistência é uma medida da força máxima que pode ser aplicada ao fio no limite superior de seu intervalo de trabalho elástico. No gráfico 5 o fio E tem maior resistência (e intervalo de trabalho), mas menor dureza que o fio F (PROFFIT 1993; FERREIRA 1998-1999). Gráfico 3: Dureza (Segundo Proffit – 1993). Gráfico 4: Intervalos de Trabalho (Segundo Proffit -1993). Gráfico 5: Resistência (Segundo Proffit - 1993). 3.4 Rigidez dos fios ortodônticos: Levando-se em conta que Ws representa a rigidez do fio, que Ms é um número que representa a rigidez do material,e Cs é um número que representa a secção transversal em apreço, pode-se manter a secção transversal (Cs) variando a rigidez do fio (Ws) através de diferentes ligas metálicas. Com fios de uma mesma secção transversal, pode-se produzir uma grande variação de força e proporções carga-deflexão, requeridas no aparelho. O número de rigidez do material (Ms) é baseado no módulo de elasticidade do mesmo, que pode ser utilizado para determinar a quantidade relativa de força que um fio fornece por unidade de ativação - Ws=Ms x Cs (KAPILA-1989; PROFFIT-1993; BURSTONE -1981; FERREIRA-1998). 3.5 Tipos de Ligas Ortodônticas: Ligas de Metais Preciosos: O ouro apesar de macio e biocompatível, encontra-se em desuso devido ao custo e por existirem atualmente fios que o substituam com vantagens. Ligas áuricas com Cobre, Platina, Paládio e Níquel, não são mais utilizadas (VELLINI-2002; MÜENCH-1994; GURGEL – 2001). Ligas de Aço Inoxidável: Apresentam em sua composição 71% de Ferro, 18% de Cromo, 8% de Níquel e menos de 0,2% de Carbono. Devido à presença de Cromo, essas ligas têm resistência à corrosão em meio bucal (KAPILA-1990; VELLINI-2002; MÜENCH-1994). Ligas de Níquel-Cromo: são da família dos aços inoxidáveis, mas com 80% de Níquel e 20% de Cromo em sua composição e com excelentes propriedades de resistência mecânica e à corrosão. Para fins Ortodônticos, essas ligas passaram a apresentar agentes modificadores como Manganês, Silício, Fósforo e Enxofre (MÜENCH-1994; VELLINI 2002; GURGEL 2001). Ligas de Cobalto-Cromo: Formadas por 40% de Cobalto, 20% de Cromo, 15% de Níquel,15% de Ferro, 7% de Molibdênio, e pequenas porcentagens de Manganês, Carbono e Berílio. Conhecido comercialmente como Elgiloy®, é fabricado em 4 diferentes têmperas: azul (macio), amarelo (dúctil), verde (semi-resiliente) e vermelho (resiliente). Apresentam propriedades semelhantes ao aço: alto módulo de elasticidade, baixo módulo de resiliência, alta tenacidade e alta biocompatibilidade (VELLINI-2002; KAPILA-1990; MÜENCH-1994; FERREIRA1998). Ligas de Níquel-Titânio: Têm em sua constituição, 54% de Níquel e 44% de Titânio, podendo conter Cobalto. Apresentam baixo módulo de elasticidade, alto módulo de resiliência e baixa tenacidade (MÜENCH-1994). Segundo Kapila (1990), apresentam 52% de Níquel, 45% de Titânio e 3% de Cobalto. Encontrado comercialmente com diversos nomes: Nitinol®, Orthonol®, Sentinol®, Titanal® e Niti Chinez® (KAPILA-1990); Neo Sentalloy® (PERNIER2005); Sentalloy Light®, Copper NiTi® (ARRUDA-2003; MALLORY-2004). Fios Termoativados: São fios constituídos por Níquel, Titânio, Cromo e Cobre. Esses fios são caracterizados por diferenças da estrutura da matéria. Apresentam transformações martensíticas, representadas por menor rigidez dos fios quando em baixas temperaturas, e por maior rigidez ao retornarem a temperatura bucal (FERREIRA-1998; KAPILA 1990). No momento em que os fios termoativados sofrem diminuição da temperatura, começam a ocorrer transformações de fase e os fios que estavam em estado mais rígido na temperatura bucal (fase austenítica), passam para um estado mais flexível e macio (fase martensítica), permitindo manipulação mais eficiente dos mesmos na cavidade bucal. Após isso, a cavidade bucal proporciona um aumento da temperatura dos fios ortodônticos, fazendo com que os mesmos retornem para a fase austenítica e ocasionando o desejado movimento ortodôntico (GURGEL-2001; VELLINI-2002). Os átomos dessas ligas apresentam disposições específicas dependendo da fase em que as ligas de NiTi se encontram: estrutura cúbica de face centrada (CFC) quando em fase austenítica, e a estrutura cristalina hexagonal compacta (HC) na fase martensítica, representando menor rigidez da liga (GURGEL-2001). Titânio-Nióbio: O fio Titanium-Niobium (ORMCO, Sybron®) é constituído pelos metais de seu nome. É indicado para pacientes com sensibilidade ao Níquel. Apresenta propriedades semelhantes ao TMA (GURGEL-2001). Beta-Titânio: A liga é constituída de 79% de Titânio, 11% de Molibdênio, 6% de Zircônia e 4% de Estanho. Apresenta metade da rigidez do aço inoxidável e o dobro da resiliência (GURGEL-2001; VELLILI-2002). Fios Trançados de Aço Inoxidável: São fios de pequenos calibres enrolados uns sobre os outros. Inicialmente comercializado como Twist-Flex (Unitek Corp.®), com secção transversal redonda. Hoje o fio multifilamentos pode ser encontrado em secção transversal retangular (Braided®), sendo indicado para finalização e intercuspidação. Podem receber dobras de pequena magnitude, e apresentam flexibilidade satisfatória (GURGEL-2001). 3.6 Hipersensibilidade ao Níquel: A corrosão dos metais dos fios ortodônticos podem ocasionar a liberação de íons metálicos como o Níquel para a cavidade bucal, ocasionando reações no organismo. A citotoxicidade ao Níquel, é uma reação do organismo que manifesta-se através de dermatites de contato ou efeitos carcinogênicos. Podemos reconhecer 3 regiões nos metais ortodônticos, relacionadas com a corrosão. Essas regiões são chamadas de células e recebem o nome de: células de composição, de concentração e de estresse. 1-Células de composição ocorrem quando existem diferenças de potencial entre 2 metais diferentes; quando os elétrons se movem, forma-se corrente elétrica e um metal sofre oxidação, enquanto o outro sofre redução. 2-Células de concentração existem quando formam trincas, aberturas, espaços metal-não metal, ocasionando corrosão do mesmo. 3-Células de estresse têm a ver com a manipulação excessiva do fio, causando fadiga e corrosão do metal (KUSY2000; LENZA-2003). Essa hipersensibilidade ao Níquel provoca manifestações bucais e estomatites de contato alérgicas, que podem confundir o diagnóstico com hiperplasias gengivais e ulcerações bucais. A solução é buscar fios ortodônticos sem Níquel como o TMA e o Titânio-Nióbio (GURGEL-2001; KUSY-2000; LENZA-2003). 4 CONCLUSÃO: 1 - A utilização de ligas de NiTi e a observação das suas respectivas indicações e limitações, reduz o número de arcos necessários no tratamento ortodôntico, tornando os procedimentos de nivelamento e alinhamento mais rápidos e consistentes. Quando se utilizam fios retangulares confeccionados com essas ligas, logo no início do tratamento, os movimentos de primeira, segunda e terceira ordem, ocorrem simultaneamente, o que prepara os arcos dentários para a fase seguinte de fechamento de espaços ou finalização. 2 - Fios trançados ou torcidos de aço permitem começar o nivelamento sem alças e sem dor ao paciente. 3 - O aço inoxidável e o Cr-Co têm boa capacidade de forma e podem ser dobrados com relativa facilidade e em várias configurações. 4 - É possível que o níquel presente nas ligas ortodônticas venham causar efeitos alergênicos e carcinogênicos, sendo que podem ocorrer em determinados pacientes reações de hipersensibilidade. REFERÊNCIAS: ALQABANDI, A. K.; SADOWSKI, C.; BEGOLE E. A – A comparison of the effects of rectangular and round arch wires in leveling the curve of SpeeV- Am J. Orthod Dentofacial Orthop - n.(116) p. 522-9,1999. ARNDT M.; UCK A. BR.; SCULLY T.; AGER A. 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