UNINGÁ – UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR INGÁ
FACULDADE INGÁ
CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PRÓTESE
RENATA GIRARDI
CONSIDERAÇÕES CLÍNICAS PARA A INDICAÇÃO DE UM PINO
INTRACANAL
PASSO FUNDO
2007
RENATA GIRARDI
CONSIDERAÇÕES CLÍNICAS PARA A INDICAÇÃO DE UM PINO
INTRACANAL
Monografia apresentada à unidade de Pósgraduação da Faculdade Ingá - UNINGÁ Passo Fundo-RS como requisito parcial para
obtenção do título de Especialista em Prótese
Dentária.
Orientadores: Prof. Dr. Cezar Augusto Garbin
PASSO FUNDO
2007
RENATA GIRARDI
CONSIDERAÇÕES CLÍNICAS PARA A INDICAÇÃO DE UM PINO
INTRACANAL
Monografia aprese n t a d a à comissão
julgadora da Unidade de Pós-graduação da
Faculdade Ingá – UNINGÁ – Passo FundoRS como requisito parcial para obtenção do
título de Especialista em Prótese Dentária.
Aprovada em ____/ ____/ ____.
BANCA EXAMINADORA:
_________________________________________
Prof. Dr. Cezar Augusto Garbin
_________________________________________
Prof. Ms. Christian Schuh
_________________________________________
Prof. Ms. Volmir João Fornari
4
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Sérgio e Olga
Meu irmão, Ronaldo
Pelo amor incondicional
AGRADECIMENTOS
A Deus pela força interior nos momentos de maiores dificuldades.
Ao Professor, orientador e amigo Cezar Augusto Garbin pelo tempo que
disponibilizou para que este trabalho se realizasse, pela forma humilde de passar
seus conhecimentos, agradeço ao incentivo e confiança.
Ao Professor, orientador e amigo Leonardo Federizzi pelo auxílio prestado durante a
confecção deste trabalho.
Ao meu colega e amigo Bruno Werlang que traduziu inúmeros artigos do inglês para
o português e mostrou-se sempre disponível.
Ao meu amigo Nelson Massing pela colaboração no momento da coleta de
materiais.
A minha amiga e secretária Emanuele De Carli que pacientemente me auxiliou na
confecção deste trabalho.
A toda a equipe da Clínica Dentalmed pelo incentivo constante.
Ao C.D Giovani Tibola pelo fato de acreditar na minha capacidade profissional e pela
calma que me transmitiu nos momentos difíceis.
Aos meus colegas do curso de especialização, em especial a Bruna Sebben que foi
minha dupla nas aulas práticas e conviveu comigo todo esse tempo.
EPÍGRAFE
Há quem diga que todas as noites são de sonhos. Mas há também quem garanta
que nem todas, só as de verão. No fundo, isso não tem importância. O que interessa
mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre,
em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado.
(Shakespeare)
RESUMO
A indicação e a seleção de um pino intracanal após a realização do tratamento
endodôntico são complexas em razão da grande diversidade de pinos disponíveis.
Desta forma, o presente trabalho de revisão de literatura abordou os diferentes tipos
de pinos intracanais, suas principais indicações e critérios para a seleção, bem como
as vantagens e as desvantagens de cada sistema. O pino-núcleo fundido pode ser
uma opção de tratamento, principalmente em casos onde se pretende modificar o
ângulo raiz/coroa, quando os canais radiculares são excessivamente cônicos e,
principalmente, nos dentes onde não existe estrutura suficiente para o abraçamento
cervical da coroa protética. Os pinos pré-fabricados podem ser indicados em várias
situações, entretanto, dependem da quantidade de remanescente coronário para
garantir a longevidade da restauração. Isso se torna mais evidente nos casos de
pinos de fibra, pois por possuir um alto potencial de flexão, pode ocorrer falha da
adesão entre o pino e o material do núcleo, resultando em microinfiltração. Quanto à
influência do remanescente coronário, o abraçamento cervical da coroa aumenta a
resistência do dente, preserva a integridade do selamento marginal e reduz o
potencial da concentração de tensões, protegendo o dente contra fraturas
radiculares. Diante das informações coletadas e analisadas, foi possível concluir que
se existir pelo menos 2 mm de estrutura coronária remanescente, qualquer sistema
de pinos poderá apresentar bons resultados clínicos.
Palavras-chaves: Pinos dentários. Restauração dentária permanente. Materiais
dentários.
ABSTRACT
The indication and the selection of an induct post after the endodontic
treatment are difficult, because of the great variety of posts available. Therefor, this
literature revision work were about the different kinds of induct posts, their main
recommendations and selection criterion, as well as the advantages and the
disadvantages of each system. The melted core-post can be an option of treatment,
mainly when one wants to modify the angle crown-root, when the ducts are too much
conical and, specially, in the teeth I witch there’s no structure. The pre- fabricated
post can be indicated in many situations, however, depend on the crown to
guarantee that the restauration last long. This becomes more evident when it comes
to fiber post, because of its high flexion potential. A stick folt may occure between the
post and the corn material. The more crown the tooth has, bigger is it’s resistance
and can be concluded that if there are at lest 2mm of structure, any system will
shows good results.
Keywords: Dental post. Dental permanent restoration. Dental materials.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................9
2 REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................................... 11
2.1 PINO-NÚCLEO FUNDIDO........................................................................................... 12
2.2 PINOS PRÉ-FABRICADOS......................................................................................... 14
2.2.1 Pinos Pré-Fabricados Metálicos .................................................................. 14
2.2.2 Pinos Pré-Fabricados Não-Metálicos ......................................................... 16
2.3 COMPARATIVO ENTRE PINO-NÚCLEO FUNDIDO E PINOS PRÉFABRICADOS ....................................................................................................................... 20
2.4 A INFLUÊNCIA CLÍNICA DO REMANESCENTE CORONAL CERVICAL.......... 23
3 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 28
REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 29
9
1 INTRODUÇÃO
A restauração de um dente tratado endodonticamente, com ampla
destruição coronária, tem se constituído em um desafio para os cirurgiões-dentistas.
A tarefa de selecionar o melhor tipo de pino e núcleo pode ser um exercício
complexo e impreciso para o profissional.
Para que seja restabelecida a forma e a função dos dentes tratados
endodonticamente, a porção coronária precisa ser reconstituída. Estes dentes,
freqüentemente, necessitam de pinos intra-radiculares para promover retenção à
futura restauração. O preparo de um dente para um pino intra-radicular normalmente
requer a remoção de estrutura dental adicional, o que provavelmente enfraquece o
dente (MEZZOMO, 2002).
Os sistemas de pinos e núcleos tem sido empregados na odontologia por
mais de 250 anos. Os primeiros relatos foram em 1728, com Pierre Fauchard, que
descreveu o uso de pinos metálicos parafusados dentro das raízes dos dentes para
reter suas próteses (SMITH, SCHUMAN, WASSON, 1998).
Existe uma grande diversidade de pinos disponíveis no mercado, que vão
desde os fundidos aos pré-fabricados metálicos e não-metálicos: de fibra de
carbono, de fibra de quartzo, fibra de vidro e cerâmicos (SCOTTI, FERRARI, 2003).
O profissional pode optar então pela colocação de um pino-núcleo
fundido, ou por um pino pré-fabricado. No primeiro caso, o pino é feito sob medida
para se adaptar ao canal radicular sendo sua porção coronária e radicular fundidos
em conjunto, enquanto no segundo caso, o canal radicular é alargado para se
adaptar à configuração do pino selecionado (SMITH, SCHUMAN, WASSON, 1998).
As maiores vantagens dos pinos-núcleos fundidos são: baixo custo, não
exigência de técnica ou cimentos especiais para fixação, larga experiência clínica e
radiopacidade (MORO, AGOSTINHO, MATSUMOTO , 2005).
Os sistemas pré-fabricados estão indicados principalmente, em dentes
com pequenos canais circulares. As vantagens deste sistema estão relacionadas a
10
estética , simplicidade e rapidez da técnica pelo não envolvimento laboratorial
(SMITH, SCHUMAN, WASSON, 1998).
Ao contrário do que se pensava, o pino não reforça a estrutura dentária,
pois quando o dente recebe a carga, as tensões são maiores nas superfícies
vestibular e lingual da raiz e a tensão que o pino recebe é mínima e não ajuda a
prevenir fratura, o que realmente importa é a espessura de dentina remanescente
(MEZZOMO, 2002).
Outra consideração importante, envolvida no sucesso dos pinos, é
garantir o efeito férula ou abraçamento, que consiste na extensão do preparo para
apical criando uma borda voltada para fora, na qual será adaptada a coroa,
minimizando o efeito de cunha o que predisporia à fratura vertical da raiz
(FERNANDES, DESSAI , 2001).
Diante disto, para o sucesso clínico do tratamento, uma série de requisitos
devem ser analisados no momento da escolha do tipo de pino intra-radicular.
O objetivo deste trabalho é avaliar, com base em revisões de estudos
clínicos e laboratoriais publicados, os sistemas de pinos que podem ser utilizados,
suas vantagens e desvantagens, bem como a relação da quantidade de dentina
remanescente para a maior sobrevida do dente e longevidade da restauração.
11
2 REVISÃO DE LITERATURA
A perda de estrutura dentária é um fator inerente ao tratamento
endodôntico. O endodontista, no intuito de bem instrumentar o canal radicular,
normalmente remove uma quantidade considerável de tecido dentário mineralizado,
o qual deverá posteriormente ser reposto.
Um dente despolpado é mais frágil devido à modificação na sua
arquitetura e morfologia em função da perda da estrutura dental por cáries,
fraturas, além do acesso e instrumentação do canal radicular, sendo que, se o
acesso endodôntico for realizado sem a remoção das cristas marginais, o dente
perde apenas 10% da resistência (SEDGLEY, MESSER, 1992).
As dificuldades encontradas são maiores nos casos de dentes que
perderam totalmente a coroa anatômica. Estes, para serem restaurados,
normalmente necessitam da confecção de pino-núcleo para reterem uma coroa
protética (SHILLINGBURG et al.,1998).
Os pinos possuem a principal função de reterem um núcleo, e este por
sua vez , a coroa protética. Secundariamente, apresentam a finalidade de
distribuírem as cargas ao longo da raiz. A presença de pinos não reforça as raízes, e
sim, muitas vezes favorece a fratura radicular. Com o intuito de verificar este fato,
Guzy e Nicholls (1979) compararam in vitro, a resistência à fratura de dentes
tratados endodonticamente com e sem pinos intra-radiculares cimentados com
fosfato de zinco. Cinqüenta e nove incisivos centrais superiores e caninos inferiores
foram selecionados para o experimento e foram divididos em dois grupos: caninos e
incisivos centrais. Os dentes do grupo 1 receberam terapia endodôntica, e após a
guta percha foi removida até 1mm abaixo da junção cemento-esmalte, e este espaço
restaurado com cimento de silicato. Os dentes do grupo 2 receberam pinos intraradiculares da marca comercial Endo Post, a câmara pulpar foi restaurada com
cimento de silicato. Os dentes foram montados em um cilindro de alumínio com a
porção radicular situada 2 mm abaixo da junção cemento-esmalte totalmente imersa
em resina acrílica. Este corpo de prova foi submetido a uma carga de lingual para
vestibular, a uma velocidade de 5 cm/minuto, com ângulo de 130°
em relação ao longo eixo do dente. Os resultados deste estudo mostraram não
haver nenhuma diferença estatística entre os grupos incisivos e caninos, com ou
12
sem pinos. Cinqüenta e oito dentes fraturaram abaixo da junção cemento-esmalte.
Apenas um dente teve fratura de bisel envolvendo coroa e raiz.
2.1 PINO-NÚCLEO FUNDIDO
Os pinos-núcleos fundidos até recentemente eram os mais populares e
têm sido tratados como “padrão-ouro” devido aos percentuais de sucesso superior
quando comparados a outros sistemas de pinos (MEZZOMO, MASSA, 2006).
Existem, alguns princípios básicos para o preparo da raiz e elaboração de
pino-núcleo fundido que são: diâmetro do pino: não deverá exceder um terço do
diâmetro da raiz; comprimento: deverá ser no mínimo, igual ao comprimento da
coroa ou dois terços do comprimento da raiz. O ideal é que o pino seja mais
comprido que a coroa. Pelo menos a metade do pino deverá estar intra-ósseo. E
deverá permanecer 4 mm da obturação do canal radicular. Quanto a sua forma,
deverá seguir o contorno anatômico do canal radicular (SHILLINGBURG et al.,
1998).
Holmes, Diaz-Arnold e Leary (1996) estudaram a distribuição de tensões,
na tentativa de determinar o diâmetro apropriado e o comprimento do pino para um
dente específico, de acordo com a sua relação oclusal. Para este estudo, utilizou-se
o método do elemento finito no intuito de avaliar a distribuição da tensão na dentina
de um dente tratado endodonticamente por meio de um núcleo moldado e fundido,
variando suas dimensões. Uma força de 100 N foi aplicada na ponta de cúspide
vestibular com ângulo de 45° com o longo eixo do dente. Suas conclusões foram: aa maior tensão ocorreu na superfície lingual (compressão) e vestibular (tensão), no
terço coronário da raiz; b- menores alterações na dimensão do pino tiveram mínimos
efeitos na dentina; c- maior tensão ao cisalhamento na dentina ocorreu adjacente ao
pino, na secção lingual, aproximadamente no meio da raiz; d- a magnitude da tensão
foi influenciada pelo comprimento do pino; a tensão aumentava à medida que o
comprimento do pino era reduzido.
Mas, muitas vezes os princípios biomecânicos para o preparo do pino,
não podem ser aplicados clinicamente, pois existem limitações que fogem ao
controle do clínico, como raízes curvas, ou perda demasiada da estrutura radicular
(MEZZOMO, MASSA, 2006).
13
Hirschfeld e Stern (1972) fizeram algumas considerações a respeito da
restauração de dentes com o sistema pino-núcleo. Referiram que as cargas
funcionais ao agirem sobre os dentes são transferidas da porção coronal através do
núcleo e do pino para a raiz e suporte ósseo. A extensão do pino é um fator
extremamente importante na obtenção da resistência adequada. As fraturas
dentárias ocorrem, na maioria das vezes, diagonalmente, do nível coronal em
direção à margem do osso de suporte. Recomendaram que o pino seja envolvido por
pelo menos metade do suporte ósseo da raiz, atendendo a critérios biomecânicos.
As maiores vantagens dos pinos-núcleos metálicos fundidos são: baixo
custo, não exigência de técnica ou cimentos especiais para fixação, larga
experiência clínica e radiopacidade (MORO, AGOSTINHO, MATSUMOTO, 2005).
Em situações clínicas onde não exista no mínimo 2 mm de remanescente
dental cervical o pino-núcleo fundido apresenta vantagem sobre o pino préfabricado, pois não sofre micromovimentos evitando falha na união pino-núcleo
(MEZZOMO, MASSA, 2006).
O pino-núcleo fundido é uma peça em monobloco, que proporciona
melhor adaptação geométrica aos canais radiculares, e quase sempre exige pouca
remoção de estrutura dentária. Quanto à indicação dos pinos-núcleos fundidos,
estão: a mudança de ângulo raiz/coroa, em canais excessivamente cônicos ou
elípticos, e principalmente onde não existe estrutura suficiente para o abraçamento
cervical mínimo de 2 mm (BARATIERI, 2001; MEZZOMO, MASSA, 2006).
Entretanto, existem algumas desvantagens associadas com os pinosnúcleos fundidos convencionais, tais como, pobre retenção do pino intracanal,
elevada transmissão de tensão à estrutura dental, alto potencial de fratura de raiz e
alto índice de corrosão, quando diferentes metais são usados (HENRY et al., 1977;
FREDRIKSSON et al., 1998).
Como desvantagens do pino-núcleo fundido pode-se citar também a
estética desfavorável, a possibilidade de sofrerem corrosão, o alto módulo de
elasticidade e o fato de não serem adesivos (MORO, AGOSTINHO, MATSUMOTO,
2005).
Assif e Gorfil (1994) também elucidam como desvantagens do pino-núcleo
fundido, a necessidade de maior número de sessões clínicas, envolvimento de
procedimentos laboratoriais e custo mais elevado.
14
Fatores como, a alta exigência estética em pacientes que receberão
coroas cerâmicas sem metal, e canais radiculares excessivamente amplos com
paredes dentinárias delgadas, contra-indicam o uso de pino-núcleo fundido
(MEZZOMO, MASSA, 2006).
Quanto ao material, o pino-núcleo fundido ideal é aquele feito com liga de
ouro, pois é biocompatível, tem alta resistência à corrosão e baixa rigidez, o que
facilita o preparo do núcleo (MORO, AGOSTINHO, MATSUMOTO, 2005;
MEZZOMO, MASSA, 2006).
Com a finalidade de reduzir os riscos de insucesso, foi proposta a
utilização do “efeito estojado” para remediar um possível efeito de cunha em dentes
com raízes enfraquecidas pelo tratamento endodôntico, sendo assim as cargas
oclusais se distribuem de maneira mais uniforme ao longo da raiz (SORENSEN,
MARTINOFF, 1984).
2.2 PINOS PRÉ-FABRICADOS
Com o surgimento da odontologia adesiva, novas técnicas restauradoras
puderam ser desenvolvidas. O tradicional pino-núcleo fundido começou a ceder
espaço para os pinos pré-fabricados. Inicialmente, foram desenvolvidos sistemas
com pinos metálicos confeccionados em aço inoxidável ou titânico. Posteriormente,
foram introduzidos pinos de zircônia, pinos de fibra de carbono, de vidro e quartzo
cimentados adesivamente. Os pinos de fibra apresentam módulo de elasticidade
muito semelhante ao das estruturas dentais (SCOTTI, FERRARI, 2003).
Os pinos pré-fabricados possuem as vantagens de fácil e rápida
instalação, dispensam moldagem e etapa laboratorial e estão disponíveis em várias
formas, tamanhos e materiais (SCOTTI, FERRARI, 2003).
2.2.1 Pinos Pré-Fabricados Metálicos
Estes pinos podem ser constituídos por ligas de aço inoxidável, áuricas e
titânio. Eles possuem as mais variadas formas tanto na sua porção radicular quanto
coronária. Eles podem ser cilíndricos, cônicos, serrilhados, lisos, ativos ou passivos,
com cabeças retentivas grandes ou pequenas, e apresentados em diversos
diâmetros. Porém, normalmente não entram em contato íntimo com as paredes
radiculares do dente (SCOTTI, FERRARI, 2003).
15
Os pinos metálicos podem ser retidos no canal radicular de forma ativa,
onde as ranhuras superficiais se engajam na dentina, ou de forma passiva, onde a
retenção depende do cimento. Os pinos passivos, cimentados e serrilhados parecem
gerar a melhor relação custo benefício dessa técnica, pois tem boa retenção e não
geram tensões na dentina (BARATIERI, 2001).
A possibilidade de fratura é grande quando se utiliza pinos metálicos
ativos, pois geram muita tensão na dentina. Então, só devem ser indicados em
canais radiculares com pouca profundidade, seja por causas naturais ou acidentais,
que impossibilitem o acesso a toda extensão do canal radicular (MORO,
AGOSTINHO, MATSUMOTO, 2005).
Apesar dos pinos paralelos apresentarem melhor retenção em relação
aos cônicos, ela não é necessária para garantir a fixação da restauração. A retenção
de um pino cônico é mais do que suficiente para o sucesso da restauração
(MEZZOMO, MASSA, 2006).
Nergiz et al. (2002) em um estudo i n v i t r o c o m p i nos de titânio,
investigaram o efeito do comprimento e diâmetro na força de retenção destes pinos.
Foram utilizados pinos com três comprimentos diferentes (9, 12 e 15 mm) e
diâmetros apicais (0, 5, 0,9 e 1,1 mm) foram cimentados usando cimento de fosfato
de zinco em espaços preparados e asperizados de 90 dentes anteriores intactos.
Verificaram que a força de retenção é proporcional tanto ao comprimento como ao
diâmetro dos pinos. A retenção foi afetada mais fortemente com o aumento no
comprimento (100%) do que quando comparado como diâmetro (60%). No que diz
respeito aos pinos testados neste estudo, concluiram que a escolha do pino deve ser
feita com cuidado, sendo mais importante ter um comprimento do que a largura
adequada ao dente em questão.
Hew, Purton e Love (2001) em um estudo in vitro testaram as
propriedades de um pino de liga de titânio (Integrapost) quando comparado a um de
aço (Parapost). Foram analisadas a rigidez e retenção nos canais radiculares em
dentes extraídos, os dois tipos apresentaram propriedades similares na retenção
intra-radicular, porém o de titânio é menos rígido que o de aço inoxidável.
Estruturalmente, o conjunto pino pré-fabricado/material do núcleo é
formado por materiais diferentes, assim resistem menos às cargas oclusais,
principalmente em situações clínicas que não tem remanescente coronário
(MEZZOMO, MASSA, 2006).
16
2.2.2 Pinos Pré-Fabricados Não-Metálicos
Devido às problemáticas com os pinos pré-fabricados metálicos como a
corrosão, galvanismo e transparências discrômicas estéticas em restaurações com
cerâmica pura, levaram ao desenvolvimento de pinos sem metal (SCOTTI,
FERRARI, 2003).
2.2.2.1- Pinos Pré-Fabricados de Fibra de Carbono
Os pinos de fibra de carbono foram os primeiros a serem desenvolvidos,
Duret et al (1990) estabeleceram o uso de pinos de resina epóxica reforçados com
fibra de carbono, propondo um procedimento que evitava a associação de materiais
com características biomecânicas diferentes.
As vantagens destes pinos é que apresentam módulo de elasticidade
similar ao da dentina, alta resistência, flexibilidade e facilidade de remoção do canal
radicular se for necessário (MEZZOMO, MASSA, 2006).
Por possuírem uma matriz resinosa, os pinos de fibra de carbono, de
acordo com os fabricantes, aderem quimicamente aos materiais para preenchimento
e fixação, quando os mesmos são resinas compostas ou cimentos resinosos.
Esperava-se com isso, que esse tipo de união fosse mais forte e duradoura do que a
união mecânica formada entre pinos metálicos e cimentos de diferentes tipos, fato
esse que não foi confirmado (MORO, AGOSTINHO, MATSUMOTO, 2005).
Hedlund, Johansson e Sjögren (2003) fizeram um estudo retrospectivo,
usando históricos dentários e radiografias, para ver a performance clínica de 65
pinos pré-fabricados de fibras de carbono colocados em 48 pacientes, que
regularmente visitaram um clínico em uma média de tempo de 8 anos de atividade
clínica. A taxa de insucesso foi de 3% , falhas ocorreram em um dente com
restauração de coroa única e um que era parte da prótese parcial fixa com
cantilever, mas mais estudos clínicos são necessários para avaliar a confiabilidade
destes pinos. Embora as últimas pesquisas evidenciem que a restauração de dentes
tratados endodonticamente, proporciona menor prevalência de fraturas quando
esses dentes são restaurados com sistemas pino-núcleo, o valor estratégico do
dente, o padrão mastigatório do paciente e a quantidade de estrutura dentária
supragengival devem ser avaliadas.
17
Isidor, Odman e Brondum (1996) avaliaram in vitro a resistência à fratura
de dentes bovinos com pinos de fibra de carbono associados a compósitos híbridos
e restaurações metálicas totais de ouro. Quatorze dentes bovinos com similares
comprimentos e diâmetros foram montados em blocos de resina acrílica, tendo
ligamento artificial com silicona. Os pinos de fibra de carbono foram unidos com
agente de união, e o complemento coronário foi feito com resina fotopolimerizável.
Uma coroa total de ouro foi cimentada com fosfato de zinco. Cada corpo de prova foi
submetido à carga de 250 N numa angulação de 45º, até que os corpos de prova
fracassassem. Os resultados deste estudo mostraram que nove espécimes
fracassaram na coroa e ou pino por perda de retenção, e observaram fratura
radicular incompleta em quatro espécimes.
Os pinos de fibra são menos danosos para as estruturas radiculares, e
assim são preferíveis aos pinos-núcleos fundidos (SCOTTI, FERRARI, 2003).
Fredriksson et al. (1998) fizeram um estudo retrospectivo clínico e
radiográfico do sistema de pinos a base de fibra de carbono (Composipost), por um
período de 2 a 3 anos. Um total de 236 dentes foi selecionado, sendo 130 superiores
e 106 inferiores. Condições periodontais, sinais radiográficos e resultados protéticos
foram registrados, sendo os pacientes controlados em rechamadas de 3 a 6 meses.
Os resultados deste estudo longitudinal mostraram que não houve nenhuma fratura
do pino ou da raiz, presença de cárie ou desalojamento dos pinos. Cinco dentes
(2%) foram extraídos por tratamentos duvidosos, mas nenhum fracasso foi atribuído
ao sistema Composipost. Os resultados favoráveis deste estudo, após 2 ou 3 anos
de avaliação clínica e radiográfica indicam que este sistema pode ser uma
alternativa viável de tratamento para dentes tratados endodonticamente.
Quanto às desvantagens dos pinos de fibra de carbono, é que sua cor
negra interfere na estética em núcleos de dentes anteriores, não sendo visível
radiograficamente, sendo mais usados em dentes posteriores, e são muito flexíveis
podendo causar falhas adesivas (SCOTTI, FERRARI, 2003).
2.2.2.2- Pinos Pré-Fabricados de Fibra de Vidro
Os pinos de fibra de vidro, ao contrário dos de fibra de carbono, são
estéticos, recomendados para dentes anteriores (MEZZOMO, MASSA, 2006).
18
Porém, segundo Scotti e Ferrari (2003), são os pinos mais frágeis dentre os pinos de
fibra. Recomenda-se o seu uso em dentes com mais de 50 % de remanescente
coronal.
Por serem compostos de fibra de vidro envolta por material resinoso, o
pino prevê refração e transmissão das cores internas através da estrutura dental,
porcelana ou resina, e adere-se quimicamente às resinas para uso odontológico
(BARATIERI, 2001).
Grandini et al. (2005) realizaram um estudo para apresentar uma
constatação clínica preliminar do uso de pinos de fibra e resina direta na restauração
de dentes tratados endodoticamente, 38 dentes anteriores e 62 posteriores foram
selecionados de três clínicas protéticas particulares. O protocolo incluiu, pinos de
fibra translúcidos (DT Posts) cimentado ao espaço preparado para o pino com
adesivo de passo único e um cimento resinoso dual (Duo Link) , após restaurações
de resina foram confeccionadas. Os pacientes foram chamados para reconsultas
depois de 6, 12, 24 e 30 meses, e os resultados clínicos e radiográficos indicaram
boa performance clínica das restaurações, logo concluíram que é uma boa opção de
tratamento, que em curto prazo conserva a estrutura remanescente e resulta em boa
aceitação pelo paciente.
Em relação à resistência à fratura, os dentes com pinos pré-fabricados de
aço inoxidável fraturaram a raiz e os restaurados com pinos de resina reforçados
com fibra não ocorreu este fato. O material desses últimos é menos resistente, mas
não causou fratura da raiz. Parece então, que a maior rigidez do material pode
aumentar a susceptibilidade da raiz à fratura (NEWMAN et al., 2003).
2.2.2.3- Pinos Pré-Fabricados de Fibra de Quartzo
Os pinos de fibra de quartzo têm baixo módulo de elasticidade, similar ao
da dentina, o que pode explicar os padrões de fratura favoráveis, ou seja,
restauráveis. Esses pinos são indicados para os casos onde a estética é imperativa:
coroas de cerâmica pura ou faceta, já que apresentam-se na cor branca ou
translúcida (MEZZOMO, MASSA , 2006).
Esta característica de translucidez permitiu a introdução de cimentos
resinosos com polimerização dual, na qual ela é utilizada como transmissor de luz
(SCOTTI, FERRARI, 2003).
19
Malferrari, Mônaco e Scotti (2003) realizaram um acompanhamento
clínico para avaliar o comportamento de pinos de fibra de quartzo, usados em dentes
tratados endodonticamente após um período de 30 meses. Em 132 pacientes, 180
dentes tratados endodonticamente foram restaurados usando pinos de fibra de
quartzo Estheti-Plus, coroas metalo-cerâmica ou cerâmica pura foram aplicadas
como restauração final. Os parâmetros considerados como falha clínica foram
deslocamento, descolamento ou fratura dos pinos, núcleos e raiz ou descimentação
da coroa. Os pacientes foram reavaliados aos 6, 12, 24 e 30 meses. Uma falha
coesiva envolvendo a margem do núcleo foi observada depois de duas semanas, e
duas fraturas adesivas foram encontradas depois de dois meses. Estas falhas foram
localizadas entre o cimento e a parede de dentina dos canais radiculares. As três
falhas ocorreram durante a remoção da coroa provisória, mas foi possível a
reposição. Após um período de 30 meses a reabilitação mostrou bons resultados
clínicos, nenhuma decimentação foi observada, e nenhuma fratura de pinos, núcleos
ou raízes foi detectada.
Os pinos de fibra de quartzo e de fibra de carbono parecem ter as
melhores propriedades mecânicas quando avaliados com testes de carga estática ou
com método de elementos finitos. A alta densidade das fibras, a ausência de
defeitos internos e a força da ligação fibra/matriz são elementos que podem
aumentar notavelmente a resistência estática e dinâmica dos pinos (SCOTTI,
FERRARI, 2003).
2.2.2.4- Pinos Pré-fabricados de Zircônia (cerâmicos)
Os pinos cerâmicos objetivam aliar as propriedades positivas dos pinos
metálicos, com as vantagens de um material mais estético e inerte aos tecidos vivos
(MORO, AGOSTINHO, MATSUMOTO, 2005).
Quanto as suas características ele é radiopaco, biocompatível e possui
algumas propriedades físicas similares às da dentina, em contrapartida em função
da sua dureza é difícil de removê-lo em caso de falha na restauração (MEZZOMO,
MASSA, 2006).
Nothdurft e Pospiech (2006), avaliaram o comportamento clínico de pinos
de zircônia com relação a perda de retenção, fratura do pino e fratura radicular.
Foram avaliados 30 dentes tratados endodonticamente e restaurados com pino e
20
núcleo de zircônia e coroa de cerâmica pura. O período médio de observação foi de
29 meses, nenhum dos casos apresentou insucesso quanto aos itens avaliados.
Os pinos cerâmicos foram concebidos para reconstruções coronárias em
resina composta, mas quando a quantidade de material é elevada, esta não é
suficientemente rígida para sustentar uma coroa em cerâmica pura (KOVARICK,
BREEDING, CAUGLNMAN, 1992).
Independente do sistema escolhido é prioritário considerar a quantidade
de estrutura dentária remanescente supragengival, e a exigência funcional do dente
a restaurar, com o propósito de preservar e proteger o sistema radicular (ASSIF,
GORFIL, 1994).
Embora a utilização de pinos não metálicos tenha aumentado
significativamente , é necessário que estudos clínicos longitudinais sejam
desenvolvidos para comparar o comportamento desses pinos para que se possa
recomendar como um procedimento seguro a longo prazo. Apesar disso, os pinos
metálicos continuam a ser um padrão restaurador para muitas situações clínicas,
devido aos resultados positivos ao longo do tempo ( FERNANDES, SHETTY,
COUTINHO, 2003).
2.3
COMPARATIVO
ENTRE
PINO-NÚCLEO
FUNDIDO
E
PINOS
PRÉ-
FABRICADOS
Sidoli, King e Derrick (1997) realizaram um experimento in vitro, utilizando
dentes humanos anteriores (caninos e incisivos centrais) para avaliar a resistência a
fratura de diferentes sistemas de pinos intracanais. Foram utilizados pinos de fibra
de carbono, pino de aço inoxidável e pino-núcleo fundido em liga de ouro,
comparados com dentes tratados endodonticamente sem pinos. O grupo que foi
restaurado com pino de fibra de carbono exibiu os valores mais baixos de resistência
quando comparado aos outros grupos. O grupo de dentes que não receberam pinos
foi superior aos demais em termos de resistência a fratura.
Asmussen, Peutzfeldt e Heitmann (1998) realizaram um estudo in vitro
para determinar a rigidez, limite elástico e resistência à deflexão de pinos de
zircônia, titânio e fibra de carbono. Os pinos foram cimentados em blocos e
submetidos a cargas em um ângulo de 45° em uma máquina de ensaio. Os
resultados demonstraram que os pinos de cerâmica foram mais rígidos e resistentes,
21
sem demonstrar qualquer elasticidade. Os pinos de titânio foram tão resistentes
quanto os pinos de cerâmica, porém menos rígidos. Os pinos de fibra de carbono
tiveram os menores valores de rigidez, limite elástico e resistência. Logo, estes pinos
diferem significativamente no que diz respeito às propriedades mecânicas
analisadas.
Assman (1999) investigou o comportamento in vitro de três tipos de pinos
pré-fabricados: 1) Parapost (aço inoxidável), 2) C-post (fibra de carbono), 3)
Cosmopost (zircônia), em conjunto com duas resinas compostas, como material para
núcleo: Tetric ceram e Ti-core. Utilizou 64 caninos humanos, removendo as coroas 1
mm coronal a junção cemento-esmalte. Após a endodontia, executou preparos para
pino, na profundidade de 10 mm. Cimentou os pinos com cimento resinoso e
confeccionou os núcleos com os dois tipos de resina associados a um sistema
adesivo. Uma carga compressiva foi aplicada em um ângulo de 130° em relação ao
longo eixo dos dentes, numa direção linguo-vestibular, a 2,0 mm da borda superior
do núcleo. Os resultados mostraram que o núcleo em resina Tetric ceram teve uma
performance superior à resina Ti-core. Ocorreu uma maior freqüência de fraturas
coronárias do grupo fibra de carbono/resina composta, quando comparado ao grupo
Parapost, parece estar relacionada à retenção adicional apresentada pela cabeça
retentiva dos pinos de aço inoxidável. Quanto aos pinos de zircônia, mostraram uma
baixa freqüência de fratura de raiz, isso porque ocorreu alto índice de fratura dos
pinos justificado pelo seu alto módulo de elasticidade. Contudo, as amostras
resistiram, na maioria dos casos, a forças superiores às exercidas durante a função
mastigatória com oclusão normal. Dessa forma, são consideradas alternativas
viáveis na restauração de dentes tratados endodonticamente.
Ferrari, Vichi e Garcia-Godoy (2000), em um estudo retrospectivo,
compararam a durabilidade de pinos de fibra de carbono com os pinos-núcleos
fundidos. Avaliaram o prognóstico de 100 pinos em carbono com a mesma
quantidade de pinos fundidos em ouro, que foram acompanhados radiograficamente
e clinicamente por 4 anos. O grupo correspondente aos pinos de fibra de carbono
mostraram sucesso clínico em 95% dos casos (sendo que 3% foram excluídos do
estudo e 2% apresentaram falhas endodônticas), enquanto o outro grupo apresentou
84% de sucesso (sendo que 2% foram excluídos do estudo, 3% apresentaram falhas
endodônticas, 2% deslocamento da coroa e 9% fratura radicular). Os autores
22
concluíram que os pinos reforçados por fibra tiveram uma performance clínica
superior.
Raygot, Chai e Jamenson (2001) realizaram um estudo in vitro para
avaliar a resistência à fratura e o modo de fratura de incisivos endodonticamente
tratados e restaurados com pino-núcleo fundido, pinos pré-fabricados de aço
inoxidável e pinos de fibra de carbono. Os dentes foram submetidos a cargas num
ângulo de 130° no longo eixo do dente até o primeiro sinal de fratura. Os resultados
de resistência a fratura não foram estatisticamente diferentes. Para os três grupos,
70 a 80% das fraturas se localizaram acima do nível ósseo simulado. Então, o uso
de pinos de fibra de carbono reforçados por resina não mudou a resistência e o
modo de fratura dos incisivos centrais tratados endodonticamente comparado ao uso
de pinos metálicos.
King, Setchell e Ress
(2003) em um estudo clínico prospectivo,
compararam um pino endodôntico de fibra de carbono com um pino fundido em liga
de ouro tipo III. Foram restaurados vinte e sete dentes anteriores superiores
monoradiculares, sendo 16 com pinos de fibra e 11 com pino fundido em liga nobre.
Os pinos de fibra de carbono foram cimentados com um cimento resinoso e os pinos
fundidos com fosfato de zinco. Quatro falhas foram encontradas no grupo dos pinos
de fibra de carbono em 24, 29, 56 e 70 meses, comparado com apenas uma falha
no grupo dos pinos fundidos aos 84 meses. Estes resultados sugerem que coroas
retidas por pinos de fibra de carbono e cimento resinoso não têm a mesma
performance clínica que os convencionais de ligas nobres.
Creugers et al. (2005) em um estudo clínico prospectivo, avaliaram
durante 5 anos, a durabilidade de dentes restaurados com sistemas de pinos préfabricados metálicos e pino núcleo fundido. Foram selecionados 249 pacientes que
receberam 319 restaurações, feitas por 18 operadores. Sendo que, 127 dentes
receberam pino-núcleo fundido, 150 foram restaurados com pinos pré-fabricados e
núcleo de resina e 42 não receberam pino. Foram divididos em 2 grupos, um com
remanescente coronal cervical de 1 mm e outro com menos que 1 mm. No primeiro
mês ocorreram 5 falhas, sendo que foram relacionadas com problemas de erro de
indicação ou falhas durante o procedimento, logo foram excluídas porque não tem
ligação com o processo de fadiga pelo tempo. E durante os cinco anos, teve um total
de 15 falhas (incluindo as 5 que foram eliminadas), sendo que o problema ocorreu
com 6 pinos pré-fabricados, 7 pinos-núcleos fundidos e 2 dentes que não receberam
23
pinos. Com base nestes dados, concluíram que não existe diferença entre os tipos
de pinos usados para o sucesso das restaurações, o que realmente influencia é a
quantidade de estrutura remanescente coronal cervical.
Dilmener, Sipahi e Dalkiz (2006), compararam a resistência a fratura num
estudo in vitro, utilizando pinos pré-fabricados (zircônia e aço inoxidável) e pino
núcleo-fundido. Foram empregados incisivos centrais superiores humanos extraídos,
tratados endodonticamente, e após foi preparado o conduto radicular numa
profundidade de 10 mm para receberem os pinos. Os corpos de prova foram
submetidos a ciclagem térmica e após a uma carga compreesiva aplicada num
ângulo de 130° no longo eixo do dente até ocorrer a fratura. Os resultados
demonstraram que o grupo do pino-núcleo fundido e pino de zircônia com núcleo
cerâmico apresentaram os maiores valores de resistência, seguido pelo pino de aço
inoxidável com núcleo de resina composta. O grupo com pinos de zircônia e núcleo
de resina foi o que apresentou o menor valor de resistência.
Qing et al., (2007), realizaram um estudo in vitro para avaliar a resistência
a fratura de dentes tratados endodonticamente e restaurados com dois tipos de
pinos: fibra de vidro e zircônia (Fibio) e pino-núcleo fundido em Ni-Cr. Para cada
grupo foram utilizados 12 dentes anteriores superiores e caninos inferiores extraídos.
Os dentes foram tratados endodonticamente, e após preparados tendo 2 mm de
remanescente coronal cervical. O conduto foi padronizado com 10 mm de preparo
para os pinos. Os corpos de prova foram submetidos a carga compreesiva num
ângulo de 135° no longo eixo do dente até o primeiro sinal de fratura. Os resultados
de resistência a fratura mostraram que o grupo que recebeu os pinos de fibra foi
inferior. Todas as raízes, apresentaram fraturas muitas das quais, de forma oblíqua
iniciando na margem cervical palatina propagado em direção apical vestibular.
2.4 A INFLUÊNCIA CLÍNICA DO REMANESCENTE CORONAL CERVICAL
A permanência de estrutura saudável na região cervical do dente e seu
envolvimento pela coroa protética justifica-se, porque em média 2 mm abaixo da
junção cemento-esmalte, encontra-se a crista óssea alveolar, ponto de apoio frente
as cargas horizontais ou oblíquas aplicadas sobre a coroa. Os dentes com
tratamento endodôntico tem uma grande redução do esmalte e dentina, logo este
fator combinado com a perda de umidade são fatores que provocam fraturas, e em
24
casos de perda demasiada de estrutura interna deve-se fazer reforço intra-radicular
com resina composta (MEZZOMO, MASSA, 2006).
O primeiro passo para a reabilitação consiste no preparo do canal
radicular o qual deve preservar ao máximo a espessura da dentina, pois ela é o fator
mais importante na resistência do dente à fratura radicular (FERNANDES; DESSAI,
2001). Ao contrário do que se pensava, o retentor não reforça a estrutura dentária,
pois quando o dente recebe a carga a tensão que o pino recebe é mínima e não
ajuda a prevenir a fratura (MEZZOMO, 2002).
Saupe, Gluskin e Radke (1996) compararam a resistência à fratura de 40
raízes de incisivos centrais superiores que tiveram seus condutos radiculares
ampliados, criando uma condição de fragilidade das paredes radiculares. Feita a
ampliação do conduto, a espessura de dentina remanescente no terço cervical foi
de 0,5 a 0,7 mm. Em 20 raízes, recuperaram a dentina perdida através do reforço
radicular com resina composta auxiliado por um pino fototransmissor do sistema de
pinos Luminex. Em outras 20, o diâmetro do conduto permaneceu amplo. Para cada
raiz, modelaram um pino-núcleo fundido numa liga de ouro tipo III. Segundo os
autores, as vantagens do uso do sistema de cimento resinoso, estão apoiadas em
dados que descrevem o módulo de elasticidade da resina composta próximo da
dentina. A reposição e o reforço da estrutura dentária intra-radicular com um material
de elasticidade compatível com a dentina é preferível à reposição de estrutura intraradicular por um pino fundido (modelado). O sistema de pinos modelados tem um
módulo de elasticidade muito alto, transferindo e concentrando estresse ao redor da
estrutura radicular comprometida. Concluíram então, que o reforço promove um
incremento de 50% a mais de resistência do que um pino-núcleo convencional, o
reforço com resina composta associada a um sistema adesivo, cimento resinoso e
pino eliminam o uso de abraçamento. Abraçamento em estruturas enfraquecidas não
aumenta a resistência à fratura e obrigatoriamente necessita perda adicional de
tecido.
Se um núcleo fundido será usado é necessária redução adicional para
acomodar uma coroa total, então deve-se salvar o máximo de estrutura coronária
porque isso ajuda a reduzir concentrações de tensão na margem gengival
(ROSENSTIEL, LAND, FUJIMOTO, 2006).
A maior parte da literatura que trata da restauração de dentes tratados
endodonticamente, necessitando de pino-núcleo, sugere o abraçamento (efeito
25
férula, efeito anel ou de braçadeira) da restauração protética de 1 a 2 mm cervical ao
núcleo, com a finalidade de envolver o remanescente dentário, aumentar a
resistência frente às cargas dinâmicas da oclusão, preservar a integridade do
selamento à coroa e reduzir o potencial da concentração de estresse na junção do
p i n o a o núcleo. O efeito de cunha que o pino-núcleo exerce sobre a raiz é
praticamente anulado, quando a coroa protética envolver cerca de 2,0mm de
estrutura dentária saudável, apicalmente ao núcleo (STANDLLE, CAPUTO, 1988;
ASSIF et al., 1993; SHILLINGBURG et al., 1998).
Assif et al. (1993), examinaram in vitro o efeito de diferentes desenhos de
pinos na resistência à fratura de dentes tratados endodonticamente restaurados com
coroas totais. Selecionaram 41 dentes pré-molares monorradiculares com
dimensões similares. Realizaram a endodontia e seccionaram as coroas 2 mm
coronal a junção cemento-esmalte. Os dentes foram distribuídos em quatro grupos:
1) pinos núcleos fundidos (modelados de forma convencional), 2) pinos núcleos
fundidos (pino pré-fabricado cilíndrico de lados paralelos fundido a núcleo metálico),
3) pinos núcleos fundidos (pino pré-fabricado de extremidade cônica fundido a
núcleo metálico), 4) controle (dente sem preparo). Todas as amostras receberam
preparo para coroas totais com término cervical 2 mm coronal a junção cementoesmalte. Os corpos de prova foram submetidos a uma carga compressiva aplicada
na cúspide vestibular num ângulo de 30° em relação ao longo eixo do dente. Os
pesquisadores concluíram que o modelo de pino, não influenciou na resistência
contra fraturas nos dentes restaurados com sistema pino-núcleo de idêntica rigidez e
com uma coroa total com margens circundando 2 mm de estrutura dentária
saudável.
Standelle e Caputo (1988) em artigo sobre considerações biomecânicas
dos materiais e desenhos de pinos e núcleos, enfatizaram que a adaptação precisa
da coroa ao núcleo, garante a transferência adequada de cargas ao pino e a dentina
de suporte. Contudo, é importante que a coroa se fixe em uma ampla faixa de
estrutura cervical do dente para evitar o colapso da dentina. A proteção criada por
esse envoltório na dentina é denominada efeito de braçadeira, ela permite a máxima
distribuição do estresse. O conjunto desses princípios biomecânicos fornece ótima
retenção para a maioria das situações funcionais, uma vedação contra
microinfiltração, e a melhor proteção contra a fratura da dentina.
26
Assif e Gorfil (1994) abordaram algumas considerações biomecânicas na
restauração de dentes tratados endodonticamente. Questionaram o uso de pinos
intra-radiculares com o propósito de reforçar a estrutura dentária. Devido ao eixo
rotacional do dente (fulcro) estar localizado na crista do osso alveolar, a
concentração de forças é maior na circunferência da raiz do que no seu centro
(canal radicular), portanto a área do conduto é neutra em relação à concentração de
forças. Sugerem, baseados nessas evidências, que o uso de pino se restrinja á
retenção de um núcleo na estrutura dentária remanescente, quando não existem
alternativas restauradoras.
Massa (2003) comparou in vitro a resistência à fratura de dentes
restaurados com pinos-núcleos fundidos em liga de ouro tipo IV, com e sem
abraçamento cervical, fixados com cimento de fosfato de zinco e com cimento
resinoso. Foram selecionados 40 dentes pré-molares inferiores humanos, as coroas
dos dentes foram removidas por meio de uma secção horizontal a 2 mm coronal à
face mesial da junção cemento-esmalte. Todas as amostras receberam tratamento
endodôntico. Após, alguns dentes receberam um preparo em forma de chanfro e
outros não, e foram confeccionados os pinos-núcleos e posteriormente cimentados
com dois tipos de cimento. Decorridos 10 dias da cimentação, os corpos de prova
receberam uma carga a 45° em relação ao longo eixo do dente. Como resultado
ficou evidenciado a maior resistência física dos dentes com abraçamento cervical
independente do cimento empregado.
Pereira et al. (2006) avaliaram in vitro a resistência a fratura de dentes
tratados endodonticamente, utilizando pino metálico pré-fabricado com diferentes
alturas de remanescente coronário (0, 1, 2 e 3 mm), o grupo controle foi restaurado
com pino núcleo fundido. Utilizaram 50 caninos humanos extraídos, submetidos a
terapia endodôntica e posterior preparo do conduto radicular para receber os pinos.
Os corpos de prova foram submetidos a uma força de 45° até a falha. Os resultados
obtidos, mostraram que a medida que aumenta a altura do remanescente coronário
aumenta a resistência a fratura. Com relação ao modo de fratura, para o grupo
controle ocorreram fraturas radiculares; para o grupo 0 mm de remanescente
fraturou somente o núcleo, para os demais grupos ocorreu como falha a
decimentação das coroas.
Mezzomo e Massa (2006) dizem que o agente cimentante, o tipo de
material usado como núcleo e o modelo do pino parecem tornar-se fatores
27
secundários na resistência dos dentes quando a coroa protética exercer um
abraçamento efetivo.
Para se obter um ótimo resultado o material utilizado na confecção do
pino deveria apresentar propriedades físicas similares a dentina, ser capaz de união
as estruturas dentárias e ser biocompatível no meio bucal. Deveria também absorver
impactos, transmitindo poucas tensões as estruturas dentárias remanescentes.
Infelizmente, os materiais utilizados para a confecção de pinos e núcleos, assim
como os cimentos para sua fixação possuem propriedades físicas diferentes das
estruturas dentárias e exibem comportamentos variados frente as cargas cíclicas
funcionais ( FERNANDES, SHETTY, COUTINHO, 2003)
28
3 CONCLUSÃO
O pino-núcleo fundido, apesar de apresentar elevada transmissão de
tensões as estruturas dentárias, podendo favorecer a ocorrência de fraturas
radiculares pela rigidez, possuem indicações clássicas como na mudança do ângulo
raiz/coroa,
nos
casos
de
canais
radiculares
excessivamente
cônicos
e
principalmente em dentes onde não existe estrutura suficiente para o abraçamento
cervical da coroa protética.
Os pinos pré-fabricados por não envolverem a etapa laboratorial,
possuírem técnica simplificada de utilização, padrões de fratura restauráveis em
caso de falha, são utilizados em muitas situações clínicas. Porém, deveriam ser
recomendados em casos específicos, onde tenha remanescente coronal cervical e
em canais radiculares não muito amplos. Os pinos pré-fabricados de fibra possuem
um alto potencial de flexão, podendo ocorrer falha da adesão entre o pino e o
material do núcleo. Se isso não for detectado pode resultar em microinfiltrações e
cáries radiculares.
Quanto à influência clínica do remanescente coronal cervical, deve-se ter
em mente que o abraçamento aumenta a resistência do remanescente dental frente
às cargas da oclusão, preserva a integridade do selamento marginal e reduz o
potencial da concentração de tensão na junção do pino com o núcleo, protegendo
contra fraturas radiculares.
Uma consideração importante é que testes realizados in vitro, muitas
vezes diferem das condições intra-orais. Logo, deve-se ter cautela no momento da
indicação de um determinado sistema de pino, baseando-se apenas em resultados
laboratoriais, pois as forças mastigatórias têm direções múltiplas que dificilmente são
reproduzidas na sua totalidade.
Para o cirurgião-dentista, seria prático se existisse um sistema de pinos
que apresentasse as características ideais para todos os casos clínicos. Mas,
embora nenhum sistema forneça essa solução, a compreensão dos critérios
estabelecidos e dos componentes dos diversos sistemas pino-núcleo disponíveis,
permitem ao clínico selecionar adequadamente o método para alcançar os
resultados desejados.
29
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