Campanha Inovação – Oficina Auto 2020 Oficina Especialista em Tecnologia Híbrida e Elétrica A Indústria Automóvel tem, ao longo dos tempos, apostado tecnologicamente em motores de combustão interna diesel e gasolina. Nas últimas décadas, têm sido promovidas soluções a gás, com sucesso limitado e apenas em alguns países europeus. A solução hidrogénio foi também fortemente anunciada numa determinada altura, mas rapidamente abandonada. Após alguma indefinição na tecnologia mais promissora, a Europa tem assumido para as próximas décadas um forte potencial das soluções híbridas e elétricas. O Estudo Europeu relativo ao “Consumo do Tipo de Combustível em Viaturas Ligeiras até 2050”, aponta para os seguintes resultados: Parque de Viaturas Híbridas na Europa (em %): 2020 – 8% 2030 – 25% 2050 – 36% No mesmo Estudo, a queda do Parque de Viaturas com motor diesel convencional até 2050 é considerável, sendo ainda mais significativa no Parque de Viaturas com motor gasolina convencional. Se este parque de Viaturas a gasolina representou 60% em 2010, estima-‐se que venha a representar uns escassos 18% em 2050. Este facto é facilmente justificável se verificarmos que as motorizações a gasolina convencional são, na sua maioria, usadas em viaturas ligeiras com forte cariz citadino. Se estas vierem a ser substituídos por viaturas híbridas e acima de tudo por viaturas elétricas, então o motor a gasolina tem mesmo uma tendência para a sua redução em termos de parque. Quando falamos em 2020 parece que estamos longe dessa data e por isso temos muito tempo para nos adaptarmos a todas estas mudanças tecnológicas. Mas, 2020 é daqui a 5 anos ! … e, sendo evidente que as cidades com maior problemática ambiental terão de adotar medidas radicais em termos de emissões de gases e fumos, não restam dúvidas de que estas tecnologias vieram para ficar. Refira-‐se, a 1 título de exemplo, que Londres irá, até 2018, substituir o seu Parque atual de táxis com motores de combustão interna, por táxis com “emissão zero”. Todas estas alterações têm consequências diretas nas empresas que prestam serviços de manutenção e reparação automóvel, também conhecidas por “Oficinas Auto”. O primeiro passo que uma Oficina Auto de hoje terá que dar é reconhecer que estas tecnologias existem e estão no mercado, a circular, e com um grande potencial de crescimento a curto prazo, que não podem ser ignoradas. Dado o primeiro passo, será necessário ir ao encontro de informação e formação sobre estas tecnologias. A ATEC (Associação de Formação para a Indústria, também conhecida por Academia de Formação) poderá ser uma solução de qualidade para o efeito, existindo no nosso país outras entidades, para além das marcas de automóveis, que já desenvolvem estes temas de forma interessante. A aprendizagem, já por si um processo contínuo, é ainda mais exigente quanto a estas novas tecnologias, dada a constante evolução das mesmas, que estão em franco e permanente desenvolvimento. Esta situação obrigará a que empresários, gestores e técnicos tenham necessidade de uma forte predisposição para a aprendizagem e, cada vez mais, preparados para as normais alterações no seu negócio. Seguramente, será necessário adaptar a tradicional Oficina Auto a um Espaço preparado para assistir tecnicamente este tipo de viaturas, assim como dispor de equipamentos e pessoal técnico formado, para o efeito. Assistir uma viatura com tecnologia híbrida ou elétrica, sem ter os conhecimentos básicos de segurança para o fazer, é assumir um risco de danos materiais e/ou físicos. Será importante realçar que os técnicos auto das tecnologias do século XX, são normalmente mecânicos puros que evoluíram para mecatrónicos. As tecnologias do século XXI exigem competências ao nível de um Técnico de Eletrónica Industrial. Temos hoje viaturas ligeiras do dia-‐a-‐dia a circular, com tensões e correntes elétricas elevadas, que fornecem energia a motores elétricos de elevada performance, geridos por sistemas de comando eletrónicos poderosos e complexos e que coabitam com um motor de combustão interna, num ambiente que pode variar de temperaturas negativas a temperaturas muito elevadas. Se é do conhecimento geral que a eletrónica e as variações de temperatura não são grandes parceiros, será fácil perceber o nível técnico e tecnológico envolvido numa viatura deste tipo, para que tudo funcione com a fiabilidade que a indústria automóvel exige e a que já nos habituou. Existindo duas tecnologias motoras no mesmo veículo, será necessário ter equipamentos de diagnóstico que consigam aceder a ambas ( pelo menos numa 2 leitura de causa / efeito ), para conseguimos realizar um diagnóstico mais efetivo e rápido. A indústria automóvel tem colocado o sucesso dos carros elétricos, dependente da autonomia dos mesmos e logo, de forma direta, da dependência das baterias e sua tecnologia. Apesar da Indústria das baterias auto ainda não ter encontrado a solução pretendida que será, no mínimo, igualar os standards atuais de uma viatura ligeira com motor de combustão interna convencional, ao nível da autonomia de condução e tempo de carregamento, a verdade é que esta mesma indústria tem revelado um enorme desenvolvimento técnico e mesmo tecnológico nos últimos anos, como as baterias de Start / Stop e as baterias das viaturas híbridas. Esta dinâmica de desenvolvimento leva-‐nos a acreditar que será apenas uma questão de tempo, até que venhamos a ter baterias auto aptas à satisfação das mais variadas necessidades, com autonomia, tempo de carregamento, dimensão e peso, que nos coloquem num outro patamar. Conforme já é público, foi desenvolvida uma tecnologia de Baterias de Açúcar, que é manifestamente melhor em todas as vertentes relativamente às conhecidas iões de lítio e que estarão a ser comercializadas em 2018, para várias indústrias como a dos telemóveis, computadores e…automóveis. Ultrapassada a questão do conhecimento técnico, será necessário conhecer o modelo de negócio, já que nesta altura o conceito de assistência técnica é muito baseado em diagnóstico da peça / componente avariado e respetiva substituição. Porque a dimensão do parque de híbridos e elétricos ainda não o justifica, as soluções de peças / componentes no mercado independente não abundam, mas esta situação tem forte tendência de alteração a curto prazo. Como bem sabemos, com experiências anteriores nesta indústria, logo que a dimensão do mercado o justifique, seguramente aparecerão muitas soluções de diagnóstico, assim como soluções de substituição de peças e agregados no mercado independente e, ainda, soluções de reparação de agregados, como motores elétricos, conversores, variadores de velocidade, unidades de comando,… Perante tais perspetivas de crescimento exponencial das tecnologias híbridas e elétricas, não existe qualquer razão para que as Oficinas Auto ignorem o que será o seu futuro! A maior parte dos consumidores / condutores, não faz ideia do que está por trás, em termos tecnológicos, de um start / stop ou de um híbrido. Esta informação é normalmente apresentada como uma vantagem em termos de consumo de combustível aquando da venda da viatura, mas raramente explicada em termos de após-‐venda e assistência técnica. Uma Oficina Auto que pretenda ser uma Oficina “Especialista” nestas tecnologias necessita, também, de estar preparada para atender este tipo de cliente, explicando-‐ 3 lhe a tecnologia da sua viatura e, acima de tudo, as implicações que esta tecnologia tem em termos da manutenção. Quem está nesta indústria, e nela se quer manter, tem de ter bem presente que sendo possível falar hoje em “Especialistas” destas tecnologias, dentro de 5 anos esta “Especialidade” será cada vez mais uma necessidade técnica em qualquer Oficina Automóvel digna desse nome. Dentro de 10 anos, os híbridos serão mais uma viatura que está na nossa oficina, como qualquer outra viatura convencional a gasolina ou a diesel. Em 2025, cá estaremos para confirmar! 4