Cátedra Unesco de Comunicação e Desenvolvimento/Universidade Metodista de São Paulo VIII Conferência Brasileira de Comunicação Eclesial, São Bernardo do Campo, SP, 22/8/2013 Deus no Laboratório: Sobre a Fé como Objeto Científico na Pauta de Revistas de Variedades1 2 Leandro de Paula SANTOS3 RESUMO Neste artigo, exploramos a presença do fenômeno religioso nas pautas de revistas de variedades de circulação nacional a partir de um recorte específico: a crescente midiatização da espiritualidade como objeto de interesse científico. Para tanto, tematizamos a chamada Neuroteologia, ramo de estudos dedicado ao mapeamento dos mecanismos cerebrais acionados pelas práticas de fé, como preces, meditações e transes. Enfocamos, assim, a instância enunciativa dos mass media para debater a emergência da Neuroteologia como campo discursivo, bem como a repercussão de ideias que imputam ao corpo – em especial, ao cérebro – o papel de mobilizador das mais distintas expressões da experiência humana. Para examinar as transações históricas, continuidades e rupturas que configuram tal tendência, efetuamos um recuo analítico e retomamos eventos filosóficos que constrangeram a centralidade das ideias de Deus e da experiência da fé no período moderno, buscando compreender as razões que recolocam esses temas em registro biologicista no espaço público contemporâneo. PALAVRAS-CHAVE: neurociências; divulgação científica; biopoder; religião; mídia * Nós o matamos – vocês e eu. Somos todos seus assassinos! Mas como fizemos isso? Como conseguimos beber inteiramente o mar? Quem nos deu a esponja para apagar o horizonte? (...) Como nos consolar, a nós, assassinos entre os assassinos? O mais forte e mais sagrado que o mundo até então possuíra sangrou inteiro sob nossos punhais – quem nos limpará este sangue? (NIETZSCHE, 2001, p. 147-8) Publicado em 1882, A Gaia Ciência apresentou ao horizonte filosófico do século XIX uma das mais concisas traduções da experiência moderna como um processo voluntário de secularização do ambiente social. “Deus está morto!”, a frase que sintetiza essa proposição, tornou-se uma espécie de epígrafe para uma formação histórica na qual a noção de Deus como princípio norteador da vida humana estaria irremediavelmente superada. A disseminação dessa máxima, contudo, nem sempre foi acompanhada da 1 O texto deriva da pesquisa Neuroteologia: o improvável retorno de Deus, em desenvolvimento na Escola de Comunicação da UFRJ sob orientação da Profa. Ieda Tucherman, com apoio do CNPq. 2 Trabalho apresentado na VIII Conferência Brasileira de Comunicação Eclesical (Eclesiocom), realizada em São Bernardo do Campo, SP, 22/8/2013. 3 Doutorando em Comunicação e Cultura pela ECO | Universidade Federal do Rio de Janeiro (RJ). Mestre em Comunicação Social pela PUC-Rio. Email: [email protected] 1 Cátedra Unesco de Comunicação e Desenvolvimento/Universidade Metodista de São Paulo VIII Conferência Brasileira de Comunicação Eclesial, São Bernardo do Campo, SP, 22/8/2013 contextualização de tão trágico anúncio. Com o diagnóstico da morte de Deus, Nietzsche não procura construir uma tese sobre o fim de uma deidade em particular, mas sim comunicar um fato cultural pelo qual toda a sociedade moderna deveria se saber responsável. Ao associar a morte de Deus a um acontecimento que não se restringe aos limites de uma religião específica, essa proposição vai além de uma leitura crítica sobre o legado da moral judaicocristã na cultura ocidental para realçar uma transição histórica de ainda imponderáveis consequências para os indivíduos modernos. O que se colocava então em jogo não era a dissolução de uma ideia de Deus, mas a própria retirada de sua possibilidade do pensamento que aquele contexto inaugurava. A ruína da “hipótese extrema” de uma divindade se revelava maior que um mero abalo para o discurso teológico ou a prática religiosa. Com a noção de Deus, parecem morrer também as condições para a crença em uma ordem objetiva da realidade que pudesse ser consentida como tal. Na imagem desse Deus que morre estão identificadas as premissas de uma metafísica que construíra no Ocidente a pretensão ao absoluto e a negação da vida em nome de uma essência imutável e transcendente à qual estaríamos subordinados. O eco dessas ideias logo se faria notar em outro anúncio igualmente conhecido: a afirmação de Martin Heidegger sobre o fim da metafísica, apresentada com a publicação de Ser e Tempo em 1927. Nessa obra, Heidegger expressa o esgotamento do modo de pensar da tradição metafísica, que consistia, em linhas gerais, na crença em um fundamento da realidade que pudesse ser apreendido como uma estrutura objetiva, capaz de adequar nossas descrições da experiência e escolhas morais. “Enquanto representou a crença em uma ordem ideal do mundo, em um reino de essências que vão além da realidade empírica, e enquanto permitiu o conhecimento e até a crítica dos limites desta realidade, a metafísica pôde perdurar. Através, porém, de uma série de acontecimentos relativos ao desenvolvimento das ciências modernas, nas quais a verdade, que antes era parte das ideias platônicas, se transformou, sempre mais, em objetividade das proposições da física, a metafísica passou a desmentir a si própria e se revelou uma crença não mais aceitável (e, tampouco, eficaz), porque a ordem ideal à qual esteve sempre referida se tornou, pelo menos em linha de máxima, a ordem real do mundo racionalizado da moderna sociedade tecnológica.” (VATTIMO, 2004, p. 22-23) O lugar de fala assumido pela tecnociência moderna propicia, assim, a equiparação entre a ordem ideal e a ordem real do mundo, denunciando o fim da metafísica como sistema de representação do além do sensível, ou da essência mesma das coisas. Para Heidegger, o pensamento é então convidado a uma outra tarefa: beneficiar a interpretação dos objetos da 2 Cátedra Unesco de Comunicação e Desenvolvimento/Universidade Metodista de São Paulo VIII Conferência Brasileira de Comunicação Eclesial, São Bernardo do Campo, SP, 22/8/2013 experiência como horizontes abertos de um acontecimento, e não como metáforas de estruturas imutáveis e gerais. É na medida em que o fim da metafísica se traduz como a inviabilidade teórica de um fundamento último do ser que podemos enxergar a afinidade entre a proposição de Heidegger e a morte do Deus moral afirmada por Nietzsche. São dois anúncios que parecem condensar um mesmo princípio: a impossibilidade da crença em um elemento ordenador da realidade, ou de uma diretiva única do pensamento capaz de unificar um mundo que se complexificara. No desenrolar do último século, a explosão de imagens do mundo que derivou da especialização da técnica e da ciência, das reivindicações multiculturais do pós-colonialismo e do surgimento de eixos identitários não mais vinculados à tradição desestabilizaria de vez centros e hierarquias sobre os quais o Ocidente organizara sua própria história. Não por acaso, a chegada da pós-modernidade é caracterizada pela desconfiança quanto às metanarrativas, na incontornável definição dada por Jean-François Lyotard a fim de sugerir o declínio das construções discursivas que pretenderam ordenar, significar e encaminhar a história visando à unidade e à universalidade da experiência humana. O conjunto heterogêneo de postulados convocados até aqui é um ponto de partida que remete a guinadas do pensamento ocorridas nos últimos dois séculos. Mesmo que não se deva arbitrariamente justapô-los, sob o risco da simplificação, parece razoável, dentro dos objetivos deste artigo, considerar a existência de zonas de contato entre os anúncios da morte do Deus moral, do fim da metafísica e do descrédito das metanarrativas. De forma generalizada, as ideias elencadas denotam perspectivas da experiência moderna como ruptura, e também apontam para o itinerário dessas transformações no contexto pós-moderno ou contemporâneo. Interessa destacar dentro deste amplo cenário a ligação entre a crise de representação que impede a elaboração de “máximas humanas” e a repercussão, dentro do debate filosófico moderno, do abalo da noção do transcendente: com a ideia de Deus posta filosoficamente em xeque, pluralizam-se acepções e discursos a respeito da condição humana. Tal desconfiança que caracterizou o âmbito intelectual do último século encontraria ainda nas ideias de Sigmund Freud um produto e, ao mesmo tempo, um de seus mais autorizados fundamentos. Em trabalhos como “O futuro de uma ilusão”, publicado em 1927, Freud faz uma crítica frontal à validade da experiência religiosa, posicionando a fé e a delegação das energias individuais às expectativas de um “outro mundo” como estágios a serem superados em nome do avanço da civilização. 3 Cátedra Unesco de Comunicação e Desenvolvimento/Universidade Metodista de São Paulo VIII Conferência Brasileira de Comunicação Eclesial, São Bernardo do Campo, SP, 22/8/2013 * “O sofrimento psíquico provocado pela morte de Deus, somado à decepção com as promessas não cumpridas pela ciência, ajuda a entender por que quase dois séculos de destruição sistemática dos pilares religiosos do Ocidente ainda não produziram uma maioria generalizada de não-crentes. (…) Em outras palavras, se Deus morreu, sua sombra se recusa a deixar o mundo.”- Revista Veja4 O texto acima, retirado de uma reportagem de capa da revista Veja intitulada “A sobrevivência da fé”, procura dar conta da renovação do interesse pela religião: “as pesquisas sobre crença e religiosidade apontam números impressionantes. Estados Unidos e Brasil têm um forte traço em comum: cerca de 90% da população declara acreditar em Deus”. Realmente, segundo os dados5 do Censo Demográfico realizado pelo IBGE em 2010, o número de brasileiros que se dizem ateus ou sem religião é de apenas 8,03%, revelando a permanência de certas heranças culturais e a abundância das crenças no país: “em lugar da anunciada secularização da sociedade moderna, o panorama religioso atual mostra que os deuses não foram apagados” (PIERUCCI, 1998). Não parece arriscado, então, afirmar que aquele impasse conceitual que foi anunciado por algumas das principais artérias da filosofia moderna não se traduziu em realidade dentro das práticas sociais. Para além do esquadrinhamento da religião empreendido pela pesquisa de diapasão sociológico, que vem analisando na realidade brasileira fenômenos como a celebrização de padres cantores, o avanço das igrejas evangélicas, o sucesso comercial de filmes espíritas ou a moda da Cabala, cabe pensar o que foi feito daquele apaixonado debate sobre o sentido e a autenticidade da experiência religiosa que tanto ocupou alguns dos maiores pensadores da modernidade. Se é verdade que a religião insiste em continuar a ser uma realidade amplamente aceita, formulando imagens e promessas que se colocam para fora dos limites do sensível, em que campo ela se verifica como problema teórico para um tempo caracterizado pela hegemonia tecnocientífica? * 4 5 “A sobrevivência da fé”, reportagem de capa da Revista Veja publicada em 25 de dezembro de 2002. IBGE, Censo Demográfico 2010 - Características Gerais da População: Resultados da Amostra. Disponível em ftp://ftp.ibge.gov.br/Censos/Censo_Demografico_2010/Caracteristicas_Gerais_Religiao_Deficiencia/tab1_4.pdf Acesso em 13 de agosto de 2012. 4 Cátedra Unesco de Comunicação e Desenvolvimento/Universidade Metodista de São Paulo VIII Conferência Brasileira de Comunicação Eclesial, São Bernardo do Campo, SP, 22/8/2013 Partimos aqui da hipótese de que se assiste hoje à transformação de enunciados, espaços e agentes de enunciação do tema da experiência da fé, e que discursos, estéticas e saberes em ascensão propõem nova agenda para um aspecto da existência com o qual as sociedades pós-modernas reaprendem a lidar. Há um recorte específico por meio do qual se pretende compreender a atualização do sentido de tal experiência: as neurociências. “A partir dos anos 1980, o perímetro de ação das neurociências se estendeu às emoções, aos comportamentos sociais e aos sentimentos morais. Graças à imageria cerebral e às novas técnicas de biologia molecular que permitem 'ver o cérebro em ação', poder-se-ia não somente esperar progressos no tratamento das patologias mentais, mas, ainda, anunciar o surgimento de uma biologia da consciência ou do espírito. Saídas do gueto da especulação metafísica, estas noções são doravante objeto de numerosas experiências de laboratório. (…) Nas revistas científicas de mais prestígio e na mídia, são anunciados regularmente resultados sobre os circuitos neuronais da simpatia e do luto, da decisão de compra, da crença em Deus, da violência, do amor etc.” (EHRENBERG, 2004) (grifo meu) Se é possível pressupor a articulação entre esses dois temas – religião e neurociência – , isso se deve à credibilidade de que essa última tem desfrutado, em especial a partir da década de 1990, no mercado das pesquisas científicas, no espaço midiático e no imaginário social. Esse prestígio foi profetizado em julho de 1989, com um anúncio feito por George Bush no Congresso norte-americano: o então presidente asseverava que o governo dos EUA faria os dez anos seguintes entrarem para a história como a “década do cérebro”. Aos volumosos incentivos públicos que fomentaram as pesquisas nessa área se somaram os interesses da indústria dos fármacos, que, a cada novo mecanismo e função cerebrais descobertos, passou a investir pesadamente em respostas comerciais para distúrbios a eles associados. (TUCHERMAN, 2010) Foi o surgimento de dispositivos de escaneamento cerebral, como as tomografias por emissão de prótons (PET, em inglês) e as imagens por ressonância magnética, que viabilizou o conhecimento a respeito da “última fronteira da biologia”. Desde então, o cérebro “não pode ser mais considerado somente como um objeto científico e médico, ele foi promovido também a ator social” (EHRENBERG, 2004). “Suas recordações de 1995 e seus planos para 1996, seus pensamentos mais lógicos e seus sonhos mais absurdos, seu talento para certas coisas e sua total inabilidade para outras, suas paixões, até seu jeito de falar e caminhar, tudo é pura química. São apenas substâncias diferentes que saltam de uma célula cerebral para outra, provocando correntes de eletricidade. Agora os cientistas começam a entender como essas mensageiras nervosas moldam a 5 Cátedra Unesco de Comunicação e Desenvolvimento/Universidade Metodista de São Paulo VIII Conferência Brasileira de Comunicação Eclesial, São Bernardo do Campo, SP, 22/8/2013 personalidade.” Revista Super Interessante 6 A reportagem de capa da revista SuperInteressante, publicada em janeiro de 1996 com o título “Seu cérebro: eis o que você é”, expressa caricaturalmente como, já a dezesseis anos atrás, punha-se em cena uma nova elaboração social a respeito deste órgão do corpo humano e de suas atribuições na construção do mundo psíquico. O fragmento também ilustra o estabelecimento de uma parceria entre as neurociências e diferentes meios de visibilidade que lhe conferiram poder de fala para além dos laboratórios e dos círculos acadêmicos. Nesse entrelaçamento dos achados científicos com a repercussão midiática, assiste-se ao nascimento de “uma categoria antropológica que tem se tornado hegemônica na definição das relações entre corpo, cérebro e subjetividade. Essa figura já foi batizada como 'sujeito cerebral'. (...) Nessa concepção, a estrutura cerebral é equiparada à arquitetura do psiquismo e até mesmo ao conjunto da subjetividade, de modo que a 'identidade' de cada indivíduo seria redutível a esse órgão do corpo humano, pois nele se hospedaria a essência do que cada um é. (…) Essa crença, tão fortalecida pelos avanços das pesquisas neurocientíficas e por sua intensa divulgação midiática, faz parte de duas tendências mais amplas porém igualmente em ascensão na cultura contemporânea: o biologicismo e a medicalização. (...) Esses processos assinalam uma redefinição do âmago da subjetividade, cujos eixos se deslocam das misteriosas essências da alma em direção às células, aos hormônios e às enzimas, aos genes e aos circuitos cerebrais.” (SIBILIA, 2008) Não é exagerado afirmar que as neurociências, em associação à biogenética e às novas ciências da vida, têm gozado hoje de autoridade para discursar sobre o humano. Rastreado em trabalhos como os de Ehrenberg (2004), Ortega (2009a, 2009b), Sibilia (2008) e Tucherman (2009), esse fenômeno sugere que o lugar social ocupado pelas neurociências hoje não deriva apenas de suas importantes descobertas, mas de um ethos que as reinterpreta como postulados morais. Na cultura somática de nosso tempo, o modelo de subjetivação moderno, pautado pela interiorização psicológica, começa a ceder frente a novos roteiros para as práticas subjetivantes. É nesse cenário que a ideia de uma essência profunda e inalienável a cada pessoa perde força, e o corpo humano emerge como núcleo dos agenciamentos identitários, local em que se imprimem os investimentos que garantam bem-estar, fitness, desempenho. Nessa transição de modelos de subjetivação, nota-se que o corpo é feito o principal 6 Seu cérebro, eis o que você é, reportagem de capa da revista SuperInteressante publicada em janeiro de 1996. 6 Cátedra Unesco de Comunicação e Desenvolvimento/Universidade Metodista de São Paulo VIII Conferência Brasileira de Comunicação Eclesial, São Bernardo do Campo, SP, 22/8/2013 dispositivo para a construção de uma noção de si, passando a contar com o auxílio das biotecnologias para o aprimoramento de suas capacidades e de sua performance. É por isso, então, que para cada nova descoberta das neurociências parece corresponder a produção de um discurso de conteúdo moral: já não se trata apenas de uma contribuição à evitação de doenças e outros males, mas sim à administração da vida no que ela passou a ter de mais vital. “O espetacular progresso das tecnologias neurocientíficas, o intenso processo de popularização, pela mídia, de imagens e informações que associam a atividade cerebral a praticamente todos os aspectos da vida, e certas características estruturais da sociedade atual vêm produzindo, no imaginário social, uma crescente percepção do cérebro como detentor das propriedades e autor das ações que definem o que é ser alguém.” (ORTEGA, 2009, p. 249) Em síntese, ao criarem um circuito de enunciados e formatarem sensibilidades em parceria com os media, as neurociências se investiram de aura e, sem maiores constrangimentos, podem colocar hoje em questão temas que já foram exclusividade da teologia e da metafísica, como “o sentido da vida”. * “Pense no deprimente contraste entre a inteligência radiante de uma criança sadia e os débeis poderes intelectuais do adulto médio. Não podemos estar inteiramente certos de que é exatamente a educação religiosa que tem grande parte da culpa por essa relativa atrofia?” (FREUD, 2006, p. 55) (grifo meu) “A busca de explicações sobrenaturais pode ser considerada natural. Mas por que ela desembocou na fé e no surgimento das religiões? Cientistas de diferentes áreas se debruçaram sobre a questão nos últimos anos e chegaram a conclusões surpreendentes. Não só a fé parece estar programada em nosso cérebro, como teria benefícios para a saúde. (…) Andrew Newberg, que estuda as manifestações cerebrais da fé há pelo menos 15 anos, descobriu que as práticas religiosas acionam, entre outras regiões do cérebro, os lobos frontais, responsáveis pela capacidade de concentração, e os parietais, que nos dão a consciência de nós mesmos e do mundo. Em seu novo livro, “Como Deus pode mudar sua mente”, que será lançado nesta semana, Newberg explora os efeitos da fé sobre o cérebro e a vida das pessoas.” 7 – Revista Época 7 A fé que faz bem à saúde - Novos estudos mostram que o cérebro é “programado” para acreditar em Deus – e que isso nos ajuda a viver mais e melhor, reportagem da revista Época, publicada na edição de 20 de março de 2009. 7 Cátedra Unesco de Comunicação e Desenvolvimento/Universidade Metodista de São Paulo VIII Conferência Brasileira de Comunicação Eclesial, São Bernardo do Campo, SP, 22/8/2013 Figuras 1 e 2: Capa e ilustração interna da edição de 20 de março de 2009 da revista Época Figura 3: Capa da revista Galileu de abril de 2009. . A Neuroteologia é um ramo das neurociências que busca compreender a relação entre as práticas religiosas e os estados cerebrais, com pesquisas em desenvolvimento no meio acadêmico norte-americano e que já repercutem na realidade brasileira por meio de trabalhos como o do neurocirurgião e professor da USP Raul Marino Júnior. A premiação da John Templeton Foundation, por exemplo, é anualmente concedida a cientistas que reúnam em seus trabalhos “consistentes” especulações filosóficas e teológicas com o intuito de “cruzar as fronteiras disciplinares e responder às Grandes Questões”8. As festas de entrega do prêmio acontecem em espaços como a sede da ONU, em Nova York, ou o Palácio de Buckingham, em Londres, sendo apresentadas por autoridades como o Príncipe Philip e causando, naturalmente, frisson midiático 9. Como mostra a reportagem “A fé que faz bem à saúde”, capa da revista Época em 2009, embora amparada por farto patrocínio nos campi dos EUA, a pesquisa neuroteológica também tem sido alvo de interesse crescente no Brasil: “'As evidências da influência da fé na saúde são promissoras e mais que justificam o investimento em outros estudos', afirma o 8 “We are especially interested in bold ideas that cross disciplinary boundaries to engage the Big Questions.” Site oficial da John Templeton Foundation. Disponível em: [http://www.templeton.org/what-we-fund/our-philosophy-grantmaking]. Acesso em 14 de agosto de 2012. 9 Cf., por exemplo, Philosopher Wins Templeton Prize for Spiritual Matters, matéria do jornal The New York Times publicada em 14 de março de 2007. Disponível em: [http://www.nytimes.com/2007/03/14/science/15prize.html]. Acesso em 14 de agosto de 2012. 8 Cátedra Unesco de Comunicação e Desenvolvimento/Universidade Metodista de São Paulo VIII Conferência Brasileira de Comunicação Eclesial, São Bernardo do Campo, SP, 22/8/2013 neurologista brasileiro Jorge Moll, diretor do Centro de Neurociência da Rede Labs-D’Or, no Rio de Janeiro”10. As pistas dão a ver o espaço que os estudos neuroteológicos ganharam em pouco tempo, ao aproximarem em uma equação cientificamente comprovada dois temas aparentemente inconciliáveis: “Religião e ciência costumam trafegar em faixa própria – e a maioria dos cientistas e dos religiosos acredita que a distância é conveniente para ambas. No momento, essa fronteira está sendo posta abaixo por uma farta quantidade de estudos em laboratório cujo objetivo é usar as ferramentas da ciência tradicional para explicar mistérios religiosos ou procurar por Deus dentro do cérebro humano. São desse último tipo as pesquisas realizadas em cerca de trinta faculdades de medicina dos Estados Unidos, entre elas as de universidades famosas como Columbia, Duke, Harvard e Georgetown.”Revista Veja11 De que tratam essas pesquisas? Embora com diferentes abordagens, muitas delas aceitam a premissa do “cérebro trino”, desenvolvida pelo neurocientista Paul MacLean em The Triune Brain in evolution: role in paleocerebral functions, uma das mais importantes obras para os estudos do cérebro publicadas na década de 1990. Em linhas gerais, MacLean propunha um enfoque evolucionário para a compreensão dos mecanismos e funções do sistema nervoso, segundo o qual teríamos desenvolvido, ao longo de nossa história como espécie, três diferentes e cumulativos estágios: o cérebro reptiliano, relacionado aos instintos mais básicos de sobrevivência; o cérebro intermediário (ou dos mamíferos inferiores), integrado pelo sistema límbico e responsável por reações emocionais; e o neocórtex, a mais sofisticada camada do cérebro, na qual se processam percepção, linguagem, cognição e demais características essencialmente humanas. Os neuroteólogos buscam compreender em que áreas do neocórtex e com que articulações ao sistema límbico se registra a experiência da transcendência, chegando a afirmar que a adoção das práticas religiosas nos mais diferentes contextos culturais deriva de um processo adaptativo de nossa espécie: sua sugestão é que fomos biologicamente predispostos a crer. Os estudos têm examinado, por meio de ressonâncias magnéticas e PETscanners, o comportamento cerebral de grupos de voluntários em diferentes momentos envolvendo as práticas religiosas, desde os transes até as orações silenciosas. Newberg e D'Aquilli (2002) pesquisaram como eram ativados os circuitos neuronais 10 A fé que faz bem à saúde - Novos estudos mostram que o cérebro é “programado” para acreditar em Deus – e que isso nos ajuda a viver mais e melhor, reportagem da revista Época, publicada na edição de 20 de março de 2009. 11 Em busca de Deus – Patrocínio farto dá impulso a pesquisas para explicar em laboratório os mistérios da fé, reportagem da revista Veja publicada na edição de 6 de junho de 2001. 9 Cátedra Unesco de Comunicação e Desenvolvimento/Universidade Metodista de São Paulo VIII Conferência Brasileira de Comunicação Eclesial, São Bernardo do Campo, SP, 22/8/2013 de freiras franciscanas rezando fervorosamente e de monges budistas absortos em meditação. Durante as experiências de mais profunda imersão, as quais os fiéis relatam como sendo seu contato com o divino ou o acesso ao transcendente, observaram que a atividade do lobo parietal superior, zona que se localiza na parte superior do crânio e é responsável pelo senso de orientação no espaço, era praticamente suprimida. Isso explicaria, por exemplo, o sentimento de “unicidade com o cosmos” que os religiosos declaram ter em suas experiências espirituais mais significativas: é que o “o cérebro fica impossibilitado de traçar fronteiras e percebe o 'eu' como um ente expandido, ilimitado e unido a todas as coisas” 12, diz a matéria “Programado para a fé” da revista SuperInteressante. Como colocou o neurocientista Michael Persinger, “a previsão de nossa morte é o preço que pagamos por termos um lobo frontal altamente desenvolvido... em muitos aspectos, a experiência com Deus é uma adaptação brilhante. Uma paz embutida”. (BEAUREGARD, 2010, p. 109) A série de documentários científicos Through the Wormhole, exibida nos EUA pelo canal Science Channel (CSI) e, no Brasil, pelo Discovery Channel com o título Grandes mistérios do universo, não hesitou ao escolher o tema do programa de estreia, em junho de 2010: “Existe um criador?”. Apresentada pelo ator Morgan Freeman, que interpretou o próprio Deus no longa-metragem Todo Poderoso de Tom Shadyac, a série visitou a Laurentian University, no Canadá, para onde uma invenção do Dr. Michael Persinger também levou diversas outras fontes de atenção. “Muitos jornalistas científicos viram a tese de Persinger não só como correta, mas também inevitável. A CNN, a BBC, o Discovery Channel, a imprensa escrita da ciência popular – todos fizeram a excursão do 'capacete de Deus'”. (BEAUREGARD, 2010, p. 109) O “capacete de Deus” é um artefato criado na década de 1980 a partir da hipótese de que as experiências de transcendência são resultado de uma estimulação dos lobos temporais e que, se o cérebro humano for exposto a campos eletromagnéticos específicos por pelo menos 40 minutos, pode-se atingir uma sensação que a maioria dos voluntários define como de “um outro eu”, o que Persinger chamou de “consciência parasitária”. O capacete de Deus ganhou tanta repercussão que em 2003 o programa Horizon da rede BBC promoveu um “teste” ao convidar o evolucionista e arauto da ateísmo Richard Dawkins a se submeter a uma sessão com a criação de Persinger. Após ter o hemisfério direito do cérebro magnetizado, contudo, o evolucionista confessou não ter sentido nada de incomum, nem vislumbrado 12 “Programado para a fé”, matéria da revista SuperInteressante publicada na edição de agosto de 2002. 10 Cátedra Unesco de Comunicação e Desenvolvimento/Universidade Metodista de São Paulo VIII Conferência Brasileira de Comunicação Eclesial, São Bernardo do Campo, SP, 22/8/2013 qualquer pista do divino. A resposta da BBC à expectativa do público não poderia ser mais científica: segundo Persinger, a experiência fracassara porque Dawkins possuía níveis muito baixos de “sensibilidade lobo-temporal”. Há ainda outros exemplos da presença desse campo de estudos no imaginário da época. A banda de eletrometal Screaming Mechanical Boner se pergunta, em uma canção chamada Neurotheology, lançada em 2005: “Hard wired heads plugged into a higher power / Unified deity flowing from the poppy flower / Fuels of creation of answers to the desperate / Questions raised since the dawn of man / Who are we and why are we here?”. Segundo o discurso neuroteológico, se ainda não há resposta definitiva para essas questões, já é possível presumir que a maneira como projetamos nossa deidade particular estipula padrões para os circuitos cerebrais. “A personalidade que uma pessoa determina para Deus apresenta padrões neurais distintos que se correlacionam com seu próprio estilo de comportamento. A maioria daqueles que adotam um Deus autoritário têm as áreas límbicas do cérebro, que geram medo e raiva, ativadas. Eles tendem a ser favoráveis à pena de morte, desejam que o governo invista mais em forças armadas. (…) Entretanto, quando enxergamos Deus como uma força benevolente, ocorre um estímulo em uma área diferente do córtex préfrontal: o cingulado anterior. Essa área suprime o impulso de raiva e medo”. (NEWBERG, 2009, p. 160) Articula-se, assim, uma nova rede de sentidos em torno da experiência religiosa. Nessas pesquisas, não se vê atribuído juízo de valor entre as diferentes expressões culturais da fé, mas procura-se compreendê-la através dos estados cerebrais análogos e, mais além, dos benefícios à saúde causados por práticas como preces e meditação. “Este é o exato objetivo do novo campo da neuroteologia: compreender a relação entre função cerebral e todos os importantes aspectos da religião. Para explicar melhor a fascinante conexão entre mente, cérebro e fé, devemos entender como a neuroteologia pode, na verdade, se tornar uma metateologia e uma megateologia. Esses termos complicados exprimem um sentido bem simples. Metateologia é uma forma de descrever como os princípios teológicos específicos de uma dada religião provavelmente surgiram. Megateologia é uma forma de abordar a religião que privilegia os elementos universais que todas as religiões parecem compartilhar. Os elementos de uma megateologia poderiam ser teoricamente incorporados a um sistema de crença específico. É importante ressaltar que, como esses elementos devem incluir uma compreensão da experiência mística, eles devem também se direcionar aos aspectos mais comuns do comportamento religioso, como as ideias sobre comunidade e família, moralidade, amor, devoção, perdão, senso de pertencimento, e o sentimento de ser parte de algo maior que o self. A neutoteologia oferece a melhor fonte para o desenvolvimento satisfatório de meta e megateologias. Uma abordagem 11 Cátedra Unesco de Comunicação e Desenvolvimento/Universidade Metodista de São Paulo VIII Conferência Brasileira de Comunicação Eclesial, São Bernardo do Campo, SP, 22/8/2013 neuroteológica, por sua própria natureza, é universal. Todos os seres humanos possuem um cérebro, e todos esses cérebros funcionam de uma forma muito parecida.” (NEWBERG & D'AQUILLI, 2002, p. 175-176) (tradução e grifo meus)13 Da busca por Deus até sua “revelação”, a cartografia cerebral proposta pela Neuroteologia ilustra admiráveis contradições da condição pós-moderna. Em um tempo caracterizado pelo ocaso das narrativas que pretenderam ordenar a experiência humana a partir de referências universais, não deixa de ser surpreendente o aparecimento de uma formação discursiva que, apoiada na paridade biológica, veja-se autorizada a construir, em pleno século XXI, meta e megateologias. CONSIDERAÇÕES FINAIS Entre a renovada atenção dada à religião no contexto das práticas sociais (PIERUCCI, 1998; SANCHIS, 1997) e a problematização dessa experiência pode-se observar um hiato, propiciado pela ausência do tema da transcendência no horizonte filosófico e do restrito alcance da fala teológica no espaço de visibilidade – inclusive e sobretudo acadêmico – de nossa época. Essa lacuna tem fomentado a abertura de novas arenas discursivas, que acolhem o fenômeno religioso em sua positividade, a fim de explicitar suas condições de persistência e suas novas conjugações conceituais. A ascensão da Neuroteologia como ramo de pesquisa e a simultânea inclusão de suas máximas dentre as pautas dos media demonstram que o ressurgimento da ideia de Deus como tema de interesse em nossa época acontece sob as graças da hegemonia tecnocientífica: o elogio da experiência com o divino aparece dissociado do referencial transcendente ao qual as tradições religiosas o vinculam, tornando-se mensurável nos termos da atividade cerebral e adequando-se como técnica de aprimoramento do capital biológico de cada indivíduo. Como resume uma reportagem da revista Época, “não importa qual a religião, o importante é 13 Do original: “This is precisely the goal of the emerging field of neurotheology, to understand the link between brain function and all important aspects of religion. To better explore the fascinating connnection between mind, brain and faith, we might consider how neurotheology can actually become a 'metatheology' and 'megatheology'. These are intimidating phrases, but their meaning is quite simple. A metatheology is a way to describe how the specific theological principles of any given religion may have arisen. A megatheology is a way of approaching religion that focuses on the universal elements that all religions seem to share. The elements of a megatheology theoretically could be integrated into specific belief system. Importantly, while these elements must include an understanding of mystical experience, they must also address the more common aspects of religious behavior, including ideas about community and family, morality, love, devotion, forgiveness, a sense of belonging, and a sense of being a part of something greater than the self. We believe neurotheology provides the best source for developing satisfying meta and megatheologies. A neurotheological approach, by its very nature, is universal. All human beings have a brain, and all of these brains work in a very similar fashion.” 12 Cátedra Unesco de Comunicação e Desenvolvimento/Universidade Metodista de São Paulo VIII Conferência Brasileira de Comunicação Eclesial, São Bernardo do Campo, SP, 22/8/2013 praticá-la”14. É possível perceber pelos exemplos apresentados aqui que, na divulgação de achados científicos sobre o tema, não se coloca em jogo o arriscado terreno das ideologias e verdades religiosas, mas sim a promoção dos comportamentos que garantam o melhor funcionamento do cérebro, visando ao ideal do bem-estar. Assim, tem-se insinuado nas pesquisas das neurociências e nas capas de revista de variedades uma curiosa releitura da autenticidade da fé. Nessas formações discursivas, aquela crença em um ente além do homem parece se reconfigurar como crença no que se apresenta ante o homem – o corpo. Uma sinuosa operação histórica que a revista SuperInteressante traduz para o grande público ao afirmar: “Deus é coisa da sua cabeça” 15. A transformação da noção de Deus expressa em um enunciado como esse aponta para a biologização e a privatização da experiência religiosa. Como proposto por Eliade (2010), o sagrado consiste, para o indivíduo, na experiência que excede a realidade natural e sensível, sendo a religião o sistema de racionalidade que atribui simbolismo sociocultural e autoridade moral à fonte dessa transcendência. Se a ideia de Deus passa a ser, literalmente, coisa da nossa cabeça, o sentido da experiência religiosa parece querer se encaminhar para os domínios da imanência a partir de um vocabulário que relê o sagrado como possibilidade de exploração dos recursos cerebrais. É nessa perspectiva que se pode eleger a Neuroteologia como objeto de estudo de um contexto em que “o impacto social das neurociências propicia a aparição de práticas de si cerebrais, as neuroasceses, isto é, discursos e práticas referentes a modos de agir sobre o cérebro para maximizar sua performance” (ORTEGA, 2009, p. 622). No âmbito da produção discursiva dos media, vê-se que esse movimento se manifesta pela obliteração do custo que é inerente às noções filosófica e teológica de ascese: o sacrifício visando à conquista das maiores virtudes morais ou espirituais converte-se em técnica para se alcançarem índices otimizados de desempenho biológico. Tal processo se inscreve em um interessante ponto de interseção. Em primeiro lugar, as exigências impostas pelo multiculturalismo pós-moderno fizeram do relativismo uma bandeira inegociável. Esse fato submeteu os sistemas de representação simbólica – como os religiosos – ao lema da diversidade, o que impossibilita a consideração de um mesmo 14 Não importa qual a religião, o importante é praticá-la, reportagem de Época publicada em 23 de março de 2009. 15 Deus é coisa da sua cabeça, reportagem de SuperInteressante publicada em fevereiro de 2006. 13 Cátedra Unesco de Comunicação e Desenvolvimento/Universidade Metodista de São Paulo VIII Conferência Brasileira de Comunicação Eclesial, São Bernardo do Campo, SP, 22/8/2013 desígnio para a pluralidade dos modos de ser e, nos discursos dos media, esvazia essa nova fé de um princípio transcendente. Por outro lado, “o sucesso popular das neurociências está menos relacionado a seus resultados científicos e práticos do que ao estilo de resposta dada para os problemas formulados pelo nosso ideal de autonomia individual generalizada” (EHRENBERG, 2004). O regime de poder que derivou do declínio das sociedades de disciplina (FOUCAULT, 2008) parece exigir a criação de sujeitos que encontrem em seu capital pessoal uma alternativa de modelagem identitária. REFERÊNCIAS BEAUREGARD, Mario, O'LEARY, Denyse. O cérebro espiritual. Rio de Janeiro: BestSeller, 2010. EHRENBERG, Alain. O sujeito cerebral. Esprit, 309, 2004. ELIADE, Mircea. O sagrado e o profano: a essência das religiões. São Paulo: Martins Fontes, 2010. FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1997. __________,______. Nascimento da biopolítica. São Paulo: Martins Fontes, 2008. __________,______. O nascimento da clínica. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004. __________,______. A História da Sexualidade I. A vontade de Saber. Rio de Janeiro: Graal, 1988. FREUD, Sigmund. Obras psicológicas completas. Vol. XXI. Rio de Janeiro: Imago, 2006. NEWBERG, Andrew. Como Deus pode mudar sua mente?. São Paulo: Prumo, 2009. NEWBERG, Andrew; D'AQUILLI, Eugene. Why God won't go away. New York: Ballatine Books, 2002. NIETZSCHE, Friedrich. A Gaia Ciência. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. ORTEGA, Francisco. Neurociências, neurocultura e autoajuda cerebral. Interface: Comunicação, Saúde, Educação: v.13, n.31. 2009a ________,________. Elementos para uma história da neuroascese. História, Ciências, Saúde. Rio de Janeiro, 2009b. PIERUCCI, Antônio Flávio. Secularização em Max Weber. Revista Brasileira de Ciências 14 Cátedra Unesco de Comunicação e Desenvolvimento/Universidade Metodista de São Paulo VIII Conferência Brasileira de Comunicação Eclesial, São Bernardo do Campo, SP, 22/8/2013 Sociais. São Paulo, n. 37, jun. 1998. SANCHIS, Pierre. A profecia desmentida. Folha de S. Paulo, 20/4/1997, caderno Mais!, p. 5-8. SIBILIA, Paula. Clique aqui para apagar más lembranças: a digitalização do “sujeito cerebral” na busca da felicidade. In: FREIRE FILHO, João; PAIVA, Raquel; COUTINHO, Eduardo (Orgs). Mídia e poder: Discurso, ideologia e subjetividade. Rio de Janeiro: Ed. Mauad X, 2008 (p. 157-185) TUCHERMAN, Ieda. Biopolítica, mídia e autoajuda: segredo ou sintoma? Revista Galáxia, São Paulo, n. 20, p. 32-43 dez. 2010. TUCHERMAN, Ieda; SAINT CLAIR, Ericson. Turbinando cérebros, construindo corpos: sobre mídia, biotecnologias e eficácia. Interin (Curitiba), v. 8, p. 1-10, 2009. VATTIMO, Gianni. Depois da Cristandade. Rio de Janeiro: Record, 2004. 15