Barroco Século XVII CARAVAGGIO Andrea pozzo Rembrandt Bernini Momento histórico Momento histórico Crise espiritual na cultura ocidental. Duas mentalidades conviviam: ► paganismo ► sensualismo renascentista Presença de forte religiosidade, linha oposta ao Renascimento. Cultismo e Conceptismo Cultismo e Conceptismo Duas tendências de estilo se manifestaram no Barroco. Estas tendências não se excluem, ou seja, podem estar juntas no mesmo texto: 1. Cultismo: ► gosto pelo rebuscamento formal; ► jogos de palavras; ► uso de figuras de linguagem; ► vocabulário sofisticado; ► exploração dos 5 sentidos. 2. Conceptismo: ► jogo de ideias; ► raciocínio lógico; ► exemplificações. CULTISMO Quando vejo de Anarda o rosto amado, vejo ao céu e ao jardim ser parecido porque no assombro do primor luzido tem o sol em seus olhos duplicado. Manuel Botelho de Oliveira CONCEPTISMO Ecce exiit qui seminat, seminare. Diz Cristo que «saiu o pregador evangélico a semear» a palavra divina. Bem parece este texto dos livros de Deus. Não só faz menção do semear, mas também faz caso do sair: Exiit, porque no dia da messe hão-nos de medir a semeadura e hão-nos de contar os passos. O Mundo, aos que lavrais com ele, nem vos satisfaz o que dispendeis, nem vos paga o que andais. Deus não é assim. Para quem lavra com Deus até o sair é semear, porque também das passadas colhe fruto. Sermão da Sexagésima, de Padre António Vieira. Características do Barroco Características do Barroco Conflito entre visão antropocêntrica e teocêntrica; ► Oposição entre o mundo ocidental e o mundo espiritual; ► Conflito entre fé e razão; ► Cristianismo; ► Sensualismo e sentimento cristão de culpa; ► Consciência da efemeridade do tempo; ► Raciocínios complexos intrincados, desenvolvidos em parábolas e narrativas bíblicas. ► Delírios da natureza Em um ponto me alegro, e me entristeço, Choro e rio, ouso e temo, vivo e morro, Caio e grito, contemplo e não discorro, Parto e fico, não vou e me despeço. Lembro-me de mim, de mim me esqueço, Ora fujo, ora torno, paro e corro, Já atado, já solto, preso e forro, Lince e cego, me ignoro e me conheço. Eu mesmo me acredito e me desminto, Eu mesmo agravo o mal e peço a cura, Eu mesmo me consolo e me ressinto. Saiba, pois, toda a humana criatura, Que para escapar deste labirinto, Há de fugir às mãos da formosura. (Francisco de Pina e Melo, 1725) Escritores brasileiros de maior destaque no Barroco: • NA POESIA: Gregório de Matos, Bento Teixeira. •NA PROSA: Padre Antônio Vieira, Sebastião da Rocha Pita. Gregório de Matos □ É o maior poeta barroco brasileiro; □ Um dos fundadores da poesia lírica e satírica; □ □ Foi irreverente ao afrontar os valores e a falsa moral da sociedade baiana; Denunciou as contradições da sociedade baiana e criticou os mais diversos grupos: governantes, fidalgos, comerciantes, escravos, etc.; □ Às vezes, usa linguagem de baixo calão; □ Basicamente, Gregório segue três linhas: lírica, religiosa e satírica. Exemplo de poema lírico: À mesma D. Ângela Anjo no nome, Angélica na cara! Isso é ser flor, e Anjo juntamente! Ser Angélica e flor, e Anjo florente! Em quem, senão em vós se uniformara? Quem veria uma flor, que a não cortara De verde pé, de rama florescente; E quem um Anjo vira tão luzente Que por seu Deus, o não idolatrara? Se pois como Anjo sois dos meus altares Fordes o meu Custódio, e a minha guarda, Livrara eu de diabólicos azares. Mas vejo, que por bela, e por galharda, Posto que os Anjos nunca dão pesares, Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda. Exemplo de poema religioso: Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado Da vossa piedade me despido; Porque quanto mais tenho delinquido, Vos tenho a perdoar mais empenhado. Se basta a vos irar tanto um pecado, A abrandar-vos sobeja um só gemido: Que a mesma culpa que vos há ofendido, Vos tem para o perdão lisonjeado. Se uma ovelha perdida e já cobrada Glória tal e prazer tão repentino Vos deu, como afirmais na Sacra História: Eu sou, Senhor, ovelha desgarrada; Cobrai-me; e não queirais, Pastor Divino, Perder na vossa ovelha a vossa glória. Exemplo de poema satírico: Neste mundo é mais rico, o que mais rapa: Quem mais limpo se faz, tem mais carepa: Com sua língua ao nobre o vil decepa: O Velhaco maior sempre tem capa. Mostra o patife da nobreza o mapa: Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa; Quem menos falar pode, mais increpa: Quem dinheiro tiver, pode ser Papa. A flor baixa se inculca por Tulipa; Bengala hoje na mão, ontem garlopa: Mais isento se mostra, o que mais chupa. Para a tropa do trapo vazo a tripa, E mais não digo, porque a Musa topa Em apa, epa, ipa, opa, upa. • Nasceu em Lisboa, em 1608, aos seis anos veio com a família para a Bahia, estudou no Colégio dos jesuítas. • Consagrou-se orador junto à Corte, teve enorme influência política, foi processado por opiniões heréticas condenado, exilou-se em Roma. • Reabilitou-se e regressou ao Brasil onde morre em Salvador em 18 de julho de 1697.