Arte Barroca O barroco foi uma tendência artística que se desenvolveu primeiramente nas artes plásticas e depois se manifestou na literatura, no teatro e na música. O berço do barroco é a Itália do século XVII, porém se espalhou por outros países europeus como, por exemplo, a Holanda, a Bélgica, a França e a Espanha. O barroco permaneceu vivo no mundo das artes até o século XVIII. Na América Latina, o barroco entrou no século XVII, trazido por artistas que viajavam para a Europa, e permaneceu até o final do século XVIII. Contexto Histórico Séculos XVII e XVIII Dom Sebastião desaparece na Batalha de Alcácer Quibir. O rei Felipe II realiza a integração de Portugal ao império espanhol Durante 60 anos (1580-1640) assiste-se ao declínio comercial e naval do Reino, apesar das significativas exportações do açúcar brasileiro. Portugal chega a perder para a Holanda muitas de suas colônias orientais até parte do território brasileiro. Surge o sebastianismo - o mito da volta de D. Sebastião como redentor. Restaura-se a Coroa e Portugal se torna independente só em 1640, com conflito militar, que levou ao trono o 1º rei da dinastia de Bragança, D. João IV. Com a descoberta do ouro em Minas Gerais, no final do século XVII, Portugal vive um novo período de riqueza, esbanjada durante o longo reinado de D. João V (1707-1750) Espanha e Portugal tornaram-se baluartes da Contra-Reforma, séculos XVI, XVII e XVIII. O Barroco português nunca atingiu o mesmo brilho do Barroco espanhol. Características Gerais: * emocional sobre o racional; seu propósito é impressionar os sentidos do observador, baseando-se no princípio segundo o qual a fé deveria ser atingida através dos sentidos e da emoção e não apenas pelo raciocínio. *busca de efeitos decorativos e visuais, através de curvas, contracurvas, colunas retorcidas; * entrelaçamento entre a arquitetura e escultura; * violentos contrastes de luz e sombra; * pintura com efeitos ilusionistas, dando-nos às vezes a impressão de ver o céu, tal a aparência de profundidade conseguida. Conflito espiritual: O homem barroco sente-se dilacerado e angustiado diante da alteração dos valores, dividindo-se entre o mundo espiritual e o mundo material. As figuras que melhor expressam esse estado de alma são a antítese e o paradoxo; "Nasce o sol, e não dura mais que um dia, Depois da Luz se segue a noite escura, Em tristes sombras morre a formosura, Em contínuas tristezas a alegria. Porém, se acaba o Sol, por que nascia? Se é tão formosa a Luz, porque não dura? Como a beleza assim se transfigura? Como o gosto da pena assim se fia? ...................................................................... Começa o Mundo enfim pela ignorância, E tem qualquer dos bens por natureza A firmeza somente na inconstância." Efemeridade do tempo e carpe diem: O homem barroco tem consciência de que a vida terrena é efêmera, passageira, e por isso, é preciso pensar na salvação espiritual. Mas já que a vida é passageira, sente, ao mesmo tempo, desejo de gozá-la antes que acabe, o que resulta num sentimento contraditório, já que gozar a vida implica pecar, e se há pecado, não há salvação. CULTISMO ou GONGORISMO – É o jogo de palavras; é o rebuscamento da forma, é a obsessão pela linguagem culta, erudita, por meio de inversão da frase (hipérbato), do uso de palavras difíceis. É o abuso no emprego de figuras de linguagem, especialmente a metáfora, a antítese e o hipérbato. O principal cultista do barroco mundial foi o espanhol Luiz de Gôngora. No Brasil, Gregório de Matos. "O todo sem a parte não é o todo; A parte sem o todo não é parte; Mas se a parte o faz todo, sendo parte, Não se diga que é parte, sendo o todo. Em todo o Sacramento está Deus todo, E todo assiste inteiro em qualquer parte, E feito em partes todo em toda a parte, Em qualquer parte sempre fica todo." Conceptismo: é marcado pelo jogo de idéias, de conceitos, seguindo um raciocínio lógico, racionalista, que utiliza uma retórica aprimorada. Um dos principais cultores do conceptismo foi o espanhol Quevedo, de onde deriva o termo Quevedismo. Os Conceptistas pesquisavam a essência íntima dos objetos, buscando saber o que são, visando à apreensão da face oculta, apenas acessível ao pensamento, ou seja, ao conceitos; assim a inteligência, a lógica e o raciocínio ocupam o lugar dos sentidos, impondo a concisão e a ordem, onde reinavam a exuberância e o exagero. “Quis Cristo que o preço da sepultura dos peregrinos fosse o esmalte das armas dos portugueses, para que entendêssemos que o brasão de nascer portugueses era a obrigação de morrer peregrinos: com as armas nos obrigou Cristo a peregrinar, e com a sepultura nos empenhou a morrer. Mas se nos deu o brasão que nos havia de levar da pátria, também nos deu a terra que nos havia de cobrir fora dela. Nascer pequeno e morrer grande é chegar a ser homem. Por isso nos deu Deus tão pouca terra para o nascimento e tantas para a sepultura. Para nascer, pouca terra; para morrer, toda a terra; para nascer, Portugal; para morrer, o mundo.” O Barroco no Brasil. O movimento brasileiro, influenciado pelo barroco português, apresentou suas próprias características, pois diferente da realidade portuguesa de luxo e pompa da aristocracia, o Brasil vivia uma realidade de violência, em que se perseguiam os índios e escravizavam os negros. No Brasil, o barroco ganhou impulso entre 1720 e 1750, momento em que várias academias literárias foram fundadas por todo o país. Prosopopéia de Bento Teixeira, marca o início do barroco no Brasil.O centro de riqueza da época era Minas Gerais, e foi lá que a produção artística, ligada à igreja, se concentrou. O arquiteto, entalhador e escultor Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, foi o grande representante dessa tendência nas artes plásticas, o estilo rococó predominava em suas esculturas de materiais típicos nacionais, como a madeira e pedrasabão.