REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DAS FINANÇAS MINISTÉRIO DA SAÚDE MINISTÉRIO DA PLANIFICAÇÃO E DESENVOLVIMENTO Estudo sobre os “Off-budgets” no Sector Saúde Maputo, 28 de Abril de 2005 Objectivos do estudo ► Identificação, caracterização e quantificação dos principais fluxos financeiros “off-budget” no sector; ► Análise dos factores explicativos das várias situações de “off-budget”; ► Análise das implicações orçamentais da integração dos fundos “off-budget” no OE; ► Análise da utilidade da integração dos “offbudgets” e dos incentivos e capacidade para o fazer; e ► Produção de recomendações sobre medidas práticas a serem implementadas nas diversas fases do ciclo orçamental para reduzir o problema dos “off-budget”. Definições de off-budget ► “Off-budget” na programação: correspondentes à não inscrição dos fundos no Orçamento do Estado (OE); ► “Off-budget” na execução: correspondente aos fundos que não transitam pelo Tesouro Público; ► “Off-budget” na contabilização: correspondente aos fundos cuja execução não é registada nos relatórios de execução do OE e na Conta Geral do Estado (CGE) Metodologia e limitações ► Conceito de “off-budget” – 4 ópticas: ► orçamentação, execução, contabilização e auditoria Análise quantitativa (fontes: OE, IFE, DAG, levantamento directo nas províncias) Apuramento das receitas arrecadadas e utilizadas, e dos fundos externos desembolsados Estimativa dos montantes “off-budget” e implicações orçamentais da sua integração ► Análise qualitativa (fonte: entrevistas: MF e MPD, MISAU e organismos do SNS e doadores) Caracterização da situação dos fluxos relativamente ao ciclo orçamental Descrição dos incentivos/ desincentivos dos actores-chave ► Limitações da análise: relativas ao contexto, abrangência e consistência dos dados Fluxos financeiros no sector ► Fundos ► Fundos da componente interna do OE externos Fundos Comuns (PROSAUDE, FCM, FCP) Donativos a programas/projectos geridos pelo sector Donativos a programas/projectos geridos fora do sector Créditos a projectos ► Receitas do sector Com base legal: atendimento normal assistência médica e medicamentosa venda de medicamentos receitas de serviços de higiene e sanidade (CHAEM) Sem base legal: atendimento especial (incluindo Clínicas Especiais) outras receitas (propinas, aluguer de instalações...) Situação dos fundos vs ciclo orçamental do Estado Situação dos fundos relativamente ao ciclo orçamental em 2004 Tipo de fundo Inscrito no OE aprovado pela AR Identificado no OE Classificação correcta Componente interna do OE 1 Sim Sim Receitas atendimento normal Não Receitas do atendimento especial e Clínica Especial Transita pelo Tesouro Registado pela Contabilidade Pública Identificado no RE Classificação correcta Sim Sim Sim n.a. Sim Não Não Não n.a. Não Não n.a. Receitas venda medicamentos Não n.a. Não Não n.a. Receitas do CHAEM Não n.a. Parcial. Não Não Receitas da AMM Não n.a. Não Não n.a. Outras receitas do sector 3 Não n.a. Não Não n.a. PROSAUDE/ FCT Sim Não Sim4 Sim Não Fundo Comum Medicamentos Sim n.a. Não Sim Não Fundo Comum Provincial Não n.a. Não Não n.a. Donativos a projectos geridos no MISAU Parcial. Não Não Parcial. Não Donativos a projectos geridos por doadores ou ONGs Parcial. Não Não Não n.a. Créditos a projectos Parcial. Sim Não Sim Sim Financiamento do sector em 2002-2003 - Situação dos fundos relativamente ao OE 250 Milhoes de USD 200 54 (25%) 33 (18%) 150 5 (4%) 8 (4%) 100 143 (78%) 158 (72%) 50 0 2002 2003 Fundos externos não inscritos no OE - "off-budget" Receitas do sector não inscritas no OE - "off-budget" Fundos inscritos no OE Fundos não inscritos no OE - Factores explicativos ► Relacionados com MF e MPD Papel marginal do MF e MPD na negociações de financiamentos externos Programação orçamental: prudência na inclusão de fundos externos, fraca ligação entre o nível central e provincial Compromissos de política orçamental com o FMI (classificação > inclusão) ► Relacionados com MISAU Planificação: dificuldade de previsão das disponibilidades, calendário não sincronizado com o do OE Falta de incentivos dos gestores do MISAU para participar no exercício orçamental ► Relacionados com prestadores de serviços de Saúde Falta de incentivos dos gestores/beneficiários em expor as suas disponibilidades financeiras (alguns recursos não têm cobertura legal) ► Relacionados com os Doadores Ciclo de planificação não sincronizado com o do OE Falta de coordenação interna e mecanismos diferenciados de negociação Financiamento do sector em 2002-2003 - Situação dos fundos relativamente ao Tesouro 250 Milhoes de USD 200 124 (57%) 150 106 (58%) 100 6 (3%) 6 (3%) 50 72 (39%) 89 (41%) 0 2002 2003 Fundos externos que não transitam pelo tesouro - "off-budget" Receitas que não transitam pelo tesouro - "off-budget" Fundos que transitam pelo tesouro Fundos que não transitam pelo TP - Factores explicativos ► Relacionados com o MF e MPD Atrasos e imprevisibilidade na libertação de fundos Importância dos pagamentos realizados em moeda externa ► Relacionados com o MISAU Requisitos particulares de disponibilidade de fundos (ex. medicamentos) Falta de credibilidade no sistema de pagamentos do Estado ► Relacionados com os prestadores de serviços de Saúde Receio de atrasos na disponibilidade dos fundos Perda de flexibilidade na gestão financeira dos fundos ► Relacionados com os Doadores Política de cooperação: tied aid, assistência técnica e procurement Compensação dos atrasos e da imprevisibilidade do sistema de pagamentos do Estado Despesa do sector em 2002-2003 - Estimativa da situação dos fundos relativamente ao registo pela CP 180 160 Milhoes de USD 140 120 53 (32%) 50 (33%) 6 (3%) 100 7 (4%) 80 60 40 95 (63%) 106 (65%) 20 0 2002 2003 Fundos externos não registados pela contabilidade pública - "off-budget" Receitas não registadas pela contabilidade pública - "off-budget" Fundos registados pela contabilidade pública Fundos não registados pela CP - Factores explicativos ► Relacionados com o MF e MPD Os pagamentos não ordenados pela CP não podem ser contabilizados Falta de comunicação entre os sistemas de informação ► Relacionados com o MISAU Falta de informação integrada sobre a execução dos fundos externos e das receitas próprias ► Relacionados com os prestadores de serviços de Saúde Os gestores prestam contas directamente aos financiadores Não existe contabilidade das “outras receitas” ► Relacionados com os Doadores Sistemas contabilísticos não compatíveis com os classificadores do OE Deficiente monitoria da despesa realizada com os fundos desembolsados Implicações orçamentais Distribuição dos recursos por tipo de despesa (2003) Figura 8. Distribuição dos recursos por tipo de despesa em 2003, situação inicial do OE e ajustamento pela integração da totalidade dos fundos "off-budget" com reclassificação da despesa de investimento (em % do total) OE 2003 OE ajustado pela integração dos "offbudgets" 20% 28% Despesa c/ pessoal 30% 50% 49% Bens, serviços e outras correntes 23% Investimento Implicações orçamentais Implicações macroeconómicas (em % do PIB) Indicadores (Orçamento Global) Programa FMI OE 2003 aprovado AR Após integração “Off” da saúde Estrutura da despesa do OE (em % da despesa total) Despesa corrente 55,5% 53,0% 57,2% Despesa c/ pessoal 26,4% 24,1% 25,1% Despesa em bens e serviços e outras correntes 29,0% 29,0% 32,0% 44,4% 47,0% 42,8% 16,0% 16,3% 18,3% Despesa c/ pessoal 7,6% 7,4% 8,1% Despesa em bens e serviços e outras correntes 8,3% 8,9% 10,3% Despesa de investimento 12,7% 14,4% 13,7% Despesa total 28,7% 30,6% 32,1% -3,7% -3,5% -5,4% Despesa de investimento Magnitude da despesa do OE (em % do PIB) Despesa corrente Saldo primário interno (em % do PIB) Factores a considerar entre prestação de serviços versus desenvolvimento dos sistemas planificação e gestão financeira ► Dimensão/relevância do problema “off-budget” ► Reformas em curso – SISTAFE, instrumentos de planificação do sector, análises funcionais da administração pública e tendências de cooperação ► Incentivos/desincentivos dos actores-chave ► Capacidade existente: planificação e gestão financeira ► “Trade-off” Conclusões ►O problema dos off-budgets decorre essencialmente de: Dispersão/descoordenação dos fóruns de afectação de recursos Deficientes mecanismos de planificação e gestão dos recursos públicos ►A integração é desejável mas tem de assegurar-se uma transição que não prejudique a prestação de serviços Recomendações para o GdM Rever os mecanismos de aprovação dos acordos de cooperação: ter em conta o ciclo de planificação e orçamentação do Estado. ► Legalizar ou eliminar as taxas que actualmente não tem suporte legal e são cobradas no sector. ► ► Discutir a possibilidade de retenção das taxas cobradas por organismos prestadores de serviços e ajustar as respectivas disposições legais sobre a consignação/retenção. Clarificar o estatuto administrativo-financeiro dos organismos do Estado, ajustar o classificador orçamental de gestão e aplicar este classificador no OE e nos relatórios de execução. Recomendações para o MF e MPD ► ► ► ► Assegurar a correcta inscrição orçamental (reclassificar onde necessário) e prestação de contas para todos os fundos que são geridos directamente por organismos do Estado. Rever o papel do Departamento de Cooperação Internacional Melhorar a informação apresentada nos relatórios de execução e na Conta Geral do Estado Alargar o âmbito de recolha de informação sobre a execução de fundos externos às províncias Recomendações para o MISAU Integrar os exercícios de planificação e orçamentação Elaborar uma proposta sobe quais as cobranças a manter e sobre os procedimentos de gestão financeira a adoptar. Criar as condições para a junção dos três fundos comuns do sector e para a sua integração gradual no ciclo orçamental do Estado. ► ► ► ► Reavaliar a adequação de manter contas em divisas no estrangeiro. Fazer transitar o Fundo Comum Provincial pelo Tesouro Público. Consolidação da informação (fundos externos e receitas geradas dentro do sector) e garantir a prestação de contas às instituições do MF Recomendações para as agências de cooperação Ao Fundo Monetário Internacional: incentivar e apoiar o Governo no ajustamento e redefinição dos indicadores de política orçamental. ► Em geral: harmonizar os procedimentos de planificação e gestão financeira com os do Estado, sobretudo em relação à calendarização dos compromissos ao PROSAUDE. ►