Publicação da associação brasileira de distribuidores volkswagen Ano 33 • n• 291 ABRIL 2O11 Boas ideias, a terceira maior indústria do mundo U A Economia do Conhecimento ma das transformações socioeconômicas mais facilmente percebidas no mundo contemporâneo é a valorização do trabalho criativo. Não tem data antiga a mudança que fez “valer” igualmente um produtivo da indústria e um artesão. A percepção de que para o desenvolvimento da sociedade a geração de riqueza a partir do pensamento humano, criada pelo cérebro, pode ser tão valiosa quanto a que vem das máquinas, oriunda do capital financeiro, foi definida em 1994 na Austrália por conta do projeto Creative Nation, que defendia justamente a importância do trabalho criativo e sua contribuição para a economia daquele jovem país. Poucos anos mais tarde, em 1997, o conceituado primeiro-ministro inglês, Tony Blair, identificou na Inglaterra 13 setores econômicos que teriam origem na criatividade, habilidade e talentos individuais e que apresentavam potencial para criação de riqueza. A música, a propaganda, o design, a moda, as artes do espetáculo e o mercado de antiguidades, só para citar alguns entre os 18, foram relacionados. E estes segmentos não são considerados uma unanimidade entre os especialistas em Economia Criativa, porque criatividade pressupõe diversidade e vantagens naturais de cada sociedade ou país, assim, também podem vir a ser considerados o folclore, a gastronomia e o turismo. Hoje já é possível dimensionar a riqueza gerada por essas atividades oriundas essencialmente da criatividade e do talento dos indivíduos. Segundo as autoridades ouvidas nesta edição, a Economia que depende de boas ideias é a terceira maior do mundo, ficando atrás apenas da indústria do petróleo e de armamentos. No Brasil, a chamada Economia Criativa fatura 380 bilhões de reais por ano ou o equivalente a 16,4% do PIB em áreas como arquitetura, cinema, moda, design, cultura popular, turismo e artesanato. Atento a este número, o Ministério da Cultura criou recentemente a Secretaria da Economia Criativa, mas o Brasil ainda está longe de saber como aproveitar a criatividade de seus cidadãos. “Nós ainda não temos processos e instrumentos claros de gestão. É como ter o hardware sem o software”, diz a consultora Lala Deheinzelin, explicando que enquanto a China já incluiu em seu último plano quinquenal a Economia Criativa e a Economia Verde como áreas fundamentais da atividade econômica, o Brasil ainda está engatinhando nessa área. Falta o que já dissemos repetidamente neste espaço: investimento em infraestrutura tecnológica e formação profissional. Uma vez superado este obstáculo, a identidade e a cultura brasileiras têm tudo para transformar-se em agentes do desenvolvimento da criatividade, com vocação ainda para a exportação de modelos diversificados e autossuficientes. É semear hoje para colher amanhã. Boa leitura. SHOWROOM Conselho Editorial 3 GENTE GENTE A PASSEIO CAPA 3 Recado A mensagem do Conselho Editorial. 5 Cartas O que dizem sobre Showroom. 6 Quem Passou Por Aqui Amigos e personalidades que visitaram a Assobrav e as empresas do Grupo Disal. Desde o início dos tempos a criatividade, a capacidade de criar o novo, de reinventar, de diluir padrões tradicionais e encontrar soluções para novos e velhos problemas, é vista como motor da inovação. Isso nunca mudou. O que mudou, desde meados dos anos 1990, é que não só a criatividade, mas as ideias, a imaginação e a inovação, enfim, o capital humano, são os principais insumos da economia do conhecimento. 24 TecMania 8 Gente Laurentino Gomes, jornalista e escritor. Ganhador do Prêmio Jabuti em duas categorias – “Melhor Livro-Reportagem” e “Melhor Livro do Ano de Não-Ficção” (Câmara Brasileira do Livro) e do prêmio da Academia Brasileira de Letras – “Melhor Ensaio de 2008”, permaneceu três anos consecutivos na lista dos mais vendidos do Brasil e de Portugal com a obra “1808 – Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil.” O motivo que faz o leitor devorar seus livros como “pãozinho quente na padaria pela manhã” é que ele escreve História de um modo simples e cativante, capaz de alcançar um número impensável de leitores no Brasil, um país que ainda tem analfabetos. 16 RH 4 18 Capa A reflexão do colunista Armando Correa de Siqueira Neto sobre o comportamento humano. Os testes em laboratórios e em pistas de provas da indústria automobilística, segundo o jornalista Fernando Calmon. 26 Mundo Verde O recado sobre a preservação do meio ambiente e suas implicações legais. 28 A Passeio Alasca, um dos poucos lugares onde se pode chegar bem perto das geleiras. E se você é fã do filme “A Era do Gelo” vai se sentir em casa. As geleiras da Idade do Gelo são impressionantes, para dizer o mínimo. Algumas das paisagens mais incríveis dos Estados Unidos estão no Alasca, imortalizadas pelo gelo. A expressão ecoturismo cabe como uma luva. O organizado Alasca proporciona a possibilidade de explorar sem atingir o meio ambiente, nem prejudicar a população local. Cultura, natureza e deserto estão ao alcance da mão, por caminhos já traçados, com várias orientações sobre “como não deixar rastros” que vão prejudicar a natureza e as suas criaturas. 36 Freio Solto A opinião, a crítica e a ironia do jornalista Joel Leite. 38 E se... A ficção de Maria Regina Cyrino Corrêa sobre como seria a nossa vida se os principais fatos celebrados em abril não tivessem acontecido. 39 Quando a Bola Rola... O comentário de Marcelo Allendes sobre o que acontece nos gramados, quadras, piscinas...e em outros espaços também. 40 Novidades O que há de novo em eletrônicos, periféricos de informática e outras utilidades. 41 Livros & Afins Nossas dicas para a sua biblioteca, cedeteca, devedeteca e pinacoteca. 42 Vinhos & Videiras A opinião abalizada de Arthur Azevedo, diretor executivo da ABS – Associação Brasileira de Sommeliers – SP e editor da revista WineStyle e do site www.artwine.com.br [email protected] / twitter: @artwine77 42 Mesa Posta Receitas, segredos e informações sobre a história da gastronomia com o chef Gustavo Corrêa. Felicidade, como pôr em prática? Foi ótima a matéria sobre felicidade publicada por vocês no número anterior. Ao mesmo tempo em que desmistifica a felicidade como algo que precisa ser conquistado a qualquer preço, o texto mostra, com estatísticas, os componentes que pelo menos nos ajudam a chegar mais perto dela. Sem demagogia e falsas ideias, a matéria cumpriu o objetivo de informar, entretendo o leitor. Bernardo de Souza Mundo Verde Parabéns pela coluna “Mundo Verde”. Achei fantástico o foco da sustentabilidade da gestão ambiental. É mais do que momento de colocarmos em prática a nossa responsabilidade socioambiental, pois é mais que um compromisso no nosso negócio, é um compromisso com o futuro. Os resultados são evidentes quando implantamos o processo dentro da concessionária, tanto que nossa experiência na VW Saga tem sido referência para outras autorizadas no Estado de Goiás. Parabéns pela iniciativa. Eliene Souza e Silva, Coordenadora Ambiental Sagaverde VW Saga (GO) Ivaldo Bertazzo Foi um prazer ler a entrevista com o Professor Bertazzo nesta revista (Edição 290 – Março 2011). Vocês ampliaram o foco, revelando, além do seu talento como bailarino e coreógrafo, o quanto ele entende do corpo humano. Parabéns. Maria Joaquina “Nossa confusão, nossa essência” Queria parabenizar a cronista Maria Regina Cyrino Corrêa por seu último artigo “E se tudo o que os horóscopos dizem fosse verdade?” (Edição 290 – Março 2011). Ela fala com humor e sensibilidade em doses perfeitas. Adorei a mensagem final “Nossa confusão é nossa essência. Nosso céu e nosso inferno. E é dela que devemos tirara força pra seguir em frente.” É isso aí! Valderene Machado Tendências Li a matéria “Tendências para breve” em um número anterior de Showroom (288 – Janeiro 2010) e gostei muito. Acabei utilizando o texto para um trabalho na Faculdade. Faço Marketing, estou ainda no começo, mas me interesso bastante. Por isso gostaria de receber a revista em minha casa já que, acredito, seja um tema recorrente nas edições. Publicação mensal da Ano 33 – Edição 291– abril de 2011 Conselho Editorial Antonio Francischinelli Jr. , Evaldo Ouriques, Juan Carlos Escorza Dominguez, Mauro I.C. Imperatori e Silvia Teresa Bella Ramunno. Editoria e Redação Trade AT Once - Comunicação e Websites Ltda. Rua Itápolis, 815 • CEP 01245-000 São Paulo •SP • Tel (11) 5078-5427 [email protected] Editora e Jornalista Responsável Silvia Teresa Bella Ramunno (13.452/MT) Redação - Rosângela Lotfi (23.254/MT) Projeto Gráfico e Direção de Arte Azevedo Publicidade - Marcelo Azevedo [email protected] Publicidade Disal Serviços - Maria Marta Mello Guimarães Tel (11) 5078-5480 [email protected] Impressão Gráfica Itú Tiragem 6.000 exemplares Permitida a reprodução total ou parcial, desde que citada a fonte. As matérias assinadas são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a posição da Assobrav. Registro nº 137.785 – 3º Cartório Civil de Pessoas Jurídicas da Capital de São Paulo. Assobrav Av. José Maria Whitaker, 603 CEP 04057-900 São Paulo – SP Tel: (11) 5078-5400 [email protected] Diretoria Executiva Presidente: Mauro Saddi Vice-presidentes: André Oshiro Carlos Roberto F de Mattos Jr. Elias dos Santos Monteiro Eric Braz Tambasco Francisco Veríssimo S Filho Luis Eduardo B Cruz e Guião Luiz Francisco Viscardi Nilo Moraes Coelho Filho Rogério Wink Diretor Ad-hoc: Bruno Abib Conselho de Ex-Presidentes Sérgio Antonio Reze, Paulo Pires Simões, João Cláudio Pentagna Guimarães, Rômulo D. Queiroz Monteiro Filho, Orlando S. Álvares de Moura, Amaury Rodrigues de Amorim, Carlos Roberto Franco de Mattos, Roberto Torres Neves Osório, Elmano Moisés Nigri e Rui Flávio Chúfalo Guião. N.R.: Recordamos que para receber Showroom mensalmente os interessados devem enviar um e-mail à Redação ([email protected]) informando o seu endereço e solicitando o envio da publicação. Os pedidos serão atendidos por ordem de chegada e conforme a disponibilidade de exemplares. SHOWROOM José Antonio Bollo 5 Joelmir Betting, jornalista econômico e um dos âncoras da Rede Bandeirantes de Comunicação, para falar, sempre divertido e de facilíssima comunicação, aos empresários da Região I, São Paulo, sobre o futuro do setor e da economia.... Andrea Ornellas Zhouri, superintendente de Frotistas/Vendas Corporativas da VW Itacuã, de Ribeirão Preto, comprovando a competência e a eficiência feminina em assuntos anteriormente ditos “de homens”... O querido Augustin Soliva, diretor-presidente da VW Guará Motor, de Guaratinguetá e região, pioneiro nas lutas da Assobrav, para ser homenageado por seus pares pelos 40 anos, sólidos e prósperos, da empresa... A expressão sisuda não condiz com a extrema simpatia e o carinho que recebe de todos. Paulo Oliveira, executivo do Banco Volkswagen - Escritório Regional de Campinas (SP), para receber os aplausos, merecidos, por seu trabalho... 6 Tanto é verdade que Regina Helena S Invernizzi Lopes, da VW Santa Emília, também de Ribeirão Preto, é responsável pela mesma área com igual desenvoltura... Parceiro de longa data, Massuo Uemura, sóciodiretor da Prediction Consultoria, para acompanhar e parabenizar o trabalho da recém criada e já grande “Tecnologia da Rede Volkswagen”, uma empresa do Grupo Disal... Márcio Ribeiro Werner, titular da VW Camvel, do Balneário Camboriu (SC), deixando aquela praia para trocar experiências, em uma sala fechada, com os colegas do Projeto Sinal Vermelho... Marcelo Olival, gerente de Vendas de Comerciais Leves da Volkswagen, sempre de bem com a vida, para apresentar as mais recentes estratégias da área à Rede VW... E para uma reunião com a diretoria técnica da Assobrav, Luciano Miguel Groch, diretor Comercial e de Marketing da Assurant Solutions... SHOWROOM Cibelle Rodrigues, jovem gerente de Produto do Bradesco Vida e Previdência, para uma visita formal e cortês à Disal Corretora de Seguros... 7 Fotos: Divulgação Laurentino Gomes “Sou um repórter que escreve sobre a História do Brasil” Por S. Arruda e Silvia Bella 8 le passou a ser uma celebridade da noite para o dia, embora não goste do termo. “Tenho uma certa aversão ao culto obsessivo que a sociedade contemporânea dedica às celebridades”, diz, mas admite que ter vendido 700 mil exemplares do seu livro de estreia (“1808”, depois escreveu “1822”, com igual sucesso) no Brasil e em Portugal o coloca hoje entre as principais personalidades de língua lusa. Calmo, sensato, solícito, bompapo, Laurentino Gomes também é avesso ao estrelismo. Quem o conheceu nas redações dos principais jornais e revistas do País, em boa parte delas chefiando outros jornalistas, garante: “ele sempre foi assim, bem-educado, atencioso e disponível com todo mundo.” E é por isso que todo mundo gosta do Laurentino. Como pessoa, como jornalista que construiu uma carreira sólida e exemplar, e agora como escritor. Seus admiradores não param de crescer e já são numerosos no alémmar, mérito que poucos autores brasileiros, à exceção dos consagrados e obrigatórios para o vestibular, têm. Ganhador do Prêmio Jabuti em duas categorias – “Melhor Livro-Reportagem” e “Melhor Livro do Ano de Não-Ficção” (Câmara Brasileira do Livro) e do prêmio da Academia Brasileira de Letras – “Melhor Ensaio de 2008”, Laurentino Gomes permaneceu três anos consecutivos na lista dos mais vendidos do Brasil e de Portugal. O diferencial, o charme, a graça, o motivo que faz o leitor devorar seus livros – e ele já vai para o terceiro (“1889”) – foi bem resumido pela jornalista portuguesa Rita Ferro, que o entrevistou recentemente: “Laurentino escreve história de um modo cativante”. É isso, na verdade ele consegue “ensinar” história de uma maneira tão simples e tão atraente que é capaz de chegar a um número impensável de leitores no Brasil, um país que ainda tem analfabetos. Este senhor distinto, que sabe cozinhar (se assume um grande pizzaiolo), cuidar do jardim e do cachorro, que adora dar longas caminhadas e ler muito, muito mesmo, sempre encontra tempo para paparicar a mulher e os quatro filhos, já adultos, em prazerosas reuniões em sua casa em Itu, uma das cidades mais ensolaradas de São Paulo. Lá é onde encontra energia para escrever e de onde organiza sua vida profissional, dividia Showroom: Em que momento você resolveu que ia escrever um livro? Laurentino Gomes: Duas coincidências da vida. Eu trabalhava na Veja, era editor executivo em 1997 e a revista tinha um projeto de escrever uma série de especiais sobre a história do Brasil para distribuir de brinde aos leitores. Meu editor era o Tales Alvarenga, já falecido. E eu fiquei encarregado de coordenar uma equipe que ia fazer o especial sobre a chegada da Corte Portuguesa ao Rio de Janeiro. Procurei a orientação de uma historiadora importante em São Paulo, chamada Maria Odila Leite da Silva Dias, que me passou a bibliografia básica. Mas depois de algum tempo, o projeto foi cancelado. Aconteceu o que no jargão das redações chamamos de “a pauta caiu”. Eu fiquei chateado, mas mantive a ideia de que na comemoração dos 200 anos da chegada da Corte ao Brasil, em 2008, haveria a oportunidade de um livro-reportagem sobre o assunto. Então, fui complementando a pesquisa aos poucos, porque, no começo, me deu uma preguiça muito grande de escrever esse livro...(risos), mas acabei me animando, escrevi, e aí aconteceu a grande surpresa: o livro virou um best-seller de uma hora para outra. Meu editor me ligou e disse: “o seu livro está vendendo como pãozinho quente na padaria de manhã!”. E aí começou uma grande transformação na minha vida. Acabei largando o emprego como jornalista de redação, revista e de jornal. Mudei de cidade. Passei a andar pelo Brasil dando aula, dando palestra, participando de feiras literárias, sessões de autógrafo e me animei a fazer outro livro. Acho que foi uma oportunidade que passou diante de mim e soube aproveitá-la. Você é paranaense, não? Fale um pouco sobre a sua infância, a sua família... Meu pai e minha mãe eram agricultores. Eu nasci numa família muito pobre no interior do Paraná. Eles eram cafeicultores numa cidadezinha de três mil habitantes, chamada Água Boa, distrito de Maringá, hoje do Município de Paissandu. Eles estudaram muito pouco. Meu pai fez só até o quinto ano primário – admissão, como era antigamente. Minha mãe só o primeiro ano primário. Mas tem uma faceta curiosa na minha infância: apesar de a gente viver a 120 km da biblioteca mais próxima, que era em Londrina, meu pai era um leitor voraz. Por ser congregado mariano, conseguia emprestados os livros do pároco local. E ele lia livros de história! Eu lembro que, aos seis, sete anos, quando levava o almoço para ele na roça, ele ficava me contando histórias do Império Romano, do Imperador Constantino, histórias da Igreja... Eu acho que vem daí esse meu interesse pelo jornalismo e pela história. É coisa antiga na minha vida... Bem, de qualquer maneira, a considerar a sua infância, você é um grande vencedor... Eu sou muito grato a eles, porque, veja, todas as coisas conspiravam para eu fosse hoje um agricultor pobre, talvez participando do MST no interior de Rondônia (risos). Porque era isso que o futuro sinalizava. A gente morava longe de tudo, de escola, de biblioteca, não tinha nada em casa. Às vezes não tinha nada industrializado além de sal, açúcar, querosene e óleo, mas os meus pais perceberam que precisariam mudar para a cidade para educar os filhos. E foi o que fizeram. Foram para Maringá com o objetivo de que todos os quatro filhos fizessem uma faculdade, e realmente nós fizemos, somos um jornalista, dois engenheiros e um advogado. Enveredar pelo jornalismo, naquela época, não era nada glamoroso... Não, não era não. Engenheiro e advogado, ok. Faltava um médico. Inclusive, minha mãe, no começo, queria que eu fosse fazer concurso para o Banco do Brasil. Ela achava que era a via segura. E como você detectou o gene do jornalismo? Foi meio por acaso. Durante o segundo grau – científico, no meu tempo - comecei a participar de um grupo de teatro amador em Maringá. Nós ensaiávamos numa sala cedida pela Universidade Estadual de Maringá até as 3, 4 horas da manhã. Na época minha intenção era cursar psicologia, aliás, uma área que me encanta até hoje, mas dois colegas do teatro estavam decididos a fazer jornalismo e acho que me influenciaram. O curioso é que eu segui a carreira e eles dois não. Hoje fazem outra coisa na vida. SHOWROOM E entre palestras, participar de feiras literárias e dar aulas em escolas, hoje, seu ofício preferido: “Meus livros estão sendo adotados no paradidático e isso me dá muita satisfação, além de possibilitar um encontro com os estudantes, como o de agora há pouco. Acabo de sair do Parque da Água Branca (São Paulo) onde me reuni com estudantes e professores de uma escola da zona leste. Foi muito bacana. Isso não resulta na venda de um único exemplar, mas eu saio desses encontros cheio de mim, porque tenho a certeza de que estou mexendo com a vida das pessoas, aliás, missão inerente ao exercício do jornalismo”, disse Laurentino, logo ao sentar-se na mesa da padaria onde conversou com Showroom por duas horas e meia. 9 tinha ficado rico. Era o equivalente a ter ganhado muitas vezes na loteria esportiva, que era a grande loteria da época. Fiquei uma semana em Serra Pelada sem esse cara me atender, até que um dia descobri onde ele estaria e armamos uma tocaia, o fotógrafo e eu. Com uma teleobjetiva, o fotógrafo conseguiu tirar as fotos, e eu me aproximei. Ele me disse: “Sei que você está à minha procura, entra na caminhonete que eu vou conversar com você.” Ai me levou para o aeroporto. “Eu vou te dar um conselho, e você leve muito a sério: pegue esse avião que vai sair agora e nunca mais volte aqui.” Eu já tinha fotos, tinha apurado tudo, já tinha a matéria. Na semana seguinte, o Tales, meu chefe, me falou: “Eu não quero lhe assustar, mas ligaram da Serra Pelada dizendo que o garimpeiro contratou um pistoleiro para matar você. O que você quer que a gente faça?” Eu disse: “não sei, vou para Rondônia fazer uma matéria, Depois você veio para a Revista Veja? quem sabe esse sujeito me esquece.” E Isso, fui para a Veja, na sucursal de Curitiba. de fato nunca aconteceu nada comigo. Depois fui correspondente em Belém, cobrindo Alguns anos depois eu estava no Recife toda a região amazônica. Eu cobria 57% do e me ligou um advogado, dizendo: “Nós território nacional sozinho. Foi um período fomos contratados por uma mulher aqui muito interessante, porque o Chico Mendes de Curitiba para procurar o marido dela.” estava em atividade, Carajás estava sendo A história é a seguinte, esse garimpeiro inaugurada, Serra Pelada estava no auge. Tudo era um cobrador de ônibus, pobre, que aquilo eu testemunhei, o formigueiro humano... morava em uma favela em Curitiba. Em seguida fui trabalhar no Nordeste. Morei Um dia sumiu, desapareceu. E a família dois anos no Recife. Vi a eleição do Arrais, nunca mais soube dele, até que um dia a primeira eleição depois que ele voltou do essa mulher pegou um número antigo exílio. Depois voltei para Curitiba, para chefiar da Veja e viu a matéria do cara que tinha a sucursal da Veja. Acompanhei a Constituinte, “bamburrado” (enriquecido) em Serra Ulisses Guimarães, governo Sarney e aí vim Pelada. Foi aí que entendi por que ele para São Paulo, trabalhar no Estadão e no JT, não queria dar entrevista. A mulher tinha cobrindo política. Eu sempre fiquei entre as contratado o advogado para dividir a editorias de Geral e Política, principalmente fortuna. Curiosamente, esse garimpeiro em Geral. Fui editor de Geral do Estadão, se envolveu no massacre de posseiros no de Política do JT e de Cidades do JT. Depois interior do Pará, matou três posseiros voltei para a Abril, para fazer um projeto de e estava foragido da Justiça. São essas regionalização. Editei 11 Vejinhas regionais. E coisas que me marcam como repórter. No essa é a minha história na Veja. Fiquei bastante jornalismo, às vezes, você tem sorte para tempo lá. Até 2001. descobrir informações novas com as quais você não esperava trombar, mas também, Qual foi a matéria, reportagem, que você às vezes, precisa se livrar do perigo. Pode fez que ficou marcada? ser uma profissão muito perigosa, às vezes. Eu fiz algumas coisas interessantes. Por exemplo, tem um evento que eu nunca É uma experiência e tanto... contei em público, mas que foi muito Na minha carreira jornalística tem um marcante na minha vida. Quando era aspecto importantíssimo para o que eu correspondente em Belém fui fazer sou hoje. Eu tive a oportunidade de morar uma matéria sobre um garimpeiro que em todas as cinco regiões do Brasil. Isso E o primeiro trabalho? Sai de Maringá e fui estudar na Universidade Federal do Paraná, em Curitiba. Morava sozinho. Trabalhava à noite, no Serpro, das 19h00 a 1h00 da manhã, digitando declarações de imposto de renda e estudava das 7h00 às 17h00, quer dizer, quando conseguia dormir mais ou menos era das 18h00 à meia noite. No segundo ano de faculdade, eu virei estagiário no jornal que estava sendo criado, o Correio de Notícias. Foi um alumbramento na minha vida! A primeira vez que entrei no jornal e o sujeito falou que além de eu ser jornalista eu iria ganhar salário, achei um exagero! (risos) Era uma coisa maravilhosa. Tudo o que eu queria era ser jornalista. Fui repórter de política, cobrindo a câmara municipal de Curitiba e depois a Assembleia Legislativa. Mais tarde fui contratado para ser correspondente do Estadão em Curitiba. Trabalhei quatro anos, vi a inauguração de Itaipu... 10 me deu uma visão de Brasil que poucos colegas têm. O jornalista geralmente fica no eixo Rio – São Paulo - Brasília ou na sua região de origem. Então, hoje, quando eu faço uma matéria, um capítulo sobre a Confederação do Equador em Pernambuco, eu sei onde fica o Forte das Cinco Pontas e onde foi fuzilado o Frei Caneca. Quando falo da Revolução Farroupilha sei exatamente onde aconteceu. Isso me ajuda a ter uma dimensão de Brasil. Você acabou de cometer um ato falho, disse: “quando eu escrevo uma matéria” ou um capítulo. Hoje você é um jornalista-escritor ou um escritorjornalista? Isso é uma coisa que me perguntam com muita frequência - ”Você mudou de profissão?” O que mudou foi o formato. Eu continuo sendo jornalista como sempre fui. Antes eu era repórter e editor de jornal e revista. Hoje escrevo livro-reportagem, mas sou jornalista. Eu não sou historiador, eu não sou doutor, aliás, eu relutaria em me identificar como escritor, porque todo jornalista é, por natureza, um escritor, ele tem que escrever. Eu sou na essência um repórter, quer dizer, eu olho a história do Brasil com os olhos de um repórter. Então, eu só mudei de formato, mudei minha rotina de trabalho. Agora não vou mais à redação, agora acabou aquele negócio de ter o convívio dos colegas, mas eu sou um repórter, escrevendo sobre a história do Brasil. Quando você lançou o “1808” já tinha saído da Abril? Não, ainda não. Essa foi uma das decisões mais difíceis que eu tomei na minha vida, porque eu pesquisei e escrevi o “1808” sendo executivo da Editora Abril, portanto, era um negócio que me dava muito trabalho, tinha muita responsabilidade. Eu escrevia de fim de semana, nas férias, à noite. Foram 10 anos trabalhando. Aí eu lancei o livro e aconteceu a surpresa do “1808” se transformar em um bestseller. Naquele momento fui confrontado com uma decisão que era inevitável. Ou eu abandonava o livro e continuava como editor da Veja e via um sonho passar na minha frente, ou me dedicava ao livro e abria mão do emprego, com salário e carro da empresa. Vivi um conflito de interesses, porque para divulgar um livro é preciso ter uma assessoria de imprensa que vá à Folha, ao Estadão, à Época, e sendo executivo da Abril seria constrangedor dar entrevista para um veículo concorrente. Da mesma Quanto tempo durou esse conflito? Eu lancei o livro em Setembro e sai em Maio. Foram oito meses. A Abril foi muito generosa comigo. Me ajudou a tomar a decisão, inclusive, conversei muito lá dentro. Eu saí bem, mas no começo foi muito difícil. Meu plano A era continuar como executivo da Abril, me aposentar lá e depois fazer um livro de história, que era meu plano B. Só que o plano B, de repente, virou o plano A. O que fez “1808” explodir? Vários fatores combinados. Em primeiro, a pesquisa bem feita, a reportagem bem apurada, o uso de fórmulas de edição que aprendi ao longo de 30 anos nas redações. Fazer um título provocativo de capa, como “a Rainha Louca, uma corte corrupta...”, para provocar o leitor. Ser muito acessível na linguagem. Estruturar um texto para que não seja muito maçante e nem muito banal. Fazer legendas e diagramação bem feitas. Ter um projeto gráfico atraente. Isso tudo ajuda. Em segundo lugar, me envolver no trabalho de divulgação do livro, que é uma coisa que nem todos os escritores fazem. Eu botei o pé na estrada. Nesses últimos quatro anos eu participei de mais de 250 eventos, palestras, aulas, feiras literárias, bate-papo com leitores. Visitei mais de 100 cidades, e faço isso o tempo todo. Acho que o principal garotopropaganda do livro é seu próprio autor. O leitor gosta de conversar com o autor. E o tema história também é atraente... Sem dúvida, a história é um assunto que está cativando as pessoas cada vez mais porque na sociedade pasteurizada, onde todos se vestem igual, comem as mesmas coisas e vêem os mesmos canais de TV, seja no Brasil, na Índia, na China, na Inglaterra, as pessoas estão sentindo falta de âncoras, de referências profundas, e duas coisas vão se tornar cada vez mais importantes: religião e espiritualidade, e história. E é o que acontece hoje no mercado editorial. Quando se olha nas listas dos mais vendidos vê-se o padre Marcelo Rossi ou o esoterismo, que é um tipo de espiritualidade disfarçada. E história virou o grande assunto do momento, você vai a uma banca de jornal e há vários títulos de história. E no Brasil tem um fator complementar: as pessoas estão em busca de explicações para o Brasil do presente. Depois da redemocratização, com o fim da ditadura, do regime militar, o brasileiro alimentou a falsa ilusão de que era muito fácil resolver os problemas do País. Fazer uma Constituinte, eleger um presidente populista e adotar uma medida provisória seriam suficientes para o Brasil virar um país de primeiro mundo. As pessoas estão chocadas com a persistência da corrupção, da desigualdade social, da ineficiência do Estado, da criminalidade, e agora questionam por que é tão difícil construir o Brasil. Então, a história entra com caráter instrumental, olha para o passado e consegue entender o Brasil de hoje. Vejo isso nas minhas palestras, falo sobre eventos de 200 anos atrás e na hora das perguntas voltase para o Brasil de hoje. As pessoas querem saber de onde veio a corrupção, se a herança portuguesa foi boa ou não... Hoje você vive de literatura? Sim, vivo da literatura. Existia o mito de que era impossível viver de livros no Brasil, mas acho que se o escritor for profissional, levar a sério, escrever direito, numa linguagem que as pessoas entendam, abordar um assunto relevante, escolher uma boa editora, dá para viver e viver muito bem de livro no Brasil. Claro que aos 51 anos de idade, que foi quando tomei a decisão de viver de literatura, fica mais fácil do que aos 20. Eu já tinha os filhos criados, uma casa paga, um certo pé de meia... Agora, se o escritor quiser atingir toda a sociedade mesmo, precisa ter uma estratégia multimídia, então, eu tenho site, estou no Twitter, estou no Facebook, estou no Orkut. O escritor de hoje precisa aprender a desenvolver conteúdo para esses formatos, como é o caso do áudio livro e e-book. O Twitter tem 140 toques, é outra linguagem, o que era um título é a mensagem inteira agora, mas para atrair o leitor jovem, que já não lê tanto no papel, é preciso estar na internet. E a pirataria? Muita gente pode baixar os seus livros de graça... Não me assusto com a pirataria. As novas tecnologias oferecem mais oportunidades do que ameaças, desde que se esteja aberto a elas. Por exemplo, a pirataria é horrível, mas ela pode até estimular a leitura de uma pessoa que em princípio não compraria o livro. Se alguém pirateou o “1808” e comprou o “1822” porque gostou do meu estilo, já é lucro. Além do mais, acho que a pirataria é uma coisa passageira e não ameaça ninguém, a não ser a indústria da música, até porque a indústria da música não soube aproveitar as oportunidades digitais, mas na indústria editorial é diferente. Veja o áudiolivro, é de simples produção, queima-se um CD e pronto. É ótimo para os cegos, ao contrário do braile que é caro, e também para um novo leitor, que é o cidadão que passa três ou quatro horas no trânsito. Nos Estados Unidos esse mercado é enorme já que são muitas as pessoas que se deslocam de suas cidades para trabalhar em grandes centros. Essas pessoas vão ouvindo um livro em vez de ouvir uma emissora de esporte, de música. Eu próprio gosto de baixar o livro e ouvir no iPod, andando com o cachorro ou no avião. Dirijo uma hora para ir e outra para voltar de São Paulo toda semana, de forma que leio um livro no carro a cada três semanas mais ou menos. No começo é meio desconfortável, precisa mais atenção, mas depois a gente se acostuma e fica ótimo. Você saiu de São Paulo? Moro em Itú, em um condomínio com minha mulher Carmen, e uma labradora, Lua. É um lugar muito bom para fazer pesquisa, bom para escrever. Tem mato, lago, passarinho...É uma volta às raízes de menino de roça. Mas ao mesmo tempo, estou a 30 minutos do Aeroporto de Viracopos, sem um único sinal de trânsito pelo caminho, o que é importante para quem viaja muito. Num dia estou no Piauí, no outro em Brasília, no seguinte em São Paulo. Viajo para dar palestra, para falar o que já fiz e pesquisar sobre o que vou fazer. Mas trabalho mesmo em casa, já que a internet facilitou a vida, disponibilizando aquela quantidade de fontes. Imagine, para fazer o “1808” tive que ir à biblioteca do José Mindlin, no Brooklin, em São Paulo. Agora aquela biblioteca está sendo toda digitalizada, e eu, de casa, já consigo acessar a biblioteca Mindlin. Quantos livros você leu para escrever o “1808”? Às vezes não é preciso ler o livro inteiro, mas foram mais de 100 fontes de referência no primeiro livro, mais de 150 fontes no segundo e no terceiro serão mais ainda, porque na medida em que se avança no tempo, a história vai ficando mais complexa. Por exemplo, no começo do século XIX o mundo era relativamente simples: navegação à vela, as pessoas andavam a cavalo, a comunicação era por carta. No final do século XIX já entra em cena o telégrafo, o telefone, o automóvel, a luz elétrica, a cura para um monte SHOWROOM forma seria constrangedor ser capa da Vejinha trabalhando lá... Eu decidi sair e me dedicar totalmente ao livro. E acho que foi a grande decisão que tomei na vida. Hoje eu estou realmente muito feliz. 11 de doenças. Aparecem Darwin, Freud, Marx...É uma coisa impressionante a mudança, e também aumenta o número de nossas personagens - Joaquim Nabuco, a Princesa Isabel, o Marechal Deodoro, o Marechal Floriano... Você conta com mais gente para essa fase de pesquisa? Não, faço tudo sozinho e há uma razão: delegar esse tipo de coisa torna o resultado final muito impessoal. E o interlocutor percebe isso. Por exemplo, eu poderia contratar alguém para fazer o perfil do José Bonifácio (de Andrada e Silva), mas, às vezes, tem uma pepita de ouro escondida dentro de um parágrafo que muda toda a história, e que só você percebe. Dá mais trabalho, mas surpreende o leitor. Então, falar que o José Bonifácio usava um rabicho no cabelo que escondia embaixo da casaca em cerimônias é uma informação que muda o perfil do Patriarca da Independência. Ele passa a ser mais humano, mais pitoresco. É uma coisa que o jornalista aprende depois de muitos anos de experiência, uma mistura de números, datas e coisas divertidas. É como na alta gastronomia: os ingredientes estão todos aí, à disposição de qualquer um, mas somente um grande chef experiente consegue fazer um prato de alta gastronomia. Há alguma pepita de ouro especial que você tenha encontrado em suas pesquisas? 12 Em “1822” escrevi o capitulo “Batalha do Jenipapo”, um episódio incrível acontecido no sertão do Piauí durante a Guerra da Independência. Um bando de gente enlouquecida - vaqueiros, um juiz, vereadores, velhos e adolescentes - enfrenta uma tropa portuguesa, resultando em um massacre: morreram cerca de 400 pessoas contra apenas 19 portugueses e ninguém, nunca, havia ouvido falar disso fora do Piauí. Mas no Piauí, obviamente, se orgulham muito deste episódio. A comemoração de 188 anos da Batalha foi agora, na segunda quinzena de março, e por ter dedicado um capítulo a ela fui recebido como um herói! Fui convidado a falar no Senado em sessão solene. E o senador que me convidou me disse uma coisa muito interessante: “você não faz ideia do que você mexeu com o Estado. Nós éramos o mais pobre da Federação até recentemente, depositário de todos os preconceitos do centro-sul, e nós estamos aqui tentando atrair investimentos e melhorar a educação, mas a prioridade é recuperar a autoestima dessas pessoas, e você, no seu livro, promoveu a nossa autoestima.” Se um historiador piauiense contasse a “Batalha do Jenipapo” não teria menos importância, mas um cara de fora, do sul, escrever esse capítulo, muda tudo, é uma contribuição para uma transformação regional importante. A propósito de historiadores, como você recebe a crítica deles? O que me incomoda é a critica corporativista. Às vezes um historiador acadêmico reage a priori, dizendo: “é jornalista, não deveria escrever sobre história do Brasil.” Isso me deixa maluco! Quer me criticar, leia o meu livro e aponte os erros, e aí, sim, eu aceito. Nem entro em discussão, essa reação cartorial, corporativista, de que história é terreno exclusivo de historiador e não de jornalista. Se assim fosse, economia é terreno de economista, futebol é só de técnicos de futebol e o jornalismo deixaria de existir. O importante, o foco, tem que ser o leitor. Se ele está gostando, se está reagindo, se está mudando a vida dele, tudo bem. Claro que preciso de uma validação da Academia, mas ela precisa entender que estou fazendo um trabalho de divulgação científica. Não sou um pesquisador primário, sou um jornalista escrevendo sobre história do Brasil, mas poderia escrever sobre astronomia sem ser astrônomo ou sobre cardiologia sem ser cardiologista. E a crítica da imprensa? Inevitavelmente, na hora em que se deixa de ser jornalista e se vira fonte, a gente se surpreende com algumas coisas. E na hora que vemos uma matéria que não retrata bem aquilo que dissemos, que a informação está meio distorcida, aquilo que a gente ouvia das nossas fontes acontece mesmo. Mas nunca reclamo, jornalista tem total liberdade para escrever o que quiser. Depois, para aquele jornalista especificamente não dou mais entrevista, mas não mando carta, não peço correção, nada disso. É assim, a imprensa é de uma natureza muito diversa, então tem excelentes jornalistas e outros ruins, é assim mesmo, e tem que se conviver com isso. Qual é o seu projeto atual? Agora vou fechar uma trilogia... Essa coisa é como um novelo de lã, se puxa uma ponta e vêm coisas que não se imaginava que viriam, então fiz o “1808” num tipo de acaso, uma coincidência que puxou o “1822”, e para fechar a história da Corte Portuguesa no Brasil então é preciso contar o que foi a consequência, a Independência. Preciso contar a história de “1889”, preciso explicar por que o Brasil continuou esta flor exótica na América do Sul, uma Monarquia cercada por Repúblicas durante 67 anos, e por que virou República depois. São três datas ícones do século XIX que explicam a construção do Estado brasileiro: a vinda da Corte, a Independência e a ruptura no processo político, que foi a República. Agora estou na fase de pesquisa, mas pretendo lançar até 2013. Vamos rever o tema agressão? Antes mesmo de apontar vítimas e culpados sobre o caso australiano Zangief Kid, que envolveu diretamente duas crianças em atos agressivos e violentos, é fundamental que se estabeleça a reflexão que permita analisar honestamente, e com maior alcance, alguns aspectos presentes na agressividade existente no ser humano, o Homo sapiens modernizado, mas em formação social que requer mais avanços evolutivos apesar do que já conquistou até então. P 16 Por Armando Correa de Siqueira Neto ara tanto, vale a pena recorrer aos estudos realizados nas últimas décadas, os quais apontam o homem como um ser ainda dotado de estruturas cerebrais primitivas, cujas funções estão relacionadas à sua sobrevivência. Ou seja, quer se goste ou não, não somos o “bom selvagem” poetizado por Jean-Jacques Rousseau no Século XVIII, vítima apenas da sociedade que corrompe sem qualquer escrúpulo. A nossa natureza nos predispõe ao desencadeamento de comportamentos agressivos, por vezes impensados, diante de uma combinação de fatores. Não somos meramente bichos descontrolados, é claro que não. Apenas não se pode defender a tese de que somos anjos mal resolvidos. Tampouco se defende aqui a permissividade da agressão natural apenas pela compreensão inevitável de que as informações genéticas milenares estão entranhadas em nós em tom determinista. O psicólogo evolucionista estadunidense Steven Pinker, por exemplo, vem estudando a violência humana há considerável tempo e alega que a maior dificuldade de compreensão a seu respeito é que há significativa resistência por trás das muitas trincheiras sociais cuja crença no homem puramente bom, porém desvirtuado na sua trajetória natural, impede que se pense de modo mais crítico, levando o mito ao seu infeliz fortalecimento. Assim, emplacase continuamente a ideia de que as causas da violência a serem combatidas encerramse apenas nos sistemas sociais e nos projetos de educação, sentenciando, pois, a crucificação de muitos pais (vários são exemplarmente bons!) em relação aos seus filhos. É evidente que o sistema inadequado contribui ao desencadear certas informações contidas nos genes. Somem-se à receita os disparos fisiológicos decorrentes e o impulso agressivo emerge em vários formatos. Mas eis que o DNA se mostra qual um importante protagonista na novela da convivência que ainda requer altruísmo e bom senso. Ainda, acrescente-se o fato de estarmos experimentando transformações individuais e coletivas cada vez mais rapidamente frente aos avanços tecnológicos, enxurradas de informações e aumento populacional de quase 7 bilhões de habitantes ao redor do globo competindo por uma vaga de trabalho, sem falar nos que disputam por itens básicos como água e comida cotidianamente, uma perigosa combinação que pode levar a inadaptações, resistências e toda sorte de efeitos que variam enormemente. Não há uma resposta pronta, existem ponderações a respeito (fontes científicas oferecem mais sustentação e minimizam a margem de erro). Então, sem atirar a pedra da pretensa “justiça” no garoto Richard Gale, nem depositar a capa do heroísmo no jovem Casey Heynes, as intervenções sociais deveriam repensar a forma de controle contra tais abusos de forma objetiva e eficaz, é óbvio. E por outro lado, valendose do poder da educação, muitas escolas poderiam direcionar aos seus alunos o conhecimento acerca da sua real natureza, na tentativa de estimulá-los à reflexão da própria condição em que se encontram (reduzindo o autoengano a respeito da santidade terrena), ponto de partida para mudanças internas fundamentais, capazes de, um tanto que seja, acompanhar outras conquistas obtidas. Armando Correa de Siqueira Neto é psicólogo (CRP 06/69637), palestrante, professor e mestre em Liderança. Coautor dos livros Gigantes da Motivação, Gigantes da Liderança e Educação 2006. E-mail: [email protected] Criatividade, habilidade e talento individuais, condições para criar riqueza Por Rosângela Lotfi 18 Desde o início dos tempos a criatividade, isto é, a capacidade de criar o novo, de reinventar, de diluir padrões tradicionais e encontrar soluções para novos e velhos problemas, é vista como motor da inovação. Isso nunca mudou. O que mudou, desde meados dos anos 1990, é que não só a criatividade, mas as ideias, a imaginação e a inovação, enfim, o capital humano, são os principais insumos da economia do conhecimento que, aliás, vai muito bem. ssim como criatividade é uma palavra com múltiplas definições, economia criativa ou do conhecimento também engloba múltiplos conceitos. O termo originou-se na Austrália, em 1994, inspirou-se no projeto Creative Nation, que defendia a importância do trabalho criativo e a contribuição deste para a economia australiana. Em 1997, a geração de riqueza e de negócios a partir do pensamento humano, que produz através do cérebro, ao invés de fabricar com máquinas, diferente, portanto, daquela oriunda do capital financeiro (indústrias e serviços), ganhou maior relevância no governo do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair. Diante dos desafios da globalização, da competição acirrada, Blair criou uma força tarefa multissetorial para analisar as tendências de mercado e as vantagens competitivas nacionais. A Grã-Bretanha identificou 13 setores que têm sua origem na criatividade, habilidade e talento individuais e que Secretaria da Economia Criativa Independente das definições, a economia que depende de boas ideias é a terceira maior indústria do mundo, atrás somente de petróleo e de armamentos. Segundo a consultoria PricewaterhouseCoopers, movimenta anualmente US$ 1,8 trilhão no mundo. No Brasil, fatura por ano R$ 380 bilhões, de acordo com a Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) ou 16,4 % do PIB em áreas como arquitetura, cinema, moda, design, “Artesanato gera menos PIB, mas gera qualidade de vida e emprego com impacto social, cultural, econômico e ambiental” SHOWROOM A apresentavam potencial para a criação de riqueza. São eles: propaganda, arquitetura, mercados de arte e antiguidades, artesanato, design, moda, cinema e vídeo, software de lazer, música, artes do espetáculo, edição, serviços de computação e software, rádio e TV. Mesmo esses setores não são unanimidade porque a economia criativa pressupõe a diversidade e as vantagens comparativas de cada país. Além dos já citados, entram na lista turismo, gastronomia, folclore, joalheria e outros. 19 turismo cultural, música, cultura popular, artesanato, gastronomia, jogos eletrônicos etc. Lala Deheinzelin, especialista internacional em economia criativa O reconhecimento da economia criativa chega 17 anos atrasado Recentemente uma novidade animou os defensores brasileiros da economia do conhecimento: a nova gestão do Ministério da Cultura criou uma secretaria da Economia Criativa. A julgar pelos números e por iniciativas como estas, vamos bem neste assunto no Brasil? “Não”, diz o professor Gilson Schwartz, líder do grupo de pesquisa Cidade do Conhecimento da Universidade de São Paulo (USP). “O Brasil está muito atrasado no investimento em infraestrutura tecnológica e formação profissionalizante voltadas para a emancipação digital, a inclusão digital que gera riqueza, identidade e conhecimento, não apenas oportunidade de consumo de máquinas ou serviços de massa.” O reconhecimento da economia criativa chega 17 anos atrasado, mas, como afirma Schwartz: “mudança cultural e prática ocorre aos poucos e, sempre é bom lembrar, com recuos, fracassos e desvios.” “Ter um hardware sem software” A ex-atriz Lala Deheinzelin, hoje especialista internacional em economia criativa, sustentabilidade 20 e futuros, também comemora a criação de uma secretaria só para cuidar do assunto, mas lamenta que ela não seja multissetorial. Lala, que já foi à China oito vezes como consultora de apoio do governo chinês para a inserção da indústria criativa na pauta econômica, salienta o atraso do Brasil. “A China, por exemplo, já incluiu no seu último plano quinquenal a economia criativa e a economia verde como pernas da atividade econômica. Nós ainda não temos processos e instrumentos claros de gestão. É como ter um hardware sem software. E a Copa é um exemplo claro. Vamos construir estádios (hardwares), mas quem vai gerenciá-los? E depois da Copa? E antes, quem vai treinar os motoristas de táxi para falar com os turistas.” Lala Deheinzelin afirma que o Brasil perde dinheiro e desenvolvimento por não cuidar da economia criativa. “É impressionante como não vemos quanto isso é estratégico. O custo do emprego na economia criativa é muito menor do que em outros setores. O custo do emprego na área petroquímica é de US$ 210 mil, segundo dados globais de 2000. No segmento automobilístico, US$ 90 mil, em artesanato, US$ 75. Artesanato gera menos PIB, mas gera qualidade de vida e emprego com impacto social, cultural, econômico e ambiental.” “O que agrega valor é inteligência” O mundo mudou. As empresas mudaram. E a moeda dos negócios passa a ser cada vez mais o compartilhamento, explica o professor Gilson Schwartz, ao dizer que ao longo da história, as mudanças econômicas sempre foram associadas a transformações, por meio dos quais nos relacionamos com a natureza (agricultura, exploração de fontes energéticas como água, tração animal, vapor ou combustíveis fósseis), ou com outras pessoas (servidão, escravidão, trabalho assalariado). “Pela primeira vez na história a mudança econômica não está relacionada com instrumentos para manipular o material natural ou humano. O que agrega valor, o que abre mercados, o que gera riqueza é o uso competente de tecnologias “O Brasil, um país culturalmente criativo, será uma plataforma para modelos diversificados e autossuficientes na indústria criativa” da inteligência, ou seja, tecnologias de informação e comunicação, as chamadas TICs, que se tornam o principal motor do desenvolvimento econômico, político e cultural. A economia do conhecimento existe quando criar valor depende da inteligência coletiva mediada por redes digitais.” O capitalismo se reinventa Mesmo atada aos modelos de consumo de massa do século XIX, não quer dizer que o novo capitalismo do século XXI, como Schwartz chama a economia criativa, não chegou. “Os meios de registrar nossas memórias, conhecimentos e atividades evoluíram animados por uma redução radical nos custos de coordenação numa Tecnologias de informação e comunicação, as chamadas TICs, são o principal motor do desenvolvimento econômico, político e cultural SHOWROOM Gilson Schwartz, líder do grupo de pesquisa Cidade do Conhecimento da Universidade de São Paulo (USP) variedade impressionante de atividades humanas. A colaboração no mercado chegará a níveis inéditos, privilegiando o acesso compartilhado em detrimento da propriedade pura e simples. O capitalismo se reinventa, valorizando uma nova forma de coletivismo.” “Ao valorizar a singularidade, o simbólico e o intangível, três pilares da economia criativa, surge uma oportunidade de resgatar o cidadão (inserindo-o socialmente) e o consumidor (incluindo-o economicamente), através de ativos que lhe são próprios como formação, cultura e raízes. Esse quadro de coexistência entre o universo simbólico e o mundo concreto é o que transmuta a criatividade em catalisador de valor econômico”, comenta Ana Carla Fonseca Reis, da consultoria Garimpo de Soluções, que atua com economia, cultura e entretenimento. No futuro, diz ela, a identidade e a cultura locais serão ferramentas preciosas para o desenvolvimento da criatividade. “O Brasil, um país culturalmente criativo, será uma plataforma para modelos diversificados e autossuficientes na indústria criativa, que ao focar em criatividade, imaginação e inovação não se restringe a produtos, serviços e tecnologias, engloba também processos, modelos de negócios e de gestão.” 21 Luzes da ribalta E 24 Por Fernando Calmon mbora apenas 20% das viagens rodoviárias ocorram à noite, esse período responde por 40% dos acidentes fatais. Graças ao avanço da eletrônica de bordo, desde 2005 o Mercedes-Benz Classe S traz o assistente de visão noturna capaz de detectar pessoas além da distância de alcance dos faróis. Raios infravermelhos avaliam a emissão de calor de humanos e projetam a silhueta em um mostrador no quadro de instrumentos. No final do ano passado, foi anunciada a evolução desse sistema, que chegará aos mercados em meados deste ano como dispositivo adicional de série. Trata-se de um facho de luz específico, semelhante ao de canhões de luzes nos espetáculos artísticos, capaz de iluminar o pedestre com a dupla função de melhorar a visibilidade do motorista e advertir ao próprio pedestre sobre a aproximação do veículo. Estudos mostraram que esse tipo de sinalização é perfeitamente entendido e diminui os riscos de atropelamento noturno. Para desenvolver esse recurso extra de segurança utilizou-se uma complexa combinação de recursos tecnológicos e de programas de coordenação a bordo. Emissor de raios infravermelhos invisíveis, colocado juntos aos faróis do automóvel, pode sentir a presença de uma pessoa até a 80 metros de distância. A câmera colocada no alto do para-brisa capta precisamente o que está acontecendo à frente. A projeção da imagem feita no quadro de instrumentos permite ao motorista ver pedestres, ciclistas ou obstáculos. Uma das situações mais estressantes para quem dirige de noite em estradas é não enxergar em tempo um pedestre no acostamento ou mesmo na beira da estrada. O risco de atropelamento é muito maior de noite do que de dia. Estudos no exterior, como o do Instituto de Pesquisas de Rodovias Federais Alemãs, apontam: cinco vezes mais pedestres morrem à noite do que durante o dia. Uma segunda câmera, já existente para controle automático de distância e de faixas na estrada, capta se o carro está sendo dirigido à noite, numa estrada ou na cidade, e se algum veículo se aproxima em sentido contrário. Uma unidade de monitoração e controle decide se é possível advertir o pedestre por meio de um facho específico, sem causar qualquer tipo de ofuscamento a outros usuários da estrada. Os cálculos executados em frações de segundo são a garantia de que nada irá perturbar o fluxo de trânsito ou comprometer a visibilidade dos demais motoristas. O sistema permite emitir até quatro sinais de advertência dentro do cone de iluminação projetado pelos faróis. Existe um gerenciamento inteligente, pois o farol esquerdo pode se manter com facho alto, enquanto o direito muda para facho baixo a fim de evitar o ofuscamento do pedestre. Se este desaparece do alcance da câmera por ter se afastado da borda da estrada ou porque o carro já o ultrapassou, o facho alto volta automaticamente depois de cinco segundos. Dessa forma o motorista pode ter sua visão e iluminação máximas da estrada restabelecida de forma rápida e segura. Este novo recurso de segurança ativa faz parte da evolução no sistema de iluminação dos automóveis, que se acelerou no começo dos anos 1990, com o advento das lâmpadas de xenônio, inicialmente apenas para o facho alto dos faróis. Fernando Calmon ([email protected]) é jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna Alta Roda começou em 1999. É reproduzida em uma rede nacional de 65 publicações entre jornais, revistas e sites. É, ainda, correspondente para a América do Sul do site just-auto (Inglaterra). Programação O primeiro evento ocorreu em novembro do ano passado, com a presença de representantes da UNIGRAN. Para o próximo mês de abril, os “workshops”, que terão início sempre às 13:30 horas, obedecerão a seguinte programação: 11/4/10 – UNISUL / Porto Alegre; 12/4/10 – UNICAR / Florianópolis; 13/4/10 - UNIPAR / Curitiba; 18/4/10 - UNILESTE, UNINOROESTE E UNISUDOESTE / Campinas. O compromisso da alta direção Nos dias atuais há uma tendência de intensificação da atuação das autoridades da área ambiental, com o aumento do número de autuações, especial por parte dos órgãos municipais, estando algumas concessionárias submetidas a licenciamento ambiental. C 26 Por Ricardo Carvalho omo vem sendo noticiado, a Assobrav, com o apoio da Volkswagen do Brasil, está promovendo o Programa de Gestão Ambiental, com o propósito de contribuir para o aprimoramento da gestão dos temas ambientais na rede de Concessionários da marca Volkswagen. O princípio da “sustentabilidade” é um dos pilares do mapa estratégico da Volkswagen, sendo o Programa de Gestão Ambiental reconhecido como dos pontos importantes para o cumprimento dessa meta estabelecida pela montadora. O programa está direcionado aos “top managers”, titulares da concessão e primeiros responsáveis pela implantação e consolidação de um sistema de gestão ambiental em suas empresas, pois sem o compromisso da alta direção, a questão ambiental não será adequadamente incorporada no sistema de gestão empresarial da concessionária. Por recomendação da Volkswagen, o convite é extensivo aos Coordenadores de Desenvolvimento (COD), responsáveis pela disseminação das orientações da montadora na concessionária. A Assobrav e a Volkswagen promoverão a convocação dos representantes das concessionárias das regiões, detalhando os locais onde serão realizados os eventos. As palestras serão diversificadas, tendo o “workshop” uma duração média de 4 horas, com a presença de representantes da Assobrav e da Volkswagen. As apresentações ficarão a cargo da CEMA - Consultoria em Meio Ambiente S/C Ltda.-, uma das mais antigas e conceituadas empresas no Brasil na área ambiental, do escritório Pires Castanho Advogados, escritório de advocacia de renome, especializado nas questões do meio ambiente, do CESVI BRASIL – Centro de Experimentação e Segurança Viária, importante centro de pesquisa no segmento automotivo do País e na América Latina; da Concessionária Discautol Carandá, de Campo Grande, MS, concessionária inovadora em temas ambientais e da SPRINT DO BRASIL, exemplo de mudança de paradigma em pequenos reparos de veículos. Na oportunidade haverá a distribuição de manuais temáticos, com foco nas operações das concessionárias, tendo como base a legislação aplicável de proteção do meio ambiente, visto que nos dias atuais há uma tendência de intensificação da atuação das autoridades da área ambiental, com o aumento do número de autuações, especial por parte dos órgãos municipais, estando algumas concessionárias submetidas a licenciamento ambiental. Com foco no melhor desempenho nas questões ambientais, esta é uma oportunidade única para se constatar que a adoção de um sistema de gestão ambiental, despido de complexidade, resultará não só em uma ferramenta para prevenir riscos em relação ao meio ambiente, com conscientização do corpo funcional, mas, também, em economia, face aos resultados positivos para o caixa da concessionária, com a redução de custos em suas operações do dia a dia. Ricardo L. S. Carvalho, advogado. Alaska Grande Terra 28 D Por Carolina Gonçalves escobrir o Alasca é mais que uma aventura. Algumas das paisagens mais incríveis dos Estados Unidos estão lá, imortalizadas pelo gelo. Você pode passar o dia num passeio guiado e voltar para dormir numa cama quentinha no seu hotel. Tem todo tipo de paisagem para ver, geleiras, deserto, passeios de barco bem calmos, ou corredeiras de tirar o fôlego. A expressão ecoturismo cabe aqui como uma luva. O organizado Alasca proporciona a possibilidade de explorar sem atingir o meio ambiente, nem prejudicar a população local. Cultura, natureza e deserto estão lá, ao alcance da mão, por caminhos já traçados, com várias orientações sobre “como não deixar rastros” que vão prejudicar a natureza e as suas criaturas. Se você é fã do filme “A Era do Gelo” vai se sentir em casa. As geleiras da Idade do Gelo são impressionantes, para dizer o mínimo. O Alasca é um dos poucos lugares onde se pode chegar bem perto das geleiras. Os passeios de um dia são feitos em barcos muito confortáveis, com especialistas a bordo, que podem explicar a paisagem tão inusitada. O litoral do Alasca é uma aventura inesquecível. Ao lado das geleiras Nada se compara a ficar aos pés de uma geleira monumental gerando icebergs para o mar. Em Glacier Bay, por exemplo, você fica de frente para uma das mais ativas geleiras de todas. É uma experiência e tanto ver um enorme pedaço de gelo despencar de lá de cima, fazendo muito barulho e deslocando muita água. Sua única reação é torcer para acontecer de novo. Além dos icebergs, em Glacier Bay você ainda pode ver baleias voltando do Havaí, orcas, leões marinhos descansando e focas com seus filhotes. Em College Fjord, você encontra um dos cenários mais intensos do Alasca. Você fica bem ao lado das geleiras. A visão é inesquecível. Ali, o poder da natureza revela-se em uma de suas mais belas e impressionantes faces. A maior de todas as geleiras, chamada Harvard, tem 225 metros de altura, e estende-se abaixo da linha do mar até cerca de 120m. De Havard desprendem-se toneladas de gelo a cada dia. Tracy Arm é um dos cenários mais estonteantes. Um fiorde estreito, de 26 km de extensão. Do convés do navio você verá a exuberante floresta, e na vazante entra num canyon de rocha nua, com montanhas de mais de 7.000m. As escarpas verticais já são uma paisagem exuberante, mas ainda há inúmeras cachoeiras. No final, surgem as geleiras Twin Sawyer. O lugar é mágico e você está tão perto, que se sente parte do cenário. Hubbard Glacier é um gigante de gelo azul brilhante que se estende por quilômetros. Começa nas encostas SHOWROOM O nome vem do idioma aleúte, falado por esquimós-aleútes e significa “grande terra”. Pois a grande terra foi comprada à Rússia, em 1867, por 7,2 milhões de dólares. A ideia foi do Secretário de Estado americano William Henry Seward, muito criticado por querer comprar uma região coberta por gelo e povoada por ursos. Mas seus críticos tiveram que admitir que estavam errados. Grandes reservas de recursos naturais foram sendo descobertas e atraíram milhares de pessoas à região. Em janeiro de 1959 o território tornou-se o 49º Estado Americano. 29 do Monte Logan e estendese por mais de 60 m. Até mesmo os maiores navios parecem pequenos diante dele. Hubbard é chamado de galopante, porque move-se muito rápido. Enquanto o barco navega ao longo do Hubbard, dá para ouvir o alto e profundo barulho do gelo rompendo, e enormes icebergs são lançados ao mar. Pescar salmão 30 Depois de maravilhar-se com as geleiras, entregue-se a outros prazeres. Afinal, você foi até o Alasca e ainda há muito por fazer. Vá descer um rio caudaloso numa balsa. Ou pescar salmão ou alabote. No Alasca os peixes são de primeira linha! A pesca é levada muito a sério. São mais de 627 espécies habitando suas águas. Considerando-se que são milhares de lagos, rios e riachos, o desafio não é pescar, mas decidir onde vai pescar. Você pode até mesmo alugar um hidroavião que vai levar você até um ponto isolado, para pescar num buraco no gelo. Há alojamentos para pescadores em todo o Estado, indo do mais rústico ao mais requintado. Você define que tipo de pescador quer ser. Quer ficar a céu aberto, assando o peixe que pegou numa fogueira? Ou prefere sentar confortavelmente, tomando um vinhozinho, enquanto alguém prepara seu prato? Há também trilhas fantásticas para ser percorridas de bicicleta, ou a pé, andando ou correndo. A cultura única dos nativos está por toda parte, preservada. Há esculturas em totens, dança nativa, música tradicional, artesanato e festivais. E também museus históricos e culturais, centros de tradição. A cultura russa soma-se à nativa, desde o século XVIII, quando os caçadores de peles russos vieram estabelecer-se no Alasca. Com eles vieram tradições e missionários ortodoxos. Hoje, o Cristianismo Ortodoxo tem papel importante Inverno, a melhor estação Diferentes dos ursos, o povo do Alasca não hiberna no inverno. Ao contrário, eles ficam bem acordados para aproveitar a sua melhor estação. Você pode aderir e aproveitar! Não importa se você está em busca da solidão do branco intenso da neve, ou de agito. Tem de tudo, de vida selvagem à vida noturna. O inverno no Alaska não é nem tão frio, nem tão escuro quanto se pode esperar. Os dias têm de 6 a 13 horas de luz, dependendo de onde você está, com longos crepúsculos e madrugadas sem fim. As temperaturas médias ficam em torno de 6º C negativos. Se você gosta de inverno, sabe que é bem confortável. A melhor época do inverno para ir é o fim de fevereiro e março, quando acontecem festivais e eventos. O Alasca aproveita o inverno com muitas aventuras ao ar livre e eventos culturais e artísticos. Você pode ver as luzes do norte, praticar snowboard, snowshoeing, esqui, andar de trenó puxado por cães, de snowmobil. Depois de toda essa atividade, boa comida, cerveja artesanal e um inverno fantástico... Cidades Hora de ir explorar a vida cosmopolita. Comece por Anchorage, cidade das luzes e flores, a maior do Alasca e a mais setentrional dos EUA. Tem perto de 300 mil habitantes e concentra em torno de 40% da população do Estado. A cidade é cercada por seis cadeias de montanhas e tem clima marítimo. Animada o ano todo, tem um calendário intenso de atividades de aventura, esportes, artes e festas. No verão, as flores tomam conta da cidade, enfeitando as casas e fachadas de lojas. São exposições deslumbrantes. Há música ao vivo por toda parte. Já no inverno, a cidade fica iluminada por milhares de SHOWROOM na vida dos nativos. Pode-se visitar lindas igrejas e suas obras de arte e até participar dos ofícios. 31 Compras sem taxas luzes. Vibrante e moderna, não fica atrás de grandes capitais. Tem vida agitada, com bons hotéis e restaurantes. E tudo muito perto da natureza e da aventura. Gastronomia Se você gosta de frutos do mar, esta é a sua cidade. Ostras, caranguejos, salmão, tudo transformado em ótimos pratos por hábeis chefs. Mas o forte mesmo são os cafés. São uma febre na cidade. Oferecem seleções de cafés e chás que atendem aos mais sofisticados paladares. E se o assunto for chocolate, existem lounges especializados na bebida quente, além de trufas feitas à mão. Já as cervejarias locais são maravilhosas. Uma boa pedida é visitar The Midnight Sun Brewing Co. , que produz a cerveja mais famosa da região. Fundada em 1995, fabrica cervejas premiadas como Kodiak Brown Ale, Mammoth Extra Stout entre outras. Lojas exclusivas, galerias de arte, grandes lojas de departamento são beneficiadas pela ausência de taxas, tornando as compras uma excelente opção. Isso sem falar nas coisas que você só encontra no Alasca, como a “ulu”, uma faca inventada pelos nativos há séculos e que serve para praticamente tudo! Ulus tradicionais eram feitas de osso ou de ardósia, com um lado afiado para cortar ou esculpir. As alças de marfim ou de osso traziam esculpidas imagens de animais ou cenas do cotidiano. Até os anos 70 do século passado, só os nativos tinham acesso às ulus. Mas em 1973 foi inaugurada uma fábrica em Anchorage e hoje todo mundo pode ter uma ulu, feita de aço inox. São perfeitas para cortar peixes, legumes, carnes, castanhas, queijos e até pizza. É possível visitar a fábrica e aprender como usar. Você não vai resistir e vai comprar uma. Não se esqueça de colocar na bagagem despachada, para não perder sua ulu na revista do aeroporto. Exclusividades 32 Outro produto que você só encontra lá é o “qiviut” (diz-se quiviute), uma lã do boi almiscarado, tecida à mão para fazer peças de vestuário que aquecem os nativos. Oito vezes mais quente que a lã, mas extraordinariamente leve, é uma das melhores fibras naturais conhecidas pelo homem. Vale a pena conhecer a Oomingmak Musk Ox Producers Cooperative, criada em 1969. A cooperativa pertence a 250 mulheres indígenas, vindas das aldeias litorâneas. Elas tecem a lã segundo seus costumes. Cada aldeia tem um padrão diferente, originado das tradições esquimós. Os produtos da cooperativa são 100% qiviut e na cor natural. Os concertos que tiram todo mundo dos escritórios para as ruas. Depois de um almoço, ao ar livre, programe um passeio para ver obras de arte. O Alasca foi pioneiro na lei do 1% para a arte, que determina que 1% de todos os orçamentos para obras públicas seja usado em obras de arte incorporadas ao projeto. Já são mais de 400 obras de arte públicas, no valor de mais de 11 milhões de dólares. São pinturas, esculturas, vitrais, pisos e azulejos, mobiliário e paisagismo. Museus e baladas Prefere um museu? Vá ao Museu de Anchorage. Começe pela fachada de vidro, projetada para refletir a beleza natural do Alasca. Lá dentro, arte, história, ciência guiam para uma viagem ao conhecimento e compreensão da experiência humana. Anchorage tem Orquestra Sinfônica e Ópera. A Cyrano’s Off Center Playhouse leva uma nova peça todo mês. À noite, aproveite. Vá dançar, ver um show, jantar e relaxar! São muitos pubs, bares e salões de dança para ficar até mais tarde. O Alasca é uma experiência e tanto. A majestade da natureza impondo sua beleza e perenidade leva a repensar sobre a vida. Dá pra voltar completamente renovado de uma viagem destas. Brasileiros precisam de visto para visitar os Estados Unidos. Carolina Gonçalves [email protected] SHOWROOM gorros e cachecóis são confortáveis, não pinicam, nem encolhem. Podem ser lavados a mão e duram uma vida. Sábados e domingos são dias de feira! Em clima de festival, no centro da cidade, na 3rd Avenue, pode-se comprar de tudo que os fazendeiros e artesãos oferecem. Todo mês, a primeira sexta-feira é dedicada às artes. As galerias ficam abertas até mais tarde. A melhor maneira de visitar tudo, sem perder nenhuma novidade, é checar no Anchorage Press, que publica na véspera o roteiro completo. Você também pode voltar à infância, visitando a fábrica de chocolates e doces no 5225 Juneau Street. Lá você vai ver uma verdadeira cascata de chocolate e provar deliciosos docinhos com frutas silvestres. No verão, ao meio-dia, acontecem 33 37 Quero ser cachorro V 36 Por JOEL LEITE inte anos depois a declaração não teria o mesmo impacto. Nesse período o cão ganhou um espaço na sociedade nunca antes visto e supera, em atenção e gastos individuais, pelo menos 2,7 bilhões de pessoas no mundo, que sobrevivem com menos de US$ 2,00 por dia. O seu cão sobreviveria com menos do que isso? Poder-se-ia dizer (usar mesóclise é ridículo), parafraseando Elio Petri “La Classe Operaia Va in Paradiso”, que “A classe Canina chega ao Paraíso”. A expressão “Vida de Cachorro” perdeu o sentido. O cão faz parte da família, muitas vezes tratado com mais atenção do que um membro humano. Ele entra até na formação da família em desenhos nas traseiras dos carros. Quem já esteve nos supermercados de cachorro sabe do que eu estou falando. E quem considera o seu cachorro como membro da família deve estar Rogério Magri, então ministro do Trabalho de Fernando Collor de Melo (1990 -1992) chocou a opinião pública ao afirmar que “cachorro também é gente”, quando foi acusado de dispor o carro oficial para levar seu cão passear. considerando essa conversa “o óbvio”. A relação que o homem construiu com o cachorro está longe de ser algo saudável. O bicho tem tudo o que ele não poderia imaginar: além da alimentação balanceada, vacinação preventiva, atendimento veterinário, todo tipo de medicação, as lojas oferecem um sem número de itens que podem tornar a vida do dono e do cachorro mais feliz. De brinquedinhos a guloseimas, biscoitos, chocolates, ossinhos com diversidades de sabores, salgadinhos, passando pelas últimas novidades, como sorvete canino. Ele também tem spa, hotel, padaria, hospital, atendimento psicológico, UTI, centro de hemodiálise. Antigamente dava-se o nome do seu desafeto ao cachorro, era uma forma de ofensa. Hoje o nome do cachorro é uma homenagem a quem você gosta: um artista, um famoso, um amigo, um parente. Você, alguma vez, já recebeu o telefonema do médico perguntando se fez os exames pedidos? Ou perguntando se o remédio prescrito fez efeito, se está tudo bem com você? Mas esse procedimento é comum com o seu cão. Observe e comprove que o veterinário do seu cão está muito mais atento a ele do que o seu médico com você. O ex controlador do Banco Santos, Edemar Cid Ferreira, condenado a 21 anos de prisão, disse que sente mais falta “do cachorro, da mulher e dos filhos” (nessa ordem). A prefeitura de uma cidade do interior paulista dispõe de um site - SOS Animais - para divulgar os cãezinhos que estão à procura de um lar. Não tenho conhecimento de que o poder público tenha site semelhante para atender crianças para serem adotadas. Pesquisei a vida de cachorro do século XXI para entender o desejo do pequeno Matheus, sete anos, filho da caseira lá do sítio. Um dia ele desferiu: “Tio, quero ser cachorro”. Depois disso é que percebi que nós dávamos mais atenção à Juliet, a nossa cadela Golden Retriver, do que ao pequeno Matheus. Ela recebia carinho, comida na boquinha, pelos escovados todos os dias, a melhor ração da praça, lugar quentinho para deitar, banho regular com xampu e produtos de primeira. E bastava surgir um probleminha de saúde que o veterinário era acionado (Matheus nunca viu um médico ir até a sua casa). Com todas essas mordomias, quem é que não quer levar uma vida de cachorro? Matheus ficou de quatro, latiu, mas nem assim atraiu a atenção dos adultos. Mas uma coisa é certa. O desajustado, nesse caso, não é o menino. Joel Leite é jornalista, formado pela Fundação Cásper Líbero, com pósgraduação em Semiótica, Comunicação Visual e Meio Ambiente. Diretor da Agência AutoInforme, assina colunas em jornais, revistas, rádio,TV e internet. Não tem nenhum livro editado e nunca ganhou nenhum prêmio de jornalismo. Nem se inscreveu. Comemorar ou não? Por Maria Regina Cyrino Corrêa E 38 Abril vai chegando de mansinho e com ele o meu aniversário. Pela primeira vez na vida não tenho planos. Nem viagem, nem festa… Minha amiga de muitos anos não acredita: “como assim, VOCÊ não tem planos pro SEU aniversário?” A pergunta dela me intriga. É assim tão óbvio que eu sempre adorei aniversário? Isso dá um baita “e se...”. se eu finalmente mudei? E se eu virei uma pessoa sem graça que não liga pra aniversário? Dizem que a maturidade faz a gente ficar mais equilibrado, mais sério, mais … chato! E se eu for dormir “eu” e acordar uma chata madura? Abril não é um mês pra ser chato! Tem o famoso Primeiro de Abril! Nada pode ser sério quando começa com mentiras e pegadinhas… Depois tem a delícia da Páscoa, com montanhas de chocolates e doces. E coelhos ariscos que a gente não vê, mas que trazem ovos! Quando eu era criança, minha mãe me ajudava a escrever bilhetes pro coelho, prometendo comer bastante. Confesso que depois de adulta houve épocas em que cumpri a promessa! Abril trouxe as caravelas que cruzaram o mar de Portugal para descobrir as Índias. Não as Índias das especiarias, mas as nossas, Tupis e Guaranis e outros nomes tão sonoros como Potiguaras, Tupinambás, Tabajaras. Abril não aceita chatice. Até o Roberto Carlos faz aniversário, bem no Dia do Índio. Outra data bacana. Os índios brasileiros são tudo de bom. Nos livraram do péssimo hábito de não tomar banho que teríamos herdado... Viviam dentro d’água. Enfim, e se em abril eu mudasse muito e ficasse uma pessoa sem tempo pra organizar uma festa de aniversário? Porque eu organizo mesmo, faço listas em excel e vou pintando os nomes das pessoas. Verdinho pra quem confirma, amarelo pra quem declina... Você deve estar se perguntando: por que amarelo e não vermelho? Porque eu sempre tenho esperança que, na última hora, a pessoa ainda mude de ideia e venha me dar um beijo e comer um bolinho... Eu guardo todas as listas. Sempre sei quem veio no ano passado. Quem aderiu na repescagem – pinto de rosa-choque os que só responderam no segundo e-mail. Rosa-choque porque é uma das cores do amor e a gente precisa de muita energia amorosa pra ficar insistindo com um amigo pra ele estar com a gente no nosso dia. Acho que um bom “e se...” pra mim em abril seria questionar “e se eu não fosse tããão organizada?” E se eu decidisse fazer uma festa na última hora? E se eu ligasse só pra aqueles que eu me lembrasse na hora? Talvez isso me desse um pouco mais de leveza... Talvez eu ficasse menos triste com as ausências... E se eu realmente seguisse esse meu impulso de 2011 e não desse a mínima pro meu aniversário? Acordasse de manhã como sempre, fosse pra academia, almoço pelo bairro, fizesse as unhas e me preparasse pra uma longa noite em frente à TV, como em outros muitos sábados? Não sei a resposta. Muito provavelmente na semana do aniversário eu vou sacar minha planilha de excel, vou disparar e-mails engraçadinhos, carregados de ansiedade. Alguns virão, outros não. E terá passado mais um aniversário. Sem que eu desista deles... Maria Regina Cyrino Correa Jornalista, publicitária e ariana. Ansiosa por natureza e por ofício, provavelmente não vai resistir e vai fazer uma festinha.... Se for convidado, por favor, não falte! [email protected] http://felllikeaqueen.blogspot.com/ www.2showcomunicacao.com.br O vazio das redes sociais C Por Marcelo Allendes onfesso que sou e estou pouco familiarizado com as redes sociais na internet. Tema de filme vencedor de prêmios e passatempo de muitas pessoas, esses meios de relacionamento já fazem parte do dia a dia de quase todos. Bem... ainda não do meu cotidiano... mas juro que tenho tentado. Comecei com um grau de curiosidade no Orkut. Preenchi meu perfil, baixei fotos, adicionei amigos e fui adicionado por eles e por amigos desses amigos, que não conhecia e nunca conheci. Além disso, fucei a vida dos outros e acabei não descobrindo nada do outro mundo. Por fim, segui comunidades como “Futebol de Kichute”, “Taco no meio da rua” ou “Gol a Gol”. E por aí terminei. Abandonei o Orkut quando percebi que meus únicos amigos on-line eram os amigos que eu encontrava pessoalmente quase todo dia. Então, não fazia muito sentido continuar. Apaguei minha história virtual e cancelei a conta. Numa viajem a minha terral natal ouvi falar do Facebook. E isso já tem alguns anos. Primos, tias e sobrinhos estavam conectados e convivendo pacificamente, coisa que em uma família isso não acontece com frequência quando o contato é físico. Assim que retornei ao Brasil resolvi compartilhar o espaço com eles. No início, mantinha contatos diários, troca de fotografias, vídeos e arquivos. Fiquei uma semana sem entrar. Depois outra. E mais uma. Agora tenho o Facebook no meu celular. Sempre que o mundo virtual se mexe – os chamados feeds – sou informado. E me decepciono com as mensagens públicas que meus amigos deixam no mundo virtual. Afinal, quem insiste em perder tempo escrevendo coisas profundas e interessantes como “Boooom dia... acordei”; “Hoje o elevador do meu prédio quebrou. Subi cinco andares pela escada”; “Estou com sono. Vou dormir”; “Aaaiiiii, alguém já olhou para o céu hoje?”; “Gente, este macarrão está uma delícia!!!!”? Bem... se há pessoas escrevendo, imagino que há outras lendo. Prefiro seguir o conselho da mensagem que recebi esta manhã: “Desligue o computador. Vá ler um livro”. Profundo. Vou nessa. Marcelo Allendes é jornalista e colaborador do Banco Volkswagen. Seja amigo dele no Facebook. Email: [email protected] SHOWROOM O problema não é o meio. Mas sim o conteúdo. As redes sociais aceitam até suspiro como expressão do cotidiano. 39 Novos notebooks LG O simpático Hurry Chegam ao Brasil as novas linhas de notebooks da LG, as famílias A510 e A410. Desenvolvidos para o uso de aplicativos pesados, os modelos são equipados com leitor de impressões digitais, recurso de segurança de dados que evita o acesso indevido a documentos e dados confidenciais. As famílias contam com nove diferentes modelos cada uma e com uma ampla gama de configurações, o que permite à LG Electronics atingir diversos públicos. Na família A510 o destaque é modelo A510 – 6000 que reproduz conteúdos 3D. São máquinas robustas, mas o design e os acabamentos sofisticados não foram esquecidos. Os A510 estão disponíveis nas cores preta e champagne, acabamento interno metálico e tampa texturizada. Têm ainda tela LED LCD HD de 15,6 polegadas no formato widescreen (16:9). Já na linha A410, todos os modelos estão disponíveis na cor branca. São máquinas que combinam alto padrão tecnológico, design e preço mais acessível, ideal para as necessidades do dia a dia. O acabamento interno faz referência ao alumínio escovado, além de ter bordas arredondadas e curvas suaves. A linha possui tela LED LCD HD de 14 polegadas no formato widescreen (16:9), saída HDMI e áudio SRS HD. Diversão garantida para adultos e crianças, o simpático patinete triciclo Hurry, da Luxor, funciona com um motor elétrico de corrente contínua e alcança a velocidade 20 km/h. A bateria de chumbo ácido/lítio é recarregável e O preço médio sugerido das linhas A510 e A410 varia entre R$ 1.649,00 e R$ 5.149,00 dura de quatro a seis horas, ou 25 km Onde encontrar: www.loja.canon.com.br percorridos. Prático e funcional, pode ser usado em locais com grandes distâncias, como condomínios, clubes, campos de golfe, fábricas e outros, inclusive em locais com desníveis como ruas de Estreando a tecnologia inovadora que paralelepípedos. As únicas restrições ao dispensa a utilização de óculos para visualizar o uso, isto é, com consequência de perda de conteúdo 3D, chega ao mercado brasileiro a TV de desempenho e autonomia, são ladeiras 20 polegadas da linha Glassesless. íngremes e pessoas acima 100 quilos. O conceito do “3D sem óculos” é o mesmo que o do Desenvolvido com o objetivo de “3D com óculos” - preparar uma imagem diferente segurança e estabilidade do para cada olho. No modelo “3D sem óculos”, estes são condutor, não há limitações para substituídos por uma película especial na frente do o uso do Hurry, mas recomendapainel LCD, que faz a separação das imagens destinadas se usar capacete e joelheira a cada olho, através de painéis e processadores especiais, similares aos utilizados para aplicados para maior resolução e realismo de imagem. Esta andar de bicicleta ou skate. tecnologia original da Toshiba reproduz nove imagens para Onde encontrar: na Tools & Toys, cada pixel, quatro vezes mais pixels gerados do que uma TV no Shopping Cidade Jardim/ convencional Full HD, disponível no mercado. Mas se o “barato” SP. Preço não divulgado. do 3D forem os óculos, também da Semp Toshiba, uma nova linha de TVs LED 3D composta por três modelos de 46, 55 e 65 polegadas. Os aparelhos exibem imagens de alta definição em 3D e trazem um elegante design ultrafino de apenas 1,5 cm de espessura. As novas TVs podem converter imagens de 2D para 3D e incorporam novos recursos, como acesso à Internet, às redes sociais e conexão sem fio à rede doméstica (WiFi/dlna). Outras características de destaque incluem o sintonizador digital integrado, que permite a gravação digital de programas da TV Digital aberta em HD (disco rígido) externo; media player, que permite a exibição de fotos, vídeos e músicas por meio das entradas USB 2.0. 3D com ou sem óculos 40 Preço não divulgado. Ficção quase real Com estreia quase simultânea (uma semana de diferença) no Brasil e nos EUA, “Sem limites” alcançou o topo das bilheterias norte-americanas, faturando US$ 19 milhões nos três primeiros dias em cartaz, nas 2.500 salas de exibição. Faz todo sentido. Esse thriller de ação e suspense aborda uma aspiração usual na sociedade contemporânea e medicalizada; na década em que as smart pills estão na moda. Baseado no romance “The Dark Fields”, escrito por Alan Glynn, o mote do filme é De um dos pais do new journalism norteintrigante: se houvesse uma droga que permitisse ao usuário usar 100% da sua americano, dono de um texto primoroso, “cabeça animal”, ao invés dos 10% usados habitualmente, você a tomaria? Uma sai no Brasil “Honra teu pai”, de Gay Talese. pílula que melhoraria em poucos segundos a memória, a função cognitiva e os É um livro-reportagem sobre a mitologia reflexos. Que permitiria aprender idiomas estrangeiros sem esforço, a ler música fascinante da máfia estadunidense que e a aprender a tocar um instrumento em um dia, lembrar de tudo o que já leu, rende frutos primorosos, principalmente viu ou ouviu, compreender equações complexas, fazer cálculos e cativar todos no cinema, com filmes como a trilogia “O que encontra, com charme e inteligência? A resposta é um retumbante sim, para poderoso chefão”, “Os bons companheiros” grande parte das pessoas nesta Era da Informação, em que um fluxo infinito de e tantos outros, incluindo a recente série dados passa por nós num ritmo alucinante. televisiva “Família Soprano”. Escrito Sim foi a resposta de Eddie Morra, personagem de Bradley Cooper em “Sem quando Talese era repórter do New York limites”. Eddie é um aspirante a escritor, que por causa de um bloqueio Times e acompanhava o julgamento de criativo não consegue escrever uma linha há meses. O aluguel do “muquifo” Salvatore “Bill” Bonanno, filho Joseph onde mora está atrasado e ele perde a namorada. Tudo muda em segundos, “Joe Bananas” Bonanno, que aos 26 anos após um encontro casual com o ex-cunhado que lhe oferece o NZT, a droga já controlava uma das chamadas Cinco revolucionária que permite a ele usar 100% do seu cérebro e se transformar Famílias de Nova York. numa torrente irrefreável de ideias e realizações. Centrado na história dessa “famiglia”, Em poucas semanas ele vira o rei de Wall Street, chamando a atenção do Talese faz um relato objetivo e despido de megaempresário Carl Van Loon (Robert De Niro) que o contrata para fechar romantismo sobre a máfia. A narração parte um dos maiores negócios da história. do sequestro de Joseph em 1964, remota à Lógico, com ou sem pílulas de inteligência, não existe almoço de graça origem do clã, descreve a ascensão do capo e e Eddie tem que enfrentar forças sombrias, perseguidores misteriosos, detalha a sangrenta guerra entre mafiosos após o pessoas dispostas a fazer qualquer coisa para pôr as mãos no estoque sequestro, além do controle da própria família por de NZT, a polícia, um gângster cruel, além de sofrer os efeitos Bill. colaterais da droga. Ao deixar de tomar a pílula por um único dia, Para conseguir a confiança da família mafiosa, Talese começa uma rápida deterioração corporal e mental que pode gastou dois anos em insistências e, depois do “sim”, levar à morte. esperou outros dois até poder iniciar a escrita do que Um filme ágil, provocador, com uma premissa perigosa que viria a ser um de seus melhores livros. É, de fato, um dos beira à ficção científica, mas que provavelmente não está melhores livros de Gay Talese, inclusive na opinião do próprio. tão distante da realidade. Um árduo e minucioso trabalho de apuração, sem sequer uma “Sem limites” [do original Limitless] linha ficcional no texto, o que confere à obra, 40 anos depois da dirigido Neil Burger, com Robert De publicação original, frescor e renovado interesse. Niro, Bradley Cooper e Abbie “Honra teu pai” de Gay Talese, Companhia das Letras com tradução de Donaldson M. Garschagen. Cornish. SHOWROOM Livro-reportagem fascinante 41 Os benefícios do consumo regular e moderado de vinho Dieta do mediterrâneo, eternamente na Por Gustavo moda Corrêa A trilogia azeite, pão e vinho são os pilares da Dieta do Mediterrâneo, considerada como “Patrimônio Cultural Não Material da Humanidade”. Por quê? Certamente porque se constatou que é a mais saudável e, claro, apesar de simples, muito saborosa. A ligação do vinho com a medicina é conhecida há alguns milênios, fato comprovado pelo uso do vinho em receitas dos egípcios e sumérios, por volta de 2200 aC. Hipócrates, considerado o pai da medicina, em 450 aC já preconizava o uso de vinho como desinfetante, veículo para medicamentos e como parte da dieta saudável. Por Arthur Azevedo Nos dias de hoje, existem inúmeros trabalhos científicos mostrando os benefícios do consumo moderado e regular de vinho. O primeiro trabalho a tornar claros os benefícios para o sistema cardiovascular foi publicado na conceituada revista Lancet em 1990, realizado por Serge Reunaud, e se tornou mundialmente conhecido como “Paradoxo Francês”. No trabalho, ficou demonstrado que os franceses, mesmo tendo hábitos pouco saudáveis como o consumo de tabaco e alimentação extremamente gordurosa, apresentavam 2,5 vezes menos mortes por doenças cardiovasculares que os norte-americanos, nas mesmas condições. Tal diferença foi explicada pelo consumo moderado e regular de vinho. Antes de falar mais detalhadamente sobre os reais benefícios do vinho, vale a pena quantificar o que é consumo moderado de vinho. O consenso mundial diz que o limite de consumo é de 375 ml (1/2 garrafa de vinho) para os homens e a metade disso para as mulheres, ingeridos diariamente, durante as refeições principais. Com essa quantidade se evita os malefícios amplamente reconhecidos do uso exagerado do álcool, dos quais a cirrose hepática é um dos mais frequentes e temidos. Nas quantidades corretas, estão comprovados benefícios para o sistema cardiovascular (redução dos riscos de infarto do miocárdio e trombose, aumento do “bom colesterol” e redução da adesividade das plaquetas, que são elementos importantes na coagulação do sangue); para o sistema neurológico (redução do ritmo de envelhecimento das células do cérebro, redução do risco de demência e melhora da circulação cerebral); para os ossos (melhora da densidade óssea e redução do risco de osteoporose) e para o sangue (melhora da absorção do ferro pelo intestino). Por fim vale o alerta para as grávidas (que não podem ingerir nenhuma quantidade de álcool durante a gravidez), para os diabéticos e hipertensos, que podem ter sua condição agravada pelo uso de bebidas alcoólicas. Bebido com moderação, o vinho é um poderoso auxiliar para uma vida mais saudável e longeva. Saúde! 42 Arthur Azevedo é diretor da Associação Brasileira de Sommeliers –SP, editor da revista Wine Style (www.winestyle.com.br) e consultor da Artwine (www.artwine.com.br) twitter: @artwine77 A Dieta do Mediterrâneo se fundamenta em um conjunto de tradições alimentares de países da região do Mar Mediterrâneo, dos quais os principais são Espanha, Portugal, Itália, Grécia e França. Seu padrão alimentar destaca-se essencialmente pelo pão, massas, verduras, saladas, legumes, frutas e frutas secas, destacando o azeite de oliva como principal fonte de gordura, porém, consumido moderadamente devido ao seu alto teor calórico. As nozes e outros frutos secos entram na Dieta Mediterrânea como suplentes protéicos da carne, pescado ou ovos, ricos em proteínas, em fibra vegetal e gorduras insaturadas, além de possuírem elevados níveis de ácidos gordos essenciais, minerais e vitaminas, especialmente as vitaminas E, A, B1 e B2. Determinados frutos secos, como as nozes, são ricos em ácido linoléico, um ácido gordo do tipo ômega 3, com benefícios para o coração. A fruta fresca é a sobremesa natural da Dieta Mediterrânea e o seu consumo é fundamental por ser um alimento muito nutritivo e por atender perfeitamente às necessidades dos lanches entre as refeições, no meio da manhã ou à tarde. Na Dieta Mediterrânea, a ingestão de doces é limitada a pouquíssimas vezes na semana. Quanto à ingestão de líquidos, se recomenda o vinho, especialmente o tinto, como diz com absoluta propriedade Arthur Azevedo na crônica ao lado. Já a água é a bebida por excelência do Mediterrâneo! É um bem precioso: além de fazer parte da composição de quase todos os alimentos, a água é fundamental na dieta, sendo recomendável o consumo de pelo menos seis copos diários. Naturalmente, adotar a Dieta do Mediterrâneo é simples quando existe o hábito alimentar de consumir frutas e verduras em abundância, limitando o consumo de carne vermelha e adotando o peixe como proteína durante a semana, desde que evitando o peixe frito ou repleto de manteiga ou molhos densos. Utilizar gorduras saudáveis com moderação como o azeite e o óleo de canola ao cozinhar e reduzir – ou, melhor ainda, - eliminar as gorduras saturadas e gorduras trans (também conhecida como hidrogenada ou óleos parcialmente hidrogenados) da dieta é o caminho mais rápido para promover uma alimentação saudável. Gustavo Corrêa é chef formado pelo SENAC Águas de São Pedro. Trabalhou em várias regiões brasileiras, em restaurantes renomados internacionalmente. Sua especialidade e prazer são os jantares temáticos. 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