HELOISA MARIA HOLTZ SOUSA COMPOSIÇÃO CORPORAL E EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DE ENERGIA, PROTEÍNA, CÁLCIO E FÓSFORO DE CAPRINOS DA RAÇA ALPINA EM CRESCIMENTO Tese apresentada à Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do curso de Zootecnia, para obtenção do título de “Magister Scientiae”. VIÇOSA MINAS GERAIS - BRASIL AGOSTO - 1997 HELOISA MARIA HOLTZ SOUSA COMPOSIÇÃO CORPORAL E EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DE ENERGIA, PROTEÍNA, CÁLCIO E FÓSFORO DE CAPRINOS DA RAÇA ALPINA EM CRESCIMENTO Tese apresentada à Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do curso de Zootecnia, para obtenção do título de “Magister Scientiae”. APROVADA: 04 de março de 1997 ______________________________ Prof. José Fernando Coelho da Silva (Conselheiro) ___________________________ Prof. Kleber Tomás de Resende ______________________ Prof. José Carlos Pereira (Conselheiro) _____________________________ Prof. Martinho de Almeida e Silva __________________________ Prof. Augusto Cesar de Queiroz (Orientador) AGRADECIMENTO Ao Departamento de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Viçosa, por possibilitar a realização deste curso. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela bolsa de estudos concedida. Ao Professor Augusto Cesar de Queiroz, pela orientação, confiança e amizade. Aos Professores José Fernando Coelho da Silva, Kleber Tomás de Resende, Martinho de Almeida e Silva e José Carlos Pereira, pela orientação, pelas sugestões e pela disponibilidade. Ao Professor Cláudio Borela Spechit, pelo auxílio sempre que necessário. Aos Professores Maria Ignêz Leão, George Henrique Kling de Moraes, José Tarcísio Lima Thiebaut, Sebastião Campos Valadares Filho, José Fernando Coelho da Silva, Aloízio Soares Ferreira, Dirceu Jorge da Silva e Domício do Nascimento Júnior, pelos ensinamentos. Aos funcionários do Capril, principalmente ao Cláudio, pela colaboração. Aos funcionários do Abatedouro, pelo apoio na moagem dos animais. Aos funcionários do Laboratório de Nutrição Animal, pela ajuda nas análises químicas. ii Aos demais professores e funcionários do Departamento de Zootecnia, pela agradável convivência. Aos amigos Ramalho, Amauri, Rodrigo, Deiler e Rosana, pelo auxílio prestado, durante a fase de campo; Fernando, Gherman, Euzânia e Humberto, nas análises laboratoriais; e Ronaldo, pelo apoio na última etapa. A todos que, direta ou indiretamente, ajudaram na elaboração desta tese. Aos meus pais, irmãos e amigos, que estiveram muito próximos, apesar da distância. Aos amigos que se tornaram minha família e aos colegas que se tornaram meus amigos. iii BIOGRAFIA HELOISA MARIA HOLTZ SOUSA, filha de João Helio Sant’anna de Sousa e Therezinha de Jesus Holtz Sousa, nasceu em Itapeva, Estado de São Paulo, em 07 de janeiro de 1968. Em 1988, ingressou na Universidade Estadual de Maringá - UEM, onde, em 1993, obteve o título de Zootecnista. Em 1995, iniciou o curso de Mestrado em Zootecnia na Universidade Federal de Viçosa - UFV, concentrando seus estudos na área de Nutrição de Ruminantes. iv CONTEÚDO página LISTA DE QUADROS ..................................................................................... vii LISTA DE FIGURAS ......................................................................................... x EXTRATO ........................................................................................................ xi ABSTRACT .................................................................................................... xiii INTRODUÇÃO E REVISÃO DE LITERATURA .............................................. 1 CAPÍTULO 1...................................................................................................... 8 EXIGÊNCIA NUTRICIONAL DE Ca PARA MANTENÇA PARA CAPRINOS DA RAÇA PARDA ALPINA EM CRESCIMENTO: FRAÇÕES ENDÓGENAS E ABATE COMPARATIVO ............................... 8 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 8 2. MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................... 12 2.1. Ensaio I ................................................................................................. 12 2.2. Ensaio II................................................................................................ 16 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................... 18 v 4. RESUMO E CONCLUSÕES .................................................................... 27 CAPÍTULO 2.................................................................................................... 29 COMPOSIÇÃO CORPORAL E EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DE ENERGIA, PROTEÍNA, CÁLCIO E FÓSFORO PARA CAPRINOS DA RAÇA ALPINA EM CRESCIMENTO .................................................. 29 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................ 29 2. MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................... 31 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................... 36 4. RESUMO E CONCLUSÕES .................................................................... 48 RESUMO E CONCLUSÕES............................................................................ 50 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 52 APÊNDICE ...................................................................................................... 57 vi LISTA DE QUADROS Capítulo 1 página Quadro 1. Composição percentual das rações experimentais (% na matéria seca).................................................................................. 13 Quadro 2. Teores médios de matéria seca (MS), energia bruta (EB), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), cálcio (Ca) e fósforo (P) das rações experimentais ................................... 14 Quadro 3. Consumos médios diários de matéria seca (CMS), energia bruta (CEB), proteína bruta (CPB), fibra em detergente neutro (CFDN) e fósforo (CP) .................................................................. 18 Quadro 4. Médias dos coeficientes de digestibilidade aparente da matéria seca (CDMS), energia bruta (CDEB), proteína bruta (CDPB) e fibra em detergente neutro (CDFDN) e dos coeficientes de absorção aparente de fósforo (CAaP). ............................................ 19 Quadro 5. Valores médios de ingestões, excreções fecal e urinária diária e balanços de cálcio (Ca) ............................................................... 20 Quadro 6. Coeficientes de absorção aparente (CAa) e de absorção real (CAr) de cálcio .............................................................................. 23 Quadro 7. Conteúdo corporal inicial e final e retenção de cálcio (Ca), durante os 27 dias do período experimental.................................... 26 vii Capítulo 2 página Quadro 1. Composição percentual das rações experimentais (% na matéria seca).................................................................................. 32 Quadro 2. Teores médios de matéria seca (MS), energia bruta (EB), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), cálcio (Ca) e fósforo (P) das rações experimentais ................................... 33 Quadro 3. Peso vivo (PV), peso corporal vazio (PCV) e teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), energia bruta (EB), cálcio (Ca) e fósforo (P) no corpo vazio dos animais referência e dos animais submetidos aos tratamentos R1, R2 e R3. .................................................................................. 36 Quadro 4. Equações de regressão para o peso de corpo vazio (PCV), em função do peso vivo (PV), e logaritmo das quantidades de proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), energia bruta (EB), cálcio (Ca) e fósforo (P) presentes no corpo vazio, em função do logaritmo do PCV ..................................................................... 38 Quadro 5. Conteúdos corporais de proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), energia bruta (EB), cálcio (Ca) e fósforo (P), em kg/kg de peso de corpo vazio................................................................... 38 Quadro 6. Composição do ganho em peso de corpo vazio de caprinos em crescimento.................................................................................... 40 Quadro 7. Composição do ganho em peso vivo de caprinos em crescimento.................................................................................... 40 Quadro 8. Estimativas das exigências líquidas de energia para mantença (ELm) e ganho em peso vivo (ELg), de caprinos em crescimento, emkcal/animal/dia ..................................................... 41 Quadro 9. Estimativas das exigências líquidas de proteína para mantença (PLm) e ganho (PLg) em peso vivo, de caprinos em crescimento, em g/animal/dia ......................................................... 42 viii Quadro 10. Estimativas das exigências líquidas de cálcio para mantença e ganho em peso vivo, de caprinos em crescimento, em mg/animal/dia ................................................................................ 43 Quadro 11. Estimativas das exigências dietéticas de cálcio para mantença e ganho em peso vivo, de caprinos em crescimento, em mg/animal/dia ................................................................................ 44 Quadro 12. Estimativas das exigências líquidas de fósforo para mantença e ganho em peso vivo, de caprinos em crescimento, em mg/animal/dia ................................................................................ 45 Quadro 13. Estimativas das exigências dietéticas de fósforo para mantença e ganho em peso vivo, de caprinos em crescimento, em mg/animal/dia ................................................................................ 46 Apêndice página Quadro 1A. Consumo e excreções (fecal e urinária) de matéria seca ................. 58 Quadro 2A. Consumo e excreções (fecal e urinária) de cálcio ........................... 59 Quadro 3A. Coeficientes de digestibilidade aparente da matéria seca (CDMS), coeficientes de absorção aparente (CAaca) e real (CArca) e balanço de cálcio (Bca), em mg/dia ............................... 60 Quadro 4A. Peso vivo inicial (PVI) e final (PVF), peso de carcaça vazia (PCV) e peso metabólico (PM), em kg........................................... 61 Quadro 5A. Peso vivo de jejum (PVJ), peso corporal vazio (PCV), em kg, e composição corporal (% na MN) dos animais utilizados no experimento ................................................................................... 62 ix LISTA DE FIGURAS Capítulo 1 página Figura 1. Coeficientes de digestibilidade da fibra em detergente neutro (CFDN), em função das ingestões de cálcio (Ca) pelos animais. ......................................................................................... 20 Figura 2. Excreção fecal de cálcio (Ca), em função das ingestões de Ca pelos animais. .............................................................................. 21 Figura 3. Excreção urinária de cálcio (Ca), em função das ingestões de Ca pelos animais. .............................................................................. 22 Figura 4. Balanço de cálcio (Ca), em função das ingestões de Ca pelos animais. ......................................................................................... 23 Figura 5. Coeficiente de absorção aparente de cálcio (CAa), em função das ingestões de Ca pelos animais................................................ 24 x EXTRATO SOUSA, Heloisa Maria Holtz, M.S. Universidade Federal de Viçosa, Agosto, 1997. Composição corporal e exigências nutricionais de energia, proteína, cálcio e fósforo de caprinos da raça Alpina em crescimento. Orientador: Augusto Cesar de Queiroz. Professores Conselheiros: José Fernando Coelho da Silva e José Carlos Pereira. Objetivou-se neste experimento estimar a composição corporal e do ganho em peso, as exigências líquidas de energia, proteína, cálcio e fósforo e as exigências dietéticas de mantença para caprinos em crescimento. Foram utilizados 21 animais, machos, inteiros, peso vivo médio de 20kg e idade aproximada de quatro meses. Destes, três foram abatidos e os 18 restantes, distribuídos em três tratamentos, recebendo dietas isoenergéticas e isoprotéicas contendo níveis crescentes de cálcio (Ca) (0,04; 0,12; e 0,24%). O período experimental teve duração de 27 dias. Para as rações contendo 0,04; 0,12; e 0,24% de Ca, foram encontrados, respectivamente, os seguintes valores médios: coeficientes de absorção de Ca: -1,01; 0,35; e 0,77, excreção fecal: 35,24; 37,36; e 55,59mg de Ca/UTM/dia, excreção urinária: 3,72; 4,17; e 4,71mg de Ca/UTM/dia e balanço: -21,26; 15,80; e 54,24mg de Ca/UTM/dia. As perdas endógenas fecal e urinária foram estimadas em 27,77 e 3,25mg de Ca/UTM/dia, respectivamente. A exigência dietética de Ca para mantença foi estimada em 40,82 e 52,85 mg de Ca/UTM/dia, pelo método das frações endógenas e método xi do abate comparativo, respectivamente. Utilizando-se os mesmos animais, determinou-se a composição corporal e estimaram-se os conteúdos líquidos de proteína, extrato etéreo, energia, cálcio e fósforo. Os valores médios encontrados para composição corporal foram, respectivamente, água, 64,88%; proteína, 15,22%; gordura, 16,11%; energia, 2,40Mcal/kg MN; cálcio 0,79%; e fósforo, 0,54%. Para composição do ganho em peso vivo os valores encontrados foram: proteína, 168,15 e 183,12g; gordura, 83,47 a 67,71g; energia, 1,80 a 1,63Mcal/kg MN; cálcio 6.995,36 e 6.759,02mg; e fósforo, 5.860,95 e 6.427,16mg, respectivamente, para animais de 18 e 26kg de peso vivo. As estimativas das exigências líquidas para ganho foram: energia, 1,802 a 1,632kcal/g de ganho; proteína, 0,168 a 0,183g/g de ganho; cálcio, 6,993 a 6,758mg/g de ganho; e fósforo, 5,865 a 6,430mg/g de ganho, para animais de 18 a 26kg de peso vivo, respectivamente. xii ABSTRACT SOUSA, Heloisa Maria Holtz, M.S. Universidade Federal de Viçosa, August, 1997. Body composition and nutritional requirements of energy, protein, calcium and phosphorus of kid goats of Alpina breed in the growth phase. Adviser: Augusto Cesar de Queiroz. Committee Members: José Fernando Coelho da Silva and José Carlos Pereira. This experiment was carried out with the objective to estimate the body composition and the composition of the weight gain and net requirements of energy, protein, calcium and phosphorus, and the dietetic calcium maintenance requirements for kid goats in the growth phase. Twenty-one, male, kid goat, with an average liveweight of 20kg and four months old. From the 21 animals, three were slaughtered in the begging of the experiment and the rest of 18 animals were distributed in three isocaloric and isoproteic diet with increased level of calcium (Ca) (0.04, 0.12 and 0.24%) The experimental period was 27 days. Rations with 0.04, 0.12 and 0.24% of calcium, respectively, showed the followed average values: absorption coefficients, - 1.01, 0.35 and 0.77; fecal loss, 35.24, 37.36 and 55.59mg of Ca/kg0,75/day; urinary loss, 3.72, 4.17 and 4.71mg of Ca/kg0,75/day, and Ca balance, -21.26, 15.80 and 54.24mg of Ca/kg0,75/day. The fecal and urinary endogenous loss were estimated in 27.77, and 3.25mg of Ca/kg0,75/day, respectively. The estimated dietetic Ca maintenance requirements were 40.82mg of Ca/kg0,75/day and 52.85mg Ca/kg0,75/day, by the endogenous xiii fractions loss and the comparative slaughter technique, respectively. The same animals were used to estimate the body composition and the body net retained content of energy, protein, ether extract, calcium and phosphorus. The average values for the body composition were, respectively: water, 64.88%, protein, 15.22%, ether extract, 16.11%; energy, 2.40Mcal/Kg as fed; calcium, 0.79%; and phosphorus, 0.54%. The values of the composition of liveweight gain were: protein, 168.15 and 183.12g; ether extract, 83.47 and 67.71g; energy, 1.80 and 1.63 cal/Kg; calcium, 6995.36 and 6579.02 and phosphorus 5860.95 and 6427.16mg, respectively, for 18 and 26kg of liveweight. The estimate of net energy for gain was 1.802 a 1.632kcal/g of gain; net protein 0.168 and 0.183g/g of gain; calcium, 6.993 to 6.758mg/g of gain; and phosphorus, 5.865 to 6.430mg/g, for animals from 18 to 26kg of liveweight. xiv INTRODUÇÃO A maior parte do rebanho caprino mundial está localizada nos países menos desenvolvidos, sendo a grande maioria criada extensivamente. No Brasil, porém, nos últimos anos, tem sido observado interesse crescente por formas mais intensivas de exploração, principalmente ao que se refere à parte do rebanho especializado em produção de leite. A eficiência na produção animal somente pode ser obtida se houver conhecimento adequado das exigências nutricionais dos animais e da composição dos alimentos, evidentemente associado a outras práticas de manejo (COELHO DA SILVA, 1995). A maioria das informações sobre exigências nutricionais de caprinos é proveniente de dados obtidos com bovinos e ovinos; as mais utilizadas no Brasil referem-se às publicações do NRC (1981). Apesar da similaridade dessas espécies no processo digestivo, há diferenças significativas entre elas, tais como: hábito alimentar, atividades físicas, requerimento de água, seletividade alimentar, composição do leite e da carcaça, desordens metabólicas e parasitas. Estas diferenças justificam o estudado isolado da espécie (NRC, 1981). Além disso, as determinações das exigências nutricionais devem considerar as condições climáticas, os animais (raças e cruzamentos) e os alimentos disponíveis no Brasil. A estimativa da exigência nutricional exige conhecimento da composição corporal e do ganho em peso, uma vez que estão diretamente relacionadas. Vários 1 métodos têm sido propostos para se estimar a composição corporal: análise química de todos os tecidos (direto), gravidade específica da carcaça, gravidade específica da seção das 9a a 11a costelas, radioisótopos (técnicas de diluição) e ultra-som. O método direto é o mais preciso, porém, o mais caro, além de exigir o abate dos animais, excluindo a possibilidade de utilizá-los em outros estudos (RESENDE, 1989). Basicamente, a exigência dos animais inclui as necessidades de nutrientes para mantença e produção (crescimento, engorda, gestação e lactação). A soma dessas necessidades representa a exigência líquida dos animais. A partir desta exigência líquida e da digestibilidade do alimento, obtém-se a exigência dietética (COELHO DA SILVA e LEÃO, 1979). A necessidade de se conhecerem as exigências nutricionais de caprinos, em condições brasileiras, e se obterem informações sobre a composição corporal desses animais levou à realização desta pesquisa. 2 REVISÃO DE LITERATURA Para se estimarem as exigências nutricionais, é fundamental o conhecimento da composição corporal e do ganho em peso, uma vez que estas características estão diretamente relacionadas. A composição corporal e do ganho podem ser influenciadas por diversos fatores: genéticos, ambientais, nutricionais, idade, sexo e raça (SANZ SAMPELAYO et al., 1987). De acordo com o ARC (1980), à medida que a idade avança, aumenta o conteúdo de gordura e diminui o de proteína no corpo e no ganho em peso. Com relação aos minerais, este comitê cita valores para composição corporal de ovinos variando de 8,2 a 15,3g de Ca e 5,1 a 8,3g de P/kg de PCV e de bovinos, de 13,4 a 16,6g de Ca e 6,9 a 8,8g de P/kg de PCV. Quando se analisam dados internacionais, pode-se observar variações na composição corporal de: água, 47,9 a 74%; proteína, 14,6 a 19,9%; gordura, 6 a 34,2%; e minerais, 2,5 a 8,1%, para animais com peso vivo de 12,6 a 28,6kg (PANARETTO,1963; PANARETTO e TILL, 1963; BEEDE et al, 1985; GAFFAR e BIABANI, 1986; AGANGA et al., 1989; e SHAHJALAL et al., 1992). Quanto à composição do ganho em peso, PFEIFFER e KEUNECKE (1985) encontraram, para animais pesando de 15 a 39kg, 128 a 193g de proteína; 116 a 407g de gordura; 8,5 a 11,8g de cálcio; e 4,7 a 6,6g de fósforo por kg de ganho em peso. No tocante a trabalhos realizados no Brasil, RESENDE (1989), 3 trabalhando com caprinos machos, ½sangue (SRD x Alpino ou Toggenburg), em crescimento, com peso vivo de 5 a 25kg, encontrou os seguintes valores para composição corporal: água, 71,5 a 64,5%; proteína, 17,8 a 20,7%; gordura, 5,1 a 9,1%; energia, 1,5 a 2,0Mcal/kg MN; cálcio, 0,96 a 1,09%; e fósforo, 0,75 a 0,71%; porém, para composição por kg de ganho em peso vivo (kg PV), os valores encontrados foram: proteína, 147, 164 e 172g; gordura, 51, 73 e 86g; energia, 1.300, 1.640 e 1.802kcal/kg MN; cálcio, 7.800, 8.577 e 8.997mg; e fósforo, 5.500, 5.326 e 5.259mg, respectivamente, para animais com 5, 15 e 25kg PV. Os dados encontrados por RIBEIRO (1995), trabalhando com animais com as mesmas características daqueles utilizados por RESENDE (1989), com pesos vivos de 5 a 15kg, respectivamente, foram: água, 73,4 a 61,2%; proteína, 16,6 a 17,1%; gordura, 3,6 a 13,1%; energia, 1,4 a 2,3Mcal/kg MN; cálcio, 0,1 a 1,0%; e fósforo, 0,66 a 0,70% e para composição do ganho em peso vivo foram: proteína, 145 e 151g; gordura, 65 e 196g; energia, 1,6 e 2,6Mcal/kg MN; cálcio, 8.400 e 9.400mg; e fósforo, 5.500 e 5.200mg. SILVA SOBRINHO (1989), trabalhando com cabras (SRD), com peso vivo médio de 45kg para determinação de proteína para mantença, encontrou as seguintes variações nas composições inicial e final: água, 63,49 a 67,01%; gordura, 9,88 a 13,19%; proteína, 24,91 a 28,85%; e cinzas, 4,10 a 4,47%, enquanto na composição de perda em peso de corpo vazio de proteína encontrou variação de 51 a 448g/kg. Os requerimentos diários de energia para mantença de animais em crescimento, propostos pelo ARC (1980) para animais de maturidade média, foram de 0,980Mcal de energia metabolizável (EM)/dia, para ovinos de 20kg, e de 7,409Mcal EM/dia, para bovinos de 200kg. Para caprinos as recomendações foram de 0,96Mcal EM/dia (NRC, 1981) e 1,099Mcal EM/dia (AFRC, 1993) para animais de 20kg. Trabalhos realizados com caprinos em crescimento apontam, para exigência de mantença, os valores de 0,104Mcal EM/kg0,75 (MOHAMMED e OWEN, 1980) e 0,105Mcal EM/kg0,75 (ALAM et al., 1991). No Brasil foram encontrados os valores de 87,9 e 80,5kcal EM/kg0,75 de peso 4 corporal vazio (PCV), para caprinos de 5 a 25kg (RESENDE, 1989), e 83,6 e 79,2kcal EM/kg0,75 PCV, para caprinos de 5 a 15kg (RIBEIRO, 1995). A produção de calor do animal em jejum, ou seja, a energia líquida de mantença (EL) foi estimada em 68,9 RESENDE (1989) e 65,7kcal de EL/kg0,75 PCV (RIBEIRO, 1995). Os valores de energia para ganho em peso diários, propostos pelos comitês, foram de 1,482Mcal EM/100g de ganho (incluindo-se gasto para atividade de 2,53kcal/kg PV) (ARC, 1980) e 1,386Mcal EM/100g de ganho (AFRC, 1993), para ovinos de 20kg; já para bovinos foram: 13,834Mcal EM/kg de ganho (ARC, 1980) e 14,579Mcal EM/kg de ganho (AFRC, 1993), para animais de 200kg. Para caprinos o NRC (1981) recomendou os valores de 0,720Mcal de EM/100g de ganho; não obstante, o AFRC (1993) propôs 1,673Mcal EM/100g de ganho para caprinos de 20kg de peso vivo. Na literatura constam valores de energia para ganho em peso de 0,90 a 1,37Mcal de EM/100g de ganho (LU et al., 1987) e 0,46Mcal EM/100g de ganho (LU e POTCHOIBA, 1990). No Brasil, RESENDE (1989) encontrou 0,287 a 0,382Mcal EM/100g de ganho ou 0,135 a 0,180Mcal EL/100g de ganho, ao passo que RIBEIRO (1995) encontrou 0,347 a 0,551Mcal EM/100g ganho ou 0,163 a 0,259Mcal EL/100g ganho. As recomendações diárias de proteína para mantença, para animais em crescimento, são de 30g de proteína degradável no rúmem (PDR), para ovinos de 20kg, e 240g de PDR para bovinos de 200kg (ARC, 1980); para caprinos de 20kg, de 38g de proteína bruta (PB) (NRC, 1981) e 23g de proteína metabolizável (PM) (AFRC, 1993). A literatura consultada indica variação de 1,4 a 3,1g de proteína digestível (PD)/kg0,75 (RAJPOOT et al., 1980); 4,3 a 4,7g PD/kg0,75 (SENGAR, 1980); e 662mg/kg de peso vivo (CHAKRABORTY e MOYTRA, 1982). No Brasil, RESENDE (1989) e RIBEIRO (1995) utilizaram o valor de 0,28g de nitrogênio (N)/kg0,75 ou 1,75g PB/kg0,75, preconizado por BRUN-BELLUT et al. (1987), em revisão sobre exigências nutricionais de caprinos, pois o único dado encontrado na literatura nacional é para cabras adultas em lactação, de 3,131g PB/kg0,75 (SILVA SOBRINHO, 1989). Para 5 bovinos, EZEQUIEL (1989) encontrou 1,76; 4,28; 2,76; e 2,69g de PB/kg0,75, para os grupos genéticos Nelore, Holandês, ½HZ e Búfalo, respectivamente. Para crescimento, as recomendações diárias de proteína para ganho foram: 50g de PDR e 10g de proteína não-degradável no rúmem (PNDR) para ovinos de 20kg, para ganho de 100g, e 435g de PDR e 40g de PNDR para bovinos de 200kg, para ganho de 1kg (AGRICULTURAL RESEARCH COUNCIL, 1980). O AGRICULTURAL AND FOOD RESEARCH COUNCIL (1993) recomendou 64g de PM/100g de ganho, para ovinos, e 379g PM/kg de ganho para bovinos nas mesmas faixas de peso supracitadas. Já para caprinos as recomendações foram 48g PM/100g de ganho (AFRC, 1993) e 28g PB/100g de ganho (NRC, 1981), para animais de 20kg de peso vivo. Na literatura consultada encontram-se valores de 9,15g PD/100g de ganho (SENGAR,1980); 26,0mg PB/g de ganho (LU e POTCHOIBA, 1990); 14,72 a 17,21mg de PL/100g de ganho (RESENDE, 1989); e 14,5 a 15,1mg de PL/100g de ganho (RIBEIRO, 1995). As recomendações diárias de cálcio (Ca) e fósforo (P) para mantença são, respectivamente, de 0,5 e 0,4g para ovinos de 20kg; 5,0 e 3,1g para bovinos de 200kg (ARC, 1980); e 1,0 e 0,7g para caprinos de 20kg (NRC, 1981). O AFRC (1991) recomenda 0,7g de Ca e 0,5g de P para ovinos de 20kg. Os valores encontrados na literatura para Ca, referentes a ovinos, são 16,17 a 32,35mg de Ca/kg PV/dia, considerando-se 68% de absorção real (FIELD e SUTTLE, 1969); 0,64mg de Ca/kg PV/dia para cada 1g/kg PV/dia de alimento ingerido (BRAITHWAITE, 1982); 16,54mg de Ca/kg PV/dia (OKOYE et al., 1980) e 10,8mg de Ca/kg PV/dia (WALKER, 1972). No Brasil, EZEQUIEL (1989), trabalhando com bovinos, estimou em 53,925; 63,726; 43,216; e 40,502mg de Ca/kgPV/dia para Nelore, Holandês, HZ e Búfalo, respectivamente. Os requerimentos diários de fósforo para mantença encontrados para ovinos estão entre 17,17mg de P/kg PV/dia (FIELD et al., 1982); 32,3mg de P/kg PV/dia (OKOYE et al., 1980); e 30,92mg P/kg PV/dia (WALKER, 1972), ao passo que para caprinos ADELOYE e AKINSOYINU (1985) encontraram 55,83mg P/kg PV. No Brasil, encontraram-se valores de 13,44 (LOUVANDINI e VITTI, 1994); 10,36 (BUENO e VITTI, 1996); e 24,35 a 43,30mg de P/kg 6 PV/dia (EZEQUIEL,1989), para ovinos, caprinos e bovinos, respectivamente. Para crescimento, as exigências diárias propostas são de 2,0g de Ca e 1,1g de P/100g de ganho para ovinos pesando 20kg; 24,0g de Ca e 13,0g de P/ kg de ganho para bovinos de 200kg (ARC,1980); e 1,0g de Ca e 0,7g P/100g de ganho para caprinos de 20kg (NRC, 1981). O AFRC (1991) recomenda 2,5g de Ca e 2,0g de P/100g de ganho para caprinos de 20kg. Na literatura, encontraramse valores de 1,0 a 4,8g de Ca, para ganhos de PV de 100 a 400g/dia (HODGE, 1973), para ovinos; e, para caprinos, 1,14 a 1,32g de Ca/100g de ganho (RESENDE, 1989) e 1,23 a 1,38g de Ca/100g de ganho (RIBEIRO, 1995). Com relação ao P, encontraram-se, para caprinos, 0,748 a 0,721g de P/100g de ganho (RESENDE, 1989) e 0,753 a 0,712g de P/100g de ganho (RIBEIRO, 1995). 7 CAPÍTULO 1 EXIGÊNCIA NUTRICIONAL DE Ca PARA MANTENÇA DE CAPRINOS DA RAÇA ALPINA EM CRESCIMENTO: FRAÇÕES ENDÓGENAS E ABATE COMPARATIVO 1. INTRODUÇÃO Os requerimentos nutricionais para caprinos, propostos pelo NRC (1981), são valores recomendados para ovinos e bovinos leiteiros; este mesmo comitê admite que as espécies devem ser estudadas separadamente, em função de diferenças significativas entre elas. Sob muitos aspectos, as exigências dietéticas de minerais são muito mais difíceis de serem definidas com acurácia, em comparação aos nutrientes orgânicos, pois vários fatores exercem influência sobre a utilização de minerais, inter-relações dos diversos elementos, correlações entre frações orgânicas e minerais, correlações genéticas ou ainda variações individuais (MAYNARD et al., 1984). As exigências de macroelementos para ruminantes são calculadas pelo método fatorial, proposto pelo ARC (1980). Esse método consiste no conhecimento das quantidades líquidas depositadas no corpo do animal, para atender às exigências líquidas de crescimento e produção, sendo acrescidas a estas as quantidades necessárias para atender às perdas inevitáveis do corpo, ou seja, às secreções endógenas, que são conhecidas como exigências líquidas de 8 mantença. A soma das frações de mantença e produção constitui a exigência líquida total, a qual, corrigida por um coeficiente da absorção do elemento inorgânico no aparelho digestivo do animal, vai resultar na exigência dietética do mineral. Para se determinarem as exigências líquidas para crescimento e engorda, há necessidade de se avaliar a deposição do mineral no corpo do animal com diferentes idades e pesos. Esta avaliação, geralmente, é feita com o abate do animal e a análise dos minerais presentes na carcaça. As exigências líquidas de mantença correspondem às secreções endógenas do corpo, sendo sua determinação baseada nas relações entre os minerais ingeridos e os minerais excretados (COELHO DA SILVA,1995). Dos minerais que compõem o corpo animal, 16 são considerados essenciais, classificando-se em macro e microminerais, em função da quantidade exigida na dieta. Os macrominerais representam 99% dos minerais contidos no corpo do animal. Cálcio (Ca) e fósforo (P) constituem mais de 70% deste total (SÁ, 1978). Uma vez que o Ca e o P estão localizados principalmente nos ossos, sua ação mais evidente recai sobre formação do esqueleto e dos dentes. Além de seu papel de suporte, os ossos desempenham papel essencial de reservatório de Ca, que, sob ação de certos hormônios, são liberados no sangue, atendendo às necessidades do organismo (GUEGUEM et al., 1988). Além disso, o Ca é essencial para coagulação normal do sangue, regulagem das batidas cardíacas, integridade do sistema nervoso e muscular e manutenção da permeabilidade das membranas, enquanto o P, além da formação do esqueleto, é essencial para a ação dos microrganismos do rúmen, na absorção e no metabolismo da energia, no metabolismo da proteína e no processo reprodutivo (CONRAD et al., 1985). O fator mais importante a se considerar na determinação dos requerimentos de mantença de Ca e P é a perda endógena fecal, ou seja, a quantidade de Ca ou P secretada no trato gastrointestinal, que não é reabsorvida na porção terminal do trato. A dificuldade de se identificar essa fração é em virtude do grande número de glândulas secretoras nessa região e por esta se misturar à digesta. A secreção de Ca no intestino é pequena, entretanto, para P, a secreção no intestino é grande, em quantidade maior que ingerida na dieta, 9 devido à reciclagem pela saliva. A perda endógena urinária, a qual é oriunda da filtragem do sangue nos rins, contribui mais para a estimativa do requerimento de P que de Ca, pois a quantidade de Ca excretado na urina é muito pequena, porém, obrigatoriamente considerada (AFRC, 1991). O coeficiente de absorção do mineral ou disponibilidade pode ser definido como a porcentagem do elemento suprida pelo alimento que pode ser usado pelo corpo do animal, a fim de satisfazer as perdas endógenas, ser armazenado ou ser utilizado para produção (COELHO DA SILVA e LEÃO, 1979). O coeficiente de absorção real depende do alimento e da capacidade de absorção do intestino, sendo determinado por métodos de balanços, que permitem o conhecimento da fração endógena, por meio de radioisótopos ou regressões das excreções (fecal e urinária), em função da ingestão, extrapolando-se para o nível zero de ingestão. FIELD e SUTTLE (1981) propuseram um coeficiente de absorção para as excreções endógenas e outro para o elemento inorgânico dietético, concluindo que as perdas fecais endógenas, que representam secreções digestivas não-absorvidas, explicam em torno de 90% os requerimentos de mantença. A diferença na eficiência de absorção de Ca e P dietéticos e endógenos já havia sido constatada por BRAITHWAITE (1976). Os ruminantes absorvem Ca de acordo com as necessidades corporais, sendo a absorção regulada em nível intestinal, segundo o ARC (1980), pois as perdas endógenas fecais são constantes e a excreção urinária é muito pequena. BRAITHWAITE (1982), revendo resultados obtidos com 374 ovinos submetidos a vários estudos de metabolismo, observou relação entre ingestão de alimentos e excreção metabólica de cálcio, constatando aumento de 0,64mg de Ca/kg de PV/dia para cada g/kg de PV/dia de aumento na ingestão de alimentos. Esse autor observou também não haver relação entre a ingestão de Ca e o Ca fecal metabólico, e que animais em crescimento excretam maior quantidade de Ca endógeno que animais adultos. Os valores encontrados para perda endógena foram de 10 a 20mg de Ca/kg de PV/dia. OKOYE et al. (1980) encontraram 9,1mg de Ca/kg de PV/dia de cálcio 10 endógeno total, sendo 8,37 e 0,74mg/kg de PV/dia, para as excreções fecais e urinárias, respectivamente, e disponibilidade verdadeira de 55% para ovinos em crescimento. Já FIELD e SUTTLE (1969), trabalhando com radioisótopos, obtiveram estimativa de 11 a 22mg/kg PV/dia de perda endógena fecal para ovinos; contudo, com estudos de balanço, obtiveram 13,0mg/kgPV/dia. WALKER (1972) obteve valores para perda endógena fecal de 16,6 e 9,0mg/kg de PV/dia com diferentes métodos, para cordeiros. HODGE (1973) encontrou 17,7mg/kg de PV/dia após 32 dias de dieta isenta de Ca e 8,8mg/kg de PV/dia do 32o ao 64o dia de dieta, também para cordeiros. O ARC (1980) adotou para ovinos o valor de 16mg de Ca/kg de PV/dia para perdas endógenas totais e 68% de disponibilidade. As recomendações diárias de cálcio (Ca) e fósforo (P) para mantença são, respectivamente, de 0,5 e 0,4g para ovinos de 20kg; 5,0 e 3,1g para bovinos de 200kg (ARC, 1980) e 1,0 e 0,7g para caprinos de 20kg (NRC, 1981). O AFRC (1991) recomenda 0,7g de Ca e 0,5g de P para ovinos de 20kg. Os valores encontrados na literatura, para Ca referentes a ovinos, são 16,17 a 32,35mg de Ca/kg PV/dia, considerando-se 68% de absorção real (FIELD e SUTTLE, 1969); 0,64mg de Ca/kg PV/dia para cada 1g/kg PV/dia de alimento ingerido (BRAITHWAITE, 1982); 16,54mg de Ca/kg PV/dia (OKOYE et al., 1980); e 10,8mg de Ca/kg PV/dia (WALKER, 1972). No Brasil, EZEQUIEL (1989), trabalhando com bovinos, estimou em 53,925; 63,726; 43,216; e 40,502mg de Ca/kgPV/dia para Nelore, Holandês, HZ e Búfalo, respectivamente. Objetivou-se no presente trabalho determinar a exigência de Ca para mantença de caprinos em crescimento, por intermédio do método de secreções endógenas e do abate comparativo de animais. 11 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1. Ensaio I O experimento foi desenvolvido nas instalações do Setor de Caprinocultura do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Viçosa-MG situa-se a 649 m de altitude e 20o 45’ 20’’ de latitude sul e 42o 52’ 40’’ de longitude oeste, com precipitação média anual de, aproximadamente, 1.341mm, sendo as temperaturas médias máximas e mínimas de 26,1 e 14 oC, respectivamente (Ministério da Agricultura, 1961). O clima da região é classificado por KOEPPEN (1948) como “CWa”. Foram utilizados 18 animais, todos machos, inteiros, com idade aproximada de quatro meses e peso médio de 20kg, sendo todos da raça Alpina, provenientes do rebanho caprino da UFV e dos capris Várzea Alegre e Bocaína, Muriaé-MG. Durante o período experimental, os animais foram alojados em galpão de alvenaria e mantidos em gaiolas metabólicas individuais, providas de telas de náilon para separação de fezes e urina. Os animais foram pesados, identificados com brincos numerados e tratados contra ecto e endoparasitoses. Durante a fase pré-experimental (30 dias), os animais receberam ração de crescimento (NRC, 1981), constituída de 11% de proteína bruta (PB) e 74% nutrientes digestíveis totais (NDT). 12 Foram feitas pesagens dos animais semanalmente, bem como no início e término do ensaio de alimentação. O período experimental teve duração de 27 dias, com período de 20 dias de adaptação e sete para coletas totais de fezes e urina. Os tratamentos foram constituídos de rações experimentais isoenergéticas e isoprotéicas, contendo níveis crescentes de Ca: 0,04% (abaixo da exigência de mantença), 0,12% (nível de mantença) e 0,24% (acima da exigência de mantença), cujas composições percentuais são apresentadas no Quadro 1, estando seus teores, com base na matéria seca, indicados no Quadro 2. Todas as rações do experimento foram formuladas segundo as normas do NRC (1981), para atender a uma ingestão diária de energia metabolizável, correspondente à exigência de mantença, com acréscimo de 20%, com exceção do Ca, cujos valores utilizados foram retirados do AFRC (1991). Quadro 1 - Composição percentual das rações experimentais (% na matéria seca) Rações R1 R2 R3 MDPS 53,52 53,41 53,24 Fubá de milho 43,12 43,03 42,90 Farelo de soja 2,37 2,37 2,36 Calcário 0,00 0,20 0,51 Ácido fosfórico 0,40 0,40 0,40 NaCl 0,50 0,50 0,50 Mistura vitamínica 0,09 0,09 0,09 O consumo total de matéria seca foi determinado pelo controle diário do alimento fornecido e do material rejeitado. As rações foram fornecidas em duas porções diárias, às 8 e 16 h. As sobras, quando existentes, foram coletadas pela 13 manhã. Após sete dias, foram formadas amostras compostas (10% do total rejeitado). As rações também foram amostradas. Quadro 2 - Teores médios de matéria seca (MS), energia bruta (EB), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), cálcio (Ca) e fósforo (P) das rações experimentais Rações R1 R2 R3 87,68 87,50 87,80 EB (Mcal/kg MS) 4,39 4,29 4,32 PB (% na MS) 9,85 9,36 9,39 37,76 37,05 37,35 Ca (% na MS) 0,04 0,12 0,24 P (% na MS) 0,24 0,24 0,24 MS (%) FDN (% na MS) No 20o dia do período experimental, iniciou-se o período de coletas de fezes e urina. As fezes excretadas foram pesadas diariamente, sendo retirada uma amostra de 10% do total, reunidas de maneira a formarem amostras compostas por animal, e armazenadas a -10o C, até a ocasião das análises laboratoriais. A urina excretada teve seu volume determinado, sendo retiradas amostras (10% do total coletado), que também foram compostas e armazenadas em refrigerador. As amostras de fezes foram submetidas à pré-secagem em estufa, com ventilação forçada a 50-55o C, e, após, moídas em moinho de facas. As amostras de rações e sobras foram moídas em moinho de facas; porém, sem pré-secagem. As determinações de matéria seca (MS) foram feitas em estufa a 105o C; as de proteína bruta (PB), em aparelho semimicro Kjeldahl; as de extrato etéreo (EE), em aparelho soxhlet; e as de energia bruta (EB), em bomba calorimétrica. A solução mineral foi preparada pela via úmida, ao passo que o fósforo (P) foi 14 analisado em espectrofotômetro (colorímetro) e o cálcio (Ca), em espectrofotômetro de absorção atômica. Todas as amostras foram analisadas, segundo metodologia descrita por SILVA (1990). As análises químicas foram efetuadas no Laboratório de Nutrição Animal do Departamento de Zootecnia da UFV. Foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado, com três tratamentos e seis repetições, considerando-se cada animal uma unidade experimental. As análises estatísticas foram processadas, utilizando-se o programa SAEG (1995), de acordo com o seguinte modelo: Yij = µ + Ti + eij em que Yij = valor observado na parcela que recebeu o tratamento i na repetição j; µ = média geral; Ti = efeito do tratamento i aplicado na parcela; e eij = efeito dos fatores não-controlados na parcela. As determinações das secreções endógenas foram efetuadas a partir de análises de regressão. A metodologia utilizada é baseada nas relações entre o mineral ingerido e o mineral excretado, na forma de equação de regressão linear simples. Os valores das secreções endógenas foram obtidos extrapolando-se para o nível zero de ingestão do mineral em questão, ou seja, em que x = 0 na equação $ = a + bx. Y A estimativa da exigência líquida do mineral para mantença foi feita somando-se os valores encontrados para as secreções endógenas fecais e urinárias. Quando este valor foi dividido pelo coeficiente de absorção real, obteve-se a exigência dietética para mantença, segundo o esquema fatorial proposto pelo ARC (1980). Foram também determinados os coeficientes de absorção aparente (CAa) do Ca e P, assim como os coeficientes de digestibilidade (CD) da MS, PB, EB e FDN. Foram realizadas análises de regressão dos consumos e coeficientes de 15 digestibilidades da MS, PB, EB e FDN, dos coeficientes de absorção de Ca e P, das excreções fecal e urinária de Ca e do balanço de Ca, em função das diferentes ingestões de Ca pelos animais. As quantidades de Ca ingeridas variaram dentro dos três níveis de fornecimento do mineral, devido às sobras deixadas pelos animais; por isto, nas análises de regressão, utilizaram-se 18 observações. 2.2. Ensaio II Foram utilizados 12 animais com as mesmas características dos animais do ensaio I. Destes, três foram abatidos no início do experimento, sendo denominados animais referência. Os nove restantes foram distribuídos aleatoriamente nos tratamentos já mencionados no ensaio I, sendo abatidos ao final do período experimental (27 dias). Os animais referência foram utilizados para a estimativa do peso corporal vazio e da composição corporal inicial em cálcio de todos os animais, segundo o método de abate comparativo descrito por LOFGREEN e GARRETT (1968). Foram feitas pesagens dos animais semanalmente, bem como no início e término do ensaio de alimentação. Os abates dos animais foram realizados nas dependências do Setor de Caprinocultura, após jejum de 24 horas. Os animais foram sedados, pendurados pelos membros posteriores e abatidos, por sangria total, com secção das carótidas e jugulares, para recolhimento do sangue. Após o abate, o conteúdo do trato gastrintestinal foi retirado para determinação do peso corporal vazio (PCV). Todo o animal foi moído, sendo retirada uma amostra de, aproximadamente, 500g. Posteriormente, as amostras foram submetidas à pré-secagem e ao prédesengorduramento, conforme metodologia descrita por KOCK e PRESTON (1979). Depois, foram moídas em moinho de bola e acondicionadas em vasilhames de vidro, hermeticamente fechado. 16 As determinações de MS foram feitas em estufa a 105o C. A solução mineral foi preparada pela via úmida e o Ca foi analisado em espectrofotômetro de absorção atômica, segundo metodologia descrita por SILVA (1990). O delineamento utilizado foi citado no ensaio I. As equações de predição da composição corporal inicial de todos os animais foram obtidas por meio de equações de regressão do peso vivo (PV), em função do peso corporal vazio (PCV), e as do logaritmo das quantidades de Ca presentes no corpo vazio, em função do logaritmo do PCV, segundo o ARC (1980). Pela comparação entre a composição corporal em Ca, ao final do período experimental, e a composição corporal inicial, tem-se a quantidade de Ca retida no corpo do animal, ou seja, a mobilização ou a deposição do mineral. A exigência dietética de Ca para mantença foi obtida pela relação entre Ca retido e Ca ingerido, quando a retenção é igual a zero em uma equação linear, ou seja, em que X=0 numa equação Y$ = a + b.X. 17 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO No Quadro 3 encontram-se as médias do consumo de MS, EB, PB, FDN e P para os animais que receberam rações contendo 0,04; 0,12; e 0,24% de Ca, denominadas R1, R2 e R3, respectivamente. Quadro 3 - Consumos médios diários de matéria seca (CMS), energia bruta (CEB), proteína bruta (CPB), fibra em detergente neutro (CFDN) e fósforo (CP) Rações R1 R2 R3 46,84 47,87 47,50 190,00 200,00 200,00 CPB (g/UTM/dia) 4,62 4,48 4,47 CFDN (g/UTM/dia) 17,59 17,73 17,63 110,78 114,18 114,23 CMS (g/UTM/dia) CEB (kcal/UTM/dia) CP (mg/UTM/dia) Não houve efeito significativo dos níveis de Ca sobre os consumos de MS, indicando pouco efeito das quantidades de Ca estudadas, na ingestão de alimentos, durante o período experimental. Os comportamentos da ingestão de 18 PB, EB, FDN e P seguem aquele apresentado pela MS, pois as rações não apresentaram variações em suas concentrações. O Quadro 4 expressa os valores médios encontrados para os coeficientes de digestibilidade aparente de MS, EB, PB, FDN e o coeficiente de absorção aparente de P para os animais que ingeriram as rações R1, R2 e R3. Quadro 4 - Médias dos coeficientes de digestibilidade aparente da matéria seca (CDMS), energia bruta (CDEB), proteína bruta (CDPB) e fibra em detergente neutro (CDFDN) e dos coeficientes de absorção aparente de fósforo (CAaP). Rações R1 R2 R3 CDMS 75,12 70,92 70,44 CDEB 72,18 69,32 68,91 CDPB 53,61 61,84 55,64 CDFDN 57,42 46,14 41,25 CAaP 32,78 39,90 57,26 Não houve efeito significativo dos níveis de Ca sobre os coeficientes de digestibilidade aparente da PB, EB e MS e os coeficientes de absorção aparente do P, mas houve efeito linear a 1% sobre os coeficientes de digestibilidade aparente da FDN. A digestibilidade da FDN diminuiu com o aumento dos níveis de Ca na ração (Figura 1), no entanto, não houve explicação biológica plausível para o fato, pois os caprinos suportam até 2% de Ca na ração e relação Ca:P de 7:1 (ENSMINGER et al., 1990), ou seja, níveis muito superiores aos utilizados nesta pesquisa. Os valores médios de ingestão, excreções fecal e urinária e balanço de Ca, quando as rações R1, R2 e R3 foram fornecidas aos animais, encontram-se no Quadro 5. 19 60 55 CDFDN 50 45 $ = 58,4209-0,160711X Y 40 R2=0,64 35 30 0 20 40 60 80 100 120 140 Ingestão de Ca (mg/UTM/dia) Figura 1 - Coeficientes de digestibilidade da fibra em detergente neutro (CFDN), em função das ingestões de cálcio (Ca) pelos animais. Quadro 5 - Valores médios de ingestões, excreções fecal e urinária diária e balanços de cálcio (Ca) mg/UTM/dia Ingestão Excreções fecais Excreções urinárias Balanço R1 17,70 35,24 3,72 -21,26 R2 57,33 37,36 4,17 15,80 R3 106,04 55,59 4,71 54,24 mg/kg PV/dia Ingestão Excreções fecais Excreções urinárias Balanço R1 8,18 16,30 1,72 -9,84 R2 26,42 17,24 1,92 7,26 R3 52,75 25,65 2,19 24,91 A excreção fecal de Ca aumentou linearmente (P<0,01), em função dos níveis crescentes de Ca ingeridos (Figura 2). Nota-se que a excreção fecal 20 aumentou à medida que os níveis de Ca aumentaram nas rações e os animais que ingeriram a R3 excretaram quantidades bem maiores (55,59mg/UTM/dia) que os animais que consumiram R1 (35,24mg/UTM/dia) e R2 (37,24mg/UTM/dia), o que pode indicar excesso do mineral, uma vez que o organismo absorve Ca de acordo com a necessidade (ARC, 1980), sendo o restante excretado. 60 Excreção Fecal de Ca (mg/UTM/dia) 55 50 45 40 $ = 27,7724+0,236721X Y R2=0,55 35 30 25 0 0 20 40 60 80 100 120 140 Ingestão de Ca (mg/UTM/dia) Figura 2 - Excreção fecal de cálcio (Ca), em função das ingestões de Ca pelos animais. Para a excreção urinária de Ca, em relação à ingestão, não foi encontrada diferença significativa. Porém, para efeito do cálculo da fração urinária endógena, adota-se a equação apresentada na Figura 3. A ausência de diferença significativa para a excreção urinária de Ca pode estar relacionada à pequena quantidade normalmente excretada por esta via (AFRC, 1991). A excreção urinária correspondeu a 9,55; 10,04; e 7,81% do total excretado para os animais que consumiram a R1, R2 e R3, respectivamente. 21 Excreção Urinária de Ca (mg/UTM/dia) 10 9 8 7 6 $ = 3,24922+0,049945X Y 5 R2=0,71 4 30 0 20 40 60 80 100 120 140 Ingestão de Ca (mg/UTM/dia) Figura 3 - Excreção urinária de cálcio (Ca), em função das ingestões de Ca pelos animais. Estes resultados estão próximos aos encontrados por OKOYE et al. (1980), em que a excreção endógena urinária foi responsável por 8,13% da excreção total. Para o ARC (1980), esta representa 5% da excreção total. Os animais que receberam a ração R1 (0,04% de Ca) apresentaram balanços negativos do mineral (-21,26mg/UTM/dia), sugerindo que o nível utilizado não foi suficiente para atender à exigência de mantença dos animais. A excreção fecal foi responsável por aproximadamente 90% da excreção total de Ca. Houve efeito linear a 1% dos níveis crescentes de Ca sobre o balanço do mineral. Pela análise da Figura 4, pode-se observar que o balanço de Ca tornouse mais positivo à medida que se aumentou a ingestão de Ca pelos animais. 22 70 Balanço de Ca (mg/UTM/dia) 60 50 $ =-31,026+0,74833X Y 40 R2=0,92 30 20 10 0 0 20 40 60 80 100 120 140 -10 -20 -30 In g e s t ã o d e C a ( m g / U TM/di a ) Figura 4 - Balanço de cálcio (Ca), em função das ingestões de Ca pelos animais. Os valores médios dos coeficientes de absorção aparente e real de Ca, quando foram fornecidas as rações contendo 0,04; 0,12; e 0,24% de Ca, (denominadas R1, R2 e R3, respectivamente), encontram-se no Quadro 6. Quadro 6 - Coeficientes de absorção aparente (CAa) e de absorção real (CAr) de cálcio Rações R1 R2 R3 CAa -1,01 0,35 0,52 CAr 0,66 0,85 0,77 Pela análise da Figura 5, observa-se que o CAa de Ca foi maior para os animais que receberam as rações contendo 0,24% de Ca (R3), sendo observado efeito quadrático (P<0,01) dentro deste nível de fornecimento do mineral. Este 23 efeito ocorreu em função das quantidades ingeridas que variaram em virtude das sobras deixadas pelos animais. 80 60 40 20 CAa de Ca 0 0 200 400 600 800 1000 1200 -20 -40 $ = -186,837+5,45400X-0,0289404X2 Y R2=0,94 -60 -80 -100 -120 Ingestão de Ca (mg/UTM/dia) Figura 5 - Coeficiente de absorção aparente de cálcio (CAa), em função das ingestões de Ca pelos animais. Considerando-se que o aparelho digestivo absorve Ca de acordo com as necessidades do corpo (ARC, 1980), quando a ingestão do mineral aumenta, diminui o aproveitamento pelo animal, pois aumenta a excreção fecal de Ca. Este fato pode explicar o efeito quadrático observado. Valores negativos para os CAa foram obtidos pelos animais que consumiram a R1, pois excretaram maiores quantidades de Ca do que ingeriram. Quando foram retiradas as porções endógenas das excreções, não houve efeito significativo dos níveis de Ca das rações sobre os CAr. O valor médio encontrado para o CAr foi 0,76, superior ao adotado pelo ARC (1980) de 0,68 e ao encontrado por OKOYE et al. (1980), de 0,55, para ovinos. A estimativa da excreção endógena fecal foi de 27,77mg/UTM/dia e a da 24 excreção endógena urinária, 3,25mg/UTM/dia. Portanto, a exigência líquida de Ca para mantença estimada neste estudo foi de 31,02mg/UTM/dia. Utilizando-se o coeficiente de absorção real de 0,76, valor médio encontrado, (Quadro 6), obteve-se a exigência dietética de Ca para mantença: 40,82mg/UTM/dia, quando estimada pelo método de frações endógenas. Este valor é inferior a todos os resultados obtidos, com ovinos e bovinos, encontrados na literatura consultada, não se encontrando referência de resultados obtidos com caprinos. Pelo método de abate comparativo, estimou-se o conteúdo corporal inicial em Ca dos animais submetidos aos tratamentos, por meio das equações de regressão obtidas com os três animais referência, a saber: $ = -11,1501 + 1,33785 X (r2 = 0,99), Y em que $ = Peso de corpo vazio (kg). Y X= Peso vivo (kg). e $ = 1,33143 + 0,642852 X (r2 = 0,11), Y em que $ = Log do conteúdo em cálcio do corpo vazio (g). Y X= Log do peso de corpo vazio (kg). No Quadro 7 encontram-se as médias da estimativa da composição corporal inicial, a composição corporal final e a retenção de Ca (durante o período experimental) pelos animais submetidos às rações contendo 0,04; 0,12; e 0,24% de cálcio, denominadas R1, R2 e R3, respectivamente. 25 Quadro 7 - Conteúdo corporal inicial e final e retenção de cálcio (Ca), durante os 27 dias do período experimental Rações R1 R2 R3 Conteúdo corporal inicial em Ca (g) 146,39 144,35 136,31 Conteúdo corporal final em Ca (g) 127,63 159,40 153,12 Retenção corporal de Ca (g/27 dias) -18,76 15,05 16,81 A análise de regressão para a quantidade de Ca retido (Y em g/27 dias), em função da quantidade de Ca ingerido (X em mg/dia), demonstrou efeito linear a 5%, de acordo com a seguinte equação: $ = -16,2146 + 0,332402 X (r2 = 0,52). Y Ao se considerar X=0, ou seja, considerando-se zero de ingestão do mineral pelos animais, estimou-se mobilização de Ca dos ossos de 16,21g durante o período experimental. A análise de regressão para a quantidade de Ca ingerido (Y em mg/dia), em função do conteúdo de Ca retido (X em g/27 dias), mostrou efeito linear significativo (P<0,05), sendo: $ = 52,8463 + 1,56201X (r2 = 0,52). Y Pode-se concluir que para retenção igual a zero (X=0), ou seja, para que não haja mobilização nem deposição de Ca pelos animais, a ingestão deve ser igual a 52,85mg de Ca/UTM/dia. Portanto, pelo método do abate comparativo, a exigência dietética de Ca para mantença foi estimada em 52,85mg de Ca/dia. Este valor está próximo àquele encontrado nesta pesquisa, pelo método das frações endógenas, cujo valor encontrado foi de 40,82mg de Ca/UTM/dia. O NRC (1981) preconizou 1000mg de Ca/dia para caprinos pesando entre 20 e 30kg, enquanto o AFRC (1991), 700mg de Ca/dia para ovinos e o ARC (1980), 471 mg de Ca/dia, nesta mesma faixa de peso. Para um animal pesando 20kg, estimaram-se, nesta pesquisa, as exigências de 386,05 e 499,82mg de Ca/dia, pelos métodos de frações endógenas e abate comparativo, respectivamente. Observa-se que os valores estimados são menores que os recomendados. 26 4. RESUMO E CONCLUSÕES Objetivou-se, com este experimento, estimar as exigências de cálcio (Ca) para mantença de caprinos, da raça Alpina em crescimento, nas condições brasileiras. Foram utilizados 21 animais, machos, inteiros, com idade aproximada de quatro meses e peso vivo médio de 20kg. Destes, três foram abatidos e os 18 restantes, distribuídos em três tratamentos, recebendo dietas isoenergéticas e isoprotéicas contendo níveis crescentes de Ca (0,04; 012; e 0,24%). O período experimental teve duração de 27 dias, com um período de adaptação de 20 dias e sete dias de coletas. Ao final do período de coletas, foram abatidos três animais por tratamento. As coletas após o período de arraçoamento tiveram finalidade de estimar as perdas endógenas (fecal e urinária) de Ca, que correspondem à exigência líquida de mantença. Já com os abates, objetivou-se determinar a retenção de Ca no corpo dos animais, estabelecendo uma relação com a ingestão do mineral, e determinar a exigência dietética de mantença pelo método do abate comparativo. A estimativa da excreção endógena fecal foi de 27,77mg/UTM/dia e a da excreção endógena urinária, 3,25mg/UTM/dia. Portanto, a exigência líquida de Ca para mantença estimada neste estudo foi de 31,02mg/UTM/dia. Houve diferença entre os valores encontrados para as exigências dietéticas de Ca, quando se utilizaram diferentes metodologias. A estimativa encontrada pelo método das frações endógenas foi de 40,82mg de Ca/UTM/dia, e 27 pelo método de abate comparativo, 52,85mg de Ca/UTM/dia. Os valores encontrados para a exigência dietética de Ca para mantença de caprinos em crescimento, obtidos pelo método das frações endógenas e pelo método do abate comparativo, foram inferiores aos recomendados para caprinos, pelo NRC (1981) e para ovinos pelo ARC (1980) e AFRC (1991). 28 CAPÍTULO 2 COMPOSIÇÃO CORPORAL E EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DE ENERGIA, PROTEÍNA, CÁLCIO E FÓSFORO PARA CAPRINOS DA RAÇA ALPINA EM CRESCIMENTO 1. INTRODUÇÃO O conhecimento da composição corporal e do ganho em peso é fundamental para a determinação das exigências nutricionais pelo método fatorial. Na determinação das exigências para ganho em peso, considera-se a variação da composição corporal, em função do aumento de peso dos animais. As exigências líquidas de energia para mantença correspondem à produção de calor do animal em jejum. Quando a ingestão de energia metabolizável é zero, o incremento calórico é zero também e as exigências líquidas para mantença correspondem ao metabolismo basal e às atividades voluntárias. As exigências energéticas líquidas para crescimento ou ganho de peso são determinadas pelo valor calórico dos compostos depositados na carcaça, podendo-se estimar o gasto de energia por unidade de ganho em peso. As exigências de proteína e minerais para mantença têm sido determinadas por dois métodos, por intermédio do fornecimento de dietas isentas ou muito pobres em nitrogênio, ou no mineral em questão, ou então pelo fornecimento de alimentos com diferentes teores do elemento em estudo, determinando-se a regressão da quantidade excretada, em função da quantidade 29 ingerida, e extrapolando-se para o nível zero de ingestão. Na determinação das exigências líquidas para crescimento e engorda, a proteína segue o mesmo princípio dos minerais, ou seja, há necessidade de se avaliar a deposição do mineral no corpo do animal com diferentes idades e pesos. Esta avaliação, geralmente, é feita com o abate do animal e a análise dos minerais presentes na carcaça. As exigências líquidas de mantença correspondem às secreções endógenas do corpo, sendo sua determinação baseada nas relações dos minerais ingeridos e minerais excretados. A soma das frações de mantença e produção constitui a exigência líquida total, a qual, corrigida por um coeficiente de absorção do elemento inorgânico no aparelho digestivo do animal, vai resultar na exigência dietética do mineral (COELHO DA SILVA e LEÃO, 1979 e LOFGREEN e GARRET, 1968). Em virtude da necessidade de se conhecerem as exigências nutricionais de caprinos, sob condições brasileiras, e se obterem informações sobre a composição corporal desses animais, realizou-se esta pesquisa. 30 2. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido nas instalações do Setor de Caprinocultura do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Viçosa-MG. Viçosa situa-se a 649 m de altitude e 20o 45’ 20’’ de latitude sul e 42o52’40” de longitude oeste, com precipitação média anual de aproximadamente 1341mm, sendo as temperaturas médias máximas e mínimas 26,1 e 14 o C, respectivamente (Ministério da Agricultura, 1961). O clima da região é classificado por KOEPPEN (1948) como “CWa”. Foram utilizados 15 animais, machos, com idade aproximada de quatro meses e peso médio de 20kg, sendo todos da raça Alpina, provenientes do rebanho caprino da UFV e dos capris Várzea Alegre e Bocaína, Muriaé-MG. Durante o período experimental, os animais foram alojados em galpão de alvenaria e mantidos em gaiolas metabólicas individuais. Os animais foram pesados, identificados com brincos numerados e tratados contra ecto e endoparasitoses. Durante a fase pré-experimental (30 dias), os animais receberam ração de crescimento (NRC, 1981), constituída de 11% de proteína bruta (PB) e 74% nutrientes digestíveis totais (NDT). O período experimental teve duração de 27 dias, com período de 20 dias de adaptação e sete para coletas totais de fezes e urina. Os tratamentos foram constituídos de rações experimentais isoenergéticas e isoprotéicas, contendo níveis crescentes de Ca: 0,04% (abaixo da exigência de mantença), 0,12% (nível 31 de mantença) e 0,24% (acima da exigência de mantença), cujas composições percentuais são apresentadas no Quadro 1, estando seus teores, com base na matéria seca, indicados no Quadro 2. Todas as rações do experimento foram formuladas segundo as normas do NRC (1981), para atender a uma ingestão diária de energia metabolizável, correspondente à exigência de mantença, com acréscimo de 20%, com exceção do Ca, cujos valores utilizados foram retirados do AFRC (1991). Estes tratamentos foram utilizados como objeto de outra pesquisa, visando à determinação da exigência de cálcio para mantença de caprinos em crescimento. Quadro 1 - Composição percentual das rações experimentais (% na matéria seca) Rações R1 R2 R3 MDPS 53,52 53,41 53,24 Fubá de milho 43,12 43,03 42,90 Farelo de soja 2,37 2,37 2,36 Calcário 0,00 0,20 0,51 Ácido fosfórico 0,40 0,40 0,40 NaCl 0,50 0,50 0,50 Mistura vitamínica 0,09 0,09 0,09 Foram feitas pesagens dos animais semanalmente, bem como no início e término do ensaio de alimentação. 32 Quadro 2 - Teores médios de matéria seca (MS), energia bruta (EB), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), cálcio (Ca) e fósforo (P) das rações experimentais Rações R1 R2 R3 87,68 87,50 87,80 EB (Mcal/kg MS) 4,39 4,29 4,32 PB (% na MS) 9,85 9,36 9,39 37,76 37,05 37,35 Ca (% na MS) 0,04 0,12 0,24 P (% na MS) 0,24 0,24 0,24 MS (%) FDN (% na MS) Os abates dos animais foram realizados nas dependências do Setor de Caprinocultura, após jejum de 24 horas. Os animais foram sedados, pendurados pelos membros posteriores e abatidos por sangria total, por meio da secção das carótidas e jugulares, para recolhimento do sangue. Após o abate, o conteúdo do trato gastrintestinal foi retirado para determinação do peso corporal vazio (PCV) e todo o animal foi moído, sendo retirada uma amostra de, aproximadamente, 500g. Posteriormente, as amostras foram colocadas em sacos plásticos, sendo submetidas à pré-secagem e ao pré-desengorduramento, conforme metodologia descrita por KOCK e PRESTON (1979). Em seguida, foram moídas em moinho de bola e acondicionadas em vasilhames de vidro, hermeticamente fechado. As determinações de matéria seca (MS) foram feitas em estufa a 105o C; as de proteína bruta (PB), em aparelho semimicro Kjeldahl; as de extrato etéreo (EE), em aparelho soxhlet; e as de energia bruta (EB), em bomba calorimétrica. A solução mineral foi preparada pela via úmida, ao passo que o fósforo (P) foi analisado em espectrofotômetro (colorímetro) e o cálcio (Ca), em espectrofotômetro de absorção atômica. Todas as amostras foram analisadas segundo metodologia descrita por 33 SILVA (1990). As análises químicas foram efetuadas no Laboratório de Nutrição Animal do Departamento de Zootecnia da UFV. Determinou-se, assim, a composição corporal dos animais quanto a PB, EE, Ca e P. Porém, o conteúdo corporal de EB foi estimado pelo valor calórico da PB e do EE, segundo a equação (ARC, 1980): CE = CPB. 5,6405 + CEE. 9,3929, em que CE = Conteúdo corporal de energia (kcal/g); CPB = Conteúdo corporal de proteína bruta (g); e CEE = Conteúdo corporal de extrato etéreo (g). Foram estimados os conteúdos líquidos de PB, EE, EB, Ca e P retidos no corpo dos animais, por meio de equações de regressão do logaritmo dos conteúdos corporais, em função do logaritmo do peso de corpo vazio (PCV), segundo o ARC (1980), seguindo modelo abaixo: Yij = µ + b1x1j + eij em que Yij = logaritmo do conteúdo total de PB, EE, EB, Ca ou P retido no corpo vazio; µ = constante; b1 = coeficiente de regressão do logaritmo do conteúdo de PB, EE, EB, Ca ou P, em função do logaritmo do PCV; x1i = logaritmo do peso de corpo vazio; e eij = erro aleatório associado a cada observação. As análises estatísticas foram processadas utilizando-se o programa SAEG (1995). Na determinação do conteúdo de Ca, não se consideraram os animais submetidos ao tratamento em que se promoveu a restrição do mineral, em razão de se subestimarem os valores. Para a conversão de peso vivo (PV) em PCV, dentro do intervalo de pesos incluídos neste estudo, utilizou-se a equação de regressão do PCV dos 15 animais utilizados neste experimento, em função do PV dos mesmos. 34 Pelo conhecimento dos conteúdos corporais em diferentes pesos, estimou-se a composição do ganho em peso dos animais, com pesos vivos dentro do intervalo de pesos estudados, conforme ARC (1980). Por exemplo, estimou-se o conteúdo corporal de um animal pesando 17,5kg e outro 18,5kg; daí, conclui-se que a diferença entre os valores é a composição por kg de ganho em peso de um animal de 18kg. Foram estimadas as exigências líquidas de ganho para EB, PB, Ca e P, por meio das equações de regressão determinadas para conteúdo corporal, calculando-se a diferença entre animais com diferentes pesos, conforme o ARC (1980). Por exemplo, estimou-se o conteúdo corporal de um animal pesando 18kg e outro 18,1kg; daí, conclui-se que a diferença entre os valores é a exigência para ganho de 100g em um animal de 18kg de PV. As exigências líquidas para mantença não foram determinadas nesta pesquisa, com exceção do cálcio; não obstante, para efeito de cálculo, utilizou-se o valor de 67,3kcal/kg0,75 de peso de carcaça vazia para energia, valor médio obtido no Brasil por RESENDE (1989) e RIBEIRO (1995). Para proteína, utilizou-se o valor sugerido por BRUN-BELLUT et al. (1987), 0,28g de nitrogênio/kg0,75. O requerimento dietético para os macrominerais foi calculado por meio das seguintes fórmulas: RD = (RL / D) x 100, RL = G + E, em que RL = requerimento líquido; RD = requerimento dietético; G = retenção do macroelemento no corpo vazio; E = perdas endógenas do macroelemento; e D = disponibilidade ou coeficiente de absorção. Os valores de perdas endógenas (31,02mg/UTM/dia) e disponibilidade (0,76) para Ca foram determinados no capítulo 1 desta pesquisa. Para fósforo foram utilizados os valores determinados por BUENO e VITTI (1996), 10,36mg/kg de PV/dia e 0,66, respectivamente, para perda endógena e 35 disponibilidade. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados médios relativos ao peso e à composição corporal dos animais encontram-se no Quadro 3 e os valores referentes a cada animal, no Quadro 5A do Apêndice. Quadro 3 - Peso vivo (PV), peso corporal vazio (PCV) e teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), energia bruta (EB), cálcio (Ca) e fósforo (P) no corpo vazio dos animais referência e dos animais submetidos aos tratamentos R1, R2 e R3. Referências R1 R2 R3 Média PV (kg) 23,50 21,40 22,03 21,67 22,15 PCV (kg) 20,79 17,50 19,00 18,63 19,98 MS (% MN) 34,76 35,76 35,98 34,36 35,12 PB (% MN) 16,16 14,96 14,74 15,04 15,22 EE (% MN) 14,55 17,21 17,85 16,35 16,11 EB(Mcal/kg MN) 2,56 2,07 2,29 2,53 2,40 Ca (% MN) 0,78 0,73 0,84 0,80 0,79 P (% MN) 0,59 0,47 0,48 0,56 0,54 36 Os valores encontrados nesta pesquisa para MS variaram de 32,50 a 37,31% (Quadro 5A do Apêndice). Na literatura consultada, a variação foi de 26 a 52,1%, dependendo da idade e do peso vivo dos animais, pois o teor de água tende a diminuir com o avanço da idade, por haver aumento na deposição de tecidos. Para proteína, o valor médio encontrado foi de 15,22 % e a variação na literatura consultada, 14,6 a 20,7 %. As porcentagens de proteína corporal apresentadas pelos animais, nesta pesquisa, apontam o mesmo comportamento observado por RESENDE (1989) e RIBEIRO (1995), trabalhando em condições semelhantes a estas, ou seja, a proteína manteve-se constante com o crescimento. O valor médio encontrado para EE foi de 16,11%. Houve variação de 3,6 a 34,2% na literatura internacional consultada. No Brasil, RESENDE (1989) e RIBEIRO (1995) encontraram valores médios de 6,18 e 8,5%, respectivamente, ou seja, menores teores de gordura corporal que os estimados nesta pesquisa. Porém, deve-se considerar o fato de que a gordura é o tecido mais variável na composição corporal de caprinos. Para energia, o valor médio encontrado foi de 2,40Mcal/kg de MN. Este valor é superior aos valores médios encontrados por RESENDE (1989), 1,76 e RIBEIRO (1995), 1,90Mcal/kg MN. Não foram encontrados resultados para EB na literatura internacional consultada. Os maiores valores encontrados para energia estão relacionados aos maiores valores encontrados para EE, pois os conteúdos corporais em energia foram determinados por meio de cálculos e o valor calórico do EE tem maior peso nos cálculos. Com relação ao Ca e P, os resultados encontrados foram de 0,65 a 0,97% de Ca e 0,41 a 0,65% de P (Quadro 5A do Apêndice). Na literatura a maioria dos dados sobre Ca e P foi incluída na porcentagem de cinzas, porém, os valores encontrados neste trabalho foram inferiores aos encontrados por RESENDE (1989), 1,068% de Ca e 0,705% de P, em média. No Quadro 4 encontram-se as equações de regressão para PCV, em função do PV, e do logaritmo das quantidades de PB, EE, EB, Ca e P, em função 37 do logaritmo do PCV. Por meio dessas equações, estimou-se a composição do corpo vazio (Quadro 5). Quadro 4 - Equações de regressão para o peso de corpo vazio (PCV), em função do peso vivo (PV), e logaritmo das quantidades de proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), energia bruta (EB), cálcio (Ca) e fósforo (P) presentes no corpo vazio, em função do logaritmo do PCV Equação R2 Peso (kg) $ = -1,99290 + 0,951512.PV PCV 91,98 PB (kg) $ PB = -1,08220 + 1,20929.Log PCV Log 89,39 EE (kg) $ EE = -0,138667+0,486767.Log PCV Log 23,91 EB (kcal/kg) $ EB = 3,68832 + 0,755332.Log PCV Log 74,57 Ca (g) $ Ca = 1,00416 + 0,915668.Log PCV Log 62,18 P (g) $ P= 0,433944 + 1,22630.Log PCV Log 64,18 Quadro 5 - Conteúdos corporais de proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), energia bruta (EB), cálcio (Ca) e fósforo (P), em kg/kg de peso de corpo vazio Peso de corpo vazio (kg) 18 20 22 24 26 PB (g/kg) 151,54 154,91 158,04 160,94 163,66 EE (g/kg) 164,85 156,17 148,72 142,22 136,50 EB (kcal/kg) 2405,44 2344,23 2290,19 2241,95 2198,47 Ca (mg/kg) 7912,26 7842,27 7779,48 7722,61 7670,66 P (mg/kg) 5224,11 5350,16 5466,81 5575,53 5677,44 Os conteúdos corporais de dados em kg de PCV apresentam o mesmo 38 comportamento encontrado para os conteúdos corporais dados em porcentagem. No Quadro 6 são apresentadas as estimativas das quantidades dos nutrientes depositados por kg de ganho em PCV, nas diferentes faixas de peso, obtidas pelas equações contidas no Quadro 4. As quantidades de nutrientes, depositadas por kg de ganho em PV, também foram estimadas a partir das equações apresentadas no Quadro 4, fazendo-se a conversão de PV para PCV, que se encontra no Quadro 7. Quanto aos conteúdos corporais em EE, o ARC (1980) relatou, para ovinos de 10 a 25kg de PCV, valores de 111 a 275g/kg PCV e 86 a 353g/kg PCV, para bovinos de 50 a 300kg de PCV, os quais se comparam aos valores encontrados nesta pesquisa, 80,25 a 66,45g/kg PCV para caprinos de 18 a 26kg. Observa-se que os caprinos apresentam menor teor de gordura corporal que ovinos e bovinos. O coeficiente de determinação para EE foi mais baixo que os encontrados para os demais nutrientes, mostrando maior dispersão dos dados em torno da linha de regressão. Observa-se que houve redução no conteúdo corporal em energia, em kcal/kg de PCV, à medida que o peso vivo dos animais aumentou. Os valores encontrados para energia, neste trabalho, foram inferiores aos apresentados por ovinos (1900 a 3400kcal/kg PCV) e bovinos (1800 a 4200kcal/kg PCV), e para proteína foram superiores, 159 a 145g/kg, para ovinos e 181 a 148g/kg, para bovinos, para as mesmas faixas de peso supracitadas, segundo o ARC (1980). Os conteúdos corporais em Ca e P apresentados pelos animais, nesta pesquisa, foram inferiores àqueles citados pelo ARC (1980) para ovinos (8,2 a 15,3g de Ca e 5,1 a 8,3g de P/kg de PCV e bovinos (13,4 a 16,6g de Ca e 6,9 a 8,8g de P/kg de PCV). Há poucos dados da composição corporal do ganho em peso, para caprinos, na literatura. RIBEIRO (1995) encontrou, para animais de 15kg, valores próximos para PB e P, superiores para EE, EB e Ca, quando comparados aos animais com 18kg desta pesquisa. Já RESENDE (1989) encontrou, para animais com 15kg de PV, valores próximos aos encontrados neste trabalho para animais pesando 18kg, quanto a PB, EB, EE e P, porém superiores quanto a Ca. 39 PFEIFFER e KEUNECKE (1985) encontraram, para animais pesando 15 a 39kg, 128 a 193g de proteína; 116 a 407g de gordura; 8,5 a 11,8g de cálcio; e 4,7 a 6,6g de fósforo para cada kg de ganho em peso, ou seja, valores próximos aos encontrados nesta pesquisa, com exceção do Ca e EE. Quadro 6 - Composição do ganho em peso de corpo vazio de caprinos em crescimento Peso de corpo vazio (kg) 18 20 22 24 26 PB (g/kg) 183,25 187,33 191,11 194,62 197,91 EE (g/kg) 80,25 76,03 72,39 69,23 66,45 EB (kcal/kg) 1826,98 1770,73 1729,90 1693,45 1660,61 Ca (mg/kg) 7245,09 7180,98 7123,48 7071,39 7023,81 P (mg/kg) 6406,18 6560,79 6703,85 6837,18 6962,17 Quadro 7 - Composição do ganho em peso vivo de caprinos em crescimento Peso vivo (kg) 18 20 22 24 26 PB (g/kg) 168,15 172,37 176,23 179,80 183,12 EE (g/kg) 83,47 78,54 74,39 70,82 67,71 EB (kcal/kg) 1803,83 1752,29 1707,46 1667,92 1632,63 Ca (mg/kg) 6995,36 6925,82 6864,23 6809,02 6759,02 P (mg/kg) 5860,95 6020,21 6166,23 6301,31 6427,16 Observou-se aumento nas quantidades de proteína depositadas por g de ganho, à medida que o peso vivo dos animais aumentou. Comportamento 40 contrário foi observado para bovinos e ovinos, segundo o ARC (1980). Tal fato pode estar relacionado à redução no teor de gordura no ganho de peso dos animais deste experimento, com o aumento do peso vivo. As diferenças encontradas entre a composição do ganho em peso de caprinos, ovinos e bovinos indicam que as exigências nutricionais são também diferentes, pois, se caprinos depositam menos gordura na carcaça, necessitam também de menor quantidade de energia para o mesmo ganho, e se depositam mais proteína, necessitam de quantidades maiores de proteína para o mesmo ganho. No Quadro 8 são apresentadas as estimativas do requerimento líquido diário de energia para mantença e ganhos de 50, 100 e 150g de PV/dia. As exigências para ganho em peso de EB, PB, Ca e P foram estimadas pelas equações apresentadas no Quadro 4. Foram estimadas apenas as exigências de ganho, pois, para mantença, utilizou-se a média dos valores encontrados por RESENDE (1989) e RIBEIRO (1995), 67,3kcal de ELm/kg0,75 de PCV. Quadro 8 - Estimativas das exigências líquidas de energia para mantença (ELm) e ganho em peso vivo (ELg), de caprinos em crescimento, em kcal/animal/dia Peso vivo Mantença* (kg) Ganho diário (g) 50 100 150 18 588,12 90,12 180,24 270,35 20 636,48 87,55 175,10 262,65 22 683,65 85,32 170,64 255,95 24 729,75 83,35 166,69 250,04 26 774,90 81,59 163,18 244,76 * RESENDE (1989) e RIBEIRO (1995). 41 Quadro 9 - Estimativas das exigências líquidas de proteína para mantença (PLm) e ganho (PLg) em peso vivo, de caprinos em crescimento, em g/animal/dia Peso vivo Mantença* (kg) Ganho diário (g) 50 100 150 18 15,30 8,41 16,83 25,24 20 16,55 8,62 17,25 25,87 22 17,78 8,82 17,63 26,45 24 18,98 8,99 17,99 26,98 26 20,15 9,16 18,32 27,48 * BRUN-BELLUT (1987). Os valores para exigência líquida de energia, para ganho, encontrados nesta pesquisa, variando de 1,802 a 1,632kcal/g de ganho de PV, foram inferiores aos preconizados pelo NRC (1981) para caprinos de 4,09kcal/g de ganho, independente do peso do animal. Contudo, estes valores foram semelhantes àqueles encontrados no Brasil para caprinos, de 1,4 a 2,6kcal/g de ganho, para animais com pesos vivos de 5 a 25kg (RESENDE, 1989 e RIBEIRO, 1995), e aos recomendados pelo ARC (1980) para ovinos, que variaram de 1,9 a 2,9kcal/g de ganho, para 14 e 25kg PV. Os valores tenderam a diminuir com o aumento do peso vivo, contrariando a teoria de que animais de maior peso depositariam, proporcionalmente, maiores quantidades de gordura por unidade de ganho. No Quadro 9 são apresentadas as estimativas dos requerimentos líquidos diários de proteína para mantença, para ganhos de 50, 100 e 150g de PV/dia. Foram estimadas, para proteína, apenas as exigências para ganho, pois para mantença utilizou-se o valor de 0,28g de N/kg0,75, recomendado por BRUNBELLUT et al. (1987). As exigências líquidas de proteína para ganho variaram de 168 a 183mg/g de ganho de PV, para animais de 18 a 26kg de PV. Estes resultados 42 estão de acordo com os encontrados no Brasil, de 145 a 151mg de PL/g de ganho (RIBEIRO, 1995) e 147 a 172mg de PL/g de ganho (RESENDE, 1989), porém superiores aos recomendados pelo NRC (1981). Os resultados demonstraram aumento nos requerimentos de proteína para ganho de animais mais pesados. Nos Quadros 10 e 11 são apresentadas, respectivamente, as estimativas do requerimento líquido e dietético diário de cálcio, para mantença e ganhos de 50, 100 e 150g de PV/dia. Quadro 10 - Estimativas das exigências líquidas de cálcio para mantença e ganho em peso vivo, de caprinos em crescimento, em mg/animal/dia Peso vivo Mantença (kg) Ganho diário (g) 50 100 150 18 271,08 349,67 699,34 1049,01 20 293,37 346,19 692,38 1038,57 22 315,11 343,14 686,27 1029,41 24 336,36 340,38 680,76 1021,15 26 357,17 337,89 675,78 1013,67 Os valores encontrados para exigência líquida de mantença correspondem às excreções endógenas, cujo valor encontrado no capítulo 1 foi de 31,02mg/kg0,75; portanto, para animais com PV de 18 a 26kg, estimaram-se 271,08 a 357,17mg de Ca/dia. Comparando-se a recomendação do ARC (1980) de 320mg de Ca/dia, para ovinos pesando 20kg, e a exigência estimada nesta pesquisa, 293,37mg de Ca/dia para caprinos do mesmo peso, nota-se que os valores são próximos. 43 Quadro 11 - Estimativas das exigências dietéticas de cálcio para mantença e ganho em peso vivo, de caprinos em crescimento, em mg/animal/dia Peso vivo Mantença (kg) Ganho diário (g) 50 100 150 18 356,68 460,09 920,18 1380,28 20 386,01 455,51 911,03 1366.54 22 414,62 451,50 902,99 1354,49 24 442,58 447,87 895,74 1343,62 26 469,96 444,59 889,18 1333,78 As exigências líquidas para ganho, calculadas pelas equações do Quadro 4, variaram de 6,99 a 6,76mg de Ca/g de ganho de PV para animais de 18 a 26kg de PV. Os resultados desta pesquisa foram inferiores aos recomendados pelo ARC (1980) e AFRC (1991), mas semelhantes aos recomendados pelo NRC (1981) e aos encontrados no Brasil por RESENDE (1989) e RIBEIRO (1995). O fato pode estar associado à restrição alimentar sofrida pelos animais desta pesquisa, uma vez que o intuito do trabalho não foi promover ganho de peso, e sim a determinação da exigência de mantença do mineral. A exigência do mineral reduziu à medida que o peso aumentou; todavia, esperava-se o contrário, uma vez que ossos estão sendo formados no crescimento e em pleno processo de mineralização. Os requerimentos dietéticos para mantença foram calculados dividindose os valores encontrados no Quadro 10 pelo coeficiente de absorção real de 0,76. A exigência dietética de mantença variou de 356,58 a 469,96mg de Ca/dia. Quando se considera um animal pesando 20kg, para o qual se encontrou exigência de 386,01mg de Ca/dia, e se compara ao valor sugerido pelo NRC (1981) de 1.000g de Ca/dia, para o mesmo peso, nota-se que a exigência para mantença sugerida é quase três vezes maior. O valor recomendado pelo ARC (1980) é de 471, e pelo AFRC (1991), 700mg de Ca/dia, para ovinos. 44 Para ganho, os requerimentos dietéticos tiveram variação de 9,20 a 8,89mg/g de ganho de PV, semelhantes àqueles encontrados por RESENDE (1989) e RIBEIRO (1995), cuja a variação foi de 11,44 a 13,24mg de Ca/g de ganho de PV, ou seja, apresentaram a mesma tendência dos requerimentos líquidos para ganho. Nos Quadros 12 e 13, são apresentadas, respectivamente, as estimativas do requerimento líquido e dietético diário de fósforo, para mantença e ganhos de 50, 100 e 150g de PV/dia. Quadro 12 - Estimativas das exigências líquidas de fósforo para mantença e ganho em peso vivo, de caprinos em crescimento, em mg/animal/dia Peso vivo Mantença* (kg) Ganho diário (g) 50 100 150 18 186,48 293,26 586,53 879,79 20 207,20 301,21 602,41 903,62 22 227,92 308,49 616,98 925,48 24 248,64 315,23 630,47 945,70 26 269,36 321,51 643,03 964,54 *BUENO (1996). Foram estimadas, para P, apenas as exigências líquidas para ganho, pois para mantença utilizou-se o valor de 10,36mg de P/kg de PV, sugerido por BUENO e VITTI (1996). Para animais com PV de 18 a 26kg, estimaram-se, 186,48 a 269,36mg de P/dia. O ARC (1980) recomendou 14mg de P/kg de PV, ou seja, a recomendação foi de 280mg de Ca/dia para animais de 20kg, enquanto o valor encontrado por BUENO e VITTI (1996), 207,20mg de Ca/dia para o mesmo peso, constatandose, mais uma vez, a proximidade entre os valores encontrados e os sugeridos por 45 esse comitê. Quadro 13 - Estimativas das exigências dietéticas de fósforo para mantença e ganho em peso vivo, de caprinos em crescimento, em mg/animal/dia Peso vivo Mantença* (kg) Ganho diário (g) 50 100 150 18 282,54 444,33 888,68 1333,01 20 313,94 456,38 912,74 1369,12 22 345,33 467,41 934,82 1402,24 24 376,73 477,62 955,26 1432,88 26 408,12 487,14 974,29 1461,42 * BUENO (1996). As exigências líquidas para ganho, calculadas por meio das equações do Quadro 4, variaram de 5,86 a 6,43mg de P/g de ganho de PV para animais de 18 a 26kg de PV. Os resultados desta pesquisa foram semelhantes aos encontrados no Brasil. RESENDE (1989) e RIBEIRO (1995) encontraram variação de 5,46 a 5,26mg de P/g de ganho de PV. Os requerimentos dietéticos para mantença foram calculados dividindose os valores encontrados no Quadro 12 pelo coeficiente de absorção real de 0,66. A exigência dietética de mantença variou de 282,54 a 408,12mg de P/dia. Para um animal de 20kg de PV, a exigência estimada foi de 313,94mg de P/dia; todavia, para o mesmo peso, o ARC (1980) recomendou 384,00mg de Ca/dia. O NRC (1981) recomendou, para mantença, 700mg de P/dia. Nota-se que o valor recomendado pelo NRC (1981) é, aproximadamente, duas vezes maior que aquele encontrado no Brasil ou recomendado pelo ARC (1980) para ovinos. Para ganho, os requerimentos dietéticos tiveram variação de 8,88 a 9,74mg de P/g de ganho de PV, semelhantes àqueles encontrados por RESENDE 46 (1989) e RIBEIRO (1995) e aos recomendados pelo NRC (1981), porém inferiores aos sugeridos pelo ARC (1980) e AFRC (1991), para ovinos. Neste caso, a exigência do mineral aumentou com o aumento do peso dos animais, o que era esperado, em virtude de os animais estarem em processo de crescimento, portanto, a deposição nos ossos é maior. 47 4. RESUMO E CONCLUSÕES O presente estudo foi realizado com o objetivo de se determinar a composição corporal e do ganho em peso e as exigências líquidas de energia, proteína, cálcio e fósforo de caprinos com 18 a 26kg de peso vivo. Foram utilizados 15 animais, da raça Alpina, machos, inteiros e com idade aproximada de quatro meses. O período experimental teve duração de 27 dias. Os tratamentos foram constituídos de rações experimentais isoenergéticas e isoprotéicas, contendo níveis crescentes de Ca: 0,04; 0,12; e 0,24%. Estes tratamentos foram utilizados como objeto de outra pesquisa, visando à determinação da exigência de cálcio para mantença de caprinos em crescimento. Os animais foram abatidos para determinação da composição corporal e estimativa dos conteúdos líquidos de proteína, extrato etéreo, energia, cálcio e fósforo retidos no corpo, por meio de equações de regressão do logaritmo dos conteúdos corporais, em função do logaritmo do peso de corpo vazio, segundo o ARC (1980). Estas mesmas equações permitiram a estimativa da composição do ganho em peso e das exigências líquidas para ganho, considerando-se os conteúdos corporais em diferentes pesos, porém, somente para animais com pesos vivos dentro do intervalo estudado. Os resultados médios obtidos para composição corporal foram: água, 64,88%; proteína bruta, 15,22%; extrato etéreo, 16,11%; energia bruta, 2,40Mcal; cálcio, 0,79%; e fósforo, 0,54%. Cálcio e extrato etéreo foram 48 responsáveis pelas maiores diferenças na composição corporal em relação à literatura. As exigências líquidas estimadas para energia, 1,802 a 1,632kcal/g ganho; proteína, 168 a 183mg/g de ganho; cálcio, 6,99 a 6,76mg/g de ganho; e fósforo, 5,86 a 6,43mg/g de ganho, dependendo do peso vivo do animal, foram inferiores às preconizadas para caprinos pelo NRC (1981). De modo geral, diferiram das exigências nutricionais recomendadas para ovinos e bovinos. 49 RESUMO E CONCLUSÕES O experimento foi desenvolvido nas instalações do Setor de Caprinocultura do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Viçosa, objetivando-se estimar a composição corporal e do ganho em peso e as exigências líquidas de energia, proteína, cálcio e fósforo, bem como as exigências dietéticas de mantença para caprinos em crescimento. Foram realizadas análises de regressão para verificar se os diferentes níveis de cálcio interferiram nos consumos e coeficientes de digestibilidade da matéria seca (MS), proteína bruta (PB), energia bruta (EB) e fibra em detergente neutro (FDN) e nos coeficientes de absorção de cálcio (Ca) e fósforo (P). Para Ca, avaliaram-se também as excreções fecal e urinária e o balanço do mineral. Não houve efeito significativo dos níveis de Ca sobre os consumos e digestibilidade dos nutrientes, com exceção da FDN, que teve a digestibilidade reduzida em função dos níveis de Ca. Para as rações contendo 0,04; 0,12; e 0,24% de Ca foram encontrados, respectivamente, os seguintes valores médios: para os coeficientes de absorção de Ca, -1,01; 0.35; e 0,77; para excreção fecal, 35,24; 37,36; e 55,59mg de Ca/UTM/dia; para excreção urinária, 3,72; 4,17; e 4,71mg de Ca/UTM/dia; e para balanço, -21,26; 15,80; e 54,24mg de Ca/UTM/dia. As perdas endógenas fecal e urinária foram estimadas em 27,77 e 3,25mg de Ca/UTM/dia, respectivamente. A exigência dietética de Ca para mantença foi estimada em 40,82mg de Ca/UTM/dia, pelo método das frações endógenas, e 52,85mg de Ca /UTM/dia, pelo método do 50 abate comparativo. Os valores encontrados foram inferiores aos recomendados para caprinos pelo NRC (1981) e para ovinos pelo AFRC (1991). Utilizando-se os mesmos animais, determinou-se a composição corporal, estimando-se os conteúdos líquidos de proteína, extrato etéreo, energia, cálcio e fósforo retidos no corpo, por meio de equações de regressão do logaritmo dos conteúdos corporais, em função do logaritmo do peso de corpo vazio, segundo o ARC (1980). Estas mesmas equações permitiram a estimativa da composição do ganho em peso e das exigências líquidas para ganho, considerando-se os conteúdos corporais em diferentes pesos, porém somente para animais com pesos vivos dentro do intervalo estudado. Os valores médios encontrados para composição corporal foram, respectivamente: água, 64,88%; proteína, 15,22%; gordura, 16,11%; energia, 2,40Mcal/kg MN; cálcio, 0,79%; e fósforo, 0,54%. Para composição do ganho em peso vivo, os valores encontrados foram: proteína, 168,15 e 183,12g; gordura, 83,47 a 67,71g; energia, 1,80 a 1,63Mcal/kg MN; cálcio, 6.995,36 e 6.759,02mg; e fósforo, 5.860,95 e 6.427,16mg, respectivamente, para 18 e 26kg. Cálcio e extrato etéreo foram responsáveis pelas maiores diferenças na composição corporal em relação à literatura. As estimativas das exigências líquidas para ganho foram: energia, 1,802 a 1,632kcal/g de ganho; proteína, 0,168 a 0,183g/g de ganho; cálcio, 6,993 a 6,758mg/g de ganho; e fósforo, 5,865 a 6,430mg/g de ganho, para animais de 18 a 26kg de peso vivo. Estas estimativas foram inferiores às preconizadas para caprinos pelo NRC (1981), sendo, de modo geral, inferiores também às exigências nutricionais recomendadas para ovinos e bovinos. 51 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADELOYE, A. A., AKINSOYINU, A. O. Phosphorus requirement of the young west African dwarf (fouta djallon) goat for maintenance and growth. 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Sci., London, v. 79, n. 2, p. 171179, 1972. 56 APÊNDICE APÊNDICE Quadro 1A - Consumo e excreções (fecal e urinária) de matéria seca Animal Ração Alimento Sobras Consumo Excreções fornecido (g) (g) (g) Fezes (g) Urina (g) 72 R1 499,78 88,43 411,35 110,67 9,00 71 R1 499,78 2,45 497,32 138,53 17,21 17 R1 499,78 17,24 482,54 112,45 19,68 60 R1 499,78 25,95 473,83 116,79 17,79 0 R1 499,78 6,12 493,65 109,00 20,14 31 R1 499,78 8,65 491,13 120,23 18,35 66 R2 498,75 20,82 477,93 172,58 11,05 21 R2 498,75 1,24 497,51 142,14 18,27 75 R2 498,75 1,25 497,50 119,05 15,23 51 R2 498,75 6,17 492,58 136,33 15,91 16 R2 498,75 7,37 491,38 142,64 15,49 41 R2 498,75 7,42 491,33 143,17 17,80 78 R3 500,46 7,29 493,17 177,26 16,20 77 R3 500,46 12,10 488,36 137,20 16,87 56 R3 500,46 24,27 476,19 126,46 12,35 39 R3 500,46 9,73 490,73 146,10 12,91 58 R3 500,46 13,29 487,17 140,42 15,19 20 R3 500,46 2,48 497,98 140,27 14,85 58 Quadro 2A - Consumo e excreções (fecal e urinária) de cálcio Animal Ração Cálcio forne- Cálcio nas Consumo de cido (mg) sobras(mg) cálcio (mg) Excreções Fezes (mg) Urina (mg) 72 R1 199,91 79,59 120,32 287,75 19,81 71 R1 199,91 2,45 197,46 346,32 53,35 17 R1 199,91 10,34 189,57 404,83 25,59 60 R1 199,91 12,97 186,94 397,09 21,35 0 R1 199,91 4,29 195,63 305,20 56,41 31 R1 199,91 6,92 192,99 408,77 51,38 66 R2 598,50 31,23 567,27 414,18 26,53 21 R2 598,50 2,98 595,52 412,22 65,78 75 R2 598,50 1,51 596,99 309,52 33,50 51 R2 598,50 6,79 591,71 272,65 62,04 16 R2 598,50 7,37 591,13 470,71 15,49 41 R2 598,50 8,91 589,59 415,20 53,39 78 R3 1201,10 13,13 1187,98 762,21 40,51 77 R3 1201,10 26,61 1174,49 548,80 99,56 56 R3 1201,10 26,70 1174,40 455,25 12,35 39 R3 1201,10 15,57 1185,53 496,76 49,06 58 R3 1201,10 43,87 1157,23 519,57 37,97 20 R3 1201,10 9,66 1191,44 631,19 43,07 59 Quadro 3A. - Coeficientes de digestibilidade aparente da matéria seca (CDMS), coeficientes de absorção aparente (CAaca) e real (CArca) e balanço de cálcio (Bca), em mg/dia Animal Ração CDMS CAaca CArca Bca 72 R1 0,73 -1,39 1,05 -187,23 71 R1 0,72 -0,75 0,73 -202,22 17 R1 0,77 -1,14 0,41 -240,85 60 R1 0,75 -1,12 0,45 -231,51 0 R1 0,78 -0,56 0,94 -165,99 31 R1 0,76 -1,12 0,40 -267,16 66 R2 0,64 0,27 0,79 126,56 21 R2 0,71 0,31 0,80 117,53 75 R2 0,76 0,48 0,97 253,97 51 R2 0,72 0,54 1,04 257,03 16 R2 0,71 0,20 0,70 104,93 41 R2 0,71 0,30 0,79 121,00 78 R3 0,64 0,36 0,61 385,26 77 R3 0,72 0,53 0,78 526,14 56 R3 0,73 0,61 0,86 706,80 39 R3 0,70 0,58 0,83 639,71 58 R3 0,71 0,55 0,80 599,69 20 R3 0,72 0,47 0,72 517,18 60 Quadro 4A - Peso vivo inicial (PVI) e final (PVF), peso de carcaça vazia (PCV) e peso metabólico (PM), em kg Animal Ração PVI PVF PCV PM 72 71 R1 R1 19,20 19,40 18,20 18,60 14,12 8,81 8,96 17 R1 22,00 22,50 60 R1 24,10 23,80 18,95 10,77 0 R1 26,30 25,60 19,44 11,38 31 R1 25,60 24,40 10,98 66 R2 19,60 19,00 9,10 21 R2 20,00 20,00 75 R2 22,10 23,60 51 R2 23,60 23,20 16 R2 24,60 23,70 41 R2 25,10 25,50 78 R3 19,90 19,50 77 R3 17,60 18,90 56 R3 21,80 22,50 39 R3 23,50 23,20 18,52 10,57 58 R3 26,10 25,90 22,24 11,48 20 R3 26,10 26,20 11 * 23,50 20,36 9,58 44 * 24,90 22,15 10,21 61 * 23,20 19,83 9,40 10 ** 25,30 22,30 19,84 9,40 42 ** 24,20 23,00 20,30 9,56 38 ** 24,10 24,10 22,25 10,24 10,33 16,64 10,71 19,54 10,57 10,74 20,82 11,35 9,28 15,10 9,06 10,33 11,58 * Animais usados como referência. ** Animais usados como suporte no nível de mantença utilizado. 61 9,46 Quadro 5A - Peso vivo de jejum (PVJ), peso corporal vazio (PCV), em kg, e composição corporal (% na MN) dos animais utilizados no experimento Anima Ração PV (kg) PCV (kg) MS (%) PB (%) EE (%) EB Mcal Ca (%) P (%) 71 60 R1 R1 17,50 22,30 14,12 18,95 34,29 36,31 14,96 15,82 15,54 16,93 1,64 2,12 0,75 0,70 0,51 0,48 0 R1 24,40 19,44 36,68 14,10 19,16 2,47 0,74 0,43 21 R2 19,50 16,64 37,31 14,15 20,27 2,02 0,87 0,41 51 R2 22,40 19,54 34,61 15,02 15,87 2,25 0,83 0,49 41 R2 24,20 20,82 36,01 15,04 17,40 2,60 0,83 0,54 77 R3 17,50 15,10 35,08 14,11 19,01 2,76 0,76 0,56 39 R3 22,10 18,52 34,76 16,57 14,92 2,29 0,78 0,60 58 R3 25,40 22,24 33,23 14,44 15,12 2,55 0,86 0,51 11 * 23,50 20,36 32,50 15,66 13,66 2,12 0,65 0,54 44 * 24,90 22,15 34,18 15,56 14,52 2,54 0,72 0,56 61 * 23,20 19,83 36,07 15,69 17,42 3,00 0,82 0,57 10 ** 22,30 19,84 35,75 16,15 14,89 2,06 0,97 0,64 42 ** 23,00 20,30 35,70 16,90 14,24 2,51 0,82 0,65 38 ** 24,10 22,25 34,36 17,00 12,58 3,15 0,69 0,56 62