Sobre a governação multinível Contribuição da Conferência das Cidades do Arco Atlântico A Conferência das Cidades do Arco Atlântico (CCAA) saúda a publicação pelo Comité das Regiões do Livro Branco sobre a Governação a vários níveis. A CCAA reúne actualmente mais de 30 cidades e redes de cidades da costa atlântica europeia e propõe-se promover os interesses das cidades atlânticas e das cidades em geral à escala comunitária, com o fim de favorecer o ordenamento equilibrado e policêntrico do território europeu. Para as cidades atlânticas, as propostas compiladas no Livro Branco sobre a Governação a vários níveis devem permitir: A definição de um conceito de governação multinível mais preciso e, logo, mais operacional, à luz do Tratado de Lisboa; A resposta às solicitações formuladas pelo conjunto das pessoas colectivas e das suas associações, através da consolidação da sua participação nas reflexões, e na elaboração das políticas europeias, em associação com os novos Parlamento e Comissão. Trata-se de um passo significativo. Não obstante, a CCAA deseja realçar certas interrogações que persistem e formular vários comentários. 1 - Sobre as propostas do Comité das Regiões O documento proposto pelo Comité das Regiões destaca a importância da governação multinível como elemento da construção europeia, assim como elo indispensável face ao desafio da mundialização. 1. A CCAA aplaude o reconhecimento das autarquias locais e regionais como verdadeiras partes interessadas num processo dinâmico de construção e aplicação das políticas europeias que deverá lograr um sistema policêntrico baseado na diversidade de actores. 2. Para as cidades atlânticas, é indispensável estimular, como menciona o Livro Branco, o lançamento e/ou o desenvolvimento dos mecanismos de consulta multinível em cada Estado-Membro, com o fim de converter o método de coordenação aberto numa ferramenta mais eficaz. Neste sentido, a governação multinível não pode limitar-se às estruturas existentes nos Estados e à escala europeia. Ao contrário, numa época em que se defrontam situações complexas e pluridimensionais, é necessário estabelecer estruturas flexíveis mas formais que permitam uma participação alargada. 3. A CCAA congratula-se pela iniciativa apresentada relativa à elaboração de uma Carta da União Europeia da Governação Multinível, elaboração a que pretende associar-se. Igualmente, esta Carta deverá ser uma oportunidade para definir os instrumentos concretos de lançamento e aplicação. …/… ----------------------------------------------------------------------------------Conférence des Villes de l’Arc Atlantique – 6, rue Saint-Martin – 35700 RENNES (France) Tél.: + 33 (0)2 99 35 40 60 – Fax: + 33 (0)2 99 30 24 51 – Email: [email protected] 4. A definição da governação multinível deve ser uma ferramenta de desenvolvimento sustentável e solidário da União Europeia. Assim sendo, é coerente pensar que as projecções nesta definição se farão paralelamente aos debates sobre o futuro das políticas europeias, em particular acerca da estratégia para 2020 e da política de coesão. 5. A importância do debate sobre as macro-regiões não deve ser minimizada. As cidades e as regiões atlânticas lançaram recentemente os debates sobre a pertinência de uma estratégia para o Espaço Atlântico, na óptica do reforço da cooperação e do desenvolvimento das sinergias. Uma estratégia integrada para o Arco Atlântico, dotada de uma dimensão urbana, será essencial para um ordenamento equilibrado e policêntrico do território europeu, graças à promoção do princípio da coesão territorial e à defesa do papel primordial das cidades como motores de desenvolvimento regional. 2. Sobre o papel das cidades 1. Os recentes acontecimentos justificam a necessidade de prosseguir e reforçar a descentralização das diferentes políticas aplicadas pela União Europeia. As cidades, como escalão mais próximo do cidadão, são as primeiras a sentir os efeitos da tripla crise - económica, climática e social e as primeiras a ter que lhe dar resposta. As instituições comunitárias devem colher as lições da crise que demonstram que a política de coesão é fundamental para responder aos choques externos. Igualmente, os órgãos de poder local assumiram os desafios que o desafio climático apresenta, agravados pela situação económica e social. Tanto mais quanto uma grande parte das políticas em matéria de habitat, transportes, urbanismo ou desenvolvimento económico é da competência das cidades. Daí a proposta de um modelo que tenha em conta as necessidades das cidades e que esteja apto a acelerar a transição para uma economia mais verde. As cidades atlânticas renovam assim o seu apoio a uma governação multinível que corresponda às responsabilidades reais das cidades, assim como a uma política de coesão cada vez mais integrada com o fim de garantir um desenvolvimento solidário, equilibrado e competitivo do conjunto da Europa. 2. A CCAA considera que as reflexões sobre a governação são uma oportunidade para fazer reconhecer o papel essencial das cidades como motor do desenvolvimento regional, facilitando que sejam consideradas como um protagonista de pleno direito na construção europeia assim como na preparação e na aplicação das políticas europeias. 3. O reconhecimento do papel das cidades passa por garantir, no Comité das Regiões, uma representação e participação activa das diversas associações urbanas europeias. 4. Para os cidadãos, as cidades são os pontos primários de contacto com as políticas europeias. A identificação dos cidadãos com a União Europeia é um repto básico na construção europeia e esta é fomentada pelas cidades através de estratégias de comunicação e participação directa. Trata-se, pois, de reforçar a consciência da pertença a um espaço europeu numa aplicação urbana do princípio da subsidiariedade. -2-