REGIÕES ECONÓMICAS
Mercosul
PÁG. 38 a 42
O JORNAL ECONÓMICO
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Págs. 10 e 12
7 novas
tendências
Págs. 22 e 24
7 produtos
para
exportação
PÁG. 54 a 62
7 pólos
de inovação
Págs. 14 e 16
7º ANIVERSÁRIO DO JORNAL OJE
7 ANOS
7 TEMAS
7 ESCOLHAS
7 marcas
exportadoras
Págs.
26 e 28
PÁG. 44 a 52
Golfo Pérsico
Número 1505 | sexta-feira, 28 de junho de 2013 | Preço 1 cênt. | Diretor Guilherme Borba
7 personalidades
7 startups
de sucesso
internacional 18Págs.
e 20
África Ocidental
Págs. 30 e 32
7 principais 34Págs.
e 36
destinos
das exportações
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sexta-feira 28 de junho de 2013
E
EDITORIAL
EDITORIAL
Guilherme Borba
Administrador
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7 anos, 7 temas, 7 escolhas
ENQUADRAMENTO
|
As soluções para o país passam
pelo crescimento da economia
e pela expansão das empresas
nacionais para mercados em
crescimento económico. Os mercados tradicionais de exportação
de Portugal estão em recessão ou
em crescimento anémico, caso da
Zona Euro, enquanto os mercados
extracomunitários estão a sofrer
algum esgotamento. Impõe-se
procurar alternativas em novos
HÁ SETE anos, o OJE entrou no
mercado dos media para inovar.
Ciente da necessidade de criar um
modelo que fosse suficientemente
simples e, simultaneamente, com
uma abordagem condensada à informação económica nacional e internacional, rapidamente ganhou o
seu espaço no mercado das publicações económicas.
Paulatinamente, através de um
modelo de distribuição inovador,
fugindo ao conceito de venda em
banca, partiu para um conceito proximidade com o leitor, através de
uma distribuição dinâmica e eficiente.
O espaço que o OJE foi conquistando neste mercado, ao longo destas mais de 1500 edições, deveu-se,
fundamentalmente, à qualidade da
informação disponibilizada aos lei-
mercados e, em paralelo, otimizar
o que se produz em termos de bens
transacionáveis para manter o nível
de exportações.
Neste 7.º aniversário do OJE, o radical
“7” vai estar presente ao longo desta
edição. São 7 temas de análise factual
e apresentada de forma intuitiva, onde
lançamos aquelas que consideramos
serem as 7 personalidades do momento em Portugal, para de seguida escolhermos 7 pólos de inovação que estão
tores, através de um modelo low
cost, que manteve sempre a preocupação de dar a “notícia pela notícia”, factual e objetiva.
Ao contrário de outras publicações económicas, o modelo de negócio do OJE tem-se mantido fiel a
si mesmo ao longo deste período,
sem necessidade de recorrer à oferta de edições para não reduzir a circulação impressa, já que o OJE, tal
como os outros económicos do
mercado, é uma publicação de circulação paga.
Como profissionais, acreditamos
na concorrência saudável, pois só
assim o mercado pode crescer e evoluir de forma justa.
Acima de tudo, e porque somos
um player ativo e credível deste
mercado dos media económicos há
sete anos, trabalhamos diariamen-
a transformar o país, as “nossas 7
startup de sucesso internacional, as 7
tendências em termos de consumo, os
7 produtos para exportação, as 7 marcas que levam Portugal para o exterior
e os 7 principais destinos das exportações nacionais.
Mas oferecemos mais.
Consideramos que o futuro está
em novos mercados com potencial de
crescimento, de empatia com empresas
portuguesas e de absorção de produ-
O OJE lidera o segmento
de publicações económicas com uma quota de
mercado de 45%, tendo
o Diário Económico 28%
e o Negócios 25%
CIRCULAÇÃO IMPRESSA PAGA
FONTE: APCT, RELATÓRIO JAN/FEV 2013
te para os nossos leitores e para
lhes dar a melhor informação, de
forma concisa, eficaz e direta, apar-
tos nacionais e optámos por três
regiões económicas com aquelas
características: Mercosul, Golfo
Pérsico e África ocidental.
Nestas regiões, encontrámos oportunidades e potencial em termos de
sub-região, com projetos transversais
a vários países. Consideramos que este
estudo focado e localizado pode servir
de suporte à tomada de opções na
internacionalização ou na procura
de parcerias comerciais.
tidária e independente.
O setor dos media tem enfrentado, nos últimos anos, desafios sem
precedentes, que se irão manter, caso as condições macroeconómicas
não sofram alterações a curto prazo.
Ainda assim, mesmo perante todas as adversidades que se adivinham para o futuro, o modelo do
OJE tem vindo a afirmar-se como
uma importante e reconhecida ferramenta de tomada de decisão para
os empresários nacionais.
Embora não sejamos futurologistas, principalmente numa altura
em que não existem verdades absolutas, vamos continuar a trabalhar
diariamente na edição impressa e
no www.oje.pt para divulgar a informação que já merece a sua confiança e credibilidade.
O OJE AGRADECE A PARTICIPAÇÃO DAS SEGUINTES EMPRESAS NESTA EDIÇÃO ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO
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Membro da:
Publicado diariamente de terça a sexta-feira • PROPRIEDADE - Megafin Sociedade Editora S.A., Registo na ERCS N.º 223731, N.º de Depósito Legal: 245365/06 • SEDE - Avenida Casal Ribeiro, n.º 15 – 3.º, 1000-090 Lisboa,
Tel.: 217 922 070, Fax: 217 922 099, Email: [email protected] • DIRETOR - Guilherme Borba • EDITORA EXECUTIVA - Helena Rua • REDAÇÃO - Armanda Alexandre, Almerinda Romeira, Catarina Santiago, Sónia Bexiga e Vítor Norinha • ÁREA COMERCIAL
- Diretor João Pereira, 217 922 088 – [email protected], Gestores de Contas Isabel Silva – 217 922 094, André Domingues – 217 922 073, Paulo Corrêa de Oliveira, 217 922 097 • ASSINATURAS Alexandra Pinto, 217 922 096, [email protected] • ÁREA
FINANCEIRA - Florbela Rodrigues • CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO - João Lino de Castro (Presidente) e Guilherme Borba – [email protected] • IMPRESSÃO - Grafedispor, Impressão e Artes Gráficas SA, Estrada Consiglieri Pedroso, Barcarena •
TIRAGEM - 17 300 • Nenhuma parte desta publicação, incluindo textos, fotografias e ilustrações, pode ser reproduzida por quaisquer meios sem prévia autorização do editor.
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7.º ANIVERSÁRIO DO JORNAL OJE
7 ANOS
1505 EDIÇÕES
Milhões de NOTÍCIAS
2008
2006
2008
2009
2007
2011
2010
2013
2011
2012
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de sucesso
internacional 18Págs.
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para
exportação
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7º ANIVERSÁRIO DO JORNAL OJE
7 ANOS
7 TEMAS
7 ESCOLHAS
7 marcas
exportadoras
Págs.
26 e 28
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7 PERSONALIDADES
Quando sucesso
é sinónimo
de talento
PERSONALIDADES
ASSUNÇÃO CRISTAS
MINISTRA DA AGRICULTURA, MAR, AMBIENTE E TERRITÓRIO
A criatividade na gestão, conceção ou produção de um produto,
serviço ou de uma obra de arte reúne um conjunto de figuras que,
entre tantas outras, colocaram o talento em português no mapa
Senhora da terra e do mar
Detentora de uma das pastas por muitos considerada problemática, Assunção Cristas lida
há dois anos com setores fundamentais para
o país que, embora não a tenha visto nascer,
uma vez a ministra nasceu em Luanda, em
1974, tem contado com os seus serviços na
defesa dos interesses nacionais. A mulher
que já foi descrita como sendo “perfecionista,
pragmática e certinha”, confessa ter entrado
para o mundo da política por mera casualidade e assume ter alimentado sempre o
sonho de ser professora. De lições tem sido
feia a sua passagem pelo Governo, que será
suspensa, com o final de tempo de gestação.
A primeira foi lecionada aquando da sua
chegada ao Ministério da Agricultura, do Mar,
do Ambiente e do Ordenamento do Território,
onde rapidamente assinou um despacho a dis-
pensar os seus funcionários do uso do símbolo universal de formalidade, a gravata, visando poupar energia, fazendo valer os estudos
que mostram que prescindir da gravata permite descer em 2o C a temperatura do ar
condicionado.
Seguiram-se lições de empenho, especialmente nos dossiers algo complicados da agricultura e do mar/pescas, para a qual a ministra defende um incremento adicional e sobre
os quais têm demonstrado evidente regozijo,
anunciando números em crescente incontornável, como é o caso das exportações dos
produtos agrícolas.
A revisão da matéria só ficou dada com a lei
do arrendamento. Trouxe-lhe maiores dissabores, mas, convicta, Cristas fez avançar as
medidas que elege como o passaporte para
a resolução de um grave problema do país.
PERSONALIDADES POR SÓNIA BEXIGA
PERSONALIDADES
PERSONALIDADES
ZEINAL BAVA
JOANA VASCONCELOS
CEO PORTUGAL TELECOM
ARTISTA PLÁSTICA
MIGUEL DOMINGOS/©UNIDADE INFINITA PROJECTOS
De malas feitas para o Brasil
As últimas boas notícias, porque o sucesso
teima em coroar todos os passos deste gestor,
revelam um manancial de prémios, promoções
e distinções que, inevitavelmente, nos levam a
falar deste profissional de excelência. Zeinal
Bava vai assumir a presidência executiva da
brasileira Oi; a revista financeira Institutional
Investor elege-o “melhor CEO em Portugal”,
sendo que a distinção é alargada ao contexto
internacional, onde arrecada o troféu de
melhor CEO do setor de telecomunicações da
Europa, à frente de Vittorio Colao (Vodafone)
e de Ian Livingston (British Telecom). Em
2010, 2011 e 2012, a revista já o tinha considerado o melhor CEO de telecomunicações e,
em 2003, 2004 e 2005, foi eleito consecutivamente o melhor CFO da Europa
no setor. Mas Bava continua em alta e a mais
recente prova vem do Thomson Reuters Extel
Survey, que o incluiu entre os 25 melhores
CEO a trabalhar na Europa, surgindo num destacado 5.º lugar, ainda melhor que o 6.º posto
de há dois anos e o 14.º do ano passado. Defensor assumido da necessidade de potenciar
e fomentar a exportação como caminho de
crescimento, elege a atração de investimento
estrangeiro e o empenho em equilibrar a balança comercial como principais pilares. Questionado sobre como deveríamos pensar as exportações, responde com convicção que passa
pela “transição do ‘Made in’ para o ‘Made by’,
que vai mais além, no sentido em que começamos a acrescentar valor”. Considerando existir
um longo caminho a percorrer sublinha que
Portugal têm os “três T” necessários para
o sucesso: tolerância, tecnologia e talento.
Criatividade sem fronteiras
Com lugar merecido e conquistado entre os
nomes que mais prestigiam a arte em Portugal, levando a todo o mundo a inspiração, a
criatividade e a qualidade de raiz portuguesa,
Joana Vasconcelos escolheu Lisboa para viver
e trabalhar, mas foi Paris que a viu nascer.
A artista explica a natureza do seu processo
como estando assente na apropriação, descontextualização e subversão de objetos pré-existentes e realidades do quotidiano. Partindo de engenhosas operações de deslocação,
reminiscência do ready-made e das gramáticas nouveau réaliste e pop, oferece uma visão
cúmplice, mas simultaneamente crítica, da sociedade contemporânea e dos vários aspetos
que servem os enunciados de identidade coletiva, em especial o estatuto da mulher, diferenciação classista e identidade nacional. Em
2006, recebeu o prémio The Winner Takes It
All, da Fundação Berardo, com a obra “Néctar”, atualmente instalada no Museu Colecção
Berardo, em Lisboa. Já em 2003 lhe tinha sido atribuído o Prémio Tabaqueira de Arte Pública para o projeto “Kit Garden”, instalado no
Largo do Intendente, em Lisboa; e, em 2000,
venceu o Prémio EDP Novos Artistas. Expõe
regularmente em Portugal e no estrangeiro
desde 1994 e o último, e altíssimo ponto da
sua carreira internacional, teve como epicentro França, mais precisamente o Château de
Versailles, que recebeu as suas obras em
2012. Atualmente, Joana Vasconcelos continua a iluminar o caminho até Portugal, dando
bastante que falar na Bienal de Veneza, com o
“Trafaria Praia”, a mais recente intervenção
da artista, desta feita, num velhinho cacilheiro
que renasceu fruto de uma criatvidade única.
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7 anos, 7 temas, 7 escolhas
PERSONALIDADES
PERSONALIDADES
LEONOR BELEZA
D. MANUEL CLEMENTE
PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO CHAMPALIMAUD
PATRIARCA DE LISBOA
DIOCESE DO PORTO
Na frente da inovação
Com um passado recente rico em lutas e debates políticos, assumindo por duas vezes o
Ministério da Saúde, nos X e XI Governos
Constitucionais, bem como outros cargos de
natureza executiva política, Leonor Beleza
tem, de há uns anos a esta parte, igual papel
de destaque na sociedade, conduzindo os destinos da já célebre Fundação Champalimaud,
num convite que lhe foi endereçado pelo próprio fundador, António Champalimaud, em
2004. Nestas funções, acompanham-na João
Silveira Botelho e António Horta Osório. Sobre o convite do fundador para que assumisse
a presidência de uma entidade que viria a ter
uma dimensão e reconhecimento no mundo
científico global tal que apontou um holofote
único sobre Portugal, Leonor Beleza já tornou
público que tudo começou com um telefone-
ma que ele lhe fez. Partilhou que ia criar, em
testamento, uma fundação para fazer investigação na área da saúde e que a estava convidá-la para ser a presidente. Um telefonema
que, confessa, a apanhou de surpresa. Na altura, Leonor Beleza era deputada e tomou a
decisão de que passaria a ocupar-se a tempo
inteiro da fundação, mas, pouco depois, houve
uma dissolução da Assembleia da República
e tornou-se mais fácil e rápido cumprir aquilo
que já tinha determinado. Conhecida pelo
profissionalismo, rigor e dinamismo com que
abraça cada desafio, assumiu, desde o início
deste mês, mais uma frente de trabalho, desta feita, como presidente do conselho geral
da Universidade de Lisboa, resultante da
fusão das atuais universidades de Lisboa e
Técnica de Lisboa e que funcionará nos novos
moldes já a partir do próximo ano letivo.
O regresso à capital
De partida da Diocese do Porto, onde chegou
em 2007, e a ultimar a sua chegada ao Patriarcado de Lisboa, D. Manuel Clemente, galardoado com o Prémio Pessoa e pioneiro na utilização do Youtube para a divulgação das
mensagens da diocese, traz, e agradece, a
amizade com que foi recebido e acompanhado e relembra agora que, de Lisboa, levou,
para o Porto, 58 anos de vida como leigo e
ministro ordenado, sob o pastoreio dos Cardeais Cerejeira, Ribeiro e Policarpo, de quem
guarda “larga e agradecida recordação”, em
especial de D. José Policarpo, de quem foi
aluno e, mais tarde, colaborador próximo no
Seminário dos Olivais e no serviço episcopal.
Homem de reconhecidas intervenções no
panorama cultural e religioso, muito atento
às questões sociais, considera que a crise
PERSONALIDADES
PERSONALIDADES
PAULO PEREIRA DA SILVA
ELVIRA FORTUNATO
CEO RENOVA
CIENTISTA
Sem medo de dar cor à vida
O “Senhor papel higiénico sexy” quando, lá
para os princípios dos loucos anos 80, se ensaiavam projetos de física estatística aplicada
à mecânica quântica, estava bem longe de
pensar que pouco mais de uma década o separava da projeção da Renova no panorama
nacional e internacional do consumo. Terminados os estudos em Lausanne, na École Polytéchnique Fédérale, onde se licenicou em Engenharia Física, regressa a Portugal em 1984
e estreia-se na Renova Fábrica de Papel do
Almonda, no âmbito da gestão industrial. Em
1991, entrou para o conselho de administração e, passados quatro anos, assumia a presidência, um cargo que exerce entusiasticamente, e como poucos, até hoje. Um cartaz à entrada da fábrica, exibe orgulhosamente a sua
máxima “Why not?”, argumento basilar que o
conduziu, juntamente com todos os acionistas, inclusive os céticos irredutíveis, a apostar
no agora célebre papel higiénico preto - o
“papel higiénico mais sexy do mundo”. Em
maio último, veio a público a derradeira conquista da empresa: a Renova entrou na Walmart, a maior cadeia de supermercados do
mundo, insígnia onde começou a vender a sua
gama premium. Esta entrada abrange cerca
de 350 hipermercados no Canadá e, para
Paulo Pereira da Silva, trata-se de “um importante passo na internacionalização da Renova
que revela a eficácia da estratégia adotada e
reflete a clara e significativa aposta nos mercados externos”. A entrada na Walmart é,
sem dúvida, uma mais-valia para a marca e
mais um sinónimo de excelência pensada e
produzida em português. Sem dúvida.
Inovação no seu expoente máximo
“A cientista que ganhou 2,5 milhões de euros
do European Research Council” - assim começava por ser conhecida e por chamar a atenção Elvira Fortunato, a cientista da Faculdade
de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (UNL) que, em 2008, conquistou
o maior prémio de sempre dado a um investigador português. O nome do projeto vencedor
é Invisible (Invisível) e propõe-se fazer transístores e circuitos integrados transparentes,
usando óxidos semicondutores, uma ideia arrojada e inovadora a nível mundial. Num ápice, a cientista estava no mapa e, claro, também Portugal e o seu potencial tecnológico e
de engenharia. Surge de imediato na edição
online do Financial Times e, qual bomba nos
meios científicos mundiais, foi possível, nos
dias que se seguiram, assistir ao fenómeno de
económica e de valores é visível, mas sendo
estes momentos “negativos no prejuízo que
trazem às pessoas”, também são “ocasião para uma renovada presença cristã no mundo”.
Em tempos difíceis, o responsável reconhece
que “sempre foi” difícil pregar o Evangelho a
estômagos vazios, apelando à entreajuda e
colaboração entre todos. Assinalou os seis
anos de tomada de posse na Diocese do Porto, com o livro “O tempo pede uma nova Evangelização”, defendendo a participação cívica e a consciencialização política. Através do
qual sublinha que os cidadãos devem “estar
em tudo” e com “mais interesse”, de forma a
não serem apenas espetadores. “Não julgo
que a vida política se resolva apenas ao nível
das instituições, é absolutamente necessária
uma motivação de quem está diretamente na
atividade política mas também de nós todos”,
pesquisar na internet “paper transistor” e
logo encontrar mais de quatro milhões de
sites em todas as línguas, incluindo chinês e
russo, com resposta pronta sobre a descoberta da equipa liderada por Elvira Fortunato.
Atualmente, a cientista e a sua equipa trabalham afincadamente no CENIMAT - Centro
de Investigação de Materia com nanomateriais, evidenciando a importância que a
nanotecnologia pode assumir para Portugal.
No entanto, ainda falamos de um trilho árido
no que diz respeito a apoios e reconhecimento. Como constrangimento maior ao sucesso,
a cientista aponta o afastamento que persiste
entre a indústria e a universidade, para o qual
não encontra resposta identificando, pelo contrário, recursos humanos, técnicas, equipamentos e infraestruturas que deveriam obrigatoriamente gerar a inversão desta situação.
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7 PÓLOS DE INOVAÇÃO
Excelência
na investigação
nacional
Os investigadores que, mais ou menos em surdina, vão fazendo um
trabalho de mais-valia ímpar, têm surgido à luz do dia diretos para
todo o mundo quando as suas descobertas são maiores que o país
que os alberga. Paulatinamente, vão provando aos seus pares que
Portugal tem condições, talento e pode vir a ter uma palavra maior
nos mundos da tecnologia, ciência e investigação
PÓLOS DE INOVAÇÃO
INSTITUTO PEDRO NUNES
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Por onde fervilha inovação
Foi distinguido por ter a melhor incubadora de
base científica do mundo, nos últimos 15 anos
já apoiou mais de 200 projetos empresariais
que geraram cerca de 1700 empregos e um
nível de 75 milhões de euros de volume de negócios, apenas em 2011, e prepara-se para, ainda no decorrer deste ano, receber a XI Conferência Internacional de Incubação de Base Científica, e inaugurar a nova “aceleradora de
empresas” com 4500 m2 de área, serviços
avançados de dinamização e internacionalização de negócios. Falamos, claro, do Instituto
Pedro Nunes (IPN), dirigido por Teresa Mendes.
Criado em 1991 por iniciativa da Universidade
de Coimbra, o IPN - Associação para a Inovação e Desenvolvimento em Ciência e Tecnologia
tem como missão contribuir para transformar
o tecido empresarial e as organizações em ge-
ral promovendo uma cultura de inovação, qualidade, rigor e empreendedorismo, assente num
sólido relacionamento universidade/empresa e
atuando em três frentes que se reforçam e
complementam: investigação e desenvolvimento tecnológico, consultadoria e serviços especializados; incubação de ideias e empresas; formação especializada e divulgação de ciência e
tecnologia. A incubadora foi criada em 2002,
por iniciativa do IPN e da Universidade de Coimbra, e visa promover a criação de spin-offs,
apoiando ideias inovadoras e de base tecnológica oriundas dos laboratórios do IPN, de instituições do ensino superior, em particular da
Universidade de Coimbra, setor privado e projetos em consórcio com a indústria. Os projetos
com carácter prioritário são spin-offs surgidas
da Univ. de Coimbra e startups que assegurem
uma forte ligação ao meio universitário.
PERSONALIDADES POR SÓNIA BEXIGA
PÓLOS DE INOVAÇÃO
PÓLOS DE INOVAÇÃO
TAGUS PARK
EXPERIMENTA DESIGN
TECNOLOGIA E BIOTECNOLOGIA
DESIGN
Do projeto à realidade
As áreas das Tecnologias de Informação, Comunicação e Eletrónica, Energias Renováveis e
Eficiência Energética, Biotecnologia e Ciências
da Vida, são rainhas e senhoras na incubadora
do Taguspark – Parque de Ciência e Tecnologia
que recebe de braços abertos, há mais de uma
década, empreendedores no processo de desenvolvimento sustentado das suas ideias de
negócio. Focado em disponibilizar meios e
apoios que permitam transformar projetos em
realidades empresariais, o Taguspark dirige-se
a pessoas com um perfil empreendedor que estejam à procura das infraestruturas necessárias para a criação e gestão de start-ups de
base tecnológica. A todo os interessados, que
em breve encontrarão um centro atualizado,
modernizado e de oferta mais diversificada,
assim estejam concluídas as “profundas” obras
em curso, o Taguspark esclarece que a incubação passa obrigatoriamente por três fases distintas, porém complementares: pré-incubação
(ideia, prova de conceito, concretização do plano de negócios e criação da empresa); incubação (conceção tecnológica do produto e/ou serviço) e, por último, o desenvolvimento empresarial (com uma duração estimada de 2 anos).
Os empreendedores devem ainda preparar-se
para, de 6 em 6 meses, serem avaliados pela
“equipa de gestão”, relativamente à evolução
da já referida fase de desenvolvimento, bem
como sobre a contribuição para a comunidade
da incubadora e participação nas iniciativas
que se sucedem e são sempre planeadas a pensar no enriquecimento das startups. Com o resultado das avaliações semestrais, o Taguspark
decidirá se a start-up permanecerá ou não.
Cultura em português
A “sacudir” as estruturas mais tradicionais desde 1998, a partir de Lisboa para o mundo, a
experimentadesign, uma associação cultural,
assume-se, acima de tudo, como uma unidade
de produção de conhecimento e de realidade e
um polo difusor de conteúdos nas áreas de design, arquitetura e cultura de projeto. Elege como matéria-prima a criatividade e o campo de
inserção é a cultura e a sua permanente transformação, numa perspetiva integradora e multidisciplinar. Move-se no sentido de uma intervenção incisiva no modo de pensar, produzir e
promover cultura em Portugal e no estrangeiro, repercutindo-se ativa e positivamente no
panorama transnacional. Este duplo objetivo
concretiza-se através da conceção, dinamização e promoção de projetos de criadores e instituições portuguesas, bem como do forjar de
uma rede de contatos e parcerias com entidades internacionais. No âmbito internacional,
tem vindo a estabelecer coproduções, parcerias, colaborações e cooperações com institutos, museus, centros culturais e de investigação, organismos oficiais e embaixadas. O projeto emblemático da experimentadesign, é a
Bienal EXD, cuja primeira edição foi em Lisboa
em 1999, e se dedica ao design, arquitetura e
criatividade contemporânea. Posicionando-se
como uma plataforma internacional dinâmica
e arrojada que promove a cultura contemporânea através da discussão e reflexão, a EXD gera e apresenta projetos, conceitos e ideias originais em diferentes formatos. As EXD'13 Lisboa e EXD'14 São Paulo, têm como tema “No
Borders” e convoca designers, arquitetos, pensadores, produtores, investigadores, economistas, gestores, políticos e o público em geral,
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7 anos, 7 temas, 7 escolhas
PÓLOS DE INOVAÇÃO
PÓLOS DE INOVAÇÃO
CENTRO TECNOLÓGICO DO CALÇADO DE PORTUGAL
IDITE MINHO
CALÇADO
TECNOLOGIA
Conforto amigo do ambiente
O Centro Tecnológico do Calçado de Portugal
(CTCP) pensa, estuda e aperfeiçoa o universo
do calçado desde 1986, ano em que a Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado,
Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS) e dois Institutos do Ministério da Economia, o IAPMEI e o INETI, a partir
do Laboratório de Controlo da Qualidade criado em 1981, avançam para a sua criação. Com
instalações em São João da Madeira e Felgueiras, localizações nevrálgicas na história e evolução do setor em Portugal, o CTCP tem como
principais objetivos apoiar técnica e tecnologicamente as empresas; promover a formação
técnica e tecnológica dos recursos humanos e
a melhoria da qualidade dos produtos e processos industriais; preparar e divulgar informação
técnica junto da indústria; realizar e dinamizar
trabalhos de investigação, desenvolvimento e
demonstração. Destaque para o projeto de investigação Be Nature, principiado em 2010 e
que integra juntamente com alguns parceiros,
e que tem como objetivo desenvolver couro,
componentes e calçado biodegradáveis e comportáveis destinados a consumidores que procuram produtos ecológicos. Por todo mundo se
investiga a temática dos materiais e produtos
biodegradáveis, são inúmeras as empresas que
apostam no desenvolvimento de produtos e
processos “mais amigos” do ambiente. Atualmente, o projeto encontra-se numa fase já bastante avançada da sua implementação, tendo o
final previsto para dezembro de 2013, e foram
já desenvolvidos couros desintegráveis por
compostagem para aplicação em calçado
como couro de exterior, forro e palmilhas
e respetivos processos produtivos.
Saber e empresas mais próximos
Uma infraestrutura tecnológica capaz de construir um “verdadeiro interface” entre centros de
saber e as empresas, assim se define o IDITE
Minho – Instituto de Desenvolvimento e Inovação Tecnológica do Minho. Assegurando ainda
que, devido à sua estrutura extremamente flexível, se ajusta continuamente aos curtos ciclos
de vida das tecnologias com que trabalha. A
cumprir o seu desígnio desde 1994, surgiu de
uma iniciativa conjunta da Universidade do
Minho, da Associação Industrial do Minho e do
Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia
Industrial. Ao longo dos anos adquiriu uma
vasta experiência no desenvolvimento de projetos em parceria com empresas, universidades,
infraestruturas tecnológicas e outras organizações nacionais e estrangeiras, tendo já desenvolvido parcerias em Espanha, Reino Unido,
Alemanha e Grécia. Atualmente, divide-se pelas áreas das Tecnologias de Informação e Comunicação, Ambiente e Energia e conta com 4
projetos em curso: “RHXXI, Recursos Humanos
para o Século XXI”, desenvolvido no âmbito do
Programa Equal, visa incrementar índices e
qualidade da formação profissional; o “RESTART, Recursos Multimédia de Apoio à Reconversão e Qualificação no Artesanato”, também inserido no Equal, destina-se a desempregados da indústria têxtil e vestuário e a artesãos e está orientado para a reconversão profissional e adaptabilidade de desempregados; o
“AquaSmart, Sistema de Apoio à Tomada de
Decisão na Gestão de Estações de Tratamento
de Água”, integrado no Programa IDEIA, consiste no desenvolvimento de um sistema computacional inovador, de suporte à gestão de estações de tratamento de águas para consumo.
PÓLOS DE INOVAÇÃO
PÓLOS DE INOVAÇÃO
INESC PORTO
CENIMAT - CENTRO DE INVESTIGAÇÃO EM MATERIAIS
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
NANOCIÊNCIA
Pela modernização do país
O INESC Porto, presidido por José Manuel
Mendonça, assume um posicionamento ativo
revela procurar pautar a sua ação por critérios
de inovação, de internacionalização e de
impacto no tecido económico e social, sobretudo pelo estabelecimento de um conjunto de
parcerias estratégicas que garantam a sua estabilidade institucional e sustentabilidade económica. A atividade deste Centro visa a investigação científica e o desenvolvimento tecnológico, mas também a consultoria e formação
avançada, bem como a transferência de tecnologia e o lançamento de novas empresas de
base tecnológica. Trata-se assim de uma instituição criada para assumir um papel de intermediário, construindo quantas pontes forem
necessárias até que as relações se estreitem,
entre os tão diferentes mundos académico e
empresarial da indústria e dos serviços. No entanto, munido de uma longa e rica experiência
o INESC Porto estende esta sua proatividade à
administração pública, no âmbito das tecnologias de informação, telecomunicações e eletrónica. Como objetivos estratégicos, evidenciam-se a produção de ciência e de tecnologia capazes de competir a nível nacional e mundial; a
colaboração na formação de recursos humanos
de qualidade científica e técnica, motivados para apostar nas capacidades nacionais e na modernização do país; contribuir para a evolução
do sistema de ensino científico e tecnológico,
modernizando-o e adaptando-o às necessidades do tecido económico e social; promover,
facilitar e incubar iniciativas empresariais que
possibilitem a valorização das suas atividades
de I&D e promovam o espírito de iniciativa e
de risco entre os seus jovens investigadores.
Pequenas grandes descobertas
Avaliado por um painel de especialistas internacionais na área da Ciência e Engenharia de
Materiais desde 1996, terminou o seu teste
com distinção e obteve a classificação de “excelente”. O que não deixou margem para dúvidas sobre o elevado grau de mérito científico
e técnico da atividade do CENIMAT/I3N (fruto das participações das universidade Nova
de Lisboa, Minho e Aveiro) – um centro nacional de pesquisa científica patrocinado pelo
Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, através da Fundação para a Ciência e
Tecnologia e que conta com a liderança de Elvira Fortunato. Este mesmo painel de especialistas viria ainda a reconhecer e a indicar que
o CENIMAT poderia ser considerado, a nível
nacional, como "um modelo de excelência no
campo da ciência dos materiais e engenha-
ria". Consciente do papel relevante que a sua
investigação assume, o Centro chama a si a
missão de promover a excelência em nanociência, nanomateriais e nanotecnologias para
fins sócio económicos. Assim, um dos seus
principais objetivos é a criação, manutenção e
fortalecimento de uma comunidade em português, capaz de fornecer os valores desejáveis
na atividade de I&D, para excelência em ciência e tecnologia, em linha com a União Europeia. Pretende ajudar a melhorar as relações
entre indústria e centros de pesquisa, a fim
de ser capaz de responder aos desafios da
inovação, certo de que requer uma abordagem concertada a nível nacional mas quer ser
a força motriz para a consolidação, gerando e
difundindo esta excelência, com um impacto
estruturante durável na modernização europeia de investigação, riatividade e inovação.
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7 STARTUPS DE SUCESSO INTERNACIONAL
Arranques
brilhantes
STARTUPS DE SUCESSO INTERNACIONAL
BIOSURFIT
TECNOLOGIA/SAÚDE
Seguem-se alguns exemplos, felizmente selecionados entre um vasto
manancial de casos de sucesso espalhados por todo o país, de jovens
empreendedores que avançaram, talentosamente, para negócios que,
logo no arranque, já tinham tudo para dar certo e surpreender
o mundo. É bom. É mesmo muito bom e é português.
Pela sua saúde
A tecnologia da Biosurfit baseia-se num equipamento de leitura - Spinit Reader - e na utilização de discos descartáveis - Spinit Disposables. Mediante a utilização de uma gota de
sangue, esta tecnologia consegue disponibilizar resultados precisos de detecção de diversos marcadores em apenas 15 minutos. Isto
permitirá ao médico fazer o diagnóstico clínico mais rápido e preciso, melhorando o atendimento ao paciente. Fundada por João Garcia da Fonseca, engenheiro do Técnico, doutorado em Engenharia Física dos Materiais Interfaces, pela Universidade Louis Pasteur
Strasbourg, a Biosurfit iniciou a sua atividade
em 2005, tendo vindo a ser financiada não só
por capitais de risco mas também por fundos
nacionais e comunitários. Na Biosurfit, acreditam “profundamente” que a equipa é indis-
cutivelmente a sua grande mais-valia, a razão
para do seu sucesso e a força que os mantém
motivados para seguir em frente. “Promovemos a inovação e a criatividade em todas as frentes de trabalho e a nossa motivação passa por conseguirmos alcançar os
objetivos críticos da empresa – mantendo
sempre o espírito de responsabilidade e dedicação aos clientes, fornecedores, parceiros, e
à nossa equipa”, assegura Daniel Neves, CMO.
Definem-se como uma equipa altamente qualificada, diversa e inteligente, com o knowhow certo, trabalhadora e motivada para cada objetivo. Pessoas talentosas e atentas às
imperfeições, que se divertem no trabalho e
com uma descontração que traz um grande
espírito de equipa. Registe-se que, todos, se
assumem igualmente responsáveis pelo sucesso da empresa.
PERSONALIDADES POR SÓNIA BEXIGA
STARTUPS DE SUCESSO INTERNACIONAL
STARTUPS DE SUCESSO INTERNACIONAL
BIOALVO
SCIENCE4U
PRODUTOS NATURAIS
BRINQUEDOS CIENTÍFICOS
100% Natural
O lema da Bioalvo, a “biotech dos produtos
naturais”, é arriscar e inovar “para construir
hoje as soluções de amanhã”. Fornece soluções de biotecnologia para maximizar a aplicação de ingredientes naturais portugueses e
recursos do mercado, contribuindo para o desenvolvimento de novos produtos, utilizando
soluções inovadoras que estejam alinhados
com a natureza e práticas sustentáveis. Foi
constituída em novembro de 2005 como uma
biotecnológica com o seu próprio pipeline de
medicamentos contra doenças neurológicas.
A procura constante de moléculas e compostos inovadores levou-a a concentrar-se nos
ativos oriundos do mar e da natureza, numa
“poderosa” combinação que deu resultados
muito positivos na identificação de novos
compostos para diferentes aplicações
farmacêuticas. Este sucesso foi a semente
para uma abordagem mais aberta e impulsionou a Bioalvo para um mercado mais amplo e
bem mais diversificado. Em 2011, implementou uma estratégia de reposicionamento profunda e 2012 ficou marcado pela expansão
de patentes, produtos e carteira de clientes
(estreando-se no mercado dos EUA) e assistiu
ao “orgulhoso” nascimento do primeiro ingrediente nacional e 100% natural para a indústria da cosmética (RefirMAR). Helena Vieira,
presidente e CEO da Bioalvo, sublinha que as
exportações já atingem cerca de 60% do volume de negócios da empresa, prevendo um
aumento do volume de negócios em 50% nos
próximos três anos. Nos últimos anos, a empresa passou de um volume de 32 207 euros
em 2009 para 138 484 euros em 2012 (12%
em 2009 para 58% em 2012).
Construir conhecimento a brincar
A Science4you, empresa dedicada ao desenvolvimento e produção de brinquedos científicos, nasceu em 2008, fruto de um projeto de
final de curso de alunos do ISCTE feito em
parceria com a Faculdade de Ciências. Miguel
Pina Martins, atual presidente executivo, decidiu arriscar, ficou à frente do projecto e dinamizou-o junto de potenciais investidores.
Acabaria por ver o seu percurso reconhecido
pela Comissão Europeia, que o nomeou “Empreendedor do Ano 2010”, no âmbito da SME
Week 2010. Questionado sobre as razões do
sucesso da empresa, o responsável aponta
“nunca desistir, oferecer brinquedos com
valor acrescentado e encontrar os melhores
parceiros”. Em 2012, registou vendas de 1,4
milhões de euros no ano passado em Portugal
e Espanha, uma duplicação face ao ano ante-
rior. “Não podíamos estar mais satisfeitos
com os resultados ibéricos. Espanha foi, desde
cedo, uma aposta de grande importância e
constitui um dos primeiros passos no nosso
processo de internacionalização”, diz Pina
Martins. Atualmente, a Science4you tem filiais em Espanha e Reino Unido. A entrada
no Reino Unido, concretizada no final do ano
passado, significou um investimento de meio
milhão de euros. O objetivo de crescer no
mercado inglês é claro e assenta no plano de,
através da língua inglesa, conseguir chegar a
países como a Índia, China ou Japão. Em
termos de posicionamento em cada um dos
mercados em que se encontra, garante que
apenas repete o método vencedor da parceria, privilegiando universidades locais para
dar credibilidade científica e os museus de
Ciência que dão visibilidade ao produto.
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STARTUPS DE SUCESSO INTERNACIONAL
STARTUPS DE SUCESSO INTERNACIONAL
BIODROID
CELL2B
ENTRETENIMENTO
BIOTECNOLOGIA
Barreira dos 5 milhões atingida
A Biodroid Entertainment Group, produtora
portuguesa de videojogos em atividade desde
2007, acaba de anunciar “o feito” protagonizado pelos três produtos de maior sucesso e,
juntos, alcançaram os cinco milhões de downloads nas duas maiores lojas de aplicações
móveis. O número encontrado contabiliza os
downloads associados ao jogo “Billabong Surf
Trip”, o mais popular dos jogos desenvolvidos
pela empresa, com 2,5 milhões de downloads,
o Megaramp, que decorre em cenários desportivos radicais como o skate e a BMX com
1,5 milhões de downloads, enquanto o jogo
“Cristiano Ronaldo Freestyle”, centrado no estrela portuguesa, já registou mais de um milhão de downloads. Com mais de 20 títulos, a
Biodroid tem uma considerável experiência
sobre como criar conteúdo acessível e atraen-
te para um público amplo. André Vazão esclarece ainda que a Biodroid promove os seus
produtos essencialmente a nível global e a
maior aposta vai para os principais mercados
mundiais de produtos digitais: EUA, Reino
Unido, Austrália, Japão e, mais recentemente,
Brasil. A presença em eventos internacionais
tem sido fundamental para o desenvolvimento do negócio e, só no último ano, marcaram
presença em mais de 10 feiras na Europa e
nos EUA. O nosso objetivo é que, a cada ano,
as exportações representem pelo menos 70%
da nossa faturação total”. Em 2012, o mercado de aplicações e videojogos valeu 70 mil
milhões de dólares. Em 2015, pode valer 86
mil milhões de dólares. Só o mercado de aplicações valeu 9 milhões de dólares (7 milhões
de euros) em 2012 e valerá 35 mil milhões
(27 mil milhões de euros) em 2015.
Salvar vidas
Um grupo de jovens talentos a criar esperança e a apontar soluções para quadros pesados
e, maioritariamente, com finais trágicos. Na
verdade, literalmente a investigar para salvar
vidas. O “milagre” chama-se Imunosafe. A
Cell2b, formalmente, nasceu em princípios de
2011, mas, na verdade, foi um trabalho que
começou muito antes. De 2007 a 2009, numa
colaboração entre o Técnico e o IPO de Lisboa, desenvolveram uma terapia para doentes
com a Doença do Enxerto Contra o Hospedeiro, sendo que o caso mais típico é o da leucemia, quando não pode ser tratada de forma
convencional, recorrendo-se então ao transplante da medula óssea. Metade dos pacientes que recebe o transplante acaba por rejeitar e nos casos mais graves não há qualquer
alternativa terapêutica. Foi então aplicada a
sua terapia em seis doentes e obtiveram resultados muito promissores. Os fundadores,
Francisco Santos, a Daniela Couto, o Pedro
Andrade e David Braga Malta, juntaram-se
e concluíram passar do ambiente académico
para a vertente de negócio, apostando no desenvolvimento do seu produto. A Cell2B foi
criada a pensar à escala global e “seria impensável que assim não fosse, sendo Portugal
um país tão pequeno temos de estar virados
para fora. E isso é uma mais-valia. Temos de
aproveitar as fortes ligações que temos ao
mundo inteiro e conseguir criar valor a partir
de Portugal tendo como horizonte o mundo
inteiro”. No âmbito do processo regulamentar
da EMA (European Medicins Agency) e do
Commite Internacional Service, quando obtiverem aprovação o mundo será o limite. O
dossier deverá estar completo em 2016.
STARTUPS DE SUCESSO INTERNACIONAL
STARTUPS DE SUCESSO INTERNACIONAL
BERD
EMOVE
CONTRUÇÃO
ENERGIAS RENOVÁVEIS
Construir como ninguém
A Berd nasceu em 2006 com o objetivo de
explorar as potencialidades do Sistema de
Pré-esforço Orgânico (OPS), desenvolvido pelo grupo OPS da Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto. As raízes remontam a
1994, na sequência da elaboração da tese de
mestrado “Soluções da Natureza para Problemas Estruturais”, do CEO, Pedro Pacheco. Um
trabalho de investigação de fundo que teve
como objeto o estudo de aplicações de soluções das bio-estruturas a estruturas da engenharia civil. Em 2001, após uma distinção
da Federation International du Beton, idealizaram os primeiros estudos experimentais.
Um ano depois, tem início uma cooperação
científica e tecnológica. Nesta fase embrionária da Berd, a FEUP e a Mota-Engil assinaram
um acordo de cooperação e após mais alguns
anos de investigação e experimentação do
sistema OPS, a Mota-Engil adquire um cimbre
autolançável novo com sistema OPS. A partir
de 2006 tornou-se subscritora dos contratos
e detentora do sistema OPS, em substituição
do grupo OPS da FEUP. Desde então, a sua é
missão investigar, desenvolver e aplicar soluções de vanguarda na construção de pontes.
Pedro Pacheco esclarece que a Berd nasceu
com 100% das obras fora de Portugal, teve
uma obra em Portugal em 2011/2012. O percurso no mercado externo tem sido muitíssimo positivo, havendo fortes sinais de abertura
e muito interesse pelas soluções que apresentam. Atualmente, a Berd encontra-se a produzir em vários projetos a nível mundial em
países como Brasil, Colômbia, EUA, Canadá,
Rússia, Turquia, República Checa, Eslováquia,
Índia, Peru e Venezuela.
Gone with the wind
A Emove é uma empresa que desenvolve e
fornece produtos que contribuem para a sustentabilidade ambiental e promove a visão de
um mundo melhor, procurando atingir a meta
da liderança mundial no fornecimento de soluções tecnológicas confiáveis para os mercados de energia eólica e das ondas. Sim, falamos de uma autêntica revolução no mercado
CleanTech protagonizada por um pequeno
grupo de jovens portugueses. A equipa é atualmente composta por sete sócios dos quais
três trabalham ativamente na empresa, sendo
um deles, o “business angel” que surgiu na
fase de aposta em Silicon Vailley e os outros
três são sócios que não estão a trabalhar na
empresa. O trio que se encontra ativamente
na empresa é constituído por Pedro Balas,
CEO, João Fernandes, CTO e Diogo Cruz, COO.
A Emove não tem clientes em Portugal. Desenvolveu e patenteou internacionalmente
uma tecnologia de um gerador elétrico com o
melhor rácio tamanho/potência do mercado
para aplicação em turbinas eólicas. O nosso
gerador permite reduzir 30% nos custos totais de instalação de cada turbina eólica, porque tem um maior rendimento que os geradores atuais existentes no mercado e não necessita de caixa de velocidades entre as pás das
turbinas eólicas e o gerador. Sendo uma empresa de engenharia e tecnologia, tem como
principais clientes os maiores fabricantes
mundiais de turbinas eólicas: Vestas, Siemens,
General Electric, Enercon, entre outras. Fabricantes sediados fora de Portugal, tendo a
Emove obrigatoriamente de ter um posicionamento internacional para conseguir manter
uma vantagem competitiva sustentável.
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7 NOVAS TENDÊNCIAS
Produtos
de nicho que
se agigantam
Esta seleção de produtos revela para onde apontam as baterias de
quem está interessado em exportar para nichos de mercado com
resultados surpreendentes. São exemplos de astúcia e perspicácia
que conseguiram dar resposta a quem procura, mesmo em mercados
mais difíceis de satisfazer, a diferença.
NOVAS TENDÊNCIAS
FRUTOS VERMELHOS
Os nórdicos não lhes resistem
Os frutos vermelhos são uma das recentes
apostas do setor agrícola. Frutos vermelhos,
ou silvestres, englobam morangos, framboesas, amoras, mirtilos, cereja e groselha. Segundo a Plubee, a razão principal para o investimento crescente nestas culturas prende-se com a elevada rentabilidade e preços por
quilo que se conseguem, ao mesmo tempo
que se consegue produzir quantidades elevadas por hectar. O consumo de frutos vermelhos tem crescido exponencialmente, com
destaque para os mercados nos países desenvolvidos, onde a opção por este tipo de produtos é mais frequente, dado o elevado poder
de compra. A cultura de frutos vermelhos tem
conhecido também um número crescente de
candidaturas a programas de apoio à agricultura, como o PRODER. A produção biológica
de frutos vermelhos consegue valores superiores por quilo de produção do que na produção integrada, pelo facto de gerarem menor
quantidade por hectar e por terem um valor
superior para o consumidor que cada vez
mais privilegia as melhores opções. Por exemplo, há alguns anos que os morangos produzidos no Algarve quase não chegam para as encomendas de inverno vindas da Holanda, Reino Unido, Suíça ou Rússia. A chave do sucesso
é a qualidade dos pequenos frutos vermelhos
que é fornecida pela luz algarvia conjugada
com a alta tecnologia. Holanda, Suíça, Dinamarca, Noruega, Reino Unido, Alemanha,
Finlândia e até Rússia são mercados
consumidores de morangos ao longo
de todo o ano, mas, como no inverno não
têm a luz algarvia para desenvolver o fruto
vermelho, têm de recorrer à importação.
PERSONALIDADES POR SÓNIA BEXIGA
NOVAS TENDÊNCIAS
NOVAS TENDÊNCIAS
PÊRA ROCHA
CONSERVAS GOURMET
Em pleno auge
A pêra rocha do Oeste vive uma fase de namoro e encantamento dos paladares estrangeiros e a comprová-lo estão os valores das
exportações que revelam um aumento de 84
mil toneladas na campanha de 2009/2010
para 90 mil toneladas em 2010/2011, segundo a Associação Nacional dos Produtores de
Pêra Rocha (ANP). Foram produzidas 223 mil
toneladas em Portugal, 115 mil das quais pelos seus associados. Destas, 90 mil foram
vendidas no mercado externo, sobretudo no
Brasil, Reino Unido, França, Rússia, Alemanha
e Polónia. 2011 foi um ano de superprodução,
facilitada por condições climáticas favoráveis
em comparação com 2010 e apesar da conjuntura internacional desfavorável ao consumo, o aumento das exportações é justificado,
entre outros fatores, com o aumento da capacidade de armazenamento dos sistemas de
conservação em frio. Para a campanha deste
ano (2012/2013), tudo aponta que seja
emblemática, porque, mesmo com uma quebra de 50% na produção, a desvalorização
dos preços no mercado nacional leva os produtores a exportar mais para atenuar os aumentos dos custos de produção. A ANP avançou com uma sensibilização a quem tutela o
setor com vista à internacionalização e com
o objetivo específico de entrar em novos
mercados como os EUA, a Índia, a China e
a África do Sul, grandes consumidores que
não dispõem de fruta no período do ano em
que existe a pêra rocha. No total, 99% da
pera rocha é produzida nos concelhos da
zona oeste de Lisboa, entre Mafra e Leiria,
numa área de cultivo de 11 mil hectares.
Regresso em força e charme
As latinhas, os petiscos, as iguarias primorosamente embaladas estão, sem dúvida, a voltar a dar nas vistas. E é lá fora que as começam a seguir de perto. Os mais recentes dados referentes às exportações de conservas
indicam que se registou um aumento no ano
passado e, pela primeira vez, verifica-se uma
melhoria do saldo da balança comercial. Mais
precisamente, Portugal exportou 185 milhões
de euros de conservas em 2012, o que representa um aumento de 14,61% em relação a
2011. Os dados agora divulgados pelo Governo português, através da Datapescas, revelam
a referida melhoria do saldo da balança comercial, de 2,5%, resultante, pela primeira
vez, do efeito conjugado da diminuição das
importações e do aumento das exportações.
Cerca de 60% das conservas portuguesas de
peixe destinam-se aos mercados externos.
Os principais importadores são o Reino Unido
e França, seguidos de Itália, Bélgica, Áustria,
Suécia, Dinamarca, Luxemburgo, Japão, China, Singapura, América, Venezuela, Canadá,
Angola, Israel, Palestina, entre outros. Especializada no segmento gourmet, a La Gôndola
dedica-se quase em exclusivo à exportação,
alcançando cerca de 90% da sua produção.
Fundada em 1940, em Matosinhos, mantém
o fabrico artesanal e os cinco milhões de latas
de conservas que saem por ano da fábrica
destinam-se ao Canadá, Itália, Bélgica, Suécia
e EUA. A conserveira trabalha para reconhecidas insígnias italianas, belgas e canadianas.
No Canadá, a estratégia de crescimento levou
à presença, com a marca Sabor do Mar, nas
cadeias de supermercados Walmart, Loblaws
e Metro.
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NOVAS TENDÊNCIAS
NOVAS TENDÊNCIAS
QUEIJOS GOURMET
CALÇADO DESIGN
Qualidade premium
Os queijos portugueses de qualidade ímpar e
amplamente reconhecida começam a ser alvo
de planos de exportação que, embora destinados a nichos e segmentos gourmet, podem vir
a fazer a diferença. Por exemplo, com a recente abertura da China em receber laticínios
portugueses podem vir a desenhar-se cenários relevantes. O setor dos lacticínios em
Portugal Continental e na Região Autónoma
dos Açores distingue-se pela elevada qualidade do leite que é produzido no nosso país,
sendo grande parte destinada à exportação.
Neste panorama, o sucesso passa por empresas fortemente implementadas, como é o caso da Saloio. Com origem em 1968, apresenta-se ao mercado como a empresa mais inovadora do setor dos queijos em Portugal. Os
seus queijos chegam atualmente a todo o ter-
ritório nacional e, fora das fronteiras, estão
em cerca de 16 países, com maior expressão
em França, Alemanha, Espanha, Angola e Moçambique. Para a Saloio a exportação tem sido, e continuará a ser, uma das suas grandes
apostas. Em 2012, as exportações pesaram
8% na faturação consolidada de 23 milhões
de euros, com Angola e Brasil a liderar o top
de destinos. No entanto, é na Rússia que a
empresa vai concentrar atenções no decorrer
de 2013. Confrontada com os problemas inerentes ao atual cenário de crise que afeta o
país, a Saloio revela que a sobrevivência passa pela estratégia de apostar significativamente na inovação. Num processo de apresentação de produtos diferentes, nomeadamente dirigidos ao segmento gourmet, mas
não só, apostando também numa perspetiva
de renovação de portefólio permanente.
Criatividade dos pés à cabeça
Se a qualidade do calçado português dispensa
qualquer tipo de cartão de apresentação, sobretudo nos principais países europeus produtores e consumidores do bom calçado, a estratégia passa agora por conquistar mais espaço onde já estamos e desbravar outros pontos do globo onde ainda não chegámos. E estamos a fazê-lo criando, inovando, concpetualizando e, sobretudo, deslumbrando com o design de chancela portuguesa. O setor do calçado vai evidenciando números positivos no
contexto das exportações mas este ano poderá revelar-se um período de estagnação, onde
só o nicho premium pode marcar a diferença.
Felizmente, sucedem-se os exemplos de um
empreendedorismo de qualidade, sofisticação
e luxo, como é o exemplo da Ramalhoni. Trata-se de uma marca de sapatos de luxo que
quer dar que falar no mundo internacional do
NOVAS TENDÊNCIAS
NOVAS TENDÊNCIAS
MOBILIÁRIO DESIGN
SALADAS LAVADAS
calçado, nascida no Porto, pelas mãos de Miguel Ramalhão, literalmente, já que é o empreendedor quem desenha os modelos, e os
apresentou na Micam The Shoevent, em Milão. Os sapatos custam entre 300 e 500 euros, e o seu criador descreve-os como sendo
“clássicos com um twist”, tendo começado
por comercializá-los online. Entretanto, esta
aventura virou negócio e Miguel arrancou,
com o apoio de um parceiro bem experiente
no negócio do calçado”, com a produção de
uma nova coleção. Pretendendo sobretudo
distinguir-se pela qualidade das criações e,
num processo de constante aprendizagem,
faz questão de visitar a produção e o modelista, a quem entrega os seus esboços, e de
tratar diretamente com fornecedores. As
exportações reinam neste pequeno negócio
com 90% das vendas a direcionarem-se
para os EUA e Inglaterra.
DESCRIÇÃO
Criatividade cosmopolita
As exportações do setor de mobiliário e colchoaria aumentaram 5% no 1.º trimestre, face ao mesmo período de 2012, ultrapassando
os 276 milhões de euros de vendas para 112
mercados, deu nota a Associação Portuguesa
das Indústrias de Mobiliário e Afins (APIMA).
Acrescentando que a França continua a destacar-se como o principal mercado de destino
das exportações setoriais, com uma quota de
30% e um volume de vendas na ordem dos
87 milhões de euros, embora registando um
crescimento homólogo de apenas 0,2%. Mas
a criatividade portuguesa neste setor está a
dar cartas de uma forma cabal. Um dos grandes exemplos do prestígio alcançado é a Boca
do Lobo, empresa de Rio Tinto dedicada ao
mobiliário de design feito de forma artesanal,
da dupla Ricardo Magalhães e Amândio Pereira, galardoada com o Prémio Melhor Design de Produto da Juli B. Graças à sua capacidade de surpreender e o seu gosto pelo detalhe, está hoje entre as empresas de mobiliário internacionais que marcam a diferença e
encanta particularmente o abastado mercado
dos EUA. Sim, porque se tratam de peças de
muitos milhares de euros. Uma das premissas
base da empresa foi a de trabalhar com um
conjunto de artesãos qualificados que partilhassem a paixão pela arte de produzir mobiliário. Para além do excelente nível de produção e cuidado com o pormenor, a estética
sustentada é a sua melhor imagem. Outra das
razões do sucesso é a constante atualização
no mercado e acompnhamento das tendências. E assim se assiste à conquista mundial
do mobiliário manufaturado em Portugal.
De pequenino...
Também os segmentos dos produtos agrícolas, nomeadamente vegetais para fins de confeção em salada, com especial atenção para
os que são de produção biológica, estão a
desbravar caminho e marcar a sua presença
no mapa das exportações. A produção de
produtos biológicos em Portugal cresceu 60%
no último ano, mostrando estar em franco
crescimento e sendo um excelente exemplo
do dinamismo da agricultura portuguesa, deu
nota o ministério da agricultura recentemente. Tratando-se assim de um cenário onde as
empresas portuguesas dão sinais de interesse
e de capacidade para não deixar escapar esta
oportunidade de negócio. Como exemplo desta astúcia tão necessária, surge a Vitacress
(em 2008 adquirida pelo grupo português
RAR). Na década de 50, a partir de uma plan-
tação de 0,4 hectares de campos de agrião
no sul de Inglaterra (Hampshire), foram
lançadas as bases daquele que atualmente
é considerado como um dos principais produtores, embaladores e distribuidores europeus
de saladas com folhas jovens e inteiras
(denominados de “baby leaf”) lavadas e
prontas a comer - a Vitacress Salads. Na
década 80, foi criada a Iberian Salads Agricultura, em Portugal, uma participada integralmente detida pela Vitacress, que passou a
ser um importante produtor de agrião, rucula,
espinafres de folhas “tenras” e de outras
variedades “baby leaf”. A marca Vitacress
está presente no mercado português desde
2003 e em Espanha desde 2007, estendendo
ainda a sua oferta aos retalhistas do Reino
Unido. Serve também o setor de food service,
catering e mercados grossistas.
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7 PRODUTOS PARA EXPORTAÇÃO
A dar cartas
no comércio
internacional
Há produtos nacionais, alguns deles tradicionalmente destinados às
vendas ao exterior, que estão a atingir patamares cimeiros ao nível
das exportações mundiais. Embora a cortiça, os têxteis e o calçado,
tenham, desde há muito, esta vertente, outros há que, aos poucos
e com muita prospeção de mercado, começam a dominar o mundo
PRODUTOS EXPORTADOS
TOMATE
4.º MAIOR EXPORTADOR MUNDIAL DE TOMATE TRANSFORMADO
95% para exportação
Portugal tornou-se, no ano passado, no 4.º
maior exportador mundial de tomate transformado, tendo ultrapassando Espanha e
estando apenas atrás da Itália na Europa,
de acordo a Associação dos Industriais de
Tomate. Em 2012, o país produziu cerca de
1,2 milhões de toneladas de tomate transformado, 95% dos quais destinados a exportação para um total de 42 países, refere a AIT,
tendo gerado um volume de negócios de 250
milhões de euros, com um valor acrescentado
bruto (VAB) de 80%.
Nesta indústria, o principal cliente de
Portugal é o Reino Unido, seguido da Espanha,
Holanda e Alemanha. Fora da Europa, o Japão
representa 10% das vendas deste produto
para o exterior.
O índice de produção por hectare é o segundo
PRODUTOS EXPORTADOS
PRODUTOS EXPORTADOS
AZEITE
VINHO
BRASIL É O PRINCIPAL DESTINO
EXPORTAÇÕES SOBEM 7,1% EM 2012
5.º maior produtor mundial
Portugal produz 57,2 mil toneladas de azeite,
representando 3% do total dos quatro
maiores produtores da união europeia
em 2012/13, de acordo com estimativas
do Eurostat.
Segundo a secretária-geral da Casa do Azeite,
que congrega produtores de 95% de todo o
azeite de marca embalado em Portugal, o volume de negócios em 2012 terá rondado os
400 milhões de euros e as exportações representam um pouco mais de metade desse volume de negócios, tendo aumentado 25%
face a 2011.
O principal país de destino do azeite português continua a ser o Brasil, com grande
relevância, e outro destino com importância
crescente é Angola, que é já o segundo mer-
cado no ranking das exportações nacionais.
Mariana Matos defendeu ainda, citada pela
Lusa, as parcerias no espaço luso-espanhol
(Portugal é o 5.º maior produtor mundial e
Espanha o principal), beneficiando da experiência e do saber fazer dos produtores
espanhóis de azeite. “Nunca poderemos ter
a dimensão de Espanha, em termos de produção, mas temos uma tradição de colaboração e de boa vizinhança neste setor que,
inclusivamente, se tem reforçado muito nos
últimos anos”, adiantou.
Destaque:
Portugal é o 5.º maior exportador de Azeite
oliveira e suas frações, mesmo refinado,
mas não quimicamente modificado, com
uma quota de 4,88% em 2011, tendo quase
duplicado em relação aos 2,65% em 2007.
Países terceiros garantem 42%
As exportações de vinho no ano passado,
incluindo vinhos licorosos, aumentaram 7,1,
para 704,8 milhões de euros, tendo ultrapassado pela primeira vez a barreira dos 700
milhões de euros.
No ano passado, os estrangeiros pagaram
2,11 euros por cada litro de vinho português,
embora tenho sido registada uma descida no
preço médio motivada “essencialmente pelo
decréscimo do preço das expedições para
o mercado comunitário”, segundo dados
do Instituto da Vinha e do Vinho.
Ainda assim, a Europa Comunitária manteve-se como principal destino em volume, com
55% do total, embora em valor os países
terceiros já representem 42%, com 297,7
milhões de euros exportados.
Ainda segundo o IVV, metade dos dez princi-
melhor do mundo, apenas atrás do estado
norte-americano da Califórnia.
Portugal tem a segunda maior produtora
mundial de concentrado de tomate, a
Sugalidal, em Benavente, depois de ter
adquirido no ano passado uma fábrica
no Chile, que permitiu quase duplicar a
sua produção anual, para 1150 milhões
de toneladas de tomate. A empresa prevê
alcançar este ano, com as fábricas de
Portugal, Espanha e Chile, uma quota
de mercado mundial de 3,5%.
Destaque:
20.º em tomate fresco ou refrigerado,
em 2011, com uma quota de 0,44%,
acima dos 0,32% alcançados em 2007
Do ponto de vista da cor, o tomate português
é o melhor do mundo, de acordo com a AIT
pais mercados de exportação situa-se fora da
Europa Comunitária, a saber, Angola, Suíça,
EUA, Canadá e Brasil, tendo sido o país
africano o que mais cresceu, com uma
variação de 18,2% face a 2011.
Em termos de valor, o vinho do porto representa 42,4% do total, com um volume de
exportações de 20,6%, de acordo com o
Instituto da Vinha e do Vinho.
Portugal produziu um total de 6,14 milhões
de hectolitros na campanha 2012/2013,
sendo o Douro e Porto a maior região,
pese embora a redução de 1,9%, para
um total de 1,3 milhões de hectolitros.
Destaque:
8.º maior exportador de vinhos de uvas
frescas, em 2011, com uma quota de
2,78%.
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PRODUTOS EXPORTADOS
PRODUTOS EXPORTADOS
CORTIÇA
PEDRAS NATURAIS
EUROPA LIDERA ENCOMENDAS
2.º MAIOR EXPORTADOR DE PEDRAS PARA CALCETAR
Maior exportador do mundo
Portugal é o maior exportador de cortiça do
mundo e também o maior produtor, representando, em 2011, 2% do total das exportações
nacionais. Nesse ano, segundo dados do
International Trade Center, 62% das exportações mundiais desta matéria-prima cabiam
ao nosso país, com um valor global de 804,7
milhões de euros, seguido por Espanha, com
apenas 16,6%, e 216,1 milhões de euros.
Em 2010, a produção portuguesa de cortiça
representava 49,6% do total mundial, o
equivalente a 100 mil toneladas.
As rolhas de cortiça mantiveram a liderança
das exportações, com 70% do total, representando 563 milhões de euros.
A Europa é o principal destino das vendas
nacionais com 53% do total, encabeçada
por França, que absorve 20,2%, represen-
tando 162 milhões de euros. Os EUA eram,
em 2011, o segundo mercado mais importante para a cortiça portuguesa, com importações na ordem dos 15,6% ou 125
milhões de euros.
A corticeira Amorim mantém-se como maior
exportadora mundial desta matéria-prima.
Destaque:
1.º exportador de obras de cortiça natural
e cortiça aglomerada, com uma quota de
69,71% e 60,42%, respetivamente 2.º
exportador mundial de cortiça natural
em bruto ou simplesmente preparada;
desperdícios de cortiça e em cortiça
natural, em cubos, chapas, folhas ou
tiras de forma quadrada ou retangular,
com 35,89% e 24,24%, respetivamente.
Recorde de exportações em 2012
As rochas ornamentais bateram o recorde em
exportações, com vendas de 353,2 milhões de
euros em 2012, acima dos 305,6 milhões de
euros reportados no ano anterior, de acordo
com as estatísticas dos Serviços de Minas e
Pedreiras da Direção-Geral de Energia e
Geologia (DGEG).
A maior procura, de acordo com o site Veja
Portugal, foi registada nos mármore e outras
rochas carbonatadas (mais de 192,5 milhões
de euros), seguindo-se o granito e outras
rochas similares (85,6 milhões de euros)
e a pedra natural para calcetamento
(38,8 milhões de euros).
Este subsetor registou um crescimento de
17,6% em volume e 15,6% em valor, representando 41,4% das exportações do setor das
“Substâncias Minerais”, refere o site, que cita
PRODUTOS EXPORTADOS
PRODUTOS EXPORTADOS
TÊXTEIS E VESTUÁRIO
CALÇADO
MICROEMPRESAS DOMINAM MERCADO
ENTRE OS DEZ MAIORES DO MUNDO
9% das exportações nacionais
A Indústria têxtil e de vestuário é uma das
mais importantes da economia portuguesa.
Com 9% do total das exportações do país,
de acordo com dados do INE, representando
4,13 mil milhões de euros em 2012, esta
indústria com cerca de 5 mil sociedades tem
sabido adaptar-se às exigências nacionais e
internacionais através da sua característica
flexibilidade e know-how.
De acordo com informações da central de
balanços do banco de Portugal, este setor representava em 2011 perto de 2% do número
de empresas e do volume de negócios das
sociedades não financeiras. Esta indústria,
concentrada principalmente no norte do país,
era constituída em 59% por microempresas,
mas eram as PME que detinham a maior
parcela do emprego (76%) e do volume de
negócios do setor (74%).
Em 2011, observou uma expansão do volume
de negócios de 2%, embora com uma taxa
inferior aos 6% verificados em 2010.
Destaque:
1.º exportador mundial de Fibras artificiais
descontínuas, cardadas penteadas ou transformadas para fiação, com uma quota de
mercado de 25,60%
8.º maior exportador de Fibras sintéticas
descontínuas, cardadas, penteadas, transformadas para fiação
7.º maior na exportação de roupas de cama,
mesa, toucador ou cozinha, com uma quota
de 2,79%
9.º maior exportador de tecidos turcos e
tecidos tufados com uma quota de 2,82%.
Vendas em 2012 a subir 4,5%
A indústria portuguesa do setor do calçado
conseguiu organizar-se tecnologicamente e é
hoje uma das mais desenvolvidas do mundo,
com marcas reconhecidas internacionalmente.
Localiza-se principalmente no norte do país e
está organizada em dois clusters geográficos:
em Felgueiras e Guimarães e em Feira, São
João da Madeira e Oliveira de Azeméis.
No ano passado assistiu a um crescimento
das exportações na ordem dos 4,5%, tendo
ultrapassado a barreira dos 1,6 mil milhões
de euros.
Portugal está hoje entre os dez maiores
exportadores de calçado, exceto na categoria
de borracha & plástico e têxtil, de acordo
com a APPICAPS. Segundo a associação do
sector, “o ano 2012 foi de afirmação internacional para a indústria portuguesa de calçado.
a DGEG. Em 2011, a produção da indústria
extrativa recuou ligeiramente face 2010,
alcançando 1,1 mil milhões de euros.
Destaque:
Portugal é o 2.º maior exportador mundial
de Pedras para calcetar, meios-fios e lajes
para pavimentação, de pedra natural,
com uma quota de 11,66%
7.º maior em Mármores, travertinos, granitos
belgas e outras pedras calcárias de cantaria,
com uma quota de 3,79%
7.º maior exportador de Granito, pórfiro, basalto, arenito e outras pedras de cantaria/construção, com uma
quota de 3,01% em 2011
6.º maior nas Ardósias, com uma quota
de 3,39%
Com a Europa a enfrentar um desempenho
económico modesto, merece amplo destaque
o crescimento das exportações portuguesas
de calçado em 2,7% para o Velho Continente”.
Embora as vendas para França e Alemanha,
dois principais destinos das exportações nacionais de calçado, tenham crescido, a aposta
nos mercados extracomunitários valeu um
aumento de 33% nas vendas internacionais,
tendo sido o principal motor de crescimento
desta indústria.
Destaque:
8.º em Calçado impermeável de sola exterior
e parte superior de borracha ou plástico,
com uma quota de 1,89%,
6.º em outros tipos de calçado,
com uma quota de 2,61%.
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7 MARCAS EXPORTADORAS
A crescer
em todos os
quadrantes
São sete das empresas que mais exportam no nosso país e a escolha
prendeu-se com o setor de negócio que representam.
Do azeite, ao papel, passando pelo setor automóvel, tanto ao nível
da produção de veículos como de componentes, a contribuição de
cada uma destas companhias para o crescimento das exportações
nacionais é inquestionável
MARCAS EXPORTADORAS
SOVENA
ALIMENTAR
Aposta no crescimento contínuo
A estratégia de internacionalização da
Sovena, o segundo maior produtor mundial
de azeite, começou cedo, nos países de
expressão portuguesa, ou “mercados da
saudade”. De momento, a empresa do grupo
Nutrinveste, que detém os azeites Oliveira da
Serra, exporta para mais de 70 países e está
presente em sete (além de Portugal, Espanha,
EUA, Brasil, Tunísia, Chile e Marrocos).
No ano passado, faturou mil milhões
de euros, face aos 960 milhões de 2011.
Em 2010, investiu 10 milhões de euros num
lagar em Ferreira do Alentejo. Hoje tem três,
contando com os lagares de Espanha e de
Marrocos (e há mais um na calha no país).
Em abril último, o vice-presidente executivo
da Nutrinveste e CEO da Sovena, António
Simões, declarou ao OJE que considera que
MARCAS EXPORTADORAS
MARCAS EXPORTADORAS
EFACEC
PORTUCEL SOPORCEL
ELETROMECÂNICA
PAPEL
Inovação e tecnologia
A fabricante de produtos, sistemas
e soluções é o maior grupo eletromecânico
com capitais portugueses e um dos players
na área das máquinas e aparelhos – o
maior setor exportador do país.
Fundada em 1948, com origem
na desaparecida Moderna (nascida
no início do séc. XX), a Efacec tem
atualmente um volume de negócios
que ultrapassa os mil milhões de euros
anuais, dos quais cerca de 62% foram
provenientes, em 2011, da estratégia
de internacionalização.
A empresa tem apostado nos mercados
externos, assim como realizado um
forte investimento na inovação e no
desenvolvimento de novas tecnologias,
em articulação com as tecnologias
de base. Política que, de acordo
com a multinacional, a tem levado
a “penetrar favoravelmente no mercado”,
posicionando-se “na linha da frente
da indústria portuguesa e nos mercados
internacionais”, estando na “vanguarda
mundial de fabricantes de equipamentos
de produção, transmissão e distribuição
de energia”. Presente (em termos
comerciais e industriais) em 65 países,
a companhia emprega cerca de
4800 pessoas. Os principais mercados
são os que apelida de “emergentes
Efacec”: a América Latina, os EUA,
a África Austral, o Magrebe, Espanha,
Europa Central e Índia. Em 2011,
as regiões onde verificou um maior volume
de vendas foram as da América Latina
(18%) e da África Austral (12%).
Alargar mercados e reposicionar
A Portucel Soporcel é uma das mais
fortes presenças portuguesas no exterior,
representando mais de 3% das exportações
do País. A nova fábrica de papel colocou
o grupo na liderança do mercado europeu
na produção de papéis finos de impressão
e escrita não revestidos (UWF) e em 6.º
lugar no ranking mundial, colocando
também Portugal na posição cimeira
na lista dos países da Europa produtores
deste tipo de papéis. A companhia
é ainda a maior produtora de pasta
branqueada de eucalipto BEKP (Bleached
Eucalyptus Kraft Pulp) do velho
continente, e uma das maiores do mundo.
Tem seguido uma estratégia de inovação
e desenvolvimento de marcas próprias,
que representam 60% das vendas
a maior conquista do grupo foi o crescimento
contínuo e o reconhecimento num setor dominado por empresas italianas e espanholas.
E que um dos maiores riscos que a Nutrinveste correu foi ter decidido centrar-se num
só negócio core – a Sovena, apostando no
crescimento internacional. Espanha é o principal mercado, com 30% do total. Os EUA são
o segundo, onde a companhia é o primeiro
importador de azeite, com uma quota de
20%. Seguem-se Angola, o Brasil e a China.
De momento, uma das grandes apostas
é o mercado brasileiro (onde tem a marca
de azeite Andorinha) enquanto “pólo de
desenvolvimento para a América Latina”.
E depois há o mercado chinês – com
um crescimento de “20 a 30% ao ano”,
onde a expetativa é de que, em “três
a quatro anos, seja maior que o brasileiro".
de produtos transformados, com destaque
para a insígnia Navigator, “líder mundial no
segmento premium de papéis de escritório”.
Os seus artigos comercializados em 113
países – com destaque para a Europa e
os EUA. Em 2012, o resultado líquido
subiu 7,6%, de 196,3 para 211,2 milhões
de euros, ultrapassando os 1,5 mil milhões
em vendas, com as exportações a
representarem 95% do total de vendas,
situando-se nos 1249 milhões de euros.
A empresa refere que tem feito um esforço
para “alargar os mercados e reposicionar
o mix de produtos nos mercados tradicionais”. Nesse sentido, “tem ganho quota
nos mercados tradicionais” e aumentado
de forma significativa a presença em
novos mercados, como o leste da Europa,
o Norte de África e o Médio Oriente.
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7 anos, 7 temas, 7 escolhas
MARCAS EXPORTADORAS
MARCAS EXPORTADORAS
CONTINENTAL MABOR
VOLKSWAGEN AUTOEUROPA
AUTOMÓVEL
AUTOMÓVEL
Especialização e eficiência
A empresa de pneus do grupo alemão
Continental chegou aos 796 milhões
de euros em termos de volume de negócios
em 2012, tendo aumentado as vendas
em 7%. Mais. Cerca de 98% das vendas
da Continental Mabor destinam-se
à exportação. O resultado líquido cresceu
12%, para 187 milhões de euros.
Os principais destinos de exportação
são a Alemanha, a Bélgica, o Reino Unido,
Espanha e a República Checa, sendo que
o leque de geografias de exportação já
chegou aos 33 países. A diferença da
Continental Mabor para outras empresas
está na especialização, na melhoria
da eficiência e na qualidade dos seus
produtos. A companhia irá continuar
a produzir os pneus de alta performance,
os UHP, exatamente o nicho de maior
valor acrescentado. A multinacional
firmou recentemente que vai continuar
a produzir os pneus de inverno, cujas
vendas aumentaram 15% no ano passado.
A Continental Mabor, incluindo o universo
de mais quatro empresas diretamente
dependentes da companhia principal,
emprega mais de 2200 colaboradores
e faculta 1040 milhões de euros.
A empresa de Famalicão conseguiu,
entre 2011 e 2012, aumentar o quadro
de pessoal em 104 colaboradores
e passar a fasquia mítica dos mil milhões
de euros nas vendas. A performance
da empresa exportadora pode ver-se
no VAB que, entre aqueles dois exercícios,
cresceu de 292,6 milhões de euros
para 316,8 milhões.
Modernização e reestruturação
Reconhecida internacionalmente como uma
das melhores empresas do grupo alemão
Volkswagen, comemorou, em 2011, duas
décadas de presença em Portugal. Nesse
ano, em que 98,9% das viaturas fabricadas
em Palmela se destinaram aos mercados externos, a Volkswagen Autoeuropa adquiriu
60% das componentes a fornecedores portugueses, com um impacto da sua atividade
no PIB do País estimado em 1,4%. Em termos
de fornecimento de fábricas em Portugal ao
grupo, entre 2011 e 2012 o volume de faturação subiu 178%, passando dos 163 milhões
para os 453 milhões de euros, com o número
de fornecedores a crescer de 12 para 14.
No ano transato, anunciou um investimento
de 200 milhões de euros na modernização e
reestruturação da unidade fabril. A empresa,
que produz uma média de 600 veículos por
dia, tem assim um impacto muito positivo na
economia portuguesa, sobretudo no que diz
respeito às exportações. É disso exemplo
o envio de produtos lusos para a China, que,
em 2012, tiveram o seu melhor ano de sempre, com um acréscimo de 96,3% face a 2011.
Tudo graças à Volkswagen Autoeuropa, que,
no exercício passado, começou a exportar diretamente de Portugal para o mercado chinês
(hoje o segundo maior da companhia, a seguir
ao alemão), onde cresceu 30% nos últimos
cinco anos. Contudo, com as vendas do setor
automóvel fortemente afetadas pela crise, as
empresas do parque industrial da Autoeuropa
poderão eliminar 500 postos de trabalho até
ao final do ano se não houver uma melhoria
no mercado, segundo avançavam em abril
as Comissões de Trabalhadores.
MARCAS EXPORTADORAS
MARCAS EXPORTADORAS
BOSCH PORTUGAL
SOCIEDADE CENTRAL DE CERVEJAS E BEBIDAS
TECNOLOGIA E SERVIÇOS
BEBIDAS
Investimento constante
O grupo alemão Bosch é representado
em Portugal pela Bosch Termotecnologia
(situada em Aveiro), a Bosch Car Multimedia
Portugal (em Braga) e a Bosch Security
Systems – Sistemas de Segurança (em Ovar),
em que a maioria dos produtos fabricados é
exportada. O grupo tem também uma empresa comercial, uma SGPS e uma participação
de 50% na filial da BSH, situadas em Lisboa.
A filial portuguesa, que em 2011 comemorou
100 anos de presença no País, tornou-se
um dos maiores empregadores industriais
de Portugal, com 3180 funcionários
no início deste ano. A companhia gerou
865 milhões de euros em vendas em 2012,
menos 13% face ao exercício anterior,
desempenho atribuído à recessão económica.
O volume total de vendas consolidadas
foi de 209 milhões euros. Com um volume
de mais de 90% de encomendas para
o exterior, a Bosch está em 6.º lugar
na lista dos principais exportadores
portugueses. No País, o setor da tecnologia
automóvel gerou 64% do volume de vendas
da marca no ano passado, nomeadamente
com os produtos fabricados pela unidade
de Braga (esta subsidiária é a principal
divisão industrial da Car Multimedia
da Bosch e a maior do género na Europa).
Está a terminar um investimento
de 75 milhões de euros em Braga
e entretanto consolidou em Aveiro o centro
mundial de competências para o negócio
de água quente. Aliás, o investimento
é uma constante na empresa, que nos últimos
cinco anos apostou cerca de 130 milhões
de euros nas fábricas portuguesas.
Portefólio internacional
A antiga Centralcer - Central de Cervejas
passou a designar-se, a partir de 2004,
Sociedade Central de Cervejas e Bebidas
(SCC), no sentido de refletir melhor o âmbito
da sua atividade que, além da cerveja, inclui
outras bebidas como a água e refrigerantes.
Em 2012, o valor de vendas da SCC registou
uma quebra de 1 dígito percentual face ao ano
anterior, tendo produzido cerca 304 milhões
de litros de cervejas e cerca de 157 milhões
de litros de águas. Com duas fábricas em
território português – uma de cerveja
em Vialonga, no concelho de Vila Franca
de Xira e outra de engarrafamento de água
na Vacariça, no concelho da Mealhada – o
grupo exporta e está presente em cerca
de 30 mercados, entre os PALOP – Países
Africanos de Língua Oficial Portuguesa,
França, Luxemburgo, Suíça, Inglaterra, Alemanha e EUA. O segmento de cerveja representa
25% do total das exportações. Os principais
produtos vendidos, tanto em Portugal como
nos mercados externos, são a cerveja Sagres
e a Água de Luso. O portefólio de cervejas da
SCC inclui ainda uma considerável variedade
de marcas internacionais, como a Heineken, e
a gama de refrigerantes da marca Schweppes.
Em abril de 2008, a SCC e a Sociedade da
Água de Luso foram adquiridas pelo grupo
cervejeiro Heineken (líder europeu e uma
das maiores companhias do mundo), que
passou a deter o controlo a 100% das duas
empresas portuguesa. A SCC tem como
unidades associadas a Certcer (empresa
de pré-venda em algumas regiões do país),
a NSDU (entregadora da pré-venda de
Coimbra) e a Sociedade da Água de Luso.
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7 PRINCIPAIS DESTINOS DAS EXPORTAÇÕES
Clientes
tradicionais
mantêm pódio
As exportações portuguesas de bens aumentaram 5,8% em 2012,
para um total de 45,3 mil milhões de euros, equivalendo a quase 30%
do PIB. Os clientes tradicionais, na sua maioria europeus, mantiveram
os lugares cimeiros do ranking das vendas de Portugal no exterior,
mas a crise económica e financeira da Zona Euro deverá motivar a
procura por outros mercados. UEMOA, Golfo Pérsico e Mercosul,
regiões de elevado crescimento económico, são uma opção estratégica a considerar
PRINCIPAIS DESTINOS DAS EXPORTAÇÕES
ESPANHA
22,5% DE QUOTA DAS EXPORTAÇÕES NACIONAIS DE BENS
1.º cliente de Portugal
A proximidade geográfica e a ligação histórica e empresarial são dois dos principais
motivos para Espanha se manter como o principal destino das exportações portuguesas,
absorvendo 22,5% das vendas nacionais no
estrangeiro, para um total em valor de 10,2
mil milhões de euros em 2012, de acordo com
dados do Instituto Nacional de Estatística.
Com quase 50 milhões de habitantes,
uma taxa de desemprego perto dos 27%
e uma contração do PIB de 2% no primeiro
trimestre do ano face ao mesmo período
do ano passado, Espanha enfrenta uma
crise económica e financeira prejudicial
às exportações portuguesas.
A balança comercial é tradicionalmente
desfavorável a Portugal, tendo-se registado,
em 2012, um défice inferior a 8 mil milhões
de euros (de 7,6 mil milhões de euros).
Nesse mesmo ano, nas exportações de
Portugal para Espanha por grupos de produtos, os metais comuns, com um valor global
de 1,2 mil milhões de euros, lideraram a
tabela, seguidos dos produtos agrícolas, com
1,14 mil milhões de euros. Os cinco principais
grupos de produtos exportados para Espanha
representavam, no ano passado, 50% das
vendas para Espanha.
Em 2011, existiam cerca de 4875 empresas
portuguesas a exportar para Espanha, tendo
sofrido um decréscimo face às 5345 em
2007.
Segundo a informação do Gabinete de
Estratégia e Estudos (MEE), os produtos
classificados como de baixa intensidade
tecnológica representaram 41,8% das expedições portuguesas para Espanha em 2011.
PRINCIPAIS DESTINOS DAS EXPORTAÇÕES
PRINCIPAIS DESTINOS DAS EXPORTAÇÕES
ALEMANHA
FRANÇA
12,3% DE QUOTA DAS EXPORTAÇÕES NACIONAIS DE BENS
11,8% DE QUOTA DAS EXPORTAÇÕES NACIONAIS DE BENS
2.º cliente de Portugal
3.º cliente de Portugal
O mercado alemão é o segundo maior
cliente das exportações portuguesas de
bens, com uma quota de 12,3% em 2012.
A maior economia europeia comprou, nesse
ano, menos 4,1% a Portugal, no que diz
respeito ao comércio de bens, para um total
de 5,57 mil milhões de euros, de acordo com
dados do AICEP. A revisão em baixa do
crescimento económico do país este ano,
de 0,7% para 0,4%, devido à recessão na
Zona Euro, tem motivado alguma retração
no consumo de bens externos.
Por grupos de produtos, as máquinas e
aparelhos superaram os veículos e outro
material de transporte em 2012, tendo
atingido um valor global de 1,5 mil milhões
de euros. Ainda assim, os produtos mais
exportados para a Alemanha, e os que têm
maior crescimento em valor, são os de base
tecnológica. Já os setores tradicionais,
apresentam menor peso nas exportações,
mas têm uma taxa de crescimento mais
elevada. Os setores com maior quota de
importações da Alemanha são a cortiça
(76%) e o calçado (4%).
Em 2011, havia 2466 empresas portuguesas
exportadoras para este mercado, um aumento face às 2386 verificadas em 2007.
O crescimento das exportações para este país
depende, em grande medida, da captação de
investimento direito estrangeiro (IDE) alemão
e do desenvolvimento de clusters setoriais
em Portugal, de acordo com um estudo
coordenado pela AHK e pela Roland Berger,
já que os países com maior stock de IDE
alemão apresentam maiores exportações
para a Alemanha.
França é o terceiro maior mercado para as
exportações de bens nacionais, com um valor
global, em 2012, de 5,37 mil milhões de euros.
A proximidade histórico-cultural dos dois
países, a integração em estruturas europeias
e internacionais e a existência de uma importante comunidade portuguesa nesse país são
fatores para relações comerciais privilegiadas
entre os dois mercados.
Em 2012, este destino atingiu um peso de
11,8% nas exportações nacionais. Ao contrário da evolução verificada nas exportações
de bens para Espanha e Alemanha, as
exportações de bens para França aumentaram 2,8% relativamente a 2011, mesmo
com a economia estagnada há quase dois
anos e com a confirmação da entrada em
recessão no segundo trimestre deste ano.
O crescimento das compras a Portugal foi
quase generalizado a todos os grupos de
produtos, embora com maior intensidade
nos metais comuns, produtos alimentares
e agrícolas.
Por grupos de produtos, em 2012, os veículos
e outro material de transporte detinham uma
quota de 17,8% das exportações totais para
França, com 956,3 milhões de euros vendidos
ao país, seguido das máquinas e aparelhos,
com 10,8% e 578 milhões de euros em vendas. Este país foi ainda, segundo dados da
Associação Portuguesa de Fabricantes de
Calçados e Componentes, o primeiro destino
das exportações portuguesas de calçado, com
16,9 milhões de pares exportados em 2012.
Em 2011, existia um total de 3563 empresas
portuguesas a exportar para França, representando uma quebra face às 3584 em 2007.
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7 anos, 7 temas, 7 escolhas
PRINCIPAIS DESTINOS DAS EXPORTAÇÕES
PRINCIPAIS DESTINOS DAS EXPORTAÇÕES
ANGOLA
REINO UNIDO
6,6% DE QUOTA DAS EXPORTAÇÕES NACIONAIS DE BENS
5,3% DE QUOTA DAS EXPORTAÇÕES NACIONAIS DE BENS
4.º cliente de Portugal
5.º cliente de Portugal
Com um crescimento estimado de 7,2% este
ano, a economia angolana encontra-se muito
dependente das exportações petrolíferas,
sendo altamente sensível às tendências
económicas globais, de acordo com um
estudo do Banco Mundial. Ainda assim, o
crescimento angolano tem sido favorável
a Portugal, tendo este mercado reforçado,
no ano passado, a sua posição como quarto
maior cliente externo português, com um
peso de 6,6%, mais 1,2 pontos percentuais
face a 2011, em resultado do acréscimo de
28,6% das compras ao nosso país relativamente a esse ano.
No total, as empresas portuguesas exportaram 3 mil milhões de euros de bens para o
mercado angolano, que manteve a primazia
entre os “países terceiros”, ou seja, fora do
espaço da União Europeia. No contexto dos
PALOP, Angola ocupa, a muita distância, a
primeira posição quer como cliente quer
enquanto fornecedor de Portugal. No período
compreendido entre 2008 e 2012, as exportações portuguesas para esse país aumentaram a uma taxa média anual de 8,8%.
De acordo com o Instituto Nacional de
Estatística, para o aumento verificado no ano
passado contribuíram mais significativamente
as exportações de máquinas e aparelhos e de
produtos alimentares, com quotas de 24,7% e
16%, respetivamente. O INE refere ainda que
acréscimo foi generalizado a quase todos os
grupos de produtos.
Portugal tinha, em 2011, 7893 empresas
a exportar para esse mercado, uma quebra
face às 9749 companhias a vender para
esse mercado em 2007.
O Reino Unido é o quinto maior mercado para
as exportações portuguesas, com um total
de 5,3%, tendo subido 7,3% em 2012, face
a 2011, para 2397 milhões de euros.
No ano passado, o saldo da balança
comercial era positivo para Portugal
em 699 milhões de euros.
Por grupos de produtos, os veículos e outro
material de transporte alcançaram os 16,1%
das exportações para este país, com um valor
total de 386,5 milhões de euros, seguido
das máquinas e aparelhos, com uma quota
de 15,3% e um valor total de 368 milhões
de euros. De salientar ainda as exportações
de vestuário que alcançaram uma quota
de 10,3%, para 247,6 milhões de euros,
de acordo com dados do Instituto
Nacional de Estatística.
O número de empresas portuguesas exportadoras para este mercado decresceu, em 2011,
para 2086, face às 2287 contabilizadas em
2007.
O Reino Unido evitou uma terceira recessão
consecutiva desde o início da crise financeira
ao registrar um crescimento de 0,3%
no primeiro trimestre, mas tanto o Banco
da Inglaterra (BoE) como o FMI alertaram
que a economia britânica ainda está longe
de uma recuperação duradoura.
O ministro das Finanças britânico, George
Osborne, anunciou esta semana um novo
plano de recuperação económica, que prevê
o investimento de milhares de milhões em
projetos públicos, uma medida que poderá
ser benéfica para Portugal, caso o país
saiba aproveitar esta boleia para
fomentar as exportações de bens.
PRINCIPAIS DESTINOS DAS EXPORTAÇÕES
PRINCIPAIS DESTINOS DAS EXPORTAÇÕES
PAÍSES BAIXOS
EUA
4,2% DE QUOTA DAS EXPORTAÇÕES NACIONAIS DE BENS
4,1% DE QUOTA DAS EXPORTAÇÕES NACIONAIS DE BENS
6.º cliente de Portugal
Os Países Baixos continuam a ser um
dos mais importantes parceiros comerciais
de Portugal, tanto como fornecedor de
Portugal, como comprador. Ainda assim,
há que ter em conta a previsão do Fundo
Monetário Internacional para uma nova
recessão no país este ano e ainda o desemprego mais elevado dos últimos 18 anos,
situações que poderão ter impacto nas
encomendas à Europa e, em particular,
a Portugal.
Este mercado europeu é o sexto cliente
para as exportações portuguesas de bens,
com uma quota de 4,2%, que tem vindo
a subir desde 2007, de acordo com dados
do Instituto Nacional de Estatística.
O valor total das expedições portuguesas
para este país ascendeu a 1,89 mil milhões
de euros em 2012, representando um
crescimento face aos 1,67 mil milhões
de euros reportados no ano anterior.
Os combustíveis minerais representam
a maior fatia das exportações, com uma
quota de 22,8% e um valor total de 432,3
milhões de euros, seguido dos plásticos e
borracha, com 12,2% de quota e um valor
de 230,9 milhões de euros.
De realçar ainda, as exportações de calçado,
em terceiro no ranking dos produtos expedidos para os Países Baixos, com uma quota
de 10,7% nas exportações, para um total
de 201,5 milhões de euros.
O número de empresas portuguesas exportadoras para os Países Baixos tem oscilado
desde 2007, quando alcançou as 1797,
tendo terminado 2011 com um total
de 1856 companhias.
7.º cliente de Portugal
As exportações de bens para os EUA aumentaram 24,7% em 2012, devido sobretudo aos
combustíveis minerais. Os EUA atingiram
assim um peso de 4,1%, mais 0,6 pontos
percentuais face a 2011, nas exportações
portuguesas, o que o permitiu ascender
a 7.º principal país de destino para os bens
nacionais em 2012. Superou, desta forma,
a Itália, com um valor total de 1,86 mil
milhões de euros no ano passado.
Os combustíveis minerais, com uma quota
de 36,9% nas exportações para os EUA,
alcançaram um valor global de 689 milhões
de euros, seguido das máquinas e aparelhos,
com 10,8% de quota, correspondente a 201
milhões de euros.
O início das negociações de um acordo de
comércio livre entre os EUA e a União
Europeia, na semana passada, poderá representar um crescimento exponencial nas
exportações portuguesas, através de uma
profunda liberalização da relação comercial
entre os dois países. Segundo uma análise do
instituto alemão IFO, caso o acordo seja firmado, o mercado de trabalho português será
o segundo mais beneficiado da Zona Euro.
Em maio, Allan Katz, embaixador dos EUA
em Portugal, afirmava que o protocolo irá
abrir “novas oportunidades” para Portugal
no mercado norte-americano, que, muitas
vezes, é encarado como “intimidador”,
devido às suas dimensões. O embaixador
frisava ainda a necessidade de uma postura
mais arrojada por parte das empresas e
marcas portuguesas, que deve ir mais além
da significativa comunidade portuguesa
no território norte-americano.
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Regiões económicas
DR
Trindad e Tobago
Guiana
Suriname
Guiana Francesa
Venezuela
Colômbia
Caracas
Equador
Peru
Brasil
Brasília
Bolívia
Paraguai
Assunção
Chile
Argentina
Buenos Aires
Uruguai
Montevideu
Países membros de pleno direito
Países observadores
MERCOSUL
Protecionismos agitam mercado comum
da América do Sul
Em 1991, quando foi constituído, o objetivo era torná-lo um espaço de livre circulação de bens, serviços, pessoas e capitais. 22 anos depois,
é ainda uma união aduaneira imperfeita com cinco membros efetivos: Argentina, Brasil, Paraguai (suspenso), Uruguai e Venezuela
MERCOSUL POR ALMERINDA ROMEIRA
cipal prioridade de política externa.
Dias antes, António Patriota tinha
afirmado, preto no branco: “O Mercosul é a iniciativa mais bem sucedida de integração global na Améri-
ca do Sul, um mercado onde as exportações continuam a expandir-se.” As declarações de Rousseff e de
Patriota surgem na sequência da
suspensão pela mineira Vale do projeto de exploração de potássio na
Argentina e da saída da All.
“Um dos principais obstáculos”
do Mercosul é político e tem sua origem na Argentina, um país que é
“extremamente protecionista”, afirmou a presidente da Confederação
Nacional da Agricultura do Brasil,
Kátia Abreu, que defende um acordo de livre comércio entre o Brasil e
a UE, fora do âmbito do Mercosul.
Na realidade, os dois titãs têm adotado políticas de proteção de
mercado, restringido as importações e, apesar de apregoarem a integração, as suas economias trilham
rumos muito intervencionistas.
PARAGUAI
URUGUAI
VENEZUELA
Superfície
406 752 km2
População
6 623 252 (2013)
População até 14 anos
26,8%
População acima 25 anos
39%
Densidade
14 hab/Km2
Crescimento demográfico/ano
1,23%
Esperança de vida
76,6 anos
Escolaridade
94%
Taxa desemprego
6,9% (2012)
Ranking IDH (2012)
0,669
Línguas base
Espanhol e guarani
Religiões
Católica
Unidade monetária
Guarani
Superfície
176 215 km2
População
3 324 460 ( 2013)
População até 14 anos
21,4%
População acima 25 anos
38,8%
Densidade
19,8 hab./km2
Crescimento demográfico/ano
0,25%
Esperança de vida
76,61
Escolaridade
98%
Taxa desemprego
6,1%
Ranking IDH (2012)
0,792
Línguas base
Espanhol
Religiões
Católica
Unidade monetária
Peso uruguaio
Superfície
912,050 km2
População
28 459 085
População até 14 anos
28,6%
População acima 25 anos
39,5%
Densidade
30 hab./km2
Crescimento demográfico/ano
1,44%
Esperança de vida
74,23
Escolaridade
93%
Taxa desemprego
8%
Ranking IDH (2012)
0,748
Línguas base
Espanhol
Religiões
Católica
Unidade monetária Bolivar venezuelano
JUNTOS, os cinco membros efetivos
do Mercsol representam um mercado de 274,8 milhões de pessoas e
um PIB nominal de 3,3 milhão de
milhões de dólares (2,5 milhão de
milhões), em 2011, segundo o
World Economic Outlook do Fundo
Monetário Internacional (FMI).
Criado em 26 de março de 1991,
pelo Tratado de Assunção, o Mercosul (Mercado Comum do Sul) visa a
integração aduaneira e económica
com vista a acelerar o desenvolvimento económico sustentado, assente na justiça social, no combate
à pobreza e na proteção ambiental.
O Paraguai foi suspenso em junho
de 2012, depois de o Parlamento ter
votado a destituição do Presidente
Fernando Lugo. Os restantes membros (à altura) - Brasil, Argentina e
Uruguai - não só o suspenderam (até
a próxima eleição presidencial), como aprovaram a entrada da Venezuela (membro de pleno direito), uma
decisão que o Senado paraguaio tinha anteriormente vetado. O Mercosul é agora constituído por cinco
membros efetivos, sendo outros cinco membros associados: Bolívia,
Chile, Colômbia, Equador e Peru,
tendo o México o estatuto de observador. Os associados têm acesso preferencial ao comércio da zona, mas
não beneficiam das vantagens tarifárias e aduaneiras.
A suspensão do Paraguai vai estar
na agenda da próxima cimeira (12
de julho) em Montevideu, Uruguai,
avançou o ministro das Relações Exteriores brasileiro, António Patriota, citado pela agência MercoPress.
Como mercado, o Mercosul abarca uma realidade pujante. Segundo
o FMI, entre 2007 e 2011, as suas exportações cresceram 52,8% e as importações 70,2%. Números gordos,
em 2011, o intercâmbio comercial
(export + import.) do Mercosul com
o resto do mundo atingiu 824 mil
milhões de dólares (632 mil milhões
de euros). O Brasil é a primeira economia da região e destaca-se tanto
na saída de mercadorias, com 256
mil milhões dólares (196 mil milhões de euros), como na entrada,
com 226,2 mil milhões de dólares
(173 mil milhões euros). O segundo
lugar é no caso das exportações ocupado pela Venezuela e nas importações pela Argentina.
Na realidade, o Mercosul é demasiado importante, pelo menos, para
o Brasil. Isso mesmo reconheceu,
recentemente, a Presidente Dilma
Rousseff, que o elegeu como a prin-
ARGENTINA
BRASIL
Superfície
2 780 400 Km2
População
42 610 981 (2013 )
População até 14 anos
25,1%
População acima 25 anos
38,8%
Densidade
14 hab./km2
Crescimento demográfico/ano
0,98%
Esperança de vida
77,32 anos
Escolaridade
98,1%
Taxa desemprego
7,2% (2012 est)
Ranking IDH (2012)
0,811(45º)
Línguas base
Castelhano
Religiões
Castelhano (oficial)
Unidade monetária
Peso argentino
Superfície
8 514 877 Km2
População
201 009 622 (2013)
População até 14 anos
24,2%
População acima 25 anos
43,6%
Densidade
22 hab./km2
Crescimento demográfico/ano
0,83%
Esperança de vida
73,02 anos
Escolaridade
88,6%
Taxa desemprego
8%
Ranking IDH (2012)
0,730
Línguas base
Português
Religiões
Católica
Unidade monetária
Real
Fontes: Banco Mundial, CIA – The World Fact Book, FMI, Nações Unidas e OCDE
Depois da suspensão do
Paraguai, na sequência
da destituição do
Presidente Fernando
Lugo, a Argentina,
o Brasil e o Uruguai
admitiram a Venezuela
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Regiões económicas
RETRATO DE 5 PAÍSES
Mercado comum do sul da América
Argentina
“
No Brasil,
a desigualdade social
permanece em níveis
relativamente elevados
para um país de renda
média, destaca o Banco
Mundial no outlook
sobre o país
A PROTECIONISTA
A ARGENTINA é uma das cinco
maiores economias da América do
Sul e um dos países que mais aposta no desenvolvimento económico
com inclusão social: 6% da riqueza
produzida destina-se à educação e
cultura e 9,5% aos serviços de saúde, segundo o Banco Mundial.
Com um PIB de 747 mil milhões
de dólares (572 mil milhões de euros), em 2012, a Argentina é o país
da região que mais se aproxima da
média da OCDE (33,8%) na relação
receitas fiscais/PIB: 33,5% (dados de
2010). A pressão fiscal acompanhou
o relançamento da economia, a partir de 2002 (anteriormente, o país
enfrentou o “default” e uma crise
social profunda), tendo as receitas
fiscais subido 13 pontos percentuais até 2010, segundo dados da
OCDE, impulsionadas sobretudo pelo restabelecimento do imposto sobre as exportações (2002).
Tanto o imposto como as exportações aumentaram de forma significativa ao longo da última década, acompanhando o crescimento da
procura e dos preços das “commodities”. A abertura do mercado chinês tem impulsionado a dinâmica
exportadora.
Rica em recursos naturais, particularmente chumbo, zinco, estanho, cobre, minério de ferro, manganésio, petróleo e urânio, a Argentina tem uma agricultura muito desenvolvida e uma indústria que, nos
últimos anos, atingiu crescimentos
recorde, em especial nos setores automóvel, têxtil e alimentar. O país é
um dos maiores produtores de biodiesel do mundo, sendo o maior exportador deste produto. Também é
grande exportador de milho, trigo,
soja, carne e etanol.
A Argentina é o país mais protecionista do mundo, de acordo com
o Global Trade Alert (GTA nov. 2008
a nov. 2011). Não obstante, oferece
oportunidades interessantes na
área do investimento, encontrando-se entre as indentificadas a vitivinicultura, a olivicultura e a agropecuária, o turismo e a construção.
Fora do setor primário, as energias
renováveis, as atividades extrativas
e a construção ferroviária e rodoviária, desde que com parceiros locais.
Em 2012, o crescimento económico argnetino abrandou, tendo sido
de apenas 1,9%. Para este ano, o
Banco Mundial estima uma subida
de 3,4%.
Brasil
O COLOSSO
RICO em minérios e petróleo (a estratégia definida pela empresa estatal Petrobrás aponta para a duplica-
ção da produção até 2020), com
uma agricultura muito desenvolvida e um setor industrial fortíssimo,
o Brasil é a sétima economia do
mundo, com um PIB de 2,3 milhão
de milhões de dólares (1,8 milhão
de milhões de euros), em 2012. Um
país rico, grande exportador de mi-
nérios, combustíveis, grãos, açúcar
e maquinaria, mas com uma distribuição de rendimento muito assimétrica. Apesar dos avanços dos últimos anos, especialmente durante
a Presidência de Lula da Silva, “a desigualdade permanece em níveis relativamente elevados para um país
de renda média”, vinca o Banco
Mundial. Números desta instituição
referem que a pobreza (pessoas que
vivem com dois dólares/dia) passou
de 21% da população, em 2003, para 11%, em 2009. Já a pobreza extrema (1,25 dólares/dia) passou de
10% da população, em 2004, para
2,2% em 2009. O país experimenta
diferenças regionais extremas, especialmente nos indicadores sociais, como a saúde, a mortalidade
infantil e a nutrição.
Tradicionalmente, o Brasil é o
país da América Latina com maiores receitas fiscais em proporção do
PIB (32,4%), mas, em 2010, cedeu o
lugar à Argentina, segundo a OCDE,
que destaca o facto dos impostos indiretos serem relativamente altos.
O investimento estrangeiro desempenha um papel importante no
desenvolvimento económico recente do Brasil, que é um importante
captador de IDE a nível mundial (5.º
em 2011) e terceiro destino mais
atrativo para as principais empresas
transnacionais, segundo a UNCTAD
– Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento.
Entre os setores que mais têm vindo
a concentrar o interesse dos investidores estrangeiros, aliciados pelas
oportunidades de negócio encontram-se, a construção civil,
PROJETOS INFRAESTRUTURANTES
Argentina. Limpar a poluição e
melhorar o saneamento da bacia
Matanza-Riachuelo na cidade de
Buenos Aires e noutras áreas da
província do mesmo nome é o objetivo de um mega projeto ambiental
em curso no país das pampas. No
montante de mil milhões de dólares
(767 milhões de euros), dos quais
840 milhões (644 milhões de euros)
financiados pelo Banco Mundial, o
Projeto de Desenvolvimento
Sustentável da bacia MatanzaRiachuelo, aprovado em 2009, deverá estar concluído em 2016. Na
Argentina, o investimento faz-se
em todas as áreas, da agricultura,
à saúde, educação e infraestruturas
é uma constante. Atualmente, só o
Banco Mundial tem 36 projetos em
financiamento.
Na ótica do desenvolvimento
económico com inclusão social, refira-se, a título de exemplo, o segundo
projeto provincial de desenvolvimento agrícola PROSAP, no montante de
300 milhões dólares (230 milhões
de euros). Este projeto visa aumentar a capacidade produtiva e organizacional em comunidades rurais
pobres, estimando-se que dele possam beneficiar 70 mil pequenos
e médios produtores.
Brasil. Tem, neste momento,
em construção uns incríveis 7349
quilómetros de estradas e autoestradas, às quais há que somar
1889 quilómetros recentemente
concluídas. Isto só na vertente de
obras rodoviárias, no âmbito da
segunda fase do Programa de
Aceleração e Crescimento (PAC 2),
que prevê um investimento de 955
mil milhões de reais (331 229 milhões de euros), no período entre
2011 e 2014.
O eixo de transportes desta estratégia desenvolvimentista lançada pelo
Presidente Lula e prosseguida pela
Presidente, Dilma Rousseff, engloba
ainda a construção de 2576 quilómetros em ferrovias, das quais as
mais importantes são as ligações
Norte-Sul, a Ferrovia de Integração
Oeste-Leste e a Ferronorte.
Uma dúzia de portos está igualmente a ser palco de obras e projetos de recuperação, alargamento,
dragagem de aprofundamento e
ampliação de terminais de passageiros. Os projetos infraestruturantes estendem-se ainda a linhas
de metro, comboios suburbanos,
estações ferroviárias e 14 aeroportos, cuja obras permitiram aumentar
a capacidade dos mesmos em
14 milhões de passageiros por ano.
O Programa de Aceleração e
Crescimento lançado em 2007, no
segundo mandato do Presidente
Lula, entrou em 2011 na segunda
fase, com a mesma orientação
estratégica: dotar o país de grandes
obras de infraestrutura social,
urbana, logística e energética,
contribuindo para o desenvolvimento acelerado e sustentável.
No eixo da energia, num vasto rol
de projetos concluídos ou a concluir,
destaca-se a entrada recente
em operação da hidroeléctrica de
Simplício (333 MW), no rio Paraiba
do Sulo e a conclusão de 22 linhas
de transmissão, totalizando 5256
Km de extensão.
A estes projetos acresce a
arrematação, em maio deste ano,
de 142 blocos na 11ª rodade de licitação de blocos pós-sal, que representarão investimentos de cerca de
7 mil milhões de reais (2,428 mil
milhões de euros), na área do
petróleo e do gás natural. Em outubro deste ano, será realizado o
primeiro leilão na modalidade de
partilha no pré-sal, na área da Libra.
Segundo o governo brasileiro, prevê-se que o volume de petróleo recuperável seja, no mínimo, de 8 mil
milhões de barris, que correspondem
a 30% do total das reservas
nacionais.
Na área do saneamento básico, o
plano contempla 609 empreendimentos como a ampliação do sistema de esgotos de Guarulhos no
estado de S. Paulo, que vai beneficiar cerca de 200 mil pessoas.
A um vasto número de creches,
jardins de infância, escolas, equipamentos na área da saúde, da cultura,
do desporto e do lazer, há que juntar
1,2 milhões de habitações sociais
entregues até ao passado mês de
abril e 1,5 milhões adjudicadas
até 2014.
Além das obras que estão a mudar
o rosto do Brasil, o PAC foi decisivo
para aumentar a criação de
emprego, dinamizar o investimento
público e privado em obras fundamentais e fomentar a geração de
riqueza. Nos quatro anos iniciais do
PAC, os investimentos públicos brasileiros passaram de 1,62% do PIB,
em 2006, para 3,27%,em 2010, ajudando o Brasil a criar o número
recorde de 8,2 milhões de postos
de trabalho. No total, o plano 503,9
mil milhões de reais (175 mil
milhões de euros).
Paraguai. O projeto de fortalecimento do setor de energia do
Paraguai é um dos mais importantes
atualmente em curso neste país do
Mercosul. Tem um custo estimado
de 125 milhões de dólares (96 milhões de dólares), é apoiado pelo
Banco Mundial e, em 31 de dezembro de 2015, quando estiver concluído, terá melhorado o fornecimento
de energia de nove mil famílias
paraguais em 45 comunidades
indígenas.
Uruguai. Nos próximos três anos,
o Uruguai quer recuperar 524 Km
de estradas e pontes, sistemas de
drenagem e melhorar a sinalização
ao longo de outros nove mil
quilómetros de rodovias.
Para isso, conta com a ajuda de uma
nova ferramenta do Banco Mundial,
designada Programa para Resultados (pforr). Este instrumento
apoia programas de investimento
público em curso, distribuindo os
fundo em função dos resultados
específicos alcançados. O montante
estimado é de 1053 milhões de dólares (807 milhões de euros). Ciência,
tecnologia e inovação são as chaves
para melhorar a produção e competitividade do Uruguai, um país que
tem igualmente em marcha uma guerra total ao tabaco, decretada pelo
antigo Presidente, Tabaré Vázquez,
médico oncológico de profissão.
Venezuela. Avançar com a elaboração de estudos para subsidiar um
Plano de Desenvolvimento Integrado
entre o Norte do Brasil e o Sul da
Venezuela, de forma a fazer coabitar
as maiores reservas certificadas de
hidrocarbonetos do mundo com a
maior biodiversidade do planeta foi
uma decisão do falecido Presidente
da Venezuela, Hugo Chávez e da
Presidente do Brasil Dilma Rousseff.
Na Venezuela, os principais projetos
de infraesturação em marcha abarcam áreas como construção naval,
siderurgia, transportes, pontes sobre
o rio Orinoco, centrais hidroelétricas
e termoeléctricas e projetos agrícolas de grande envergadura. As áreas
de incidência dos 14 protocolos de
cooperação assinados recentemente
em Portugal pelo Presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, são bem
ilustrativos dasprioridades. A nova
autoestrada Caracas - La Guaria,
avaliada em 4,4 mil milhões de dólares (3,2 mil milhões de euros) é uma
delas, existindo o compromisso da
construtura Teixeira Duarte vir
a participar na sua construção.
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Regiões económicas
OPINIÃO
Alejandra Cerviño
Investir na Venezuela
Em julho deste ano, a Venezuela e Portugal subscreveram 14 novos acordos de
cooperação nas áreas da imobiliário,
financeiro, energia elétrica, tecnologia,
infraestruturas, saúde, turismo, alimentação, cultura e recolha de resíduos sólidos.
Estes acordos são acrescentados aos 150
acordos que foram assinados entre ambos
os países desde o ano 2007.
Entre os projetos mais relevantes que
decorrem dos referidos acordos, está a
construção de uma nova autoestrada
Caracas-La Guaira, obra de grande
envergadura que terá 19 quilómetros de
extensão e um amplo sistema de túneis.
Em matéria de imobiliário, projeta-se a
instalação de uma fábrica de componentes prefabricados para a construção de
habitações. Projeta-se também a
instalação de uma fábrica para a extração
e transformação de mármores e calcários,
Sócia ONTIER VENEZUELA
assim como um complexo para a
construção de telhas, mosaicos e
revestimentos à base de argila.
No contexto dos acordos assinados,
realizar-se-á igualmente um plano de
recolha de resíduos sólidos, com base
no plano desenvolvido na Madeira.
Para Caracas, a capital venezuelana,
será desenhado um sistema novo de
sinalização da cidade que se prevê que se
expanda a todo o país. Adicionalmente,
consolidou-se uma aliança financeira com
o BANIF, e o BES para ampliar os seus
serviços na Venezuela. Finalmente, em
matéria alimentar, foi assinado um acordo
para a aquisição de cem mil toneladas de
alimentos congelados.
A relação Venezuela-Portugal é cada
dia mais estreita e existe um sem fim
de oportunidades de investimento para
os empresários portugueses. Todavia,
é importante saber como começar um
negócio na Venezuela, já que se trata de
uma legislação que possui poucas
semelhanças com a portuguesa e tem,
atualmente, caraterísticas jurídicas
particulares.
Em princípio, não é necessária a
constituição de uma sociedade na
Venezuela para a celebração de contratos
e execução de projetos. Não obstante,
caso seja necessário, recomenda-se
a utilização de veículos que tenham
celebrado tratados para evitar a dupla
tributação com a Venezuela e de Proteção
de Investimentos. Para esse efeito, a
Venezuela e Portugal celebraram um
Acordo para evitar a Dupla Tributação,
assim como um Acordo para a Promoção
e Proteção de Investimentos, pelo qual
a realização de investimentos através de
entidades portuguesas pode resultar em
benefícios do ponto de vista fiscal e
financeiro.
Na Venezuela, não se requerer autorização
prévia para investimento estrangeiro,
obras públicas e infraestruturas,
muito por via da realização do
Campeonato Mundial de Futebol, em 2014, e dos Jogos Olímpicos,
em 2016, o imobiliário, o turismo, o
petróleo e o gás, a biotecnologia e os
componentes electrónicos, só para
referir alguns.
“
Para o Paraguai,
a Comissão Económica
para a América Latina e
as Caraíbas antecipa um
crescimento económico
de 10%, alicerçado no
dinamismo do setor
agrícola
Paraguai
RIQUEZA NATURAL
O PARAGUAI não tem mar, mas é
atravessado em toda a extensão pelos numerosos cursos de água que
compõem a rede hidrográfica da bacia da Prata, uma das maiores reservas de água doce do planeta, o que
lhe confere grande riqueza natural.
Com um PIB de 41 100 milhões
de dólares (31 500 milhões de euros)
em 2012, o Paraguai tem na produção de energia limpa uma das suas
atividades económicas mais importantes, com destaque para o projeto
Itaipú (acordo de venda energia ao
Brasil, cuja receita representou
1,7% do PIB, em 2011).
A economia paraguaia é pequena
e aberta, muito dependente do comércio com o exterior, especialmente a soja (sexto produtor mundial) e a carne bovina, que juntos representam 50% das exportações.
O setor informal, assente na reexportação para os vizinhos Brasil e
Argentina de bens de consumo importados, reveste-se de alguma dimensão. Os membros do Mercosul
(Uruguai, Brasil e Argentina) são
responsáveis por praticamente metade das expedições paraguaias.
Nos últimos anos, o país fez algumas reformas, destacando-se, na análise do Banco Mundial, o acesso
gratuito aos cuidados de saúde primários e à educação básica. Apesar
sempre e quando não se contrariem as
leis especiais do setor em que se vai
investir. Só existem restrições para os
investimentos nos setores de hidrocarbonetos, serviços profissionais regidos por
lei, televisão de sinal aberto, radiodifusão
e imprensa escrita em espanhol.
Para o caso dos negócios que requeiram a
constituição de sociedades na Venezuela,
as mais utilizadas normalmente são as
subsidiárias na forma de sociedades
anónimas que limitam a responsabilidade
dos acionistas até ao valor do capital da
empresa. O capital exigido dependerá da
atividade que venha a ser desenvolvida
pela empresa e não existe nenhuma limitação a respeito da nacionalidade dos
seus acionistas. Também se podem constituir sucursais. Outra das modalidades
que se pode utilizar para o desenvolvimento de projetos de grande envergadura,
é a criação de consórcios e joint ventures
com empresas venezuelanas, de forma a
da aposta no crescimento com inclusão social são ainda grandes os
desafios no combate à pobreza. Um
quarto do total da força do trabalho
assegura o seu sustento no setor
agrícola (cana de açúcar, soja, algodão, tabaco e cereais), em grande
medida, numa mera base de subsistência.
A economia paraguaia registou
um rápido crescimento, entre 2003
e 2008, impulsionada pelo aumento
da procura dos produtos exportáveis. Em 2012, um surto de febre
aftosa provocou uma contração da
economia na casa dos 2%. Para este
ano, as “condições climáticas favoráveis” permitem antecipar, segundo a Comissão Económica para a
América Latina e as Caraíbas
(CEPAL), um crescimento de 10%,
alicerçado no dinamismo do setor
agrícola.
Segundo a UNCTAD - Conferência
das Nações Unidas sobre o Comércio e Desenvolvimento -, o Paraguai
ocupa posições muito modestas
tanto como recetor como emissor
mundial de investimento. Na área
fiscal, a OCDE assinala um grande
crescimento das receitas entre 1993
e 2010, que se situam, atualmente,
muito perto da média da América
do Sul, mas ainda abaixo da média
OCDE. Os impostos indiretos constituem a principal fonte de receitas
fiscais, embora a sua composição
tenha mudado, destacando-se a introdução do IVA e a queda dos impostos específicos.
Uruguai
”A SUIÇA” DA AMÉRICA
DE ACORDO com o Índice de Oportunidade Humana do Banco Mundial, o Uruguai alcançou “um elevado nível de igualdade” em termos
de acesso a serviços básicos, como
educação, água potável, eletricidade
e saneamento básico. O país é o
quarto da América do Sul no desenvolvimento logístico e primeiro na
penetração de internet, computadores pessoas e telefones.
Estabilidade política e social, alta
taxa de alfabetização, grande classe
média urbana e um sistema de segurança social avançada colocam
este país de 3,4 milhões de habitantes e um PIB de 53 550 milhões de
dólares, em 2012, à cabeça dos países da América do Sul, com uma
produtividade que supera, de longe,
a média mundial, segundo o Global
Competitiveness Report 2011-2012,
do World Economic Forum.
O setor agro-pecuário é fundamental para a economia do Uruguai, dado que proporciona a maior
parte das matérias-primas processadas pela indústria transformadora,
bem como o grosso das exportações
(60%). Na matriz produtiva, começa
a ganhar volume o setor florestal,
graças ao desenvolvimento da indústria madeireira e da celulose.
No período de 2007-2011, o PIB
uruguaio cresceu a uma taxa média
de 6,5% ao ano, superando de longe
mesmo a taxa média de crescimento do PIB mundial de 1,9% ao ano.
Para 2013, a CEPAL prevê, para o
Uruguai, um crescimento de 3,8%.
O Uruguai tem diversificado o comércio, mas os parceiros regionais,
especialmente o Brasil, são responsáveis por uma parte significativa
das exportações.
Venezuela
A PETROLÍFERA
DETENTORA das maiores reservas
de petróleo da América Latina, a Venezuela, país que conta com cerca
de meio milhão de emigrantes portugueses, concentra, neste produto,
95% das suas exportações e cerca de
metade das suas receitas fiscais.
Por via desta dependência, a economia do país está muito exposta às
flutuações dos preços internacio-
que a empresa estrangeira, neste caso
a portuguesa, se encarregará da parte
estrangeira do projeto, e a venezuelana
da execução da parte nacional. Para estes
casos recomenda-se a celebração de dois
contratos, um estrangeiro e outro nacional, o qual evitará que seja tributada a
totalidade do projeto pelo imposto venezuelano. A abertura de empresas na
Venezuela implica uma série de licenças,
inscrições perante os organismos
competentes em matéria de impostos,
contratação e segurança dos trabalhadores, pagamento de impostos nacionais,
estatais e municipais, assim como o pagamento de um número importante de
contribuições parafiscais, para o qual é
essencial a assistência de especialistas
na matéria. Um dos entraves mais importantes na hora de fazer negócios é o
controlo cambiário que proíbe a compra
e venda de moeda estrangeira sem
intervenção do Banco Central.
nais do petróleo, que, historicamente elevados, têm jogado a seu favor,
permitindo a concretização de iniciativas ambiciosas, muito direcionadas para a área social. As elevadas taxas de crescimento económico dos últimos anos permitiram, segundo o Banco Mundial, que a pobreza moderada - que, em 1998,
atingia 50% - caísse para 32% em
2011.
Para este ano, o FMI, estima um
crescimento de apenas 0,1%, contra
5,5% em 2012.
A Venezuela é o país da América
Latina com maior redução de impostos nas últimas duas décadas.
Em 2010, segundo dados da OCDE,
apresentava o nível de pressão tributária mais baixo da região, contribuindo com apenas 11,4% para o
PIB do país.
A Presidência de Hugo Chávez foi
marcada pelo aumento da participação do Estado na economia e pela
nacionalização de um grande número de empresas privadas em setores que incluem hidrocarbonetos,
minérios, metalurgia, cimento, banca e telecomunicações.
Com um PIB de 402,1 mil milhões
de dólares, em 2012 (303 mil milhões de euros) o país é ainda rico
em reservas de minérios e de metais
nobres. O investimento estrangeiro
tem estado bastante aquém do potencial do país devido à instabilidade política, nomeadamente às renacionalizações de empresas efetuadas nos últimos anos.
A Venezuela importa de tudo,
mas, sobretudo, máquinas e equipamentos mecânicos e elétricos, produtos farmacêuticos, instrumentos
de ótica e produtos químicos. Entre
os principais parceiros comerciais
contam-se os EUA, a China e o seu
vizinho do Mercosul - o Brasil.
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Regiões económicas
DR
Tunísia
Marrocos
Argélia
Sara Ocidental
Líbia
Egito
Cabo Verde
Mauritânia
Mali
Senegal
Níger
Gâmbia
Guiné Bissau
Guiné Conakri
Serra Leoa
Chade
Burkina Faso
Costa Marfim
Sudão
Eritreia
Nigéria
Djibuti
Gana
Libéria
RC Africana
Togo
Benim
Somália
Etiópia
Camarões
G.Equatorial
S.Tomé e Príncipe
Congo
Gabão
Uganda
Quénia
RD Congo
UEMOA (EM DESTAQUE) - 1994: União Económica e Monetária
dos Estados da África Ocidental (ex-UDEAO, 1959, ex-CEAO, 1973)
UEMOA - 1994: União Económica e Monetária dos Estados
da África Ocidental (ex-UDEAO, 1959, ex-CEAO, 1973)
CEDEAO/ECOWAS - 1975: Comunidade Económica dos Estados
da África Ocidental
COMESA - 1993/94: Mercado Comum da África Oriental
e Austral (ex-PTA, 1981)
SADC - 1992: Comunidade de Desenvolvimento
da África Austral (ex-SADCC, 1980)
IGAD - 1996: Autoridade Inter-Governamental
para o Desenvolvimento (ex-IGADD, 1986)
Ruanda
Tanzânia
Burundi
Seichelles
Angola
Malawi
Zâmbia
Comores
Moçambique
Zimbabué
Namíbia
Madagáscar
Botsuana
UMA - 1989: União do Magreb Árabe
CEEAC/ECCAS - 1983: Comunidade Económica da África Oriental
CEMAC - 1994/99: Comunidade Económica e Monetária
da África Central (ex-UDEAC, 1966)
CEN-SAD - 1998: Comunidade dos Estados Saelo-Saarianos
Reunião
África do Sul
EAC - 1999/2000: Comunidade da África Oriental (ex-EAC, 1967)
SACU - 1910, 1969/70, 2000: União Aduaneira da África Austral
Suazilândia
Lesoto
Fonte: Fernando Jorge Cardoso, Janus 2010
UEMOA - UNIÃO ECONÓMICA E MONETÁRIA DA ÁFRICA OCIDENTAL
Potencial está numa demografia
com 60% de jovens e numa moeda única
Oito países fazem parte deste união económica e monetária. A influência francesa neste espaço da África ocidental é bem vista e o franco CFA
com paridade fixa em face do euro é incentivador ao investimento externo. O desenvolvimento da área financeira é crucial para o crescimento
UEMOA E ÁFRICA OCIDENTAL POR VÍTOR NORINHA
de, que está sujeita à volatilidade do
preço do crude ou do ouro, ou mesmo à maior ou menor procura de
produção agrícola.
A UEMOA como organização re-
gional está enquadrada num leque
de blocos africanos com valências e
influências díspares.
A CEA, a CEDEAO e o EBCAM são
siglas que representam diferentes
interesses na região de África, sobretudo na parte ocidental. Estas
organizações que visam a criação e
zonas de influência acabam, na prática, por chocar com países com aspiração a serem verdadeiras potências regionais em termos de economia, caso da África do Sul, Nigéria
ou Angola. A abundância de matérias-primas e o volume de divisas estrangeiras dão sustentação às moedas nacionais.
Em termos de grandes blocos económicos e a par da UEMOA são relevantes a CEA, a SADC, o EBCAM, a
Comesa e a Organização de Unidade
Africana.
COSTA DO MARFIM
SENEGAL
TOGO
Superfície
322 460 Km2
População
22 400 835
População até 14 anos
38,9%
População acima 25 anos
32,5
Densidade
67 hab/Km2
Crescimento demográfico/ano
2%
Esperança de vida
57,6 anos
Escolaridade
56,2%
Taxa desemprego
ND
Ranking IDH (2012)
170
Línguas base
Francês, dioula
Religiões
Cristãos e Muçulm
Unidade monetária
Franco CFA
Superfície
196 720 Km2
População
13 300 410
População até 14 anos
42,7%
População acima 25 anos
30,1%
Densidade
65 hab/Km2
Crescimento demográfico/ano
2,51%
Esperança de vida
60,5 anos
Escolaridade
39,3%
Taxa desemprego
14,8%
Ranking IDH (2012)
155
Línguas base
Francês e mandinga
Religiões
Muçulm, catól, animist
Unidade monetária
Franco CFA
Superfície
56 790 Km
População
6 027 798
População até 14 anos
40,8%
População acima 25 anos
31,9%
Densidade
119 Hab/Km2
Crescimento demográfico/ano
2,73%
Esperança de vida
63,6 anos
Escolaridade
60,9%
Taxa desemprego
ND
Ranking IDH (2012)
162
Línguas base
Francês, kabiés, outras
Religiões
Anim, catól, muçulm
Unidade monetária
Franco CFA
CERCA DE 88 milhões de habitantes, sendo que 60% da população
tem menos de 25 anos. Esta é a fotografia imediata da região económica UEMOA, sendo que este potencial demográfico é um trunfo a não
escamotear. A diferença de poder
económico entre os outros países
que compõem a UEMOA – União
Económica e Monetária da África
Ocidental está patente nos estádios
de desenvolvimento, na literacia e
na esperança média de vida à nascença.
O Benim, Burkina Faso, Costa do
Marfim, Guiné-Bissau, Mali, Níger,
Senegal e Togo têm em comum a
mesma moeda: o franco CFA. Ainda
em comum têm o potencial económico ancorado no crescimento das
infraestruturas viárias e portuárias
e nas reservas naturais a nível de hi-
drocarbonetos e ouro. A Costa do
Marfim representa 40% do PIB da
UEMOA e é a principal plataforma
de comércio exterior dos países deste hinterland. Quando integrados
com os membros da CEDEAO - Comunidade Económica dos Estados
da África do Oeste atinge os 300 milhões de habitantes.
A relação de forças entre estes
países está, no entanto, a mudar. Se
há meia dúzia de anos estes vários
países viviam do potencial agrícola
e grande parte da população estava
ligada ao setor primário, as transformações têm levado a população
para o terciário, enquanto as grandes indústrias ligadas ao petróleo,
ao gás e à extração mineira, quer ao
ouro, cobre ou fosfatos estão a alterar o paradigma. O setor agrícola
continua a ser um potencial, até
porque a autosuficiência alimentar
está longe de existir em qualquer
um destes países.
Dados da CIA dão conta de que,
com exceção da Costa do Marfim,
onde 11% do território com aptidão
agrícola está a ser explorado, e, no
caso da Guiné-Bissau, onde essa percentagem chega aos 6,9%, os restantes países integrantes desta região têm níveis de ocupação do solo
para a agricultura entre os 0%, caso
do Níger, e os 2%, casos do Togo e
do Benim.
Todos estes países têm vindo a
apostar na extração mineira e nos
hidrocarbonetos, sendo que a costa
entre a Mauritânia e o Golfo da Guiné é reconhecida como sendo rica
neste tipo de jazidas.
A dependência das commodities
é um ponto fraco nesta comunida-
BENIM
BURKINA FASO
Superfície
112 620 Km2
População
9 877 292
População até 14 anos
44,1%
População acima 25 anos
29,7
Densidade
80 Hab/Km2
Crescimento demográfico/ano
2,84%
Esperança de vida
60,6 anos
Escolaridade
42,4%
Taxa desemprego
0,8%
Ranking IDH (2012)
167
Línguas base
Francês, Fons, adjas
Religiões
Animistas, catól
Unidade monetária
Franco CFA
Superfície
274 000 Km2
População
1 812 961
População até 14 anos
45,5%
População acima 25 anos
28,9
Densidade
59 Hab/Km2
Crescimento demográfico/ano
3,06%
Esperança de vida
54,4 anos
Escolaridade
21,8%
Taxa desemprego
3,8%
Ranking IDH (2012)
181
Línguas base Francês, mossis, mandés
Religiões
Anim, muçulm e outras
Unidade monetária
Franco CFA
Fontes: FMI/Banco Mundial/CIA/CDEAO/Uemoa
Com exceção da Costa do
Marfim, onde 11% do território com aptidão agrícola está a ser explorado,
e da Guiné-Bissau (6,9%),
os restantes países
têm níveis baixos
de ocupação do solo
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Regiões económicas
RETRATO DE 5 PAÍSES
Franco CFA A força da presença francesa
Benim
“
Desde há dois anos
que o ouro é, aliás, o
principal produto de
exportação do Burkina
Faso, tendo as minas
deste metal precioso
duplicado a produção
entre 2009 e 2010
TURISMO NA MIR
A ECONOMIA do Benim continua
subdesenvolvida, dependente da
agricultura e, em particular, da produção algodoeira e do comércio regional. O país que sofreu bastante
com a crise de 2008 tem projetos
para atrair o investimento externo
(IDE), com destaque para o turismo,
a par de atividade de produção e
transformação agroindustrial, ao
mesmo tempo que se quer modernizar a nível de novas tecnologias e
nas comunicações.
Para melhorar o clima económico, o país tem vindo a projetar reformas a nível da propriedade, do
justiça e do setor financeiro. Este
programa passa pela privatização
dos setores das águas, eletricidade e
agricultura.
O Club de Paris deu uma grande
ajuda ao perdoar a dívida externa,
enquanto o G8 já tinha anunciado
um perdão parcial da dívida. Atualmente, os projetos de investimento
externo são reduzidos, assim como
as ajudas externas a projetos infraestruturantes.
A produção do algodão sofreu
com a quebra na safra na campanha de 2011-2012, mas a subida dos
preços internacionais compensaram as perdas de volume e a balança comercial com base nestes produtos melhorou.
Em termos de comércio, o país
tem vindo a sofrer com a pirataria
que infesta as suas águas territo-
riais, tendo solicitado ajuda internacional.
A nível doméstico o país está a sofrer pressões do funcionalismo público, tendo recentes greves obrigado a aumentos salariais de dois dígitos, pressionando o depauperado
Orçamento de Estado, de acordo
com informações da CIA.
Pertencente à UEMOA, a moeda
franco CFA tem permitido manter
uma unidade económica e o interesse dos investidores, para além de
estimular o comércio inter-regional.
O país apresenta uma balança
comercial desequilibrada com as
exportações a atingirem (em 2011)
1,2 mil milhões de dólares e as importações quase a duplicarem para
os 2,2 mil milhões de dólares. O
setor terciário tem um peso de quase metade do PIB e o setor primário
quase chega aos 36% do Produto. O
risco país é mediano (B) na ótica da
consultora Coface.
O PAÍS é considerado “fechado” e as
receitas provêm essencialmente do
setor agrícola, com destaque para o
algodão, mas também das exportações de ouro em bruto e cana de
açúcar. A par destes produtos, o
país tem poucos recursos naturais e
uma base industrial muito frágil,
com 90% da população a depender
da agricultura de subsistência.
Aliás, na repartição do PIB, o setor
estimado de dois mil milhões de
euros e será financiado pelo banco
chinês Eximbank. O grupo Bolloré irá
intervir nesta obra com um investimento estimado de 400 milhões de
euros. O novo porto poderá acolher
navios de grande capacidade.
O setor da energia está também em
ebulição. Mais uma vez na Costa do
Marfim, a Ciprel – Companhia
Marfinense de Produção de
Eletricidade vai investir 108 milhões
de euros, através de um financiamento da IFC, a filial do Banco
Mundial. O objetivo é aumentar a
capacidade de produção de energia
de 222 Mw. O investimento global
pode chegar aos 270 milhões de
euros. A Ciprel, de acordo com
fontes financeiras quer colocar em
operação uma turbina a gaz de 111
Mw. O Banco Africano de
Desenvolvimento que também
poderá entrar neste projeto diz que
o objetivo do investimento é
reforçar o fornecimento de eletricidade ao país e criar condições de
sustentabilidade nos projetos de
investimento.
O consumo está a disparar no continente africano e os chineses têm
sido aqueles que melhor têm
aproveitado a tendência. A indústria
automóvel está a nascer na Costa
do Marfim e no Senegal. Neste último país, o grupo Great Wall estuda
a possibilidade de instalação de
unidades fabris. Estes complexos
farão a montagem de componentes
com origem na China, embora não
existe aqui transferência de tecnologia. Os chineses estão a olhar o mercado de outra forma: ao instalarem-se nos países e nas regiões económicas fortes, estarão no futuro a
evitar pesados direitos alfandegários
a nível das importações e contornando desta forma as vantagens que
algumas empresas europeias têm a
nível fiscal. Outro tipo de investimento automóvel está relacionado
com os concessionários. As marcas
europeias não querem misturas com
as chinesas e várias cidades estão a
aproveitar a necessidade das marcas
se posicionarem para atraírem
grandes concessionários para
os seus países.
A banca marroquina tem mostrado
uma atitude agressiva relativamente
ao setor financeiro. Têm apostado
nos países francófonos da África
ocidental e da áfrica austral. O
Attijariwafa Bank concretizou uma
dezena de aquisições ao longo dos
últimos cinco anos e não vai ficar
por aqui. O CEO Mohamed El Kettani
pretende investir cerca de 750 milhões de euros em compras no mercado subsariano. Está presente em
22 países, tendo a compra mais
recente acontecido no Togo, com a
tomada do BIA-Togo por 16 milhões
de euros. Já afirmou estar atento a
oportunidades nos países anglófonos
e lusófonos, sendo que, neste caso,
o interesse é Angola. Do lado do
BMCE Bank, o momento é de expansão no seio da Cemac – Comunidade
Económica e Monetária da África
Burkina Faso
OURO NO HORIZONTE
primário detém 35,2%, um nível
quase idêntico ao terciário com um
peso de 41%. Desde o final do século passado que o Burkina Faso tem
vindo a privatizar empresas de base
e incumbentes, tendo alterado o código do investimento externo em
2004 para conseguir atrair investidores estrangeiros. Como resultado
da nova legislação, a par de um novo enquadramento legislativo que
favoreceu a extração mineira, o país
tem vindo a crescer a nível da exploração e produção de ouro.
Desde há dois anos que o ouro é,
aliás, o principal produto de exportação do país, tendo as minas deste
metal precioso duplicado a produção entre 2009 e 2010, sendo conhecidos dois novos projetos mineiros
de ouro lançados na segunda metade de 2011. O país tem sido alvo de
conflitos sociais com base na indústria mineira e algodoeira, que não
agrada à população envolvida. A
resposta política tem sido um
aumento da subsidiação às populações locais a nível da produção
agrícola ou redução de impostos
para as populações afetadas pela
indústria, ou mesmo compensações. Estas medidas foram apoiadas pelo FMI que fez a 1.ª Avaliação em 2011, depois de um pedido
de ajuda urgente. O país sofreu problemas de produção agrícola nos últimos dois anos que têm criado
graves dificuldades na produção alimentar da população.
As exportações do país centram-se no ouro, algodão e gado, sendo
os principais destinos a China,
Turquia, Singapura, Indonésia e
PROJETOS INFRAESTRUTURANTES TRANSVERSAIS À REGIÃO UEMOA
Os países da região UEMOA estão a
ser alvo de forte interesse, sobretudo a nível de infraestruturas ferroviárias, rodoviárias, logísticas,
portuárias e de comércio.
Entre as obras de maior interesse
está o projeto ferroviário de passageiros e mercadorias entre a
Costa do Marfim, o Níger o Benin. O
projeto vai envolver cerca de 1000
milhões de francos CFA (cerca de
1525 milhões de euros). O grupo
francês Bollorá Africa Logistic já
mostrou interesse pela participação
num dos troços.
O setor mineiro ligado ao ouro é outros dos grandes objetivos das
multinacionais. Entre as propostas
recentes está o interesse da russa
GazPrombank na Costa do Marfim.
O gigante russo abriu no país a GPB
Ivory Coast Minerals e tem previsto
investir o equivalente a 8,16 mil milhões de FCFA (cerca de 12 200 milhões de euros) nos trabalhos de
pesquisa e exploração mineira no
país, avançou a comunicação social.
Recorde-se que a GazPrombank é a
filial bancária e de investimento do
gigante energético russo Gazprom.
A companhia obteve duas licenças
para a exploração e extração de
cobre e ouro na zona de Mont Trou,
no extremo oeste do país. Bruno
Koné, porta-voz do governo, anunciou que numa primeira fase o
gigante russo ira investir um pouco
mais de 3 mil milhões de FCFA
(4374 milhões de euros). O mesmo
grupo da Gazprom já abriu filiais em
outros países da região. Desde há
alguns anos que o objetivo da exploração e produção mineira tem acontecido no Tchad, Mali e Níger, com
forte interesse no Urânio.
O setor agrícola é também relevante
na Costa do Marfim, onde o Governo
anunciou, em junho último, a intenção de duplicar a fileira da produção
da óleo refinado de palma até 2020,
para atingir as 600 mil toneladas.
Atualmente, a Costa do Marfim só
é ultrapassada pela Nigéria nesta
commoditie agrícola. Para este país,
aquele produto agrícola representa
uma entrada de fundos da ordem
dos 500 milhões de FCFA anualmente (762 milhões de euros). As
ONG têm, no entanto, alertado para
o problema da desflorestação no
país.
O setor dos portos e logística está a
gerar a atração de europeus. Um dos
casos mais conhecidos é o do segundo terminal de contentores no porto
de Abidjan, na Costa do Marfim,
onde um consórcio dos franceses da
Bolloré Africa Logistics, da APMT e
da construtora Bouygues concluiu
um acordo com o Estado para a concessão daquele terminal. Este acordo foi concluído independentemente
da Comissão de Concorrência da
UEMOA continuar a desenvolver um
inquérito sobre as condições de
atribuição e sobre as práticas concorrenciais deste contrato. A parte
de construção civil do porto será
entregue ao grupo China Harbour
Engineering Company com um valor
Central, através da sua filial o Bank
of Africa (BOA), e que já está presente em 14 países subsarianos.
O interesse no setor financeiro dos
países da África subsariana, e da
UEMOA em particular, está no
potencial de crescimento. A média
de crescimento destas economias
situava-se, em 2011, nos 5,5%, o que
contrasta com a depressão vivida na
generalidade dos países europeus e
no corte de crédito. O Ecobank, uma
instituição financeira pan-africana,
sedeada no Togo, é dos mais relevantes em termos de crescimento.
O acesso às novas tecnologias é o
último grande ponto de interesse
para os países africanos. Do Senegal
ao Congo, passando pelo Gabão, o
Benim e a Costa do Marfim, todos
têm interesse em ser plataformas
numéricas e de ter infraestruturas e
comunicações modernas e acesso
rápido à internet. Desde há três
anos que as ligações entre países
pelos cabos submarinos de fibra
ótica têm gerado forte competição.
Cerca de 1500 milhões de euros
foram desbloqueados nos últimos
cinco anos para a construção de
cabos submarinos. Os operadores
sul-africanos Vodacon e MTN, o
nigeriano Globacom, a France
Télécom e o Banco Mundial têm sido
grandes investidores. Países como os
Camarões, o Togo, o Benim e a
Costa do Marfim esperam vir a ser
portas de passagens entre os vários
países do hinterland. As ligações
rápidas estão na ordem do dia.
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Regiões económicas
OPINIÃO
Diogo Bernardo Monteiro
Sócio FCB&A
Investir em Angola num contexto de modernização fiscal
A internacionalização das empresas
portuguesas é uma das chaves para o seu
crescimento ou mesmo para a sua
subsistência, sendo que a revisão da
política fiscal internacional, de modo a
proteger as empresas e promover a sua
internacionalização em mercados prioritários, é um dos objetivos principais daquela
que poderá ser a reforma mais profunda
na tributação das empresas desde a entrada em vigor do Código do IRC em
1989. Angola é um dos destinos privilegiados para essa internacionalização, já que
se apresenta como um mercado
particularmente atraente para Portugal,
mas também com desafios especiais que
habitualmente não encontramos, por
exemplo, na União Europeia. A principal
dificuldade, que contrasta com os países
ditos desenvolvidos, é a elevada carga
burocrática que faz com que os prazos
para cumprir as diferentes etapas de investimento sejam sempre bastante
dilatados, nomeadamente ao nível dos
projetos de investimento, com elevadas exigências de documentos e prazos de
decisão relativamente longos, da exigência
de contratação de trabalhadores angolanos e do cumprimento de obrigações de
licenciamento.
Como contrapartida, encontramos as elevadas taxas de crescimento que
contrastam com a apatia económica de
Portugal e do resto da Europa. Angola oferece inúmeros recursos naturais e
necessidades de investimento em infraestruturas e serviços que constituem
excelentes oportunidades para os empresários. Aqui as oportunidades existem
tanto para as empresas, que terão acesso
a mercados que noutros países já se
encontram saturados, mas também para
os profissionais, já que a necessidade de
quadros técnicos é enorme.
Do ponto de vista jurídico, Angola é particularmente familiar para os portugueses,
já que parte de uma matriz comum existente antes da sua independência, e
mesmo alguns diplomas posteriores,
apresentam uma grande semelhança com
a atual legislação portuguesa.
Ao nível do sistema fiscal angolano, assistimos, a par de um regime de benefícios
associados ao investimento, que permite
aceder a isenções fiscais e aduaneiras
muito importantes e que, previsivelmente
será em breve revisto, a uma profunda
reforma que pretende modernizar a
legislação fiscal exigente, mas torná-la
mais justa e dotada dos meios jurídicos
outros países do sudeste asiático. Nas importações, o maior peso é de bens alimentares e petróleo,
com origem na Costa do Marfim
(proximidade territorial e ligação à
UEMOA), e ainda a França. A inflação está controlada nos 0,9%.
“
C. do Marfim
CACAU E OURO
ESTAMOS perante um dos maiores
exportadores mundiais de cacau,
grãos de café e óleo de palma. A economia da Costa do Marfim vive essencialmente da agricultura. Isto
significa que a economia é altamente sensível aos preços internacionais das commodities agrícolas. O
país está, no entanto, a entrar com
força na extração mineira, concretamente no ouro, mas a guerra civil
que terminou há 10 anos deixou
mazelas e o investimento externo
desapareceu e fez a economia derrapar. Entretanto, o FMI e o Banco
Mundial anunciaram, em meados
do ano passado o perdão da dívida
do país, o que irá permitir a recuperação no longo prazo. As infraestruturas muito degradadas são uma
oportunidade para os investidores
externos, o que justifica o crescimento do PIB da ordem dos 8,1% no
ano passado. Os setores primário e
secundário têm 25% de peso cada
um no Produto. A inflação média
anualizada está nos 2,7%. A balança
de transações correntes é superavitária, com as exportações a atingirem, em 2011, os 10,3 mil milhões de dólares e as importações os
7,8 mil milhões de dólares. A agên-
adequados à sua efetiva implementação.
Assim, enquanto, em Portugal, temos assistido a um aumento generalizado dos
impostos, embora se espere um calendário
de redução do IRC no âmbito da atual reforma, em Angola, a taxa de Imposto
Industrial deverá sofrer uma redução de
5%. Mas esta alteração ao nível do
Imposto Industrial também deverá trazer
uma alteração que aumenta a tributação
no pagamento de rendimentos para fora
de Angola, através da substituição das
atuais taxas de 3,5% e 5,25% previstas
na Lei sobre a Tributação das Empreitadas por uma taxa de retenção na fonte de
6,5%. A par destas alterações fiscais, alguns novos regimes encontram-se já em
plena aplicação, destacando-se o Código
do Imposto do Selo, que veio substituir o
anterior regulamento datado de 1968.
Naturalmente que, a par da simplificação
legislativa, bem expressa na redução em
mais de 80% dos factos tributários aí
cia Coface mantém um elevado
grau (D) no risco país.
Senegal
ATRAIR IDE
POSSIVELMENTE um dos países da
UEMOA com maior sucesso. A influência francesa é nítida em todos
os setores da economia, tendo criado um Código de Investimento Externo muito atrativo e um modelo
fiscal que tem levado à deslocalização de empresas para este país.
Aliás, o Senegal é um dos grandes
beneficiários da criação do franco
CFA, já que como produtor de bens
de consumo e com uma logística de
nível europeu, atrair compradores
dos países vizinhos que aí deixam
divisas. A base industrial do país está na extração de fosfatos, produção
de fertilizantes e na pesca, enquanto o turismo tem forte potencial,
sobretudo na geração de emprego.
O país está lançado na criação de
grandes projetos ligados à extração
de minério de ferro e na exploração
petrolífera e gasista. O Senegal registou uma das piores depressões da
sua história há 20 anos e, desde então fez o turnaround com reformas
da economia e que lhe permitiram
crescimentos médios do PIB anuais
da ordem dos 5% até 2007, a par do
controlo do nível da inflação para
um dígito. O Produto está centrado
no terciário com 61% do peso, seguido do secundário com 22% do
peso e o primário com 17% do PIB.
A inf lação está controlada nos
1,2%. O défice na balança de transações é grande, tendo em conta
números de 2011 que indicavam
2,2 mil milhões de dólares em exportações e 4,8 mil milhões de dólares em importações. O FMI tem
vindo a apoiar um programa de assistência ao país para a reforma do
seu setor produtivo, tendo ainda recebido centenas de milhões de euros de investimento de programas
das Nações Unidas para o desenvolvimento agrícola e relançamento de
infraestruturas ligadas a este setor.
No ano passado, a economia voltou
a arribar depois de um 2011 fraco.
Globalmente, a economia tem problemas a nível de criação de empresas de base sustentável e capaz de
absorver mão de obra. O desemprego é elevado e a taxa de emigração
continua a subir, sobretudo em direção à Europa e à França em particular.
O Senegal anunciou, recentemente, a intenção de lançar uma
emissão de obrigações internacionais até 500 milhões de dólares com
uma maturidade a 10 anos. O anúncio foi feito pelo FMI, que frisou que
esta emissão se destina a melhorar
o perfil da dívida pública do país. O
Senegal tem ainda a possibilidade
de estender este financiamento a
mais 200 milhões de dólares e den-
A influência francesa é nítida em todos os
setores da economia
senegalesa, tendo
criado um Código de
Investimento Externo
muito atrativo e um
modelo fiscal que tem
levado à deslocalização
de empresas para este
país
tro de uma taxa favorável a um país
pouco desenvolvido. A emissão deverá sair abaixo dos 6%. Estas emissões, explica o FMI, melhoram o
perfil da dívida e evitam o risco dos
financiamentos de curto prazo, nomeadamente devido à volatilidade
dos mercados.
A dívida pública sobre o PIB situase nos 41% e o défice é superior a
4%. Mesmo com estes números o
FMI considera não haver risco de
sobreendividamento.
Togo
APOSTA NOS FOSFATOS
ESTE É o mais pequeno Estado na
região subsariana. O comércio e da
agricultura são responsáveis pela
previstos, a maior relevância deste código
assenta no facto de poder dar resposta
à realidade do sistema financeiro que não
era compatível com uma legislação com
mais de 40 anos. Se é certo que, cada vez
mais, os sistemas jurídicos de Portugal e
de Angola deverão potenciar o
investimento entre estes dois países, esta
realidade não significa que o investimento
será desregulado; pelo contrário, regras
claras e modernas serão mais facilmente
impostas e sujeitas a menor tolerância
quanto ao seu incumprimento.
Este enquadramento é, assim, determinante para o sucesso da internacionalização:
um projeto de investimento coerentemente elaborado, que responde às exigências
legais e práticas, e uma execução criteriosa desse mesmo projeto, com o
cumprimento das metas fixadas, permite
o acesso a condições fiscais vantajosas
que aumentam o retorno desse mesmo
investimento.
maior do emprego criado. A alimentação de base é importada, sendo
que a produção do país que representa 40% das exportações, assenta
no cacau, café e algodão.
As reservas de fosfatos no Togo
deverão, a prazo, inverter a estratégia do país que está a tentar obter
parcerias internacionais para o
crescimento do setor dos minérios a
partir deste produto.
Em termos de reservas de fosfatos o Togo é dos países mais ricos a
nível deste produto. Em termos
internos os Governos dos últimos
10 anos têm tentado fazer reformas
estruturais a nível da economia e da
justiça, tendo recebido o apoio do
FMI e do Banco Mundial. O objetivo
é levar o investimento estrangeiro a
entrar no país e gerarem rendimentos capazes de suportarem o OE.
O progresso, segundo os analistas
depende das propostas de privatização que serão apresentadas no país
e ainda do nível de abertura do Governo às operações do setor financeiro.
O Togo ganhou credibilidade nas
instâncias internacionais e viu, há
menos de dois anos, ser-lhe perdoado, pelos doadores internacionais,
cerca de 95% da sua dívida externa.
O FMI tem sido uma agência de crucial relevância para as reformas estruturais no país. O crescimento
real estimado do PIB no ano passado foi de 5%.
A China é o grande parceiro comercial do país, representando
10,7% das suas exportações, segundo do Burkina Faso (a mesma moeda), da Índia e do Benim (também a
mesma moeda). As importações
vêm da China, França e Bélgica, sendo constituídas por maquinaria e
equipamentos, bens alimentares e
minerais refinados.
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Regiões económicas
BOA GOVERNANÇA NOS RECURSOS NATURAIS
O difícil caminho da transparência na indústria mineira e petrolífera
CRIADA EM 2002, a Iniciativa (ITIE)
precisa de um novo “balão de oxigénio”. Aderiram 37 países no mundo,
sendo 21 africanos mas apenas 11 estão atualmente a trabalhar de acordo com os princípios da ITIE. Basta
dizer que a Mauritânia e a Serra Leoa
foram suspensos na reunião do conselho de administração da Iniciativa
de fevereiro, enquanto a RD do Congo e Madagáscar continua sem publicar os respetivos relatórios e os problemas mantêm-se, tendo em conta
a crise política onde estão envolvidos.
Na lista das exclusões estão o Gabão, S. Tomé e Príncipe (foi expulso
em 2010 e ainda antes de estar a extrair os primeiros barris de crude) e
a Guiné Equatorial. Citado pelo Jeune Afrique, Tim Bittiger, diretor regional do secretariado da Iniciativa
para os países da África francófona,
afirma que “o impacto das erradicações é muito limitado” e deu o exemplo das “majors” petrolíferas ExxonMobil e Total que não saíram de Malabo (Guiné Equatorial) depois da decisão. Adianta que, mesmo depois do
conhecido processo judicial contra
os governantes da Guiné-Equatorial
a propósito dos “Bens mal adquiridos” que corre em França, não se
constatou qualquer intenção deste
Governo em alterar as metodologias
de trabalho quanto à transparência
das contas das indústrias extrativas.
S. Tomé e Príncipe, pelo contrário,
tem vindo a empenhar-se e desde o
ano passado que tenta a reintegração na organização Iniciativa.
Em contraste, e como exemplo de
boas práticas, está o Congo-Brazzaville. Christian Mounzeo, congolês
de origem e membro do conselho de
administração da Iniciativa para a
Transparência das Indústrias Extrativas (ITIE), explica que o presidente
da organização procurou o chefe de
Estado Denis Sassou Nguesso. Foram
discutidos os obstáculos que poderiam levar a uma maior transparência e as Autoridades mostraram-se
sensíveis à imagem que o país pode-
“
As multinacionais
ocidentais europeias e
norte-americana consideram que o objetivo da
equidade está mais explícito e objetivado na ITIE
do que na lei americana
Dodd-Frank
ria obter através da ITIE. O grupo de
trabalho conjunto retomou os estudos, tendo sido posteriormente votada uma lei no parlamento que obrigou à adoção do processo da ITIE. Esta iniciativa permitiu ao Congo-Brazzaville tornar-se um membro conforme aos estatutos em fevereiro.
O facto de África ser um continente de valiosos recursos naturais e a
competição internacional entre os
grandes players mundiais para a obtenção dos melhores e maiores contratos faz com os princípios da ITIE
não sejam entrave a nada.
Constata-se que os grandes grupos
internacionais adotaram nos respetivos relatórios de sustentabilidade os
princípios da ITIE. No entanto, aquilo que se verifica é que, quando um
país adere à ITIE, todas as empresas
que trabalham a área da extração
dos recursos naturais também aderem, incluindo empresas de origem
chinesa e empresas domésticas, independentemente de serem, ou não,
membros da ITIE a nível internacional.
Aliás, refere a mesma fonte que as
multinacionais ocidentais europeias
e norte-americana consideram que o
objetivo da equidade está mais explícito e objetivado na ITIE do que na
lei americana Dodd-Frank, a qual
apenas impõe regras de transparências às empresas cotadas nas bolsas
de Valores norte-americanas. O elogio da ITIE tem sido feito por grandes multinacionais que atuam a ní-
vel da exploração dos recursos naturais do continente africano, caso das
petrolíferas Total e Eni, ou no caso
das empresas de mineração como a
BHP Billiton, a Areva e a Vale.
No entanto, voltamos à estaca zero quando se conclui que aquelas regras não têm qualquer impacto
sobre as decisões de investimento.
Um quadro da Total afirmava, citado
pelo mesmo jornal, que as companhias não investem ou se instalam
num país pelo facto de estes aplicarem os princípios da ITIE e também
não abandonam o país porque as regras não estão conformes aos mesmos princípios”.
Na recente assembleia geral da
ITIE de maio, Tom Bittiger afirmava
que foi discutida a oportunidade de
incluir a adesão ao ITIE como obrigação antes da obtenção de licenças petrolíferas e minerais, a par das receitas e resultados realizados pelas sociedades em cada projeto. Recorde-se
que as empresas têm recusado entrar no detalhe da informação, preferindo manter a confidencialidade
de alguns projetos, para além de recursarem a divulgação de números e
condições para cada operação, preferindo fornecer informação global
por país, dizia uma fonte da Total.
Afirmava que esta estratégia captaria as empresas chinesas que, até
agora, se têm mostrado totalmente
ausentes destas iniciativas ou, quando se associam não têm preocupações em cumprir os princípios.
Para além da preocupação quanto
à supervisão das receitas obtidas
com a extração dos recursos minerais, os responsáveis da ITIE assinalam as preocupações quanto à utilização dos recursos. Acreditam que
existem Autoridades dos países africanos que poderão travar estes objetivos. Afirmam os analistas que,
para convencer mais países africanos a aderir e a fazer cumprir os
princípios da Iniciativa, é necessário
que países ocidentais como o Canadá
e a Austrália, ricos em hidrocarbonetos e minérios deixem de ser apenas
parceiros financeiros da ITIE e passem a aderentes, publicando as respetivas receitas nesta indústria e
aceitem ser auditados, à semelhança
do que faz a Noruega desde o ano de
2009.
O que é a Iniciativa?
A ITIE (Iniciativa) é composta por 70 empresas, oito ONG, 17 Estados parceiros e 37 países. Na carta de princípios da ITIE, os Governos obrigam-se
a declarar publicamente a respetiva intenção de colocar em marcha os
princípios da Iniciativa; publicarem um plano de trabalho nacional; demonstrar as receitas recebidas a título de atividades extrativas nos relatórios; e
criarem um grupo misto que envolve Estado, sociedade civil e empresas que
assegurem que os relatórios são compreensíveis; e escolherem um auditor
independente que possa comparar e harmonizar os números fornecidos
pelos Estados e pelas empresas. Do lado das empresas integrantes da ITIE,
fica a obrigação de publicar todos os pagamentos significativos feitos ao
Estado ou às empresas públicas nos países onde atuam.
AJUDAS DIRETAS VS SUBSÍDIOS
Angola consome 8% do PIB em subsídios para eletricidade e combustíveis
O FUNDO Monetário Internacional
(FMI) colocou o dedo na ferida. Devem os países do continente africano substituir os subsídios por ajudas diretas aos mais pobres?
Cerca de 8% do PIB angolano é
absorvido pelos subsídios ao consumo de eletricidade e de combustíveis, enquanto, nos Camarões, o
subsídio ao setor energético representa 7,3% do PIB. A maior potência africana, a Nigéria, sofreu uma
explosão do peso dos subsídios no
PIB, que passaram de 1,3% do Produto, em 2006, para 4,7%, em 2011.
Os dados são do FMI e de entrevistas
em órgãos de comunicação social.
Os subsídios estão a pesar cada
vez mais nos orçamentos de Estados
e os credores internacionais e organizações de doadores têm vindo a
apelar aos vários países africanos
para substituírem os subsídios por
ajudas sociais diretas. A crítica principal vem do FMI, que, mais do que
confrontar os valores, critica o método. Os estudos do FMI concluem
“
A utilização abusiva
de subsídios fizeram o
Estado nigeriano perder
cinco mil milhões de
euros entre 2009 e
2011 em termos fiscais,
de acordo com um
inquérito parlamentar
que cerca de 20% dos grupos africanos mais ricos são os primeiros beneficiários das ajudas a nível das
commodities energéticas. Estes grupos absorvem metade dos subsídios
existentes. Por quê subsidiar os ricos? - questionava recentemente
Donald Kaberuka, presidente do
BAD (Banco Africano de Desenvolvimento) em entrevista ao Jeune Afrique.
Outro problema detetado com os
subsídios relaciona-se com a fuga
de capitais e o desvio de fundos. O
melhor exemplo é o da Nigéria, país
em que os subsídios ao consumo de
combustíveis deram lugar ao nascimento de um tráfico com os países
vizinhos, onde os preços são mais
elevados. A utilização abusiva de
subsídios fizeram o Estado nigeriano perder cinco mil milhões de euros entre 2009 e 2011 em termos
fiscais, de acordo com um inquérito
parlamentar.
Este volume de fundos, afirmam
analistas suportados por relatórios
do FMI, poderiam ser usados em
saúde e educação, tanto mais que
esses mesmos subsídios acabam por
pesar sobre os orçamentos públicos.
O abandono dos subsídios é, no entanto, mais fácil de recomendar do
que colocar em ação. O exemplo
mais fácil de entender aconteceu na
Nigéria onde, após o susto com o peso dos subsídios no Produto, o Governo decidiu refletir a alta do preço do petróleo na bomba de combustível e os preços subiram 114%,
assim como uma semana de protestos que obrigaram o Governo a recuar. O economista Victor Lopes, a
trabalhar para a Standard Chartered, afirmava que o Governo nigeriano conseguiu aumentar em 50%
o preço dos combustíveis no ano
passado, mas manteve os subsídios.
Pelo contrário, países como a Tunísia acabaram por aumentar os produtos subsidiados para contrabalançar o marasmo económico.
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INVESTIMENTO NA AGRICULTURA
Segurança alimentar está na ordem do dia em 14 países africanos
A WATCH List da FAO tem 14 países
africanos sob observação. O problema está na escassez alimentar e os
especialistas afirmam que a solução
para a África ocidental está nas pequenas explorações agrícolas.
As ameaças à segurança alimentar continuam a afetar a RD Congo,
a Eritreia, a Etiópia, o Quénia, o Malawi, o Mali, a Mauritânia, Moçambique, o Níger, o Lesoto, o Senegal, o
Sudão do Sul e o Zimbabué. Estes
países continuam a ser vigiados pela FAO, a Organização das Nações
Unidas para a Alimentação e Agricultura. Daquele conjunto de países, apenas a RD Congo, o Níger, a
Etiópia e Moçambique melhoraram
os resultados, disse Gilles Peltier,
antigo gestor do Observatório do
Fundo Africano para a Agricultura.
Desde a grande crise alimentar no
Egito, Marrocos, Camarões, Costa do
Marfim, Mauritânia, Senegal e Burkina Faso ocorrida em 2008, e que
foi seguida pela inflação galopante
do preço dos bens alimentares, que
os Governos decidiram dar um enfoque particular ao tema. Há cerca de
dois anos e meio, o G20 criou um
fundo de 15 mil milhões de euros a
partir do Programa Mundial para a
Agricultura e Segurança Alimentar.
Aliás esta era uma preocupação dos
governos africanos já em 2002, na
sequência da queda da produtividade agrícola e da perda de investimentos neste setor. Nessa altura, os
vários Estado africanos acordaram
que passariam a afetar 10% dos orçamentos nacionais para a agricultura, com o objetivo de conseguirem
“
Com que a exceção
da Etiópia nenhum das
10 grandes potências
africanas está a
conseguir o objetivo
dos 10% do Orçamento
de Estado para
a agricultura
um crescimento na produção no setor primário da ordem dos 6% ao
ano. Há 10 anos, cerca de três dezenas de Estados africanos assinaram
este acordo.
Mas o drama da segurança alimentar continua e são vários os
projetos de países ocidentais no sentido de investirem na agricultura
para consumo no continente e para
exportação. A questão tecnológica é
relevante e alguns países como Israel têm tido sucesso. Acontece
que, nestes últimos 10 anos, a situação a nível da segurança alimentar
piorou. A FAO estimava, no relatório sobre o tema, que existiam 239
milhões de pessoas subnutridas entre 2010 e 2012, mais 19 milhões
que no período anterior (2007-
2009). Em termos de habitantes no
continente, a subnutrição subiu de
22,6% para 22,9%.
O maior drama está na África
subsariana, enquanto, na zona do
Magreb, o índice de subnutrição está relativamente controlado, dentro
dos 2,7% da população, o que compara com os 1,4% dos países desenvolvidos.
Abaixo do Saara, o número dos
subnutridos atingiu os 234 milhões,
diz a FAO, e, para se atingir os objetivos do Millennium propostos pelas Nações Unidas a nível da segurança alimentar, será necessário
que, em 2015, existam menos 90
milhões de pessoas nestas condições. Parece difícil de atingir.
O que está na base deste desas-
tre? Fonte citada pelo Jeune Afrique, o Sistema Regional de Análise
Estratégica e de Gestão do Conhecimento (Resakiss) refere que apenas
cinco países estão a consagrar os famosos 10% do Orçamento público
anual ao setor agrícola. São eles o
Burkina Faso, a Etiópia, o Mali, o Níger e o Senegal. A mesma fonte diz
que, com que a exceção da Etiópia,
nenhuma das dez grandes potências africanas está a conseguir o objetivo dos 10% do Orçamento de Estado para a agricultura. E, quanto
ao objetivo de crescimento de 6%
anualizados no setor agrícola, apenas seis países, Angola, Guiné Conacri, Nigéria, Etiópia, Ruanda e Moçambique atingiram aquele objetivo.
Curioso que, em 2008, se estimasse que as necessidades de investimento para o setor agrícola a cinco
anos fossem da ordem dos oito mil
milhões de dólares. Atualmente, os
investimentos atingiram os 1500
milhões de euros, um valor que é
nitidamente insuficiente. O Burkina Faso e o Senegal estão a fazer
grandes investimentos em pastagens, mas será esta uma política
agrícola sustentável, perguntam
analistas. Respondem negativamente e dão o bom exemplo do Quénia,
que investe pouco, mas aposta numa agricultura dinâmica e suportada por novas tecnologias.
A solução para a África ocidental
está nas pequenas explorações agrícolas, diz Jean-Luc François, responsável da área agrícola da AFD (Agricultura e Desenvolvimento Rural).
Citado por órgãos de comunicação,
Gilles Peltier questiona se os países
devem investir para consumo local
ou para a exportação e, desta forma, reduzirem o défice comercial.
Lembram que em regiões como o
norte de África será sempre necessário continuar a comprar o trigo e
o objetivo da autossuficiência alimentar será suicidário.
Embora difícil de concluir por
uma estratégia global acertada, os
analistas dão exemplos de sucesso.
No Gana, foram mobilizados os pequenos produtores nas culturas de
exportação, caso do cacau, e foram
integrados com sistemas de financiamento que funcionam bem. O
Senegal tem aproveitado bem a
água e o défice comercial na importação de arroz reduziu-se. O impacto relevante começou com os investimentos públicos na irrigação, a
par de uma política fiscal a desmotivar a importação.
CONSUMO CRESCE NAS POTÊNCIAS AFRICANAS
Hipermercados atacam a costa ocidental
O CONTINENTE africano, excluindo
a África do Sul, tem 211 centros comerciais e a perspetiva é duplicar
nos próximos quatro anos. É o grande boom no consumo da classe média africana.
Um estudo da McKinsey revela
que os setores dos serviços e consumo deverão crescer a uma taxa
anualizada entre os 4% e 5% no continente africano até 2020. A mesma
fonte indica que, até final desta década, cerca de 130 milhões de agregados familiares no continente deverão ter rendimentos anuais superiores a cinco mil dólares, contra 85 milhões de famílias na atualidade. Estes números alavancam o otimismo
dos grandes operadores na área do
retalho alimentar e do consumo.
Duplicar o espaço comercial nos
próximos quatro anos é a perspetiva
de analistas para o continente africano, excluindo a África do Sul. Um estudo da Sagaci Research revela que o
continente tem 211 centros comerciais e as grandes operadoras estão a
entrar em força. A ligação da CFAO
com o Carrefour é um bom exemplo
de partneriado entre duas grandes
companhias, enquanto a Casino está
a abrir novos espaços todos os meses. Do lado português, a maior aposta é do grupo Continente/Sonae, que
tem cinco hipermercados para abrir
em Luanda, mas que tem feito adiamentos sucessivos por questões logísticas e operacionais.
O relatório da Sagaci revela um
mercado de retalho muito ativo e
“
A Sagaci Research
espera que os espaços
comerciais atinjam os
oito milhões de m2 até
2017, com 129 novas
unidades, destacando-se
17 novos centros comerciais no Egito
ainda grandes disparidades no poder
de consumo. O trabalho de junho revela que, excluindo a África do Sul,
estão construídos quatro milhões de
m2 de espaços comerciais dentro do
modelo ocidental, sendo que 33% do
centro e 56% do espaço ocupado está
no norte de África. Esta parte de
África tem 69 centros comerciais,
enquanto 23 espaços estão na zona
ocidental, oito na África central e 88
na costa oriental e 23 na África austral. Os melhores centros comerciais, dentro dos padrões europeus, estão no Egito e em Marrocos, enquan-
to a África subsariana, com destaque
para o Senegal, Costa do Marfim, Nigéria e Quénia, possuem centros comercias de classificação média.
As insígnias presentes nos espaços
comerciais, segundo o Jeune Afrique, estão também na Europa e nos
EUA, casos da Bata, City Sport, Celio,
Aldo, KFC, Adidas, Nike, Mango e
Etam. Salientam que as marcas sul-africanas como a Shoprite, Woolworths, Truworths e Mr Price, que
estão implantadas em Moçambique,
estão a conquistar espaços nos mercados da África ocidental e a concor-
rer diretamente com as marcas europeias e americanas.
A Sagaci Research espera que os espaços comerciais atinjam os oito milhões de m2 até 2017, com 129 novas
unidades, destacando-se 17 novos centros comerciais no Egito, 15 no Gana,
14 na Zâmbia, 12 em Angola, outras
tanto na Nigéria e em Marrocos. Este
crescimento rápido é explicado pelo
aumento rápido de uma classe média
que quer ter acesso a insígnias internacionais. Alguns países, refere a
mesma fonte, são extraordinariamente interessantes e com um poten-
cial de crescimento da ordem dos cinco a 20 centros comerciais por país. O
estudo refere os casos únicos de
Angola, Nigéria, Tanzânia e Etiópia.
A África do Sul é um caso à parte,
por estar bastante mais avançado em
termos de desenvolvimento económico. O retalho doméstico é dominado pela marca Shoprite, Pick’Pay e
Spar, logo seguidos pelo grupo israelita Shufersal. A expectativa para este
país é de duplicação do espaço a cinco anos, com o crescimento da classe
média, avança a edição de junho da
Eurofresh Distribution. Por outro lado, o poder dos grandes grupos franceses aumentou recentemente com o
anúncio da criação de uma empresa
única dos franceses da CFAO e da
Carrefour e com a primeira aposta a
acontecer em 2015 na Costa do Marfim. O objetivo é reduzir investimento no sudeste asiático e concentrar-se
nos mercados promissores da América Latina e de África.
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Regiões económicas
DR
Turquia
Chipre
Síria
Líbano
Israel
IRAQUE
Irão
Jordânia
Kuwait
Kuwait
Egito
Bahrein
Manama
Qatar
Arábia Saudita
Doha
Riade
EAU
Abu Dhabi
Oman
udão
Iémen
Eritreia
Djibuti
Etiópia
Somália
Países do Golfo Pérsico em destaque
Países do Golfo Pérsico
Países vizinhos
GOLFO PÉRSICO
Negócios das arábias
com potencial por extrair
As trocas comerciais entre Portugal e os países árabes quase duplicaram entre 2008 e 2012, representando cerca de 10% das exportações
lusas. Mas ainda há uma longa travessia a percorrer para as empresas portuguesas terem uma presença mais sólida nestes exigentes mercados
GOLFO PÉRSICO POR ARMANDA ALEXANDRE
N
o “GPS de Portugal, o mundo árabe tem um lugar
muito especial”, declarou
Paulo Portas, ministro do
Estado e dos Negócios Estrangeiros,
no I Fórum Económico Portugal Países Árabes, organizado pela
CCIAP - Câmara de Comércio e Indústria Árabe - Portuguesa, em Lisboa, no final da semana passada.
Os países árabes são um mercado
com mais de 400 milhões de habitantes e potenciais consumidores,
com um poder de aquisição que ultrapassa os 350 mil milhões de dólares/ano (263 mil milhões de euros), sendo que um terço tem planos de desenvolvimento quinquenais no valor de 1 trilião de euros.
Pelo que significam oportunidades
ímpares para a internacionalização
das empresas portuguesas.
De 2008 a 2012, as trocas comerciais entre Portugal e aquela zona
geográfica quase duplicaram, representando cerca de 10% das exportações portuguesas. E, entre
2011 e o ano passado, aumentaram
de 1280 milhões de euros para 1583
No primeiro trimestre
de 2013, as exportações
cresceram 46% face
ao período homólogo.
Os metais, máquinas,
equipamentos e minerais
são os principais bens
enviados por Portugal
milhões, quando, há oito anos, rondavam os 500 milhões de euros.
Karim Bouabdellah, secretário-geral da CCIAP, afirmou no âmbito
do evento que, tendo em conta a
carteira de projetos na área das
obras públicas e do saneamento básico, que corresponde a 2 mil milhões de euros anuais, o valor global
de exportações ronda os 2,5 mil milhões a 3 mil milhões de euros, o
que torna os países árabes no “segundo parceiro comercial de Portugal, só batidos pela Europa e à frente da América Latina e da África”.
Paulo Portas adiantou, na sua intervenção, que, no primeiro trimestre de 2013, “as exportações cresceram 46% face ao período homólogo, o que representa 66 milhões de
euros.” O ministro referiu que “os
metais, máquinas, equipamentos e
minerais” são os principais bens
enviados por Portugal, mencionando que se deu um acréscimo nos
“produtos agrícolas e alimentares,
70 e 25%, respetivamente”. O objetivo é que Portugal continue a “procurar melhorar a sua presença” nos
países árabes, que “constituem, do
ponto de vista económico, elevadas
potencialidades por terem uma capacidade elevada de investimento
além-fronteiras”. No entanto, e
“apesar de este crescimento ser verdadeiramente extraordinário”, tal
“não significa um trabalho esgotado. Podemos fazer ainda mais”, como facilitar o investimento e “as
parcerias com as nossas universida-
des e institutos”. O governante relembrou que “Portugal não está
apenas interessado em exportar
mais, mas também em investimento agora, e não daqui a um ou dois
anos. É preciso relações mutuamente vantajosas”.
Quanto aos investidores árabes, o
secretário-geral da CCIAP revelou
que estão interessados na capacidade das empresas portuguesas na
área das obras públicas, na dos materiais de construção, no setor têxtil, ferroviário, nos domínios do
hardware e software e do saneamento básico, que podem ser “boas
apostas para aumentar as exportações”. Também são interessantes os
setores do turismo, das energias renováveis e a tradicional (petróleo e
gás), bem como a fileira da fibra óti-
ca, em que Portugal “está muito desenvolvido”, sustentou.
Já o presidente da CCIAP, Ângelo
Correia, declarou durante o fórum
que “os mercados árabes são dos
mais exigentes que conheço. Na estratégia da internacionalização, os
empresários portugueses conseguem ir sozinhos a muitos sítios”
do globo. “No mundo árabe isso seria um erro”.
Daí que, nesta edição especial, o
OJE tenha selecionado cinco desses
países, pelo seu potencial e atratividade – Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Qatar
– e reuniu informação de forma a
traçar o perfil de cada um deles para
as empresas portuguesas que estão a
considerar alargar a sua estratégia de internacionalização.
Paulo Portas ministro do Estado e dos Negócios Estrangeiros
O objetivo é que Portugal continue a “procurar melhorar a sua
presença” nos países árabes, que “constituem, do ponto de
vista económico, elevadas potencialidades por terem uma
capacidade elevada de investimento além-fronteiras”.
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Regiões económicas
RETRATO DE 5 PAÍSES
Estados do Golfo Pérsico
Arábia
Saudita
AMBIENTE DE NEGÓCIOS FAVORÁVEL
Berço do Islão, a principal potência
económica do mundo árabe está entre os 12 países do globo onde o ambiente de negócios é mais favorável
e entre os 20 destinos preferidos para o investimento estrangeiro. Limitado a leste pelo Mar Vermelho e a
oeste pelo Golfo Arábico, o Reino da
Arábia Saudita detém mais de 20%
das reservas mundiais de petróleo e
é o seu maior exportador (mais de
90% das remessas do país, representando 75% das receitas do Governo
e 45% do PIB). No sentido de diversificar a economia e promover a criação de emprego, sobretudo na população mais jovem (cujo principal
handicap é a falta de formação), esta monarquia absoluta (em que o
rei é o chefe de Estado e do Governo, liderando de acordo com a Sharia, lei sagrada do islamismo) tem
fomentado o crescimento do setor
privado, com enfoque na geração de
energia, telecomunicações, gás natural e petroquímica.
Entre 2003 e 2005, o crescimento
médio anual da economia foi de
6,2% e de 3,1% nos três anos a seguir, verificando-se quase uma estagnação em 2009 (0,1%), resultado
da crise financeira de 2008.
A extração/produção de petróleo
é a atividade económica com maior
relevância da Arábia Saudita, que é
o maior produtor na OPEP – Organização dos Países Exportadores de
Petróleo. Também produz quantidades significativas de gás natural
(os restantes principais recursos naturais são o minério de ferro, cobre
e ouro). As estimativas apontam para que a produção industrial tenha
crescido 3,1% em 2011. A seguir à
produção de petróleo bruto e refinamento, as principais indústrias
(com 21,4% da força laboral, num
total de 7737 milhões de pessoas)
são a petroquímica, cimento, gases
industriais, construção, fertilizantes, plásticos, reparação de navios e
aviões comerciais. Sem lagos ou
rios, sofre com a escassez de água e
foi até há pouco tempo limitado pela inexistência do líquido e pela
grande salinidade do solo, mas
apostou na irrigação (com recurso à
captação de água subterrânea nos
lençóis freáticos), tornando-se grande produtor de trigo. Outros produtos agrícolas importantes são a cevada, o tomate, melões, citrinos; en-
“
Entre os 20
destinos preferidos
para o investimento
estrangeiro, o território
saudita detém mais
de 20% das reservas
mundiais de petróleo e
é o seu maior exportador
tre os produtos de origem animal,
destaque para o gado caprino, galináceos, ovos e leite. A agricultura
representa hoje 6,7% da força laboral, sendo que a maior fatia dos trabalhadores pertence ao setor dos
serviços, com 71,9%. O país é um
grande destino de imigração proveniente do sul e leste da Ásia, e da
África Oriental, na grande maioria
trabalhadores não especializados.
Com um Produto Interno Bruto
(PIB) de 494 mil milhões de euros no
exercício transato, a uma taxa de
crescimento real de 6%, e com uma
inflação de 4,6% (estimativas 2012),
exportou 286,6 mil milhões de euros no ano passado. Os grandes destinos são o Japão (com 13,9%), a China (13,6%), os EUA (13,4%), a Coreia
do Sul (10,2%), a Índia (7,8%) e Singapura (4,8%) (dados de 2011). Em termos de importações, as principais
são de maquinaria e equipamento,
produtos alimentares, químicos,
veículos motores, têxteis, estimando-se que tenham atingido os 102,3
mil milhões de euros em 2012. Os
principais mercados de origem, em
2011, eram a China (12,8%), os EUA
(11,9%), a Alemanha (7,1%), a Coreia
do Sul (6%), o Japão (5,6%), a Índia
(4,9%) e Itália (4,1%).
Quanto às trocas comerciais com
Portugal, a balança pende a favor da
Arábia Saudita, apesar de, em 2012,
ter exportado menos 2,6% (bens no
valor de 890 milhões de euros) face
ao ano anterior (914 milhões de euros); enquanto Portugal enviou para
o mercado saudita artigos no valor
de quase 133 milhões de euros,
mais 42,8% por comparação com os
93 milhões de 2011. O país – 34.º no
ranking das exportações lusas de
bens e serviços, que no período de
2007 a 2011 tiveram um crescimento médio anual de cerca de 28% – é
cliente da indústria portuguesa de
rochas ornamentais.
Em abril deste ano, a AICEP Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal organizou uma missão empresarial ao
país, com 53 companhias (da área
agroalimentar, construção e engenharia, saúde, setor financeiro, tecnologias de informação e comunicação e energia).
Bahrein
BAIXA TRIBUTAÇÃO
Formado por um arquipélago de 33
ilhas (em que a maior é a do
Bahrein), o mais pequeno dos
ARÁBIA SAUDITA
BAHREIN
EAU
KUWAIT
QATAR
Superfície
2 149 690 km2
População
28 080 703 (2011)
População até 14 anos
28,2%
População acima 25 anos
52,2%
Densidade
11 hab./km2
Cresc. demográfico/ano 1,51% (est. 2013)
Esperança de vida
74,58 anos
Escolaridade
86,6%
Taxa desemprego 10,7% (2012, só homens)
Ranking IDH (2012)
0,782 (57.º)
Línguas base
Árabe (oficial), inglês
Religiões
Muçulmana (100%)
Uni. monetária Rial saudita (1 euro = 4,9)
Superfície
760 km2
População 1 281 332 (julho 2013 est.)
População até 14 anos
20%
População acima 25 anos
48,2%
Densidade
1 189,5 hab./km2 (2009)
Cresc. demográfico/ano 2,57% (est. 2013)
Esperança de vida
78,43 anos
Escolaridade
94,6%
Taxa desemprego
15% (est. 2005)
Ranking IDH (2012)
0,796 (48.º)
Línguas base
Árabe (oficial), inglês
Religiões Muçulmana (81,2%), cristã (9%)
Uni. monetária
Dinar (1 euro = 0,5)
Superfície
83 600 km2
População 5 473 972 (est. julho 2013)
População até 14 anos
20,6%
População acima 25 anos
65,6%
Densidade
55 hab./km2
Cresc. demográfico/ano 2,87% (est. 2013)
Esperança de vida
76,91 anos
Escolaridade
77,9%
Taxa desemprego
2,4% (2001)
Ranking IDH (2012)
0,818 (41.º)
Línguas base
Árabe (oficial), inglês,
Religiões
Muçulmana (96%)
Uni. monetária
Dirham (1 euro = 4,8)
Superfície
17 818 km2
População 2 695 316 (est. julho 2013)
População até 14 anos
25,6%
População acima 25 anos
58,9%
Densidade
131 hab./km2
Cresc. demográfico/ano 1,79% (est. 2013)
Esperança de vida
77,46 anos
Escolaridade
93,3%
Taxa desemprego
22,4% (est. 2004)
Ranking IDH (2012)
0,790 (54.º)
Línguas base
Árabe (oficial), inglês
Religiões
Muçulmana (85%)
Uni. monetária
Dinar (1 euro = 0,4)
Superfície
11 586 km2
População 2 042 444 (est. julho 2013)
População até 14 anos
12,5%
População acima 25 anos
73,6%
Densidade
146 hab./km2
Cresc. demográfico/ano 4,19% (est. 2013)
Esperança de vida
78,24 anos
Escolaridade
96,3%
Taxa desemprego
0,5% (est. 2012)
Ranking IDH (2012)
0,834 (36.º)
Línguas base
Árabe (oficial), inglês
ReligiõesMuçulmana (77,5%), cristã (8,5%)
Uni. monetária
Rial (1 euro = 4,8)
Fontes: Banco Mundial, CCIAP - Câmara de Comércio e Indústria Árabe - Portuguesa, CIA - The World Fact Book, Conselho de Cooperação do Golfo (GCC) FMI, Nações Unidas, OCDE.
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países árabes tem um dos mais
elevados índices mundiais de
desenvolvimento humano. Com
uma economia próspera e dinâmica, esta monarquia institucional
(com primeiro-ministro e gabinete
apontados pelo rei, pertencentes à
família real) dispõe de um dos
mais importantes centros de serviços bancários e financeiros do Médio Oriente.
A incerteza interna de 2011/12
afetou o reino, que já está no caminho da recuperação, de que são indicadores o regresso da Fórmula 1 e
dos cruzeiros de passageiros ao
país. Está empenhado em diversificar e abrir a economia – que tem o
ritmo de crescimento mais rápido
no mundo árabe, segundo as Nações Unidas. O ambiente liberal, a
baixa tributação, a ausência de limitações à propriedade estrangeira
e uma macroeconomia estável converteram-no num destino privilegiado para a fixação de companhias
interessadas em desenvolver negócios na região do Golfo. Aliás, a desenvolvida rede de transportes e de
comunicação atraiu várias multinacionais com negócios na zona. A
prevista rápida expansão nas infraestruturas logísticas e de transportes, energia e água, turismo, comércio e habitação irá beneficiar o
setor privado.
Estima-se que o PIB em 2012 tenha sido de 24,32 mil milhões de
euros, com uma taxa real de crescimento de 2%. Quanto à taxa de inflação, dados apontam para que tenha sido de 3% em 2010. A maior
parte da força laboral do país, num
total de 656 200 pessoas, encontra-se na indústria (79%), seguida dos
serviços (20%), com a agricultura a
representar apenas 1%. As principais áreas de atividade são o processamento e refinamento de petróleo
“
O Bahrein tem um
dos mais elevados índices
de desenvolvimento
humano do mundo e um
dos mais importantes
centros de serviços
bancários e financeiros
do Médio Oriente
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Regiões económicas
(responsável por 60% das exportações, 70% dos rendimentos do Governo e 11% do PIB), o fabrico de
alumínio (a segunda maior exportação), banca islâmica e offshores
(compete com a Malásia enquanto
centro mundial do sistema bancário islâmico), bem como a construção, seguindo-se a reparação naval,
ferro, fertilizantes e turismo. O desemprego, sobretudo entre a população mais jovem, bem como a deterioração dos lençóis subterrâneos
de água, são preocupações a longo
prazo. Os principais produtos agrícolas e animais são a fruta, os vegetais, aves, peixe e camarão, lácteos.
As receitas do petróleo do Bahrein –
que se tornou no centro produtor e
ponto de refinação e de embarque
do crude da Arábia Saudita (enviado
por um oleoduto submarino) – per-
mitiram impulsionar projetos industriais nas áreas do cimento, alumínio e construção naval. Também
a extração de gás natural assumiu
grande importância para o país.
O grosso das exportações, que se
estima que tenham atingido os
15,71 mil milhões de euros em
2012, reside no petróleo e produtos
derivados, alumínio, têxteis, sobretudo para o Japão (25,7% do total), a
Coreia do Sul (17,7%), a Índia
(9,6%), Singapura (6,3%) e o Reino
Unido (6,2%) (dados de 2011). Os
bens que mais importa são o petróleo, químicos, maquinaria e equipamento, dos EUA (12,7%), os EAU
(12,3%), a Arábia Saudita (9,3%), o
Reino Unido (6,2%), a China (5,4%),
a Alemanha (5,2%), o Japão e França
(ambos com 4,6%), Itália (4,5%)
(2011), cujo valor se estima que te-
“
Os EAU, o terceiro
maior exportador
mundial de petróleo,
são um dos países
mais ricos do globo
em termos de PIB
per capita
2010
14,48
9,80
5,50
4,10
3,50
2,90
2,60
2,40
2,10
2,04
Total de outros países
Total mundial
19,57
68,99
Qatar Bahrein
0,8 mbd 0,18 mbd
Oman
0,8 mbd
Total mundial
excluindo a GCC
55,51 mbd
GCC
14,48 mbd
EAU
2,3 mbd
Arábia Saudita
8,1 mbd
Kuwait
2,3 mbd
Milhões de barris/dia
PETRÓLEO - RESERVAS MUNDIAIS POR PAÍS
País
1 Estados membros da GCC
2 Venezuela
3 Irão
4 Iraque
5 Rússia
6 Líbia
7 Cazaquistão
8 Nigéria
9 EUA
10 China
2010
496
297
151
143
77
47
40
37
19
18
Total de outros países
Total mundial
142
1467
Mil milhões de barris
EAU
98
Total mundial
excluindo a GCC
66%
GCC
34%
Emirados
Árabes Unidos
POLÍTICA DE ZERO IMPOSTOS
PETRÓLEO - PRODUÇÃO MUNDIAL POR PAÍS
País
1 Estados membros da GCC
2 Rússia
3 EUA
4 China
5 Irão
6 Venezuela
7 México
8 Iraque
9 Brasil
10 Nigéria
nha alcançado os 11,21 mil milhões
de euros em 2012.
Para Portugal, o Bahrein exportou menos 99,9% (17 mil euros face
aos 15 milhões de 2011 – sobretudo
produtos minerais), tendo também
recebido menos 10,5% de bens lusos (4,2 milhões de euros em relação aos anteriores 4,7 milhões).
Arábia Saudita
265
Kuwait
102
Bahrein
0,12
Qatar
25
Oman
6
• mdb: Milhões de barris diários Fonte: GCC (Conselho de Cooperação do Golfo)
O terceiro maior exportador mundial de petróleo é composto por sete
emirados – Abu Dhabi, Dubai, Sharjah, Ras Al Khaiman, Umm Al
Qwain, Ajman e Fujairah – que se
uniram em 1971, numa Federação
Constitucional designada por Emirados Árabes Unidos (EAU). O maior, Abu Dhabi, representa 87% da
área total, e o menor, Ajman, corresponde a 0,3%. Cada emirado é
uma monarquia, com certa soberania sobre o território regional. Assumem particular relevo como centro de reexportação de mercadorias
para os restantes mercados do Golfo
e limítrofes. Apesar da crise financeira global, os EAU prosseguem os
investimentos em importantes projetos de infraestruturas e equipamentos, e a sua economia aberta,
uma das mais desenvolvidas do Médio Oriente, mantém-se sólida. Graças à estratégia de diversificação e à
introdução de reformas legislativas
e fiscais, este ponto de trânsito vital
para o petróleo bruto mundial encontra-se num período de grande
crescimento económico sustentado,
tendo criado um ambiente favorável aos negócios. A política de zero
impostos e 100% de propriedade estrangeira tem atraído o investimento do exterior. O boom na construção (indústria em expansão) e um
próspero setor de serviços estão a
impulsionar a economia local.
É um dos países mais ricos do
mundo em termos de PIB per capita
(37 euros, est. 2012). Com um PIB
estimado de 203,1 mil milhões de
euros para 2012, a taxa real de crescimento para o ano passado terá
sido de 4% e a taxa de inflação
de 1,1%. A diversificação econó-
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mica reduziu para 25% a parte
do PIB com base na produção de
petróleo e gás. A educação, transportes e cuidados de saúde são gratuitos devido à riqueza criada a partir do petróleo. A exploração do
“ouro negro” atraiu um grande número de estrangeiros, o que faz com
que menos de 50% da população seja árabe. Têm uma força laboral de
3908 milhões de pessoas, em que a
grande maioria trabalha no setor
dos serviços (78%), seguindo-se a indústria (15%) e a agricultura (7%).
As principais indústrias são a do petróleo (têm a sexta maior reserva
petrolífera do globo), a pesca, a petroquímica, o alumínio, o cimento,
fertilizantes, materiais de construção, têxteis, reparação de navios, artesanato. Os principais produtos
agrícolas e animais são as tâmaras,
vegetais, melancias, aves, peixes,
ovos e artigos lácteos. A dependência do petróleo, uma grande força
de trabalho expatriada e crescentes
pressões inflacionárias são desafios
a longo prazo.
Têm um considerável excedente
comercial anual, tendo atingido os
225,3 mil milhões de euros em exportações no exercício transato, sobretudo com petróleo (45%), gás natural, reexportações, peixe seco e
tâmaras. Os principais países para
onde exportam são o Japão (16,2%),
a Índia (13,5%), o Irão (10,9%), a Coreia do Sul (5,6%), a Tailândia
(5,5%), Singapura (4,4%) (dados de
2011). As importações atingiram os
165,1 mil milhões de euros em
2012, principalmente em maquinaria, equipamento de transporte,
químicos e produtos alimentares.
Estes bens são provenientes principalmente da Índia (19,8%), da China (13,7%), EUA (8,1%) e da Alemanha (4,6%) (dados de 2011).
É o único dos cinco países analisados em que a balança comercial é
positiva para Portugal. No ano passado, os EAU exportaram menos
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Regiões económicas
“
Detentor de alguns
dos campos de petróleo
mais ricos do globo,
o Kuwait é fortemente
dependente do comércio
exterior, tendo um
grau de abertura
superior a 80%
66,6% para o mercado português
(quase 23 milhões de euros face os
anteriores 68,7 milhões), e receberam mais 6,0% de artigos lusos (95,5
milhões de euros em relação aos 90
milhões de 2011). São o principal
destino no Golfo das exportações
portuguesas – de máquinas e equipamentos, madeira e cortiça, vestuário, veículos e outros materiais
de transporte, segundo a AICEP.
Kuwait
LIVRE DE IMPOSTOS
A localização geográfica favoreceu
o desenvolvimento do quarto maior
exportador mundial de petróleo
(que representa cerca de metade do
PIB interno e 95% das receitas orçamentais) enquanto centro comercial e financeiro na região. Esta monarquia constitucional com um sistema parlamentar de Governo tem
o maior índice de desenvolvimento
humano do mundo árabe e o 12.º
maior PIB per capita do planeta (dados FMI de 2011). Com um PIB estimado em 124,3 mil milhões de eu-
ros em 2012, a uma taxa real de
crescimento de 6,3%, e uma inflação de 3,2%, as exportações no período – de petróleo e produtos refinados, bem como de fertilizantes –
terão atingido os 81,72 mil milhões
de euros. País livre de impostos, detém alguns dos campos de petróleo
mais ricos do globo, com reservas
comprovadas de crude de 104 mil
milhões de barris (cerca de 10% das
reservas mundiais), cujos derivados
representam cerca de 95% das receitas de exportação. Os mercados
de destino são o da Coreia do Sul
(17,7%), o da Índia (15,3%), o do Japão (13,7%), o da China (9,6%) e o
dos EUA (8,4%) (dados de 2011).
Mas o Governo quer diminuir a
dependência do petróleo, para se
transformar num centro de comércio regional e pólo turístico. Para tal
tem um plano de desenvolvimento
de cerca de 100 mil milhões de euros a cinco anos (até 2014) que envolve a diversificação da economia,
a privatização de empresas públicas, a dinamização do setor privado,
a melhoria da prestação dos serviços públicos, nomeadamente dos
sistemas de saúde e de educação, e
um aumento considerável da despesa em infraestruturas. As indústrias
não petrolíferas com maior peso
consistem em químicos, cimento,
construção e reparação naval, dessalinização, transformação alimentar (cujo principal produto é o peixe) e materiais de construção.
A segunda economia mais livre
Emirados Árabes Unidos. Entre
os setores com maior potencial
para as empresas portuguesas
destacam-se o agroalimentar,
tecnologias de informação e
de comunicação, indústria farmacêutica e análises clínicas. Também
a energia é uma aposta forte dos
EAU, que projetam a construção
do maior campo de energia solar
do mundo até 2030. Mas antes,
caso sejam escolhidos para sediar
a Exposição Universal de 2020
(Expo 2020), o Governo do Dubai
quer investir 5 mil milhões de
dirhans (1,04 mil milhões de euros)
na expansão da rede do metropolitano. Em construção e previsto
ficar concluído em 2014, está o
parque temático Dubailand (em
cujo espaço de estacionamento
cabe a atual DisneyWorld) que,
só para a primeira fase, obteve
42,3 mil milhões de euros em
investimento privado. O complexo
de Jebel Ali, no Dubai, que está
em expansão e conta com mais
de 200 unidades fabris, inclui
um porto de águas profundas
e uma zona franca para fabrico e
distribuição, onde as mercadorias
para exportação são 100% isentas
de impostos. Está a ser construída
uma linha ferroviária que vai ligar
as principais cidades e portos, cuja
primeira fase deve ser inaugurada
ainda este ano; o projeto de vários
biliões de euros deverá ligar o
Dubai a Abu Dhabi até 2016,
para se estender a outras regiões
até 2018. Estes são apenas alguns
exemplos dos projetos terminados
ou em curso. A empresa de
vigilância eletrónica Eneida
celebrou um contrato no país
em dezembro, integrada na missão
empresarial da Aicep. Também
a Groundforce assinou um acordo
na área da logística de aeroportos
com o fundo Shuaa do Dubai.
Na construção civil, o Grupo
Catarino celebrou uma parceria
para se posicionar em obras no
Golfo Pérsico, seja diretamente
como empreiteiros, seja funcionando como subempreiteiros
de grandes grupos locais. Já a
Vivafit quer abrir a primeira filial
nos EAU em outubro próximo e
referiu que poderá ingressar em
mais dois países da região este ano.
do Médio Oriente é fortemente dependente do comércio exterior,
sendo o grau de abertura (medido
pelo rácio da soma das exportações
e importações pelo PIB) superior a
80%. Cerca de 75% da água potável
tem de ser destilada ou importada,
pelo que os bens mais importados
são os alimentares (o clima limita o
desenvolvimento da agricultura),
materiais de construção, veículos e
partes, vestuário. Estima-se que as
importações tenham atingido os
18,06 mil milhões de euros no ano
passado, provenientes sobretudo
dos EUA (12,4%), da China (9,7%),
da Arábia Saudita (8,4%), da Coreia
do Sul (6,5%), da Índia (6,4%), do
Japão (6,2%), da Alemanha (5%)
e dos EAU (4,3%) (dados de
PROJETOS INFRAESTRUTURANTES
Os países do Golfo Pérsico
representam uma economia em
forte crescimento. É nesta região
que se concentra a principal produção de hidrocarbonetos, havendo
também fortes perspetivas de desenvolvimento nos setores não petrolíferos, com grandes investimentos
em termos de infraestruturas.
Arábia Saudita. As empresas
portuguesas interessadas em
investir no mercado saudita vão
encontrar segurança e estabilidade,
havendo as vantagens do custo
da energia, da mão de obra
disponível, um ambiente de negócios favorável ou o facto de
o país ser uma plataforma para
os mercados vizinhos e do Médio
Oriente. O Governo tem 284 mil
milhões de euros para aplicar, entre
2010 e 2014, no desenvolvimento
social e em infraestruturas.
A AICEP - Agência para o
Investimento e Comércio Externo
de Portugal considera que este é
“um mercado de elevado potencial”.
Em abril, a entidade organizou uma
missão ao país com empresas da
área agroalimentar, construção e
engenharia, energia, saúde, setor
financeiro, tecnologias de informação e comunicação. Neste âmbito, a companhia de revestimentos
cerâmicos Recer (que também tem
negócios nos EAU) assinou um acordo comercial com a congénere saudita Prince Turki Bin Sa’da Al Saud
Trade, que vai promover e distribuir
a marca portuguesa. Também
a Vivafit, cadeia de ginásios para
mulheres (já presente em Omã),
aproveitou a nova legislação que
autoriza a frequência feminina
de ginásios próprios para entrar
no país (o único no mundo que
proíbe a condução às mulheres).
Bahrein. A capital, Manama,
acolhe infraestruturas financeiras
como o Bahrein World Trade Center
ou o Porto Financeiro. O Governo
aposta na atração de estrangeiros,
proporcionando habitação, emprego
e cidadania. Está a avançar com
um plano de urbanização de grande
envergadura, onde se inclui a
renovação das principais vias
rodoviárias e redes de esgoto
do país, bem como a construção
de novas infraestruturas. Em
dezembro de 2012, no âmbito
de uma missão empresarial da
AICEP, a Aquapor fez uma parceria
que cobre o Bahrein, o Kuwait e
Omã para a construção de estações
de tratamento de águas residuais.
No início deste mês, a Efacec
anunciou a conclusão de uma
encomenda de 10 milhões de euros
da Electricity and Water Authority
para sistemas integrados de automação, proteção e controlo para
subestações elétricas. O Bahrein
é também o segundo país na região
do Médio Oriente em que a Vivafit
está presente, com um master
franchising, e onde prevê a abertura
de cinco ginásios em três anos.
Kuwait. O presidente da AICEP,
Pedro Reis, referia em dezembro
último aquando de uma missão
empresarial ao país, que o Kuwait
“tem uma economia diferente”,
pelo que, por exemplo, na lógica
dos grandes fundos soberanos, a
entidade apostou em reuniões com
a Kuwait Investment Authority,
“um potentado financeiro”. O objetivo da presença portuguesa foi
encaminhar o posicionamento das
empresas de construção, engenharia
e de projeto “para que possam concorrer aos futuros projetos, seja
como empreiteiros, seja também
para subempreitadas no sentido de
trabalharem para grandes grupos”.
Qatar. Em pouco mais de uma
década, metamorfoseou-se num
broker político e num centro para o
investimento global, com um fundo
soberano estimado em mais de 77
mil milhões de euros. O portefólio
do país inclui imobiliário, marcas de
luxo e uma presença de peso no
mundo desportivo (de que é exemplo o clube de futebol Paris SaintGermain, detido pelo Qatar Sports
Investments, pertencente ao emir,
o sheik Tamim). Em 2022, recebe o
Campeonato do Mundo de Futebol
da FIFA, o que está a acelerar a
construção de infraestruturas de
grande dimensão, entre as quais
a rede de metropolitano, sistema
ferroviário, bem como a ponte de
ligação ao Bahrein. No final deste
ano, deverá ser inaugurado o Aeroporto Internacional de Hamad, assim a infraestrutura obedeça às exigências de construção que levaram
ao adiamento da abertura em abril;
avaliado em 11,8 mil milhões de
euros e com uma capacidade anual
prevista de 28 milhões de passageiros (atingindo os 50 milhões em
2015), o aeroporto receberá, na
primeira fase, 12 companhias aéreas
internacionais, incluindo low cost, e
vai acolher a base de operações da
Qatar Airways. Está também a ser
construído um porto marítimo, projeto com a conclusão prevista para
2025 e um investimento de cerca
de 1270 milhões de euros. A construtora Casais é uma das empresas
portuguesas com negócios no Qatar.
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2011). Com Portugal, a balança
comercial inclina de forma positiva para o Kuwait, que no ano passado exportou mais 1080,8% face a
2011 (quase 40 milhões de euros vs.
3,4 milhões), mas também recebeu
mais 140,9% de bens de origem portuguesa (quase 35 milhões de euros
vs. 14,5 milhões). Entre janeiro e
outubro de 2012, as remessas lusas
duplicaram, devido sobretudo à exportação de máquinas e equipamentos, alimentação e metais comuns (dados AICEP).
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Regiões económicas
“
A economia
do Qatar regista
uma das mais rápidas
taxas de crescimento
do planeta, sendo
também uma das
financeiramente
mais sólidas
Qatar
O MAIS ESTÁVEL
Com uma das mais baixas taxas de
desemprego e um dos mais elevados rendimentos per capita do
mundo (79 euros, est. 2012), o Qatar
é considerado o país mais estável do
Médio Oriente. Graças ao petróleo e
ao gás natural (que representam
GÁS NATURAL
PRODUÇÃO MUNDIAL
País
GÁS NATURAL
RESERVAS MUNDIAIS
2010
1 EUA
2 Rússia
3 Estados membros da GCC
4 Irão
5 Canadá
6 Noruega
7 China
8 Países Baixos
9 Algéria
10 Indonésia
Total de outros países
Total mundial
cerca de 50% do PIB, 85% das receitas de exportação e 70% do rendimento do Governo), a sua economia
regista uma das mais rápidas taxas
de crescimento do globo, sendo
também uma das financeiramente
mais sólidas. A nível mundial, situou-se em 4.º lugar em termos de
611
610
274
187
153
106
930
86
84
83
943
3,229
Valores em milhares de milhões de m3
País
2010
1 Rússia
46 000
2 Estados membros da GCC 41 794
3 Irão
33 090
4 Turquemenistão
8340
5 EUA
7075
6 Venezuela
5525
7 Nigéria
5110
8 Algéria
4504
9 Austrália
3225
10 Iraque
3158
Total de outros países
Total mundial
34 728
192 549
Valores em milhares de milhões de m3
GCC
8%
GCC
22%
Total mundial
excluindo a GCC
92%
Total mundial
excluindo a GCC
78%
Fonte: GCC (Conselho de Cooperação do Golfo)
crescimento em 2011. As receitas
provenientes da exploração das
enormes jazidas de gás natural (cerca de 14% das reservas mundiais, a
terceira maior do planeta) e petróleo (reservas estimadas em 15 mil
milhões de barris) permitiram a esta monarquia absoluta investimentos massivos em obras públicas,
educação e saúde.
A diversificação económica é
uma prioridade da Estratégia de
Desenvolvimento Nacional, e o setor não energético tem recebido
importantes financiamentos. Algumas das áreas mais promissoras
são o imobiliário, os serviços financeiros, a investigação científica, as
tecnologias de informação e o turismo. A indústria não petrolífera e a
construção de infraestruturas continuam em grande expansão. Há
uma forte aposta na economia baseada no conhecimento, com a
atração de empresas de base tecnológica para o território. O Centro Financeiro do Qatar proporciona às
instituições financeiras margem e
empréstimos sem juros, bem como
apoio ao capital.
Em 2011, o Qatar cresceu suportado na expansão do setor de gás,
mas no ano passado o PIB desacelerou para 6,3%, como resultado da
conclusão desse mesmo processo de
investimento. De acordo com o CIA
World Fact Book, tem o maior PIB
per capita do mundo. Em 2012, o
PIB do país terá alcançado os 142
mil milhões de euros, com uma taxa real de crescimento de 6,3% e
uma inflação de 1,9%. Juntamente
com o Bahrein, é uma das nações
com as mais baixas taxas de impostos do mundo.
Cerca de 75% da população é formada por imigrantes, sobretudo da
Índia e do Paquistão. A produção
concentra-se na produção e refinamento de crude, fertilizantes, petroquímica, aço, cimento, reparação de
navios. Os produtos mais exportados (que se estima que tenham atingido os 88,23 mil milhões de euros
em 2012) são os petrolíferos, o gás
natural, fertilizantes e aço, principalmente para o Japão (25,7%), a Coreia do Sul (17,7%), a Índia (9,6%),
Singapura (6,3%) e o Reino Unido
(6,2%) (em 2011). Os bens mais importados são os alimentares, químicos, máquinas e equipamento de
transporte, num valor estimado de
17,6 mil milhões de euros em 2012,
oriundos dos EUA (12,7%), EAU
(12,3%), Arábia Saudita (9,3%), Reino Unido (6,2%), China (5,4%), Alemanha (5,2%), Japão (4,6%), França
(4,6%), Itália (4,5%) (2011). Os principais produtos agrícolas são a fruta,
os vegetais, gado caprino, produtos
lácteos e peixe.
As trocas comerciais com Portugal caíram 27% em 2012, de 88,1
milhões de euros no ano antes para
64,4 milhões; as importações de artigos portugueses também decresceram, em 8,6%, de 13,9 milhões de
euros em 2011 para 12,7 milhões no
exercício transato. De janeiro a novembro de 2012, as máquinas e aparelhos lideraram as vendas de Portugal para o país (28,1%), seguindo-se
os minerais e minérios (14,9%) e o
vestuário (10,2%), representando,
em conjunto, cerca de 53% do valor
global. Houve um aumento significativo no envio de máquinas e aparelhos em relação ao homólogo de
2011 (cerca de 204%).
A Qatar Investment Authority,
holding soberana do Estado, esteve
no ano passado em Portugal, tendo
reunido com promotores turísticos,
bancos e responsáveis por grandes
projetos de empresas portuguesas
cotadas em Bolsa. De acordo com a
AICEP, “segue-se atualmente uma
política de diversificação de investimentos com vista ao crescimento
económico, para além das reservas
de petróleo e gás natural. Neste
contexto, estão abertas novas perspetivas de negócio que valerá a
pena aprofundar”.
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REGIÕES ECONÓMICAS