REGIÕES ECONÓMICAS Mercosul PÁG. 38 a 42 O JORNAL ECONÓMICO | www.oje.pt | ipad | iphone | android Págs. 10 e 12 7 novas tendências Págs. 22 e 24 7 produtos para exportação PÁG. 54 a 62 7 pólos de inovação Págs. 14 e 16 7º ANIVERSÁRIO DO JORNAL OJE 7 ANOS 7 TEMAS 7 ESCOLHAS 7 marcas exportadoras Págs. 26 e 28 PÁG. 44 a 52 Golfo Pérsico Número 1505 | sexta-feira, 28 de junho de 2013 | Preço 1 cênt. | Diretor Guilherme Borba 7 personalidades 7 startups de sucesso internacional 18Págs. e 20 África Ocidental Págs. 30 e 32 7 principais 34Págs. e 36 destinos das exportações PUB 4 | sexta-feira 28 de junho de 2013 E EDITORIAL EDITORIAL Guilherme Borba Administrador | www.oje.pt • ipad • iphone • android 7 anos, 7 temas, 7 escolhas ENQUADRAMENTO | As soluções para o país passam pelo crescimento da economia e pela expansão das empresas nacionais para mercados em crescimento económico. Os mercados tradicionais de exportação de Portugal estão em recessão ou em crescimento anémico, caso da Zona Euro, enquanto os mercados extracomunitários estão a sofrer algum esgotamento. Impõe-se procurar alternativas em novos HÁ SETE anos, o OJE entrou no mercado dos media para inovar. Ciente da necessidade de criar um modelo que fosse suficientemente simples e, simultaneamente, com uma abordagem condensada à informação económica nacional e internacional, rapidamente ganhou o seu espaço no mercado das publicações económicas. Paulatinamente, através de um modelo de distribuição inovador, fugindo ao conceito de venda em banca, partiu para um conceito proximidade com o leitor, através de uma distribuição dinâmica e eficiente. O espaço que o OJE foi conquistando neste mercado, ao longo destas mais de 1500 edições, deveu-se, fundamentalmente, à qualidade da informação disponibilizada aos lei- mercados e, em paralelo, otimizar o que se produz em termos de bens transacionáveis para manter o nível de exportações. Neste 7.º aniversário do OJE, o radical “7” vai estar presente ao longo desta edição. São 7 temas de análise factual e apresentada de forma intuitiva, onde lançamos aquelas que consideramos serem as 7 personalidades do momento em Portugal, para de seguida escolhermos 7 pólos de inovação que estão tores, através de um modelo low cost, que manteve sempre a preocupação de dar a “notícia pela notícia”, factual e objetiva. Ao contrário de outras publicações económicas, o modelo de negócio do OJE tem-se mantido fiel a si mesmo ao longo deste período, sem necessidade de recorrer à oferta de edições para não reduzir a circulação impressa, já que o OJE, tal como os outros económicos do mercado, é uma publicação de circulação paga. Como profissionais, acreditamos na concorrência saudável, pois só assim o mercado pode crescer e evoluir de forma justa. Acima de tudo, e porque somos um player ativo e credível deste mercado dos media económicos há sete anos, trabalhamos diariamen- a transformar o país, as “nossas 7 startup de sucesso internacional, as 7 tendências em termos de consumo, os 7 produtos para exportação, as 7 marcas que levam Portugal para o exterior e os 7 principais destinos das exportações nacionais. Mas oferecemos mais. Consideramos que o futuro está em novos mercados com potencial de crescimento, de empatia com empresas portuguesas e de absorção de produ- O OJE lidera o segmento de publicações económicas com uma quota de mercado de 45%, tendo o Diário Económico 28% e o Negócios 25% CIRCULAÇÃO IMPRESSA PAGA FONTE: APCT, RELATÓRIO JAN/FEV 2013 te para os nossos leitores e para lhes dar a melhor informação, de forma concisa, eficaz e direta, apar- tos nacionais e optámos por três regiões económicas com aquelas características: Mercosul, Golfo Pérsico e África ocidental. Nestas regiões, encontrámos oportunidades e potencial em termos de sub-região, com projetos transversais a vários países. Consideramos que este estudo focado e localizado pode servir de suporte à tomada de opções na internacionalização ou na procura de parcerias comerciais. tidária e independente. O setor dos media tem enfrentado, nos últimos anos, desafios sem precedentes, que se irão manter, caso as condições macroeconómicas não sofram alterações a curto prazo. Ainda assim, mesmo perante todas as adversidades que se adivinham para o futuro, o modelo do OJE tem vindo a afirmar-se como uma importante e reconhecida ferramenta de tomada de decisão para os empresários nacionais. Embora não sejamos futurologistas, principalmente numa altura em que não existem verdades absolutas, vamos continuar a trabalhar diariamente na edição impressa e no www.oje.pt para divulgar a informação que já merece a sua confiança e credibilidade. O OJE AGRADECE A PARTICIPAÇÃO DAS SEGUINTES EMPRESAS NESTA EDIÇÃO ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO Para assinar o oje, vá já a: www.oje.pt Membro da: Publicado diariamente de terça a sexta-feira • PROPRIEDADE - Megafin Sociedade Editora S.A., Registo na ERCS N.º 223731, N.º de Depósito Legal: 245365/06 • SEDE - Avenida Casal Ribeiro, n.º 15 – 3.º, 1000-090 Lisboa, Tel.: 217 922 070, Fax: 217 922 099, Email: [email protected] • DIRETOR - Guilherme Borba • EDITORA EXECUTIVA - Helena Rua • REDAÇÃO - Armanda Alexandre, Almerinda Romeira, Catarina Santiago, Sónia Bexiga e Vítor Norinha • ÁREA COMERCIAL - Diretor João Pereira, 217 922 088 – [email protected], Gestores de Contas Isabel Silva – 217 922 094, André Domingues – 217 922 073, Paulo Corrêa de Oliveira, 217 922 097 • ASSINATURAS Alexandra Pinto, 217 922 096, [email protected] • ÁREA FINANCEIRA - Florbela Rodrigues • CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO - João Lino de Castro (Presidente) e Guilherme Borba – [email protected] • IMPRESSÃO - Grafedispor, Impressão e Artes Gráficas SA, Estrada Consiglieri Pedroso, Barcarena • TIRAGEM - 17 300 • Nenhuma parte desta publicação, incluindo textos, fotografias e ilustrações, pode ser reproduzida por quaisquer meios sem prévia autorização do editor. android • iphone • ipad • www.oje.pt Publicidade | sexta-feira 28 de junho de 2013 | 5 | | 6 | sexta-feira 28 de junho de 2013 | www.oje.pt • ipad • iphone • android 7 anos, 7 temas, 7 escolhas 7.º ANIVERSÁRIO DO JORNAL OJE 7 ANOS 1505 EDIÇÕES Milhões de NOTÍCIAS 2008 2006 2008 2009 2007 2011 2010 2013 2011 2012 android • iphone • ipad • www.oje.pt Publicidade | sexta-feira 28 de junho de 2013 | 7 | | 8 | sexta-feira 28 de junho de 2013 | www.oje.pt • ipad • iphone • android 7 anos, 7 temas, 7 escolhas 7 personalidades Págs. 10 e 12 7 startups de sucesso internacional 18Págs. e 20 7 novas tendências Págs. 22 e 24 7 produtos para exportação Págs. 14 e 16 7º ANIVERSÁRIO DO JORNAL OJE 7 ANOS 7 TEMAS 7 ESCOLHAS 7 marcas exportadoras Págs. 26 e 28 7 pólos de inovação Págs. 30 e 32 7 principais 34Págs. e 36 destinos das exportações android • iphone • ipad • www.oje.pt Publicidade | sexta-feira 28 de junho de 2013 | 9 | | 10 | sexta-feira 28 de junho de 2013 | www.oje.pt • ipad • iphone • android 7 anos, 7 temas, 7 escolhas 7 PERSONALIDADES Quando sucesso é sinónimo de talento PERSONALIDADES ASSUNÇÃO CRISTAS MINISTRA DA AGRICULTURA, MAR, AMBIENTE E TERRITÓRIO A criatividade na gestão, conceção ou produção de um produto, serviço ou de uma obra de arte reúne um conjunto de figuras que, entre tantas outras, colocaram o talento em português no mapa Senhora da terra e do mar Detentora de uma das pastas por muitos considerada problemática, Assunção Cristas lida há dois anos com setores fundamentais para o país que, embora não a tenha visto nascer, uma vez a ministra nasceu em Luanda, em 1974, tem contado com os seus serviços na defesa dos interesses nacionais. A mulher que já foi descrita como sendo “perfecionista, pragmática e certinha”, confessa ter entrado para o mundo da política por mera casualidade e assume ter alimentado sempre o sonho de ser professora. De lições tem sido feia a sua passagem pelo Governo, que será suspensa, com o final de tempo de gestação. A primeira foi lecionada aquando da sua chegada ao Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, onde rapidamente assinou um despacho a dis- pensar os seus funcionários do uso do símbolo universal de formalidade, a gravata, visando poupar energia, fazendo valer os estudos que mostram que prescindir da gravata permite descer em 2o C a temperatura do ar condicionado. Seguiram-se lições de empenho, especialmente nos dossiers algo complicados da agricultura e do mar/pescas, para a qual a ministra defende um incremento adicional e sobre os quais têm demonstrado evidente regozijo, anunciando números em crescente incontornável, como é o caso das exportações dos produtos agrícolas. A revisão da matéria só ficou dada com a lei do arrendamento. Trouxe-lhe maiores dissabores, mas, convicta, Cristas fez avançar as medidas que elege como o passaporte para a resolução de um grave problema do país. PERSONALIDADES POR SÓNIA BEXIGA PERSONALIDADES PERSONALIDADES ZEINAL BAVA JOANA VASCONCELOS CEO PORTUGAL TELECOM ARTISTA PLÁSTICA MIGUEL DOMINGOS/©UNIDADE INFINITA PROJECTOS De malas feitas para o Brasil As últimas boas notícias, porque o sucesso teima em coroar todos os passos deste gestor, revelam um manancial de prémios, promoções e distinções que, inevitavelmente, nos levam a falar deste profissional de excelência. Zeinal Bava vai assumir a presidência executiva da brasileira Oi; a revista financeira Institutional Investor elege-o “melhor CEO em Portugal”, sendo que a distinção é alargada ao contexto internacional, onde arrecada o troféu de melhor CEO do setor de telecomunicações da Europa, à frente de Vittorio Colao (Vodafone) e de Ian Livingston (British Telecom). Em 2010, 2011 e 2012, a revista já o tinha considerado o melhor CEO de telecomunicações e, em 2003, 2004 e 2005, foi eleito consecutivamente o melhor CFO da Europa no setor. Mas Bava continua em alta e a mais recente prova vem do Thomson Reuters Extel Survey, que o incluiu entre os 25 melhores CEO a trabalhar na Europa, surgindo num destacado 5.º lugar, ainda melhor que o 6.º posto de há dois anos e o 14.º do ano passado. Defensor assumido da necessidade de potenciar e fomentar a exportação como caminho de crescimento, elege a atração de investimento estrangeiro e o empenho em equilibrar a balança comercial como principais pilares. Questionado sobre como deveríamos pensar as exportações, responde com convicção que passa pela “transição do ‘Made in’ para o ‘Made by’, que vai mais além, no sentido em que começamos a acrescentar valor”. Considerando existir um longo caminho a percorrer sublinha que Portugal têm os “três T” necessários para o sucesso: tolerância, tecnologia e talento. Criatividade sem fronteiras Com lugar merecido e conquistado entre os nomes que mais prestigiam a arte em Portugal, levando a todo o mundo a inspiração, a criatividade e a qualidade de raiz portuguesa, Joana Vasconcelos escolheu Lisboa para viver e trabalhar, mas foi Paris que a viu nascer. A artista explica a natureza do seu processo como estando assente na apropriação, descontextualização e subversão de objetos pré-existentes e realidades do quotidiano. Partindo de engenhosas operações de deslocação, reminiscência do ready-made e das gramáticas nouveau réaliste e pop, oferece uma visão cúmplice, mas simultaneamente crítica, da sociedade contemporânea e dos vários aspetos que servem os enunciados de identidade coletiva, em especial o estatuto da mulher, diferenciação classista e identidade nacional. Em 2006, recebeu o prémio The Winner Takes It All, da Fundação Berardo, com a obra “Néctar”, atualmente instalada no Museu Colecção Berardo, em Lisboa. Já em 2003 lhe tinha sido atribuído o Prémio Tabaqueira de Arte Pública para o projeto “Kit Garden”, instalado no Largo do Intendente, em Lisboa; e, em 2000, venceu o Prémio EDP Novos Artistas. Expõe regularmente em Portugal e no estrangeiro desde 1994 e o último, e altíssimo ponto da sua carreira internacional, teve como epicentro França, mais precisamente o Château de Versailles, que recebeu as suas obras em 2012. Atualmente, Joana Vasconcelos continua a iluminar o caminho até Portugal, dando bastante que falar na Bienal de Veneza, com o “Trafaria Praia”, a mais recente intervenção da artista, desta feita, num velhinho cacilheiro que renasceu fruto de uma criatvidade única. android • iphone • ipad • www.oje.pt Publicidade | sexta-feira 28 de junho de 2013 | 11 | | 12 | sexta-feira 28 de junho de 2013 | www.oje.pt • ipad • iphone • android 7 anos, 7 temas, 7 escolhas PERSONALIDADES PERSONALIDADES LEONOR BELEZA D. MANUEL CLEMENTE PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO CHAMPALIMAUD PATRIARCA DE LISBOA DIOCESE DO PORTO Na frente da inovação Com um passado recente rico em lutas e debates políticos, assumindo por duas vezes o Ministério da Saúde, nos X e XI Governos Constitucionais, bem como outros cargos de natureza executiva política, Leonor Beleza tem, de há uns anos a esta parte, igual papel de destaque na sociedade, conduzindo os destinos da já célebre Fundação Champalimaud, num convite que lhe foi endereçado pelo próprio fundador, António Champalimaud, em 2004. Nestas funções, acompanham-na João Silveira Botelho e António Horta Osório. Sobre o convite do fundador para que assumisse a presidência de uma entidade que viria a ter uma dimensão e reconhecimento no mundo científico global tal que apontou um holofote único sobre Portugal, Leonor Beleza já tornou público que tudo começou com um telefone- ma que ele lhe fez. Partilhou que ia criar, em testamento, uma fundação para fazer investigação na área da saúde e que a estava convidá-la para ser a presidente. Um telefonema que, confessa, a apanhou de surpresa. Na altura, Leonor Beleza era deputada e tomou a decisão de que passaria a ocupar-se a tempo inteiro da fundação, mas, pouco depois, houve uma dissolução da Assembleia da República e tornou-se mais fácil e rápido cumprir aquilo que já tinha determinado. Conhecida pelo profissionalismo, rigor e dinamismo com que abraça cada desafio, assumiu, desde o início deste mês, mais uma frente de trabalho, desta feita, como presidente do conselho geral da Universidade de Lisboa, resultante da fusão das atuais universidades de Lisboa e Técnica de Lisboa e que funcionará nos novos moldes já a partir do próximo ano letivo. O regresso à capital De partida da Diocese do Porto, onde chegou em 2007, e a ultimar a sua chegada ao Patriarcado de Lisboa, D. Manuel Clemente, galardoado com o Prémio Pessoa e pioneiro na utilização do Youtube para a divulgação das mensagens da diocese, traz, e agradece, a amizade com que foi recebido e acompanhado e relembra agora que, de Lisboa, levou, para o Porto, 58 anos de vida como leigo e ministro ordenado, sob o pastoreio dos Cardeais Cerejeira, Ribeiro e Policarpo, de quem guarda “larga e agradecida recordação”, em especial de D. José Policarpo, de quem foi aluno e, mais tarde, colaborador próximo no Seminário dos Olivais e no serviço episcopal. Homem de reconhecidas intervenções no panorama cultural e religioso, muito atento às questões sociais, considera que a crise PERSONALIDADES PERSONALIDADES PAULO PEREIRA DA SILVA ELVIRA FORTUNATO CEO RENOVA CIENTISTA Sem medo de dar cor à vida O “Senhor papel higiénico sexy” quando, lá para os princípios dos loucos anos 80, se ensaiavam projetos de física estatística aplicada à mecânica quântica, estava bem longe de pensar que pouco mais de uma década o separava da projeção da Renova no panorama nacional e internacional do consumo. Terminados os estudos em Lausanne, na École Polytéchnique Fédérale, onde se licenicou em Engenharia Física, regressa a Portugal em 1984 e estreia-se na Renova Fábrica de Papel do Almonda, no âmbito da gestão industrial. Em 1991, entrou para o conselho de administração e, passados quatro anos, assumia a presidência, um cargo que exerce entusiasticamente, e como poucos, até hoje. Um cartaz à entrada da fábrica, exibe orgulhosamente a sua máxima “Why not?”, argumento basilar que o conduziu, juntamente com todos os acionistas, inclusive os céticos irredutíveis, a apostar no agora célebre papel higiénico preto - o “papel higiénico mais sexy do mundo”. Em maio último, veio a público a derradeira conquista da empresa: a Renova entrou na Walmart, a maior cadeia de supermercados do mundo, insígnia onde começou a vender a sua gama premium. Esta entrada abrange cerca de 350 hipermercados no Canadá e, para Paulo Pereira da Silva, trata-se de “um importante passo na internacionalização da Renova que revela a eficácia da estratégia adotada e reflete a clara e significativa aposta nos mercados externos”. A entrada na Walmart é, sem dúvida, uma mais-valia para a marca e mais um sinónimo de excelência pensada e produzida em português. Sem dúvida. Inovação no seu expoente máximo “A cientista que ganhou 2,5 milhões de euros do European Research Council” - assim começava por ser conhecida e por chamar a atenção Elvira Fortunato, a cientista da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (UNL) que, em 2008, conquistou o maior prémio de sempre dado a um investigador português. O nome do projeto vencedor é Invisible (Invisível) e propõe-se fazer transístores e circuitos integrados transparentes, usando óxidos semicondutores, uma ideia arrojada e inovadora a nível mundial. Num ápice, a cientista estava no mapa e, claro, também Portugal e o seu potencial tecnológico e de engenharia. Surge de imediato na edição online do Financial Times e, qual bomba nos meios científicos mundiais, foi possível, nos dias que se seguiram, assistir ao fenómeno de económica e de valores é visível, mas sendo estes momentos “negativos no prejuízo que trazem às pessoas”, também são “ocasião para uma renovada presença cristã no mundo”. Em tempos difíceis, o responsável reconhece que “sempre foi” difícil pregar o Evangelho a estômagos vazios, apelando à entreajuda e colaboração entre todos. Assinalou os seis anos de tomada de posse na Diocese do Porto, com o livro “O tempo pede uma nova Evangelização”, defendendo a participação cívica e a consciencialização política. Através do qual sublinha que os cidadãos devem “estar em tudo” e com “mais interesse”, de forma a não serem apenas espetadores. “Não julgo que a vida política se resolva apenas ao nível das instituições, é absolutamente necessária uma motivação de quem está diretamente na atividade política mas também de nós todos”, pesquisar na internet “paper transistor” e logo encontrar mais de quatro milhões de sites em todas as línguas, incluindo chinês e russo, com resposta pronta sobre a descoberta da equipa liderada por Elvira Fortunato. Atualmente, a cientista e a sua equipa trabalham afincadamente no CENIMAT - Centro de Investigação de Materia com nanomateriais, evidenciando a importância que a nanotecnologia pode assumir para Portugal. No entanto, ainda falamos de um trilho árido no que diz respeito a apoios e reconhecimento. Como constrangimento maior ao sucesso, a cientista aponta o afastamento que persiste entre a indústria e a universidade, para o qual não encontra resposta identificando, pelo contrário, recursos humanos, técnicas, equipamentos e infraestruturas que deveriam obrigatoriamente gerar a inversão desta situação. android • iphone • ipad • www.oje.pt Publicidade | sexta-feira 28 de junho de 2013 | 13 | | 14 | sexta-feira 28 de junho de 2013 | www.oje.pt • ipad • iphone • android 7 anos, 7 temas, 7 escolhas 7 PÓLOS DE INOVAÇÃO Excelência na investigação nacional Os investigadores que, mais ou menos em surdina, vão fazendo um trabalho de mais-valia ímpar, têm surgido à luz do dia diretos para todo o mundo quando as suas descobertas são maiores que o país que os alberga. Paulatinamente, vão provando aos seus pares que Portugal tem condições, talento e pode vir a ter uma palavra maior nos mundos da tecnologia, ciência e investigação PÓLOS DE INOVAÇÃO INSTITUTO PEDRO NUNES CIÊNCIA E TECNOLOGIA Por onde fervilha inovação Foi distinguido por ter a melhor incubadora de base científica do mundo, nos últimos 15 anos já apoiou mais de 200 projetos empresariais que geraram cerca de 1700 empregos e um nível de 75 milhões de euros de volume de negócios, apenas em 2011, e prepara-se para, ainda no decorrer deste ano, receber a XI Conferência Internacional de Incubação de Base Científica, e inaugurar a nova “aceleradora de empresas” com 4500 m2 de área, serviços avançados de dinamização e internacionalização de negócios. Falamos, claro, do Instituto Pedro Nunes (IPN), dirigido por Teresa Mendes. Criado em 1991 por iniciativa da Universidade de Coimbra, o IPN - Associação para a Inovação e Desenvolvimento em Ciência e Tecnologia tem como missão contribuir para transformar o tecido empresarial e as organizações em ge- ral promovendo uma cultura de inovação, qualidade, rigor e empreendedorismo, assente num sólido relacionamento universidade/empresa e atuando em três frentes que se reforçam e complementam: investigação e desenvolvimento tecnológico, consultadoria e serviços especializados; incubação de ideias e empresas; formação especializada e divulgação de ciência e tecnologia. A incubadora foi criada em 2002, por iniciativa do IPN e da Universidade de Coimbra, e visa promover a criação de spin-offs, apoiando ideias inovadoras e de base tecnológica oriundas dos laboratórios do IPN, de instituições do ensino superior, em particular da Universidade de Coimbra, setor privado e projetos em consórcio com a indústria. Os projetos com carácter prioritário são spin-offs surgidas da Univ. de Coimbra e startups que assegurem uma forte ligação ao meio universitário. PERSONALIDADES POR SÓNIA BEXIGA PÓLOS DE INOVAÇÃO PÓLOS DE INOVAÇÃO TAGUS PARK EXPERIMENTA DESIGN TECNOLOGIA E BIOTECNOLOGIA DESIGN Do projeto à realidade As áreas das Tecnologias de Informação, Comunicação e Eletrónica, Energias Renováveis e Eficiência Energética, Biotecnologia e Ciências da Vida, são rainhas e senhoras na incubadora do Taguspark – Parque de Ciência e Tecnologia que recebe de braços abertos, há mais de uma década, empreendedores no processo de desenvolvimento sustentado das suas ideias de negócio. Focado em disponibilizar meios e apoios que permitam transformar projetos em realidades empresariais, o Taguspark dirige-se a pessoas com um perfil empreendedor que estejam à procura das infraestruturas necessárias para a criação e gestão de start-ups de base tecnológica. A todo os interessados, que em breve encontrarão um centro atualizado, modernizado e de oferta mais diversificada, assim estejam concluídas as “profundas” obras em curso, o Taguspark esclarece que a incubação passa obrigatoriamente por três fases distintas, porém complementares: pré-incubação (ideia, prova de conceito, concretização do plano de negócios e criação da empresa); incubação (conceção tecnológica do produto e/ou serviço) e, por último, o desenvolvimento empresarial (com uma duração estimada de 2 anos). Os empreendedores devem ainda preparar-se para, de 6 em 6 meses, serem avaliados pela “equipa de gestão”, relativamente à evolução da já referida fase de desenvolvimento, bem como sobre a contribuição para a comunidade da incubadora e participação nas iniciativas que se sucedem e são sempre planeadas a pensar no enriquecimento das startups. Com o resultado das avaliações semestrais, o Taguspark decidirá se a start-up permanecerá ou não. Cultura em português A “sacudir” as estruturas mais tradicionais desde 1998, a partir de Lisboa para o mundo, a experimentadesign, uma associação cultural, assume-se, acima de tudo, como uma unidade de produção de conhecimento e de realidade e um polo difusor de conteúdos nas áreas de design, arquitetura e cultura de projeto. Elege como matéria-prima a criatividade e o campo de inserção é a cultura e a sua permanente transformação, numa perspetiva integradora e multidisciplinar. Move-se no sentido de uma intervenção incisiva no modo de pensar, produzir e promover cultura em Portugal e no estrangeiro, repercutindo-se ativa e positivamente no panorama transnacional. Este duplo objetivo concretiza-se através da conceção, dinamização e promoção de projetos de criadores e instituições portuguesas, bem como do forjar de uma rede de contatos e parcerias com entidades internacionais. No âmbito internacional, tem vindo a estabelecer coproduções, parcerias, colaborações e cooperações com institutos, museus, centros culturais e de investigação, organismos oficiais e embaixadas. O projeto emblemático da experimentadesign, é a Bienal EXD, cuja primeira edição foi em Lisboa em 1999, e se dedica ao design, arquitetura e criatividade contemporânea. Posicionando-se como uma plataforma internacional dinâmica e arrojada que promove a cultura contemporânea através da discussão e reflexão, a EXD gera e apresenta projetos, conceitos e ideias originais em diferentes formatos. As EXD'13 Lisboa e EXD'14 São Paulo, têm como tema “No Borders” e convoca designers, arquitetos, pensadores, produtores, investigadores, economistas, gestores, políticos e o público em geral, android • iphone • ipad • www.oje.pt Publicidade | sexta-feira 28 de junho de 2013 | 15 | | 16 | sexta-feira 28 de junho de 2013 | www.oje.pt • ipad • iphone • android 7 anos, 7 temas, 7 escolhas PÓLOS DE INOVAÇÃO PÓLOS DE INOVAÇÃO CENTRO TECNOLÓGICO DO CALÇADO DE PORTUGAL IDITE MINHO CALÇADO TECNOLOGIA Conforto amigo do ambiente O Centro Tecnológico do Calçado de Portugal (CTCP) pensa, estuda e aperfeiçoa o universo do calçado desde 1986, ano em que a Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS) e dois Institutos do Ministério da Economia, o IAPMEI e o INETI, a partir do Laboratório de Controlo da Qualidade criado em 1981, avançam para a sua criação. Com instalações em São João da Madeira e Felgueiras, localizações nevrálgicas na história e evolução do setor em Portugal, o CTCP tem como principais objetivos apoiar técnica e tecnologicamente as empresas; promover a formação técnica e tecnológica dos recursos humanos e a melhoria da qualidade dos produtos e processos industriais; preparar e divulgar informação técnica junto da indústria; realizar e dinamizar trabalhos de investigação, desenvolvimento e demonstração. Destaque para o projeto de investigação Be Nature, principiado em 2010 e que integra juntamente com alguns parceiros, e que tem como objetivo desenvolver couro, componentes e calçado biodegradáveis e comportáveis destinados a consumidores que procuram produtos ecológicos. Por todo mundo se investiga a temática dos materiais e produtos biodegradáveis, são inúmeras as empresas que apostam no desenvolvimento de produtos e processos “mais amigos” do ambiente. Atualmente, o projeto encontra-se numa fase já bastante avançada da sua implementação, tendo o final previsto para dezembro de 2013, e foram já desenvolvidos couros desintegráveis por compostagem para aplicação em calçado como couro de exterior, forro e palmilhas e respetivos processos produtivos. Saber e empresas mais próximos Uma infraestrutura tecnológica capaz de construir um “verdadeiro interface” entre centros de saber e as empresas, assim se define o IDITE Minho – Instituto de Desenvolvimento e Inovação Tecnológica do Minho. Assegurando ainda que, devido à sua estrutura extremamente flexível, se ajusta continuamente aos curtos ciclos de vida das tecnologias com que trabalha. A cumprir o seu desígnio desde 1994, surgiu de uma iniciativa conjunta da Universidade do Minho, da Associação Industrial do Minho e do Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial. Ao longo dos anos adquiriu uma vasta experiência no desenvolvimento de projetos em parceria com empresas, universidades, infraestruturas tecnológicas e outras organizações nacionais e estrangeiras, tendo já desenvolvido parcerias em Espanha, Reino Unido, Alemanha e Grécia. Atualmente, divide-se pelas áreas das Tecnologias de Informação e Comunicação, Ambiente e Energia e conta com 4 projetos em curso: “RHXXI, Recursos Humanos para o Século XXI”, desenvolvido no âmbito do Programa Equal, visa incrementar índices e qualidade da formação profissional; o “RESTART, Recursos Multimédia de Apoio à Reconversão e Qualificação no Artesanato”, também inserido no Equal, destina-se a desempregados da indústria têxtil e vestuário e a artesãos e está orientado para a reconversão profissional e adaptabilidade de desempregados; o “AquaSmart, Sistema de Apoio à Tomada de Decisão na Gestão de Estações de Tratamento de Água”, integrado no Programa IDEIA, consiste no desenvolvimento de um sistema computacional inovador, de suporte à gestão de estações de tratamento de águas para consumo. PÓLOS DE INOVAÇÃO PÓLOS DE INOVAÇÃO INESC PORTO CENIMAT - CENTRO DE INVESTIGAÇÃO EM MATERIAIS CIÊNCIA E TECNOLOGIA NANOCIÊNCIA Pela modernização do país O INESC Porto, presidido por José Manuel Mendonça, assume um posicionamento ativo revela procurar pautar a sua ação por critérios de inovação, de internacionalização e de impacto no tecido económico e social, sobretudo pelo estabelecimento de um conjunto de parcerias estratégicas que garantam a sua estabilidade institucional e sustentabilidade económica. A atividade deste Centro visa a investigação científica e o desenvolvimento tecnológico, mas também a consultoria e formação avançada, bem como a transferência de tecnologia e o lançamento de novas empresas de base tecnológica. Trata-se assim de uma instituição criada para assumir um papel de intermediário, construindo quantas pontes forem necessárias até que as relações se estreitem, entre os tão diferentes mundos académico e empresarial da indústria e dos serviços. No entanto, munido de uma longa e rica experiência o INESC Porto estende esta sua proatividade à administração pública, no âmbito das tecnologias de informação, telecomunicações e eletrónica. Como objetivos estratégicos, evidenciam-se a produção de ciência e de tecnologia capazes de competir a nível nacional e mundial; a colaboração na formação de recursos humanos de qualidade científica e técnica, motivados para apostar nas capacidades nacionais e na modernização do país; contribuir para a evolução do sistema de ensino científico e tecnológico, modernizando-o e adaptando-o às necessidades do tecido económico e social; promover, facilitar e incubar iniciativas empresariais que possibilitem a valorização das suas atividades de I&D e promovam o espírito de iniciativa e de risco entre os seus jovens investigadores. Pequenas grandes descobertas Avaliado por um painel de especialistas internacionais na área da Ciência e Engenharia de Materiais desde 1996, terminou o seu teste com distinção e obteve a classificação de “excelente”. O que não deixou margem para dúvidas sobre o elevado grau de mérito científico e técnico da atividade do CENIMAT/I3N (fruto das participações das universidade Nova de Lisboa, Minho e Aveiro) – um centro nacional de pesquisa científica patrocinado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, através da Fundação para a Ciência e Tecnologia e que conta com a liderança de Elvira Fortunato. Este mesmo painel de especialistas viria ainda a reconhecer e a indicar que o CENIMAT poderia ser considerado, a nível nacional, como "um modelo de excelência no campo da ciência dos materiais e engenha- ria". Consciente do papel relevante que a sua investigação assume, o Centro chama a si a missão de promover a excelência em nanociência, nanomateriais e nanotecnologias para fins sócio económicos. Assim, um dos seus principais objetivos é a criação, manutenção e fortalecimento de uma comunidade em português, capaz de fornecer os valores desejáveis na atividade de I&D, para excelência em ciência e tecnologia, em linha com a União Europeia. Pretende ajudar a melhorar as relações entre indústria e centros de pesquisa, a fim de ser capaz de responder aos desafios da inovação, certo de que requer uma abordagem concertada a nível nacional mas quer ser a força motriz para a consolidação, gerando e difundindo esta excelência, com um impacto estruturante durável na modernização europeia de investigação, riatividade e inovação. android • iphone • ipad • www.oje.pt Publicidade | sexta-feira 28 de junho de 2013 | 17 | | 18 | sexta-feira 28 de junho de 2013 | www.oje.pt • ipad • iphone • android 7 anos, 7 temas, 7 escolhas 7 STARTUPS DE SUCESSO INTERNACIONAL Arranques brilhantes STARTUPS DE SUCESSO INTERNACIONAL BIOSURFIT TECNOLOGIA/SAÚDE Seguem-se alguns exemplos, felizmente selecionados entre um vasto manancial de casos de sucesso espalhados por todo o país, de jovens empreendedores que avançaram, talentosamente, para negócios que, logo no arranque, já tinham tudo para dar certo e surpreender o mundo. É bom. É mesmo muito bom e é português. Pela sua saúde A tecnologia da Biosurfit baseia-se num equipamento de leitura - Spinit Reader - e na utilização de discos descartáveis - Spinit Disposables. Mediante a utilização de uma gota de sangue, esta tecnologia consegue disponibilizar resultados precisos de detecção de diversos marcadores em apenas 15 minutos. Isto permitirá ao médico fazer o diagnóstico clínico mais rápido e preciso, melhorando o atendimento ao paciente. Fundada por João Garcia da Fonseca, engenheiro do Técnico, doutorado em Engenharia Física dos Materiais Interfaces, pela Universidade Louis Pasteur Strasbourg, a Biosurfit iniciou a sua atividade em 2005, tendo vindo a ser financiada não só por capitais de risco mas também por fundos nacionais e comunitários. Na Biosurfit, acreditam “profundamente” que a equipa é indis- cutivelmente a sua grande mais-valia, a razão para do seu sucesso e a força que os mantém motivados para seguir em frente. “Promovemos a inovação e a criatividade em todas as frentes de trabalho e a nossa motivação passa por conseguirmos alcançar os objetivos críticos da empresa – mantendo sempre o espírito de responsabilidade e dedicação aos clientes, fornecedores, parceiros, e à nossa equipa”, assegura Daniel Neves, CMO. Definem-se como uma equipa altamente qualificada, diversa e inteligente, com o knowhow certo, trabalhadora e motivada para cada objetivo. Pessoas talentosas e atentas às imperfeições, que se divertem no trabalho e com uma descontração que traz um grande espírito de equipa. Registe-se que, todos, se assumem igualmente responsáveis pelo sucesso da empresa. PERSONALIDADES POR SÓNIA BEXIGA STARTUPS DE SUCESSO INTERNACIONAL STARTUPS DE SUCESSO INTERNACIONAL BIOALVO SCIENCE4U PRODUTOS NATURAIS BRINQUEDOS CIENTÍFICOS 100% Natural O lema da Bioalvo, a “biotech dos produtos naturais”, é arriscar e inovar “para construir hoje as soluções de amanhã”. Fornece soluções de biotecnologia para maximizar a aplicação de ingredientes naturais portugueses e recursos do mercado, contribuindo para o desenvolvimento de novos produtos, utilizando soluções inovadoras que estejam alinhados com a natureza e práticas sustentáveis. Foi constituída em novembro de 2005 como uma biotecnológica com o seu próprio pipeline de medicamentos contra doenças neurológicas. A procura constante de moléculas e compostos inovadores levou-a a concentrar-se nos ativos oriundos do mar e da natureza, numa “poderosa” combinação que deu resultados muito positivos na identificação de novos compostos para diferentes aplicações farmacêuticas. Este sucesso foi a semente para uma abordagem mais aberta e impulsionou a Bioalvo para um mercado mais amplo e bem mais diversificado. Em 2011, implementou uma estratégia de reposicionamento profunda e 2012 ficou marcado pela expansão de patentes, produtos e carteira de clientes (estreando-se no mercado dos EUA) e assistiu ao “orgulhoso” nascimento do primeiro ingrediente nacional e 100% natural para a indústria da cosmética (RefirMAR). Helena Vieira, presidente e CEO da Bioalvo, sublinha que as exportações já atingem cerca de 60% do volume de negócios da empresa, prevendo um aumento do volume de negócios em 50% nos próximos três anos. Nos últimos anos, a empresa passou de um volume de 32 207 euros em 2009 para 138 484 euros em 2012 (12% em 2009 para 58% em 2012). Construir conhecimento a brincar A Science4you, empresa dedicada ao desenvolvimento e produção de brinquedos científicos, nasceu em 2008, fruto de um projeto de final de curso de alunos do ISCTE feito em parceria com a Faculdade de Ciências. Miguel Pina Martins, atual presidente executivo, decidiu arriscar, ficou à frente do projecto e dinamizou-o junto de potenciais investidores. Acabaria por ver o seu percurso reconhecido pela Comissão Europeia, que o nomeou “Empreendedor do Ano 2010”, no âmbito da SME Week 2010. Questionado sobre as razões do sucesso da empresa, o responsável aponta “nunca desistir, oferecer brinquedos com valor acrescentado e encontrar os melhores parceiros”. Em 2012, registou vendas de 1,4 milhões de euros no ano passado em Portugal e Espanha, uma duplicação face ao ano ante- rior. “Não podíamos estar mais satisfeitos com os resultados ibéricos. Espanha foi, desde cedo, uma aposta de grande importância e constitui um dos primeiros passos no nosso processo de internacionalização”, diz Pina Martins. Atualmente, a Science4you tem filiais em Espanha e Reino Unido. A entrada no Reino Unido, concretizada no final do ano passado, significou um investimento de meio milhão de euros. O objetivo de crescer no mercado inglês é claro e assenta no plano de, através da língua inglesa, conseguir chegar a países como a Índia, China ou Japão. Em termos de posicionamento em cada um dos mercados em que se encontra, garante que apenas repete o método vencedor da parceria, privilegiando universidades locais para dar credibilidade científica e os museus de Ciência que dão visibilidade ao produto. android • iphone • ipad • www.oje.pt Publicidade | sexta-feira 28 de junho de 2013 | 19 | | 20 | sexta-feira 28 de junho de 2013 | www.oje.pt • ipad • iphone • android 7 anos, 7 temas, 7 escolhas STARTUPS DE SUCESSO INTERNACIONAL STARTUPS DE SUCESSO INTERNACIONAL BIODROID CELL2B ENTRETENIMENTO BIOTECNOLOGIA Barreira dos 5 milhões atingida A Biodroid Entertainment Group, produtora portuguesa de videojogos em atividade desde 2007, acaba de anunciar “o feito” protagonizado pelos três produtos de maior sucesso e, juntos, alcançaram os cinco milhões de downloads nas duas maiores lojas de aplicações móveis. O número encontrado contabiliza os downloads associados ao jogo “Billabong Surf Trip”, o mais popular dos jogos desenvolvidos pela empresa, com 2,5 milhões de downloads, o Megaramp, que decorre em cenários desportivos radicais como o skate e a BMX com 1,5 milhões de downloads, enquanto o jogo “Cristiano Ronaldo Freestyle”, centrado no estrela portuguesa, já registou mais de um milhão de downloads. Com mais de 20 títulos, a Biodroid tem uma considerável experiência sobre como criar conteúdo acessível e atraen- te para um público amplo. André Vazão esclarece ainda que a Biodroid promove os seus produtos essencialmente a nível global e a maior aposta vai para os principais mercados mundiais de produtos digitais: EUA, Reino Unido, Austrália, Japão e, mais recentemente, Brasil. A presença em eventos internacionais tem sido fundamental para o desenvolvimento do negócio e, só no último ano, marcaram presença em mais de 10 feiras na Europa e nos EUA. O nosso objetivo é que, a cada ano, as exportações representem pelo menos 70% da nossa faturação total”. Em 2012, o mercado de aplicações e videojogos valeu 70 mil milhões de dólares. Em 2015, pode valer 86 mil milhões de dólares. Só o mercado de aplicações valeu 9 milhões de dólares (7 milhões de euros) em 2012 e valerá 35 mil milhões (27 mil milhões de euros) em 2015. Salvar vidas Um grupo de jovens talentos a criar esperança e a apontar soluções para quadros pesados e, maioritariamente, com finais trágicos. Na verdade, literalmente a investigar para salvar vidas. O “milagre” chama-se Imunosafe. A Cell2b, formalmente, nasceu em princípios de 2011, mas, na verdade, foi um trabalho que começou muito antes. De 2007 a 2009, numa colaboração entre o Técnico e o IPO de Lisboa, desenvolveram uma terapia para doentes com a Doença do Enxerto Contra o Hospedeiro, sendo que o caso mais típico é o da leucemia, quando não pode ser tratada de forma convencional, recorrendo-se então ao transplante da medula óssea. Metade dos pacientes que recebe o transplante acaba por rejeitar e nos casos mais graves não há qualquer alternativa terapêutica. Foi então aplicada a sua terapia em seis doentes e obtiveram resultados muito promissores. Os fundadores, Francisco Santos, a Daniela Couto, o Pedro Andrade e David Braga Malta, juntaram-se e concluíram passar do ambiente académico para a vertente de negócio, apostando no desenvolvimento do seu produto. A Cell2B foi criada a pensar à escala global e “seria impensável que assim não fosse, sendo Portugal um país tão pequeno temos de estar virados para fora. E isso é uma mais-valia. Temos de aproveitar as fortes ligações que temos ao mundo inteiro e conseguir criar valor a partir de Portugal tendo como horizonte o mundo inteiro”. No âmbito do processo regulamentar da EMA (European Medicins Agency) e do Commite Internacional Service, quando obtiverem aprovação o mundo será o limite. O dossier deverá estar completo em 2016. STARTUPS DE SUCESSO INTERNACIONAL STARTUPS DE SUCESSO INTERNACIONAL BERD EMOVE CONTRUÇÃO ENERGIAS RENOVÁVEIS Construir como ninguém A Berd nasceu em 2006 com o objetivo de explorar as potencialidades do Sistema de Pré-esforço Orgânico (OPS), desenvolvido pelo grupo OPS da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. As raízes remontam a 1994, na sequência da elaboração da tese de mestrado “Soluções da Natureza para Problemas Estruturais”, do CEO, Pedro Pacheco. Um trabalho de investigação de fundo que teve como objeto o estudo de aplicações de soluções das bio-estruturas a estruturas da engenharia civil. Em 2001, após uma distinção da Federation International du Beton, idealizaram os primeiros estudos experimentais. Um ano depois, tem início uma cooperação científica e tecnológica. Nesta fase embrionária da Berd, a FEUP e a Mota-Engil assinaram um acordo de cooperação e após mais alguns anos de investigação e experimentação do sistema OPS, a Mota-Engil adquire um cimbre autolançável novo com sistema OPS. A partir de 2006 tornou-se subscritora dos contratos e detentora do sistema OPS, em substituição do grupo OPS da FEUP. Desde então, a sua é missão investigar, desenvolver e aplicar soluções de vanguarda na construção de pontes. Pedro Pacheco esclarece que a Berd nasceu com 100% das obras fora de Portugal, teve uma obra em Portugal em 2011/2012. O percurso no mercado externo tem sido muitíssimo positivo, havendo fortes sinais de abertura e muito interesse pelas soluções que apresentam. Atualmente, a Berd encontra-se a produzir em vários projetos a nível mundial em países como Brasil, Colômbia, EUA, Canadá, Rússia, Turquia, República Checa, Eslováquia, Índia, Peru e Venezuela. Gone with the wind A Emove é uma empresa que desenvolve e fornece produtos que contribuem para a sustentabilidade ambiental e promove a visão de um mundo melhor, procurando atingir a meta da liderança mundial no fornecimento de soluções tecnológicas confiáveis para os mercados de energia eólica e das ondas. Sim, falamos de uma autêntica revolução no mercado CleanTech protagonizada por um pequeno grupo de jovens portugueses. A equipa é atualmente composta por sete sócios dos quais três trabalham ativamente na empresa, sendo um deles, o “business angel” que surgiu na fase de aposta em Silicon Vailley e os outros três são sócios que não estão a trabalhar na empresa. O trio que se encontra ativamente na empresa é constituído por Pedro Balas, CEO, João Fernandes, CTO e Diogo Cruz, COO. A Emove não tem clientes em Portugal. Desenvolveu e patenteou internacionalmente uma tecnologia de um gerador elétrico com o melhor rácio tamanho/potência do mercado para aplicação em turbinas eólicas. O nosso gerador permite reduzir 30% nos custos totais de instalação de cada turbina eólica, porque tem um maior rendimento que os geradores atuais existentes no mercado e não necessita de caixa de velocidades entre as pás das turbinas eólicas e o gerador. Sendo uma empresa de engenharia e tecnologia, tem como principais clientes os maiores fabricantes mundiais de turbinas eólicas: Vestas, Siemens, General Electric, Enercon, entre outras. Fabricantes sediados fora de Portugal, tendo a Emove obrigatoriamente de ter um posicionamento internacional para conseguir manter uma vantagem competitiva sustentável. android • iphone • ipad • www.oje.pt Publicidade | sexta-feira 28 de junho de 2013 | 21 | | 22 | sexta-feira 28 de junho de 2013 | www.oje.pt • ipad • iphone • android 7 anos, 7 temas, 7 escolhas 7 NOVAS TENDÊNCIAS Produtos de nicho que se agigantam Esta seleção de produtos revela para onde apontam as baterias de quem está interessado em exportar para nichos de mercado com resultados surpreendentes. São exemplos de astúcia e perspicácia que conseguiram dar resposta a quem procura, mesmo em mercados mais difíceis de satisfazer, a diferença. NOVAS TENDÊNCIAS FRUTOS VERMELHOS Os nórdicos não lhes resistem Os frutos vermelhos são uma das recentes apostas do setor agrícola. Frutos vermelhos, ou silvestres, englobam morangos, framboesas, amoras, mirtilos, cereja e groselha. Segundo a Plubee, a razão principal para o investimento crescente nestas culturas prende-se com a elevada rentabilidade e preços por quilo que se conseguem, ao mesmo tempo que se consegue produzir quantidades elevadas por hectar. O consumo de frutos vermelhos tem crescido exponencialmente, com destaque para os mercados nos países desenvolvidos, onde a opção por este tipo de produtos é mais frequente, dado o elevado poder de compra. A cultura de frutos vermelhos tem conhecido também um número crescente de candidaturas a programas de apoio à agricultura, como o PRODER. A produção biológica de frutos vermelhos consegue valores superiores por quilo de produção do que na produção integrada, pelo facto de gerarem menor quantidade por hectar e por terem um valor superior para o consumidor que cada vez mais privilegia as melhores opções. Por exemplo, há alguns anos que os morangos produzidos no Algarve quase não chegam para as encomendas de inverno vindas da Holanda, Reino Unido, Suíça ou Rússia. A chave do sucesso é a qualidade dos pequenos frutos vermelhos que é fornecida pela luz algarvia conjugada com a alta tecnologia. Holanda, Suíça, Dinamarca, Noruega, Reino Unido, Alemanha, Finlândia e até Rússia são mercados consumidores de morangos ao longo de todo o ano, mas, como no inverno não têm a luz algarvia para desenvolver o fruto vermelho, têm de recorrer à importação. PERSONALIDADES POR SÓNIA BEXIGA NOVAS TENDÊNCIAS NOVAS TENDÊNCIAS PÊRA ROCHA CONSERVAS GOURMET Em pleno auge A pêra rocha do Oeste vive uma fase de namoro e encantamento dos paladares estrangeiros e a comprová-lo estão os valores das exportações que revelam um aumento de 84 mil toneladas na campanha de 2009/2010 para 90 mil toneladas em 2010/2011, segundo a Associação Nacional dos Produtores de Pêra Rocha (ANP). Foram produzidas 223 mil toneladas em Portugal, 115 mil das quais pelos seus associados. Destas, 90 mil foram vendidas no mercado externo, sobretudo no Brasil, Reino Unido, França, Rússia, Alemanha e Polónia. 2011 foi um ano de superprodução, facilitada por condições climáticas favoráveis em comparação com 2010 e apesar da conjuntura internacional desfavorável ao consumo, o aumento das exportações é justificado, entre outros fatores, com o aumento da capacidade de armazenamento dos sistemas de conservação em frio. Para a campanha deste ano (2012/2013), tudo aponta que seja emblemática, porque, mesmo com uma quebra de 50% na produção, a desvalorização dos preços no mercado nacional leva os produtores a exportar mais para atenuar os aumentos dos custos de produção. A ANP avançou com uma sensibilização a quem tutela o setor com vista à internacionalização e com o objetivo específico de entrar em novos mercados como os EUA, a Índia, a China e a África do Sul, grandes consumidores que não dispõem de fruta no período do ano em que existe a pêra rocha. No total, 99% da pera rocha é produzida nos concelhos da zona oeste de Lisboa, entre Mafra e Leiria, numa área de cultivo de 11 mil hectares. Regresso em força e charme As latinhas, os petiscos, as iguarias primorosamente embaladas estão, sem dúvida, a voltar a dar nas vistas. E é lá fora que as começam a seguir de perto. Os mais recentes dados referentes às exportações de conservas indicam que se registou um aumento no ano passado e, pela primeira vez, verifica-se uma melhoria do saldo da balança comercial. Mais precisamente, Portugal exportou 185 milhões de euros de conservas em 2012, o que representa um aumento de 14,61% em relação a 2011. Os dados agora divulgados pelo Governo português, através da Datapescas, revelam a referida melhoria do saldo da balança comercial, de 2,5%, resultante, pela primeira vez, do efeito conjugado da diminuição das importações e do aumento das exportações. Cerca de 60% das conservas portuguesas de peixe destinam-se aos mercados externos. Os principais importadores são o Reino Unido e França, seguidos de Itália, Bélgica, Áustria, Suécia, Dinamarca, Luxemburgo, Japão, China, Singapura, América, Venezuela, Canadá, Angola, Israel, Palestina, entre outros. Especializada no segmento gourmet, a La Gôndola dedica-se quase em exclusivo à exportação, alcançando cerca de 90% da sua produção. Fundada em 1940, em Matosinhos, mantém o fabrico artesanal e os cinco milhões de latas de conservas que saem por ano da fábrica destinam-se ao Canadá, Itália, Bélgica, Suécia e EUA. A conserveira trabalha para reconhecidas insígnias italianas, belgas e canadianas. No Canadá, a estratégia de crescimento levou à presença, com a marca Sabor do Mar, nas cadeias de supermercados Walmart, Loblaws e Metro. android • iphone • ipad • www.oje.pt Publicidade | sexta-feira 28 de junho de 2013 | 23 | | 24 | sexta-feira 28 de junho de 2013 | www.oje.pt • ipad • iphone • android 7 anos, 7 temas, 7 escolhas NOVAS TENDÊNCIAS NOVAS TENDÊNCIAS QUEIJOS GOURMET CALÇADO DESIGN Qualidade premium Os queijos portugueses de qualidade ímpar e amplamente reconhecida começam a ser alvo de planos de exportação que, embora destinados a nichos e segmentos gourmet, podem vir a fazer a diferença. Por exemplo, com a recente abertura da China em receber laticínios portugueses podem vir a desenhar-se cenários relevantes. O setor dos lacticínios em Portugal Continental e na Região Autónoma dos Açores distingue-se pela elevada qualidade do leite que é produzido no nosso país, sendo grande parte destinada à exportação. Neste panorama, o sucesso passa por empresas fortemente implementadas, como é o caso da Saloio. Com origem em 1968, apresenta-se ao mercado como a empresa mais inovadora do setor dos queijos em Portugal. Os seus queijos chegam atualmente a todo o ter- ritório nacional e, fora das fronteiras, estão em cerca de 16 países, com maior expressão em França, Alemanha, Espanha, Angola e Moçambique. Para a Saloio a exportação tem sido, e continuará a ser, uma das suas grandes apostas. Em 2012, as exportações pesaram 8% na faturação consolidada de 23 milhões de euros, com Angola e Brasil a liderar o top de destinos. No entanto, é na Rússia que a empresa vai concentrar atenções no decorrer de 2013. Confrontada com os problemas inerentes ao atual cenário de crise que afeta o país, a Saloio revela que a sobrevivência passa pela estratégia de apostar significativamente na inovação. Num processo de apresentação de produtos diferentes, nomeadamente dirigidos ao segmento gourmet, mas não só, apostando também numa perspetiva de renovação de portefólio permanente. Criatividade dos pés à cabeça Se a qualidade do calçado português dispensa qualquer tipo de cartão de apresentação, sobretudo nos principais países europeus produtores e consumidores do bom calçado, a estratégia passa agora por conquistar mais espaço onde já estamos e desbravar outros pontos do globo onde ainda não chegámos. E estamos a fazê-lo criando, inovando, concpetualizando e, sobretudo, deslumbrando com o design de chancela portuguesa. O setor do calçado vai evidenciando números positivos no contexto das exportações mas este ano poderá revelar-se um período de estagnação, onde só o nicho premium pode marcar a diferença. Felizmente, sucedem-se os exemplos de um empreendedorismo de qualidade, sofisticação e luxo, como é o exemplo da Ramalhoni. Trata-se de uma marca de sapatos de luxo que quer dar que falar no mundo internacional do NOVAS TENDÊNCIAS NOVAS TENDÊNCIAS MOBILIÁRIO DESIGN SALADAS LAVADAS calçado, nascida no Porto, pelas mãos de Miguel Ramalhão, literalmente, já que é o empreendedor quem desenha os modelos, e os apresentou na Micam The Shoevent, em Milão. Os sapatos custam entre 300 e 500 euros, e o seu criador descreve-os como sendo “clássicos com um twist”, tendo começado por comercializá-los online. Entretanto, esta aventura virou negócio e Miguel arrancou, com o apoio de um parceiro bem experiente no negócio do calçado”, com a produção de uma nova coleção. Pretendendo sobretudo distinguir-se pela qualidade das criações e, num processo de constante aprendizagem, faz questão de visitar a produção e o modelista, a quem entrega os seus esboços, e de tratar diretamente com fornecedores. As exportações reinam neste pequeno negócio com 90% das vendas a direcionarem-se para os EUA e Inglaterra. DESCRIÇÃO Criatividade cosmopolita As exportações do setor de mobiliário e colchoaria aumentaram 5% no 1.º trimestre, face ao mesmo período de 2012, ultrapassando os 276 milhões de euros de vendas para 112 mercados, deu nota a Associação Portuguesa das Indústrias de Mobiliário e Afins (APIMA). Acrescentando que a França continua a destacar-se como o principal mercado de destino das exportações setoriais, com uma quota de 30% e um volume de vendas na ordem dos 87 milhões de euros, embora registando um crescimento homólogo de apenas 0,2%. Mas a criatividade portuguesa neste setor está a dar cartas de uma forma cabal. Um dos grandes exemplos do prestígio alcançado é a Boca do Lobo, empresa de Rio Tinto dedicada ao mobiliário de design feito de forma artesanal, da dupla Ricardo Magalhães e Amândio Pereira, galardoada com o Prémio Melhor Design de Produto da Juli B. Graças à sua capacidade de surpreender e o seu gosto pelo detalhe, está hoje entre as empresas de mobiliário internacionais que marcam a diferença e encanta particularmente o abastado mercado dos EUA. Sim, porque se tratam de peças de muitos milhares de euros. Uma das premissas base da empresa foi a de trabalhar com um conjunto de artesãos qualificados que partilhassem a paixão pela arte de produzir mobiliário. Para além do excelente nível de produção e cuidado com o pormenor, a estética sustentada é a sua melhor imagem. Outra das razões do sucesso é a constante atualização no mercado e acompnhamento das tendências. E assim se assiste à conquista mundial do mobiliário manufaturado em Portugal. De pequenino... Também os segmentos dos produtos agrícolas, nomeadamente vegetais para fins de confeção em salada, com especial atenção para os que são de produção biológica, estão a desbravar caminho e marcar a sua presença no mapa das exportações. A produção de produtos biológicos em Portugal cresceu 60% no último ano, mostrando estar em franco crescimento e sendo um excelente exemplo do dinamismo da agricultura portuguesa, deu nota o ministério da agricultura recentemente. Tratando-se assim de um cenário onde as empresas portuguesas dão sinais de interesse e de capacidade para não deixar escapar esta oportunidade de negócio. Como exemplo desta astúcia tão necessária, surge a Vitacress (em 2008 adquirida pelo grupo português RAR). Na década de 50, a partir de uma plan- tação de 0,4 hectares de campos de agrião no sul de Inglaterra (Hampshire), foram lançadas as bases daquele que atualmente é considerado como um dos principais produtores, embaladores e distribuidores europeus de saladas com folhas jovens e inteiras (denominados de “baby leaf”) lavadas e prontas a comer - a Vitacress Salads. Na década 80, foi criada a Iberian Salads Agricultura, em Portugal, uma participada integralmente detida pela Vitacress, que passou a ser um importante produtor de agrião, rucula, espinafres de folhas “tenras” e de outras variedades “baby leaf”. A marca Vitacress está presente no mercado português desde 2003 e em Espanha desde 2007, estendendo ainda a sua oferta aos retalhistas do Reino Unido. Serve também o setor de food service, catering e mercados grossistas. android • iphone • ipad • www.oje.pt Publicidade | sexta-feira 28 de junho de 2013 | 25 | | 26 | sexta-feira 28 de junho de 2013 | www.oje.pt • ipad • iphone • android 7 anos, 7 temas, 7 escolhas 7 PRODUTOS PARA EXPORTAÇÃO A dar cartas no comércio internacional Há produtos nacionais, alguns deles tradicionalmente destinados às vendas ao exterior, que estão a atingir patamares cimeiros ao nível das exportações mundiais. Embora a cortiça, os têxteis e o calçado, tenham, desde há muito, esta vertente, outros há que, aos poucos e com muita prospeção de mercado, começam a dominar o mundo PRODUTOS EXPORTADOS TOMATE 4.º MAIOR EXPORTADOR MUNDIAL DE TOMATE TRANSFORMADO 95% para exportação Portugal tornou-se, no ano passado, no 4.º maior exportador mundial de tomate transformado, tendo ultrapassando Espanha e estando apenas atrás da Itália na Europa, de acordo a Associação dos Industriais de Tomate. Em 2012, o país produziu cerca de 1,2 milhões de toneladas de tomate transformado, 95% dos quais destinados a exportação para um total de 42 países, refere a AIT, tendo gerado um volume de negócios de 250 milhões de euros, com um valor acrescentado bruto (VAB) de 80%. Nesta indústria, o principal cliente de Portugal é o Reino Unido, seguido da Espanha, Holanda e Alemanha. Fora da Europa, o Japão representa 10% das vendas deste produto para o exterior. O índice de produção por hectare é o segundo PRODUTOS EXPORTADOS PRODUTOS EXPORTADOS AZEITE VINHO BRASIL É O PRINCIPAL DESTINO EXPORTAÇÕES SOBEM 7,1% EM 2012 5.º maior produtor mundial Portugal produz 57,2 mil toneladas de azeite, representando 3% do total dos quatro maiores produtores da união europeia em 2012/13, de acordo com estimativas do Eurostat. Segundo a secretária-geral da Casa do Azeite, que congrega produtores de 95% de todo o azeite de marca embalado em Portugal, o volume de negócios em 2012 terá rondado os 400 milhões de euros e as exportações representam um pouco mais de metade desse volume de negócios, tendo aumentado 25% face a 2011. O principal país de destino do azeite português continua a ser o Brasil, com grande relevância, e outro destino com importância crescente é Angola, que é já o segundo mer- cado no ranking das exportações nacionais. Mariana Matos defendeu ainda, citada pela Lusa, as parcerias no espaço luso-espanhol (Portugal é o 5.º maior produtor mundial e Espanha o principal), beneficiando da experiência e do saber fazer dos produtores espanhóis de azeite. “Nunca poderemos ter a dimensão de Espanha, em termos de produção, mas temos uma tradição de colaboração e de boa vizinhança neste setor que, inclusivamente, se tem reforçado muito nos últimos anos”, adiantou. Destaque: Portugal é o 5.º maior exportador de Azeite oliveira e suas frações, mesmo refinado, mas não quimicamente modificado, com uma quota de 4,88% em 2011, tendo quase duplicado em relação aos 2,65% em 2007. Países terceiros garantem 42% As exportações de vinho no ano passado, incluindo vinhos licorosos, aumentaram 7,1, para 704,8 milhões de euros, tendo ultrapassado pela primeira vez a barreira dos 700 milhões de euros. No ano passado, os estrangeiros pagaram 2,11 euros por cada litro de vinho português, embora tenho sido registada uma descida no preço médio motivada “essencialmente pelo decréscimo do preço das expedições para o mercado comunitário”, segundo dados do Instituto da Vinha e do Vinho. Ainda assim, a Europa Comunitária manteve-se como principal destino em volume, com 55% do total, embora em valor os países terceiros já representem 42%, com 297,7 milhões de euros exportados. Ainda segundo o IVV, metade dos dez princi- melhor do mundo, apenas atrás do estado norte-americano da Califórnia. Portugal tem a segunda maior produtora mundial de concentrado de tomate, a Sugalidal, em Benavente, depois de ter adquirido no ano passado uma fábrica no Chile, que permitiu quase duplicar a sua produção anual, para 1150 milhões de toneladas de tomate. A empresa prevê alcançar este ano, com as fábricas de Portugal, Espanha e Chile, uma quota de mercado mundial de 3,5%. Destaque: 20.º em tomate fresco ou refrigerado, em 2011, com uma quota de 0,44%, acima dos 0,32% alcançados em 2007 Do ponto de vista da cor, o tomate português é o melhor do mundo, de acordo com a AIT pais mercados de exportação situa-se fora da Europa Comunitária, a saber, Angola, Suíça, EUA, Canadá e Brasil, tendo sido o país africano o que mais cresceu, com uma variação de 18,2% face a 2011. Em termos de valor, o vinho do porto representa 42,4% do total, com um volume de exportações de 20,6%, de acordo com o Instituto da Vinha e do Vinho. Portugal produziu um total de 6,14 milhões de hectolitros na campanha 2012/2013, sendo o Douro e Porto a maior região, pese embora a redução de 1,9%, para um total de 1,3 milhões de hectolitros. Destaque: 8.º maior exportador de vinhos de uvas frescas, em 2011, com uma quota de 2,78%. android • iphone • ipad • www.oje.pt Publicidade | sexta-feira 28 de junho de 2013 | 27 | | 28 | sexta-feira 28 de junho de 2013 | www.oje.pt • ipad • iphone • android 7 anos, 7 temas, 7 escolhas PRODUTOS EXPORTADOS PRODUTOS EXPORTADOS CORTIÇA PEDRAS NATURAIS EUROPA LIDERA ENCOMENDAS 2.º MAIOR EXPORTADOR DE PEDRAS PARA CALCETAR Maior exportador do mundo Portugal é o maior exportador de cortiça do mundo e também o maior produtor, representando, em 2011, 2% do total das exportações nacionais. Nesse ano, segundo dados do International Trade Center, 62% das exportações mundiais desta matéria-prima cabiam ao nosso país, com um valor global de 804,7 milhões de euros, seguido por Espanha, com apenas 16,6%, e 216,1 milhões de euros. Em 2010, a produção portuguesa de cortiça representava 49,6% do total mundial, o equivalente a 100 mil toneladas. As rolhas de cortiça mantiveram a liderança das exportações, com 70% do total, representando 563 milhões de euros. A Europa é o principal destino das vendas nacionais com 53% do total, encabeçada por França, que absorve 20,2%, represen- tando 162 milhões de euros. Os EUA eram, em 2011, o segundo mercado mais importante para a cortiça portuguesa, com importações na ordem dos 15,6% ou 125 milhões de euros. A corticeira Amorim mantém-se como maior exportadora mundial desta matéria-prima. Destaque: 1.º exportador de obras de cortiça natural e cortiça aglomerada, com uma quota de 69,71% e 60,42%, respetivamente 2.º exportador mundial de cortiça natural em bruto ou simplesmente preparada; desperdícios de cortiça e em cortiça natural, em cubos, chapas, folhas ou tiras de forma quadrada ou retangular, com 35,89% e 24,24%, respetivamente. Recorde de exportações em 2012 As rochas ornamentais bateram o recorde em exportações, com vendas de 353,2 milhões de euros em 2012, acima dos 305,6 milhões de euros reportados no ano anterior, de acordo com as estatísticas dos Serviços de Minas e Pedreiras da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG). A maior procura, de acordo com o site Veja Portugal, foi registada nos mármore e outras rochas carbonatadas (mais de 192,5 milhões de euros), seguindo-se o granito e outras rochas similares (85,6 milhões de euros) e a pedra natural para calcetamento (38,8 milhões de euros). Este subsetor registou um crescimento de 17,6% em volume e 15,6% em valor, representando 41,4% das exportações do setor das “Substâncias Minerais”, refere o site, que cita PRODUTOS EXPORTADOS PRODUTOS EXPORTADOS TÊXTEIS E VESTUÁRIO CALÇADO MICROEMPRESAS DOMINAM MERCADO ENTRE OS DEZ MAIORES DO MUNDO 9% das exportações nacionais A Indústria têxtil e de vestuário é uma das mais importantes da economia portuguesa. Com 9% do total das exportações do país, de acordo com dados do INE, representando 4,13 mil milhões de euros em 2012, esta indústria com cerca de 5 mil sociedades tem sabido adaptar-se às exigências nacionais e internacionais através da sua característica flexibilidade e know-how. De acordo com informações da central de balanços do banco de Portugal, este setor representava em 2011 perto de 2% do número de empresas e do volume de negócios das sociedades não financeiras. Esta indústria, concentrada principalmente no norte do país, era constituída em 59% por microempresas, mas eram as PME que detinham a maior parcela do emprego (76%) e do volume de negócios do setor (74%). Em 2011, observou uma expansão do volume de negócios de 2%, embora com uma taxa inferior aos 6% verificados em 2010. Destaque: 1.º exportador mundial de Fibras artificiais descontínuas, cardadas penteadas ou transformadas para fiação, com uma quota de mercado de 25,60% 8.º maior exportador de Fibras sintéticas descontínuas, cardadas, penteadas, transformadas para fiação 7.º maior na exportação de roupas de cama, mesa, toucador ou cozinha, com uma quota de 2,79% 9.º maior exportador de tecidos turcos e tecidos tufados com uma quota de 2,82%. Vendas em 2012 a subir 4,5% A indústria portuguesa do setor do calçado conseguiu organizar-se tecnologicamente e é hoje uma das mais desenvolvidas do mundo, com marcas reconhecidas internacionalmente. Localiza-se principalmente no norte do país e está organizada em dois clusters geográficos: em Felgueiras e Guimarães e em Feira, São João da Madeira e Oliveira de Azeméis. No ano passado assistiu a um crescimento das exportações na ordem dos 4,5%, tendo ultrapassado a barreira dos 1,6 mil milhões de euros. Portugal está hoje entre os dez maiores exportadores de calçado, exceto na categoria de borracha & plástico e têxtil, de acordo com a APPICAPS. Segundo a associação do sector, “o ano 2012 foi de afirmação internacional para a indústria portuguesa de calçado. a DGEG. Em 2011, a produção da indústria extrativa recuou ligeiramente face 2010, alcançando 1,1 mil milhões de euros. Destaque: Portugal é o 2.º maior exportador mundial de Pedras para calcetar, meios-fios e lajes para pavimentação, de pedra natural, com uma quota de 11,66% 7.º maior em Mármores, travertinos, granitos belgas e outras pedras calcárias de cantaria, com uma quota de 3,79% 7.º maior exportador de Granito, pórfiro, basalto, arenito e outras pedras de cantaria/construção, com uma quota de 3,01% em 2011 6.º maior nas Ardósias, com uma quota de 3,39% Com a Europa a enfrentar um desempenho económico modesto, merece amplo destaque o crescimento das exportações portuguesas de calçado em 2,7% para o Velho Continente”. Embora as vendas para França e Alemanha, dois principais destinos das exportações nacionais de calçado, tenham crescido, a aposta nos mercados extracomunitários valeu um aumento de 33% nas vendas internacionais, tendo sido o principal motor de crescimento desta indústria. Destaque: 8.º em Calçado impermeável de sola exterior e parte superior de borracha ou plástico, com uma quota de 1,89%, 6.º em outros tipos de calçado, com uma quota de 2,61%. android • iphone • ipad • www.oje.pt Publicidade | sexta-feira 28 de junho de 2013 | 29 | | 30 | sexta-feira 28 de junho de 2013 | www.oje.pt • ipad • iphone • android 7 anos, 7 temas, 7 escolhas 7 MARCAS EXPORTADORAS A crescer em todos os quadrantes São sete das empresas que mais exportam no nosso país e a escolha prendeu-se com o setor de negócio que representam. Do azeite, ao papel, passando pelo setor automóvel, tanto ao nível da produção de veículos como de componentes, a contribuição de cada uma destas companhias para o crescimento das exportações nacionais é inquestionável MARCAS EXPORTADORAS SOVENA ALIMENTAR Aposta no crescimento contínuo A estratégia de internacionalização da Sovena, o segundo maior produtor mundial de azeite, começou cedo, nos países de expressão portuguesa, ou “mercados da saudade”. De momento, a empresa do grupo Nutrinveste, que detém os azeites Oliveira da Serra, exporta para mais de 70 países e está presente em sete (além de Portugal, Espanha, EUA, Brasil, Tunísia, Chile e Marrocos). No ano passado, faturou mil milhões de euros, face aos 960 milhões de 2011. Em 2010, investiu 10 milhões de euros num lagar em Ferreira do Alentejo. Hoje tem três, contando com os lagares de Espanha e de Marrocos (e há mais um na calha no país). Em abril último, o vice-presidente executivo da Nutrinveste e CEO da Sovena, António Simões, declarou ao OJE que considera que MARCAS EXPORTADORAS MARCAS EXPORTADORAS EFACEC PORTUCEL SOPORCEL ELETROMECÂNICA PAPEL Inovação e tecnologia A fabricante de produtos, sistemas e soluções é o maior grupo eletromecânico com capitais portugueses e um dos players na área das máquinas e aparelhos – o maior setor exportador do país. Fundada em 1948, com origem na desaparecida Moderna (nascida no início do séc. XX), a Efacec tem atualmente um volume de negócios que ultrapassa os mil milhões de euros anuais, dos quais cerca de 62% foram provenientes, em 2011, da estratégia de internacionalização. A empresa tem apostado nos mercados externos, assim como realizado um forte investimento na inovação e no desenvolvimento de novas tecnologias, em articulação com as tecnologias de base. Política que, de acordo com a multinacional, a tem levado a “penetrar favoravelmente no mercado”, posicionando-se “na linha da frente da indústria portuguesa e nos mercados internacionais”, estando na “vanguarda mundial de fabricantes de equipamentos de produção, transmissão e distribuição de energia”. Presente (em termos comerciais e industriais) em 65 países, a companhia emprega cerca de 4800 pessoas. Os principais mercados são os que apelida de “emergentes Efacec”: a América Latina, os EUA, a África Austral, o Magrebe, Espanha, Europa Central e Índia. Em 2011, as regiões onde verificou um maior volume de vendas foram as da América Latina (18%) e da África Austral (12%). Alargar mercados e reposicionar A Portucel Soporcel é uma das mais fortes presenças portuguesas no exterior, representando mais de 3% das exportações do País. A nova fábrica de papel colocou o grupo na liderança do mercado europeu na produção de papéis finos de impressão e escrita não revestidos (UWF) e em 6.º lugar no ranking mundial, colocando também Portugal na posição cimeira na lista dos países da Europa produtores deste tipo de papéis. A companhia é ainda a maior produtora de pasta branqueada de eucalipto BEKP (Bleached Eucalyptus Kraft Pulp) do velho continente, e uma das maiores do mundo. Tem seguido uma estratégia de inovação e desenvolvimento de marcas próprias, que representam 60% das vendas a maior conquista do grupo foi o crescimento contínuo e o reconhecimento num setor dominado por empresas italianas e espanholas. E que um dos maiores riscos que a Nutrinveste correu foi ter decidido centrar-se num só negócio core – a Sovena, apostando no crescimento internacional. Espanha é o principal mercado, com 30% do total. Os EUA são o segundo, onde a companhia é o primeiro importador de azeite, com uma quota de 20%. Seguem-se Angola, o Brasil e a China. De momento, uma das grandes apostas é o mercado brasileiro (onde tem a marca de azeite Andorinha) enquanto “pólo de desenvolvimento para a América Latina”. E depois há o mercado chinês – com um crescimento de “20 a 30% ao ano”, onde a expetativa é de que, em “três a quatro anos, seja maior que o brasileiro". de produtos transformados, com destaque para a insígnia Navigator, “líder mundial no segmento premium de papéis de escritório”. Os seus artigos comercializados em 113 países – com destaque para a Europa e os EUA. Em 2012, o resultado líquido subiu 7,6%, de 196,3 para 211,2 milhões de euros, ultrapassando os 1,5 mil milhões em vendas, com as exportações a representarem 95% do total de vendas, situando-se nos 1249 milhões de euros. A empresa refere que tem feito um esforço para “alargar os mercados e reposicionar o mix de produtos nos mercados tradicionais”. Nesse sentido, “tem ganho quota nos mercados tradicionais” e aumentado de forma significativa a presença em novos mercados, como o leste da Europa, o Norte de África e o Médio Oriente. android • iphone • ipad • www.oje.pt Publicidade | sexta-feira 28 de junho de 2013 | 31 | | 32 | sexta-feira 28 de junho de 2013 | www.oje.pt • ipad • iphone • android 7 anos, 7 temas, 7 escolhas MARCAS EXPORTADORAS MARCAS EXPORTADORAS CONTINENTAL MABOR VOLKSWAGEN AUTOEUROPA AUTOMÓVEL AUTOMÓVEL Especialização e eficiência A empresa de pneus do grupo alemão Continental chegou aos 796 milhões de euros em termos de volume de negócios em 2012, tendo aumentado as vendas em 7%. Mais. Cerca de 98% das vendas da Continental Mabor destinam-se à exportação. O resultado líquido cresceu 12%, para 187 milhões de euros. Os principais destinos de exportação são a Alemanha, a Bélgica, o Reino Unido, Espanha e a República Checa, sendo que o leque de geografias de exportação já chegou aos 33 países. A diferença da Continental Mabor para outras empresas está na especialização, na melhoria da eficiência e na qualidade dos seus produtos. A companhia irá continuar a produzir os pneus de alta performance, os UHP, exatamente o nicho de maior valor acrescentado. A multinacional firmou recentemente que vai continuar a produzir os pneus de inverno, cujas vendas aumentaram 15% no ano passado. A Continental Mabor, incluindo o universo de mais quatro empresas diretamente dependentes da companhia principal, emprega mais de 2200 colaboradores e faculta 1040 milhões de euros. A empresa de Famalicão conseguiu, entre 2011 e 2012, aumentar o quadro de pessoal em 104 colaboradores e passar a fasquia mítica dos mil milhões de euros nas vendas. A performance da empresa exportadora pode ver-se no VAB que, entre aqueles dois exercícios, cresceu de 292,6 milhões de euros para 316,8 milhões. Modernização e reestruturação Reconhecida internacionalmente como uma das melhores empresas do grupo alemão Volkswagen, comemorou, em 2011, duas décadas de presença em Portugal. Nesse ano, em que 98,9% das viaturas fabricadas em Palmela se destinaram aos mercados externos, a Volkswagen Autoeuropa adquiriu 60% das componentes a fornecedores portugueses, com um impacto da sua atividade no PIB do País estimado em 1,4%. Em termos de fornecimento de fábricas em Portugal ao grupo, entre 2011 e 2012 o volume de faturação subiu 178%, passando dos 163 milhões para os 453 milhões de euros, com o número de fornecedores a crescer de 12 para 14. No ano transato, anunciou um investimento de 200 milhões de euros na modernização e reestruturação da unidade fabril. A empresa, que produz uma média de 600 veículos por dia, tem assim um impacto muito positivo na economia portuguesa, sobretudo no que diz respeito às exportações. É disso exemplo o envio de produtos lusos para a China, que, em 2012, tiveram o seu melhor ano de sempre, com um acréscimo de 96,3% face a 2011. Tudo graças à Volkswagen Autoeuropa, que, no exercício passado, começou a exportar diretamente de Portugal para o mercado chinês (hoje o segundo maior da companhia, a seguir ao alemão), onde cresceu 30% nos últimos cinco anos. Contudo, com as vendas do setor automóvel fortemente afetadas pela crise, as empresas do parque industrial da Autoeuropa poderão eliminar 500 postos de trabalho até ao final do ano se não houver uma melhoria no mercado, segundo avançavam em abril as Comissões de Trabalhadores. MARCAS EXPORTADORAS MARCAS EXPORTADORAS BOSCH PORTUGAL SOCIEDADE CENTRAL DE CERVEJAS E BEBIDAS TECNOLOGIA E SERVIÇOS BEBIDAS Investimento constante O grupo alemão Bosch é representado em Portugal pela Bosch Termotecnologia (situada em Aveiro), a Bosch Car Multimedia Portugal (em Braga) e a Bosch Security Systems – Sistemas de Segurança (em Ovar), em que a maioria dos produtos fabricados é exportada. O grupo tem também uma empresa comercial, uma SGPS e uma participação de 50% na filial da BSH, situadas em Lisboa. A filial portuguesa, que em 2011 comemorou 100 anos de presença no País, tornou-se um dos maiores empregadores industriais de Portugal, com 3180 funcionários no início deste ano. A companhia gerou 865 milhões de euros em vendas em 2012, menos 13% face ao exercício anterior, desempenho atribuído à recessão económica. O volume total de vendas consolidadas foi de 209 milhões euros. Com um volume de mais de 90% de encomendas para o exterior, a Bosch está em 6.º lugar na lista dos principais exportadores portugueses. No País, o setor da tecnologia automóvel gerou 64% do volume de vendas da marca no ano passado, nomeadamente com os produtos fabricados pela unidade de Braga (esta subsidiária é a principal divisão industrial da Car Multimedia da Bosch e a maior do género na Europa). Está a terminar um investimento de 75 milhões de euros em Braga e entretanto consolidou em Aveiro o centro mundial de competências para o negócio de água quente. Aliás, o investimento é uma constante na empresa, que nos últimos cinco anos apostou cerca de 130 milhões de euros nas fábricas portuguesas. Portefólio internacional A antiga Centralcer - Central de Cervejas passou a designar-se, a partir de 2004, Sociedade Central de Cervejas e Bebidas (SCC), no sentido de refletir melhor o âmbito da sua atividade que, além da cerveja, inclui outras bebidas como a água e refrigerantes. Em 2012, o valor de vendas da SCC registou uma quebra de 1 dígito percentual face ao ano anterior, tendo produzido cerca 304 milhões de litros de cervejas e cerca de 157 milhões de litros de águas. Com duas fábricas em território português – uma de cerveja em Vialonga, no concelho de Vila Franca de Xira e outra de engarrafamento de água na Vacariça, no concelho da Mealhada – o grupo exporta e está presente em cerca de 30 mercados, entre os PALOP – Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, França, Luxemburgo, Suíça, Inglaterra, Alemanha e EUA. O segmento de cerveja representa 25% do total das exportações. Os principais produtos vendidos, tanto em Portugal como nos mercados externos, são a cerveja Sagres e a Água de Luso. O portefólio de cervejas da SCC inclui ainda uma considerável variedade de marcas internacionais, como a Heineken, e a gama de refrigerantes da marca Schweppes. Em abril de 2008, a SCC e a Sociedade da Água de Luso foram adquiridas pelo grupo cervejeiro Heineken (líder europeu e uma das maiores companhias do mundo), que passou a deter o controlo a 100% das duas empresas portuguesa. A SCC tem como unidades associadas a Certcer (empresa de pré-venda em algumas regiões do país), a NSDU (entregadora da pré-venda de Coimbra) e a Sociedade da Água de Luso. android • iphone • ipad • www.oje.pt Publicidade | sexta-feira 28 de junho de 2013 | 33 | | 34 | sexta-feira 28 de junho de 2013 | www.oje.pt • ipad • iphone • android 7 anos, 7 temas, 7 escolhas 7 PRINCIPAIS DESTINOS DAS EXPORTAÇÕES Clientes tradicionais mantêm pódio As exportações portuguesas de bens aumentaram 5,8% em 2012, para um total de 45,3 mil milhões de euros, equivalendo a quase 30% do PIB. Os clientes tradicionais, na sua maioria europeus, mantiveram os lugares cimeiros do ranking das vendas de Portugal no exterior, mas a crise económica e financeira da Zona Euro deverá motivar a procura por outros mercados. UEMOA, Golfo Pérsico e Mercosul, regiões de elevado crescimento económico, são uma opção estratégica a considerar PRINCIPAIS DESTINOS DAS EXPORTAÇÕES ESPANHA 22,5% DE QUOTA DAS EXPORTAÇÕES NACIONAIS DE BENS 1.º cliente de Portugal A proximidade geográfica e a ligação histórica e empresarial são dois dos principais motivos para Espanha se manter como o principal destino das exportações portuguesas, absorvendo 22,5% das vendas nacionais no estrangeiro, para um total em valor de 10,2 mil milhões de euros em 2012, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística. Com quase 50 milhões de habitantes, uma taxa de desemprego perto dos 27% e uma contração do PIB de 2% no primeiro trimestre do ano face ao mesmo período do ano passado, Espanha enfrenta uma crise económica e financeira prejudicial às exportações portuguesas. A balança comercial é tradicionalmente desfavorável a Portugal, tendo-se registado, em 2012, um défice inferior a 8 mil milhões de euros (de 7,6 mil milhões de euros). Nesse mesmo ano, nas exportações de Portugal para Espanha por grupos de produtos, os metais comuns, com um valor global de 1,2 mil milhões de euros, lideraram a tabela, seguidos dos produtos agrícolas, com 1,14 mil milhões de euros. Os cinco principais grupos de produtos exportados para Espanha representavam, no ano passado, 50% das vendas para Espanha. Em 2011, existiam cerca de 4875 empresas portuguesas a exportar para Espanha, tendo sofrido um decréscimo face às 5345 em 2007. Segundo a informação do Gabinete de Estratégia e Estudos (MEE), os produtos classificados como de baixa intensidade tecnológica representaram 41,8% das expedições portuguesas para Espanha em 2011. PRINCIPAIS DESTINOS DAS EXPORTAÇÕES PRINCIPAIS DESTINOS DAS EXPORTAÇÕES ALEMANHA FRANÇA 12,3% DE QUOTA DAS EXPORTAÇÕES NACIONAIS DE BENS 11,8% DE QUOTA DAS EXPORTAÇÕES NACIONAIS DE BENS 2.º cliente de Portugal 3.º cliente de Portugal O mercado alemão é o segundo maior cliente das exportações portuguesas de bens, com uma quota de 12,3% em 2012. A maior economia europeia comprou, nesse ano, menos 4,1% a Portugal, no que diz respeito ao comércio de bens, para um total de 5,57 mil milhões de euros, de acordo com dados do AICEP. A revisão em baixa do crescimento económico do país este ano, de 0,7% para 0,4%, devido à recessão na Zona Euro, tem motivado alguma retração no consumo de bens externos. Por grupos de produtos, as máquinas e aparelhos superaram os veículos e outro material de transporte em 2012, tendo atingido um valor global de 1,5 mil milhões de euros. Ainda assim, os produtos mais exportados para a Alemanha, e os que têm maior crescimento em valor, são os de base tecnológica. Já os setores tradicionais, apresentam menor peso nas exportações, mas têm uma taxa de crescimento mais elevada. Os setores com maior quota de importações da Alemanha são a cortiça (76%) e o calçado (4%). Em 2011, havia 2466 empresas portuguesas exportadoras para este mercado, um aumento face às 2386 verificadas em 2007. O crescimento das exportações para este país depende, em grande medida, da captação de investimento direito estrangeiro (IDE) alemão e do desenvolvimento de clusters setoriais em Portugal, de acordo com um estudo coordenado pela AHK e pela Roland Berger, já que os países com maior stock de IDE alemão apresentam maiores exportações para a Alemanha. França é o terceiro maior mercado para as exportações de bens nacionais, com um valor global, em 2012, de 5,37 mil milhões de euros. A proximidade histórico-cultural dos dois países, a integração em estruturas europeias e internacionais e a existência de uma importante comunidade portuguesa nesse país são fatores para relações comerciais privilegiadas entre os dois mercados. Em 2012, este destino atingiu um peso de 11,8% nas exportações nacionais. Ao contrário da evolução verificada nas exportações de bens para Espanha e Alemanha, as exportações de bens para França aumentaram 2,8% relativamente a 2011, mesmo com a economia estagnada há quase dois anos e com a confirmação da entrada em recessão no segundo trimestre deste ano. O crescimento das compras a Portugal foi quase generalizado a todos os grupos de produtos, embora com maior intensidade nos metais comuns, produtos alimentares e agrícolas. Por grupos de produtos, em 2012, os veículos e outro material de transporte detinham uma quota de 17,8% das exportações totais para França, com 956,3 milhões de euros vendidos ao país, seguido das máquinas e aparelhos, com 10,8% e 578 milhões de euros em vendas. Este país foi ainda, segundo dados da Associação Portuguesa de Fabricantes de Calçados e Componentes, o primeiro destino das exportações portuguesas de calçado, com 16,9 milhões de pares exportados em 2012. Em 2011, existia um total de 3563 empresas portuguesas a exportar para França, representando uma quebra face às 3584 em 2007. android • iphone • ipad • www.oje.pt Publicidade | sexta-feira 28 de junho de 2013 | 35 | | 36 | sexta-feira 28 de junho de 2013 | www.oje.pt • ipad • iphone • android 7 anos, 7 temas, 7 escolhas PRINCIPAIS DESTINOS DAS EXPORTAÇÕES PRINCIPAIS DESTINOS DAS EXPORTAÇÕES ANGOLA REINO UNIDO 6,6% DE QUOTA DAS EXPORTAÇÕES NACIONAIS DE BENS 5,3% DE QUOTA DAS EXPORTAÇÕES NACIONAIS DE BENS 4.º cliente de Portugal 5.º cliente de Portugal Com um crescimento estimado de 7,2% este ano, a economia angolana encontra-se muito dependente das exportações petrolíferas, sendo altamente sensível às tendências económicas globais, de acordo com um estudo do Banco Mundial. Ainda assim, o crescimento angolano tem sido favorável a Portugal, tendo este mercado reforçado, no ano passado, a sua posição como quarto maior cliente externo português, com um peso de 6,6%, mais 1,2 pontos percentuais face a 2011, em resultado do acréscimo de 28,6% das compras ao nosso país relativamente a esse ano. No total, as empresas portuguesas exportaram 3 mil milhões de euros de bens para o mercado angolano, que manteve a primazia entre os “países terceiros”, ou seja, fora do espaço da União Europeia. No contexto dos PALOP, Angola ocupa, a muita distância, a primeira posição quer como cliente quer enquanto fornecedor de Portugal. No período compreendido entre 2008 e 2012, as exportações portuguesas para esse país aumentaram a uma taxa média anual de 8,8%. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, para o aumento verificado no ano passado contribuíram mais significativamente as exportações de máquinas e aparelhos e de produtos alimentares, com quotas de 24,7% e 16%, respetivamente. O INE refere ainda que acréscimo foi generalizado a quase todos os grupos de produtos. Portugal tinha, em 2011, 7893 empresas a exportar para esse mercado, uma quebra face às 9749 companhias a vender para esse mercado em 2007. O Reino Unido é o quinto maior mercado para as exportações portuguesas, com um total de 5,3%, tendo subido 7,3% em 2012, face a 2011, para 2397 milhões de euros. No ano passado, o saldo da balança comercial era positivo para Portugal em 699 milhões de euros. Por grupos de produtos, os veículos e outro material de transporte alcançaram os 16,1% das exportações para este país, com um valor total de 386,5 milhões de euros, seguido das máquinas e aparelhos, com uma quota de 15,3% e um valor total de 368 milhões de euros. De salientar ainda as exportações de vestuário que alcançaram uma quota de 10,3%, para 247,6 milhões de euros, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística. O número de empresas portuguesas exportadoras para este mercado decresceu, em 2011, para 2086, face às 2287 contabilizadas em 2007. O Reino Unido evitou uma terceira recessão consecutiva desde o início da crise financeira ao registrar um crescimento de 0,3% no primeiro trimestre, mas tanto o Banco da Inglaterra (BoE) como o FMI alertaram que a economia britânica ainda está longe de uma recuperação duradoura. O ministro das Finanças britânico, George Osborne, anunciou esta semana um novo plano de recuperação económica, que prevê o investimento de milhares de milhões em projetos públicos, uma medida que poderá ser benéfica para Portugal, caso o país saiba aproveitar esta boleia para fomentar as exportações de bens. PRINCIPAIS DESTINOS DAS EXPORTAÇÕES PRINCIPAIS DESTINOS DAS EXPORTAÇÕES PAÍSES BAIXOS EUA 4,2% DE QUOTA DAS EXPORTAÇÕES NACIONAIS DE BENS 4,1% DE QUOTA DAS EXPORTAÇÕES NACIONAIS DE BENS 6.º cliente de Portugal Os Países Baixos continuam a ser um dos mais importantes parceiros comerciais de Portugal, tanto como fornecedor de Portugal, como comprador. Ainda assim, há que ter em conta a previsão do Fundo Monetário Internacional para uma nova recessão no país este ano e ainda o desemprego mais elevado dos últimos 18 anos, situações que poderão ter impacto nas encomendas à Europa e, em particular, a Portugal. Este mercado europeu é o sexto cliente para as exportações portuguesas de bens, com uma quota de 4,2%, que tem vindo a subir desde 2007, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística. O valor total das expedições portuguesas para este país ascendeu a 1,89 mil milhões de euros em 2012, representando um crescimento face aos 1,67 mil milhões de euros reportados no ano anterior. Os combustíveis minerais representam a maior fatia das exportações, com uma quota de 22,8% e um valor total de 432,3 milhões de euros, seguido dos plásticos e borracha, com 12,2% de quota e um valor de 230,9 milhões de euros. De realçar ainda, as exportações de calçado, em terceiro no ranking dos produtos expedidos para os Países Baixos, com uma quota de 10,7% nas exportações, para um total de 201,5 milhões de euros. O número de empresas portuguesas exportadoras para os Países Baixos tem oscilado desde 2007, quando alcançou as 1797, tendo terminado 2011 com um total de 1856 companhias. 7.º cliente de Portugal As exportações de bens para os EUA aumentaram 24,7% em 2012, devido sobretudo aos combustíveis minerais. Os EUA atingiram assim um peso de 4,1%, mais 0,6 pontos percentuais face a 2011, nas exportações portuguesas, o que o permitiu ascender a 7.º principal país de destino para os bens nacionais em 2012. Superou, desta forma, a Itália, com um valor total de 1,86 mil milhões de euros no ano passado. Os combustíveis minerais, com uma quota de 36,9% nas exportações para os EUA, alcançaram um valor global de 689 milhões de euros, seguido das máquinas e aparelhos, com 10,8% de quota, correspondente a 201 milhões de euros. O início das negociações de um acordo de comércio livre entre os EUA e a União Europeia, na semana passada, poderá representar um crescimento exponencial nas exportações portuguesas, através de uma profunda liberalização da relação comercial entre os dois países. Segundo uma análise do instituto alemão IFO, caso o acordo seja firmado, o mercado de trabalho português será o segundo mais beneficiado da Zona Euro. Em maio, Allan Katz, embaixador dos EUA em Portugal, afirmava que o protocolo irá abrir “novas oportunidades” para Portugal no mercado norte-americano, que, muitas vezes, é encarado como “intimidador”, devido às suas dimensões. O embaixador frisava ainda a necessidade de uma postura mais arrojada por parte das empresas e marcas portuguesas, que deve ir mais além da significativa comunidade portuguesa no território norte-americano. android • iphone • ipad • www.oje.pt Publicidade | sexta-feira 28 de junho de 2013 | 37 | | 38 | sexta-feira 28 de junho de 2013 | www.oje.pt • ipad • iphone • android Regiões económicas DR Trindad e Tobago Guiana Suriname Guiana Francesa Venezuela Colômbia Caracas Equador Peru Brasil Brasília Bolívia Paraguai Assunção Chile Argentina Buenos Aires Uruguai Montevideu Países membros de pleno direito Países observadores MERCOSUL Protecionismos agitam mercado comum da América do Sul Em 1991, quando foi constituído, o objetivo era torná-lo um espaço de livre circulação de bens, serviços, pessoas e capitais. 22 anos depois, é ainda uma união aduaneira imperfeita com cinco membros efetivos: Argentina, Brasil, Paraguai (suspenso), Uruguai e Venezuela MERCOSUL POR ALMERINDA ROMEIRA cipal prioridade de política externa. Dias antes, António Patriota tinha afirmado, preto no branco: “O Mercosul é a iniciativa mais bem sucedida de integração global na Améri- ca do Sul, um mercado onde as exportações continuam a expandir-se.” As declarações de Rousseff e de Patriota surgem na sequência da suspensão pela mineira Vale do projeto de exploração de potássio na Argentina e da saída da All. “Um dos principais obstáculos” do Mercosul é político e tem sua origem na Argentina, um país que é “extremamente protecionista”, afirmou a presidente da Confederação Nacional da Agricultura do Brasil, Kátia Abreu, que defende um acordo de livre comércio entre o Brasil e a UE, fora do âmbito do Mercosul. Na realidade, os dois titãs têm adotado políticas de proteção de mercado, restringido as importações e, apesar de apregoarem a integração, as suas economias trilham rumos muito intervencionistas. PARAGUAI URUGUAI VENEZUELA Superfície 406 752 km2 População 6 623 252 (2013) População até 14 anos 26,8% População acima 25 anos 39% Densidade 14 hab/Km2 Crescimento demográfico/ano 1,23% Esperança de vida 76,6 anos Escolaridade 94% Taxa desemprego 6,9% (2012) Ranking IDH (2012) 0,669 Línguas base Espanhol e guarani Religiões Católica Unidade monetária Guarani Superfície 176 215 km2 População 3 324 460 ( 2013) População até 14 anos 21,4% População acima 25 anos 38,8% Densidade 19,8 hab./km2 Crescimento demográfico/ano 0,25% Esperança de vida 76,61 Escolaridade 98% Taxa desemprego 6,1% Ranking IDH (2012) 0,792 Línguas base Espanhol Religiões Católica Unidade monetária Peso uruguaio Superfície 912,050 km2 População 28 459 085 População até 14 anos 28,6% População acima 25 anos 39,5% Densidade 30 hab./km2 Crescimento demográfico/ano 1,44% Esperança de vida 74,23 Escolaridade 93% Taxa desemprego 8% Ranking IDH (2012) 0,748 Línguas base Espanhol Religiões Católica Unidade monetária Bolivar venezuelano JUNTOS, os cinco membros efetivos do Mercsol representam um mercado de 274,8 milhões de pessoas e um PIB nominal de 3,3 milhão de milhões de dólares (2,5 milhão de milhões), em 2011, segundo o World Economic Outlook do Fundo Monetário Internacional (FMI). Criado em 26 de março de 1991, pelo Tratado de Assunção, o Mercosul (Mercado Comum do Sul) visa a integração aduaneira e económica com vista a acelerar o desenvolvimento económico sustentado, assente na justiça social, no combate à pobreza e na proteção ambiental. O Paraguai foi suspenso em junho de 2012, depois de o Parlamento ter votado a destituição do Presidente Fernando Lugo. Os restantes membros (à altura) - Brasil, Argentina e Uruguai - não só o suspenderam (até a próxima eleição presidencial), como aprovaram a entrada da Venezuela (membro de pleno direito), uma decisão que o Senado paraguaio tinha anteriormente vetado. O Mercosul é agora constituído por cinco membros efetivos, sendo outros cinco membros associados: Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru, tendo o México o estatuto de observador. Os associados têm acesso preferencial ao comércio da zona, mas não beneficiam das vantagens tarifárias e aduaneiras. A suspensão do Paraguai vai estar na agenda da próxima cimeira (12 de julho) em Montevideu, Uruguai, avançou o ministro das Relações Exteriores brasileiro, António Patriota, citado pela agência MercoPress. Como mercado, o Mercosul abarca uma realidade pujante. Segundo o FMI, entre 2007 e 2011, as suas exportações cresceram 52,8% e as importações 70,2%. Números gordos, em 2011, o intercâmbio comercial (export + import.) do Mercosul com o resto do mundo atingiu 824 mil milhões de dólares (632 mil milhões de euros). O Brasil é a primeira economia da região e destaca-se tanto na saída de mercadorias, com 256 mil milhões dólares (196 mil milhões de euros), como na entrada, com 226,2 mil milhões de dólares (173 mil milhões euros). O segundo lugar é no caso das exportações ocupado pela Venezuela e nas importações pela Argentina. Na realidade, o Mercosul é demasiado importante, pelo menos, para o Brasil. Isso mesmo reconheceu, recentemente, a Presidente Dilma Rousseff, que o elegeu como a prin- ARGENTINA BRASIL Superfície 2 780 400 Km2 População 42 610 981 (2013 ) População até 14 anos 25,1% População acima 25 anos 38,8% Densidade 14 hab./km2 Crescimento demográfico/ano 0,98% Esperança de vida 77,32 anos Escolaridade 98,1% Taxa desemprego 7,2% (2012 est) Ranking IDH (2012) 0,811(45º) Línguas base Castelhano Religiões Castelhano (oficial) Unidade monetária Peso argentino Superfície 8 514 877 Km2 População 201 009 622 (2013) População até 14 anos 24,2% População acima 25 anos 43,6% Densidade 22 hab./km2 Crescimento demográfico/ano 0,83% Esperança de vida 73,02 anos Escolaridade 88,6% Taxa desemprego 8% Ranking IDH (2012) 0,730 Línguas base Português Religiões Católica Unidade monetária Real Fontes: Banco Mundial, CIA – The World Fact Book, FMI, Nações Unidas e OCDE Depois da suspensão do Paraguai, na sequência da destituição do Presidente Fernando Lugo, a Argentina, o Brasil e o Uruguai admitiram a Venezuela android • iphone • ipad • www.oje.pt Publicidade | sexta-feira 28 de junho de 2013 | 39 | | 40 | sexta-feira 28 de junho de 2013 | www.oje.pt • ipad • iphone • android Regiões económicas RETRATO DE 5 PAÍSES Mercado comum do sul da América Argentina “ No Brasil, a desigualdade social permanece em níveis relativamente elevados para um país de renda média, destaca o Banco Mundial no outlook sobre o país A PROTECIONISTA A ARGENTINA é uma das cinco maiores economias da América do Sul e um dos países que mais aposta no desenvolvimento económico com inclusão social: 6% da riqueza produzida destina-se à educação e cultura e 9,5% aos serviços de saúde, segundo o Banco Mundial. Com um PIB de 747 mil milhões de dólares (572 mil milhões de euros), em 2012, a Argentina é o país da região que mais se aproxima da média da OCDE (33,8%) na relação receitas fiscais/PIB: 33,5% (dados de 2010). A pressão fiscal acompanhou o relançamento da economia, a partir de 2002 (anteriormente, o país enfrentou o “default” e uma crise social profunda), tendo as receitas fiscais subido 13 pontos percentuais até 2010, segundo dados da OCDE, impulsionadas sobretudo pelo restabelecimento do imposto sobre as exportações (2002). Tanto o imposto como as exportações aumentaram de forma significativa ao longo da última década, acompanhando o crescimento da procura e dos preços das “commodities”. A abertura do mercado chinês tem impulsionado a dinâmica exportadora. Rica em recursos naturais, particularmente chumbo, zinco, estanho, cobre, minério de ferro, manganésio, petróleo e urânio, a Argentina tem uma agricultura muito desenvolvida e uma indústria que, nos últimos anos, atingiu crescimentos recorde, em especial nos setores automóvel, têxtil e alimentar. O país é um dos maiores produtores de biodiesel do mundo, sendo o maior exportador deste produto. Também é grande exportador de milho, trigo, soja, carne e etanol. A Argentina é o país mais protecionista do mundo, de acordo com o Global Trade Alert (GTA nov. 2008 a nov. 2011). Não obstante, oferece oportunidades interessantes na área do investimento, encontrando-se entre as indentificadas a vitivinicultura, a olivicultura e a agropecuária, o turismo e a construção. Fora do setor primário, as energias renováveis, as atividades extrativas e a construção ferroviária e rodoviária, desde que com parceiros locais. Em 2012, o crescimento económico argnetino abrandou, tendo sido de apenas 1,9%. Para este ano, o Banco Mundial estima uma subida de 3,4%. Brasil O COLOSSO RICO em minérios e petróleo (a estratégia definida pela empresa estatal Petrobrás aponta para a duplica- ção da produção até 2020), com uma agricultura muito desenvolvida e um setor industrial fortíssimo, o Brasil é a sétima economia do mundo, com um PIB de 2,3 milhão de milhões de dólares (1,8 milhão de milhões de euros), em 2012. Um país rico, grande exportador de mi- nérios, combustíveis, grãos, açúcar e maquinaria, mas com uma distribuição de rendimento muito assimétrica. Apesar dos avanços dos últimos anos, especialmente durante a Presidência de Lula da Silva, “a desigualdade permanece em níveis relativamente elevados para um país de renda média”, vinca o Banco Mundial. Números desta instituição referem que a pobreza (pessoas que vivem com dois dólares/dia) passou de 21% da população, em 2003, para 11%, em 2009. Já a pobreza extrema (1,25 dólares/dia) passou de 10% da população, em 2004, para 2,2% em 2009. O país experimenta diferenças regionais extremas, especialmente nos indicadores sociais, como a saúde, a mortalidade infantil e a nutrição. Tradicionalmente, o Brasil é o país da América Latina com maiores receitas fiscais em proporção do PIB (32,4%), mas, em 2010, cedeu o lugar à Argentina, segundo a OCDE, que destaca o facto dos impostos indiretos serem relativamente altos. O investimento estrangeiro desempenha um papel importante no desenvolvimento económico recente do Brasil, que é um importante captador de IDE a nível mundial (5.º em 2011) e terceiro destino mais atrativo para as principais empresas transnacionais, segundo a UNCTAD – Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento. Entre os setores que mais têm vindo a concentrar o interesse dos investidores estrangeiros, aliciados pelas oportunidades de negócio encontram-se, a construção civil, PROJETOS INFRAESTRUTURANTES Argentina. Limpar a poluição e melhorar o saneamento da bacia Matanza-Riachuelo na cidade de Buenos Aires e noutras áreas da província do mesmo nome é o objetivo de um mega projeto ambiental em curso no país das pampas. No montante de mil milhões de dólares (767 milhões de euros), dos quais 840 milhões (644 milhões de euros) financiados pelo Banco Mundial, o Projeto de Desenvolvimento Sustentável da bacia MatanzaRiachuelo, aprovado em 2009, deverá estar concluído em 2016. Na Argentina, o investimento faz-se em todas as áreas, da agricultura, à saúde, educação e infraestruturas é uma constante. Atualmente, só o Banco Mundial tem 36 projetos em financiamento. Na ótica do desenvolvimento económico com inclusão social, refira-se, a título de exemplo, o segundo projeto provincial de desenvolvimento agrícola PROSAP, no montante de 300 milhões dólares (230 milhões de euros). Este projeto visa aumentar a capacidade produtiva e organizacional em comunidades rurais pobres, estimando-se que dele possam beneficiar 70 mil pequenos e médios produtores. Brasil. Tem, neste momento, em construção uns incríveis 7349 quilómetros de estradas e autoestradas, às quais há que somar 1889 quilómetros recentemente concluídas. Isto só na vertente de obras rodoviárias, no âmbito da segunda fase do Programa de Aceleração e Crescimento (PAC 2), que prevê um investimento de 955 mil milhões de reais (331 229 milhões de euros), no período entre 2011 e 2014. O eixo de transportes desta estratégia desenvolvimentista lançada pelo Presidente Lula e prosseguida pela Presidente, Dilma Rousseff, engloba ainda a construção de 2576 quilómetros em ferrovias, das quais as mais importantes são as ligações Norte-Sul, a Ferrovia de Integração Oeste-Leste e a Ferronorte. Uma dúzia de portos está igualmente a ser palco de obras e projetos de recuperação, alargamento, dragagem de aprofundamento e ampliação de terminais de passageiros. Os projetos infraestruturantes estendem-se ainda a linhas de metro, comboios suburbanos, estações ferroviárias e 14 aeroportos, cuja obras permitiram aumentar a capacidade dos mesmos em 14 milhões de passageiros por ano. O Programa de Aceleração e Crescimento lançado em 2007, no segundo mandato do Presidente Lula, entrou em 2011 na segunda fase, com a mesma orientação estratégica: dotar o país de grandes obras de infraestrutura social, urbana, logística e energética, contribuindo para o desenvolvimento acelerado e sustentável. No eixo da energia, num vasto rol de projetos concluídos ou a concluir, destaca-se a entrada recente em operação da hidroeléctrica de Simplício (333 MW), no rio Paraiba do Sulo e a conclusão de 22 linhas de transmissão, totalizando 5256 Km de extensão. A estes projetos acresce a arrematação, em maio deste ano, de 142 blocos na 11ª rodade de licitação de blocos pós-sal, que representarão investimentos de cerca de 7 mil milhões de reais (2,428 mil milhões de euros), na área do petróleo e do gás natural. Em outubro deste ano, será realizado o primeiro leilão na modalidade de partilha no pré-sal, na área da Libra. Segundo o governo brasileiro, prevê-se que o volume de petróleo recuperável seja, no mínimo, de 8 mil milhões de barris, que correspondem a 30% do total das reservas nacionais. Na área do saneamento básico, o plano contempla 609 empreendimentos como a ampliação do sistema de esgotos de Guarulhos no estado de S. Paulo, que vai beneficiar cerca de 200 mil pessoas. A um vasto número de creches, jardins de infância, escolas, equipamentos na área da saúde, da cultura, do desporto e do lazer, há que juntar 1,2 milhões de habitações sociais entregues até ao passado mês de abril e 1,5 milhões adjudicadas até 2014. Além das obras que estão a mudar o rosto do Brasil, o PAC foi decisivo para aumentar a criação de emprego, dinamizar o investimento público e privado em obras fundamentais e fomentar a geração de riqueza. Nos quatro anos iniciais do PAC, os investimentos públicos brasileiros passaram de 1,62% do PIB, em 2006, para 3,27%,em 2010, ajudando o Brasil a criar o número recorde de 8,2 milhões de postos de trabalho. No total, o plano 503,9 mil milhões de reais (175 mil milhões de euros). Paraguai. O projeto de fortalecimento do setor de energia do Paraguai é um dos mais importantes atualmente em curso neste país do Mercosul. Tem um custo estimado de 125 milhões de dólares (96 milhões de dólares), é apoiado pelo Banco Mundial e, em 31 de dezembro de 2015, quando estiver concluído, terá melhorado o fornecimento de energia de nove mil famílias paraguais em 45 comunidades indígenas. Uruguai. Nos próximos três anos, o Uruguai quer recuperar 524 Km de estradas e pontes, sistemas de drenagem e melhorar a sinalização ao longo de outros nove mil quilómetros de rodovias. Para isso, conta com a ajuda de uma nova ferramenta do Banco Mundial, designada Programa para Resultados (pforr). Este instrumento apoia programas de investimento público em curso, distribuindo os fundo em função dos resultados específicos alcançados. O montante estimado é de 1053 milhões de dólares (807 milhões de euros). Ciência, tecnologia e inovação são as chaves para melhorar a produção e competitividade do Uruguai, um país que tem igualmente em marcha uma guerra total ao tabaco, decretada pelo antigo Presidente, Tabaré Vázquez, médico oncológico de profissão. Venezuela. Avançar com a elaboração de estudos para subsidiar um Plano de Desenvolvimento Integrado entre o Norte do Brasil e o Sul da Venezuela, de forma a fazer coabitar as maiores reservas certificadas de hidrocarbonetos do mundo com a maior biodiversidade do planeta foi uma decisão do falecido Presidente da Venezuela, Hugo Chávez e da Presidente do Brasil Dilma Rousseff. Na Venezuela, os principais projetos de infraesturação em marcha abarcam áreas como construção naval, siderurgia, transportes, pontes sobre o rio Orinoco, centrais hidroelétricas e termoeléctricas e projetos agrícolas de grande envergadura. As áreas de incidência dos 14 protocolos de cooperação assinados recentemente em Portugal pelo Presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, são bem ilustrativos dasprioridades. A nova autoestrada Caracas - La Guaria, avaliada em 4,4 mil milhões de dólares (3,2 mil milhões de euros) é uma delas, existindo o compromisso da construtura Teixeira Duarte vir a participar na sua construção. android • iphone • ipad • www.oje.pt Publicidade | sexta-feira 28 de junho de 2013 | 41 | | 42 | sexta-feira 28 de junho de 2013 | www.oje.pt • ipad • iphone • android Regiões económicas OPINIÃO Alejandra Cerviño Investir na Venezuela Em julho deste ano, a Venezuela e Portugal subscreveram 14 novos acordos de cooperação nas áreas da imobiliário, financeiro, energia elétrica, tecnologia, infraestruturas, saúde, turismo, alimentação, cultura e recolha de resíduos sólidos. Estes acordos são acrescentados aos 150 acordos que foram assinados entre ambos os países desde o ano 2007. Entre os projetos mais relevantes que decorrem dos referidos acordos, está a construção de uma nova autoestrada Caracas-La Guaira, obra de grande envergadura que terá 19 quilómetros de extensão e um amplo sistema de túneis. Em matéria de imobiliário, projeta-se a instalação de uma fábrica de componentes prefabricados para a construção de habitações. Projeta-se também a instalação de uma fábrica para a extração e transformação de mármores e calcários, Sócia ONTIER VENEZUELA assim como um complexo para a construção de telhas, mosaicos e revestimentos à base de argila. No contexto dos acordos assinados, realizar-se-á igualmente um plano de recolha de resíduos sólidos, com base no plano desenvolvido na Madeira. Para Caracas, a capital venezuelana, será desenhado um sistema novo de sinalização da cidade que se prevê que se expanda a todo o país. Adicionalmente, consolidou-se uma aliança financeira com o BANIF, e o BES para ampliar os seus serviços na Venezuela. Finalmente, em matéria alimentar, foi assinado um acordo para a aquisição de cem mil toneladas de alimentos congelados. A relação Venezuela-Portugal é cada dia mais estreita e existe um sem fim de oportunidades de investimento para os empresários portugueses. Todavia, é importante saber como começar um negócio na Venezuela, já que se trata de uma legislação que possui poucas semelhanças com a portuguesa e tem, atualmente, caraterísticas jurídicas particulares. Em princípio, não é necessária a constituição de uma sociedade na Venezuela para a celebração de contratos e execução de projetos. Não obstante, caso seja necessário, recomenda-se a utilização de veículos que tenham celebrado tratados para evitar a dupla tributação com a Venezuela e de Proteção de Investimentos. Para esse efeito, a Venezuela e Portugal celebraram um Acordo para evitar a Dupla Tributação, assim como um Acordo para a Promoção e Proteção de Investimentos, pelo qual a realização de investimentos através de entidades portuguesas pode resultar em benefícios do ponto de vista fiscal e financeiro. Na Venezuela, não se requerer autorização prévia para investimento estrangeiro, obras públicas e infraestruturas, muito por via da realização do Campeonato Mundial de Futebol, em 2014, e dos Jogos Olímpicos, em 2016, o imobiliário, o turismo, o petróleo e o gás, a biotecnologia e os componentes electrónicos, só para referir alguns. “ Para o Paraguai, a Comissão Económica para a América Latina e as Caraíbas antecipa um crescimento económico de 10%, alicerçado no dinamismo do setor agrícola Paraguai RIQUEZA NATURAL O PARAGUAI não tem mar, mas é atravessado em toda a extensão pelos numerosos cursos de água que compõem a rede hidrográfica da bacia da Prata, uma das maiores reservas de água doce do planeta, o que lhe confere grande riqueza natural. Com um PIB de 41 100 milhões de dólares (31 500 milhões de euros) em 2012, o Paraguai tem na produção de energia limpa uma das suas atividades económicas mais importantes, com destaque para o projeto Itaipú (acordo de venda energia ao Brasil, cuja receita representou 1,7% do PIB, em 2011). A economia paraguaia é pequena e aberta, muito dependente do comércio com o exterior, especialmente a soja (sexto produtor mundial) e a carne bovina, que juntos representam 50% das exportações. O setor informal, assente na reexportação para os vizinhos Brasil e Argentina de bens de consumo importados, reveste-se de alguma dimensão. Os membros do Mercosul (Uruguai, Brasil e Argentina) são responsáveis por praticamente metade das expedições paraguaias. Nos últimos anos, o país fez algumas reformas, destacando-se, na análise do Banco Mundial, o acesso gratuito aos cuidados de saúde primários e à educação básica. Apesar sempre e quando não se contrariem as leis especiais do setor em que se vai investir. Só existem restrições para os investimentos nos setores de hidrocarbonetos, serviços profissionais regidos por lei, televisão de sinal aberto, radiodifusão e imprensa escrita em espanhol. Para o caso dos negócios que requeiram a constituição de sociedades na Venezuela, as mais utilizadas normalmente são as subsidiárias na forma de sociedades anónimas que limitam a responsabilidade dos acionistas até ao valor do capital da empresa. O capital exigido dependerá da atividade que venha a ser desenvolvida pela empresa e não existe nenhuma limitação a respeito da nacionalidade dos seus acionistas. Também se podem constituir sucursais. Outra das modalidades que se pode utilizar para o desenvolvimento de projetos de grande envergadura, é a criação de consórcios e joint ventures com empresas venezuelanas, de forma a da aposta no crescimento com inclusão social são ainda grandes os desafios no combate à pobreza. Um quarto do total da força do trabalho assegura o seu sustento no setor agrícola (cana de açúcar, soja, algodão, tabaco e cereais), em grande medida, numa mera base de subsistência. A economia paraguaia registou um rápido crescimento, entre 2003 e 2008, impulsionada pelo aumento da procura dos produtos exportáveis. Em 2012, um surto de febre aftosa provocou uma contração da economia na casa dos 2%. Para este ano, as “condições climáticas favoráveis” permitem antecipar, segundo a Comissão Económica para a América Latina e as Caraíbas (CEPAL), um crescimento de 10%, alicerçado no dinamismo do setor agrícola. Segundo a UNCTAD - Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e Desenvolvimento -, o Paraguai ocupa posições muito modestas tanto como recetor como emissor mundial de investimento. Na área fiscal, a OCDE assinala um grande crescimento das receitas entre 1993 e 2010, que se situam, atualmente, muito perto da média da América do Sul, mas ainda abaixo da média OCDE. Os impostos indiretos constituem a principal fonte de receitas fiscais, embora a sua composição tenha mudado, destacando-se a introdução do IVA e a queda dos impostos específicos. Uruguai ”A SUIÇA” DA AMÉRICA DE ACORDO com o Índice de Oportunidade Humana do Banco Mundial, o Uruguai alcançou “um elevado nível de igualdade” em termos de acesso a serviços básicos, como educação, água potável, eletricidade e saneamento básico. O país é o quarto da América do Sul no desenvolvimento logístico e primeiro na penetração de internet, computadores pessoas e telefones. Estabilidade política e social, alta taxa de alfabetização, grande classe média urbana e um sistema de segurança social avançada colocam este país de 3,4 milhões de habitantes e um PIB de 53 550 milhões de dólares, em 2012, à cabeça dos países da América do Sul, com uma produtividade que supera, de longe, a média mundial, segundo o Global Competitiveness Report 2011-2012, do World Economic Forum. O setor agro-pecuário é fundamental para a economia do Uruguai, dado que proporciona a maior parte das matérias-primas processadas pela indústria transformadora, bem como o grosso das exportações (60%). Na matriz produtiva, começa a ganhar volume o setor florestal, graças ao desenvolvimento da indústria madeireira e da celulose. No período de 2007-2011, o PIB uruguaio cresceu a uma taxa média de 6,5% ao ano, superando de longe mesmo a taxa média de crescimento do PIB mundial de 1,9% ao ano. Para 2013, a CEPAL prevê, para o Uruguai, um crescimento de 3,8%. O Uruguai tem diversificado o comércio, mas os parceiros regionais, especialmente o Brasil, são responsáveis por uma parte significativa das exportações. Venezuela A PETROLÍFERA DETENTORA das maiores reservas de petróleo da América Latina, a Venezuela, país que conta com cerca de meio milhão de emigrantes portugueses, concentra, neste produto, 95% das suas exportações e cerca de metade das suas receitas fiscais. Por via desta dependência, a economia do país está muito exposta às flutuações dos preços internacio- que a empresa estrangeira, neste caso a portuguesa, se encarregará da parte estrangeira do projeto, e a venezuelana da execução da parte nacional. Para estes casos recomenda-se a celebração de dois contratos, um estrangeiro e outro nacional, o qual evitará que seja tributada a totalidade do projeto pelo imposto venezuelano. A abertura de empresas na Venezuela implica uma série de licenças, inscrições perante os organismos competentes em matéria de impostos, contratação e segurança dos trabalhadores, pagamento de impostos nacionais, estatais e municipais, assim como o pagamento de um número importante de contribuições parafiscais, para o qual é essencial a assistência de especialistas na matéria. Um dos entraves mais importantes na hora de fazer negócios é o controlo cambiário que proíbe a compra e venda de moeda estrangeira sem intervenção do Banco Central. nais do petróleo, que, historicamente elevados, têm jogado a seu favor, permitindo a concretização de iniciativas ambiciosas, muito direcionadas para a área social. As elevadas taxas de crescimento económico dos últimos anos permitiram, segundo o Banco Mundial, que a pobreza moderada - que, em 1998, atingia 50% - caísse para 32% em 2011. Para este ano, o FMI, estima um crescimento de apenas 0,1%, contra 5,5% em 2012. A Venezuela é o país da América Latina com maior redução de impostos nas últimas duas décadas. Em 2010, segundo dados da OCDE, apresentava o nível de pressão tributária mais baixo da região, contribuindo com apenas 11,4% para o PIB do país. A Presidência de Hugo Chávez foi marcada pelo aumento da participação do Estado na economia e pela nacionalização de um grande número de empresas privadas em setores que incluem hidrocarbonetos, minérios, metalurgia, cimento, banca e telecomunicações. Com um PIB de 402,1 mil milhões de dólares, em 2012 (303 mil milhões de euros) o país é ainda rico em reservas de minérios e de metais nobres. O investimento estrangeiro tem estado bastante aquém do potencial do país devido à instabilidade política, nomeadamente às renacionalizações de empresas efetuadas nos últimos anos. A Venezuela importa de tudo, mas, sobretudo, máquinas e equipamentos mecânicos e elétricos, produtos farmacêuticos, instrumentos de ótica e produtos químicos. Entre os principais parceiros comerciais contam-se os EUA, a China e o seu vizinho do Mercosul - o Brasil. android • iphone • ipad • www.oje.pt Publicidade | sexta-feira 28 de junho de 2013 | 43 | | 44 | sexta-feira 28 de junho de 2013 | www.oje.pt • ipad • iphone • android Regiões económicas DR Tunísia Marrocos Argélia Sara Ocidental Líbia Egito Cabo Verde Mauritânia Mali Senegal Níger Gâmbia Guiné Bissau Guiné Conakri Serra Leoa Chade Burkina Faso Costa Marfim Sudão Eritreia Nigéria Djibuti Gana Libéria RC Africana Togo Benim Somália Etiópia Camarões G.Equatorial S.Tomé e Príncipe Congo Gabão Uganda Quénia RD Congo UEMOA (EM DESTAQUE) - 1994: União Económica e Monetária dos Estados da África Ocidental (ex-UDEAO, 1959, ex-CEAO, 1973) UEMOA - 1994: União Económica e Monetária dos Estados da África Ocidental (ex-UDEAO, 1959, ex-CEAO, 1973) CEDEAO/ECOWAS - 1975: Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental COMESA - 1993/94: Mercado Comum da África Oriental e Austral (ex-PTA, 1981) SADC - 1992: Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (ex-SADCC, 1980) IGAD - 1996: Autoridade Inter-Governamental para o Desenvolvimento (ex-IGADD, 1986) Ruanda Tanzânia Burundi Seichelles Angola Malawi Zâmbia Comores Moçambique Zimbabué Namíbia Madagáscar Botsuana UMA - 1989: União do Magreb Árabe CEEAC/ECCAS - 1983: Comunidade Económica da África Oriental CEMAC - 1994/99: Comunidade Económica e Monetária da África Central (ex-UDEAC, 1966) CEN-SAD - 1998: Comunidade dos Estados Saelo-Saarianos Reunião África do Sul EAC - 1999/2000: Comunidade da África Oriental (ex-EAC, 1967) SACU - 1910, 1969/70, 2000: União Aduaneira da África Austral Suazilândia Lesoto Fonte: Fernando Jorge Cardoso, Janus 2010 UEMOA - UNIÃO ECONÓMICA E MONETÁRIA DA ÁFRICA OCIDENTAL Potencial está numa demografia com 60% de jovens e numa moeda única Oito países fazem parte deste união económica e monetária. A influência francesa neste espaço da África ocidental é bem vista e o franco CFA com paridade fixa em face do euro é incentivador ao investimento externo. O desenvolvimento da área financeira é crucial para o crescimento UEMOA E ÁFRICA OCIDENTAL POR VÍTOR NORINHA de, que está sujeita à volatilidade do preço do crude ou do ouro, ou mesmo à maior ou menor procura de produção agrícola. A UEMOA como organização re- gional está enquadrada num leque de blocos africanos com valências e influências díspares. A CEA, a CEDEAO e o EBCAM são siglas que representam diferentes interesses na região de África, sobretudo na parte ocidental. Estas organizações que visam a criação e zonas de influência acabam, na prática, por chocar com países com aspiração a serem verdadeiras potências regionais em termos de economia, caso da África do Sul, Nigéria ou Angola. A abundância de matérias-primas e o volume de divisas estrangeiras dão sustentação às moedas nacionais. Em termos de grandes blocos económicos e a par da UEMOA são relevantes a CEA, a SADC, o EBCAM, a Comesa e a Organização de Unidade Africana. COSTA DO MARFIM SENEGAL TOGO Superfície 322 460 Km2 População 22 400 835 População até 14 anos 38,9% População acima 25 anos 32,5 Densidade 67 hab/Km2 Crescimento demográfico/ano 2% Esperança de vida 57,6 anos Escolaridade 56,2% Taxa desemprego ND Ranking IDH (2012) 170 Línguas base Francês, dioula Religiões Cristãos e Muçulm Unidade monetária Franco CFA Superfície 196 720 Km2 População 13 300 410 População até 14 anos 42,7% População acima 25 anos 30,1% Densidade 65 hab/Km2 Crescimento demográfico/ano 2,51% Esperança de vida 60,5 anos Escolaridade 39,3% Taxa desemprego 14,8% Ranking IDH (2012) 155 Línguas base Francês e mandinga Religiões Muçulm, catól, animist Unidade monetária Franco CFA Superfície 56 790 Km População 6 027 798 População até 14 anos 40,8% População acima 25 anos 31,9% Densidade 119 Hab/Km2 Crescimento demográfico/ano 2,73% Esperança de vida 63,6 anos Escolaridade 60,9% Taxa desemprego ND Ranking IDH (2012) 162 Línguas base Francês, kabiés, outras Religiões Anim, catól, muçulm Unidade monetária Franco CFA CERCA DE 88 milhões de habitantes, sendo que 60% da população tem menos de 25 anos. Esta é a fotografia imediata da região económica UEMOA, sendo que este potencial demográfico é um trunfo a não escamotear. A diferença de poder económico entre os outros países que compõem a UEMOA – União Económica e Monetária da África Ocidental está patente nos estádios de desenvolvimento, na literacia e na esperança média de vida à nascença. O Benim, Burkina Faso, Costa do Marfim, Guiné-Bissau, Mali, Níger, Senegal e Togo têm em comum a mesma moeda: o franco CFA. Ainda em comum têm o potencial económico ancorado no crescimento das infraestruturas viárias e portuárias e nas reservas naturais a nível de hi- drocarbonetos e ouro. A Costa do Marfim representa 40% do PIB da UEMOA e é a principal plataforma de comércio exterior dos países deste hinterland. Quando integrados com os membros da CEDEAO - Comunidade Económica dos Estados da África do Oeste atinge os 300 milhões de habitantes. A relação de forças entre estes países está, no entanto, a mudar. Se há meia dúzia de anos estes vários países viviam do potencial agrícola e grande parte da população estava ligada ao setor primário, as transformações têm levado a população para o terciário, enquanto as grandes indústrias ligadas ao petróleo, ao gás e à extração mineira, quer ao ouro, cobre ou fosfatos estão a alterar o paradigma. O setor agrícola continua a ser um potencial, até porque a autosuficiência alimentar está longe de existir em qualquer um destes países. Dados da CIA dão conta de que, com exceção da Costa do Marfim, onde 11% do território com aptidão agrícola está a ser explorado, e, no caso da Guiné-Bissau, onde essa percentagem chega aos 6,9%, os restantes países integrantes desta região têm níveis de ocupação do solo para a agricultura entre os 0%, caso do Níger, e os 2%, casos do Togo e do Benim. Todos estes países têm vindo a apostar na extração mineira e nos hidrocarbonetos, sendo que a costa entre a Mauritânia e o Golfo da Guiné é reconhecida como sendo rica neste tipo de jazidas. A dependência das commodities é um ponto fraco nesta comunida- BENIM BURKINA FASO Superfície 112 620 Km2 População 9 877 292 População até 14 anos 44,1% População acima 25 anos 29,7 Densidade 80 Hab/Km2 Crescimento demográfico/ano 2,84% Esperança de vida 60,6 anos Escolaridade 42,4% Taxa desemprego 0,8% Ranking IDH (2012) 167 Línguas base Francês, Fons, adjas Religiões Animistas, catól Unidade monetária Franco CFA Superfície 274 000 Km2 População 1 812 961 População até 14 anos 45,5% População acima 25 anos 28,9 Densidade 59 Hab/Km2 Crescimento demográfico/ano 3,06% Esperança de vida 54,4 anos Escolaridade 21,8% Taxa desemprego 3,8% Ranking IDH (2012) 181 Línguas base Francês, mossis, mandés Religiões Anim, muçulm e outras Unidade monetária Franco CFA Fontes: FMI/Banco Mundial/CIA/CDEAO/Uemoa Com exceção da Costa do Marfim, onde 11% do território com aptidão agrícola está a ser explorado, e da Guiné-Bissau (6,9%), os restantes países têm níveis baixos de ocupação do solo android • iphone • ipad • www.oje.pt Publicidade | sexta-feira 28 de junho de 2013 | 45 | | 46 | sexta-feira 28 de junho de 2013 | www.oje.pt • ipad • iphone • android Regiões económicas RETRATO DE 5 PAÍSES Franco CFA A força da presença francesa Benim “ Desde há dois anos que o ouro é, aliás, o principal produto de exportação do Burkina Faso, tendo as minas deste metal precioso duplicado a produção entre 2009 e 2010 TURISMO NA MIR A ECONOMIA do Benim continua subdesenvolvida, dependente da agricultura e, em particular, da produção algodoeira e do comércio regional. O país que sofreu bastante com a crise de 2008 tem projetos para atrair o investimento externo (IDE), com destaque para o turismo, a par de atividade de produção e transformação agroindustrial, ao mesmo tempo que se quer modernizar a nível de novas tecnologias e nas comunicações. Para melhorar o clima económico, o país tem vindo a projetar reformas a nível da propriedade, do justiça e do setor financeiro. Este programa passa pela privatização dos setores das águas, eletricidade e agricultura. O Club de Paris deu uma grande ajuda ao perdoar a dívida externa, enquanto o G8 já tinha anunciado um perdão parcial da dívida. Atualmente, os projetos de investimento externo são reduzidos, assim como as ajudas externas a projetos infraestruturantes. A produção do algodão sofreu com a quebra na safra na campanha de 2011-2012, mas a subida dos preços internacionais compensaram as perdas de volume e a balança comercial com base nestes produtos melhorou. Em termos de comércio, o país tem vindo a sofrer com a pirataria que infesta as suas águas territo- riais, tendo solicitado ajuda internacional. A nível doméstico o país está a sofrer pressões do funcionalismo público, tendo recentes greves obrigado a aumentos salariais de dois dígitos, pressionando o depauperado Orçamento de Estado, de acordo com informações da CIA. Pertencente à UEMOA, a moeda franco CFA tem permitido manter uma unidade económica e o interesse dos investidores, para além de estimular o comércio inter-regional. O país apresenta uma balança comercial desequilibrada com as exportações a atingirem (em 2011) 1,2 mil milhões de dólares e as importações quase a duplicarem para os 2,2 mil milhões de dólares. O setor terciário tem um peso de quase metade do PIB e o setor primário quase chega aos 36% do Produto. O risco país é mediano (B) na ótica da consultora Coface. O PAÍS é considerado “fechado” e as receitas provêm essencialmente do setor agrícola, com destaque para o algodão, mas também das exportações de ouro em bruto e cana de açúcar. A par destes produtos, o país tem poucos recursos naturais e uma base industrial muito frágil, com 90% da população a depender da agricultura de subsistência. Aliás, na repartição do PIB, o setor estimado de dois mil milhões de euros e será financiado pelo banco chinês Eximbank. O grupo Bolloré irá intervir nesta obra com um investimento estimado de 400 milhões de euros. O novo porto poderá acolher navios de grande capacidade. O setor da energia está também em ebulição. Mais uma vez na Costa do Marfim, a Ciprel – Companhia Marfinense de Produção de Eletricidade vai investir 108 milhões de euros, através de um financiamento da IFC, a filial do Banco Mundial. O objetivo é aumentar a capacidade de produção de energia de 222 Mw. O investimento global pode chegar aos 270 milhões de euros. A Ciprel, de acordo com fontes financeiras quer colocar em operação uma turbina a gaz de 111 Mw. O Banco Africano de Desenvolvimento que também poderá entrar neste projeto diz que o objetivo do investimento é reforçar o fornecimento de eletricidade ao país e criar condições de sustentabilidade nos projetos de investimento. O consumo está a disparar no continente africano e os chineses têm sido aqueles que melhor têm aproveitado a tendência. A indústria automóvel está a nascer na Costa do Marfim e no Senegal. Neste último país, o grupo Great Wall estuda a possibilidade de instalação de unidades fabris. Estes complexos farão a montagem de componentes com origem na China, embora não existe aqui transferência de tecnologia. Os chineses estão a olhar o mercado de outra forma: ao instalarem-se nos países e nas regiões económicas fortes, estarão no futuro a evitar pesados direitos alfandegários a nível das importações e contornando desta forma as vantagens que algumas empresas europeias têm a nível fiscal. Outro tipo de investimento automóvel está relacionado com os concessionários. As marcas europeias não querem misturas com as chinesas e várias cidades estão a aproveitar a necessidade das marcas se posicionarem para atraírem grandes concessionários para os seus países. A banca marroquina tem mostrado uma atitude agressiva relativamente ao setor financeiro. Têm apostado nos países francófonos da África ocidental e da áfrica austral. O Attijariwafa Bank concretizou uma dezena de aquisições ao longo dos últimos cinco anos e não vai ficar por aqui. O CEO Mohamed El Kettani pretende investir cerca de 750 milhões de euros em compras no mercado subsariano. Está presente em 22 países, tendo a compra mais recente acontecido no Togo, com a tomada do BIA-Togo por 16 milhões de euros. Já afirmou estar atento a oportunidades nos países anglófonos e lusófonos, sendo que, neste caso, o interesse é Angola. Do lado do BMCE Bank, o momento é de expansão no seio da Cemac – Comunidade Económica e Monetária da África Burkina Faso OURO NO HORIZONTE primário detém 35,2%, um nível quase idêntico ao terciário com um peso de 41%. Desde o final do século passado que o Burkina Faso tem vindo a privatizar empresas de base e incumbentes, tendo alterado o código do investimento externo em 2004 para conseguir atrair investidores estrangeiros. Como resultado da nova legislação, a par de um novo enquadramento legislativo que favoreceu a extração mineira, o país tem vindo a crescer a nível da exploração e produção de ouro. Desde há dois anos que o ouro é, aliás, o principal produto de exportação do país, tendo as minas deste metal precioso duplicado a produção entre 2009 e 2010, sendo conhecidos dois novos projetos mineiros de ouro lançados na segunda metade de 2011. O país tem sido alvo de conflitos sociais com base na indústria mineira e algodoeira, que não agrada à população envolvida. A resposta política tem sido um aumento da subsidiação às populações locais a nível da produção agrícola ou redução de impostos para as populações afetadas pela indústria, ou mesmo compensações. Estas medidas foram apoiadas pelo FMI que fez a 1.ª Avaliação em 2011, depois de um pedido de ajuda urgente. O país sofreu problemas de produção agrícola nos últimos dois anos que têm criado graves dificuldades na produção alimentar da população. As exportações do país centram-se no ouro, algodão e gado, sendo os principais destinos a China, Turquia, Singapura, Indonésia e PROJETOS INFRAESTRUTURANTES TRANSVERSAIS À REGIÃO UEMOA Os países da região UEMOA estão a ser alvo de forte interesse, sobretudo a nível de infraestruturas ferroviárias, rodoviárias, logísticas, portuárias e de comércio. Entre as obras de maior interesse está o projeto ferroviário de passageiros e mercadorias entre a Costa do Marfim, o Níger o Benin. O projeto vai envolver cerca de 1000 milhões de francos CFA (cerca de 1525 milhões de euros). O grupo francês Bollorá Africa Logistic já mostrou interesse pela participação num dos troços. O setor mineiro ligado ao ouro é outros dos grandes objetivos das multinacionais. Entre as propostas recentes está o interesse da russa GazPrombank na Costa do Marfim. O gigante russo abriu no país a GPB Ivory Coast Minerals e tem previsto investir o equivalente a 8,16 mil milhões de FCFA (cerca de 12 200 milhões de euros) nos trabalhos de pesquisa e exploração mineira no país, avançou a comunicação social. Recorde-se que a GazPrombank é a filial bancária e de investimento do gigante energético russo Gazprom. A companhia obteve duas licenças para a exploração e extração de cobre e ouro na zona de Mont Trou, no extremo oeste do país. Bruno Koné, porta-voz do governo, anunciou que numa primeira fase o gigante russo ira investir um pouco mais de 3 mil milhões de FCFA (4374 milhões de euros). O mesmo grupo da Gazprom já abriu filiais em outros países da região. Desde há alguns anos que o objetivo da exploração e produção mineira tem acontecido no Tchad, Mali e Níger, com forte interesse no Urânio. O setor agrícola é também relevante na Costa do Marfim, onde o Governo anunciou, em junho último, a intenção de duplicar a fileira da produção da óleo refinado de palma até 2020, para atingir as 600 mil toneladas. Atualmente, a Costa do Marfim só é ultrapassada pela Nigéria nesta commoditie agrícola. Para este país, aquele produto agrícola representa uma entrada de fundos da ordem dos 500 milhões de FCFA anualmente (762 milhões de euros). As ONG têm, no entanto, alertado para o problema da desflorestação no país. O setor dos portos e logística está a gerar a atração de europeus. Um dos casos mais conhecidos é o do segundo terminal de contentores no porto de Abidjan, na Costa do Marfim, onde um consórcio dos franceses da Bolloré Africa Logistics, da APMT e da construtora Bouygues concluiu um acordo com o Estado para a concessão daquele terminal. Este acordo foi concluído independentemente da Comissão de Concorrência da UEMOA continuar a desenvolver um inquérito sobre as condições de atribuição e sobre as práticas concorrenciais deste contrato. A parte de construção civil do porto será entregue ao grupo China Harbour Engineering Company com um valor Central, através da sua filial o Bank of Africa (BOA), e que já está presente em 14 países subsarianos. O interesse no setor financeiro dos países da África subsariana, e da UEMOA em particular, está no potencial de crescimento. A média de crescimento destas economias situava-se, em 2011, nos 5,5%, o que contrasta com a depressão vivida na generalidade dos países europeus e no corte de crédito. O Ecobank, uma instituição financeira pan-africana, sedeada no Togo, é dos mais relevantes em termos de crescimento. O acesso às novas tecnologias é o último grande ponto de interesse para os países africanos. Do Senegal ao Congo, passando pelo Gabão, o Benim e a Costa do Marfim, todos têm interesse em ser plataformas numéricas e de ter infraestruturas e comunicações modernas e acesso rápido à internet. Desde há três anos que as ligações entre países pelos cabos submarinos de fibra ótica têm gerado forte competição. Cerca de 1500 milhões de euros foram desbloqueados nos últimos cinco anos para a construção de cabos submarinos. Os operadores sul-africanos Vodacon e MTN, o nigeriano Globacom, a France Télécom e o Banco Mundial têm sido grandes investidores. Países como os Camarões, o Togo, o Benim e a Costa do Marfim esperam vir a ser portas de passagens entre os vários países do hinterland. As ligações rápidas estão na ordem do dia. android • iphone • ipad • www.oje.pt Publicidade | sexta-feira 28 de junho de 2013 | 47 | | 48 | sexta-feira 28 de junho de 2013 | www.oje.pt • ipad • iphone • android Regiões económicas OPINIÃO Diogo Bernardo Monteiro Sócio FCB&A Investir em Angola num contexto de modernização fiscal A internacionalização das empresas portuguesas é uma das chaves para o seu crescimento ou mesmo para a sua subsistência, sendo que a revisão da política fiscal internacional, de modo a proteger as empresas e promover a sua internacionalização em mercados prioritários, é um dos objetivos principais daquela que poderá ser a reforma mais profunda na tributação das empresas desde a entrada em vigor do Código do IRC em 1989. Angola é um dos destinos privilegiados para essa internacionalização, já que se apresenta como um mercado particularmente atraente para Portugal, mas também com desafios especiais que habitualmente não encontramos, por exemplo, na União Europeia. A principal dificuldade, que contrasta com os países ditos desenvolvidos, é a elevada carga burocrática que faz com que os prazos para cumprir as diferentes etapas de investimento sejam sempre bastante dilatados, nomeadamente ao nível dos projetos de investimento, com elevadas exigências de documentos e prazos de decisão relativamente longos, da exigência de contratação de trabalhadores angolanos e do cumprimento de obrigações de licenciamento. Como contrapartida, encontramos as elevadas taxas de crescimento que contrastam com a apatia económica de Portugal e do resto da Europa. Angola oferece inúmeros recursos naturais e necessidades de investimento em infraestruturas e serviços que constituem excelentes oportunidades para os empresários. Aqui as oportunidades existem tanto para as empresas, que terão acesso a mercados que noutros países já se encontram saturados, mas também para os profissionais, já que a necessidade de quadros técnicos é enorme. Do ponto de vista jurídico, Angola é particularmente familiar para os portugueses, já que parte de uma matriz comum existente antes da sua independência, e mesmo alguns diplomas posteriores, apresentam uma grande semelhança com a atual legislação portuguesa. Ao nível do sistema fiscal angolano, assistimos, a par de um regime de benefícios associados ao investimento, que permite aceder a isenções fiscais e aduaneiras muito importantes e que, previsivelmente será em breve revisto, a uma profunda reforma que pretende modernizar a legislação fiscal exigente, mas torná-la mais justa e dotada dos meios jurídicos outros países do sudeste asiático. Nas importações, o maior peso é de bens alimentares e petróleo, com origem na Costa do Marfim (proximidade territorial e ligação à UEMOA), e ainda a França. A inflação está controlada nos 0,9%. “ C. do Marfim CACAU E OURO ESTAMOS perante um dos maiores exportadores mundiais de cacau, grãos de café e óleo de palma. A economia da Costa do Marfim vive essencialmente da agricultura. Isto significa que a economia é altamente sensível aos preços internacionais das commodities agrícolas. O país está, no entanto, a entrar com força na extração mineira, concretamente no ouro, mas a guerra civil que terminou há 10 anos deixou mazelas e o investimento externo desapareceu e fez a economia derrapar. Entretanto, o FMI e o Banco Mundial anunciaram, em meados do ano passado o perdão da dívida do país, o que irá permitir a recuperação no longo prazo. As infraestruturas muito degradadas são uma oportunidade para os investidores externos, o que justifica o crescimento do PIB da ordem dos 8,1% no ano passado. Os setores primário e secundário têm 25% de peso cada um no Produto. A inflação média anualizada está nos 2,7%. A balança de transações correntes é superavitária, com as exportações a atingirem, em 2011, os 10,3 mil milhões de dólares e as importações os 7,8 mil milhões de dólares. A agên- adequados à sua efetiva implementação. Assim, enquanto, em Portugal, temos assistido a um aumento generalizado dos impostos, embora se espere um calendário de redução do IRC no âmbito da atual reforma, em Angola, a taxa de Imposto Industrial deverá sofrer uma redução de 5%. Mas esta alteração ao nível do Imposto Industrial também deverá trazer uma alteração que aumenta a tributação no pagamento de rendimentos para fora de Angola, através da substituição das atuais taxas de 3,5% e 5,25% previstas na Lei sobre a Tributação das Empreitadas por uma taxa de retenção na fonte de 6,5%. A par destas alterações fiscais, alguns novos regimes encontram-se já em plena aplicação, destacando-se o Código do Imposto do Selo, que veio substituir o anterior regulamento datado de 1968. Naturalmente que, a par da simplificação legislativa, bem expressa na redução em mais de 80% dos factos tributários aí cia Coface mantém um elevado grau (D) no risco país. Senegal ATRAIR IDE POSSIVELMENTE um dos países da UEMOA com maior sucesso. A influência francesa é nítida em todos os setores da economia, tendo criado um Código de Investimento Externo muito atrativo e um modelo fiscal que tem levado à deslocalização de empresas para este país. Aliás, o Senegal é um dos grandes beneficiários da criação do franco CFA, já que como produtor de bens de consumo e com uma logística de nível europeu, atrair compradores dos países vizinhos que aí deixam divisas. A base industrial do país está na extração de fosfatos, produção de fertilizantes e na pesca, enquanto o turismo tem forte potencial, sobretudo na geração de emprego. O país está lançado na criação de grandes projetos ligados à extração de minério de ferro e na exploração petrolífera e gasista. O Senegal registou uma das piores depressões da sua história há 20 anos e, desde então fez o turnaround com reformas da economia e que lhe permitiram crescimentos médios do PIB anuais da ordem dos 5% até 2007, a par do controlo do nível da inflação para um dígito. O Produto está centrado no terciário com 61% do peso, seguido do secundário com 22% do peso e o primário com 17% do PIB. A inf lação está controlada nos 1,2%. O défice na balança de transações é grande, tendo em conta números de 2011 que indicavam 2,2 mil milhões de dólares em exportações e 4,8 mil milhões de dólares em importações. O FMI tem vindo a apoiar um programa de assistência ao país para a reforma do seu setor produtivo, tendo ainda recebido centenas de milhões de euros de investimento de programas das Nações Unidas para o desenvolvimento agrícola e relançamento de infraestruturas ligadas a este setor. No ano passado, a economia voltou a arribar depois de um 2011 fraco. Globalmente, a economia tem problemas a nível de criação de empresas de base sustentável e capaz de absorver mão de obra. O desemprego é elevado e a taxa de emigração continua a subir, sobretudo em direção à Europa e à França em particular. O Senegal anunciou, recentemente, a intenção de lançar uma emissão de obrigações internacionais até 500 milhões de dólares com uma maturidade a 10 anos. O anúncio foi feito pelo FMI, que frisou que esta emissão se destina a melhorar o perfil da dívida pública do país. O Senegal tem ainda a possibilidade de estender este financiamento a mais 200 milhões de dólares e den- A influência francesa é nítida em todos os setores da economia senegalesa, tendo criado um Código de Investimento Externo muito atrativo e um modelo fiscal que tem levado à deslocalização de empresas para este país tro de uma taxa favorável a um país pouco desenvolvido. A emissão deverá sair abaixo dos 6%. Estas emissões, explica o FMI, melhoram o perfil da dívida e evitam o risco dos financiamentos de curto prazo, nomeadamente devido à volatilidade dos mercados. A dívida pública sobre o PIB situase nos 41% e o défice é superior a 4%. Mesmo com estes números o FMI considera não haver risco de sobreendividamento. Togo APOSTA NOS FOSFATOS ESTE É o mais pequeno Estado na região subsariana. O comércio e da agricultura são responsáveis pela previstos, a maior relevância deste código assenta no facto de poder dar resposta à realidade do sistema financeiro que não era compatível com uma legislação com mais de 40 anos. Se é certo que, cada vez mais, os sistemas jurídicos de Portugal e de Angola deverão potenciar o investimento entre estes dois países, esta realidade não significa que o investimento será desregulado; pelo contrário, regras claras e modernas serão mais facilmente impostas e sujeitas a menor tolerância quanto ao seu incumprimento. Este enquadramento é, assim, determinante para o sucesso da internacionalização: um projeto de investimento coerentemente elaborado, que responde às exigências legais e práticas, e uma execução criteriosa desse mesmo projeto, com o cumprimento das metas fixadas, permite o acesso a condições fiscais vantajosas que aumentam o retorno desse mesmo investimento. maior do emprego criado. A alimentação de base é importada, sendo que a produção do país que representa 40% das exportações, assenta no cacau, café e algodão. As reservas de fosfatos no Togo deverão, a prazo, inverter a estratégia do país que está a tentar obter parcerias internacionais para o crescimento do setor dos minérios a partir deste produto. Em termos de reservas de fosfatos o Togo é dos países mais ricos a nível deste produto. Em termos internos os Governos dos últimos 10 anos têm tentado fazer reformas estruturais a nível da economia e da justiça, tendo recebido o apoio do FMI e do Banco Mundial. O objetivo é levar o investimento estrangeiro a entrar no país e gerarem rendimentos capazes de suportarem o OE. O progresso, segundo os analistas depende das propostas de privatização que serão apresentadas no país e ainda do nível de abertura do Governo às operações do setor financeiro. O Togo ganhou credibilidade nas instâncias internacionais e viu, há menos de dois anos, ser-lhe perdoado, pelos doadores internacionais, cerca de 95% da sua dívida externa. O FMI tem sido uma agência de crucial relevância para as reformas estruturais no país. O crescimento real estimado do PIB no ano passado foi de 5%. A China é o grande parceiro comercial do país, representando 10,7% das suas exportações, segundo do Burkina Faso (a mesma moeda), da Índia e do Benim (também a mesma moeda). As importações vêm da China, França e Bélgica, sendo constituídas por maquinaria e equipamentos, bens alimentares e minerais refinados. android • iphone • ipad • www.oje.pt Publicidade | sexta-feira 28 de junho de 2013 | 49 | | 50 | sexta-feira 28 de junho de 2013 | www.oje.pt • ipad • iphone • android Regiões económicas BOA GOVERNANÇA NOS RECURSOS NATURAIS O difícil caminho da transparência na indústria mineira e petrolífera CRIADA EM 2002, a Iniciativa (ITIE) precisa de um novo “balão de oxigénio”. Aderiram 37 países no mundo, sendo 21 africanos mas apenas 11 estão atualmente a trabalhar de acordo com os princípios da ITIE. Basta dizer que a Mauritânia e a Serra Leoa foram suspensos na reunião do conselho de administração da Iniciativa de fevereiro, enquanto a RD do Congo e Madagáscar continua sem publicar os respetivos relatórios e os problemas mantêm-se, tendo em conta a crise política onde estão envolvidos. Na lista das exclusões estão o Gabão, S. Tomé e Príncipe (foi expulso em 2010 e ainda antes de estar a extrair os primeiros barris de crude) e a Guiné Equatorial. Citado pelo Jeune Afrique, Tim Bittiger, diretor regional do secretariado da Iniciativa para os países da África francófona, afirma que “o impacto das erradicações é muito limitado” e deu o exemplo das “majors” petrolíferas ExxonMobil e Total que não saíram de Malabo (Guiné Equatorial) depois da decisão. Adianta que, mesmo depois do conhecido processo judicial contra os governantes da Guiné-Equatorial a propósito dos “Bens mal adquiridos” que corre em França, não se constatou qualquer intenção deste Governo em alterar as metodologias de trabalho quanto à transparência das contas das indústrias extrativas. S. Tomé e Príncipe, pelo contrário, tem vindo a empenhar-se e desde o ano passado que tenta a reintegração na organização Iniciativa. Em contraste, e como exemplo de boas práticas, está o Congo-Brazzaville. Christian Mounzeo, congolês de origem e membro do conselho de administração da Iniciativa para a Transparência das Indústrias Extrativas (ITIE), explica que o presidente da organização procurou o chefe de Estado Denis Sassou Nguesso. Foram discutidos os obstáculos que poderiam levar a uma maior transparência e as Autoridades mostraram-se sensíveis à imagem que o país pode- “ As multinacionais ocidentais europeias e norte-americana consideram que o objetivo da equidade está mais explícito e objetivado na ITIE do que na lei americana Dodd-Frank ria obter através da ITIE. O grupo de trabalho conjunto retomou os estudos, tendo sido posteriormente votada uma lei no parlamento que obrigou à adoção do processo da ITIE. Esta iniciativa permitiu ao Congo-Brazzaville tornar-se um membro conforme aos estatutos em fevereiro. O facto de África ser um continente de valiosos recursos naturais e a competição internacional entre os grandes players mundiais para a obtenção dos melhores e maiores contratos faz com os princípios da ITIE não sejam entrave a nada. Constata-se que os grandes grupos internacionais adotaram nos respetivos relatórios de sustentabilidade os princípios da ITIE. No entanto, aquilo que se verifica é que, quando um país adere à ITIE, todas as empresas que trabalham a área da extração dos recursos naturais também aderem, incluindo empresas de origem chinesa e empresas domésticas, independentemente de serem, ou não, membros da ITIE a nível internacional. Aliás, refere a mesma fonte que as multinacionais ocidentais europeias e norte-americana consideram que o objetivo da equidade está mais explícito e objetivado na ITIE do que na lei americana Dodd-Frank, a qual apenas impõe regras de transparências às empresas cotadas nas bolsas de Valores norte-americanas. O elogio da ITIE tem sido feito por grandes multinacionais que atuam a ní- vel da exploração dos recursos naturais do continente africano, caso das petrolíferas Total e Eni, ou no caso das empresas de mineração como a BHP Billiton, a Areva e a Vale. No entanto, voltamos à estaca zero quando se conclui que aquelas regras não têm qualquer impacto sobre as decisões de investimento. Um quadro da Total afirmava, citado pelo mesmo jornal, que as companhias não investem ou se instalam num país pelo facto de estes aplicarem os princípios da ITIE e também não abandonam o país porque as regras não estão conformes aos mesmos princípios”. Na recente assembleia geral da ITIE de maio, Tom Bittiger afirmava que foi discutida a oportunidade de incluir a adesão ao ITIE como obrigação antes da obtenção de licenças petrolíferas e minerais, a par das receitas e resultados realizados pelas sociedades em cada projeto. Recorde-se que as empresas têm recusado entrar no detalhe da informação, preferindo manter a confidencialidade de alguns projetos, para além de recursarem a divulgação de números e condições para cada operação, preferindo fornecer informação global por país, dizia uma fonte da Total. Afirmava que esta estratégia captaria as empresas chinesas que, até agora, se têm mostrado totalmente ausentes destas iniciativas ou, quando se associam não têm preocupações em cumprir os princípios. Para além da preocupação quanto à supervisão das receitas obtidas com a extração dos recursos minerais, os responsáveis da ITIE assinalam as preocupações quanto à utilização dos recursos. Acreditam que existem Autoridades dos países africanos que poderão travar estes objetivos. Afirmam os analistas que, para convencer mais países africanos a aderir e a fazer cumprir os princípios da Iniciativa, é necessário que países ocidentais como o Canadá e a Austrália, ricos em hidrocarbonetos e minérios deixem de ser apenas parceiros financeiros da ITIE e passem a aderentes, publicando as respetivas receitas nesta indústria e aceitem ser auditados, à semelhança do que faz a Noruega desde o ano de 2009. O que é a Iniciativa? A ITIE (Iniciativa) é composta por 70 empresas, oito ONG, 17 Estados parceiros e 37 países. Na carta de princípios da ITIE, os Governos obrigam-se a declarar publicamente a respetiva intenção de colocar em marcha os princípios da Iniciativa; publicarem um plano de trabalho nacional; demonstrar as receitas recebidas a título de atividades extrativas nos relatórios; e criarem um grupo misto que envolve Estado, sociedade civil e empresas que assegurem que os relatórios são compreensíveis; e escolherem um auditor independente que possa comparar e harmonizar os números fornecidos pelos Estados e pelas empresas. Do lado das empresas integrantes da ITIE, fica a obrigação de publicar todos os pagamentos significativos feitos ao Estado ou às empresas públicas nos países onde atuam. AJUDAS DIRETAS VS SUBSÍDIOS Angola consome 8% do PIB em subsídios para eletricidade e combustíveis O FUNDO Monetário Internacional (FMI) colocou o dedo na ferida. Devem os países do continente africano substituir os subsídios por ajudas diretas aos mais pobres? Cerca de 8% do PIB angolano é absorvido pelos subsídios ao consumo de eletricidade e de combustíveis, enquanto, nos Camarões, o subsídio ao setor energético representa 7,3% do PIB. A maior potência africana, a Nigéria, sofreu uma explosão do peso dos subsídios no PIB, que passaram de 1,3% do Produto, em 2006, para 4,7%, em 2011. Os dados são do FMI e de entrevistas em órgãos de comunicação social. Os subsídios estão a pesar cada vez mais nos orçamentos de Estados e os credores internacionais e organizações de doadores têm vindo a apelar aos vários países africanos para substituírem os subsídios por ajudas sociais diretas. A crítica principal vem do FMI, que, mais do que confrontar os valores, critica o método. Os estudos do FMI concluem “ A utilização abusiva de subsídios fizeram o Estado nigeriano perder cinco mil milhões de euros entre 2009 e 2011 em termos fiscais, de acordo com um inquérito parlamentar que cerca de 20% dos grupos africanos mais ricos são os primeiros beneficiários das ajudas a nível das commodities energéticas. Estes grupos absorvem metade dos subsídios existentes. Por quê subsidiar os ricos? - questionava recentemente Donald Kaberuka, presidente do BAD (Banco Africano de Desenvolvimento) em entrevista ao Jeune Afrique. Outro problema detetado com os subsídios relaciona-se com a fuga de capitais e o desvio de fundos. O melhor exemplo é o da Nigéria, país em que os subsídios ao consumo de combustíveis deram lugar ao nascimento de um tráfico com os países vizinhos, onde os preços são mais elevados. A utilização abusiva de subsídios fizeram o Estado nigeriano perder cinco mil milhões de euros entre 2009 e 2011 em termos fiscais, de acordo com um inquérito parlamentar. Este volume de fundos, afirmam analistas suportados por relatórios do FMI, poderiam ser usados em saúde e educação, tanto mais que esses mesmos subsídios acabam por pesar sobre os orçamentos públicos. O abandono dos subsídios é, no entanto, mais fácil de recomendar do que colocar em ação. O exemplo mais fácil de entender aconteceu na Nigéria onde, após o susto com o peso dos subsídios no Produto, o Governo decidiu refletir a alta do preço do petróleo na bomba de combustível e os preços subiram 114%, assim como uma semana de protestos que obrigaram o Governo a recuar. O economista Victor Lopes, a trabalhar para a Standard Chartered, afirmava que o Governo nigeriano conseguiu aumentar em 50% o preço dos combustíveis no ano passado, mas manteve os subsídios. Pelo contrário, países como a Tunísia acabaram por aumentar os produtos subsidiados para contrabalançar o marasmo económico. android • iphone • ipad • www.oje.pt Publicidade | sexta-feira 28 de junho de 2013 | 51 | | 52 | sexta-feira 28 de junho de 2013 | www.oje.pt • ipad • iphone • android Regiões económicas INVESTIMENTO NA AGRICULTURA Segurança alimentar está na ordem do dia em 14 países africanos A WATCH List da FAO tem 14 países africanos sob observação. O problema está na escassez alimentar e os especialistas afirmam que a solução para a África ocidental está nas pequenas explorações agrícolas. As ameaças à segurança alimentar continuam a afetar a RD Congo, a Eritreia, a Etiópia, o Quénia, o Malawi, o Mali, a Mauritânia, Moçambique, o Níger, o Lesoto, o Senegal, o Sudão do Sul e o Zimbabué. Estes países continuam a ser vigiados pela FAO, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura. Daquele conjunto de países, apenas a RD Congo, o Níger, a Etiópia e Moçambique melhoraram os resultados, disse Gilles Peltier, antigo gestor do Observatório do Fundo Africano para a Agricultura. Desde a grande crise alimentar no Egito, Marrocos, Camarões, Costa do Marfim, Mauritânia, Senegal e Burkina Faso ocorrida em 2008, e que foi seguida pela inflação galopante do preço dos bens alimentares, que os Governos decidiram dar um enfoque particular ao tema. Há cerca de dois anos e meio, o G20 criou um fundo de 15 mil milhões de euros a partir do Programa Mundial para a Agricultura e Segurança Alimentar. Aliás esta era uma preocupação dos governos africanos já em 2002, na sequência da queda da produtividade agrícola e da perda de investimentos neste setor. Nessa altura, os vários Estado africanos acordaram que passariam a afetar 10% dos orçamentos nacionais para a agricultura, com o objetivo de conseguirem “ Com que a exceção da Etiópia nenhum das 10 grandes potências africanas está a conseguir o objetivo dos 10% do Orçamento de Estado para a agricultura um crescimento na produção no setor primário da ordem dos 6% ao ano. Há 10 anos, cerca de três dezenas de Estados africanos assinaram este acordo. Mas o drama da segurança alimentar continua e são vários os projetos de países ocidentais no sentido de investirem na agricultura para consumo no continente e para exportação. A questão tecnológica é relevante e alguns países como Israel têm tido sucesso. Acontece que, nestes últimos 10 anos, a situação a nível da segurança alimentar piorou. A FAO estimava, no relatório sobre o tema, que existiam 239 milhões de pessoas subnutridas entre 2010 e 2012, mais 19 milhões que no período anterior (2007- 2009). Em termos de habitantes no continente, a subnutrição subiu de 22,6% para 22,9%. O maior drama está na África subsariana, enquanto, na zona do Magreb, o índice de subnutrição está relativamente controlado, dentro dos 2,7% da população, o que compara com os 1,4% dos países desenvolvidos. Abaixo do Saara, o número dos subnutridos atingiu os 234 milhões, diz a FAO, e, para se atingir os objetivos do Millennium propostos pelas Nações Unidas a nível da segurança alimentar, será necessário que, em 2015, existam menos 90 milhões de pessoas nestas condições. Parece difícil de atingir. O que está na base deste desas- tre? Fonte citada pelo Jeune Afrique, o Sistema Regional de Análise Estratégica e de Gestão do Conhecimento (Resakiss) refere que apenas cinco países estão a consagrar os famosos 10% do Orçamento público anual ao setor agrícola. São eles o Burkina Faso, a Etiópia, o Mali, o Níger e o Senegal. A mesma fonte diz que, com que a exceção da Etiópia, nenhuma das dez grandes potências africanas está a conseguir o objetivo dos 10% do Orçamento de Estado para a agricultura. E, quanto ao objetivo de crescimento de 6% anualizados no setor agrícola, apenas seis países, Angola, Guiné Conacri, Nigéria, Etiópia, Ruanda e Moçambique atingiram aquele objetivo. Curioso que, em 2008, se estimasse que as necessidades de investimento para o setor agrícola a cinco anos fossem da ordem dos oito mil milhões de dólares. Atualmente, os investimentos atingiram os 1500 milhões de euros, um valor que é nitidamente insuficiente. O Burkina Faso e o Senegal estão a fazer grandes investimentos em pastagens, mas será esta uma política agrícola sustentável, perguntam analistas. Respondem negativamente e dão o bom exemplo do Quénia, que investe pouco, mas aposta numa agricultura dinâmica e suportada por novas tecnologias. A solução para a África ocidental está nas pequenas explorações agrícolas, diz Jean-Luc François, responsável da área agrícola da AFD (Agricultura e Desenvolvimento Rural). Citado por órgãos de comunicação, Gilles Peltier questiona se os países devem investir para consumo local ou para a exportação e, desta forma, reduzirem o défice comercial. Lembram que em regiões como o norte de África será sempre necessário continuar a comprar o trigo e o objetivo da autossuficiência alimentar será suicidário. Embora difícil de concluir por uma estratégia global acertada, os analistas dão exemplos de sucesso. No Gana, foram mobilizados os pequenos produtores nas culturas de exportação, caso do cacau, e foram integrados com sistemas de financiamento que funcionam bem. O Senegal tem aproveitado bem a água e o défice comercial na importação de arroz reduziu-se. O impacto relevante começou com os investimentos públicos na irrigação, a par de uma política fiscal a desmotivar a importação. CONSUMO CRESCE NAS POTÊNCIAS AFRICANAS Hipermercados atacam a costa ocidental O CONTINENTE africano, excluindo a África do Sul, tem 211 centros comerciais e a perspetiva é duplicar nos próximos quatro anos. É o grande boom no consumo da classe média africana. Um estudo da McKinsey revela que os setores dos serviços e consumo deverão crescer a uma taxa anualizada entre os 4% e 5% no continente africano até 2020. A mesma fonte indica que, até final desta década, cerca de 130 milhões de agregados familiares no continente deverão ter rendimentos anuais superiores a cinco mil dólares, contra 85 milhões de famílias na atualidade. Estes números alavancam o otimismo dos grandes operadores na área do retalho alimentar e do consumo. Duplicar o espaço comercial nos próximos quatro anos é a perspetiva de analistas para o continente africano, excluindo a África do Sul. Um estudo da Sagaci Research revela que o continente tem 211 centros comerciais e as grandes operadoras estão a entrar em força. A ligação da CFAO com o Carrefour é um bom exemplo de partneriado entre duas grandes companhias, enquanto a Casino está a abrir novos espaços todos os meses. Do lado português, a maior aposta é do grupo Continente/Sonae, que tem cinco hipermercados para abrir em Luanda, mas que tem feito adiamentos sucessivos por questões logísticas e operacionais. O relatório da Sagaci revela um mercado de retalho muito ativo e “ A Sagaci Research espera que os espaços comerciais atinjam os oito milhões de m2 até 2017, com 129 novas unidades, destacando-se 17 novos centros comerciais no Egito ainda grandes disparidades no poder de consumo. O trabalho de junho revela que, excluindo a África do Sul, estão construídos quatro milhões de m2 de espaços comerciais dentro do modelo ocidental, sendo que 33% do centro e 56% do espaço ocupado está no norte de África. Esta parte de África tem 69 centros comerciais, enquanto 23 espaços estão na zona ocidental, oito na África central e 88 na costa oriental e 23 na África austral. Os melhores centros comerciais, dentro dos padrões europeus, estão no Egito e em Marrocos, enquan- to a África subsariana, com destaque para o Senegal, Costa do Marfim, Nigéria e Quénia, possuem centros comercias de classificação média. As insígnias presentes nos espaços comerciais, segundo o Jeune Afrique, estão também na Europa e nos EUA, casos da Bata, City Sport, Celio, Aldo, KFC, Adidas, Nike, Mango e Etam. Salientam que as marcas sul-africanas como a Shoprite, Woolworths, Truworths e Mr Price, que estão implantadas em Moçambique, estão a conquistar espaços nos mercados da África ocidental e a concor- rer diretamente com as marcas europeias e americanas. A Sagaci Research espera que os espaços comerciais atinjam os oito milhões de m2 até 2017, com 129 novas unidades, destacando-se 17 novos centros comerciais no Egito, 15 no Gana, 14 na Zâmbia, 12 em Angola, outras tanto na Nigéria e em Marrocos. Este crescimento rápido é explicado pelo aumento rápido de uma classe média que quer ter acesso a insígnias internacionais. Alguns países, refere a mesma fonte, são extraordinariamente interessantes e com um poten- cial de crescimento da ordem dos cinco a 20 centros comerciais por país. O estudo refere os casos únicos de Angola, Nigéria, Tanzânia e Etiópia. A África do Sul é um caso à parte, por estar bastante mais avançado em termos de desenvolvimento económico. O retalho doméstico é dominado pela marca Shoprite, Pick’Pay e Spar, logo seguidos pelo grupo israelita Shufersal. A expectativa para este país é de duplicação do espaço a cinco anos, com o crescimento da classe média, avança a edição de junho da Eurofresh Distribution. Por outro lado, o poder dos grandes grupos franceses aumentou recentemente com o anúncio da criação de uma empresa única dos franceses da CFAO e da Carrefour e com a primeira aposta a acontecer em 2015 na Costa do Marfim. O objetivo é reduzir investimento no sudeste asiático e concentrar-se nos mercados promissores da América Latina e de África. android • iphone • ipad • www.oje.pt Publicidade | sexta-feira 28 de junho de 2013 | 53 | | 54 | sexta-feira 28 de junho de 2013 | www.oje.pt • ipad • iphone • android Regiões económicas DR Turquia Chipre Síria Líbano Israel IRAQUE Irão Jordânia Kuwait Kuwait Egito Bahrein Manama Qatar Arábia Saudita Doha Riade EAU Abu Dhabi Oman udão Iémen Eritreia Djibuti Etiópia Somália Países do Golfo Pérsico em destaque Países do Golfo Pérsico Países vizinhos GOLFO PÉRSICO Negócios das arábias com potencial por extrair As trocas comerciais entre Portugal e os países árabes quase duplicaram entre 2008 e 2012, representando cerca de 10% das exportações lusas. Mas ainda há uma longa travessia a percorrer para as empresas portuguesas terem uma presença mais sólida nestes exigentes mercados GOLFO PÉRSICO POR ARMANDA ALEXANDRE N o “GPS de Portugal, o mundo árabe tem um lugar muito especial”, declarou Paulo Portas, ministro do Estado e dos Negócios Estrangeiros, no I Fórum Económico Portugal Países Árabes, organizado pela CCIAP - Câmara de Comércio e Indústria Árabe - Portuguesa, em Lisboa, no final da semana passada. Os países árabes são um mercado com mais de 400 milhões de habitantes e potenciais consumidores, com um poder de aquisição que ultrapassa os 350 mil milhões de dólares/ano (263 mil milhões de euros), sendo que um terço tem planos de desenvolvimento quinquenais no valor de 1 trilião de euros. Pelo que significam oportunidades ímpares para a internacionalização das empresas portuguesas. De 2008 a 2012, as trocas comerciais entre Portugal e aquela zona geográfica quase duplicaram, representando cerca de 10% das exportações portuguesas. E, entre 2011 e o ano passado, aumentaram de 1280 milhões de euros para 1583 No primeiro trimestre de 2013, as exportações cresceram 46% face ao período homólogo. Os metais, máquinas, equipamentos e minerais são os principais bens enviados por Portugal milhões, quando, há oito anos, rondavam os 500 milhões de euros. Karim Bouabdellah, secretário-geral da CCIAP, afirmou no âmbito do evento que, tendo em conta a carteira de projetos na área das obras públicas e do saneamento básico, que corresponde a 2 mil milhões de euros anuais, o valor global de exportações ronda os 2,5 mil milhões a 3 mil milhões de euros, o que torna os países árabes no “segundo parceiro comercial de Portugal, só batidos pela Europa e à frente da América Latina e da África”. Paulo Portas adiantou, na sua intervenção, que, no primeiro trimestre de 2013, “as exportações cresceram 46% face ao período homólogo, o que representa 66 milhões de euros.” O ministro referiu que “os metais, máquinas, equipamentos e minerais” são os principais bens enviados por Portugal, mencionando que se deu um acréscimo nos “produtos agrícolas e alimentares, 70 e 25%, respetivamente”. O objetivo é que Portugal continue a “procurar melhorar a sua presença” nos países árabes, que “constituem, do ponto de vista económico, elevadas potencialidades por terem uma capacidade elevada de investimento além-fronteiras”. No entanto, e “apesar de este crescimento ser verdadeiramente extraordinário”, tal “não significa um trabalho esgotado. Podemos fazer ainda mais”, como facilitar o investimento e “as parcerias com as nossas universida- des e institutos”. O governante relembrou que “Portugal não está apenas interessado em exportar mais, mas também em investimento agora, e não daqui a um ou dois anos. É preciso relações mutuamente vantajosas”. Quanto aos investidores árabes, o secretário-geral da CCIAP revelou que estão interessados na capacidade das empresas portuguesas na área das obras públicas, na dos materiais de construção, no setor têxtil, ferroviário, nos domínios do hardware e software e do saneamento básico, que podem ser “boas apostas para aumentar as exportações”. Também são interessantes os setores do turismo, das energias renováveis e a tradicional (petróleo e gás), bem como a fileira da fibra óti- ca, em que Portugal “está muito desenvolvido”, sustentou. Já o presidente da CCIAP, Ângelo Correia, declarou durante o fórum que “os mercados árabes são dos mais exigentes que conheço. Na estratégia da internacionalização, os empresários portugueses conseguem ir sozinhos a muitos sítios” do globo. “No mundo árabe isso seria um erro”. Daí que, nesta edição especial, o OJE tenha selecionado cinco desses países, pelo seu potencial e atratividade – Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Qatar – e reuniu informação de forma a traçar o perfil de cada um deles para as empresas portuguesas que estão a considerar alargar a sua estratégia de internacionalização. Paulo Portas ministro do Estado e dos Negócios Estrangeiros O objetivo é que Portugal continue a “procurar melhorar a sua presença” nos países árabes, que “constituem, do ponto de vista económico, elevadas potencialidades por terem uma capacidade elevada de investimento além-fronteiras”. android • iphone • ipad • www.oje.pt Publicidade | sexta-feira 28 de junho de 2013 | 55 | | 56 | sexta-feira 28 de junho de 2013 | www.oje.pt • ipad • iphone • android Regiões económicas RETRATO DE 5 PAÍSES Estados do Golfo Pérsico Arábia Saudita AMBIENTE DE NEGÓCIOS FAVORÁVEL Berço do Islão, a principal potência económica do mundo árabe está entre os 12 países do globo onde o ambiente de negócios é mais favorável e entre os 20 destinos preferidos para o investimento estrangeiro. Limitado a leste pelo Mar Vermelho e a oeste pelo Golfo Arábico, o Reino da Arábia Saudita detém mais de 20% das reservas mundiais de petróleo e é o seu maior exportador (mais de 90% das remessas do país, representando 75% das receitas do Governo e 45% do PIB). No sentido de diversificar a economia e promover a criação de emprego, sobretudo na população mais jovem (cujo principal handicap é a falta de formação), esta monarquia absoluta (em que o rei é o chefe de Estado e do Governo, liderando de acordo com a Sharia, lei sagrada do islamismo) tem fomentado o crescimento do setor privado, com enfoque na geração de energia, telecomunicações, gás natural e petroquímica. Entre 2003 e 2005, o crescimento médio anual da economia foi de 6,2% e de 3,1% nos três anos a seguir, verificando-se quase uma estagnação em 2009 (0,1%), resultado da crise financeira de 2008. A extração/produção de petróleo é a atividade económica com maior relevância da Arábia Saudita, que é o maior produtor na OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo. Também produz quantidades significativas de gás natural (os restantes principais recursos naturais são o minério de ferro, cobre e ouro). As estimativas apontam para que a produção industrial tenha crescido 3,1% em 2011. A seguir à produção de petróleo bruto e refinamento, as principais indústrias (com 21,4% da força laboral, num total de 7737 milhões de pessoas) são a petroquímica, cimento, gases industriais, construção, fertilizantes, plásticos, reparação de navios e aviões comerciais. Sem lagos ou rios, sofre com a escassez de água e foi até há pouco tempo limitado pela inexistência do líquido e pela grande salinidade do solo, mas apostou na irrigação (com recurso à captação de água subterrânea nos lençóis freáticos), tornando-se grande produtor de trigo. Outros produtos agrícolas importantes são a cevada, o tomate, melões, citrinos; en- “ Entre os 20 destinos preferidos para o investimento estrangeiro, o território saudita detém mais de 20% das reservas mundiais de petróleo e é o seu maior exportador tre os produtos de origem animal, destaque para o gado caprino, galináceos, ovos e leite. A agricultura representa hoje 6,7% da força laboral, sendo que a maior fatia dos trabalhadores pertence ao setor dos serviços, com 71,9%. O país é um grande destino de imigração proveniente do sul e leste da Ásia, e da África Oriental, na grande maioria trabalhadores não especializados. Com um Produto Interno Bruto (PIB) de 494 mil milhões de euros no exercício transato, a uma taxa de crescimento real de 6%, e com uma inflação de 4,6% (estimativas 2012), exportou 286,6 mil milhões de euros no ano passado. Os grandes destinos são o Japão (com 13,9%), a China (13,6%), os EUA (13,4%), a Coreia do Sul (10,2%), a Índia (7,8%) e Singapura (4,8%) (dados de 2011). Em termos de importações, as principais são de maquinaria e equipamento, produtos alimentares, químicos, veículos motores, têxteis, estimando-se que tenham atingido os 102,3 mil milhões de euros em 2012. Os principais mercados de origem, em 2011, eram a China (12,8%), os EUA (11,9%), a Alemanha (7,1%), a Coreia do Sul (6%), o Japão (5,6%), a Índia (4,9%) e Itália (4,1%). Quanto às trocas comerciais com Portugal, a balança pende a favor da Arábia Saudita, apesar de, em 2012, ter exportado menos 2,6% (bens no valor de 890 milhões de euros) face ao ano anterior (914 milhões de euros); enquanto Portugal enviou para o mercado saudita artigos no valor de quase 133 milhões de euros, mais 42,8% por comparação com os 93 milhões de 2011. O país – 34.º no ranking das exportações lusas de bens e serviços, que no período de 2007 a 2011 tiveram um crescimento médio anual de cerca de 28% – é cliente da indústria portuguesa de rochas ornamentais. Em abril deste ano, a AICEP Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal organizou uma missão empresarial ao país, com 53 companhias (da área agroalimentar, construção e engenharia, saúde, setor financeiro, tecnologias de informação e comunicação e energia). Bahrein BAIXA TRIBUTAÇÃO Formado por um arquipélago de 33 ilhas (em que a maior é a do Bahrein), o mais pequeno dos ARÁBIA SAUDITA BAHREIN EAU KUWAIT QATAR Superfície 2 149 690 km2 População 28 080 703 (2011) População até 14 anos 28,2% População acima 25 anos 52,2% Densidade 11 hab./km2 Cresc. demográfico/ano 1,51% (est. 2013) Esperança de vida 74,58 anos Escolaridade 86,6% Taxa desemprego 10,7% (2012, só homens) Ranking IDH (2012) 0,782 (57.º) Línguas base Árabe (oficial), inglês Religiões Muçulmana (100%) Uni. monetária Rial saudita (1 euro = 4,9) Superfície 760 km2 População 1 281 332 (julho 2013 est.) População até 14 anos 20% População acima 25 anos 48,2% Densidade 1 189,5 hab./km2 (2009) Cresc. demográfico/ano 2,57% (est. 2013) Esperança de vida 78,43 anos Escolaridade 94,6% Taxa desemprego 15% (est. 2005) Ranking IDH (2012) 0,796 (48.º) Línguas base Árabe (oficial), inglês Religiões Muçulmana (81,2%), cristã (9%) Uni. monetária Dinar (1 euro = 0,5) Superfície 83 600 km2 População 5 473 972 (est. julho 2013) População até 14 anos 20,6% População acima 25 anos 65,6% Densidade 55 hab./km2 Cresc. demográfico/ano 2,87% (est. 2013) Esperança de vida 76,91 anos Escolaridade 77,9% Taxa desemprego 2,4% (2001) Ranking IDH (2012) 0,818 (41.º) Línguas base Árabe (oficial), inglês, Religiões Muçulmana (96%) Uni. monetária Dirham (1 euro = 4,8) Superfície 17 818 km2 População 2 695 316 (est. julho 2013) População até 14 anos 25,6% População acima 25 anos 58,9% Densidade 131 hab./km2 Cresc. demográfico/ano 1,79% (est. 2013) Esperança de vida 77,46 anos Escolaridade 93,3% Taxa desemprego 22,4% (est. 2004) Ranking IDH (2012) 0,790 (54.º) Línguas base Árabe (oficial), inglês Religiões Muçulmana (85%) Uni. monetária Dinar (1 euro = 0,4) Superfície 11 586 km2 População 2 042 444 (est. julho 2013) População até 14 anos 12,5% População acima 25 anos 73,6% Densidade 146 hab./km2 Cresc. demográfico/ano 4,19% (est. 2013) Esperança de vida 78,24 anos Escolaridade 96,3% Taxa desemprego 0,5% (est. 2012) Ranking IDH (2012) 0,834 (36.º) Línguas base Árabe (oficial), inglês ReligiõesMuçulmana (77,5%), cristã (8,5%) Uni. monetária Rial (1 euro = 4,8) Fontes: Banco Mundial, CCIAP - Câmara de Comércio e Indústria Árabe - Portuguesa, CIA - The World Fact Book, Conselho de Cooperação do Golfo (GCC) FMI, Nações Unidas, OCDE. android • iphone • ipad • www.oje.pt Publicidade | sexta-feira 28 de junho de 2013 | 57 | | 58 | sexta-feira 28 de junho de 2013 países árabes tem um dos mais elevados índices mundiais de desenvolvimento humano. Com uma economia próspera e dinâmica, esta monarquia institucional (com primeiro-ministro e gabinete apontados pelo rei, pertencentes à família real) dispõe de um dos mais importantes centros de serviços bancários e financeiros do Médio Oriente. A incerteza interna de 2011/12 afetou o reino, que já está no caminho da recuperação, de que são indicadores o regresso da Fórmula 1 e dos cruzeiros de passageiros ao país. Está empenhado em diversificar e abrir a economia – que tem o ritmo de crescimento mais rápido no mundo árabe, segundo as Nações Unidas. O ambiente liberal, a baixa tributação, a ausência de limitações à propriedade estrangeira e uma macroeconomia estável converteram-no num destino privilegiado para a fixação de companhias interessadas em desenvolver negócios na região do Golfo. Aliás, a desenvolvida rede de transportes e de comunicação atraiu várias multinacionais com negócios na zona. A prevista rápida expansão nas infraestruturas logísticas e de transportes, energia e água, turismo, comércio e habitação irá beneficiar o setor privado. Estima-se que o PIB em 2012 tenha sido de 24,32 mil milhões de euros, com uma taxa real de crescimento de 2%. Quanto à taxa de inflação, dados apontam para que tenha sido de 3% em 2010. A maior parte da força laboral do país, num total de 656 200 pessoas, encontra-se na indústria (79%), seguida dos serviços (20%), com a agricultura a representar apenas 1%. As principais áreas de atividade são o processamento e refinamento de petróleo “ O Bahrein tem um dos mais elevados índices de desenvolvimento humano do mundo e um dos mais importantes centros de serviços bancários e financeiros do Médio Oriente | www.oje.pt • ipad • iphone • android Regiões económicas (responsável por 60% das exportações, 70% dos rendimentos do Governo e 11% do PIB), o fabrico de alumínio (a segunda maior exportação), banca islâmica e offshores (compete com a Malásia enquanto centro mundial do sistema bancário islâmico), bem como a construção, seguindo-se a reparação naval, ferro, fertilizantes e turismo. O desemprego, sobretudo entre a população mais jovem, bem como a deterioração dos lençóis subterrâneos de água, são preocupações a longo prazo. Os principais produtos agrícolas e animais são a fruta, os vegetais, aves, peixe e camarão, lácteos. As receitas do petróleo do Bahrein – que se tornou no centro produtor e ponto de refinação e de embarque do crude da Arábia Saudita (enviado por um oleoduto submarino) – per- mitiram impulsionar projetos industriais nas áreas do cimento, alumínio e construção naval. Também a extração de gás natural assumiu grande importância para o país. O grosso das exportações, que se estima que tenham atingido os 15,71 mil milhões de euros em 2012, reside no petróleo e produtos derivados, alumínio, têxteis, sobretudo para o Japão (25,7% do total), a Coreia do Sul (17,7%), a Índia (9,6%), Singapura (6,3%) e o Reino Unido (6,2%) (dados de 2011). Os bens que mais importa são o petróleo, químicos, maquinaria e equipamento, dos EUA (12,7%), os EAU (12,3%), a Arábia Saudita (9,3%), o Reino Unido (6,2%), a China (5,4%), a Alemanha (5,2%), o Japão e França (ambos com 4,6%), Itália (4,5%) (2011), cujo valor se estima que te- “ Os EAU, o terceiro maior exportador mundial de petróleo, são um dos países mais ricos do globo em termos de PIB per capita 2010 14,48 9,80 5,50 4,10 3,50 2,90 2,60 2,40 2,10 2,04 Total de outros países Total mundial 19,57 68,99 Qatar Bahrein 0,8 mbd 0,18 mbd Oman 0,8 mbd Total mundial excluindo a GCC 55,51 mbd GCC 14,48 mbd EAU 2,3 mbd Arábia Saudita 8,1 mbd Kuwait 2,3 mbd Milhões de barris/dia PETRÓLEO - RESERVAS MUNDIAIS POR PAÍS País 1 Estados membros da GCC 2 Venezuela 3 Irão 4 Iraque 5 Rússia 6 Líbia 7 Cazaquistão 8 Nigéria 9 EUA 10 China 2010 496 297 151 143 77 47 40 37 19 18 Total de outros países Total mundial 142 1467 Mil milhões de barris EAU 98 Total mundial excluindo a GCC 66% GCC 34% Emirados Árabes Unidos POLÍTICA DE ZERO IMPOSTOS PETRÓLEO - PRODUÇÃO MUNDIAL POR PAÍS País 1 Estados membros da GCC 2 Rússia 3 EUA 4 China 5 Irão 6 Venezuela 7 México 8 Iraque 9 Brasil 10 Nigéria nha alcançado os 11,21 mil milhões de euros em 2012. Para Portugal, o Bahrein exportou menos 99,9% (17 mil euros face aos 15 milhões de 2011 – sobretudo produtos minerais), tendo também recebido menos 10,5% de bens lusos (4,2 milhões de euros em relação aos anteriores 4,7 milhões). Arábia Saudita 265 Kuwait 102 Bahrein 0,12 Qatar 25 Oman 6 • mdb: Milhões de barris diários Fonte: GCC (Conselho de Cooperação do Golfo) O terceiro maior exportador mundial de petróleo é composto por sete emirados – Abu Dhabi, Dubai, Sharjah, Ras Al Khaiman, Umm Al Qwain, Ajman e Fujairah – que se uniram em 1971, numa Federação Constitucional designada por Emirados Árabes Unidos (EAU). O maior, Abu Dhabi, representa 87% da área total, e o menor, Ajman, corresponde a 0,3%. Cada emirado é uma monarquia, com certa soberania sobre o território regional. Assumem particular relevo como centro de reexportação de mercadorias para os restantes mercados do Golfo e limítrofes. Apesar da crise financeira global, os EAU prosseguem os investimentos em importantes projetos de infraestruturas e equipamentos, e a sua economia aberta, uma das mais desenvolvidas do Médio Oriente, mantém-se sólida. Graças à estratégia de diversificação e à introdução de reformas legislativas e fiscais, este ponto de trânsito vital para o petróleo bruto mundial encontra-se num período de grande crescimento económico sustentado, tendo criado um ambiente favorável aos negócios. A política de zero impostos e 100% de propriedade estrangeira tem atraído o investimento do exterior. O boom na construção (indústria em expansão) e um próspero setor de serviços estão a impulsionar a economia local. É um dos países mais ricos do mundo em termos de PIB per capita (37 euros, est. 2012). Com um PIB estimado de 203,1 mil milhões de euros para 2012, a taxa real de crescimento para o ano passado terá sido de 4% e a taxa de inflação de 1,1%. A diversificação econó- android • iphone • ipad • www.oje.pt Publicidade | sexta-feira 28 de junho de 2013 | 59 | | 60 | sexta-feira 28 de junho de 2013 mica reduziu para 25% a parte do PIB com base na produção de petróleo e gás. A educação, transportes e cuidados de saúde são gratuitos devido à riqueza criada a partir do petróleo. A exploração do “ouro negro” atraiu um grande número de estrangeiros, o que faz com que menos de 50% da população seja árabe. Têm uma força laboral de 3908 milhões de pessoas, em que a grande maioria trabalha no setor dos serviços (78%), seguindo-se a indústria (15%) e a agricultura (7%). As principais indústrias são a do petróleo (têm a sexta maior reserva petrolífera do globo), a pesca, a petroquímica, o alumínio, o cimento, fertilizantes, materiais de construção, têxteis, reparação de navios, artesanato. Os principais produtos agrícolas e animais são as tâmaras, vegetais, melancias, aves, peixes, ovos e artigos lácteos. A dependência do petróleo, uma grande força de trabalho expatriada e crescentes pressões inflacionárias são desafios a longo prazo. Têm um considerável excedente comercial anual, tendo atingido os 225,3 mil milhões de euros em exportações no exercício transato, sobretudo com petróleo (45%), gás natural, reexportações, peixe seco e tâmaras. Os principais países para onde exportam são o Japão (16,2%), a Índia (13,5%), o Irão (10,9%), a Coreia do Sul (5,6%), a Tailândia (5,5%), Singapura (4,4%) (dados de 2011). As importações atingiram os 165,1 mil milhões de euros em 2012, principalmente em maquinaria, equipamento de transporte, químicos e produtos alimentares. Estes bens são provenientes principalmente da Índia (19,8%), da China (13,7%), EUA (8,1%) e da Alemanha (4,6%) (dados de 2011). É o único dos cinco países analisados em que a balança comercial é positiva para Portugal. No ano passado, os EAU exportaram menos | www.oje.pt • ipad • iphone • android Regiões económicas “ Detentor de alguns dos campos de petróleo mais ricos do globo, o Kuwait é fortemente dependente do comércio exterior, tendo um grau de abertura superior a 80% 66,6% para o mercado português (quase 23 milhões de euros face os anteriores 68,7 milhões), e receberam mais 6,0% de artigos lusos (95,5 milhões de euros em relação aos 90 milhões de 2011). São o principal destino no Golfo das exportações portuguesas – de máquinas e equipamentos, madeira e cortiça, vestuário, veículos e outros materiais de transporte, segundo a AICEP. Kuwait LIVRE DE IMPOSTOS A localização geográfica favoreceu o desenvolvimento do quarto maior exportador mundial de petróleo (que representa cerca de metade do PIB interno e 95% das receitas orçamentais) enquanto centro comercial e financeiro na região. Esta monarquia constitucional com um sistema parlamentar de Governo tem o maior índice de desenvolvimento humano do mundo árabe e o 12.º maior PIB per capita do planeta (dados FMI de 2011). Com um PIB estimado em 124,3 mil milhões de eu- ros em 2012, a uma taxa real de crescimento de 6,3%, e uma inflação de 3,2%, as exportações no período – de petróleo e produtos refinados, bem como de fertilizantes – terão atingido os 81,72 mil milhões de euros. País livre de impostos, detém alguns dos campos de petróleo mais ricos do globo, com reservas comprovadas de crude de 104 mil milhões de barris (cerca de 10% das reservas mundiais), cujos derivados representam cerca de 95% das receitas de exportação. Os mercados de destino são o da Coreia do Sul (17,7%), o da Índia (15,3%), o do Japão (13,7%), o da China (9,6%) e o dos EUA (8,4%) (dados de 2011). Mas o Governo quer diminuir a dependência do petróleo, para se transformar num centro de comércio regional e pólo turístico. Para tal tem um plano de desenvolvimento de cerca de 100 mil milhões de euros a cinco anos (até 2014) que envolve a diversificação da economia, a privatização de empresas públicas, a dinamização do setor privado, a melhoria da prestação dos serviços públicos, nomeadamente dos sistemas de saúde e de educação, e um aumento considerável da despesa em infraestruturas. As indústrias não petrolíferas com maior peso consistem em químicos, cimento, construção e reparação naval, dessalinização, transformação alimentar (cujo principal produto é o peixe) e materiais de construção. A segunda economia mais livre Emirados Árabes Unidos. Entre os setores com maior potencial para as empresas portuguesas destacam-se o agroalimentar, tecnologias de informação e de comunicação, indústria farmacêutica e análises clínicas. Também a energia é uma aposta forte dos EAU, que projetam a construção do maior campo de energia solar do mundo até 2030. Mas antes, caso sejam escolhidos para sediar a Exposição Universal de 2020 (Expo 2020), o Governo do Dubai quer investir 5 mil milhões de dirhans (1,04 mil milhões de euros) na expansão da rede do metropolitano. Em construção e previsto ficar concluído em 2014, está o parque temático Dubailand (em cujo espaço de estacionamento cabe a atual DisneyWorld) que, só para a primeira fase, obteve 42,3 mil milhões de euros em investimento privado. O complexo de Jebel Ali, no Dubai, que está em expansão e conta com mais de 200 unidades fabris, inclui um porto de águas profundas e uma zona franca para fabrico e distribuição, onde as mercadorias para exportação são 100% isentas de impostos. Está a ser construída uma linha ferroviária que vai ligar as principais cidades e portos, cuja primeira fase deve ser inaugurada ainda este ano; o projeto de vários biliões de euros deverá ligar o Dubai a Abu Dhabi até 2016, para se estender a outras regiões até 2018. Estes são apenas alguns exemplos dos projetos terminados ou em curso. A empresa de vigilância eletrónica Eneida celebrou um contrato no país em dezembro, integrada na missão empresarial da Aicep. Também a Groundforce assinou um acordo na área da logística de aeroportos com o fundo Shuaa do Dubai. Na construção civil, o Grupo Catarino celebrou uma parceria para se posicionar em obras no Golfo Pérsico, seja diretamente como empreiteiros, seja funcionando como subempreiteiros de grandes grupos locais. Já a Vivafit quer abrir a primeira filial nos EAU em outubro próximo e referiu que poderá ingressar em mais dois países da região este ano. do Médio Oriente é fortemente dependente do comércio exterior, sendo o grau de abertura (medido pelo rácio da soma das exportações e importações pelo PIB) superior a 80%. Cerca de 75% da água potável tem de ser destilada ou importada, pelo que os bens mais importados são os alimentares (o clima limita o desenvolvimento da agricultura), materiais de construção, veículos e partes, vestuário. Estima-se que as importações tenham atingido os 18,06 mil milhões de euros no ano passado, provenientes sobretudo dos EUA (12,4%), da China (9,7%), da Arábia Saudita (8,4%), da Coreia do Sul (6,5%), da Índia (6,4%), do Japão (6,2%), da Alemanha (5%) e dos EAU (4,3%) (dados de PROJETOS INFRAESTRUTURANTES Os países do Golfo Pérsico representam uma economia em forte crescimento. É nesta região que se concentra a principal produção de hidrocarbonetos, havendo também fortes perspetivas de desenvolvimento nos setores não petrolíferos, com grandes investimentos em termos de infraestruturas. Arábia Saudita. As empresas portuguesas interessadas em investir no mercado saudita vão encontrar segurança e estabilidade, havendo as vantagens do custo da energia, da mão de obra disponível, um ambiente de negócios favorável ou o facto de o país ser uma plataforma para os mercados vizinhos e do Médio Oriente. O Governo tem 284 mil milhões de euros para aplicar, entre 2010 e 2014, no desenvolvimento social e em infraestruturas. A AICEP - Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal considera que este é “um mercado de elevado potencial”. Em abril, a entidade organizou uma missão ao país com empresas da área agroalimentar, construção e engenharia, energia, saúde, setor financeiro, tecnologias de informação e comunicação. Neste âmbito, a companhia de revestimentos cerâmicos Recer (que também tem negócios nos EAU) assinou um acordo comercial com a congénere saudita Prince Turki Bin Sa’da Al Saud Trade, que vai promover e distribuir a marca portuguesa. Também a Vivafit, cadeia de ginásios para mulheres (já presente em Omã), aproveitou a nova legislação que autoriza a frequência feminina de ginásios próprios para entrar no país (o único no mundo que proíbe a condução às mulheres). Bahrein. A capital, Manama, acolhe infraestruturas financeiras como o Bahrein World Trade Center ou o Porto Financeiro. O Governo aposta na atração de estrangeiros, proporcionando habitação, emprego e cidadania. Está a avançar com um plano de urbanização de grande envergadura, onde se inclui a renovação das principais vias rodoviárias e redes de esgoto do país, bem como a construção de novas infraestruturas. Em dezembro de 2012, no âmbito de uma missão empresarial da AICEP, a Aquapor fez uma parceria que cobre o Bahrein, o Kuwait e Omã para a construção de estações de tratamento de águas residuais. No início deste mês, a Efacec anunciou a conclusão de uma encomenda de 10 milhões de euros da Electricity and Water Authority para sistemas integrados de automação, proteção e controlo para subestações elétricas. O Bahrein é também o segundo país na região do Médio Oriente em que a Vivafit está presente, com um master franchising, e onde prevê a abertura de cinco ginásios em três anos. Kuwait. O presidente da AICEP, Pedro Reis, referia em dezembro último aquando de uma missão empresarial ao país, que o Kuwait “tem uma economia diferente”, pelo que, por exemplo, na lógica dos grandes fundos soberanos, a entidade apostou em reuniões com a Kuwait Investment Authority, “um potentado financeiro”. O objetivo da presença portuguesa foi encaminhar o posicionamento das empresas de construção, engenharia e de projeto “para que possam concorrer aos futuros projetos, seja como empreiteiros, seja também para subempreitadas no sentido de trabalharem para grandes grupos”. Qatar. Em pouco mais de uma década, metamorfoseou-se num broker político e num centro para o investimento global, com um fundo soberano estimado em mais de 77 mil milhões de euros. O portefólio do país inclui imobiliário, marcas de luxo e uma presença de peso no mundo desportivo (de que é exemplo o clube de futebol Paris SaintGermain, detido pelo Qatar Sports Investments, pertencente ao emir, o sheik Tamim). Em 2022, recebe o Campeonato do Mundo de Futebol da FIFA, o que está a acelerar a construção de infraestruturas de grande dimensão, entre as quais a rede de metropolitano, sistema ferroviário, bem como a ponte de ligação ao Bahrein. No final deste ano, deverá ser inaugurado o Aeroporto Internacional de Hamad, assim a infraestrutura obedeça às exigências de construção que levaram ao adiamento da abertura em abril; avaliado em 11,8 mil milhões de euros e com uma capacidade anual prevista de 28 milhões de passageiros (atingindo os 50 milhões em 2015), o aeroporto receberá, na primeira fase, 12 companhias aéreas internacionais, incluindo low cost, e vai acolher a base de operações da Qatar Airways. Está também a ser construído um porto marítimo, projeto com a conclusão prevista para 2025 e um investimento de cerca de 1270 milhões de euros. A construtora Casais é uma das empresas portuguesas com negócios no Qatar. android • iphone • ipad • www.oje.pt Publicidade | sexta-feira 28 de junho de 2013 | 61 | | 62 | sexta-feira 28 de junho de 2013 2011). Com Portugal, a balança comercial inclina de forma positiva para o Kuwait, que no ano passado exportou mais 1080,8% face a 2011 (quase 40 milhões de euros vs. 3,4 milhões), mas também recebeu mais 140,9% de bens de origem portuguesa (quase 35 milhões de euros vs. 14,5 milhões). Entre janeiro e outubro de 2012, as remessas lusas duplicaram, devido sobretudo à exportação de máquinas e equipamentos, alimentação e metais comuns (dados AICEP). | www.oje.pt • ipad • iphone • android Regiões económicas “ A economia do Qatar regista uma das mais rápidas taxas de crescimento do planeta, sendo também uma das financeiramente mais sólidas Qatar O MAIS ESTÁVEL Com uma das mais baixas taxas de desemprego e um dos mais elevados rendimentos per capita do mundo (79 euros, est. 2012), o Qatar é considerado o país mais estável do Médio Oriente. Graças ao petróleo e ao gás natural (que representam GÁS NATURAL PRODUÇÃO MUNDIAL País GÁS NATURAL RESERVAS MUNDIAIS 2010 1 EUA 2 Rússia 3 Estados membros da GCC 4 Irão 5 Canadá 6 Noruega 7 China 8 Países Baixos 9 Algéria 10 Indonésia Total de outros países Total mundial cerca de 50% do PIB, 85% das receitas de exportação e 70% do rendimento do Governo), a sua economia regista uma das mais rápidas taxas de crescimento do globo, sendo também uma das financeiramente mais sólidas. A nível mundial, situou-se em 4.º lugar em termos de 611 610 274 187 153 106 930 86 84 83 943 3,229 Valores em milhares de milhões de m3 País 2010 1 Rússia 46 000 2 Estados membros da GCC 41 794 3 Irão 33 090 4 Turquemenistão 8340 5 EUA 7075 6 Venezuela 5525 7 Nigéria 5110 8 Algéria 4504 9 Austrália 3225 10 Iraque 3158 Total de outros países Total mundial 34 728 192 549 Valores em milhares de milhões de m3 GCC 8% GCC 22% Total mundial excluindo a GCC 92% Total mundial excluindo a GCC 78% Fonte: GCC (Conselho de Cooperação do Golfo) crescimento em 2011. As receitas provenientes da exploração das enormes jazidas de gás natural (cerca de 14% das reservas mundiais, a terceira maior do planeta) e petróleo (reservas estimadas em 15 mil milhões de barris) permitiram a esta monarquia absoluta investimentos massivos em obras públicas, educação e saúde. A diversificação económica é uma prioridade da Estratégia de Desenvolvimento Nacional, e o setor não energético tem recebido importantes financiamentos. Algumas das áreas mais promissoras são o imobiliário, os serviços financeiros, a investigação científica, as tecnologias de informação e o turismo. A indústria não petrolífera e a construção de infraestruturas continuam em grande expansão. Há uma forte aposta na economia baseada no conhecimento, com a atração de empresas de base tecnológica para o território. O Centro Financeiro do Qatar proporciona às instituições financeiras margem e empréstimos sem juros, bem como apoio ao capital. Em 2011, o Qatar cresceu suportado na expansão do setor de gás, mas no ano passado o PIB desacelerou para 6,3%, como resultado da conclusão desse mesmo processo de investimento. De acordo com o CIA World Fact Book, tem o maior PIB per capita do mundo. Em 2012, o PIB do país terá alcançado os 142 mil milhões de euros, com uma taxa real de crescimento de 6,3% e uma inflação de 1,9%. Juntamente com o Bahrein, é uma das nações com as mais baixas taxas de impostos do mundo. Cerca de 75% da população é formada por imigrantes, sobretudo da Índia e do Paquistão. A produção concentra-se na produção e refinamento de crude, fertilizantes, petroquímica, aço, cimento, reparação de navios. Os produtos mais exportados (que se estima que tenham atingido os 88,23 mil milhões de euros em 2012) são os petrolíferos, o gás natural, fertilizantes e aço, principalmente para o Japão (25,7%), a Coreia do Sul (17,7%), a Índia (9,6%), Singapura (6,3%) e o Reino Unido (6,2%) (em 2011). Os bens mais importados são os alimentares, químicos, máquinas e equipamento de transporte, num valor estimado de 17,6 mil milhões de euros em 2012, oriundos dos EUA (12,7%), EAU (12,3%), Arábia Saudita (9,3%), Reino Unido (6,2%), China (5,4%), Alemanha (5,2%), Japão (4,6%), França (4,6%), Itália (4,5%) (2011). Os principais produtos agrícolas são a fruta, os vegetais, gado caprino, produtos lácteos e peixe. As trocas comerciais com Portugal caíram 27% em 2012, de 88,1 milhões de euros no ano antes para 64,4 milhões; as importações de artigos portugueses também decresceram, em 8,6%, de 13,9 milhões de euros em 2011 para 12,7 milhões no exercício transato. De janeiro a novembro de 2012, as máquinas e aparelhos lideraram as vendas de Portugal para o país (28,1%), seguindo-se os minerais e minérios (14,9%) e o vestuário (10,2%), representando, em conjunto, cerca de 53% do valor global. Houve um aumento significativo no envio de máquinas e aparelhos em relação ao homólogo de 2011 (cerca de 204%). A Qatar Investment Authority, holding soberana do Estado, esteve no ano passado em Portugal, tendo reunido com promotores turísticos, bancos e responsáveis por grandes projetos de empresas portuguesas cotadas em Bolsa. De acordo com a AICEP, “segue-se atualmente uma política de diversificação de investimentos com vista ao crescimento económico, para além das reservas de petróleo e gás natural. Neste contexto, estão abertas novas perspetivas de negócio que valerá a pena aprofundar”. android • iphone • ipad • www.oje.pt Publicidade | sexta-feira 28 de junho de 2013 | 63 | PUB