Eficiência energética, operacional e financeira Carlos Costa – Director de Marketing e Qualidade da ATM Atendendo às recentes restrições orçamentais e à envolvente económica quase recessiva que se prevê nos próximos tempos, é provável que, salvo algumas excepções, se invista mais intensamente em serviços de manutenção, consolidação, “afinação” e até “salvação” do equipamento existente, ou em simples projectos de mera renovação tecnológica e, mais prudentemente, em novas soluções de inovação e vanguarda tecnológica. O tema da eficiência está agora, ainda mais, na ordem do dia. É preciso fazer ainda mais com menos recursos. É urgente eliminar desperdícios. É fundamental monitorizar e controlar os principais custos e, além de tudo isso, é muito importante preservar o ambiente implementando soluções sustentáveis. A energia é um dos itens que, em muitas organizações, tem um elevado peso orçamental. Pequenos ajustes técnicos e/ou comportamentais podem poupar muitos milhares de euros. Fases desequilibradas e consumos reactivos são exemplos de áreas onde pequenas correcções podem eliminar consumos e custos desnecessários. Além disso a lei (DL319/2009, DL71/2008 e DL79/2006) obriga os consumidores de maior dimensão (500tep ou superior) a realizarem auditorias e planos de racionalização e melhoria de eficiência energética. Até os produtores e distribuidores têm interesse neste mecanismo de controle e gestão, pois uma equilibrada produção e distribuição de energia é mais rentável. Com o aumento de consumo e de preços previstos para o futuro, este assunto adquire ainda mais importância e prioridade. Mas também nas operações do dia a dia das organizações, a eficiência e produtividade são temas actuais. As tecnologias de informação e comunicação são hoje a base operacional de muitas empresas e instituições. Se elas param, pára tudo e, naturalmente, pára todo o serviço ao seu cliente ou utente e, por essa razão deverão haver planos de recuperação de falhas bem preparados. Se elas funcionam eficientemente toda a organização será naturalmente mais eficiente também. As TIC podem pois contribuir decisivamente para o aumento da produtividade. No entanto, são um dos pólos de maior crescimento de consumo energético dos últimos anos. Daí que as auditorias energéticas devam considerar este ponto, nomeadamente o somatório de todos os dispositivos electrónicos ligados à rede, a chamada informática distribuída. Um PC que consuma 100W não é certamente relevante no consumo de energia geral num Hospital. Mas os 2.000 postos de trabalho ligados 24 horas por dia, 365 dias por ano, estarão a custar valores da ordem da centena de milhares de euros. E atenção que o modo de “stand by” poderá consumir, em muitos casos, valores semelhantes ao modo de “ligado”. De acordo com um estudo da Universidade de Coimbra, estima-se que o chamado “stand by” de alguns aparelhos electrónicos é o responsável por um desperdício na ordem dos 10.000 milhões de euros, no espaço de toda a comunidade europeia. Também a OMS – Organização Mundial de Saúde fala em desperdícios na ordem dos 20 a 40% na gestão dos sistemas de saúde e recomenda uma melhor eficiência em vez de cortar nos gastos. E são várias as áreas em que se pode actuar. Desde a eficiência energética até à eficiência operacional de alguns serviços. O exemplo de um Hospital que desperdiça quase um milhão de euros, por ano, em consultas externas que não se realizam por falta de comparência dos doentes, é um caso que pode ser minorado com um simples sistema CRM (Gestão de Relacionamento com o Cliente) que custa muito menos que esse valor anual. Também na área financeira se fala em eficiência. Têm hoje grande sucesso as empresas de renting, permitindo às frágeis tesourarias um alívio significativo, passado a pagar-se o serviço, numa mensalidade suave, em vez dos elevados investimentos iniciais e dos tradicionais processos de compra, instalação e respectiva manutenção de computadores, impressoras e outros dispositivos informáticos. Outra forma, também muito utilizada e eficiente, é o financiamento nos fornecedores, com prazos de pagamento cada vez mais dilatados e, se possível, sem juros. O Estado aqui tem dado o exemplo mas, com a nova Lei n.º 3/2010, e a pressão comunitária que obriga a pagar a 30 dias aos seus fornecedores, com pagamento de juros de mora após esse prazo, esta forma de financiamento, neste sector, será certamente menos eficaz no futuro. Em qualquer uma das áreas, a palavra de ordem é: eficiência. Até nas cidades se fala de eficiência utilizando o termo anglo-saxónico de Smarter Cities. Quando falamos em Cidades Mais Inteligentes falamos, no fim de contas, também de cidades mais eficientes, com melhor mobilidade, melhor gestão de serviços, melhor ambiente e, acima de tudo, mantendo ou melhorando a satisfação do cidadão ou do munícipe que, na realidade, somos todos nós.