Curso “ A Europa da Cidadania, da Criatividade e da Inovação” 1 Unidade 1.2 - Estudo de caso Estudo de caso “Uma aula diferente com computadores” Este texto é um relato de uma das aulas de 10º ano do professor Humberto Dias (nome fictício), onde procurou apresentar um tema difícil de uma forma diferente. Narra-nos um conjunto de ocorrências que utilizaremos como estudo de caso e ponto de partida para a nossa própria reflexão e partilha de experiências sobre a temática dos New Millenium Learners. Na minha actividade lectiva, sempre procurei que os meus alunos participassem activamente nas aulas. Talvez por isso, e procurando interessar os alunos por uma matéria onde sempre tive dificuldades em manter o seu interesse, decidi realizar uma actividade diferente utilizando os computadores. Nessa aula, em vez de ficarmos na nossa sala habitual, deslocámo-nos, com grande satisfação dos miúdos, para a sala de informática da escola, previamente reservada para esse período lectivo. Os alunos ficaram bastante entusiasmados por utilizarem os computadores, e logo que entraram deslocaram-se imediatamente para os mesmos. Foi preciso um certo esforço da minha parte, para que ocupassem os seus lugares nas mesas frontais ao quadro, para que pudesse iniciar uma breve apresentação do tema e da actividade. Utilizei mais uma vez o Powerpoint, algo a que já estamos habituados, mas não consegui tirar partido do quadro branco interactivo, disponível na sala. Introduzi o tema, motivando-os para a temática em estudo, contando uma história. Apresentei a actividade, que constava num conjunto de perguntas, sobre as quais os alunos teriam de procurar encontrar as respostas na Internet. Para tal, seria distribuída uma ficha em Word, que deveria ser preenchida pelos alunos, com os resultados e fontes das suas pesquisas. Por não haverem computadores para todos os alunos, dividimo-nos em grupos de trabalho de dois, o que, de alguma forma me agradou, pois os trabalhos colaborativos são algo que procuro privilegiar nas minhas aulas. Os alunos dirigiram-se, aparentemente sedentos, para os computadores que escolheram. Infelizmente, alguns dos computadores não estavam a funcionar convenientemente, e tivemos de reajustar os grupos de Iniciativa: * O CIEJD enquanto Organismo Intermediário no quadro da Parceria de Gestão estabelecida entre o Governo Português e a Comissão Europeia, através da sua Representação em Portugal. Curso “ A Europa da Cidadania, da Criatividade e da Inovação” 2 Unidade 1.2 - Estudo de caso trabalho. Depois de gasto algum tempo, com o qual não tinha contado no meu planeamento, todos pudemos começar a actividade. Percebi que, alguns dos alunos, assim que se sentaram ao computador, começaram imediatamente a alterar o fundo do ambiente de trabalho e a aceder ao Messenger. Fiquei um pouco surpreendido com esse facto, pois o professor responsável pelas instalações tinha-me dito que essa aplicação estava bloqueada nestes computadores. Mas eles lá conseguiram aceder e mostraram-me como. Afinal é fácil. Enquanto realizavam a actividade, percebi que comunicavam uns com os outros sobre coisas, aparentemente sem grande sentido. Tentei que se concentrassem na tarefa que tinham em mãos, mas rapidamente percebi que continuavam a trocar mensagens entre si e até com outras pessoas fora da sala da aula. Numa das mensagens que li, um deles comentava com um amigo de fora, que estava a teclar durante uma aula. “Ganda maluco - vê mais é se n és apanhado! lol” foi a resposta do amigo. Mas como continuavam a realizar a tarefa proposta, decidi permitir essa comunicação. Não passou muito tempo para que um dos miúdos lançasse a sugestão de ouvirmos uma música na sala. Como estávamos a trabalhar bem, decidi aceitar e de repetente gerou-se o caos. A música escolhida não agradava a todos e mudámo-la muitas vezes. Como esta questão começava a interferir com o propósito da nossa actividade, sugeri que nomeassem um responsável pela música, o nosso disc-Jockey para o dia. Escolheram o Ricardo, autoridade reconhecida por todos no contexto do multimédia e responsável pela partilha, com certeza pirata, de músicas e filmes pela turma e arredores. Após esta escolha, os ânimos acalmaram de novo. O Ricardo fez um excelente trabalho, que conciliou bastante bem com a tarefa que tinha para realizar. Enquanto já decorria actividade, reparei que o grupo da Ana Rita e da Teresa, estava muito atrasado. Notei então que não tinham as competências básicas para acederem ao computador e às aplicações para consultar informação na Internet e assim realizarem a actividade. Elas pretendiam que as ajudasse mais activamente, mas eu tinha toda a turma para acompanhar e senti-me muito limitado na ajuda que podia dar naquele momento. Pedi a um colega do grupo ao lado para que lhes desse uma ajuda. Infelizmente penso que não funcionou muito bem e que esse grupo acabou por não tirar grande proveito desta fase da actividade. Percebi a frustração na expressão corporal das miúdas e não pude evitar de sentir alguma tristeza por esse motivo. Depois de terminado o tempo para pesquisa, e de terem procedido às impressões das fichas de actividade preenchidas, com os seus resultados e respostas às questões lançadas, juntámo-nos de novo nas mesas centrais, para o plenário. Resposta a resposta, fomos partilhando o que descobrimos sobre o tema. Muitos tinham obtido as mesmas respostas das mesmas fontes e percebi que não tinham efectivamente reflectido sobre a informação que encontraram e seleccionaram. Esforcei-me para que o fizessem agora em plenário. Iniciativa: * O CIEJD enquanto Organismo Intermediário no quadro da Parceria de Gestão estabelecida entre o Governo Português e a Comissão Europeia, através da sua Representação em Portugal. Curso “ A Europa da Cidadania, da Criatividade e da Inovação” 3 Unidade 1.2 - Estudo de caso Foi também perceptível para todos que as informações variavam de fonte para fonte. Pormenores diferentes, dados diferentes, informações complementares e até por vezes contrárias. Aproveitámos este facto para, em conjunto, reflectirmos sobre esta diversidade de informação. Neste trabalho procurei espevitar o sentido crítico dos meus alunos. Percebi também que a minha presença naquele momento era muito importante, filtrando a informação que partilhavam, dando sentido ao que iam descobrindo e orientando o grupo nesta actividade. No fim da aula foram, como sempre, rápidos a sair. Enquanto desligava alguns dos computadores, pensei para comigo que não esperava que esta actividade, a que me propus, fosse tão exigente em termos da minha participação e atenção constantes. Mas valeu a pena e, pelo entusiasmo visível na maioria dos alunos, particularmente nesta temática difícil que neste dia tínhamos no programa de estudos, irei utilizar esta tipologia de actividade mais vezes. Humberto Dias Iniciativa: * O CIEJD enquanto Organismo Intermediário no quadro da Parceria de Gestão estabelecida entre o Governo Português e a Comissão Europeia, através da sua Representação em Portugal.