25 do País. São rádios do mundo inteiro”, destaca o presidente da Abert. Além da transmissão da programação, a ferramenta oferece chat ilimitado, geolocalizador e interação com o público via SMS e redes sociais. A Jovem Pan é uma das mil participantes da iniciativa. A rádio, no entanto, já está presente nos dispositivos móveis de seus ouvintes desde o ano passado e contabiliza mais de um milhão de downloads. O app JP transmite o mesmo conteúdo da grade da emissora, podcasts e as webrádios, que tocam diversos estilos, inclusive alguns que não entram na programação. Na ferramenta, também são exibidos os programas Pânico e Morning Show via streaming. A emissora aproveita o canal para comercializar espaços publicitários por meio de imagens exibidas em telas posicionadas no estúdio durante as atrações. fotolia.com Veículo usa funcionalidades da web para garantir espaço até que consigar concluir o próprio processo de digitalização, dependente do fim da TV analógica RÁDIO Quem não pode com o inimigo, une-se a ele O rádio ganha subsídio para aprimorar transmissões em aplicativos, assume a internet como força concorrente, mas migração para FM ainda encontra dificuldade Por MIRELLA PORTIOLLI [email protected] L igar o rádio do carro e ouvir as notícias do momento é um hábito frequente para muitos brasileiros. A audiência captada nos receptores dos veículos está entre as principais mensuradas pelas emissoras. No entanto, essa relação fiel de amizade pode começar a mudar. Munidos de seus smartphones, os ouvintes têm buscado entretenimento também na internet por meio de dispositivos móveis. O País encerrou o ano passado como o sexto maior mercado mundial de telefonia móvel, com a venda de 38,8 milhões de aparelhos, segundo o eMarketer. Esse volume significa uma oportunidade num cenário em que as emissoras investem em aplicativos, transmissões via streaming e em webrádioscorporativas. As soluções são estratégicas também para as estações que não querem perder espaço na rotina dos ouvintes enquanto aguardam a atualização de suas transmissões — mudança que deve ocorrer somente após o término da migração da frequência AM para FM, prevista para acontecer nos próximos cinco anos. “Há a percepção de que os dispositivos móveis se transformaram numa grande fonte de recepção de conteúdo, conectados pelas redes sociais e pelo streaming”, avalia Daniel Slaviero, presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert). Para aproveitar essa fase de transição, a entidade, em parceria com associações estaduais de radiodifusão, criou o Mobilize-se, projeto com o objetivo de financiar o desenvolvimento de ferramentas para tablets e smartphones. A Abert financiará mil licenças gratuitas para as emissoras interessadas em desenvolver uma relação mais estreita com esse segmento de público, formado também por jovens, desejados pelas rádios. A adesão das emissoras surpreendeu a Abert. No início deste ano, das 4,6 mil emissoras do País, 1,8 mil já tinham apps. “A meta é dobrar esse número até o fim deste ano”, diz Slaviero. Não há restrições para participar da iniciativa. Mas o Mobilize-se foca, sobretudo, a inclusão de emissoras pequenas e médias, que têm mais dificuldade em bancar a permanência no online. A manutenção de um aplicativo nesse formato custa, em média, R$ 10 mil por mês. “A concorrência não está mais limitada às emissoras Migração depende da TV digital Segundo o Ministério das Comunicações, o switch-off do padrão analógico deve ser concretizado em 2018, quando 93% dos municípios do País deverão estar aptos a receber o sinal digital. Os moradores de Rio Verde (GO), do DF e de São Paulo já estão sendo informados sobre o desligamento. Quando o processo chegar ao fim, sobrará espaço nos canais 5 e 6, que permitirá a ampliação da rede 4G e a conclusão do processo de migração das rádios. Depois, será a hora de pensar na digitalização das rádios. “Esse processo não foi tão massivo quanto o que ocorre com a TV porque a internet atropelou essa discussão. A web é concorrente da rádio digital”, assume Daniel Slaviero, presidente da Abert. Mas a migração da frequência AM para FM depende do valor de outorga, que está em tramitação no Tribunal de Contas da União (TCU) desde o ano passado. “É o último passo para a conclusão do processo e deve acontecer até o final deste ano. A migração será onerosa e pleiteamos financiamento semelhante ao que a TV digital recebeu”, diz Rodrigo Valentim de Oliveira Neves, presidente da Aesp. A mudança foi assinada pela presidente Dilma Rousseff, em novembro de 2013, por meio do Decreto no. 8.139. Das 1.774 emissoras AM brasileiras, 1,4 mil entregaram requerimentos para o governo sobre sua intenção de migrar. Pelos dados da Abert, as rádios com frequências entre 88 e 108 MHz (60% do total) manterão suas frequências no FM. Novos caminhos A web também pode servir para encontrar novos caminhos para o meio rádio. O conteúdo que cativa os ouvintes como promoções, seleção exclusiva de músicas e entrevistas especiais se tornou uma opção para as empresas estreitarem seus relacionamentos com os funcionários, por meio de webrádios corporativas. Zeca Almeida Prado, sócio-diretor da Som S/A, decidiu apostar nesse segmento depois de acumular experiência em rádios e frustrações pela forma como alguns grupos de comunicação administram seus negócios. “As rádios convencionais têm cada vez menos importância na vida das pessoas, com exceção das jornalísticas, porque falta atenção e competência para enfrentar o cenário atual, que inclui serviços de streaming de música como Pandora e Spotify. A tendência é que rádios assim acabem ou virem rádios de igreja”, prevê Prado. A Som pretende ampliar o investimento na divulgação de seus produtos para empresas pequenas e médias. “Por ser novo, há maior dificuldade de compreensão. Transformar a empresa numa mídia ainda não faz parte do modelo que está na mente de um diretor de negócios, por exemplo”, comenta o profissional. “O que encarece o projeto é o investimento em jornalismo”, compara. A Som já fez webrádios para Allianz, Sodexo e Arista e mantém 25 rádios online. Além da presença na web, o sinal da Jovem Pan também tem sido captado em smartphones. A rádio é pioneira na experimentação da banda estendida, que a Associação das Emissoras de Rádio e TV do Estado de São Paulo (Aesp) testa na região Sudeste. O projeto-piloto, aprovado pelo Ministério das Comunicações e pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), é uma opção para receber o dial FM em grandes centros como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Curitiba, que sofrem com problemas de congestionamento de espectro. Mas a permanência nessa banda depende do desligamento da TV analógica, quando os canais 5 e 6 ficarão livres para serem ocupados pelas rádios, que poderão concluir seu processo de migração de AM para FM e pela rede 4G de telefonia móvel (leia mais no box). Na banda estendida, a Jovem Pan ocupa a frequência 84,7. “Temos recebido inúmeras manifestações positivas de pessoas que captam o sinal. A sintonia é feita por meio de receptores de rádio, mas, como ainda existem poucos, temos excelente repercussão em outros dispositivos, como o celular”, explica Paulo Machado de Carvalho Neto, diretor da Rede Jovem Pan. 8 JUN 2015