REDE ABRAÇO DE RÁDIOS COMUNITÁRIAS SISTEMAS PÚBLICOS DE COMUNICAÇÃO (SPC) SUMÁRIO • O Estado Brasileiro • O sistema constitucional de comunicação: privado, estatal e público • O sistema de comunicação, de uma forma geral • Sistema Público de Comunicação com Concessão Privada (SPCCP) • Sistema Público de Comunicação com Gestão Estatal (SPCGE), chamado de público • Sistema Público de Comunicação com Gestão Popular (SPCGP), o único realmente público • A complacência do Estado para com as emissoras piratas comerciais, no processo de concessão, fiscalização, renovação das outorgas e outras irregularidades • A repressão do Estado às emissoras comunitárias, a ser sucedida pela repressão tecnológica • A I Conferência Nacional de Comunicação (CNC) • Rede Popular de Comunicação • Rede de Rádios Via Internet O Estado Brasileiro As eleições são financiadas pelos detentores de maior poder econômico, os ricos. Os mais pobres, hipnotizados pela propaganda eleitoral, entram no processo apenas para legitimar a manipulação por parte da classe dominante. A grande maioria dos políticos eleitos são legítimos representantes dos mais abastados, servindo aos interesses deles durante seu mandato. Quando necessário, o poder do dinheiro compra voto de parlamentares, decisões judiciais ou no executivo, em todos os níveis do Estado. Esta atividade é conhecida como “lobby”, cooptação ou corrupção, profundamente enraizada em nossa cultura. O Estado continua loteado em capitanias hereditárias, pertencentes, hoje, a algumas poucas famílias e empresas, que controlam cada setor da economia, devidamente representadas nas agências reguladoras, onde o consumidor e trabalhador não comparecem efetivamente, funcionando elas independentes da Sociedade. Precisamos descobrir a diferença que há entre um Estado Democrático DE DIREITO, teórico, formal, ficcional, ideal e abstrato, de um Estado Democrático DE FATO, prático, real e concreto. Precisamos ter a coragem de assumir que vivemos dentro de uma desigual luta de classes, na realidade uma luta entre o poder econômico e os interesses da classe trabalhadora. Assim, concluímos que não há democracia alguma neste país e que também não estamos em uma República, mas em uma Re-particular. Trata-se, então de uma ditadura do poder econômica, plutocracia (governo dos ricos) e cleptocracia (governo dos ladrões ou corruptos). O sistema constitucional de comunicação: privado, estatal e público O sistema de comunicação, de uma forma geral Constituição Federal Art. 223 Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar concessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens, observado o princípio da complementaridade dos sistemas (1) privado, (2) público e (3) estatal. O sistema geral de radiodifusão sonora e de sons e imagens do país, é, antes de tudo, um sistema legal e teoricamente de natureza pública, gerenciado pelos governos. Na prática, o Estado sempre foi privatizado e o que sobra de realmente público está em parte das rádios e TV comunitárias, como afirma sentença da Justiça Federal: A apelação em Mandato de Segurança 1999.01.00.013489-4, oriundo do Maranhão, 11/10/2004, no TRF desta mesma 1ª Região, fundamentada na seguinte argumentação: “As rádios comunitárias são a esperança de colocação dos serviços públicos de comunicação de massa na direção correta." Sistema Público de Comunicação com Concessão Privada (SPCCP) Trata-se do sistema no qual o Estado dá concessão para que empresas privadas executem este serviço teoricamente público por determinado período, regulamentadas, como os demais sistemas, por uma lei datada originalmente de 1962 e modificada durante a Ditadura Militar. E, portanto, não regulamenta a maioria dos artigos da Constituição que trata do assunto como, por exemplo: preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas; a proibição da formação de monopólios e oligopólios da mídia; regionalização da produção cultural, artística e jornalística; promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente, etc. Devido ao fato de ser um sistema não regulamentado, conforme deveria ser, para atender ao interesse do povo brasileiro, e se tratar de empresas capitalistas, a função principal, naturalmente, é o lucro a qualquer custo, e não prestar um serviço de comunicação adequado a uma concessão pública. Sistema Público de Comunicação com Gestão Estatal (SPCGE), chamado de público Considerando que o Estado brasileiro é oligárquico e autoritário, é impossível existir qualquer sistema de comunicação que seja verdadeiramente público, pois não terá a participação hegemônica das entidades representativas das trabalhadoras e trabalhadores em sua gestão. O sistema estatal é controlado diretamente pelos governantes, sejam eles mais ou menos democráticos. A TV e o rádio público de Lula, pelo que se apresenta, no momento, são meramente estatais e não públicos. Sistema Público de Comunicação com Gestão Popular (SPCGP), o único realmente público Este é o sistema que nós defendemos e tem como exemplo as rádios e TV comunitárias, baseado na autogestão, para o qual defendemos a sustentabilidade através de um fundo público e veiculação remunerada de publicidade privada e pública, destinando para elas, através de lei, uma parte significativa do que cada nível do Estado gasta neste setor. A concepção que temos de rádio e TV comunitária não é a que consta na lei 9612 e sim no Código de Ética da Abraço, disponível em www.redeabraco.org. A complacência do Estado para com as emissoras piratas comerciais, no processo de concessão, fiscalização, renovação das outorgas e outras irregularidades O Estado brasileiro, através da Presidência da República, do Congresso Nacional, do Ministério das Comunicações e da Anatel - Agência Nacional de Telecomunicações, sempre foi cúmplice dos empresários do setor e das emissoras estatais, além de não regulamentar os artigos da Constituição que tratam deste assunto, não fiscaliza conteúdo, não pune a maioria das irregularidades das emissoras comerciais. Como por exemplo, as 130 FM com outorgas vencidas no Rio Grande do Sul, dentre elas, a Fundação Cultural Piratini Radio e Televisão (Rádio e TV Educativa), atuando como pirata desde 24/06/1995, ou seja, impune há 12 anos; Rádio Bandeirantes, há 10 anos. Dentre as 154 piratas em OM - Ondas Médias, temos a Rádio Gaúcha e a Rádio Guaíba, ambas impunes há 4 anos. Assim, fica extraordinariamente explícita a complacência consciente da Anatel para com seus cúmplices, quando constatamos que estas informações estão disponíveis em seu próprio portal, bem como um extrato em www.redeabraco.org: http://sistemas.anatel.gov.br/srd/TelaListagem.asp?PagSRD=/SRD/Rel atorios/Outorga/RelOutorga.asp&op=5&SISQSmodulo=6250 A repressão do Estado às emissoras comunitárias, a ser sucedida pela repressão tecnológica Enquanto, é condescendente com as comerciais e estatais, conforme citado acima, a Anatel e o Estado tem uma opção preferencial pelos pobres, perseguindo os que ousam lutar pelo direito de serem iguais à classe dominante perante à lei e assumem o direito humano à comunicação como lhes sendo facultado possuir um meio massivo de interação com sua localidade. Nem sequer a lei de criação desta agência é respeitada no que tange à fiscalização da concentração econômica no setor. São 7 rádios fechadas por dia no país e mais de 5.000 condenados pelo entulho autoritário da Ditadura Militar de 1964, ainda remanescente para seqüestrar mais de 100 milhões de reais em equipamentos adquiridos pela poupança popular e prender comunicadores populares. Como se isto não bastasse, agora, o Ministro Hélio Costa tenta impor, no processo de digitalização do rádio, o sistema estadunidense IBOC, proprietário da empresa iBiquity, exigindo o pagamento de direitos autorais internacionais. Não aumenta a possibilidade de uso do espectro eletromagnético, impedindo a entrada de novos atores no setor. Outra prova inconteste da falta de probidade administrativa, de transparência, eqüidade, etc., da Anatel é o fato de que a própria Rede Globo interfere na comunicação aeronáutica, conforme relatório do Cindacta I, disponível no sítio da Rede Abraço, sendo tal informação sonegada pela grande mídia: Gira em torno de dezenas de milhares de dólares o valor a ser despendido para adequação dos equipamentos de transmissão, tornando inviável a existência de pequenas emissoras, sejam elas comunitárias ou comerciais. Sem falar na mensalidade dos direitos autorais... A I Conferência Nacional de Comunicação (CNC) Considerando tudo que já vimos até aqui, defendemos ser necessária a realização de uma CNC para a elaboração de uma política pública para o setor, até hoje, inexistente. O que existe é apenas uma garantia dos interesses comerciais de uma minoria. Uma CNC que seja realmente representativa, principalmente da classe trabalhadora, que é recipiente das informações veiculadas pelo sistema nacional de comunicação, precedida de conferências locais, regionais e estaduais. Uma conferência verdadeiramente democrática é o único espaço legítimo para: (1) elaboração de um novo marco regulatório para o setor; (2) considerar as conseqüências do fato de ser inexorável a convergência tecnológica; (3) garantir a complementaridade dos sistemas; (4) assegurar a comunicação como um direito humano, onde a classe trabalhadora não seja mais massa de manobra dos poderosos, mas protagonista de sua própria história, dando sua versão dos fatos, de forma interativa com a população. Diante deste quadro assustador, onde o Estado luta contra a Sociedade e a oprime, e os grandes meios de comunicação mantêm quase todos hipnotizados por informações que convém aos senhores do poder, é necessário buscar-se uma solução... Uma força capaz de neutralizar o poder do inimigo definitivamente: REDE POPULAR DE COMUNICAÇÃO "Precisamos colocar energia na construção e no desenvolvimento de meios de comunicação de massa próprios, como rádios e televisões comunitárias, jornais, revistas, programas de comunicação de todo tipo, sob auspício dos movimentos e organizações populares, para enfrentar o verdadeiro oligopólio das comunicações sob controle da classe dominante brasileira.“ (J. P. Stédile - MST Informa, Letra Viva, 23/02/2007) Temos, aproximadamente 20.000 emissoras de baixa potência, que se dizem comunitárias, as quais podem ser organizadas em uma grande rede de comunicação, tornandose capaz de atingir quase toda a população brasileira. Mas há também as TV comunitárias, pequenos jornais de bairros e um número enorme de internautas disponíveis para realizar esta reviravolta. Somente assim conseguiremos equilibrar este processo de lavagem cerebral diária, feito pela grande mídia, tornando trabalhadoras e trabalhadores mera massa de manobra para o deleite da classe inescrupulosa que domina este país há 507 anos. Este é o propósito da Rede Abraço: construir a Rede de Comunicação Popular em conjunto com a classe trabalhadora, negros, índios, mulheres, comunidade de cultura livre e excluídos em geral. Visa o empoderamento dos movimentos populares deste país, participando de sua real libertação diante dos elevados impostos e dos vergonhosos serviços públicos que recebe em troca. REDE DE RÁDIOS VIA INTERNET A disponibilização de áudio em uma rádio via internet permite que emissoras (e internautas também, particularmente), em qualquer lugar do planeta, tenham acesso à transmissão de eventos ao vivo ou gravados, podendo reproduzi-los em suas emissoras, democratizando o conhecimento e informação para seus ouvintes. Organizações de amplitude nacional já estão descobrindo este novo canal de comunicação, como os Fóruns Sociais, MST, CUT, CFP - Conselho Federal de Psicologia, Faculdade de Saúde Pública da USP - Universidade de São Paulo, FNDC - Fórum Nacional pela Democratização a Comunicação, FEAB Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil, UNISC - Universidade de Santa Cruz do Sul-RS, Sitraemg - Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário do Estado de Minas Gerais, Federação e Sindicato dos Bancários do RS, Associação Cultural José Martí, Associação do “Software” Livre, etc. Através do telefone fixo ou por mensagens eletrônicas em celulares ou ainda pela internet, é possível que ouvintes de todo o mundo interajam com as pessoas que estejam conduzindo o evento e delas obtenham respostas às suas colocações. Assim, uma rádio comunitária, normalmente com abrangência restrita a um bairro ou cidade, torna-se uma rádio planetária. Tudo isto, graças a uma parceria entre a academia e a periferia, em função de um trabalho conjunto feito pela FaE - Faculdade de Educação da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais e a Abraço. Tudo deve ser programado com bastante antecedência, para evitar-se o acúmulo de agenda, permitir que os testes sejam feitos em tempo de se proceder aos ajustes necessários, com a equipe de cobertura participando da construção do evento. O que é necessário para se estabelecer uma rede de rádios via internet? 1. Dois computadores conectados a internet via banda-larga: 1.1. para envio do áudio para um provedor próprio para hospedar uma rádio virtual. 1.2. para recebimento do sinal enviado, funcionando como controle de qualidade final do que é ouvido pelo internauta. 2. Um programa que envie o sinal de áudio para um terceiro, que seja o provedor, o qual deve ter, também, um programa específico para este fim. Ou então, que um dos dois computadores acima esteja conectado em uma banda-larga que permita o elevado fluxo de dados que ocorre, quando um grande número de conexões é feita simultaneamente. Ou seja, é como água numa torneira. Se tem muita gente tirando água ao mesmo tempo, o cano tem de ser mais grosso. Senão, cada um vai ter de esperar pingar uma gota em sua lata... Atualmente, a Abraço e a Rádio FAE vem utilizando o programa Winamp (www.winamp.com), mas devem migrar para um programa não-proprietário, permitindo a veiculação gratuita no Estúdio Livre (www.estudiolivre.org), onde tu podes aprender também como fazer isto em programas com base em Linux. 3. Um técnico capacitado para operar com este programa, sendo que a Abraço se encontra à disposição das entidades que tiverem interessem em assimilar esta tecnologia, oferecendo curso gratuito sobre o assunto, exceto pelas despesas de locomoção e hospedagem de seu instrutor. É muito importante reconhecemos que esta rede existe como fruto do trabalho de outras pessoas que deram muito de si para construí-la. Os membros da Coordenação da Rádio Fae da UFMG dedicam bom tempo de trabalho profissional e também de lazer para esta atividade, de tal forma a permitir que possamos desfrutar desta maravilha tecnológica. O coletivo da Coordenação Nacional de Comunicação da Abraço, Secretaria Geral do FNDC - Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação e Coordenação da Rede Abraço fizeram com que o trabalho da Rádio FAE tivesse a visibilidade merecida. Não temos medido esforços para formar parcerias com todos os movimentos sociais, visando amplificar a luta, o conhecimento e a informação produzida por eles. Em função da responsabilidade inerente a Abraço – Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária e a Faculdade de Educação da UFMG, ao realizar uma transmissão, a produção do evento deve orientar aos participantes para que não veiculem preconceitos ou desrespeito aos direitos humanos, preservando a integridade moral de todas as raças, culturas, religiões, classes profissionais, orientações sexuais, etc., através de suas falas, músicas, ou qualquer outra forma de manifestação. Um dos problemas mais comuns que temos tido, ao colocar o áudio de um evento na Rádio FAE, é com as proteções de redes utilizadas em empresas em geral, e também mais especificamente em hotéis, sindicatos, conselhos profissionais, etc. Isto é, tais procedimentos de segurança (tipo "Fire Wall") nos impedem de enviar e também de receber dados, tornando impossível a transmissão pela Internet. Para resolver este problema, deve ser acionado o técnico responsável pela manutenção do sistema. Já ocorreu de que este profissional não conseguisse retirar tais barreiras e não pudemos enviar os dados para a Rádio FAE. Nem sempre ele está disponível, está de folga, mora longe, não há como contatá-lo e localizá-lo, etc. Esta condição deve ser verificada com a maior antecedência possível, para que não haja transtornos e atrasos. Sugerimos um teste no local, simulando as condições que irão ocorrer durante a cobertura do evento, com duas semanas de antecedência, assegurando uma total confiança no sistema ou o tempo necessário para obtê-la, quando ocorrer alguma surpresa. Caso não seja possível a utilização da rede da organização onde o evento será realizado, deve-se contratar a conexão na internet em um provedor particular, com a antecedência suficiente para estar testada até o início das atividades. EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS Em função do que for acertado no contrato a ser celebrado entre as partes, os equipamentos citados abaixo poderão ser de responsabilidade da entidade produtora do evento: Um computador com conexão à Internet tipo banda-larga (mínimo 300 Megabytes por segundo - Mbps), para envio de dados, com acessório multimídia (CD Rom), conectado à mesa de som principal do evento, através de uma mesa de som secundária, para controle de entrada de áudio, a qual deve possuir entradas para dois microfones e saídas para o computador de envio e para fone de ouvido; Um computador com acessório multimídia (CD Rom), conexão à Internet tipo banda-larga ou por linha discada ou, melhor ainda, por ambas, para controle de qualidade dos dados disponibilizados pela Rádio FaE. Este equipamento poderá ser também utilizado para interação com os ouvintes e interessados no evento, conduzindo suas questões para a produção; No caso de ser contratado para gravação e/ou edição do áudio, deverá ser disponibilizado um computador exclusivo para este fim Endereços interessantes www.redeabraco.org www.fndc.org.br www.intervozes.org.br www.telesur.net www.cartamaior.com.br www.agenciachasque.com.br www.midiaindependente.org