Noções de Comércio Exterior -Fábio Silva - UNIGRAN Aula 01 HISTÓRIA DO COMÉRCIO INTERNACIONAL Iniciamos a disciplina apresentando um pouco da história do comércio exterior, sendo que os primeiros movimentos datam do século XI. O capitalismo começa a ser instalado no mundo entre século XI ao século XIV, tendo como fatos as grandes navegações, a abertura de uma rota comercial pelo atlântico sul rumo ao oriente e um grande desenvolvimento de trocas comerciais, levando ao fortalecimento da burguesia européia e esse modo de produção realmente se consolida no século XVIII. BORTOTO et all. (2007, p. 16) 11 Noções de Comércio Exterior -Fábio Silva - UNIGRAN No século XI, como resultado das Cruzadas , revitalizaram-se os mercados islâmicos do Oriente, suprindo as necessidades européias de artigos e especiarias, renascendo o comércio europeu no Mediterrâneo. Os que mais tiraram proveito da situação por sua localização junto ao Mediterrâneo foram os italianos, com o comércio direto com os mercadores do oriente médio que traziam produtos, principalmente da Índia e revendiam no mercado europeu. A cidade de Veneza era, no momento, a mais poderosa e a classe dos burgueses, pequenos comerciantes, cada vez mais forte. BORTOTO et all. (2007, p. 17). Não demora muito e é feita uma aliança entre a burguesia e o rei. O rei necessitava de adiantamentos financeiros para cumprir com seus gastos e em troca uma dava segurança aos comerciantes, fortalecendo a estruturação do estado absolutista que terá como consequência a expansão da economia européia e o desenvolvimento capitalista. Mas com o monopólio das cidades italianas, a burguesia do restante da Europa começa a se enfraquecer, e não tem como barganhar os preços, porque os únicos fornecedores eram os italianos, que compravam mercadorias dos muçulmanos através do Mediterrâneo, e colocavam o seu preço, gerando altos lucros. Com esse enorme problema, no início do século XV, se instala uma grande rivalidade entre os comerciantes do mediterrâneo (italianos) e a Europa atlântica. Os principais envolvidos foram portugueses, alemães, flamengos e ingleses, que precisavam encontrar uma saída para não ter mais a dependência dos comerciantes italianos e muçulmanos. Assim, a partir do ano 1500, com a enorme demanda de produtos orientais, os portugueses, a nação que naquele momento seria uma das mais desenvolvidas, iniciam as navegações, contornando o continente africano. O primeiro a fazê-lo foi Vasco da Gama e logo após seu retorno, foi a vez de Pedro Álvares Cabral, com uma enorme frota. A partir desse momento, até os italianos começaram a comprar as especiarias dos portugueses. A sede do comércio era em Lisboa, onde compravam pela metade do preço que negociavam com os árabes. Bortoto et all. (2007, p. 20 - 1) afirma que “Portugal, em um espaço de 62 anos (1479 – 1559), a contar da viagem de Vasco da Gama, realizou 51 expedições pela chamada Rota do Cabo, que dá acesso as Índias, envolvendo 404 navios”. 1 Expedição militar de caráter religioso que se fazia na Idade Média, contra hereges ou infiéis (Novo Dicionário Eletrônico Aurélio versão 5.0) 1 12 Noções de Comércio Exterior -Fábio Silva - UNIGRAN A nação portuguesa mostra ao mundo o seu poderio e por anos domina o mercado de especiarias, Burgueses, bancários começam a migrar de seus países para Lisboa, a fim de financiar e comercializar esses produtos. E de forma geral, com essa nova sistemática, alguns pontos começam a mudar: • O eixo econômico da Europa deslocou-se do Mediterrâneo para o Atlântico; • O comércio passou a ser um negócio de nações e não de simples cidades; • O continente americano foi incorporado às tradicionais rotas comerciais; • Os italianos perderam o monopólio das especiarias; • Os metais preciosos encontrados na América foram levados para a Europa, gerando uma alta de preços considerável no século XVI, conhecida como “Revolução dos Preços”, o que tornou possível à burguesia acumular grande quantidade de capital. • O fortalecimento dos Estados Nacionais europeus. Bortoto et all (2007) salienta que nesse primeiro momento as viagens dos portugueses não tinham o caráter de colonização e nem de interferir na produção, e sim comprar a um custo baixo para ganhar com a revenda dos produtos e assim eliminar a intermediação dos comerciantes árabes. Mas de outro lado, os países europeus como Espanha, Inglaterra, França, entre outros, começam a assimilar essa situação e a navegar, também em busca de sua independência financeira. http://www.inventhar.com.br/wordpress/wp-content/uploads/2008/07/ absolutismo01.jpg. Acesso em 19.08.09 às 17h30. Dessa forma, no século XV, o Estado se torna o maior incentivador das navegações, com o intuito de buscar novas descobertas, iniciando pela nação portuguesa, onde se estreitava a 13 Noções de Comércio Exterior -Fábio Silva - UNIGRAN relação com os comerciantes. Começava o surgimento dos estados absolutistas, que se espalham por toda a Europa. Com esse novo foco, começam a fazer parte da sociedade dois grandes grupos: os burocratas e os comerciantes. Os primeiros com a função de administrar e o segundo para financiar as expedições, iniciando também o mercantilismo. Com isso bem definido, o comércio internacional começa a se desenvolver. Anteriormente a ideia era apenas ganhar com o intermédio. Com o surgimento de um novo objetixvo, o de se manter no poder, começam a mudar os ideais dos chefes dos estados. Portugal, já consolidado com suas rotas para as Índias, e os espanhóis na América, expandiram tanto seu poderio a ponto de dividir o mundo em dois, assinando o Tratado de Tordesilhas. Mas não conseguiram manter por muito tempo esse domínio, pois logo os holandeses, parceiros dos portugueses, começaram a se despontar e eram um dos principais financiadores da exploração lusa no Brasil. Os portugueses ficaram responsáveis pela produção e os holandeses pela comercialização e empreendimento. Não demorou muito para que franceses e ingleses se aliassem aos holandeses. Somando tudo o que exploraram nos continentes visitados, recolheram uma extraordinária riqueza, a qual foi fator fundamental para a Revolução Industrial no século XVIII. Bortoto et all. (2007, p. 27). Após o início do mercantilismo, alguns tópicos que são debatidos até hoje começam a tomar forma, como balança comercial, protecionismo, intervenção econômica e monopólio. Ouvimos isso todos os dias e no decorrer das aulas vamos estudar mais afundo essas situações. Acessando o link abaixo, irá assistir um vídeo desenvolvido pelo governo federal, sobre os 200 anos do comércio exterior do Brasil e havendo atividades relacionadas a aula 1, terá mais uma fonte de pesquisa. Atenção aos prazos. Link do vídeo: www.aprendendoaexportar.gov.br/200anos/html/index. html 14