Produção sustentável Di vu lga çã o O MUNDO DOS MÓVEIS É (OU DEVE SER) SUSTENTÁVEL A chaise Cangalha da Decameron é feita com sobras de madeiras de marcenaria Cuidar do meio ambiente é garantir o futuro. E as indústrias podem contribuir com isso Por Mara Andrich É difícil imaginar, mas o empresário ou industrial que investe em sustentabilidade pode ajudar com a redução da pobreza no País. Apesar da relação entre uma coisa e outra parecer estranha, quando se usa matérias-primas renováveis é possível, sim, contribuir não só com o meio ambiente, mas também com a sociedade. É o que apontou o relatório Rumo a Uma Economia Verde: Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável e a Erradicação da Pobreza, divulgado neste ano pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente (Pnuma). No relatório, a indústria é apontada como uma das áreas fundamentais para tornar a economia global mais sustentável. Diante disso, as indústrias moveleiras de um modo geral podem ficar mais tranquilas, pois boa parte delas – não há um número oficial que aponte ou estime a quantidade – já faz uso de matériasprimas sustentáveis. É o que afirma o presidente da Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs), Ivo Cansan. Segundo ele, Divulgação Herval é insignificante, hoje, o número de indústrias que não pensa na sustentabilidade. E pensando nesta palavra tão difundida nos dias de hoje – sustentabilidade pode ser definida como um conceito sistêmico, relacionado com a continuidade dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana – pensa-se automaticamente em ganhos para todos os lados. “Eu diria que a sustentabilidade deixa todos os industriais equiparados em termos de ganhos. E é importante salientar que hoje todos nós estamos constantemente buscando a inovação, buscando a sustentabilidade”, afirma Cansan. Ele lembra que o investimento em matéria-prima sustentável talvez não agregue lucros, mas sim – e talvez isto seja algo tão importante quanto o valor agregado –, respeito ao meio ambiente e a disponibilização de opções variadas para os clientes e consumidores. Tudo que é utilizado de matérias-primas pelas indústrias moveleiras é muito bem pensado. São feitas pesquisas junto aos clientes, aos consumidores e em feiras do setor. “Hoje o que nos traz mais ganhos são as novas tecnologias, o investimento em maquinário, o design”, comenta Cansan. Já Rafael Reis, do Departamento de DesenvolviOs móveis da Herval utilizam materiais sustentáveis para agregar valor ao produto 48 | MÓBILE FORNECEDORES | ABRIL 2011 mento de Produtos da Herval Móveis e Colchões, avalia que as matériasprimas sustentáveis agregam valor ao produto. “Principalmente pelo fato dos consumidores estarem cada vez mais valorizando produtos que usam este tipo de material, e isto faz muita diferença na hora de fechar o negócio”, afirma. Ele lembra que a preocupação com o meio ambiente é determinante hoje (e será ainda mais no futuro) e que isso poderá influenciar até em diminuição de clientela. “Os consumidores estão cada vez mais atentos a isto e vão exigir sempre mais na hora da compra”, diz ele. A Herval está começando a investir em uma linha de tecidos para estofados cuja composição é derivada de malha reciclada e fios de materiais PET, que aproveitam materiais descartáveis. Além disso, foi pioneira na América Latina na produção de espumas livres de CFC. Como a linha de produtos da Herval é direcionada para móveis de decoração, são usados painéis de MDF e MDP (na linha de móveis planos) e madeira e eucalipto (de reflorestamento) usada não só nos móveis, mas também em estofados e bases para colchões. Sustentabilidade Na opinião da coordenadora do Programa Consumo Sustentável do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas (FGV), Luciana Betiol, a melhor matéria-prima renovável para móveis é a madeira, por não ser tóxica e já vir de uma origem sustentável. O problema, segundo ela, é a generalização da ideia de que a exploração é feita de maneira desenfreada, e por isso há um forte movimento contra isso.