UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS RAKEL HINA VASCONCELOS PIO OBTENÇÃO DE FIBRA ALIMENTAR POR PROCESSO DE LIOFILIZAÇÃO DO SUBPRODUTO DO PEDÚNCULO DE CAJU FORTALEZA 2014 RAKEL HINA VASCONCELOS PIO OBTENÇÃO DE FIBRA ALIMENTAR POR PROCESSO DE LIOFILIZAÇÃO DO SUBPRODUTO DO PEDÚNCULO DE CAJU Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Ciências e Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Ciências e Tecnologia de Alimentos. Área de concentração: Controle de Qualidade e Secagem de Alimentos. Orientador: Prof. Dr. José Maria Correia da Costa. Co-orientador: Dr. Gustavo Adolfo Saavedra Pinto. FORTALEZA 2014 RAKEL HINA VASCONCELOS PIO OBTENÇÃO DE FIBRA ALIMENTAR POR PROCESSO DE LIOFILIZAÇÃO DO SUBPRODUTO DO PECÚNCULO DE CAJU Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Ciências e Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Ciências e Tecnologia de Alimentos. Área de concentração: Controle de Qualidade e Secagem de Alimentos. Aprovada em: ___/___/______. BANCA EXAMINADORA ________________________________________ Prof. Dr. José Maria Correia da Costa (Orientador) Universidade Federal do Ceará (UFC _________________________________________ Prof. Dra. Lucicléia Barros Vasconcelos Torres Universidade Federal do Ceará (UFC) _________________________________________ Prof. Dra. Andréa Cardoso de Aquino Universidade Federal do Ceará (UFC) Ao Deus da minha vida, ao Pai que sempre esteve ao meu lado, minha rocha que se fez minha esperança. Aquele que foi o meu porto seguro, me inspirou, cuidou e se dedicou a mim de forma incondicional. Por todo amor e incentivo. AGRADECIMENTOS À Universidade Federal do Ceará e ao Programa de Pós-Graduação em Ciências e Tecnologia de Alimentos, pela oportunidade de realização do mestrado. À CAPES, pelo apoio financeiro. À Embrapa Agroindústria Tropical, que possibilitou a realização deste trabalho, através da matéria-prima cedida e uso de seus laboratórios para execução dos experimentos. Ao meu orientador Prof. Dr. José Maria Correia da Costa, por ter aceitado me orientar e por toda paciência, disponibilidade e atenção a mim destinadas. Obrigada pelo tempo e contribuição prestados para a realização deste trabalho. Ao meu co-orientador Dr. Gustavo Adolfo Saavedra Pinto, pelo exemplo de grande ser humano, por todo apoio e compreensão. Obrigada pelos ensinamentos transmitidos desde a minha graduação, não só os científicos, mas principalmente os humanos. Ao Prof. Dr. Marcos Rodrigues pela solicitude incondicional, disponibilidade em me ajudar e contribuição com seus ensinamentos na execução desta pesquisa. Aos professores participantes da banca examinadora, Prof. Dra Lucicléia Barros Vasconcelos e Andrea Cardoso de Aquino pelo tempo, correções e pelas valiosas colaborações para melhoramento do trabalho. À nossa grande técnica do laboratório de “Bioprocessos”, Natália Moura, por ser tão prestativa, atenciosa e paciente conosco. Por estar tão presente em nossas vidas colaborando não somente com sua competência, mas também com sua amizade. À Ádna Girão, por sua paciência e disponibilidade em me ajudar com seu conhecimento sempre que necessitei de auxílio, por tantas vezes ter facilitado meu trabalho. Por sua confiança em mim. À Solange recepcionista da Embrapa Agroindústria Tropical e ao analista Hilton, funcionário da mesma empresa, pela confiança que vocês depositaram em mim. Aos profissionais responsáveis pelos laboratórios de Biomassa e Química de Produtos Naturais e aos bolsistas, pela disponibilidade, paciência e gentileza na ajuda prestada. Ao Sr. Luís, por seu sorriso, ouvidos, informações e favores que pedi e que foram realizados com tanta boa vontade. Ao Paulo, secretário da Pós-graduação em Ciências e Tecnologia de Alimentos, pela gentileza, educação, paciência e prestabilidade em nos ajudar. À minha querida mãe, Aparecida de Vasconcelos, por sempre me apoiar e acreditar em meus sonhos. Por toda sua dedicação, compreensão e incentivo. Por todo cuidado, atenção e preocupação com meu bem-estar. Pelo exemplo de luta, determinação e confiança em Deus. Às minhas tias, Gorette Vasconcelos e Graça Vasconcelos, ao meu irmão Luciano, minha prima Dayse, pela torcida, carinho e apoio, tão gratificantes. Aos meus amigos do Laboratório de Processos Agroindustriais, mais conhecido como Bioprocessos, pelo carinho, torcida, apoio emocional. Muito obrigada a Suzanne, Thaís, Nara, Verônica, Genilton, Natália Lima, Cintya, Leise, Simone, Katiane, Kally, as professoras Virna, Janaina e Andréa, por terem sido meus AMIGOS. Pelos momentos felizes e difíceis vividos e vencidos com vocês. Meu eterno obrigada. Aos bolsistas do laboratório de Controle de Qualidade e Secagem de Alimentos, UFC, pela ajuda que me foi prestada, pelos momentos de descontração e compreensão. À minha amiga, Natália Lima, companheira de Embrapa, que esteve tão presente em minha vida, não somente nos expedientes prolongados, mas me apoiando e estimulando. Obrigada pelo carinho, confiança e por toda ajuda a mim dedicada. Aos meus amigos, Genilton Faheína e Helder Levi Lima, pela disponibilidade em me ajudar, pelo incentivo e apoio que foram tão valiosos para a conclusão deste trabalho. Aos meus colegas de mestrado, pela companhia, angústias superadas juntos e experiências divididas. As minhas amigas Luana Guabiraba, Carina Lemos, por terem sido tão prestativas e compreensivas em momentos em que necessitei de ajuda. Aos estudantes de iniciação científica Dandara e Diácomo, pela compreensão de vocês e por terem se dedicado em me ajudar. A todos aqueles que se encontravam distantes fisicamente, mas sei que em seus pensamentos estavam torcendo por mim. Por fim o último e o mais importante de todos os agradecimentos: a Deus. A mão que levanta, planeja e providencia. A mão de Deus que providenciou tudo e todos. Que enxugou as lágrimas, consolou e me deu forças para prosseguir quando física e emocionalmente não seria possível. Obrigada por não me deixar desistir. Obrigada pela Tua paciência. Obrigada por lembrar-me do Teu amor por mim, porque na hora da dor a tua graça me bastou. O mestre disse a um de seus alunos: tu queres saber em que consiste o conhecimento? Consiste em ter consciência tanto de conhecer uma coisa quanto de não a conhecer. Este é o conhecimento. Confúcio Um pouco de ciência nos afasta de Deus. Muito, nos aproxima. Louis Pasteur RESUMO No estado do Ceará, 50% da área cultivada é destinada para a produção do caju. O pedúnculo de caju apresenta grande potencial econômico uma vez que é matéria-prima para a indústria de doce, cajuína e principalmente suco que apresenta melhor aceitação no mercado nacional. O bagaço de caju oriundo da fabricação de suco representa 40% da polpa sendo rico em fibras, vitaminas e açúcares e atualmente o mesmo têm sido desperdiçado pela indústria de sucos. Desta forma, este trabalho teve como objetivo apresentar uma alternativa para o aproveitamento do subproduto de caju através do processo de liofilização, visando à obtenção de uma matéria-prima que possa ser utilizada como fibra alimentar na fabricação de alimentos. O bagaço liofilizado apresentou cor e características estruturais semelhantes ao bagaço in natura, boa capacidade de absorção de água e óleo assim como teor de fibra alimentar. Análises de DSC, TGA e MEV mostraram que a liofilização ocasionou aumento de volume e surgimento de poros microscópicos facilitando a reidratação. Reduziu a atividade de água e a carga microbiana de bactérias mesófilas aeróbias e de bolores e leveduras quando comparado com o bagaço in natura. O subproduto de caju liofilizado manteve-se estável durante 90 dias de armazenamento em temperatura ambiente, apresentando mínimas alterações nas características originais. A estocagem do material em embalagem flexível metalizada foi eficaz e evitou o contato do produto com o vapor de água atmosférico, além de ser desnecessária a utilização de vácuo para a manutenção das características do subproduto do pedúnculo de caju liofilizado. Palavras-chave: Liofilização de subproduto. Fibra alimentar. Secagem de alimentos. Bagaço de caju. Armazenamento. ABSTRACT In Ceará State (Brasil), 50% of cultivated area is intended to cashew production. The cashew apple presents great economic potential being raw material to jam, cajuina and mostly cashew apple juice, that presents better acceptance in nacional market. Cashew apple bagasse derivate from cashew apple juice production is 40% of pulp being rich in fibers, vitamins and sugars and currently it have been wasted by juice industry. Thus, this work aimed to provide an alternative to use cashew apple byproduct through freeze-drying process, in order to obtain a raw material that can be used as dietary fiber in food. The freeze-drying bagasse showed color and structural characteristics similar to bagasse in natura, good capacity of water absorption and oil as well as dietary fiber. DSC analysis, ATG and MEV showed that lyophilisation caused swelling as the onset of microscopic pores facilitate rehydration Reduction of water activity and microbial amount (aerobic mesophilic bacteria, molds and yeasts) in cashew apple bagasse freeze-drying. Cashew apple byproduct remained stable for 90 days storage at room temperature and presents minimal changes of original characteristics. The storage using metallized flexible packaging material was effective and avoided the contact of bagasse with atmosphere water vapor. Was unnecessary use vacuum to maintain characteristics of cashews apple byproduct lyophilized. Keywords: Freeze-drying byproduct. Dietary fiber. Drying foods. Cashew Apple bagasse. Storage. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Liofilizador LP510....................................................................................................... 34 Figura 2 - Fluxograma para obtenção de fibra alimentar à partir dos processos de liofilização e secagem em estufa ........................................................................................................................ 36 Figura 3 - Fluxograma para determinação FAT pelo método gravimétrico não enzimático ....... 38 Figura 4 - Parâmetros colorimétricos (L*, a*, b*), em relação a amostra in natura .................... 59 Figura 5 - Parâmetros colorimétricos (croma e λ°), em função da amostra in natura ................. 61 Figura 6 - Fotografias do subproduto de caju in natura (A) submetido a dois processos de secagem: liofilização (B) secagem em estufa a 60°C (C) e após reidratação do liofilizado com 60mL.100g-1(D) e do seco em estufa e reidratado com 30mL.100g-1 (E) .................................... 62 Figura 7 - Atividade de água do subproduto de caju liofilizado por 30 horas e reidratado ......... 65 Figura 8 - Atividade de água (aw) do subproduto de caju seco em estufa a 60°C por 28 horas e reidratado ...................................................................................................................................... 66 Figura 9 - Análise termogravimétrica (ATG) das fibras ............................................................. 67 Figura 10 - Micrografias do subproduto de caju liofilizado (A) e seco em estufa (B) ................. 68 Figura 11 - Valores de aw durante 90 dias de estocagem. ............................................................ 72 Figura 12 - Acidez titilável em ácido orgânico durante 90 dias de estocagem ............................ 69 Figura 13 - Valores do parâmetro de a* durante 90 dias de estocagem ....................................... 70 Figura 14 - Valores do parametro b* durante 90 dias de estocagem ............................................ 71 Figura 15 - Valores do parâmetro c* durante 90 dias de estocagem ............................................ 72 Figura 16 - Capacidade de absorçãode água durante 90 dias de estocagem ................................ 73 Figura 17 - Capacidade de absorçãode óleo durante 90 dias de estocagem ................................. 74 Figura 18 - Valores de higroscopicidade durante 90 dias de estocagem ...................................... 75 Figura 19 - Valores de grau de caking durante 90 dias de estocagem.......................................... 76 LISTA DE TABELAS Tabela 1- Programação dos tempos e temperaturas para liofilização de 30 horas, em liofilizador LP510..................................................................................................... 35 Tabela 2- Classificação dos pós de acordo com a higroscopicidade ............................ 42 Tabela 3- Valores médios e correspondentes desvios padrão das características do subproduto de caju in natura.................................................................................... Tabela 4- Valores médios e correspondentes desvios padrão das características do subproduto de caju in natura (b.u)........................................................................... Tabela 5- 47 49 Valores médios e correspondentes desvios padrão das características do subproduto de caju submetido a dois tratamentos de secagem................................. 52 Tabela 6- Valores médios e correspondentes desvios padrão das características do subproduto de caju liofilizado e desidratado (b.u).................................................... 58 Tabela 7- Capacidade de absorção de água e óleo do subproduto de caju liofilizado e desidratado................................................................................................................ Tabela 8- 69 Resultados das análises microbiológicas do subproduto de caju in natura e liofilizado.................................................................................................................. 70 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AR Açúcares Redutores APHA American Public Health Association aw Atividade de Água AOAC Association of Official Analytical Chemists b.u. Base Úmida b.s. Base Seca C Carotenoides Ca Clorofila a Cb Clorofila b CD Grau de caking CAA Capacidade de Absorção de Água CAO Capacidade de Absorção de Óleo CV Com Vácuo DSC Calorimetria Exploratória Diferencial DNS Ácido 3,5-dinitro-salicílico DRBC Ágar Rosa de Bengala Cloranfenicol Embrapa Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária E. coli Escherichia coli FS Fibra Solúvel FI Fibra Insolúvel FAT Fibra Alimentar Total h Hora HCl Ácido Clorídrico hue Tonalidade IAL Instituto Adolfo Lutz LST Caldo Lauril Triptose MEV Microscopia de Varredura Eletrônica min. Minutos N2 Nitrogênio NMP Número Mais Provável NaCl Cloreto de Sódio NaOH Hidróxido Sódio PCA Ágar Padrão para Contagem PET Polietileno tereftalato SS Sólidos Solúveis SV Sem Vácuo RM Reação de Maillard TGA Análise Termogravimétrica UFC Unidade Formadora de Colônia LISTA DE SÍMBOLOS a* Componente cromático vermelho-verde b* Componente cromático amarelo-azul c* Croma ou intensidade de cor cm Centímetros °C Grau Celsius % Porcentagem g Grama mg Miligrama µg Micrograma L Litro mL Mililitro L* Luminosidade λ° Ângulo de tonalidade ° Grau μL Microlitro ∆E Variação de cor nm Nanômetro SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 18 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 20 2.1 Relevância da cajucultura........................................................................................ 20 2.2 Pedúnculo do caju ..................................................................................................... 20 2.3 Tecnologias para conservação de alimentos ............................................................ 22 2.3.1 Desidratação de alimentos ........................................................................................... 22 2.3.2 Liofilização .................................................................................................................. 23 2.3.3 Embalagem flexível metalizada................................................................................... 24 2.4 Características químicas ........................................................................................... 25 2.4.1 Escurecimento não enzimático .................................................................................... 25 2.4.2 Carotenoides ................................................................................................................ 25 2.4.3 Flavonoides .................................................................................................................. 26 2.4.4 Fibra alimentar ............................................................................................................. 27 2.5 Características físicas ................................................................................................ 28 2.5.1 Atividade de água (aw) ................................................................................................. 28 2.5.2 Higroscopicidade ......................................................................................................... 29 2.6 Propriedades térmicas ............................................................................................... 30 2.6.1 Análise Termogravimétrica (TGA) ............................................................................. 31 2.6.2 Calorimetria exploratória diferencial........................................................................... 32 3 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 33 3.1 Preparação do subproduto de caju .......................................................................... 33 3.1.1 Liofilização .................................................................................................................. 33 3.1.2 Secagem em estufa ...................................................................................................... 35 3.2 Características químicas ........................................................................................... 37 3.2.1 Análise de proteínas..................................................................................................... 37 3.2.2 Análise de cinzas ......................................................................................................... 37 3.2.3 Análise de carotenoides totais ..................................................................................... 37 3.2.4 Análise de FAT............................................................................................................ 38 3.2.5 Análise de flavonoides amarelos ................................................................................. 39 3.3 Caracterização físico-química .................................................................................. 39 3.3.1 Umidade ...................................................................................................................... 39 3.3.2 pH ................................................................................................................................. 39 3.3.3 Acidez total titulável em ácido orgânico ...................................................................... 39 3.3.4 Sólidos Solúveis (SS) ................................................................................................... 40 3.3.5 Açúcares redutores (AR) .............................................................................................. 40 3.4 Caracterização física .................................................................................................. 40 3.4.1 Atividade de água (aw) .................................................................................................. 40 3.4.2 Determinação de cor instrumental ................................................................................ 41 3.4.3 Análise de higroscopicidade ......................................................................................... 41 3.4.4 Grau de Caking ............................................................................................................. 42 3.4.5 Análise de microscopia eletrônica de varredura (MEV) .............................................. 42 3.4.6 Análise termogravimétrica (TGA) e calorimetria exploratória diferencial (DSC) ........ 43 3.4.7 Capacidade de absorção de água (CAA) e Capacidade de absorção de óleo (CAO) .... 43 3.4.8 Capacidade de reidratação ............................................................................................. 43 3.5 Avaliação microbiológica do subproduto de caju ..................................................... 44 3.5.1 Amostras ........................................................................................................................ 44 3.5.2 Preparo das amostras e diluições seriadas ..................................................................... 44 3.5.3 Determinação do número mais provável (NMP) de coliformes termotolerantes .......... 44 3.5.4 Contagem total de bolores e leveduras .......................................................................... 45 3.5.5 Contagem total de aeróbios mesófilos ........................................................................... 45 3.6 Estudo da vida de útil do produto liofilizado ................................................................ 45 3.7 Análise estatítica ............................................................................................................ 46 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................ 47 4.1 Caracterização do subproduto de caju in natura ..................................................... 47 4.2 Caracterização química, físico-química e física do subproduto de caju liofilizado e desidratado ............................................................................................................. 50 4.3 Processo de liofilização versus processo de secagem em estufa do subproduto do pedúnculo de caju ....................................................................................................................... 62 4.4 Capacidade de reidratação do subproduto de caju liofilizado e desidratado ........ 65 4.5 Análise termogravimétrica do subproduto de caju liofilizado e desidratado ......... 66 4.6 Análise das superfícies do subproduto de caju liofilizado e desidratado por microscopia eletrônica de varredura (MEV) ........................................................................... 68 4.7 Características tecnológicas do subproduto de caju liofilizado e desidratado........ 69 4.7.1 Capacidade de absorção de água (CAA) e óleo (CAO) ................................................. 69 4.8 Avaliação microbiológica do subproduto de caju in natura e liofilizado ............... 70 4.9 Estudo da vida útil do produto liofilizado ................................................................. 71 4.9.1 Atividade de água (aw) ................................................................................................... 72 4.9.2 Acidez titulável em de ácido orgânico .......................................................................... 72 4.9.3 Análise de cor ................................................................................................................ 73 4.9.3.1 Parâmetro a* .................................................................................................................. 73 4.9.3.2 Parâmetro b* .................................................................................................................. 74 4.9.3.3 Parâmetro c* .................................................................................................................. 75 4.9.4 Capacidade de absorção de água (CAA) ....................................................................... 76 4.9.5 Capacidade de absorção de óleo (CAO) ........................................................................ 77 4.9.6 Análise de higroscopicidade ......................................................................................... 78 4.9.7 Grau de caking ............................................................................................................... 79 4.9.8 Análises microbiológicas ............................................................................................... 79 5 CONCLUSÃO.............................................................................................................. 81 6 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 82 18 1 INTRODUÇÃO Muitos frutos comestíveis são processados para fabricação de sucos naturais, sucos concentrados, doces em conserva, polpas e extratos. Grande parte dos resíduos gerados possui alto valor nutritivo, contudo são descartados, quando poderiam ser utilizados para minimizar o desperdício de alimentos (KOBORI; JORGE, 2005). As agroindústrias do nordeste brasileiro representam papel sócio econômico relevante na economia regional, em especial a agroindústria do caju, sendo o estado do Ceará o maior produtor de caju, seguido dos estados do Rio Grande do Norte e Piauí. O beneficiamento do caju tem por principal finalidade a produção de castanha, um produto tipo exportação de grande valor no mercado externo (FIEC, 2009). No momento do descastanhamento, grande parte do pedúnculo, cerca de 90%, é desperdiçado, sendo parte perdido ainda no campo. No processamento do pedúnculo do caju para produção de bebidas, principal aplicação do pedúnculo, 40% (m/m) de bagaço são obtidos, que por sua vez não possuem valor comercial (PAIVA et al., 2002; ASSUNÇÃO; MERCADANTE, 2003; FERREIRA et al., 2004; MATIAS et al., 2005; RODRIGUES et al., 2007). Porém, algumas indústrias podem utilizar o bagaço residual da extração para a obtenção de fibra alimentar, para valorização da matéria-prima e obtenção de novos produtos de alto valor agregado. A incorporação do bagaço de caju na produção de fibras de alta qualidade na indústria de alimentos pode ampliar a disponibilidade de produtos, e suprir as necessidades emergentes de novos usos destes compostos. Além disso, favorecerá também um melhor aproveitamento destes frutos e o uso racional e eficiente do resíduo gerado pela indústria, evitando, assim, seu desperdício (SIQUEIRA, 2013). O subproduto do pedúnculo de caju apresenta elevado potencial para comercialização, pois possuem açúcares, vitaminas e sais minerais sendo ricos em fibras e outros compostos com propriedades funcionais (ABREU, 2013). De acordo com a portaria brasileira nº 41, de 14 de janeiro de 1998, fibra alimentar é qualquer material comestível de origem vegetal que não seja hidrolisado por enzimas endógenas do trato digestivo humano. Elas apresentam propriedades funcionais tais como, diminuição dos níveis sanguíneos de colesterol, controle da pressão arterial, controle da glicose sanguínea e aceleração do trânsito intestinal (SOARES et al., 2000). 19 Devido a estes benefícios as fibras têm sido atualmente utilizadas como constituintes dos alimentos, representando mais de 50% do total de ingredientes do mercado. Além de se encontrar em expansão como suplemento dietético e farmacêutico (LAJOLO; MENEZES, 2006). Estudos relacionados sobre obtenção de fibra alimentar a partir do subproduto do pedúnculo de caju liofilizado com o intuito de fabricar alimentos enriquecidos com fibra alimentar, são quase inexistentes, provavelmente por se tratar de uma tecnologia onerosa. A secagem por liofilização exige elevados custos energéticos devido à energia de sublimação e dessorção, baixas temperaturas de condensação, baixas taxas de secagem e o uso do vácuo (LOMBRANÃ; IZKARA, 1996; LIAPIS et al., 1996). Contudo, deve-se verificar a quantidade de matéria-prima necessária para a fabricação de produtos alimentícios com a fibra do subproduto do suco de caju liofilizado, para que seja possível obter dados concretos quanto ao custo benefício do subproduto liofilizado. O processo de liofilização apresenta-se como um método capaz de desidratar alimentos a baixos teores de água, provocando alterações mínimas na composição química e no aspecto morfológico. Além disso, os produtos liofilizados se apresentam em condições de armazenamento a temperatura ambiente por um período de tempo prolongado sem sofrer deterioração. A liofilização é uma técnica que, geralmente, não causa encolhimento do material a ser desidratado por ocorrer em condições especiais de temperatura e pressão, o que proporciona menos danos ao tecido vegetal, levando a um produto de fácil reidratação por formar poros microscópicos no produto resultante desse processo. No entanto, outros métodos de secagem que utilizam temperaturas mais elevadas, como a secagem em estufa, ocasiona danos nos tecidos vegetais acarretando em encolhimento ou endurecimento da matéria-prima, tornando o produto final difícil de ser reidratado. Portanto, uma alternativa de aproveitamento do subproduto da industrialização do suco de caju é a aplicação de tecnologias, como a secagem por liofilização. Desta forma, este trabalho teve como objetivo principal aplicar o processo de liofilização no subproduto do pedúnculo de caju para obter e caracterizar fibra alimentar, e como objetivo secundário, comparar o produto obtido por liofilização com o produto seco em estufa. 20 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Relevância da cajucultura O Ceará tem papel relevante no desempenho da fruticultura do Brasil e esta atividade tem grande contribuição para a economia do estado. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) a cajucultura gera emprego para mais de 130 mil trabalhadores rurais no estado do Ceará e mais de 200 mil pessoas no campo em todo o Nordeste (COSTA, 2010). Os últimos dados divulgados pelo IBGE sobre quantidade produzida, área plantada e colhida, rendimento médio e valor da produção agrícola através do PAM – Produção Agrícola Municipal 2011 e do LSPA – Levantamento Sistemático da Produção Agrícola 2013, revelaram o estado do Ceará como 6º maior produtor nacional de frutas. No entanto, colocando os dados de produção do pedúnculo de caju, o Ceará passa a ser o 4º produtor nacional de frutas frescas, com uma produção de 2.496.051 toneladas (ADECE, 2013). Segundo Oliveira e Ipiranga (2009), a cajucultura ocupa 50% de área cultivada no Ceará, destacando-se como maior produtor nacional. O pedúnculo do caju apresenta alto valor nutritivo, além de apresentar sabor e aroma peculiares da espécie, caracterizando-o como um fruto exótico para o mercado externo (SIQUEIRA, 2013). 2.2 Pedúnculo do caju O caju é composto por 10% de castanha e 90% de pedúnculo. O pedúnculo do caju é uma forma hipertrofiada do pedúnculo floral, caracterizando um falso fruto ou pseudofruto. Fisicamente, ele é a parte da planta que prende o fruto ao galho. Sua estrutura carnosa e suculenta é muito rica em vitamina C e fibras, de maneira que um copo do suco integral supre as necessidades diárias de vitamina C de uma pessoa adulta. O suco apresenta teores consideráveis de açúcares redutores e minerais, principalmente ferro (MORAES et al., 2011; PAIVA et al., 2000; MOREIRA, 2002). Além de possuir em sua composição pigmentos carotenóides e pigmentos fenólicos flavonóides amarelos, substâncias que além de conferir cor aos alimentos também possuem como características ação antioxidante, atuando na prevenção de várias doenças no organismo humano. 21 O consumo do pedúnculo, na forma de caju de mesa vem crescendo a cada safra no mercado de frutas frescas, tanto pela consolidação de mercados tradicionais como pela abertura de novos mercados, e o seu aproveitamento ocorre das mais variadas formas, como na fabricação de sucos, sorvetes, cajuína, vinho, licor, doces, geleias, refrigerante gaseificado, aguardente, hambúrgueres e outros. Dentre esses, o de maior destaque econômico é o suco industrializado, apresentando grande aceitação no mercado nacional. Entretanto, é um fruto altamente perecível gerando perdas elevadas devido à falta de cuidados necessários para seu melhor aproveitamento (MORAIS et al., 2002; SIQUEIRA, 2013). No Nordeste mais de 1,5 milhão de toneladas do pedúnculo do caju são desperdiçados, representando 75% dos 2,5 milhões de toneladas produzidas nos nove Estados (HOLANDA et al., 2010). A principal causa do desperdício do pedúnculo é devido à sua reduzida estabilidade pós-colheita associada à pequena capacidade de aproveitamento da indústria e um curto período de safra (PAIVA et al., 2000). O resíduo gerado pela fabricação de bebidas, como sucos, denominado de fibra ou bagaço de caju, geralmente é transformado em adubo, ração para animais, entretanto, pode ainda ser aproveitado na alimentação humana em virtude de seu valor nutritivo (LOPES NETO, 1997; SILVA, 1998). Este subproduto pode ser transformado em farinha e ser utilizado para enriquecimento de alimentos tradicionais como biscoitos artesanais com objetivo de agregar valor (SANTANA; SILVA, 2008). A literatura relata trabalhos em que a incorporação de fibra de caju na formulação de biscoitos foi avaliada quanto sua aceitação sensorial. Os resultados indicaram o potencial dessa fibra na formulação de biscoitos tradicionais (Lima et al., 2002; Matias et al., 2005). O emprego de farinha de fibra caju em formulação de hambúrgueres bovino é uma alternativa que também foi avaliada. A adição de fibra de caju em hambúrgueres, além de fornecer os benefícios inerentes às fibras alimentares, reduz a quantidade de gordura nos mesmos, pois a proporção em carne seria reduzida em virtude do acréscimo de fibras (PINHO, 2009). Assim, o emprego da fibra do subproduto de caju como ingrediente apresenta vantagens econômicas e nutricionais que devem ser exploradas pelo setor alimentício. 22 2.3 Tecnologias para conservação de alimentos 2.3.1 Desidratação de alimentos A desidratação consiste basicamente em remover parte da água através de uma fonte de calor, geralmente estufas ou secadores. A redução da umidade diminui drasticamente o desenvolvimento de micro-organismos e algumas reações químicas indesejáveis. De forma que, o tempo de conservação do produto é maior (RAUPP et al., 2009). O principal motivo da desidratação de frutas e hortaliças é aumentar a sua conservação, além disso, resulta numa maior facilidade de transporte, armazenamento e manuseio do produto final, seja este para o consumo na forma direta, ou como ingrediente na elaboração de outros produtos alimentícios (TRAVAGLINI; AGUIRRE; SILVEIRA, 2001). Inicialmente, a desidratação ocorre por evaporação da umidade da superfície. Em seguida, envolve a difusão da água do interior do alimento para a superfície. A água se movimenta por forças capilares pela difusão dos líquidos provocada por diferenças na concentração de solutos nas diferentes regiões do alimento e pela diferença da pressão de vapor d’água nos tecidos (SPOTO, 2006). O alimento exposto ao ambiente com umidade relativa definida irá ganhar ou perder umidade até atingir o ponto de equilíbrio. Portanto, um alimento com umidade maior que a umidade relativa do ambiente terá sua pressão de vapor diminuída até que atinja a pressão de vapor do meio em que se encontre (SPOTO, 2006). A água é um dos principais componentes dos alimentos. Todo alimento contém água, embora esta não se encontre quimicamente ligada do mesmo modo. Assim é de fundamental importância conhecer a atividade de água de um alimento, visto que, por meio dela, podem ser previstas reações químicas e enzimáticas e desenvolvimento de micro-organismos, além de propor a escolha adequada de embalagem para um produto (FERREIRA; PENA, 2003; SILVA, GOUVEIA; ALMEIDA, 2002). Uma das maneiras de aumentar a vida útil do subproduto de pedúnculo de caju é através de sua desidratação, que deve ser realizada de maneira que ocorra o mínimo de modificações na estrutura do alimento, tendo em vista o grande desafio deste processo de preservação. Depois de desidratado e transformado em farinha, o resíduo pode ser utilizado como ingrediente em diversos produtos, inclusive os de origem animal. 23 2.3.2 Liofilização Um método de conservação dos alimentos baseado na retirada de água através da sublimação, é a liofilização (ORDÓNEZ, 2005). A liofilização constitui um processo de desidratação por sublimação, onde a água ou a substância aquosa é retirada como vapor do produto congelado passando da fase sólida para a fase gasosa (BOSS, 2004). A técnica consiste em três estágios principais (MARQUES, 2008; PEREDA, 2005): 1- Congelamento: o produto a ser liofilizado é congelado a baixas temperaturas, geralmente menor que -18ºC. O desempenho global da liofilização e a qualidade do produto final dependem significativamente deste estágio. Uma vez que, o tamanho e homogeneidade dos cristais de gelo formados definem a forma, a distribuição, o tamanho e a conectividade dos poros da camada seca formada pela sublimação, influenciando consequentemente, os parâmetros que caracterizam a transferência de calor e massa no produto durante a secagem primária e secundária. 2- Secagem primária: nesta fase, a água congelada é removida por sublimação, e para que isso ocorra, o material congelado deve permanecer a uma temperatura inferior a -10ºC e a uma pressão absoluta de 2 mmHg ou menos. Nessa etapa da liofilização é removida cerca de 90% da umidade inicial do produto. 3- Secagem secundária: Consiste na retirada de água que está ligada à estrutura do material quando não existe mais água na forma de gelo. Ocorre com velocidade menor que a sublimação, já que o teor de umidade é menor e a água não está livre (5% a 10% do total de água do material). Isto acontece ao aumentar a temperatura para um valor entre 20 e 50ºC, mantendo-se a pressão baixa, até que a umidade residual seja baixa o suficiente (entre 2,0% e 10%) para manter a estabilidade do produto por longo tempo. O processo de liofilização possui várias vantagens relacionadas à estrutura do produto, como a característica esponjosa que permite a reconstituição rápida, realce do sabor e aparência fiel do produto original. Outras vantagens, ligadas às baixas temperaturas de operação, é a redução de perdas vitamínicas e de constituintes voláteis, diminuição da desnaturação proteica e aumento da capacidade digestiva que se torna mais elevada (EVANGELISTA, 2005). 24 2.3.3 Embalagem flexível metalizada As embalagens são responsáveis pelo prolongamento da vida útil dos produtos alimentícios possibilitando que sejam comercializados em regiões distantes de seus locais de produção, além de minimizar as suas perdas (COLTRO et. al, 2002). De acordo com Canavesi, Alves (2000), diferentes materiais e estruturas podem ser usados na fabricação de embalagens flexíveis. Os requisitos para a escolha são: rigidez, resistência mecânica, propriedades de barreira e selabilidade, exigidos pelo produto a ser acondicionado. A camada externa deve proporcionar boa qualidade de impressão e características de barreira. Os filmes que podem ser usados externamente são: poli (tereftalato de etileno) - PET, PET revestido com copolímero de cloreto de vinila e cloreto de vinilideno PVDC ou metalizado, poliamida orientada - OPA e polipropileno biorientado - BOPP. Já a camada interna deve acrescentar rigidez à embalagem, para atuar como camada selante. Geralmente a camada interna é composta de polietileno de baixa densidade linear - PEBDL, mas há a possibilidade de usar polietileno de baixa densidade - PEBD, copolímero de etileno e acetato de vinila - EVA, metaloceno ou polipropileno - PP. Outras resinas podem ser incorporadas à estrutura para aumentar a barreira a gases como poliamida - PA, copolímero de etileno e álcool vinílico - EVOH e folha de alumínio. O alumínio também proporciona rigidez, barreira ao vapor d'água e barreira à luz à embalagem. Para a obtenção de uma embalagem flexível metalizada faz-se necessário à fusão de um metal, geralmente o alumínio, e subseqüente vaporização sobre uma superfície polimérica em condição de baixa pressão, entre 10-4 e 10-5 mbar (JORGE, 2013; ANYADIKE, 2010). A baixa pressão no interior da câmara de metalização permite que as moléculas de metal, se movimentem desde a fonte de evaporação até a superfície a revestir, sem encontrar a resistência do ar e outras moléculas gasosas. A película de alumínio depositada sobre o filme polimérico confere barreira à luz e dificulta a permeação de umidade, oxigênio, dióxido de carbono e outros gases que podem comprometer a vida útil dos alimentos. Propriedades de barreira são garantidas pela uniformidade da camada de alumínio depositada no filme, que promove redução de defeitos microscópicos, como microfuros, na camada metalizada. Quanto menores as falhas e defeitos na camada de alumínio, melhor o desempenho de barreira da embalagem flexível metalizada aos gases, vapores e à transmissão de luz (ANYADIKE, 2010). 25 Segundo Jorge (2013), o alumínio é o metal preferido para a maioria das aplicações, em razão do produto acabado ter uma aparência de metal polido ou mesmo cromado e isso exerce grande influência visual. Através do uso de vernizes coloridos, o processo de metalização utilizando alumínio poderá simular qualquer coloração metálica. 2.4 Características químicas 2.4.1 Escurecimento não enzimático Muitos alimentos são submetidos ao tratamento térmico para serem conservados, e o aquecimento pode levar a duas importantes reações na tecnologia de alimentos: a caramelização e a reação de Maillard, também denominadas de reações de escurecimento não enzimático (BRIÃO et al., 2011). Essas reações originam substâncias responsáveis pelo aroma, sabor e cor dos alimentos que são desejáveis para sua aceitação, além de vários estudos demonstrarem que essas substâncias apresentam atividade antioxidante, antimutagênica e quimioprotetora, exercendo efeito benéfico relacionado ao seu consumo. Contudo, podem originar compostos potencialmente tóxicos (acroleína, aminas heterocíclicas) e diminuir o valor nutricional de alimentos, devido ao comprometimento de aminoácidos essenciais, notadamente a lisina (BASTOS et al., 2011). A reação de Maillard ocorre entre açúcares redutores e grupamentos amínicos, produzindo um rearranjo complexo de açúcar-proteína influenciando a cor e o sabor do produto. Essa reação foi descoberta pelo bioquímico francês, Louis Maillard, em 1912, e pela sua complexidade, a mesma não está totalmente esclarecida (CHEVALIER et al., 2001; QIU et al., 2005). 2.4.2 Carotenoides Os carotenoides são pigmentos lipossolúveis responsáveis pela cor de uma ampla variedade de alimentos. Podem ser divididos em dois grupos: xantofilas, moléculas que contêm oxigênio, luteína e zeaxantina; e carotenos, moléculas que não contêm oxigênio como por exemplo, α-caroteno e licopeno (SHEN et al., 2009). 26 Alguns deles são carotenoides pró-vitamina A subsequentemente transformado em vitamina A, que pode prevenir doenças oculares graves como a cegueira noturna. Existem cerca de 700 carotenoides na natureza, mas apenas cerca de 50 tem atividade pró-vitamina A. Dos 50 compostos encontrados, os três mais importantes precursores de vitamina A, no ser humano, são: α-caroteno, β-criptoxantina e β-caroteno (LOZANO-ALEJO; et al., 2007, JASWIR; et al., 2011). O consumo de carotenóides, pró-vitamina A ou não, tem sido associada a uma série de benefícios à saúde como quimioproteção ao câncer (TANAKA, et al., 2012), prevenção de doenças cardíacas e vasculares (AGARWAL et al., 2012), e prevenção de outras doenças crônicas, como por exemplo, catarata e doenças degenerativas como a doença de Alzheimer (OBULESU et al., 2011). Entretanto, esses compostos são bastante instáveis as operações de processamento de alimentos tais como a secagem convencional com ar quente ou secagem sem uso de ar quente como processamento a alta pressão, campo elétrico pulsado, ultra-som, ozônio e ultravioleta além dos processos domésticos como lavagem, descascamento e corte, processamento industrial como preparo de conservas e secagem pode degradar significativamente o nível de carotenoides nos alimentos (TIWARI et al., 2013). 2.4.3 Flavonoides De acordo com Bobbio, Bobbio (2003), os flavonoides englobam uma parte muito importante de pigmentos naturais encontrados unicamente em vegetais. Os pigmentos de cor amarelo claro e branco ocorrem devido a presença dos flavonoides antociânicos, que compreendem duas classes principais de compostos, as flavonas e flavonóis. Os flavonóis mais comuns são kaempferol, quercetina e miricetina Os pigmentos fenólicos flavonoides atuam como potentes antioxidantes e formam quelatos com os metais. Agem contra vírus, bactérias, fungos e são utilizados na alimentação, reprodução e desenvolvimento animal, são considerados também anticancerígenos e podem interferir na germinação de sementes e reprodução de mudas (COUTINHO, 2002). Compostos fitoquímicos presentes em frutas possuem ação antioxidante no organismo humano, prevenindo doenças típicas do homem moderno. Diversas pesquisas apontam que pigmentos fenólicos flavonoides, demonstram a capacidade de captar radicais livres e tem efeitos positivos na prevenção de enfermidades cardiovasculares e circulatórias (NESS; 27 POWLES, 1997; STOCLET et al., 2004), no diabetes e no mal de Alzheimer (HERTOG et al., 1997; ISHIGE et al., 2001; ABDILLE et al., 2005). Estudos relatam as propriedades dos compostos fenólicos presentes em frutas, atuando com eficácia nas infecções causadas por micro-organismos como o Helicobacter pylori (VATTEN et al., 2005) e na indução da apoptose (YEH; YEN, 2005). 2.4.4 Fibra Alimentar A fibra dietética ou alimentar é composta de diferentes polissacarídeos interligados entre si, formando uma rede tridimensional com presença de várias substâncias como proteínas de parede celular, lignina, compostos fenólicos, fitatos, oxalatos e outros (FILISETTI, 2006). Existem diferentes tipos de fibras alimentares na natureza, comumente separadas em duas classes, dependendo de sua solubilidade em água: insolúveis e solúveis (MARTINS, 1997; THEBAUDIN et al., 1997; FIBRAS, 1999). Ambas não são absorvidas pelo intestino delgado, e chegam ao intestino grosso sem se degradar, gerando benefícios diferentes à saúde e deveriam ser consumidas diariamente (MARTINS, 1997). As fibras insolúveis (FI), as quais estão inseridas celulose e lignina, são parcialmente fermentadas no intestino grosso, atuam restritamente ao aspecto físico, diminuindo o tempo de trânsito do bolo alimentar no intestino, aumentando a massa fecal e a capacidade de se ligar a nutrientes e outros componentes do intestino (PACHECO; SGARBIERI, 2001). A ingestão de alimentos ricos em fibras insolúveis auxilia no tratamento ou prevenção de sintomas como constipação, hemorroidas, doença diverticular, câncer e outros problemas intestinais (POSSAMAI, 2005). As fibras solúveis (FS) trazem muitos benefícios à saúde. Estudos têm mostrado que, quando combinadas com uma dieta pobre em gorduras, diminuem o colesterol do sangue, podendo reduzir o risco de doenças do coração (MARTINS, 1997). São representadas pela pectina (frutas), hemicelulose, pelas gomas (aveia, cevada e leguminosas: feijão, grão de bico, lentilha e ervilha) e pelas mucilagens (FIGUEROLA et al., 2005). Em água, elas formam sistemas viscosos e tendem a retardar o esvaziamento gástrico e a absorção de nutrientes (PACHECO; SGARBIERI, 2001). As fibras solúveis podem também contribuir na regulação dos níveis de açúcar do sangue (glicemia), tendo um papel importante na dieta de pessoas com diabetes (MARTINS, 1997). Este tipo de fibra forma um gel, ficando mais tempo no 28 estômago e dando uma sensação de saciedade, contribuindo para o controle do peso na obesidade (POSSAMAI, 2005). De acordo com Fernández-Lopez et al., (2004), os subprodutos de processamento de frutas cítricas representam sérios problemas para a indústria, pois possuem limitadas aplicações de uso e baixo valor agregado, porém em seus estudos apresentaram alternativas para transformar os subprodutos em fontes promissoras de ingredientes para serem utilizados na indústria alimentícia por possuírem valor tecnológico e propriedades nutricionais. 2.5 Características físicas 2.5.1 Atividade de água (aw) Park (2001a) relata que a água é um dos mais importantes componentes dos alimentos, essa componente afeta todas as propriedades físicas de um produto devido à sua interação com o ambiente, envolvendo a estrutura física, bem como a composição química do produto alimentício. A água presente nos alimentos pode ser analisada como atividade de água ou como umidade. A umidade é a quantidade de água presente nos alimentos. Esse parâmetro regulamenta a classificação nutricional, fórmulas bromatológicas e é um dos parâmetros utilizados para monitorar processos. Contudo, a umidade não é um indicador seguro para predizer atividade microbiana e reações físico-químicas (SILVA, 2008). De acordo com Vitalli (1987), a atividade de água de um alimento, ao contrário da umidade, é um dos parâmetros utilizados como indicador da quantidade de água que se encontra disponível no alimento para que seja possível o crescimento de micro-organismos deteriorantes ou não, como também para a ocorrência de reações tais como: escurecimento, oxidação, hidrólise, entre outras. A estabilidade e segurança de um alimento são mais previsíveis pela determinação da atividade de água do que do teor de umidade. A medida da atividade de água em um produto alimentício não fornece uma estimativa real, todavia esse parâmetro correlaciona-se suficientemente bem com as velocidades de crescimento microbiano e das reações químicas e bioquímicas, portanto trata-se de um indicador da vida útil de um alimento e de sua segurança microbiológica (RIBEIRO; SERAVALLI, 2004). 29 As velocidades das reações química e bioquímica sofrem redução com a diminuição da atividade de água, até que em uma aw abaixo de 0,2 todas as reações estejam praticamente inibidas, com exceção da oxidação de lipídeos. Dependendo da atividade de água, a oxidação de lipídios passa por um mínimo, depois sofre uma rápida elevação (DITCHFIELD, 2000). A atividade de água tem influência e determina a cinética de muitas reações nos alimentos, tais como: inativação de enzimas, destruição de micro-organismos, reação de Maillard, gelatinização do amido e desnaturação proteica durante o cozimento, entre outros (DITCHFIELD, 2000). Alimentos com aw entre 0,2 e 0,4 possuem uma maior estabilidade. Com o conteúdo de água nessa faixa, não se faz necessário o uso de conservantes para controlar o crescimento microbiano e a qualidade do produto não é afetada pelo escurecimento não enzimático e oxidação lipídica (ARAÚJO, 2004). O conteúdo máximo de água disponível para o desenvolvimento de micro-organismos é determinado pela aw do alimento. O menor limite de aw para ocorrer o crescimento microbiano nos alimentos encontra-se em torno de 0,60. Um grande número de micro-organismos pode crescer na escala entre 1,0 e 0,6 de aw, dentre eles alguns patogênicos (RAHMAN et al., 2004). Os micro-organismos Gram-negativos responsáveis por processo de deterioração nos alimentos são particularmente mais sensíveis à redução da aw, e dentre esses a maioria das enterobactérias paralisam sua multiplicação em aw abaixo de 0,95. No entanto, as bactérias Gram-positivas são mais resistentes aos baixos teores de água, e a resistência do Staphylococcus aureus a aw reduzida torna-o especialmente perigoso (NISSEN; HOLCK, 1998; PARDI et al., 2001). Portanto, o principal fator na estabilidade de um alimento não é o teor de umidade, mas sim o teor de água livre para o desenvolvimento de micro-organismos e das reações químicas e bioquímicas (DITCHFIELD, 2000). 2.5.2 Higroscopicidade Segundo Martins (2001) a higroscopicidade é a propriedade de absorver a umidade da atmosfera e, dependendo do tipo de produto alimentício, a higroscopicidade pode ser benéfica como no caso de pães e bolos ou prejudicial como no caso das balas, açucares e outros. 30 As propriedades higroscópicas dos resíduos das frutas podem ser afetadas pela composição química, tratamento térmico, constituição de poros, área superficial, tamanho de partícula, características químicas da parede celular, com fatores genéticos da espécie, das condições do meio, fatores edafoclimáticos, pH, natureza dos íons, atração iônica, constante dielétrica, temperatura (LARRAURI, 1999; BORROTO, LARRAURI; CRIBEIRO, 1995; GRIGELMO-MIGUEL; MARTÍN-BELLOSO, 1999a). Etapas de processamento como moagem, secagem, tratamento térmico ou extrusão promovem mudanças nas propriedades físicas da fibra e, consequentemente, nas propriedades de hidratação (CADDEN, 1987). Portanto, as propriedades de hidratação revelam que as diferenças estruturais afetam a habilidade da fibra em absorver água e compostos orgânicos. As características higroscópicas são descritas por diferentes parâmetros: índice de absorção de água e óleo, solubilidade e volume de intumescimento (GUILLON; CHAMP, 2000). Niba e colaboradores (2001) apresentam a definição de capacidade de absorção de água (CAA) como sendo o peso da amostra hidratada por peso da amostra seca. O índice de solubilidade em água é um parâmetro que reflete a degradação sofrida pelos constituintes da fibra, ou seja, o somatório dos efeitos de gelatinização, dextrinização e, consequentemente, solubilização (GUTKOSKY, 1997). A solubilidade tem efeito na funcionabilidade da fibra e, principalmente, na estabilidade da viscosidade (GUILLON; CHAMP, 2000). As diferenças naturais das fontes de fibras e as alterações provocadas pelos processamentos podem promover diferenças nos parâmetros de engenharia, nas propriedades tecnológicas e terapêuticas. 2.6 Propriedades térmicas Através da termogravimetria (ATG) e calorimetria exploratória diferencial (DSC) é possível acompanhar os efeitos do calor associados com alterações físicas ou químicas da amostra, como transições de fases : fusão, ebulição, sublimação, congelamento, inversões de estruturas cristalinas. Ou reações de desidratação, dissociação, decomposição, oxido-redução, entre outras capazes de causar variações de calor. Geralmente transições de fases, desidratações, reduções e certas reações de decomposição produzem efeitos endotérmicos, enquanto que cristalizações, oxidações, algumas reações de decomposição produzem efeitos exotérmicos (IONASHIO, 2005). 31 2.6.1 Análise Termogravimétrica (TGA) Segundo Müller (2011) trata-se de um sistema capaz de medir continuamente a massa de um material enquanto é submetido a um programa controlado de temperatura. Os métodos térmicos de análise, especialmente a análise termogravimétrica, estão sendo muito utilizados para avaliar mudanças de massas em combinação com diversas outras técnicas (LIANG; KOZINSKI, 2000; GÓMEZ et al., 2004; PINHEIRO; FIGUEIREDO, 2005; NAKAI et al., 2007). São utilizadas duas abordagens experimentais para a obtenção de dados, via termogravimetria: termogravimetria dinâmica e isotérmica. Na termogravimetria dinâmica as amostras são submetidas a um programa controlado de temperatura, usualmente à taxa constante. Já na isotérmica as amostras são aquecidas à temperatura de reação e são posteriormente mantidas nessa temperatura por um tempo predeterminado (ÓRFÃO; FIGUEIREDO, 2001). Ionashiro (2005) relata que as curvas TG permitem obter conclusões sobre a estabilidade térmica da amostra, sendo, entre as técnicas termoanalíticas, a mais utilizada. Trata-se de uma análise basicamente quantitativa, uma vez que a variação de massa pode ser exatamente determinada. Contudo, o intervalo de temperatura onde essa variação de massa ocorre, é qualitativo, tendo em vista que esse parâmetro depende de fatores instrumentais e características da amostra. A termogravimetria permite conhecer as alterações que o aquecimento pode causar na massa das substâncias, como modificações da estrutura molecular e ainda estabelecer a faixa de temperatura em que as mesmas sofrem processos de degradação. O amido, por exemplo, sofre decomposição na faixa de temperatura entre 30 ºC a 300ºC (CARVALHO FILHO, 2000; CEREDA;VILPOUX, 2003). Um recurso matemático que fornece a derivada primeira da curva TG em função do tempo ou da temperatura é a termogravimetria derivada (DTG). O registro é a curva termogravimétrica da derivada ou curva DTG, enquanto os picos que ocorrem sob a curva DTG são proporcionais à perda de massa naquele evento térmico (WENDLANT, 1986). No presente trabalho, a propriedade estudada foi à estabilidade termo-oxidativa do subproduto do pedúnculo de caju liofilizado e desidratado em estufa, em função da temperatura, enquanto as amostras foram aquecidas, em uma atmosfera de nitrogênio, numa proporção fixa de mudança de temperatura. A técnica de análise térmica utiliza pequenas quantidades de amostra e o tempo de análise é relativamente reduzido, o que beneficia as indústrias alimentícias (GIRON, 2002). 32 2.6.2 Calorimetria exploratória diferencial (DSC) De acordo com Ionashiro (2005) a Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) é uma técnica que avalia as variações entálpicas que ocorrem com uma dada substância e um material de referência em função da temperatura, enquanto essas são submetidas a um programa controlado de temperatura. Segundo o mesmo autor, no DSC com fluxo de calor a amostra e a referência são colocadas sobre um disco termoelétrico e aquecidas por uma única fonte de calor. A transferência de calor ocorre através do disco para a amostra de referência e o fluxo de calor diferencial entre os dois é controlado por termopares conectados abaixo do cadinho. Qualquer fenômeno físico ou químico que por ocasião de sua ocorrência provoque variações de entalpia pode ser detectado através do DSC. Para evento exotérmico a detecção é representada graficamente em um pico ascendente (CARVALHO FILHO, 2000). Nos últimos anos, a calorimetria exploratória diferencial (DSC) vem sendo muito utilizada para o estudo do comportamento térmico de polímeros como o amido, permitindo monitorar as propriedades térmicas e as transições de fase dos polímeros, além de auxiliar no desenvolvimento de processos alimentícios (JI et al., 2004). 33 3. MATERIAL E MÉTODOS O subproduto do pedúnculo de caju, foi proveniente do campo experimental da Embrapa Agroindústria Tropical (EMBRAPA), localizado no Município de Pacajús-CE. O produto foi estocado em sacos de polietileno em câmara de congelamento à -18 ºC. Os experimentos foram realizados nos Laboratórios de Processos Agroindustriais, Análise Instrumental de Alimentos e Embalagens, da Embrapa Agroindústria Tropical. Também foram realizadas análises no Laboratório de Controle de Qualidade e Secagem de Alimentos, do Departamento de Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal do Ceará. 3.1. Preparação do subproduto de caju As amostras foram descongeladas em câmara de refrigeração sob temperatura de 4,0°C e submetidas a dois processos de secagem: liofilização e secagem em estufa. Após a realização dos processos de secagens as amostras foram trituradas em moinho da marca Willey. A caracterização química, físico-química, física e microbiológica foram realizadas em triplicata, tanto no subproduto de caju in natura como após os processos de secagem. 3.1.1 Liofilização Para o processo de liofilização, foram utilizados 15 recipientes de alumínio onde cada recipiente recebeu 150g do subproduto de caju, que foram congelados em ultrafreezer a uma temperatura de -70°C por 24 horas. Em seguida, as amostras foram inseridas no liofilizador LP510 (Liobras) de escala laboratorial com volume máximo de processamento de 10L (Figura 1). O processo de liofilização ocorreu em 30 horas. 34 Figura 1 – Liofilizador LP510 Câmara de secagem Painel de controle Touch Screen Painel Unidade condensadora de controle Abertura para verificação do óleo da bomba de vácuo Fonte: Autora 35 O equipamento foi programado para operar em 12 estágios e para o subproduto de caju, foram estabelecidas as condições apresentadas da Tabela 1. Tabela 1 - Programação dos tempos e temperaturas para liofilização de 30 horas, em liofilizador LP510. Rampa (minutos) Set point (°C) Patamar (minutos) 30 -20 90 60 -10 120 60 0 120 60 5 120 60 10 120 60 15 120 60 20 120 60 20 60 30 25 90 30 25 30 30 30 90 60 30 120 Rampa: Tempo necessário para o LP510 atingir a temperatura estabelecida no set point. Set point (°C): Temperatura estabelecida ao programar o equipamento. Patamar: Tempo estabelecido para o equipamento operar na temperatura determinada no set point. A programação do LP510 segue até completar o tempo total de operação, ajustada em 30 horas de processo (12 estágios). 3.1.2 Secagem em estufa Foi realizada em estufa de convecção forçada (Marconi). As condições de secagem utilizadas no experimento foram temperatura de 60 °C e tempo de 28 horas. Foram pesados 500g do subproduto do pedúnculo de caju e distribuídos em duas bandejas que seguiam para a estufa de secagem. Durante o processo de secagem realizou-se uma pesagem a cada 4 horas. O tempo de secagem por ar forçado foi estabelecido a partir do tempo programado no processo de liofilização. 36 A Figura 2 apresenta o fluxograma para obtenção de fibra alimentar do subproduto do pedúnculo de caju liofilizado por 30 horas e desidratado em estufa a 60°C por 28 horas. Figura 2-Fluxograma para obtenção de fibra alimentar á partir dos processos de liofilização e secagem em estufa. Subproduto do pedúnculo de caju Armazenamento Descongelamento Preparo da matéria-prima em recipientes Preparo da matéria-prima em bandejas Acondicionamento em ultra-freezer Secagem em estufa a 60°C 28 horas Liofilização Trituração 30 horas Armazenamento Trituração Armazenamento Fonte: autora 37 3.2 Caracterização química 3.2.1 Análise de proteínas Estimado na determinação do teor de nitrogênio presente nas amostras pelo processo de digestão de micro Kjeldahl. Esta metodologia ocorre em três etapas digestão, destilação e titulação, utilizando-se 0,2g da amostra. O conteúdo de nitrogênio das proteínas é de aproximadamente 16%, por isso utilizou-se 6,25 como fator de conversão do nitrogênio total em proteína, os resultados foram expresso em g.100g-1 de proteína (AOAC, 1997). 3.2.2 Análise de cinzas De acordo com IAL 2008 (018/IV), pesou-se 5g da amostra em uma cápsula de porcelana, previamente aquecida em mufla a 550°C, seguido de resfriamento em dessecador até atingir temperatura ambiente e pesagem. Primeiramente, as amostras foram carbonizadas e, em seguida, incineradas a 550ºC, até eliminação completa do carvão, após resfriamento procedeu-se as pesagens das amostras. Os resultados foram expressos em g.100g-1 de cinzas. 3.2.3 Análise de carotenoides totais Foram pesados 2g de amostra em um Becker de 50mL e adicionou-se 18 mL da solução de acetona 80% com posterior homogeneização. O material foi filtrado com papel de filtro em um Becker. Em seguida, realizou-se a leitura do filtrado em espectrofotômetro nas frequências de 47nm (carotenoides), 646 nm (clorofila a) 663 nm (clorofila b). Foram utilizadas as seguintes equações, de acordo com Lichenthaler (1987). Os resultados foram expressos em mg.g-1 de amostra. Clorofila a (Ca) = (12,25*A663) – (2,79*A646) (1) Clorofila b (Cb) = (21,50*A646) – (5,10*A663) (2) Carotenoides (C) = [1000*A470 – ((1,82*Ca) – (85,02*Cb))]/198 (3) 38 3.2.4 Análise de FAT A análise de fibra alimentar total seguiu as técnicas propostas por Li; Cardozo (1994) de acordo com AOAC 99.321 (1998), que se baseia nas análises gravimétricas não enzimáticas, com modificações de Guerra et al. (2004) (Figura 3). Figura 3 – Fluxograma para determinação da FAT pelo método gravimétrico não enzimático. Preparo e tomada da amostra Solubilização de compostos solúveis em água Pesou-se 2g de amostra e foram adicionados 20mL de água deionizada. Com o becker coberto em banho-maria por 90min/37°C. Precipitação da fibra alimentar solúvel Adicionou-se 100mL de etanol 95% aquecido a 65°C e permaneceu em agitação por 1 h (hora). Filtração Sob vácuo em cadinho de vidro contendo 500mg de celite. Lavagem do resíduo Secagem dos cadinhos 2x 20mL de etanol 78%(v/v) e 1x 10 mL etanol 95% e 1x 10 mL acetona. Em estufa a 105 °C por uma noite. Esfriou por 2h em dessecador. Pesagens dos cadinhos Resíduo Total (RT) = (Pr). Fonte: Guerra et al., 2004. A FAT foi calculada a partir da equação 4 como segue: TDF% = 100*(Pr + (P + A))/Pa Onde: Pr = mg do resíduo P = % de proteína de resíduo A= % de cinza do resíduo Pa = mg da amostra (4) 39 3.2.5 Análise de flavonoides amarelos Pesou-se 1g de amostra em um Becker e foi adicionado 30mL da solução etanol/HCL (1,5N). Em seguida, foi realizada uma agitação durante 2 min. na velocidade 5 em agitador magnético. O conteúdo foi transferido para um balão de cor âmbar de 50 mL sem filtrar, e aferido com a solução etanol/HCL (1,5N) com posterior armazenamento sob refrigeração por uma noite e, após esse período, foi realizada a filtração do material para um frasco protegido da luz. A leitura foi realizada em espectrofotômetro na frequência de 374 nm. Os valores foram expressos em mg.100g-1 de amostra. Segundo metodologia de Francis (1982). 3.3 Caracterização físico-química 3.3.1 Umidade A umidade foi determinada pelo método gravimétrico com o emprego de calor, o qual se baseia na perda de peso do material quando submetido a aquecimento de 70°C e vácuo até atingir peso constante (IAL, 013/IV, 2008). 3.3.2 pH Foi determinado em 1g de amostra diluída em 10mL de água destilada, após a filtração do resíduo com papel de filtro mediu-se o pH, inserindo os eletrodos do potenciômetro digital diretamente na solução (IAL, 017/IV, 2008). 3.3.3 Acidez titulável em ácido orgânico Foi determinada por diluição de 1g de amostra em 50mL de água destilada por titulação com NaOH (0,1 N), usando indicador fenolftaleína para verificação do ponto de viragem de inferior para rosa claro permanente, com resultados expressos em g de ácido cítrico.100g-1 de amostra (IAL, 312/IV, 2008). 40 3.3.4 Sólidos Solúveis (SS) As determinações de sólidos solúveis foram realizadas em refratômetro digital (ATAGO), através de leitura direta à temperatura de 20ºC. Foi diluído1g de amostra em 10mL de água e posteriormente filtrada com papel de filtro, segundo o método do IAL (315/IV, 2008). Os conteúdos de SS foram expressos em ºBrix. 3.3.5 Açúcares redutores (AR) Os açúcares redutores foram determinados por espectrofotometria, utilizando-se ácido 3,5-dinitro-salicílico (DNS), de acordo com a metodologia descrita por Miller (1959). O extrato foi obtido a partir da diluição de 1,0g do subproduto de caju em 40mL de água destilada. Após esse procedimento, a mistura foi submetida a tratamento térmico em banhomaria em temperatura de 60 a 70ºC/5 minutos. As amostras foram transferidas individualmente para balão volumétrico de 100 mL, o qual foi aferido com água destilada, sendo realizada homogeneização e filtração em papel de filtro. Em tubos de ensaio, tomou-se uma alíquota de 0,5mL do extrato e adicionou-se 0,5mL do reagente DNS, seguido de agitação, aquecimento em banho-maria a 100ºC/5 minutos e imediato resfriamento em banho de gelo. Foi adicionado a cada tubo 4,0mL de água destilada e a leitura foi realizada em espectrofotômetro da marca Varian, modelo cary 50 conc, no comprimento de onda de 540 nm. A partir das concentrações obtidas foram determinados os teores percentuais de açúcar redutor e os resultados foram expressos em gglicose.100g-1 de amostra. 3.4 Caracterização física 3.4.1 Atividade de água (aw) A atividade de água (aw) foi determinada transferindo-se as amostras para cápsulas de polietileno, de forma direta, em medidor tipo AQUALAB, marca Decagon. 41 3.4.2 Determinação de cor instrumental Foi realizada por análise colorimétrica utilizando colorímetro MINOLTA CR-300. A escala CIE Lab (Comission International de d’Eclairage) inclui três variáveis principais de cor: L* é a luminosidade da amostra (0 = preto e 100 = branco), a* define a intensidade de vermelho (a* positivo) ou verde (a* negativo) e a variável b* mede a intensidade de amarelo (b* positivo) ou azul (b* negativo). A leitura foi realizada direcionando o leitor óptico do equipamento para a amostra, que é colocada sobre a superfície de uma folha de papel branco. A diferença de cor (∆E) foi o parâmetro usado para fazer a avaliação global da mudança de cor quando uma amostra é submetida a um determinado processo, neste caso ao processo de secagem. A diferença de cor foi calculada pela fórmula a seguir: ∆E = [(L0* - L*)2 + (a0* - a*)2 + (b0* - b*)2]0,5 (5) Onde, ∆E = variação de cor L0*, a0*, b0* = valor da amostra in natura L*, a*, b* = valor da amostra processada 3.4.3 Análise de higroscopicidade A higroscopicidade foi determinada segundo Goula e Adamopoulos (2010), com modificações. Cerca de 1,0 g de pó foi espalhado uniformemente sobre uma placa de Petri e essas foram colocadas em dessecadores sob condições de 24,0°C e 75% de umidade relativa utilizando solução de NaCl. As amostras permaneceram nos dessecadores por 90 minutos com pesagens em intervalos de 10 minutos. O pó foi classificado conforme a Tabela 2. 42 Tabela 2 – Classificação dos pós de acordo com a higroscopicidade: Higroscopicidade Classificação Não higroscópico <10% Ligeiramente higroscópico 10,1 - 15% Higroscópico 15,1 - 20% Muito higroscópico 20,1 - 25% Extremamente higroscópico > 25% Fonte: GEA Niro Research Laboratory (2012) 3.4.4 Grau de Caking Após a determinação de higroscopicidade, a amostra úmida foi levada à estufa a vácuo em 70,0°C, com pesagens em intervalos de 2 horas até atingir peso constante. Após o resfriamento em dessecador, a amostra foi pesada e transferida para peneira de 500µm e agitada por 5 minutos. O peso do pó restante na peneira foi medido e o grau de caking calculado, segundo Jayas e Das (2004). CD = (100*a)/b (6) Onde: CD = Grau de caking (%); a = quantidade de pó retido na peneira após peneiramento (g); b = quantidade de pó utilizado (g). 3.4.5 Análise de microscopia eletrônica de varredura (MEV) As amostras foram montadas em stubs recobertas com platina (camada com 60 nm de espessura) em metalizadora Emitech e observadas em Microscópio Eletrônico de Varredura Zeiss DSM 940A, sob uma voltagem de aceleração de 15 kV. 43 3.4.6 Análise termogravimétrica (TGA) e calorimetria exploratória diferencial (DSC) A análise de degradação térmica do subproduto do pedúnculo do caju foi realizada de forma simultânea em um analisador termogravimétrico Shimadzu, modelo TGA-50, conduzida no intervalo de 50 a 500°C na taxa de 10°C/min sob atmosfera de nitrogênio a 10 mL/min. Procurou-se uniformizar as massas das amostras trabalhadas para valores compreendidos entre 12 e 15 mg. 3.4.7 Capacidade de absorção de água (CAA) e Capacidade de absorção de óleo (CAO) Foram pesados 2g de amostra e misturados 20mL de água destilada à temperatura ambiente em tubos de centrífuga, previamente pesados. Os tubos foram colocados sob agitação contínua durante 30 minutos em agitador a 75 rpm em temperatura ambiente. A seguir foram centrifugados a 1000g por 10 minutos. O sobrenadante de cada tubo foi descartado e o sedimento úmido pesado. O CAA foi obtido através da razão entre o peso do sedimento úmido e o peso da matéria seca e expresso em g de água absorvida/g de matéria seca. Para a determinação da capacidade de absorção de óleo foram empregadas as mesmas condições substituindo 20mL de água por 20mL de óleo. Conforme metodologia de Seibel e Beléia (2009). 3.4.8 Capacidade de reidratação A capacidade de reidratação foi acompanhada pela determinação de aw do subproduto de caju in natura. Após a realização dos processos de secagem (liofilização e secagem em estufa), pesou-se em balança analítica 10g de cada produto e foi efetuada a leitura da aw inicial dos produtos, transferindo uma alíquota do produto pesado para cápsulas de polietileno e realizando a leitura em um Aqualab. Em seguida, foi adicionado nas amostras 10mL de água destilada em temperatura ambiente e procedeu-se a leitura no equipamento até os valores de aw atingirem o obtido pelo subproduto in natura. 44 3.5 Avaliação microbiológica do subproduto de caju 3.5.1 Amostras Foram analisadas ao todo 27 amostras de fibra do pedúnculo do cajueiro oriundas de dois tratamentos: fibra liofilizada embalada a vácuo e fibra liofilizada embalada sem vácuo. A fibra in natura também foi avaliada como controle do experimento. A avaliação da estabilidade microbiológica dos dois tratamentos foi realizada nos tempos 0, 30, 60 e 90 dias. Todas as análises foram conduzidas em triplicata. 3.5.2 Preparo das amostras e diluições seriadas Os procedimentos utilizados no preparo das amostras seguiram as recomendações da American Public Health Association (APHA), descritas no Compendium of Methods for the Microbiological Examinations of Foods (Downes & Ito, 2001). As embalagens foram desinfectadas com álcool 70% e abertas com tesoura esterilizada. Uma alíquota de 25g de cada amostra foi pesada e transferida assepticamente para frascos contendo 225mL de água peptonada 0,1 % estéril (diluição 10-1). A segunda e a terceira diluições seriadas foram preparadas transferindo-se 1 mL da diluição imediatamente anterior para tubos contendo 9 ml de água peptonada 0,1%. 3.5.3 Determinação do número mais provável (NMP) de coliformes termotolerantes O método utilizado para determinação do NMP de coliformes termotolerantes foi o da APHA, descrito no Compendium of Methods for the Microbiological Examinations of Foods (Kornacki & Johnson, 2001). Alíquotas de 1 mL de cada diluição foram inoculadas em séries de três tubos contendo 9mL de caldo Lauril Sulfato Triptose (LST) com tubo de Duhran invertido (teste presuntivo). Os tubos foram incubados a 35 °C por 24-48 horas. A partir dos tubos com leitura positiva (turvação e formação de gás), foram realizados os testes confirmativos para coliformes termotolerantes em caldo Escherichia coli (EC) a 45 °C por 24 horas. Os valores de NMP.g-1 foram calculados de acordo com Silva et al., (2010). 45 3.5.4 Contagem total de bolores e leveduras Para essa determinação foi utilizado o método da APHA, descrito no Compendium of Methods for the Microbiological Examinations of Foods (Beuchat & Cousin, 2001). Para contagem total de bolores e leveduras foi realizado plaqueamento direto em superfície (spread-plate) das diluições 10-1, 10-2 e 10-3 em meio Ágar Rosa de Bengala Cloranfenicol (DRBC). Alíquotas de 100 μL de cada diluição foram semeadas no meio de cultivo e espalhadas com alças de Drigalski estéreis até completa secagem do material. As placas foram incubadas a 25ºC por 5 dias. Após o período de incubação, as colônias foram contadas e os resultados foram expressos em Unidades Formadoras de Colônia por grama de material analisado (UFC.g-1). 3.5.5 Contagem total de aeróbios mesófilos O procedimento utilizado nesse ponto foi o da APHA descrito no Compendium of Methods for the Microbiological Examinations of Foods (Downes & Ito, 2001). Alíquotas de 100 μL de cada diluição foram semeadas na superfície do Ágar Padrão para Contagem (PCA) e espalhadas com alças de Drigalski estéreis até completa secagem do material (spread-plate). As placas foram incubadas a 35ºC por 48 horas. Após o período de incubação as colônias foram contadas e os resultados foram expressos em Unidades Formadoras de Colônia por grama de material analisado (UFC.g-1). 3.6 Estudo da vida de útil do produto liofilizado O produto liofilizado foi estocado durante 90 dias em temperatura ambiente e foram realizadas determinações relevantes (acidez titulável em ácido orgânico item 3.3.3; aw item 3.4.1; determinação de cor instrumental item 3.4.2; análise da higroscopicidade item 3.4.3; grau de Caking item 3.4.4; capacidade de absorção de água (CAA) e óleo (CAO) item 3.4.7), a fim de avaliar a influência do tempo estocagem, da selagem com uso de vácuo e da selagem sem uso de vácuo sobre a qualidade do produto. Empregou-se, para esta etapa, embalagem plástica flexível metalizada de alumínio/PET 17g/m2, adesivo 2g, alumínio 21,6g, adesivo 2g, filme PET 80g/m2 nas dimensões de 180cm X 80cm. A seladora utilizada foi da marca Selovac. 46 3.7 Análise estatística Foi realizada análise estatística das médias geradas de todas as análises, utilizando o teste de ANOVA e Tukey. As letras iguais na mesma linha não apresentam diferença significativa ao nível de 5% de probabilidade. 47 4. RESULTADOS E DISCUSÃO 4.1 Caracterização do subproduto de caju in natura Os resultados das análises químicas, físico-químicas e físicas do subproduto de caju in natura estão expostos nas tabelas 3 e 4. Tabela 3 – Valores médios e correspondentes desvios padrão das características do subproduto de caju in natura. b.u (%)Θ b.s (%)Θ Proteína (g.100g-1) 3,56 ± 0,31 12,2 ± 1,06 Cinzas (g.100g-1) 0,53 ± 0,05 1,81 ± 0,19 FAT (g.100g-1) 3,11 ± 0,19 10,62 ± 0,67 Carotenoides (mg.g-1) 0,0029 ± 0,00 0,010 ± 0,00 Flavonoides (mg.100g-1) 19,14 ± 1,88 65,41 ± 6,45 -1 AR (g.100g ) 7,12 ± 0,17 24,32 ± 0,59 Acidez (gác. cítrico.100g-1) 0,32 ± 0,06 1,11 ± 0,22 Parâmetros FAT = Fibra alimentar Total; AR = Açúcar Redutor. b.u. (%)Θ = base úmida; b.s. (%)Θ = base seca. O subproduto do pedúnculo de caju in natura apresentou teor de umidade de 70,75 %, valor inferior aos valores encontrados por Ferreira (2007) e Pinho et. al (2011), os quais obtiveram 74,6 % e 74,75 % de umidade. De acordo com Kinh et al. (2007), o subproduto do caju possui entre 60% e 80% de água. Quanto ao parâmetro aw obteve-se 0,94, esta variável corresponde à água livre presente no alimento. Altos teores de umidade e atividade de água, como os encontrados para o resíduo in natura, favorecem as reações enzimáticas, microbiológicas e bioquímicas. O valor obtido para proteína, 3,6g.100g-1 é semelhante ao encontrado por Pontes (2009) 3,7g.100g-1, e superiores aos encontrados por Pinho et al. (2011), 2,07g.100g-1. Para a análise de cinzas foi encontrado 0,53g.100g-1, segundo trabalhos de caracterização do subproduto de caju in natura realizados por Kinh et al. (2007), o subproduto do pedúnculo de caju possui entre 0,3 e 0,5g.100g-1 de material inorgânico (cinzas) e entre 20% e 40% de matéria orgânica, que constitui-se principalmente de açúcares, fibras, pectina, carboidratos e proteínas. 48 Em relação ao teor de fibra alimentar total (FAT) para o subproduto de caju in natura foi verificado 3,11g.100g-1, valor inferior aos encontrados por outros autores. Matias et al. (2005) encontraram valor de 33,10g.100g-1, enquanto Pinho et. al (2011) obteve 12,51g.100g-1 de FAT. Valores inferiores ao encontrado neste trabalho foi obtido por Guerra et al. (2004), com teor 2,65g.100g-1. Contudo, um alimento com teor de 2 a 3g.100g-1 de fibra alimentar, já pode ser considerado como uma boa fonte (UCHOA et al., 2008). Para carotenoides totais, obteve-se 0,0029mg.g-1, pesquisa sobre a avaliação do subproduto de caju submetido a diferentes métodos de cocção para elaboração de novos produtos, realizada por Sucupira (2012) a média obtida para carotenóides foi 0,86mg.100g-1 para fibra obtida de extração artesanal e 1,87mg.100g-1 para fibra industrializada. Quanto aos flavonoides amarelos, foi encontrado 19,14mg.100g-1 . Em um estudo sobre a qualidade e a atividade antioxidante de pedúnculos de clones comerciais de cajueiro anão precoce, Abreu (2007) obteve média geral de 46,51mg.100g-1 de flavonoides amarelos. A diferença de valores possivelmente é decorrente de perdas de compostos durante o processamento do pedúnculo, para a obtenção do suco de caju. Em relação aos açúcares redutores, o resultado obtido foi inferior aos valores relatados por Machado et al.(2011) e Sucupira (2012) que quantificaram 8,32 e 9,86g.100g-1 respectivamente. Quanto à acidez, obteve-se valor de 0,50g.100g-1, corroborando com o valor da acidez em ácido cítrico encontrada por Pinho et. al (2011) 0,50g.100g-1, ao caracterizar o subproduto in natura do pedúnculo de caju. 49 Tabela 4 – Valores médios e correspondentes desvios padrão das características do subproduto de caju in natura (b.u.) Θ. Parâmetros in naturaΘ Sólidos solúveis (°Brix) 8,0 ± 0,707 pH 4,78 ± 0,03 L* 58,81 ± 0,23 a* 1,96 ± 0,14 b* 38,49 ± 0,09 c* 38,54 ± 0,10 h 87,08 ± 0,21 Cor b.u.Θ = base úmida. L* = Luminosidade. a* = Componente cromático vermelho - verde. b* = Componente cromático amarelo - azul. c* = Croma ou intensidade de cor. hue = tonalidade. Em relação aos Sólidos Solúveis (SS) foi verificado 8,0 ºBrix, análises realizadas em pedúnculo de caju por Sucupira (2012) foi obtido10,56 ºBrix, tais diferenças podem ser atribuídas as condições edafoclimáticas, manejo e idade das plantas analisadas. O pH no subproduto de caju foi de 4,7,encontrado-se próximo aos encontrados por Andrade et al. (2008) e Moura et al. (2010), cujas médias de pH foram 4,6 e 4,5, respectivamente. De acordo com a classificação dos alimentos quanto ao pH, o subproduto in natura apresenta-se como pouco ácido. O parâmetro luminosidade varia de 0 (preto) a 100 (branco), portanto amostras com brilho superficial elevado têm seus valores próximos a 100 (ABREU, 2007). Neste estudo, o valor médio de luminosidade para a amostra in natura foi de 58,81. Provavelmente, por se tratar de um subproduto, o valor de luminosidade decaiu quando comparado com amostras de pedúnculo de clones de cajueiro anão verificado por Abreu (2007), que em seu estudo obteve uma média de 60,45. As variáveis a* e b* são coordenadas de cor. A coordenada a* está localizada no eixo horizontal e indica a direção das cores verde - a* e vermelha + a*. Enquanto b* encontra-se no eixo vertical indicando a direção das cores azul - b* e amarela + b*. O centro da coordenada é acromático, quanto mais os valores de a* e b* se afastam do centro, a saturação da cor aumenta (MINOLTA, 1998). O subproduto de caju in natura apresentou para cor vermelha 1,96, porém a indicação de cor amarela foi superior, 38,49 provavelmente devido à presença de pigmentos, flavonoides amarelos e em menor concentração dos carotenoides. 50 A cromaticidade, de acordo com Souza (2007), representa a intensidade da cor. Quanto maior o valor de croma, maior é a quantidade de pigmentos presentes (ABREU 2007). O valor obtido para intensidade de cor nesse resíduo foi 38,54, sendo que Abreu (2007) obteve média geral de 48,43 ao analisar clones de pedúnculo. A diferença de valor pode está relacionada ao fato da amostra analisada ser um subproduto da agroindústria do caju, o que pode levar a perda de pigmentos durante o processo de obtenção do suco. De acordo com Abreu (2007), os valores do ângulo de hue variam de 0º a 360º, contudo para o caju amarelo e vermelho esse ângulo oscila de 0º a 90º, valores mais próximos de 0º apresentam coloração tendendo ao vermelho, enquanto valores próximos à 90º possuem coloração amarelada, a região intermediária (45º) possui cor alaranjada. O subproduto in natura mostrou altos valores para o ângulo de hue, obtendo-se 87,08 para esta variável. Portanto, para o parâmetro coloração, o subproduto in natura apresenta cor clara, amarelada e intensa. 4.2 Caracterização química, físico-química e física do subproduto de caju, liofilizado e desidratado (Tabelas 5 e 6) A umidade do subproduto de caju obtida pelo processo de liofilização foi 2,59%. Bortollato, Lora (2009), ao liofilizarem abacaxi e Pinho et al. (2011) ao analisarem o subproduto do pedúnculo de caju liofilizado obtiveram produtos com conteúdo de água de 4,04%. A legislação brasileira, Resolução CNNPA nº 12, de 1978, estabelece umidade máxima de 5% para frutas liofilizadas (ANVISA). Quanto ao teor de umidade do produto desidratado, foi encontrado 4,42%. Uchoa et. al (2008), ao desidratarem subproduto de caju em estufa a vácuo, obteve um produto com 6,99% de umidade. Lima et al. (2013) ao caracterizarem farinha obtida do subproduto de caju alcançaram umidade de 14%. Conforme Celestino (2010) o conteúdo de água de um alimento é o principal fator causador da deterioração por micro-organismos e alterações por reações químicas e enzimáticas. A diminuição desse conteúdo é um modo de conservação do alimento. Os métodos de secagem promoveram uma redução significativa de atividade de água (aw). No processo de liofilização foi possível obter aw de 0,23, e resultados semelhantes ao deste trabalho foram encontrados por Marques (2008) ao liofilizar frutas tropicais, encontrando para acerola aw de 0,22 e 0,19 para o produto congelado em N2 líquido e N2 a 51 vapor, respectivamente, ambos os processos com 6 horas de duração, enquanto para o produto congelado em freezer, com liofilização em 8 horas, a aw determinada nos produtos foi 0,20. A aw obtida pelo subproduto de caju seco em estufa foi 0,26 e Lima et al. (2013) ao analisarem farinha do subproduto de caju desidratada obtiveram aw de 0,45. De acordo com Celestino (2010), aw entre 0,4 e 0,8 haverá possibilidade de reações químicas e enzimáticas rápidas, pelo aumento das concentrações dos reagentes, e em regiões de aw < 0,3 as moléculas de água estão fortemente ligadas ao alimento, não podendo ser utilizadas para dissolver componentes do alimento, fazendo com que a velocidade das reações sejam próximas à zero, além de propiciar o não desenvolvimento de micro-organismos. A tabela 5 apresenta os valores expressos em base seca (%b.s.) e base úmida (%b.u.) do subproduto de caju, obtido por liofilização e desidratação a 60 °C. Os resultados expressos em base seca independem do teor de umidade, o que proporciona perceber o efeito real dos métodos de secagem quanto à preservação de nutrientes, quando comparados ao produto in natura. Os valores expressos em base úmida foram utilizados para comparação com os dados da literatura. 52 Tabela 5 – Valores médios e correspondentes desvios padrão das características do subproduto de caju submetido a dois tratamentos de secagem. Base seca Liofilizado in natura Parâmetros Proteína (g. 100g-1) 12,2 ± 1,06 Cinzas (g. 100g-1) 1,80 ± 0,19a FAT (g. 100g-1) a Desidratado 8,01 ± 0,33c 9,33 ± 0,20b 7,65 ± 0,33c 1,48 ± 0,02ab 1,50 ± 0,007ab 1,44 ± 0,02b 1,44 ± 0,007b 10,62 ± 0,67a 17,75 ± 0,34b 15,70 ± 0,51c 17,29 ± 0,33b 15,01 ± 0,49c Carotenoides (mg.g-1) 0,0104 ± 0,00a 0,0036 ± 0,00b 0,0027 ± 0,00b 0,0035 ± 0,00b 0,0025 ± 0,00b Flavonoides (mg. 100g-1) 65,41 ± 6,45a 67,53 ± 0,02a 60,05 ± 0,32ab 65,78 ± 0,02a 57,40 ± 0,03b AR (g. 100g-1) 24,32 ± 0,59a 22,97 ± 1,27a 22,31 ± 0,06a 22,38 ± 2,33a 21,32 ± 0,06a Acidez (gác. cítrico.100g-1) 1,11 ± 0,22a 1,14 ± 0,08a 0,88 ± 0,07a 1,12 ± 0,06a 0,84 ± 0,07a 9,58 ± 0,19 b Base úmida Liofilizado Desidratado Letras iguais na mesma linha, não há diferença significativa ao nível de 5% de probabilidade. FAT = Fibra Alimentar Total, AR = Açúcares redutores. 53 Ao analisar os resultados em base seca, nota-se que não houve diferença significativa (p<0,05) entre os métodos de secagem utilizados e à amostra in natura para as variáveis cinzas, flavonoides, acidez e açúcares redutores. No entanto, o teor de proteínas em relação ao produto in natura, sofreu redução em ambos os processos de secagem, de 21,48% no liofilizado e 34,35% no desidratado. A secagem em liofilizador mostrou uma concentração de proteína no produto final 19,60% superior ao subproduto de caju seco em estufa. A secagem por liofilização necessita de um congelamento prévio. De acordo com Fennema (2010), costuma-se presumir que quanto menor for à temperatura, maior será a estabilidade de uma proteína, entretanto algumas proteínas são desnaturadas em baixas temperaturas, quando armazenadas abaixo de 0 °C, sofrendo desnaturação induzida pelo frio. O processo de desidratação realizado em estufa a 60 °C acarretou em uma maior redução na concentração de proteínas. Ribeiro (2007), afirma que a maioria das proteínas são solúveis a temperatura ambiente e a solubilidade tende aumentar á medida que a temperatura se eleva. Contudo, acima de 50°C as proteínas começam a sofrer desnaturação. Souza (2011) avaliou a qualidade do pó de polpa de cupuaçu liofilizado e desidratado em leito de espuma (% b.s.), e concluiu que os dois tratamentos de secagem provocaram decréscimo no teor de proteínas quando comparado ao produto in natura (% b.s.). O teor de proteína reduziu em 19,75% na polpa liofilizada e 26,23% na desidratação em leito de espuma. Com relação à fibra alimentar total (FAT) ocorreu um incremento de 67,13% para a fibra liofilizada e 47,83% para a desidratada. Observa-se que o subproduto liofilizado possui 13,06 % a mais de FAT do que o produto desidratado. A liofilização tem como característica a manutenção do formato original do produto, todavia para garantir um produto liofilizado de qualidade, a etapa de congelamento é extremamente importante, essa etapa deve propiciar a formação de pequenos cristais de gelo para que seja possível preservar a membrana celular. Com o fenômeno da sublimação a estrutura celular permanece intacta, evitando a perda dos componentes da parede celular vegetal (FOOD INGREDIENTS BRASIL, 2013). Os polissacarídeos são relativamente pouco estáveis e podem sofrer mudanças durante o processamento e o armazenamento dos alimentos que os contêm. O processo de desidratação acarreta em perdas na parede celular vegetal, geralmente relacionada com a gelatinização do amido, cristalização da celulose e as tensões internas criadas pelas variações locais do 54 conteúdo de água. Essas perdas podem causar lesões permanentes nas células (ORDÓÑEZ et al., 2005). O teor de carotenoides no subproduto do pedúnculo de caju foi influenciado pelos métodos de secagem, sendo que a liofilização ocasionou perda de 65,38% desse constituinte e a desidratação uma redução de 74,04%. Uma vez que os carotenoides oxidam com facilidade, por conter um grande número de ligações duplas conjugadas, as reações de oxidação ocasionam perda de cor nos alimentos. A oxidação de um pigmento é altamente dependente de seu ambiente. Quando dentro dos tecidos, os pigmentos muitas vezes estão compartimentalizados e protegidos da oxidação. Porém, danos físicos ou extração dos carotenoides aumentam sua suscetibilidade à oxidação. Além disso, o ar de desidratação expõe os carotenoides ao oxigênio, o que pode causar uma grande degradação dessas substâncias (FENNEMA, 2010). Barbosa (2010), em pesquisa com o subproduto do pedúnculo de caju para obter carotenoides e flavonoides por maceração enzimática, produziu extratos a partir do subproduto da indústria de caju, os quais foram submetidos a dois tratamentos, sendo que o primeiro a amostra permaneceu sob a temperatura de 30 °C por 1 hora e o segundo por 2 horas na mesma temperatura, constatou que o maior tempo em temperatura de 30 °C ocasionou degradação de parte dos compostos carotenoides, ocorrendo redução dos seus valores, fenômeno que foi facilitado pela presença de oxigênio. Santos et al. (2012) realizaram estudo comparativo de diferentes métodos de secagem em coentro e verificaram que o processo de liofilização apresentou menor perda de carotenoides do que o processo de secagem em estufa, obtendo 2,47mg.100g-1 (% b.s.) em coentro liofilizado e 2,02mg.100g-1 (% b.s.) em coentro desidratado. É interessante observar que os parâmetros, proteína e FAT, apresentaram diferenças em suas concentrações por ação dos processos de secagem. Contudo a desnaturação proteica pela técnica de liofilização foi menos acentuada do que pela secagem com ar forçado. Quanto a FAT, este parâmetro apresentou incremento nos dois processos de secagem, no entanto a secagem por liofilização levou a uma maior concentração desse constituinte no produto final, demonstrando ser uma técnica que resulta em produtos de alta qualidade e, segundo Ratti (2001) à ausência de água líquida e as baixas temperaturas exigidas no processo tem como consequência produtos com elevada qualidade, além do estado sólido da água durante a secagem proteger a estrutura primária e minimizar mudanças na forma do produto. 55 Analisando os resultados obtidos em base úmida, os processos de liofilização e desidratação apresentaram diferença significativa entre si para a análise de proteína, sendo que a liofilização foi 21,96% superior na concentração desse nutriente. Pinho et al. (2011) encontraram no subproduto de caju liofilizado 9,80g.100g-1, valor próximo ao encontrado neste trabalho para o produto liofilizado. Quanto ao processo de desidratação, Uchoa et al.(2008) verificaram 1,16g.100g-1 de proteína ao caracterizar subproduto de caju em pó, contudo no presente estudo o produto desidratado teve teor de proteína superior, sendo o valor equivalente ao obtido por Matias et al. (2005), que foi de 7,68g.100g-1. O teor de cinzas para a amostra liofilizada resultou em valor próximo ao encontrado por Pinho et al. (2011) de 1,20g.100g-1, indicando uma boa presença de minerais. Em relação ao produto desidratado, o resultado está um pouco abaixo ao encontrado por Mourão et al. (2009), ao caracterizarem barra de cereais de caju ameixa verificaram 1,75g.100g-1 de minerais, enquanto Nunes et al. (2013) ao formularem barra de cereal com subproduto do pedúnculo de caju seco em estufa encontraram 1,45g.100g-1, valor semelhante ao deste trabalho. As técnicas de secagem realizadas no subproduto da indústria de caju apresentaram diferença significativa em 5% para FAT, à amostra liofilizada possui 15,19% a mais em comparação com a amostra desidratada. Em estudo realizado por Pinho et al. (2011), com subproduto de caju liofilizado o resultado obtido para FAT foi 40,35 g.100g-1, todavia Lima, Garcia e Lima (2004), ao caracterizar fibra de caju desidratada encontraram 61,21g.100g-1, os dois resultados foram superiores aos encontrados nas amostras, liofilizada e desidratada, apresentadas na tabela 5. Observa-se que a matéria-prima utilizada neste estudo contém teor inferior de FAT, quando comparado a resultados de outros autores que caracterizam FAT em subproduto do pedúnculo do caju. De acordo com Hernández et al., (1995), a análise de fibra alimentar apresenta vários problemas devido a dois fatos: a falta de concordância na definição de fibra, já que ao atuar como um complexo no trato gastrointestinal é difícil desenvolver métodos que determinem sua digestibilidade, e devido à variedade de seus componentes que dificultam o desenvolvimento de métodos específicos para cada um deles e que sejam aplicáveis a todo tipo de alimento. 56 Através da extração ácida e alcalina é obtida a chamada fibra bruta, esse método deve ser abandonado por fornecer valores subestimados de FA. Este processo destrói toda a fração solúvel da fibra e quantidades variáveis da fração insolúvel. A estimativa de determinação pelo uso dessa técnica, de hemicelulose é apenas 20%, de 10 a 40% de lignina e de 50 a 90% de celulose após o tratamento drástico, não fisiológico. Os métodos baseados no uso de detergentes ácidos (ADF) e/ou neutro (NDF) se não forem realizados com uso de amilases e da determinação de nitrogênio residual, podem dar valores superestimados. O método enzímico-gravimétrico, desenvolvido por Hellendoorn e posteriormente modificado por Asp e colaboradores e em seguida por Prosky e colaboradores, oficializado pela AOAC, determina o teor total da fração fibra dos alimentos. Este método não permite isolar cada componente, porém, determina separadamente, a fração solúvel e insolúvel. Para caracterização química completa pode-se utilizar o método de Southgate ou modificações que permitem o isolamento e a identificação dos componentes individualmente (HERNÁNDEZ et al., 1995). Lima (2001), ao obter e caracterizar farinha de batata doce parboilizada, relata em sua pesquisa que Schneeman, 1986, afirma que o método enzimático-gravimétrico, aprovado pela AOAC, fornece meios mais exatos para estabelecer o teor de fibra alimentar total. Santos (2013), ao determinar fibra alimentar em produtos hortifrutícolas, informa em seu trabalho que um estudo realizado por Lee sobre análises de fibra alimentar, quando não é efetuada a digestão enzimática, caso dos métodos não enzimático-gravimétricos, não se recupera, para a maioria dos alimentos, uma porção significativa do que é considerado fibra alimentar total. Os autores referenciados neste trabalho, Pinho e colaboradores (2011), Lima, Garcia e Lima (2004), utilizaram a metodologia da AOAC enzímico-gravimétrico, provavelmente a elevada diferença na quantificação de FAT obtida por esses autores em relação ao presente trabalho se deu pelo uso da metodologia. Para quantificação de FAT nesta pesquisa foi utilizado o método não enzímico-gravimétrico desenvolvido por Li & Cardozo, mas com modificações realizadas por Guerra e colaboradores. A escolha pelo método foi baseada nos recursos disponíveis. Em relação aos compostos carotenoides do subproduto de caju o valor encontrado foi de 0,0035mg.g-1 para o produto liofilizado e 0,0025mg.g-1 para o desidratado. Trabalho realizado por Oliveira (2012), ao liofilizar polpa de cajá sem e com adição de coadjuvante de secagem verificou que houve diferença significativa (p>0,05) no conteúdo de carotenoides ao adicionar 17% de maltodextrina, obtendo 8,95 e 2,84mg.100g-1 para o pó liofilizado sem encapsular e 57 encapsulado, respectivamente. Andrade (2013) ao analisar o potencial antioxidante do subproduto do pedúnculo de caju desidratado encontrou para carotenoides 0,067mg.100g-1. De acordo com Rodriguez-Amaya (1999), um sistema de duplas ligações conjugadas constitui o cromóforo responsável pelo poder corante dos carotenoides, além do que esse sistema também atua contra doenças degenerativas. Entretanto, o mesmo sistema é causa da sua instabilidade, o que o torna susceptível a isomerização e degradação oxidativa. A preservação de carotenoides durante processamento e estocagem é um desafio e uma grande preocupação para a Engenharia de alimentos. Embora a maior parte da cor amarela dos alimentos seja atribuída à presença de carotenoides, essa cor em alguns alimentos é atribuída à presença de flavonoides do tipo não antociânico. Uma das funções muito importante dos flavonoides presentes nos alimentos é a sua propriedade antioxidante e sua contribuição para o sabor, em particular para o amargor (FENNEMA, 2010). A concentração de flavonoides amarelos no subproduto do pedúnculo de caju ao ser liofilizado foi de 65,78mg.100g-1, o mesmo produto ao ser submetido a secagem em estufa obteve 57,40mg.100g-1. Costa et al. (2012) ao avaliarem a estabilidade de antioxidantes da farinha de araticum obtida da secagem a 40, 50 e 60 °C em estufa, observaram que nas temperaturas de 40 e 50 °C é possível manter a maior parte das propriedades antioxidantes dessa farinha, verificando um produto com 13,31 e 12,81mg.100g-1 de flavonoides, respectivamente. Os açúcares redutores, glicose e frutose, em geral são encontrados nas frutas em elevado teor. O subproduto da indústria de caju após liofilização obteve valor de 22,38g.100g-1 e o produto desidratado alcançou concentração de 21,32g.100g-1. Andrade (2013) ao desidratar o subproduto de caju seco em estufa quantificou 12,20g.100g-1. Uchoa et al. (2008) encontraram valor bastante elevado de 36,55g.100g-1.ao caracterizarem o pó do subproduto de caju. Machado et al. (2011) ao realizarem desidratação no pedúnculo do caju, obtiveram uma farinha com 14,82 g.100g-1, no entanto o conteúdo de água dessa farinha foi 10,83%. Os valores de acidez para as amostras secas foi 1,12 e 0,84g.100g-1 no subproduto liofilizado e desidratado, respectivamente. O resultado verificado por Pinho et al. (2011) em subproduto de caju liofilizado foi 3,10g.100g-1, enquanto para o produto desidratado os mesmos autores verificaram 2,61g.100g-1. Os ácidos orgânicos tem influência sobre a estabilidade e manutenção da qualidade nos produtos alimentícios. Quando ocorre processo 58 de decomposição por hidrólise, oxidação ou fermentação o teor de íons de hidrogênio nos alimentos quase sempre sofre alteração. Tabela 6 – Valores médios e correspondentes desvios padrão das características do subproduto de caju liofilizado e desidratado (b.u) Θ. in naturaΘ LiofilizadoΘ DesidratadoΘ 8 ± 0,70a 29,60 ± 1,52b 27,00 ± 1,00b 4,78 ± 0,03a 4,49 ± 0,01b 4,64 ± 0,02c L* 58,81 ± 0,23a 59,12 ± 0,02a 57,02 ± 0,1b a* 1,96 ± 0,14a 1,52 ± 0,02b 5,65 ± 0,03c b* 38,49 ± 0,09a 32,73 ± 0,05b 24,23 ± 0,13c c* 38,54 ± 0,10a 32,87 ± 0,06b 24,88 ± 0,13c h 87,08 ± 0,21a 86,74 ± 0,04a 76,84 ± 0,14b 5,70 ± 0,07a 14,83 ± 0,24b Parâmetros SS (°Brix) pH Cor ∆E Letras iguais na mesma linha, não diferem significativamente (α=0,05) b.u.Θ = base úmida. SS = Sólidos Solúveis. L* = Luminosidade. a* = Componente cromático vermelho - verde. b* = Componente cromático amarelo - azul. c* = Croma ou intensidade de cor. hue = tonalidade. ∆E = variação de cor. Os sólidos solúveis, como o próprio nome indica, representam os sólidos presentes no subproduto do caju que são solúveis em água, principalmente açúcares, ácidos orgânicos e sais, contudo a maior parte dos sólidos solúveis é constituída por açúcares. Com a redução do conteúdo de água ocasionada pelos processos de secagem, ocorre um incremento no teor de sólidos solúveis. Uchoa et al. (2008) verificaram 40,48 °Brix ao desidratarem o subproduto da indústria do caju para elaboração de pó alimentício. O pH é uma medida utilizada como indicativo para delimitar o desenvolvimento de micro-organismos em alimentos, além de reter odor e sabor nos produtos de frutas, influenciando a palatabilidade. O subproduto de caju após a liofilização e desidratação, apresenta diferença significativa em relação ao produto in natura, tornando o subproduto liofilizado ácido, enquanto o subproduto desidratado continua classificado como pouco ácido, mesmo com a redução do pH. Em relação ao parâmetro cor, os pigmentos verificados no subproduto de caju foram carotenoides e flavonoides amarelos. Os pigmentos encontrados em alimentos tem influência sobre a escolha do consumidor, que costumam associá-los quanto ao valor nutricional. Pigmentos carotenoides, como all-trans-β-criptoxantina e all-trans-β- 59 caroteno, presentes no subproduto do caju (Barreto et al., 2007), são compostos de elevado interesse nutricional. No organismo essas substâncias são transformadas em vitamina A, necessária à saúde dos olhos, pele, metabolização das proteínas pelo fígado. Enquanto os pigmentos fenólicos flavonoides possuem propriedades antioxidantes. Aos compostos fenólicos vem-se atribuindo que, uma dieta rica com essas substâncias está associada ao baixo risco de doenças cardiovasculares. Contudo, cor e aparência são atributos fundamentais, percebidos com facilidade pelo homem, que os associam a qualidade dos alimentos. Além de nutritivo e seguro os alimentos devem ser atrativos visualmente, para que ocorra a sua aquisição. A Figura 4 exibe uma melhor percepção visual do resultado das técnicas de secagem sobre as propriedades ópticas dos produtos processados em relação ao subproduto de caju in natura. Figura 4 – Parâmetros colorimétricos (L*, a*, b*), em relação a amostra in natura. O grau de brilho das amostras do subproduto de caju foi determinado pelo componente acromático L* (Tabela 6), para o subproduto de caju liofilizado, o valor desse componente aumentou, mas em relação à amostra in natura não foi significativo (p<0,05). Todavia, a perda de carotenoides totais no produto liofilizado, teve como consequência redução da cor amarela em 28,94% (diminuição do b*), diferindo estatisticamente da amostra in natura, Tabela 6. Ao observar o efeito da secagem convencional no subproduto da indústria de caju, verifica-se que o parâmetro L* diminuiu (3,14%), enquanto o valor de b* aumentou 60 significativamente (65,31%). Assim, a secagem com ar forçado apresentou diferença estatística (p>0,05) para os componentes acromático (L*) e cromático (b*), em comparação com o subproduto de caju in antura, Figura 4. O valor b* encontrado para o subproduto liofilizado indica que houve prevenção da deterioração da cor no produto final. Enquanto o aumento do valor b*, no subproduto do pedúnculo de caju tratado por secagem convencional, indica que durante o processo ocorreram reações de escurecimento. A Figura 5 ilustra os valores do parâmetro croma e ângulo de hue (λº). O croma é definido como índice de saturação, indica o grau de intensidade da cor (a* e b*), em relação a um padrão, no caso amostra in natura. Enquanto que o ângulo de hue indica a diferença de tonalidade entre os produtos secos e o padrão. Tanto o subproduto de caju liofilizado quanto o seco em estufa apresentaram uma diminuição na intensidade da cor, como mostra a Tabela 6, o que era esperado, uma vez que nos dois processos houve degradação de carotenoides totais. O subproduto liofilizado sofreu uma redução de 17,25% e o subproduto desidratado 54,90%, na intensidade de cor amarela. Os valores para ângulo de hue indicam a diferença de tonalidade entre as amostras in natura, liofilizada e desidratada. Verifica-se para o subproduto de caju liofilizado que a tonalidade manteve-se praticamente constante (Figura 5). Entretanto, o processo de secagem com ar forçado afetou a tonalidade do produto desidratado, ocorrendo um decréscimo de 13,32% no valor do ângulo de hue. 61 Figura 5 – Parâmetros colorimétricos (croma e λ⁰ ), em função da amostra in natura. De acordo com o sistema CIE Lab o valor de ∆E (diferença média de cor entre a amostra in natura e as processadas) indica que para valores ∆E > 1, o olho humano é capaz de detectar as diferenças nas cores. Através dos valores expostos na Tabela 6 para ∆E, verifica-se que o olho humano é capaz de perceber as alterações de cores ocorridas entre a mostra in natura, liofilizada e desidratada. 62 4.3 Processo de liofilização versus processo de secagem em estufa do subproduto do pedúnculo do caju Figura 6 - Fotografias do subproduto de caju in natura (A), submetido a dois processos de secagem: liofilização (B) e secagem em estufa a 60oC (C), e após a reidratação do liofilizado com 60 ml.100g-1 (D) e do seco em estufa reidratado com 30 ml.100g-1 (E). (A) (B) (C) (D) (E) 63 Muitas reações bioquímicas podem ser induzidas pelo aumento da temperatura em alimentos, como as reações de Maillard, desnaturação térmica das proteínas, reações enzimáticas e outras. A cor é um dos atributos mais importantes no que diz respeito à qualidade dos produtos alimentícios secos, porque faz parte da sua aparência visual e na maior parte do tempo é o primeiro critério a ser avaliado pelos consumidores na escolha de um novo produto. A cor pode mudar durante a secagem, devido a reações químicas e bioquímicas. As taxas de tais reações dependem fortemente dos métodos de secagem e parâmetros de processamento. A cor das frutas, produtos hortícolas, plantas aromáticas e especiarias são devido à presença de pigmentos, que são suscetíveis à degradação por reações enzimáticas ou não enzimáticas, induzidas por secagem e continuando durante o armazenamento (BONAZZI; DUMOULIN, 2011). A Figura 6A mostra o subproduto de caju in natura, as Figuras a seguir 6B e 6C, mostram o subproduto após processos de liofilização e secagem convencional, respectivamente. Observa-se que após a liofilização o subproduto de caju permanece com cor amarela muito próxima ao produto in natura, apresentando um tom de amarelo pálido em comparação ao produto sem aplicação da secagem por liofilização. Contudo, o subproduto que sofreu secagem por ar forçado apresenta uma cor distante do amarelo apresentado pelo subproduto in natura, demonstrando ter sofrido escurecimento pela tecnologia de secagem por ar quente. As figuras 6D e 6E apresenta o subproduto, na devida ordem, liofilizado e desidratado após realizar hidratação. É possível observar que a amostra seca por liofilização apresenta uma cor semelhante ao produto in natura, reduzindo o tom de amarelo pálido. Entretanto, o subproduto de caju seco em estufa, após a adição de água ainda permanece com uma cor distante do produto in natura. A aplicação de diferentes técnicas de secagem ocasionou no mesmo produto características visuais distintas. A liofilização é uma técnica de secagem mais branda, que proporciona um resultado no produto final com características muito próximas ao do produto in natura. Enquanto que, a tecnologia de secagem por ar quente ocasiona alteração na cor do subproduto desidratado, devido às características intrínsecas do subproduto de caju que o torna susceptível ao escurecimento não enzimático. As interações entre componentes aminados e carbonilados resultam em escurecimento e modificação no sabor, que estão associados com o processamento e cozedura dos alimentos. As citadas interações são chamadas por reações de Maillard (RM) ou escurecimento não 64 enzimático, que levam a modificações complexas nos alimentos (NUNES, BAPTISTA, 2001). A RM inicia-se com o ataque nucleofílico do grupo carbonílico de um açúcar redutor, por exemplo, ao grupamento amina de proteínas. A ocorrência da reação em alimentos depende de vários fatores: temperaturas elevadas (acima de 40ºC), atividade de água na faixa de 0,4 a 0,7, meio ácido ou alcalino, umidade relativa de 30% a 70% (KWAK; LIM, 2004; FINOT, 2005; NUNES; BAPTISTA, 2001). Além desses fatores, a composição do alimento também influência na ocorrência da RM. O tipo de açúcar redutor interfere na velocidade de reação com os grupamentos amina, sendo o açúcar redutor mais reativo a xilose, seguida de arabinose, glicose, maltose e frutose, indicando que as pentoses são mais reativas do que as hexoses (MORALES, 1997; MARTINS, 2000). As primeiras etapas da reação conduzem à formação de um número limitado de derivados: bases de Schiff, aldosilaminas e compostos de Amadori. As etapas seguintes, que se traduzem pela degradação dos compostos de Amadori, conduzem à formação de variadíssimos compostos, muitos deles moléculas insaturadas que se polimerizam (FINOT; MAGNENAT, 1981). O escurecimento é a maior característica das consequências da RM. A cor produzida, a sua intensidade e as propriedades do produto final da reação são fortemente dependentes da natureza dos reagentes e das condições da reação, especialmente do valor de pH e da temperatura (NUNES, BAPTISTA, 2001). Brião et al. (2011) ao realizarem estudo sobre a cinética de escurecimento não enzimático usando soluções de açúcares D-glicose anidra e D (+) lactose mono-hidratada e soluções de aminoácidos, glicina e glutamato monossódico mono-hidratado, em pH neutro e ácido, concluíram que a natureza dos açúcares e aminoácidos tem importante papel no grau de avanço da formação de cor pela RM. Sendo que a glicose se mostrou mais reativa do que a lactose. Em relação às proteínas não foi evidenciado que glicina ou glutamato produzissem diferentes níveis de coloração pela RM. 65 4.4 Capacidade de reidratação do subproduto de caju liofilizado e desidratado A reidratação é um processo complexo no qual água é absorvida pelo material seco com o intuito de restaurar as mesmas características que o material possuía antes da sua secagem. A água é absorvida pelo tecido vegetal, mas ao mesmo tempo ocorre saída de componentes solúveis da matéria seca. A porosidade é a porção de espaços vazios em relação ao volume total do material, esta propriedade tem influência sobre as características de reidratação do produto (ROSA, 2010). As Figuras 7 e 8 apresentam as curvas de reidratação obtidas para o subprodudo de caju liofilizado e subproduto de caju seco em estufa, respectivamente. O perfil de reidratação baseou-se na atividade de água (aw) do subproduto de caju in natura. Figura 7 – Atividade de água (aw) do subproduto de caju liofilizado por 30horas e reidratado. O subproduto do caju liofilizado para alcançar aw de 0,94, valor encontrado no subproduto in natura, foi necessária a adição de 60 mL de água, no entanto o subproduto desidratado para alcançar o mesmo parâmetro de aw necessitou de uma menor adição de água, 30 mL. A porosidade do material seco está diretamente relacionada ao encolhimento sofrido pelo material durante o processo de secagem. Durante a secagem, os alimentos geralmente apresentam uma importante redução no volume (ROSA, 2010). O maior volume de água requerido pelo subproduto de caju liofilizado, está relacionado ao fato do procresso de liofilização ocorrer com a água do alimento em estado sólido e sob condições extremas de temperatura e pressão, o que proprociona a sublimação da água 66 congelada no vácuo. Como a maior parte da água presente no alimento é eliminada por sublimação, o produto apresenta formação de uma estrutura altamente porosa. Figura 8 – Atividade de água (aw) do subproduto de caju seco em estufa a 60°C por 28 horas e reidratado. Durante o processo de desidratação convencional a perda de água e o aquecimento levam a danos na estrutura celular do alimento que modifica a sua estrutura e causa o encolhimento da estrutura. De acordo com Lopes (2013) um dos principais fatores relacionados à perda de qualidade de alimentos desidratados é relativo às alterações estruturais causadas pelo encolhimento durante a secagem. Mudanças na forma, perda de volume e aumento da dureza na maioria dos casos podem causar uma impressão negativa no consumidor. Além disto, o encolhimento está diretamente relacionado à capacidade de reidratação do produto, como observado por Giri e Prasad (2007). 4.5 Análise termogravimétrica do subproduto de caju liofilizado e desidratado A partir da análise termogravimétrica foi possível traçar as curvas de estabilidade térmica das duas amostras secas (liofilizada e desidratada), Figura 9. O subproduto de caju possui uma composição química complexa para fibras (hemicelulose, celulose e lignina). Por tal motivo a decomposição das amostras do subproduto da indústria de caju ocorre em diferentes regiões de temperatura. A primeira perda de massa, até 125 °C é decorrente da perda de água e de produtos voláteis. Após a temperatura de 125 °C inicia-se a decomposição relativa à degradação de hemicelulose, esta fibra foi avaliada termicamente por Yang et al. (2007) e de acordo com 67 seus dados entre 230 e 300 °C ocorreu aproximadamente 50% de degradação da hemicelulose, esta fibra demonstrou ser a que possui menor estabilidade térmica. Figura 9: Análise termogravimétrica (ATG) das fibras Na Figura 9 foi possível observar que ocorre uma fase de decomposição, entre as temperaturas de 150 a 350 °C, provavelmente pela presença de hemicelulose no subproduto liofilizado e desidratado. Os mesmos autores ao avaliar a degradação de amostras de celulose verificaram as maiores taxas de degradação (% de massa/ °C) em torno de 350 °C, e o mesmo comportamento foi verificado para as amostras em estudo neste trabalho. Em relação ao comportamento térmico da lignina, Yang et al., (2007) verificaram que este composto apresentou possuir uma maior resistência térmica entre os três componentes estudados. A sua degradação ocorreu durante todo processo de análise termogravimétrica, contudo possui as menores taxas de perda de massa, sendo a maior responsável pela resistência térmica apresentada pelo subproduto da indústria de caju. Verificou-se o mesmo perfil de perda de massa para as amostras processadas (liofilizada e desidratada), no entanto observa-se que a amostra liofilizada apresentou valores levemente inferiores, não ultrapassando 10% de diferença em termos de perda de massa comparada a amostra desidratada. Este comportamento de maior sensibilidade térmica, verificada para o subproduto de caju liofilizado, ocorre devido o processo de liofilização proporcionar um aumento no volume do produto, tornando-o poroso. A expansão do volume no subproduto 68 liofilizado permite que a sua superfície de contato aumente, facilitando o processo de degradação térmica. O processo de secagem em estufa tem efeito contrário ao da liofilização, acarretando em um encolhimento do produto, em decorrência dos danos que essa tecnologia provoca na estrutura celular dos produtos de origem vegetal. A redução no volume e provavelmente aumento na dureza do subproduto de caju desidratado o torna mais resistente à degradação térmica, resultando em menor perda de massa quando comparado ao subproduto de caju submetido à liofilização. 4.6 Análise das superfícies do subproduto de caju liofilizado e desidratado por microscopia eletrônica de varredura (MEV) As imagens de microscopia de varredura apresentam a estrutura morfológica do subproduto de caju após os processos de secagem por liofilização e desidratação em estufa (Figura 10). Figura 10 – Micrografias do subproduto de caju liofilizado (A) e seco em estufa (B) (A) (B) A superfície do subproduto liofilizado (Figura 10A) apresentou mais espaços vazios, enquanto o subproduto seco em estufa (Figura 10B) apresentou uma superfície mais compactada. Tal diferença se deve a evaporação da água que ocorre de forma diferenciada entre os processos. No processo de liofilização, a água presente no subproduto de caju sofre congelamento na etapa de pré-tratamento, empregando o ultrafreezer. Em seguida os cristais de água formados são evaporados sob baixa pressão no liofilizador formando espaços na 69 estrutura morfológica o que proporciona uma característica esponjosa. Tal característica relaciona-se com uma maior capacidade de absorção de água pelo produto, conforme observado no item 4.4 (THAKURA et. al. 2012). 4.7 Características tecnológicas do subproduto de caju liofilizado e desidratado 4.7.1 Capacidade de absorção de água (CAA) e óleo (CAO) Os polissacarídeos que compõe as fibras sofrem digestão no cólon intestinal. As fibras possuem em sua composição celulose, hemicelulose, β-glucana, pectinas, bem como amido não digerível. As propriedades fisiológicas das fibras são deduzidas a partir de sua propriedades físico-químicas como, capacidade fermentativa no trato gastro intestinal, capacidade de ligação de água e ácidos biliares. A capacidade de se ligar a água é uma propriedade fisiológica relevante das fibras alimentares por possibilitar a formação de um gel e, consequentemente, retardar o esvaziamento gástrico promovendo saciedade. (MOURÃO et. al., 2009; CHAPLIN, 2003). Os valores médios para o subproduto liofilizado e o subproduto desidratado foram, respectivamente, 3,21 e 2,39g de H2O/g de bagaço. Estes valores são similares aos obtidos no subproduto de caju bruto, seco a 60 °C em estufa, caracterizado por SIQUEIRA (2013). Além disso, a diferença estatística entre as amostras revela que o processo de liofilização promoveu melhoria desta propriedade no subproduto de caju (Tabela 7). Hashimoto e Grossmann (2003) na extrusão de farelo e fécula de mandioca verificaram que o aumento da temperatura resultou em redução do CAA. Os autores atribuíram o fato à possível degradação do amido. Tabela 7 - Capacidade de absorção de água e óleo do subproduto de caju liofilizado e desidratado. Parâmetro (g/g-1) Liofilizado Desidratado Capacidade de absorção de água 3,21 ± 0,07a 2,39 ± 0,05b Capacidade de absorção de óleo 2,36 ± 0,06a 0,98 ± 0,04b Letras iguais na mesma linha não diferem significativamente (α= 0,05) A capacidade de absorção de óleo é outra propriedade relevante que está relacionada com a quantidade de grupos hidrofóbicos presentes nas fibras alimentares, sendo estes responsáveis pela eliminação de lipídios na dieta. Para esta propriedade também verificou-se 70 diferença estatística entre as amostras avaliadas, sendo a amostra liofilizada a que apresentou maiores valores para este parâmetro, 2,36g de óleo/g de bagaço. Este valor também foi superior ao determinado por SIQUEIRA (2013), que não obteve valores maiores que 1,22g de óleo/g de bagaço. Fiorda et al. (2013), ao caracterizarem farinha do subproduto de mandioca, encontraram para variável CAO valor de 0,590g de óleo/g de matéria seca para o subproduto da mandioca desidratado. 4.8 Avaliação microbiológica do subproduto de caju in natura e liofilizado O subproduto da indústria de caju pode ser considerado um bom substrato para o crescimento e desenvolvimento de micro-organismos devido o seu teor em umidade e elevada aw que propicia o crescimento de bactérias e fungos. Além de apresentar pH na faixa que favorece o crescimento ótimo dos bolores e leveduras. As técnicas de secagem são utilizadas como método de conservação impedindo a deterioração e perdas do valor comercial nos alimentos. A fim de verificar fatores que pudessem alterar a vida útil dos produtos, foram realizadas análises microbiológicas. As amostras analisadas, in natura e liofilizada, obedeceram aos padrões legais vigentes para coliformes a 45⁰ C, estando de acordo com a RDC nº 12 de 02 de janeiro de 2001, que estabelece limite máximo de 5x102 NMP.100g-1para frutas frescas, in natura, preparadas, sanificadas, refrigeradas ou congeladas para consumo direto, e um limite máximo de 102 NMP.100g-1 de coliformes termotolerantes para frutas desidratadas ou liofilizadas. Os resultados para coliformes a 45⁰ C encontram-se expostos na Tabela 8. Tabela 8 – Resultados das análises microbiológicas do subproduto de caju in natura e liofilizado. Análises Microbiológicas Coliformes a 45⁰ C (MNP.g-1) Mesófilas (UFC.g-1) Bolores e leveduras (UFC.g-1) in natura Liofilizado <3 <3 3,0x105 9,0x103 105 1,2x104 A presença de coliformes a 45⁰ C, no subproduto da indústria de caju, seria indicativa de um contato direto e/ou indireto com fezes, uma vez que a Escherichia coli (E. coli) apresenta habitat exclusivo no intestino do homem e animais de sangue quente, não fazendo parte da 71 microflora normal de frutas e vegetais. Essa bactéria quando presente indica a possível presença de enteropatógenos (PINHEIRO, 2005). A RDC nº 12 de 2001, não apresenta limite para contagem padrão total e para bolores e leveduras. Todavia Fortuna (2007) ressalta que a presença de bactérias mesófilas em grande número indica matéria-prima excessivamente contaminada devido à limpeza e sanitização de superfícies inadequadas; higiene insuficiente na produção ou conservação dos alimentos; condições inadequadas de tempo e temperatura durante a produção ou a conservação dos alimentos, ou uma combinação destas circunstâncias. A contagem total de aeróbios mesófilos é o método mais utilizado como indicador geral de populações bacterianas em alimentos. Não diferencia tipos de bactérias, sendo utilizada para se obter informações gerais sobre a qualidade do produto. A contagem não é indicador de segurança, pois não está diretamente relacionada à presença de patógenos ou toxinas (SILVA et al., 2007). Quanto aos bolores e leveduras, a presença elevada desses micro-organismos, indicam sanitização pobre no processamento do alimento ou uma seleção mal feita da matéria-prima introduzindo produtos contaminados. Fungos são indicadores de uma má técnica de processamento e falha na higiene da planta processadora (RODRIGUES, 2005). Para o subproduto de caju, in natura foram quantificados valores elevados tanto para bactérias mesófilas quanto para bolores e leveduras (Tabela 8), contudo a redução da aw se mostrou como uma barreira eficiente para controle microbiológico em alimentos, tornando o metabolismo dos micro-organismos reduzido, evitando o seu crescimento e desenvolvimento. Contudo, a contagem desses micro-organismos após secagem ainda foi elevada, o que demonstra falha no processamento ou refrigeração imprópria durante a estocagem. 4.9 Estudo da vida útil do produto liofilizado As amostras liofilizadas foram estocadas por 90 dias em embalagens plásticas flexíveis metalizadas, para preservação e proteção contra luz e oxigênio atmosférico. As análises foram realizadas mensalmente. Foram denominados de CV e SV, respectivamente, as amostras estocadas sob efeito de vácuo e sem vácuo. 72 4.9.1 Atividade de água (aw) O conteúdo de água livre nas amostras estocadas manteve-se estável durante todo período de armazenamento, não diferindo estatisticamente ao longo do tempo. Também é possível observar que não houve diferença entre os tratamentos com vácuo e sem vácuo (Figura 11). Figura 11 – Valores de aw durante 90 dias de estocagem. Letras iguais não diferem significativamente (α = 0,05) Souza (2011) ao armazenar o pó da polpa de cupuaçu liofilizado, durante 40 dias, verificou que ocorreu aumento na atividade de água. O produto inicialmente possuía 0,42 e no fim do período de estocagem apresentou 0,51, acarretando em um incremento de 20,4% de água livre, de acordo com o autor a amostra lioflizada apresenta caráter higroscópico, além das embalagens testadas não terem se mostrado como barreiras eficientes contra a umidade. Em relação ao subproduto de caju liofilizado, a embalagem testada se apresentou como uma barreira eficiente contra a umidade, proporcionando um produto com baixa aw durante todo o período de armazenamento, fazendo com que o subproduto liofilizado possua estabilidade microbiológica, além de retardar as reações químicas e enzimáticas que ocasionam degradação dos nutrientes. 4.9.2 Acidez titulável em de ácido orgânico Os valores médios de ácido cítrico foram 1,26 e 1,19g.100g-1, respectivamente para as amostras com uso do vácuo e sem uso do vácuo. Não apresentaram diferença entre as 73 embalagens empregadas, com exceção do tempo de 90 dias, em que a amostra com vácuo mostrou preservar melhor este componente (Figura 12). Figura 12 - Acidez titulável em ácido orgânico durante 90 dias de estocagem. Letras iguais não diferem significativamente (α = 0,05) A concentração de ácido cítrico está relacionada com a estababilidade do produto durante o período de armazenamento. Quando ocorre a redução desse componente, tal fato pode ser atribuído a reações de oxidação que levam a alteração nos íons de hidrogênio exercendo influência no teor de acidez do produto. 4.9.3 Análise de cor 4.9.3.1 Parâmetro a* Os valores obtidos para a coordenada a* do subproduto de caju estão expostos na figura13. De acordo com os dados, para esta coordenada, observa-se que houve aumento da intensidade da variável a* durante a estocagem. A partir do tempo 60 dias ocorreu um aumento significativo em relação ao tempo anterior, representando a intensificação da coloração vermelha, o que acarreta em escurecimento da amostra. Conforme Soares et al. (2001) o aumento da taxa de escurecimento pode ser justificada e correlacionada à diminuição do teor de ácido ascórbico que ocorre possivelmente devido ao processo de oxidação, caracterizado como escurecimento não enzimático. Pinho et al. (2011), ao realizarem liofilização do subproduto de caju para elaboração de hambúrguer encontraram 6,89 mg.100g1 (% base seca) de ácido ascórbico nesse produto liofilizado, confirmando a presença dessa 74 vitamina no subproduto liofilizado neste trabalho. Também é possível observar que não houve diferença entre as embalagens empregadas com uso de vácuo e sem vácuo. Figura 13: Valores do Parâmetro a* durante 90 dias de estocagem. Letras iguais não diferem significativamente (α = 0,05) 4.9.3.2 Parâmetro b* A figura 14 apresenta os valores para a variável b*, nota-se que os valores para o parâmetro b não diferiram em função do tempo de estocagem, 90 dias, para os dois tipos de embalagens, com e sem vácuo. Oliveira (2012), ao realizar análise de estabilidade em pó de cajá liofilizado, verificou redução na cor amarela, tanto para o produto encapsulado com maltodextrina como para o controle. De acordo com o autor após 60 dias ambos os produtos apresentaram uma diminuição de 19,4% e 4,6%, respectivamente, e a redução da intensidade do amarelo no pó de cajá foi atribuída à degradação do β-caroteno presente na amostra. De acordo com Marques (2008), a estabilidade dos parâmetros colorimétricos ocorre pelo fato da liofilização ser realizada através do processo de sublimação do gelo, prevenindo as reações de escurecimento. 75 Figura 14: Valores do Parâmetro b* durante 90 dias de estocagem. Letras iguais não diferem significativamente (α = 0,05) 4.9.3.3 Parâmetro c* A figura 15 apresenta os valores para a variável c* (saturação de cor). Nota-se que os valores para o parâmetro c* não diferiram até 30 dias para os dois tipos de embalagens. Após esse período as amostras sofreram decréscimo em seus valores, mas estes se mantiveram até 90 dias. As amostras embaladas sem uso do vácuo se amostraram melhores em manter a coloração amarela intensa do produto. Figura 15 – Valores do parâmetro c* durante 90 dias de estocagem. Letras iguais não diferem significativamente (α = 0,05) 76 4.9.4 Capacidade de absorção de água (CAA) A Capacidade de absorção de água das amostras liofilizadas em estudo não sofreu redução significativa ao longo do período de armazenamento, para o produto com efeito do vácuo e sem vácuo, mantendo-se entre 3,2 e 2,9 g.g-1 (Figura 16), nota-se que o uso de vácuo para manter a estabilidade do subproduto de caju liofilizado em relação a variável CAA, não se faz necessário. As fibras apresentam como principal característica físico-química a propriedade de hidratação, pela presença de componentes insolúveis, como celulose, hemicelulose e lignina, que são materiais hidrofílicos. Esta propriedade confere efeitos fisiológicos proporcionados pelas fibras, como aumento da saciedade, regulação do trânsito intestinal, aumento do volume fecal, entre outras (GUILLON; CHAMP, 2000). O CAA é determinado após completo intumescimento da amostra e estima a quantidade de água retida na matriz, sem que haja exsudação após a ação de uma força centrífuga. Este índice depende da conformação molecular, tamanho das partículas e números de sítios de ligação das moléculas (BARBOSA et al., 2011). A embalagem utilizada neste experimento se mostrou eficiente na preservação da estrutura vegetal, mantendo a capacidade de absorver água estável ao longo dos 90 dias de armazenamento. Figura 16 - Capacidade de absorção de água durante 90 dias de estocagem. Letras iguais não diferem significativamente (α = 0,05) 77 4.9.5 Capacidade de absorção de óleo (CAO) A Figura 17 mostra os valores obtidos nas amostras CV e SV para a capacidade de absorção de óleo durante o tempo de estocagem. Os valores de absorção de óleo para as amostras submetidas ao vácuo reduziram ao longo do tempo (Figura 17) apresentando diferença estatística entre todos os tempos, decaindo de 2,4 para 1,7g.g-1. Os valores deste parâmetro sem efeito do vácuo não diferiram estatisticamente, com exceção apenas do tempo de 30 dias, que foi um pouco mais elevado que os demais (2,0g.g-1), mas de pouca relevância. Após 30 dias de estocagem não verificouse diferença estatística entre as embalagens CV e SV para a capacidade de absorção de óleo, sendo assim desnessário o emprego do vácuo para a manter a estabilidade deste parâmetro. A absorção de óleo é atribuída principalmente à combinação da gordura aos grupos apolares das proteínas ou a disponibilidade de grupos lipofílicos. Outros fatores que podem interferir nesta medida é a composição de aminoácidos configurando específico balanço de cargas (BARBOSA et al., 2011). Como o CAO consiste na capacidade de sítios apolares das cadeias de proteínas aprisionarem óleo, a quantidade e qualidade de proteínas presentes na farinha determinam a capacidade de absorção de óleo dos alimentos (RAVI; SUSELAMMA 2005). Desta forma pode ter ocorrido durante o período de estocagem, perdas na quantidade ou qualidade das proteínas, alterando a CAO pelo produto ao fim do período de estocagem. Figura 17: Capacidade de absorção de óleo durante 90 dias de estocagem. Letras iguais não diferem significativamente (α = 0,05) 78 4.9.6 Análise de Higroscopicidade Os valores de higroscopicidade obtidos ao longo da estocagem apresentados na Figura 18, não ultrapassaram 10%, o que significa que as amostras não apresentam caráter higroscópico (GEA Niro Research Laboratory, 2012). As amostras submetidas ao vácuo após 30 dias de estocagem não diferem estatisticamente, mantendo essa característica ao final de 90 dias com higroscopicidade de 3,6%. O mesmo verificou-se para as amostras sem efeito do vácuo após 30 dias e os valores não apresentam diferença entre as amostras CV e SV após este tempo de estocagem. Assim também julga-se desnecessário o uso do vácuo nas embalagens, além disso o produto foi considerado estável em termos do parâmetro avaliado durante o tempo de estocagem deste estudo. Oliveira (2012), ao verificar a higroscopicidade do pó de cajá liofilizado, sem adição adição de maltodextrina, não observou aumento desse parâmetro após 60 dias de armazenamento. Enquanto, o pó de cajá liofilizado com maltodextrina apresentou aumento de 22,20% para a variável higroscopicidade ao longo dos 120 dias de estocagem, apresentando ao final desse período caráter levemente higroscópico. O subproduto de caju liofilizado sem uso de crioprotetor demonstrou possuir ótima estabilidade, além da embalagem flexível metalizada utilizada neste experimento ter se mostrado satisfatória, evitando alterações que poderiam ocorrer no produto se este entrasse em contato com o vapor de água atmosférico. Figura 18: Valores de higroscopicidade durante 90 dias de estocagem. Letras iguais não diferem significativamente (α = 0,05) 79 4.9.7 Grau de caking A estabilidade do produto liofilizado também foi determinada quanto ao grau de caking, e pode ser vista através da Figura 19. As amostras embaladas à vácuo expressaram um valor médio de 12g.100g-1, ou seja, 12% e não diferiram ao longo de 90 dias. Assim, temos a valorização das características de um produto em pó, pois não ocorreu formação notável de aglomerado no produto liofilizado, tornando-o estável durante sua estocagem. Após 30 dias não verificou-se diferença entre as amostras SV e também não há diferença entre elas e amostras CV, confirmando que o emprego do vácuo não é necessário para este produto. Figura 19 - Valores de grau de caking durante 90 dias de estocagem. Letras iguais não diferem significativamente (α = 0,05) 4.9.8 Análises microbiológicas As amostras de subproduto de caju liofilizado apresentaram logo após o processo de secagem para bactérias mesófilas aerobias nas embalagens com vácuo e sem vácuo uma contagem de 104 e 9x103 UFC/g-1, respectivamente, e após 90 dias de aramzenamento sob as mesmas condiçoes as embalagens CV apresentaram contagem de 5x103 UFC/g-1 enquanto o produto estocado nas embalagens SV apresentou contagem de 9x103 UFC/g-1. A baixa aitividade de água ao fim do período de armazenamento possibilitou redução no metabolismo das bactérias mesófilas, o que permitiu manter a contagem para mesófilios estável, evitando uma elevação da população microbiana. Em relação as embalagens com uso de vácuo, 80 ocorreu redução na população de mesófilas aeróbias, provavelmente em decorrência do uso de uma atmosfera livre de oxigênio. Franco; Landcraf (2003) relatam que a contagem de bactérias mesófilas aeróbias indica a qualidade sanitária dos alimentos. Mesmo que os micro-organismos causadores de doençãs estejam ausentes e que não tenham ocorrido alteraçãoes nas condições organolépticas do alimento, um número elevado de micro-organismo indica que o alimento é insalubre. A contagem total para bolores e leveduras variou de 9x103 UFC/g-1 para embalagem com vácuo, em tempo inicial e sofreu redução em sua contagem para 7x103 UFC/g-1ao fim do período de estocagem. As embalagens sem uso de vácuo apresentou contagem inicial de 1,2x104 UFC/g-1e durante o período de armazenamento também ocorreu redução na contagem dos bolores e leveduras para 6,4x103 UFC/g-1. Os bolores e leveduras também são bastante resistentes a condições adversas, como pH e atividade de água baixos. Entretanto, quando o pH afasta-se do ótimo (geralmente próximo a 5,0) a velocidade de crescimento diminui e se houver outros fatores de inibição (atividade de água, temperatura, etc) seu efeito restritivo sobre a velocidade de crescimento torna-se mais acentuado (SILVA et al., 2010). A contagem de bolores e leveduras é aplicável principalmente na análise de alimentos ácidos, com pH < 4,5, nos quais a presença elevada é indicativo de falhas ao longo do processamento, comprometendo a vida útil do produto. Embora existam muitas espécies toxigênicas, esta contagem não visa à obtenção deste tipo de informação, mas sim uma avaliação global do produto (HAJDENWURCEL, 1998). A redução do conteúdo de água livre mostra-se eficaz no controle e redução da população de micro-organismos existente no subproduto de caju, tornando a atividade metabólica lenta, diminuindo o risco dos produtos do seu metabolismo acarretar em deterioração do produto e modificações organolépticas. O uso da tecnologia de vácuo para as bactérias mesófilas aeróbias mostrou-se mais eficiente para controle da estabilidade microbiológica. Ao longo de três meses de estocagem ocorreu uma redução de 50% na contagem de micro-organismos mesófilos aeróbios. Todavia o uso de vácuo no controle de qualidade microbiológica de bolores e leveduras não apresentou ser relevante, ocorrendo redução nas contagens tanto para CV como SV. 81 5. CONCLUSÃO A tecnologia de secagem por liofilização se apresentou como um processo que garantiu ao subproduto da indústria de caju características próximas ao produto in natura. Verificou-se a partir das análises químicas, físico-químicas e físicas realizadas no subproduto liofilizado, e desidratado em estufa a 60°C que a secagem por liofilização proporcionou melhor conservação dos constituintes químicos verificados nessa pesquisa e das características físicoquímicas e físicas analisadas. Através da liofilização foi possível proporcionar um produto de cor atraente e com propriedades de hidratação e absorção de água e óleo com bons resultados, demonstrando possuir características tecnológicas para emprego como matéria-prima em alimentos para consumo humano, podendo ser utilizado como fonte de fibras em alimentos industrializados que se apresentam em sua maioria como alimentos pobres em fibra alimentar. O produto liofilizado também demonstrou possuir excelente estabilidade quando armazenado em temperatura ambiente por um período de 90 dias, mantendo quase inalteradas as suas características, além de se apresentar como uma matéria-prima que dispensa o uso de vácuo para manutenção da sua qualidade. 82 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABDILLE, M.H. et al. Antioxidant activity of the extracts from Dillenia indica fruits. Food Chem, v.90, p.891-896, 2005. ABREU, F.A.P.; DORNIER, M.; DIONISIO, A.P.; CARAIL, M.; CARIS-VEYRAT, M.C.C.; DHUIQUE-MAYER, C. 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