UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS MOLECULARES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO DESENVOLVIMENTO DE UM ELETRODO QUIMICAMENTE MODIFICADO BASEADO EM MATERIAIS DE SÍLICA PARA A DETECÇÃO DE ÁCIDO FÓLICO ELAINE MARIA DE OLIVEIRA BARBOSA RECIFE 2012 UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS MOLECULARES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA DESENVOLVIMENTO DE UM ELETRODO QUIMICAMENTE MODIFICADO BASEADO EM MATERIAIS DE SÍLICA PARA A DETECÇÃO DE ÁCIDO FÓLICO Elaine Maria de Oliveira Barbosa Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Química como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Química pela Universidade Federal Rural de Pernambuco. ORIENTADOR: Prof. Dr. André F. Lavorante COORIENTADORA: Profa. Dra. Mônica F. Belian Bolsista FACEPE RECIFE 2012 Ficha Catalográfica B238d Barbosa, Elaine Maria de Oliveira Desenvolvimento de um eletrodo quimicamente modificado baseado em materiais de sílica para a detecção de ácido fólico / Elaine Maria de Oliveira Barbosa. -- Recife, 2012. 71 f. : il. Orientador (a): André Fernando Lavorante. Dissertação (Mestrado em Química) – Universidade Federal Rural de Pernambuco. Departamento de Ciências Moleculares, Recife, 2012. Inclui referências e apêndice. 1. Química Analítica 2. Ácido fólico 3. Potenciometria 4. Materiais de sílica I. Lavorante, André Fernando, Orientador II. Título CDD 540 DESENVOLVIMENTO DE UM ELETRODO QUIMICAMENTE MODIFICADO BASEADO EM MATERIAIS DE SÍLICA PARA A DETECÇÃO DE ÁCIDO FÓLICO ELAINE MARIA DE OLIVEIRA BARBOSA DISSERTAÇÃO APROVADA PELA BANCA EXAMINADORA 28 DE FEVEREIRO DE 2012 Prof. Dr. André Fernando Lavorante (Orientador) (DCM-UFRPE) Profª Drª Mônica Freire Belian (Co-orientadora) (DCM-UFRPE) Profª Drª Claudete Fernandes Pereira (Examinadora) (DCM-UFRPE) Prof. Dr. Hélcio José Batista (Examinador) (DCM-UFRPE) Profª Drª Ana Paula de Souza de Freitas (Examinadora) (CAA-UFPE) Prof. Dr. Clécio Souza Ramos (Suplente) (DCM-UFRPE) Dedico à pessoa que sempre acreditou em mim, até quando eu mesma achava que não seria capaz Vovó AGRADECIMENTOS - A Deus, pela minha existência e por permitir a realização deste trabalho, sempre me guiando pelo caminho correto. - A minha família pelo apoio e amparo nos momentos de necessidade, em especial a minha mãe Edilene, o pilar da minha estrutura. - A Paulo Alberto, meu esposo, pela ajuda na realização de algumas análises, sempre com muita disposição; e pela ajuda emocional, com muita paciência e compreensão nos momentos difíceis, além da confiança e incentivo para a realização deste trabalho. - A Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e ao Laboratório de Química Analítica, Inorgânica e Sensores do Departamento de Química Molecular (DQM) por disponibilizar suas instalações e equipamentos. - Ao professor André F. Lavorante, pela orientação, dedicação e pela confiança depositada. - A professora Mônica F. Belian e seu esposo Wagner E. da Silva, que além de excelentes professores, pesquisadores e coorientadores são exemplos de seres humanos e profissionais comprometidos com a ciência e a educação. - A minha irmã Aline, que sempre está por perto me ajudando, apoiando, compreendendo e divertindo, além de todo carinho e afeto. - Ao professor Sherlan Guimarães, que mesmo a distância contribuiu bastante com seus ensinamentos. - Aos meus amigos do LAQIS, em especial a Aline e a Rômulo pela amizade, companheirismo e apoio, além dos inúmeros momentos de aprendizado prático e teórico compartilhados no laboratório. “Faço das pedras encontradas em meu caminho uma escada para alcançar meus objetivos” Elaine Mª de O. Barbosa RESUMO Este trabalho consiste no desenvolvimento de um Eletrodo Quimicamente Modificado (EQM) baseado em sílica para a detecção de ácido fólico (AF) e folato. Para isso foi sintetizada a sílica lamelar contendo platina metálica e o ligante 5amino-1,3,4-tiadiazol-2-tiol. Inicialmente, realizou-se a síntese da sílica lamelar mediante reação em meio propanólico com o 1,10-diaminodecano (DADD) e o tetraetilortosilicato (TEOS). Obtida a sílica lamelar, a mesma foi modificada após reação em meio etanólico com o hexacloroplatinato de potássio K2[PtCl6]. O sólido resultante foi caracterizado por espectroscopia na região do IV e análise elementar. A sílica lamelar coordenada com platina (IV), foi modificada com o objetivo de reduzir a Pt ao estado de oxidação zero. Para isso foi realizada uma reação em meio etanólico sob constante agitação com o agente redutor hidrato de hidrazina, até completa mudança de coloração, de amarelo para cinza. O produto da reação foi seco sob vácuo e caracterizado por espectroscopia na região do infravermelho (IV) e análise elementar. Posteriormente, na sílica lamelar com Pt(s), foi adicionado o ligante seletivo ao AF e aos folatos, o 5-amino-1,3,4-tiadiazol-2-tiol, através de reação em meio etanólico por 24 horas sob agitação constante. O sólido resultante foi centrifugado, lavado cinco vezes com etanol e evaporado o solvente sob vácuo. Após a síntese do material de sílica, foi realizada a confecção do suporte do EQM. A pasta de grafite, contendo o ligante 5-amino-1,3,4-tiadiazol-2-tiol foi processada na proporção de 70:25:5 (m/m/m) de grafite, de nujol e da sílica lamelar modificada contendo o ligante para AF e os folatos, respectivamente. A resposta do EQM foi avaliada empregando soluções de Na2CO3 na concentração de 1,0 e 0,1 mol L-1, do tampão Na2CO3-NaHCO3 0,1 mol L-1 pH 9,2, do tampão fosfato 0,1 mol L-1 e pH entre 7,0 e 8,0 e do tampão 2-Amino-2-hidroximetil-propano-1,3-diol (Tris) 0,1 mol L-1 pH 7,2. Para os testes com potenciais interferentes foram utilizados os íons ascorbato, citrato, NO3-, Cl-, SO42-, H2PO4- e o HPO42-. Os resultados apresentados demonstram que as melhores respostas potenciométricas para o EQM utilizando o AF no estado tetravalente foram obtidas utilizando as soluções de Na2CO3 0,1 e 1,0 mol L-1 e a solução tampão de Na2CO3-NaHCO3 0,1 mol L-1 pH 9,2, apresentando resposta Nernstiana iguais a -17,91; -15,23 e -16,17 mV, respectivamente, para uma faixa linear de 5,806 10-05 a 2,221 10-03 mol L-1. Para o AF no estado bivalente o eletrodo apresentou uma resposta Nernstiana igual a -21,44 mV utilizando o tampão fosfato 0,1 mol L-1 pH 7,2. Em relação à presença dos potenciais íons interferentes, todos apresentaram o coeficiente de seletividade potenciométrico (CSP) menor que um demonstrando que o EQM apresenta maior seletividade ao AF. Neste contexto, à resposta do EQM a solução padrão de AF, observa-se a possibilidade da sua aplicação para a determinação de ácido fólico em amostras reais empregando detecção potenciométrica. Palavra-chave: ácido fólico, potenciometria, materiais de sílica. ABSTRACT This work concerns the development of a Chemically Modified Electrode (MSE) based on silica to detect folic acid (FA). Lamellar silica metallic platinum containing binder and 5-amino-1,3,4-thiadiazol-2-thiol ligate were synthesized. Initially, the synthesis of lamellar silica was carried out by a reaction of 1,10-diaminodecane (DADD) and tetraethyl orthosilicate (TEOS) in a propanol medium. When the lamellar silica was obtained, it was modified by a reaction with hexachloroplatinate potassium K2[PtCl6] in an ethanolic medium. The resulting solid was characterized by IR spectroscopy and an elementary analysis. The lamellar silica coordinated with platinum (IV), was modified in order to reduce the Pt oxidation to state zero. In order to promote the reaction, the reducing agent hydrazine hydrate was put under constant agitation until there was a complete color change from yellow to gray. The product from the reaction was vacuum dried and characterized by infrared spectroscopy (IR) and elementary analysis. Then the selective binder, the 5-amino1,3,4-tiadiazol-2-tiol, was added to the silica lamellar with Pt(s), reacting in an ethanol medium for 24 hours under constant agitation. The resulting solid was centrifuged, washed five times with ethanol and the solvent evaporated in a vacuum. After synthesis of the silica material the support material for MSE was prepared. The graphite paste, containing the 5-amino-1,3,4-thiadiazol-2-thiol binder was processed at the ratio of 70:25:5 (m/m/m) of graphite, nujol and modified lamellar silica containing the binder for AF, respectively. The response of the MSE was evaluated using a solution of Na2CO3 in concentrations of 1.0 and 0.1 mol L-1,a buffer solution of Na2CO3-NaHCO3 0.1 mol L-1 pH 9.2, a buffer solution of phosphate 0,1 mol L-1, pH between 7.0 and 8.0 and the buffer solution of 2-amino-2-hydroxymethyl-propane1,3-diol (tris) 0.1 mol L-1 pH 7,2. For the tests with potential interfering ascorbate, citrate ions, NO3-, Cl-, SO42-, H2PO4- and HPO42- were used. The results show that the best results for the potentiometric MSE, in a AF tetravalent state, were obtained when using solutions of Na2CO31.0 and 0,1 mol L-1and the buffer solution of Na2CO3NaHCO3 0.1 mol L-1 pH 9.2, with Nernstian response equal to -17.91, -15.23 and 16.17 mV, respectively, for a linear range from 5.806 x 10-5 to 2.221 x 10-3mol L-1. For the AF in the divalent electrode, a Nernstian response was obtained equal to 21.44 mV using the phosphate buffer 0.1mol L-1 pH 7.2. Regarding the presence of potential interfering ions, all showed a potentiometric selectivity coefficient (CSP) of less than one, showing that the MSE has a higher selectivity for AF. In this context, the response of the MSE solution, which was at FA standard, indicates the possibility of its application to identify folic acid in real samples using potentiometric detection. Keywords: Folic acid, potentiometry, chemically modified electrode, silica lamellar. LISTA DE FIGURAS Figura 1. Estrutura do ácido fólico 18 Figura 2. Parte da estrutura química de algumas das diferentes 19 formas de folatos Figura 3. Reação da sílica-gel com um agente sililante genérico 23 (OR)3Si(CH2)3- X. Figura 4. Representação da sílica lamelar obtida a partir do 25 processo sol-gel, através da utilização de uma diamina alquila neutra genérica como molécula modeladora. As barras representam os grupos siloxanos. Figura 5. Célula eletroquímica para determinação potenciométrica 26 (Figura adaptada de Skoog et al, 2005). Figura 6. Componentes do eletrodo de vidro e eletrodo indicador 27 (Figura adaptada de Skoog et al, 2005). Figura 7. Confecção do Eletrodo Químicamente Modificado (EQM). 37 Figura 8. Sistema potenciométrico utilizado nas análises 38 Figura 9. Estrutura mínima proposta da sílica lamelar sintetizada. 41 Figura 10. Espectro de infravermelho da sílica lamelar. 42 Figura 11. Estrutura proposta para a sílica lamelar modificada com o 43 hexacloroplatinato de potássio. Figura 12. Estrutura proposta para a sílica lamelar modificada com 44 platina. Figura 13. Estrutura proposta para a sílica lamelar modificada com 44 platina e o ligante seletivo a AF Figura 14. Resposta analítica do potencial x possível atividade do 46 analito. Figura 15. Resposta analítica do potencial x possível atividade dos íons Figura 16. 47 CO32-. Resposta analítica da solução de ácido fólico em Na2CO3 48 1 mol L-1 Figura 17. Resposta analítica da solução de ácido fólico em Na2CO3 0,1 mol L-1. 49 Figura 18. Resposta analítica da solução de ácido fólico em tampão 49 -1 bicarbonato-carbonato 0,1 mol L pH 9,2. Figura 19. Resposta analítica do potencial x possível atividade dos 51 íons 2-Amino-2-hidroximetil-propano-1,3-diol(Tris) Figura 20. Teste potenciométrico da solução de ácido fólico em 52 tampão fosfato pH 7,2 e concentração igual a 0,1 mol L-1 Figura 21. Teste de interferente da solução de ácido ascórbico na -3 54 -1 solução de ácido fólico 10 mol L em tampão carbonatobicarbonato 0,1 mol L-1 pH 9,2 Figura 22. Teste de interferente da solução de ácido cítrico na 55 solução de ácido fólico 10-3 mol L-1 em tampão carbonatobicarbonato 0,1 mol L-1 pH 9,2 Figura 23. Teste de interferente da solução de KNO3 na solução de -3 55 -1 ácido fólico 10 mol L em tampão carbonato-bicarbonato 0,1 mol L-1 pH 9,2 Figura 24. Teste de interferente da solução de KCl na solução de 56 ácido fólico 10-3 mol L-1 em tampão carbonato-bicarbonato 0,1 mol L-1 pH 9,2 Figura 25. Teste de interferente da solução de K2SO4 na solução de -3 56 -1 ácido fólico 10 mol L em tampão carbonato-bicarbonato 0,1 mol L-1 pH 9,2 Figura 26. Teste de interferente da solução de Na2HPO4 na solução 57 de ácido fólico 10-3 mol L-1 em tampão carbonatobicarbonato 0,1 mol L-1 pH 9,2 Figura 27. Teste de interferente da solução de NaH2PO4 na solução de ácido fólico 10-3 mol L-1 em tampão carbonatobicarbonato 0,1 mol L-1 pH 9,2 57 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Quantidade de ácido fólico nos alimentos 21 Tabela 2. Ingestão diária recomendada (IDR) de ácido fólico 22 Tabela 3. Soluções 33 Tabela 4. Reagentes 34 Tabela 5. Equipamentos e acessórios 35 Tabela 6. Dados de análise elementar, teóricos e experimental da sílica produzida. 42 Tabela 7. Dados de infravermelho coletados dos espectros das amostras das sílicas sintetizadas. 44 Tabela 8. Estudo do pH para a solução tampão fosfato 51 Tabela 9. Teste de interferentes 54 Tabela 10. Faixa linear de resposta, coeficiente de correlação linear (R2) e coeficiente angular dos íons interferentes 59 LISTA DE SIGLAS Ácido Fólico (AF) Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) Eletrodo Quimicamente Modificado (EQM) União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC) Eletrodos de Íon Seletivo (EIS) Diferença de potencial (ddp) 2-Amino-2-hidroximethil-propano-1,3-diol (Tris) Força eletromotriz (f.e.m) Coeficiente de Seletividade Potenciométrico (CSP) vi SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 15 2. OBJETIVOS 17 2.1 Objetivo geral 2.2 Objetivos específicos 17 17 3. REVISÃO BIBBLIOGRÁFICA 18 3.1 Ácido fólico 3.2 Sílica lamelar 3.3 Potenciometria 3.3.1 Eletrodos Íon Seletivo (EIS) 18 22 26 28 4. MATERIAIS E MÉTODOS 32 4.1 Soluções e Reagentes 32 4.2 EQUIPAMENTOS E ACESSÓRIOS 34 4.3 MÉTODOS 4.3.1 Síntese da sílica lamelar 4.3.2 Modificação da sílica lamelar com o hexacloroplatinato de potássio K2[PtCl6] 4.3.3 Redução da platina IV na sílica modificada 4.3.4 Síntese da sílica modificada 4.3.5 Preparação da pasta de grafite 4.3.6 Confecção do EQM 4.3.7 Avaliação do eletrodo quimicamente modificado 4.3.8 Estudo potenciométrico da solução de Na2CO3 utilizando o EQM para AF 4.3.9 Estudo potenciométrico da solução de AF desprotonado com Na2CO3 e utilizando água como eletrólito suporte 4.3.10 Estudo potenciométrico da solução de AF em Na2CO3 1 e 0,1 mol L-1 e na solução tampão carbonato-bicarbonato 0,1 mol L-1 e pH 9,2 4.3.11 Estudo da variação de pH das soluções de AF utilizando as 34 34 35 35 35 36 36 38 38 39 39 39 soluções tampão fosfato de sódio e Tris-HCl 4.3.12 Estudo potenciométrico da solução de AF em tampão fosfato pH 7,2 0,1 mol L-1 4.3.13 Estudo potenciométrico da solução de AF em tampão Tris pH 7,2 0,1 mol L-1 4.3.14 Estudo potenciométrico da solução de Tris utilizando o EQM para AF 4.3.15 Teste de interferentes pelo método das soluções misturadas com a concentração fixa do íon primário 39 40 40 40 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 42 5.1 Síntese da sílica lamelar contendo platina metálica 5.2 Estudo preliminar do EQM para AF 5.3 Estudo potenciométrico da solução de Na2CO3 utilizando o EQM 5.4 Teste potenciométrico da solução de ácido fólico em Na2CO3 e na solução tampão bicarbonato-carbonato 5.5 Estudo potenciométrico da variação de pH das soluções de AF utilizando os tampões fosfato e Tris, ambos de concentração igual a 0,1 mol L-1 5.6 Estudo potenciométrico da solução de Tris utilizando o EQM para AF 5.7 Teste potenciométrico da solução de ácido fólico em tampão fosfato pH 7,2 0,1 mol L-1 5.8 Estudos de potenciais interferentes 42 46 47 6. CONCLUSÕES 60 7. PERSPECTIVAS 61 8. REFERÊNCIAS 62 48 51 52 53 53 viii 1. INTRODUÇÃO O ácido fólico (AF) é uma vitamina do complexo B, mais conhecida como B9, muito importante para a manutenção do organismo humano. Trabalhos recentes vêm demonstrando uma possível relação da deficiência da vitamina com as doenças que acometem o defeito do tubo neural, resultando em malformações congênitas tais como, espinha bífida, encefalocele, fenda palatina, hidrocefalia e doenças cardíacas (BRODY, 1991; CRANE et al., 1995; CZEIZE et al., 1992; DALY et al., 1997; KATZUNG, 1994; MALINOW et al., 1998; MOSHFEGH et al., 1998; OAKLEY et al., 1995; RANG et al.,1997). Atualmente, a maioria dos países que sofre com doenças provocadas pela falta de AF está suplementando os alimentos mais consumidos como, biscoitos, suco de frutas e leites. Em 2002, no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) por meio da Resolução N°344, instituiu a obrigatoriedade do enriquecimento de farinhas de trigo e milho com ácido fólico (150 µg a cada 100 g de farinha), devido à contribuição significativa desses alimentos na dieta da população (CARVALHO, 1994; Carvalho, 1996). A análise de ácido fólico em alimentos envolve alguns desafios em decorrência da baixa concentração, presença de inúmeros interferentes, complexidade da matriz e exigência de cuidados especiais devido à baixa estabilidade desse nutriente. Os maiores desafios para a determinação de AF em alimentos incluem, além do melhoramento dos processos de extração, o desenvolvimento e a validação de métodos, o tempo e o custo das análises e a minimização da geração de resíduos (SCOTT et al., 2000; Stokes et al., 1999). A literatura vem apresentando avanços nos métodos para a determinação de AF e folatos, empregando técnicas como a cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) com detecção UV-Visível (DAY et al., 1981; DUCH et al., 1983; VAHTERISTO et al., 1997; JASTREBOVA et al., 2003; DOHERTY et al., 2003; CHLÁDEK et al., 2000; NDAW et al., 2001. Pesquisas com CLAE, empregando detecção UV também têm sido realizadas para determinação simultânea de AF e folatos, em preparações farmacêuticas multivitamínicas e em alimentos (DONG et al., 1988; FINGLAS et al., 1993; HOLLMAN et al., 1993). Entretanto, a maior parte das determinações de AF e folatos em alimentos envolve a utilização de enzimas (conjugases) no processo de extração, o que dificulta muito a aplicação do método e aumenta o tempo de análise, além de promover a perda desses nutrientes (DAY et al., 1981; DUCH et al., 1983; HOLT et al., 1988; VAHTERISTO et al., 1997; KONINGS et al., 1999). As técnicas voltamétricas também têm sido empregadas na determinação do AF e folatos utilizando o ligante seletivo 4-hidroxi-2-fenolato (trifenilfosfônio) (ZARE , 2011) e nanopartículas modificadas de ZrO2 com eletrodo de pasta de carbono (MAZLOUM-ARDAKANI, 2010). A espectroscopia tem sido empregada na determinação do AF através da reação de interação com o iminodibenzil ou 3-aminofenol ou molibdato de sódio–pirocatecol detectada na região de 580, 460 e e 490 respectivamente (NAGARAJA, 2002). Devido à composição química dos alimentos em geral, a determinação de seus constituintes em maiores ou menores quantidades, requer tratamentos prévios da amostra. Os métodos analíticos tradicionais para a análise de micronutrientes são em sua maioria laboriosos. Deste modo, o método potenciométrico surgiu como uma alternativa na redução do uso de reagentes, baixo custo das análises e facilidade na operação do equipamento. Este trabalho traz o desenvolvimento de um eletrodo quimicamente modificado (EQM) para a determinação de ácido fólico através da interação com o ligante 5-amino-1,3,4-tiadiazol-2-tiol. Este ligante foi escolhido por apresentar boa seletividade ao AF e aos folatos sendo empregado em diversos trabalhos que utilizam eletrodos em sua determinação (CHEN, 2011; John, 2009;). Para o desenvolvimento do EQM, o ligante foi incorporado na sílica lamelar, pois ele apresenta uma forte interação pela água e passaria para a solução caso fosse adicionado diretamente à pasta de grafite. A sílica foi escolhida como base fixadora do ligante seletivo por ser um material estável, que apresenta baixa solubilidade em água e baixo custo, sendo a forma lamelar utilizada no trabalho por apresentar uma organização regular da sua estrutura garantindo uma distribuição do produto de maneira uniforme na superfície do eletrodo. Por ser um material isolante foi necessária transformar a sílica em condutora através da adição de platina no estado de oxidação IV seguida de redução. A platina presente na sílica também atua como fixador do ligante seletivo a sílica, pois estabelece uma ligação coordenada com a base de enxofre presente no ligante. 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral Desenvolver um Eletrodo Químicamente Modificado para a detecção potenciométrica de ácido fólico (AF) e folatos baseado na síntese da sílica lamelar contendo platina metálica e o ligante seletivo 5-amino-1,3,4-tiadiazol-2-tiol. 2.2 Objetivos específicos - Sintetizar e caracterizar a sílica lamelar; - Modificar a sílica lamelar utilizando o hexacloroplatinato de potássio; - Reduzir a platina (IV) a platina (0) no interior da estrutura da sílica lamelar; - Introduzir o ligante 5-amino-1,3,4-tiadiazol-2-tiol seletivo ao ácido fólico e aos folatos na estrutura da sílica lamelar; - Confeccionar o eletrodo quimicamente modificado; - Avaliar a resposta do eletrodo para AF e aos folatos empregando detecção potenciométrica. 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 Ácido Fólico O ácido fólico foi descoberto na década de 40 durante estudos de fatores do crescimento, ele é um micronutriente essencial, sendo encontrado pela primeira vez na folha do espinafre de onde foi possível isolar, cristalizar e identificar a sua estrutura (Figura 1). O NH O OH HN N HO O N N H2N N OH Figura 1: Estrutura do ácido fólico Novas descobertas sobre a ação do AF e folatos no organismo humano demonstraram sua ligação direta com processos bioquímicos importantes. Essa vitamina faz parte do grupo B, conhecida como B9, sendo seus derivados mais importantes os folatos (nome dado ao um grupo de substâncias que desempenham um papel parecido com o ácido fólico no metabolismo) (Figura 2), onde atuam em processos bioquímicos, como síntese e reparo do DNA e RNA e no metabolismo de aminoácidos funcionando como coenzimas no transporte de fragmentos de carbono (FRANCO, 1989). CH3 CH3 H3C NH NH CH2 NH H3C CH2 HN 5-metil-tetrahidrofolato Tetrahidrofolato CH3 CH3 H3C NH CH3 NH CH2 H2N CH3 O 5-formimino-tetrahidrofolato NH CH2 10-formil-tetrahidrofolato H3C H3C H3C NH N H3C N CH3 H2C 5,10-metileno-tetrahidrofolato + N N CH3 H2C 5,10-metileno-tetrahidrofolato Figura 2. Parte da estrutura química de algumas das diferentes formas de folatos que atuam de maneira semelhante ao AF no organismo. O AF e os folatos são vitaminas hidrossolúveis sendo pouco armazenadas no organismo. Por apresentar vários hidrogênios ácidos, o AF possui quatro pKa’s distintos: pka1 = 2,38; pKa2 = 3,46; pKa3 = 4,98 e pKa4 = 8,08. Desta maneira, ele pode ser encontrado nos fármacos e nos alimentos na forma monovalente, bivalente, trivalente e tetravalente, de acordo com o pH do meio (SZAKÁCS et al, 2006). O AF e os folatos são essenciais para as reações metabólicas específicas no meio celular e vital para o funcionamento e crescimento normal do organismo (VANNUCCHI et al., 1998). O AF e os folatos são cofatores essenciais em muitas reações do metabolismo atuando na síntese de nucleotídios, interconversão de aminoácidos (metionina-homocisteína), requerendo cobalamina de forma a prover sadenosilmetionina para a metilação do DNA, RNA e proteínas, o AF e os folatos são essenciais para períodos de rápida proliferação celular, como a gestação, por conta do crescimento e desenvolvimento fetal, além da intensa atividade hematopoiética (MELO, 2004). O ácido fólico e os folatos podem ser encontrados na natureza em vários alimentos, como o levedo de cerveja, nos vegetais de folha verde escuro como o espinafre, o aspargo, o repolho e o brócolis, além das vísceras, carnes, ovos e feijão. A Tabela 1 apresenta a quantidade de ácido fólico presente em alguns alimentos. Tabela 1. Quantidade de ácido fólico nos alimentos Alimento Fígado bovino frito (90 g) Espinafre cozido (1/2 xícara) Feijão cozido (1/2 xícara) Brócolis cozido (1 xícara) Alface (1/2 xícara) Germe de trigo cru (1/4 xícara) Suco de laranja fresco (1/2 xícara) Banana 1 unidade Ovo – gema 1 unidade Amêndoas cruas (1/4 xícara) Pão de trigo integral (1 fatia) Leite (1 xícara) Pão de trigo branco (1 fatia) Quantidade de ácido fólico em µg 187 131 122 78 76 70 55 24 23 21 16 12 10 Fonte: Tabela extraída de (http://www.amway.com.br/downloads/misc/Ferro_e_AcFolico_IMEN.pdf) Apesar de sua grande presença na alimentação, é relativamente fácil a ocorrência de deficiência da vitamina B9, já que ela é muito sensível a diversos fatores, como o cozimento prolongado, que chega a destruir até 90% do conteúdo de folatos dos alimentos. Além de ser termosensível, é pouco resistente ao contato com a luz e ao oxigênio atmosférico (FRANCO, 1998; MAHAN et al., 1998). A principal consequência metabólica da deficiência de ácido fólico é a alteração no metabolismo do DNA. Isso resulta em alterações da morfologia nuclear celular, especialmente naquelas células com velocidades de multiplicação mais rápidas (hemácias, leucócitos e células epiteliais do estômago, intestino, vagina e cérvix uterino) (MAHAN et al., 1998). A deficiência de ácido fólico está relacionada diretamente com uma série de doenças, entre elas defeitos do tubo neural tornando-se importante sua administração no período pré-concepcional e durante os três primeiros meses de gravidez. Outras doenças provocadas pela carência do AF são: anemia megaloblástica, malformações congênitas, doença de Alzheimer, síndrome de Down, desordens cerebrais, doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer (Steindal et al, 2005). Na tabela 2 é apresentada a quantidade da ingestão diária recomendada (IDR) de ácido fólico segundo a ANVISA (ANVISA, 2004), necessária para prevenir as doenças provocadas pela carência de AF de acordo com a faixa etária e necessidades especiais. Tabela 2. Ingestão diária recomendada (IDR) de ácido fólico Indivíduo Faixa etária IDR em µg Adulto - 400 Lactente 0–11 meses 80 Crianças 1-3 anos 160 Crianças 4-6 anos 200 Crianças 7-10 anos 300 Gestantes - 600 Lactante - 500 Fonte: ANVISA, 2004 3.2 Sílica lamelar A sílica-gel é um polímero inorgânico formado estruturalmente por unidades de siloxanos (Si-O-Si), normalmente presentes em seu interior; e unidades silanóis (Si-OH) no exterior (ILER, 1979). Esse polímero pode ser isolado resultando em um produto que pode apresentar diversas formas estruturais, sendo a sílica lamelar uma dessas formas. A sílica cristalina nas formas hexagonal ou lamelar pode ser obtida através do processo sol-gel, sendo utilizadas como precursores alcoxissilanos e diamina alquila neutras ou haletos de alquilamônio como moléculas direcionadoras, que atuam direcionando o processo de polimerização do alcoxissilano (ULAGAPPAN et al., 1996; TANEV et al., 1996; MONNIER et al., 1993). Os alcóxidos são os compostos de constituição mais simples utilizados para a preparação de novos materiais via processo sol-gel, sendo os mais empregados para este fim os do elemento silício. Dentre a grande variedade dos grupos alcóxidos os mais comuns são o metóxi (OCH3), o etóxi (OCH2CH3), o n-propóxi [O(CH2)2CH3] e o sec-butóxi [H3C(O)CHCH2CH3]. Porém o mais estudado é o tetraetilortossilicato, Si(OC2H5)4, conhecido abreviadamente como TEOS (BRADLEY et al.,1978). A obtenção de novos materiais via processo sol-gel envolve uma série de reações químicas. A primeira reação, envolvendo o alcóxido de fórmula genérica Si(OR)4, consiste na hidrólise do alcóxido resultando na formação do álcool correspondente e do grupo silanol (Equação 1). Vale à pena ressaltar que nos alcóxidos do tipo Si(OR)4, quanto maior for a cadeia (determinada pela natureza do radical R) mais lento é processo de hidrólise, influenciando assim suas propriedades, como tamanho do grão e porosidade (BRINKER et al.,1990). O processo seguinte é a policondensação dos grupos silanóis resultado na formação dos grupos siloxanos (EQUAÇÃO 2) (CORRIU, 2001). A. Hidrólise do alcóxido Si(OR)4 + 4H2O Equação 1 Si(OH)4 + 4HOR B. Condensação do silanol (HO)3Si OH + HO Si(OH)3 Equação 2 (HO)3Si O Si(OH)3 + H2O A reatividade da superfície da sílica é correspondente aos grupos silanóis (OH), que apresentam um pKa por volta de 7, sendo fracamente ácidos (GATES, 1992). A exploração da reatividade dos grupos silanóis na superfície da sílica pode ser realizada através dos processos de sililação, onde um alcoxissilano, também conhecido como agente sililante, se liga quimicamente a superfície da sílica através da remoção de um átomo de hidrogênio reativo, geralmente ligado a um grupo hidroxila, atuando como um intermediário da ligação, obtendo assim um grupo reativo em um substrato insolúvel. Este processo é chamado de organofuncionalização (Figura 3) (ARAKAKI et al.,1999; PLUEDDEMANN, 1986). HO n Si HO OH n Si OH OH OH O O OH OH Si OH + (RO)3Si(CH2)3-X Si = O O OH OH Si Si OH O O SiH— (CH2)3-X + 2ROH OH HO HO Figura 3. Reação da sílica-gel com um agente sililante genérico (OR)3Si(CH2)3-X. A sílica-gel pode ser sintetizada de diferentes formas, sendo obtida na forma pura (IZUTSU et al., 1997), dopada (DUTOIT et al., 1997) ou funcionalizada (AHMAD et al.,1997). Dentre as grandes aplicabilidades dos materiais obtidos via processo sol-gel pode-se citar sua utilização como adsorventes cromatográficos (ESQUENA et al., 1997), materiais mesoporosos (RICHER et al., 1998) ou redes poliméricas (WANG et al., 1998). É comumente utilizada como rota de síntese da sílica lamelar a síntese de silicatos de sódio e potássio lamelares, seguida da troca iônica dos íons sódio ou potássio por íons H+ provenientes do ácido clorídrico, resultando na obtenção do ácido silícico (VAN et al., 1996). No entanto, esta rota de síntese apresenta alguns problemas, como tempo de reação prolongado e baixa reprodutibilidade dos resultados. Uma rota comum da síntese da sílica amorfa é realizada através da utilização de NaOH ou KOH, SiO2 e H2O a uma temperatura de aproximadamente 400 K durante 21 dias, resultando na formação do X2H2Si20O42.yH2O (onde X = K ou Na), onde a troca iônica, mencionada anteriormente, é realizada dispersando o silicato cristalino obtido em uma solução de HCl de concentração igual a 1,0 mol L-1. Esta rota de síntese apresenta como ponto negativo a síntese do silicato, pois mesmo utilizando as mesmas condições de síntese muitas vezes o produto difere em cristalinidade e reatividade, e o tempo de reação é muito longo podendo chegar a anos (VAN et al., 1996; AHMAD et al., 1997). Uma das mais novas aplicações do processo sol-gel é a síntese da sílica na forma lamelar, através da utilização de diamina alquila neutras (ULAGAPPAN et al., 1996; TANEV et al.,1996), direcionando o processo de polimerização do alcoxissilano, ocorrendo assim em direções preferenciais, resultando em um material cristalino, ao em vez de ocorrer de forma aleatória, que resultaria na formação da sílica amorfa (Figura 4). HO O Si HO O Si HO OH O Si HO OH O - O Si O Si HO HO OH OH Si HO OH n OH + H3N 2 NH2 NH2 2 + H3N OH OH HO HO Si HO OH O HO HO Si O Si O - OH Si O OH HO HO Si O Si O n OH Figura 4. Representação da estrutura mínima da sílica lamelar obtida a partir do processo sol-gel, através da utilização de uma diamina alquila neutra genérica como molécula modeladora. As barras representam os grupos siloxanos. Uma das vantagens do processo sol-gel na síntese da sílica lamelar, consiste no uso de temperaturas próximas a ambiente e a rapidez dos produtos obtidos, sendo o tempo de reação de alguns minutos ou até poucas horas. Porém, a utilização de moléculas orgânicas para atuarem como moléculas “template” (moléculas que direcionam o processo de polimerização do composto de sílica formado) ocupam os espaços livres intralamelares, fazendo com que essas sílicas não possam receber moléculas hospedeiras. A obtenção da sílica lamelar pela rota da dialquilamina neutra vem ganhando espaço nos últimos anos, devido a sua vasta aplicabilidade e facilidade de obtenção dos produtos, além da versatilidade, onde através das condições de síntese é possível controlar suas propriedades. A quantidade de átomos de carbono na cadeia da dialquilamina neutra e a quantidade de água presente no sistema reacional, na síntese da sílica lamelar através do processo sol-gel, são fatores que irão determinar se o produto final obtido será amorfo, hexagonal ou lamelar. De um modo geral, cadeias carbônicas grandes e maior quantidade de água, determinam a formação de um produto lamelar, enquanto a redução da cadeia carbônica da molécula “template” induz à formação de uma sílica hexagonal (ULAGAPPAN al., 1996). 3.3 Potenciometria Os métodos eletroanalíticos estão entre as técnicas mais populares e poderosas usadas em química analítica. As técnicas básicas da eletroanalítica são a potenciometria, voltametria, coulometria e condutimetria (EVANS et al., 1987). Todas essas técnicas encontraram aplicações em técnicas volumétricas, no entanto as técnicas eletroanalíticas também desempenham um papel importante no desenvolvimento de detectores cromatográficos, assim como no desenvolvimento de sensores e biossensores. A potenciometria é uma das técnicas eletroquímicas mais simples e bem conhecidas pelos químicos, empregada inicialmente para realizar medidas de pH. O fundamento da medida potenciométrica baseia-se na força eletromotriz (f.e.m) de uma célula eletroquímica (Figura 5), ou seja, a diferença de potencial entre o eletrodo indicador e o eletrodo de referência, em condições de corrente desprezível, com o principal objetivo de obter informações sobre a composição química da solução. A célula de análise potenciométrica pode ser representada por: Eletrodo de referência Ponte salina Eref Solução do analito Eletrodo indicador Ej Eind Figura 5. Célula eletroquímica para determinação potenciométrica (Figura adaptada de SKOOG et al, 2005). O eletrodo de vidro de pH (Figura 6.A) consiste em um eletrodo que responde seletivamente a atividade da espécie iônica de interesse na solução. Já o eletrodo de referência (Figura 6.B) é um eletrodo que apresenta o potencial constante, independente das atividades das espécies iônicas em solução (MERMET et al., 1999). Abertura lateral para enchimento c/tampa Haste de prata recoberta com cloreto de prata (Ag/AgCl) Haste de prata recoberta com cloreto de prata (Ag/AgCl) Eletrólito Eletrólito Elemento de referência Elemento sensor de pH A - Eletrodo de vidro Junção ou diafragma B - Eletrodo de referência Figura 6. Componentes do eletrodo de vidro indicador e eletrodo de referência (Figura adaptada de SKOOG et al, 2005). A potenciometria é o único método de detecção em química analítica, no qual o sinal analítico é uma função da atividade de uma espécie determinada de acordo com a equação de Nernst (Equação 3). Essa equação nos permite relacionar a ddp gerada entre um eletrodo indicador e um eletrodo de referência frente à atividade de uma espécie iônica desejada em solução. Essas medidas potenciométricas geralmente são realizadas com o chamado Eletrodo Íon Seletivo (TROJANOWICZ et al., 1998). Equação 3. E = Eº ± 0,0591 log ai n Onde, E é o potencial da célula eletroquímica, Eº é o potencial padrão, n é o número de elétrons do analito, e ai é a atividade do analito. Um eletrodo apresenta resposta Nernstiana quando obedece a equação de Nernst. 3.3.1 Eletrodos Íon Seletivo (Eis) Os eletrodos Íon Seletivo (EIS), podem ser definidos como sensores eletroquímicos que permitem a determinação potenciométrica da atividade de uma determinada espécie iônica em solução (MARQUES, 1995). A resposta da medida potenciométrica é obtida através da diferença de potencial gerada pelo eletrodo de trabalho (ou eletrodo indicador) e o eletrodo de referência na solução amostra (ARMSTRONG, 1990). O EIS é um dispositivo para determinações seletivas de baixo custo, de rápida resposta analítica que pode ser aplicado a diversas análises, como a determinação de íons metálicos e orgânicos em diferentes matrizes como a água, plantas, bebidas e alimentos (ZAHRAN et al., 2005; MAHAJAN et al., 2003). A potenciometria surgiu no final do século XIX, porém os EIS só surgiram a partir de 1957, através dos trabalhos teóricos de dois cientistas, Eisenman e Nikolski (NIKOLSKI et al.,1962). Um dos trabalhos mais significativos realizados com os EIS, foi o desenvolvimento de um eletrodo para fluoreto realizado em conjunto por Ross e Frant (ROSS et al., 1966; FRANT et al.,1966). Este eletrodo foi construído à base de cristal de LaF3 e se tornou um dos eletrodos mais utilizados mundialmente até os dias atuais, depois do eletrodo de vidro. O eletrodo de vidro ou eletrodo de pH, como é conhecido comercialmente, é o EIS mais utilizado. Esse eletrodo é seletivo a íons H3O+ e é vastamente utilizado em laboratórios de pesquisa e nas indústrias. Na criação dos eletrodos íon seletivos se imaginava que eles eram específicos, respondendo unicamente ao analito de interesse em solução, porém, após vários estudos foi comprovado que eles são seletivos, pois respondem de maneira seletiva a um grupo de íons. Para determinar o quanto uma espécie química interfere na determinação do analito de interesse é calculado o Coeficiente de Seletividade Potenciométrico (CSP) através da equação de Nicolsky–Eisenman abaixo (Equação 4): , = / ⁄ Equação 4 Onde, é a atividade do íon primário, é a atividade do íon interferente é a carga do íon primário e é a carga do íon interferente. Se o CSP for menor que 1significa dizer que o EIS é mais seletivo ao íon primário do que para o íon interferente e se for maior que 1 o EIS é mais seletivo ao íon interferente do que para o íon primário (KUBOTA et al, 2001). A equação de Nernst para os EIS fica escrita desta forma: = ° − ! log[ + ∑ ! , ] Equação 5 Algumas aplicações dos Eletrodos Íon Seletivo Os detectores potenciométricos possuem grande aplicabilidade na determinação de vitaminas e compostos farmacêuticos por apresentar boa seletividade, de fácil operação e de baixo custo. O preparo da amostra é frequentemente citado na literatura como uma das principais fontes de erros e, na maioria das análises farmacêuticas utilizando EIS é realizada apenas a etapa de diluição para amostras concentradas e dissolução para amostras sólidas e, em seguida o ajuste da força iônica e controle do pH (COSOFRET et al, 1991; COSOFRET; et al, 1993; STEFAN et al, 1997a; DIAS et al., 2004). Um dos analgésicos mais consumidos pela população é o ácido acetilsalicílico, comercialmente conhecido como aspirina, devido à simples confecção do eletrodo e boa resposta analítica, ele lidera nas publicações de trabalhos potenciométricos na área de EIS. Um dos primeiros pesquisadores a difundir a utilização da potenciometria para determinações farmacêuticas foi (PEREIRA et al, 1990), utilizando um eletrodo EIS constituído por uma membrana confeccionada a partir de PVC e dibutilfitalato com agente plastificante que serviu como base para o composto seletivo salicilato-tricaprimetilamônio. Na mesma década, foram realizados outros trabalhos empregando ISE para o ácido acetilsalicílico utilizando outros agentes seletivos como o heptil-4- trifluoroacetil-benzoato e o cloreto de metiltridodecil amônio em membrana de PVC utilizado como plastificante o ortofeniloctiléter (KATSU et al, 1996; LI et al, 1998). Em seguida, foram realizados novos trabalhos utilizando os agentes plastificantes dibutilftalato e tributilfosfato com o agente seletivo salicilato-tricaprimetilamônio. O trabalho apresentou uma resposta Nernstiana de -59,8 mV e limite de detecção de 5,0 x 10-5 mol L-1 (STEFAN et al, 1997a). Na literatura nota-se a aplicação dos ISE para os antibióticos. Rizk e colaboradores (RIZK et al, 1994) desenvolveram um sensor potenciométrico fosfotúngstico em PVC e dioctilftalato para a determinação de ampicilina, que apresentou uma resposta potenciométrica para uma faixa linear de 0,16 a 40 mmol L-1. Já para a determinação da tiamulina foi desenvolvido um sensor de membrana de PVC, tetrafenil-borato e dibutilftalato que apresentou uma resposta nersntiana de 59,2 mV, para um faixa de pH entre 2,0- 8 (MARQUES et al, 1997). Com relação aos anti-histamínicos, foi desenvolvido um ISE de membrana de r-borato de [3,5-bis (trifluorometil) fenila em PVC utilizando diferentes plastificantes como o 2-nitrofeniloctil-éter, 2-nitrofenildodeciléter, bis (2-etilexil)sebacato e o 1isopropil-4-nitrobenzeno (HOPKALA et al, 1996). Para os antineoplásicos, foram desenvolvidos dois eletrodo ISE para a determinação do tamoxifeno, utilizando um eletrodo de pasta de carbono e como agentes seletivos a dipicrilamina e o laurilsulfato, que apresentaram respostas subNernstianas de 54,6 mV e 52,9 mV, respectivamente (STEFAN et al, 1997b). A determinação de nutrientes hidrossolúveis, em especial as vitaminas, é um desafio no desenvolvimento de novos procedimentos analíticos, pois necessitam de dispositivos que detectem concentrações muito baixas e que sejam inertes a uma grande quantidade de interferentes. Os EIS vem sendo amplamente utilizados na determinação destes compostos. O ácido ascórbico, popularmente conhecido como vitamina C, é uma molécula que faz parte de processos bioquímicos importantes no nosso organismo, como a hidroxilação do colágeno (PAULING et al, 1970; FENSKE et al, 1986). Um eletrodo de membrana constituído de trifeniltertrazólio-fosfotungstato em nitrotolueno foi desenvolvido por Vetsistas (VETSISTAS et al, 2000) para a determinação indireta da vitamina C. O eletrodo apresentou uma resposta Nernstiana de 57 mV para uma faixa linear de 2,0 x 10-4 a 1,0 x 10-2 mol L-1. Outro desafio na determinação das vitaminas está na instabilidade destes nutrientes, grande parte delas são facilmente degradadas pelo oxigênio presente no ar atmosférico e pelo aquecimento durante o processo de cozimento dos alimentos. A quantidade desses nutrientes na amostra, onde muito desses compostos estão presentes na escala micro requer técnicas de detecção cada vez mais sensíveis. O ácido fólico, conhecida como a vitamina da gravidez, é fundamental nos processos de rápido desenvolvimento celular e sua carência está associada a problemas oriundos a má formação do tubo neural. Na literatura só foi relatado um único trabalho na determinação de AF utilizando o ISE desenvolvido por Górniak (GÓRNIAK et al, 1976). Ainda há muito para ser desenvolvido em relação aos ISE para a determinação de AF. 4. MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 Soluções e reagentes Todos os reagentes foram preparados com água destila-deionizada e com reagentes de alto grau analítico. Tabela 3. Soluções -1 Solução Concentração (mol L ) Ácido fólico desprotonado com Na2CO3 em meio aquoso 10 -2 -1 Ácido fólico em 1,0 mol L de Na2CO3 -2 10 -1 Ácido fólico em 0,1 mol L de Na2CO3 10 Ácido fólico em solução tampão Na2CO3-NaHCO3 0,1 mol -1 L pH 9,2 10 -2 Ácidos fólico, Ascórbico e Cítrico -2 10 -1 Ácido fólico em tampão fosfato 0,1 mol L pH 7,2 -2 10 Ácido fólico em tampão Tris (2-Amino-2-hidroximetil-1 propano-1,3-diol) 0,1 mol L pH 7,2. -1 Tris (2-Amino-2-hidroximetil-propano-1,3-diol) 0,01 mol L Carbonato de sódio Ácido ascórbico Ácido cítrico Nitrato de potássio Cloreto de potássio Sulfato de potássio Fosfato de sódio monobásico Fosfato de sódio dibásico Tampão fosfato e pH 7,0; 7,3; 7,5; 7,7 e 8,0 Tampão carbonato-bicarbonato pH 9,2 Carbonato de sódio Carbonato de sódio Tampão Tris-HCl pH 7,2 -2 -2 10 -2 10 -2 10 -1 10 -1 10 -1 10 -1 10 -1 10 -1 10 -1 10 -1 10 -1 10 -1 10 1,0 -1 10 Tabela 4. Reagentes C6H8O6 Massa molas 176.12 Fabricante Grau de Pureza (%) 99,5 Dinâmica Ácido cítrico C6H8O7 192,13 98,0 Dinâmica Ácido clorídrico HCl 36.46 36,5-38,0 Dinâmica Ácido fólico C19H19N7O6 441.37 98,0 Vetec Bicarbonato de sódio NaHCO3 84.007 99,7-101,0 Vetec Carbonato de sódio Na2CO3 105,989 99,5 Cinética Cloreto de potássio KCl 74.551 98,0-102,0 Vetec Dihidrogenofosfato sódio de Na2HPO4 Reagente Fórmula Ácido ascórbico 141.9590 98,0 Quimex Monohidrogenofosfato de sódio NaH2PO4 119.9771 99,0 Merck Nitrato de potássio KNO3 101,1032 99,0 Nuclear Sulfato de potássio K2SO4 174.259 98,0 Vetec 121,14 99,5 Aldrich Tris (2-Amino-2- (HOCH2)3C hidroximetil-propanoNH2 1,3-diol) 4.2 Equipamentos e acessórios Tabela 5. Equipamentos e acessórios Equipamento/Acessórios Descrição Aplicação Local de uso Rota evaporador Buchi Sínteses inorgânicas LAQIS Infravermelho transformada de fourier com Analisador elementar Agitador magnético com aquecimento e vidrarias de uso geral no laboratório. Tubos de vidro de 7 cm de comprimento, 2,5 mm de d.i. e 6,5 mm de d.e. e um fio elétrico de 20 cm de comprimento Medidor de Íons Análise inorgânica Central Analítica (UFPE) Análise inorgânica Central Analítica (UFPE) Bruker IFS66 (CHNS-O) (AE) (CE Instruments EA 1110) - Síntese inorgânica e preparo das soluções LAQIS Confecção do corpo do eletrodo LAQIS - Q400I QUIMIS da Determinação potenciométrica do AF e folatos LAQIS CENAPESQ e *LAQIS - Laboratório de Química Analítica, inorgânica e Sensores *d.i. - diâmetro interno *d.e. - diâmetro externo 4.3 Métodos 4.3.1 Síntese da sílica lamelar Transferiu-se 1,7200 g de 1,10-diaminodecano (DADD) para um balão de fundo chato de 250 mL e acrescentou-se 38 mL de n-pronanol e 60 mL de H2O. Em seguida, esperou-se 10 minutos pra garantir a total solubilização do DADD. Posteriormente adicionou-se 2,0833 g de tetraetilortosilicato (TEOS) e permaneceu em repouso por 24 h. Após o término da reação, o precipitado foi lavado durante 3 dias com n-propanol e seco sob vácuo a 60 ºC. O produto foi caracterizado por espectroscopia na região do IV e análise elementar. 4.3.2 Modificação da sílica lamelar com o hexacloroplatinato de potássio K2[PtCl6] Em um béquer de 100 mL foram adicionados 0,2000 g da sílica lamelar e 0,0797 g do hexacloroplatinato de potássio em meio aquoso. Após 24 h sob agitação constante, o sólido resultante foi centrifugado e lavado 5 vezes com etanol para remoção do excesso de complexo. O produto final foi seco sob vácuo e caracterizado empregando espectroscopia na região do IV e análise elementar. 4.3.3 Redução da platina IV na sílica modificada Em um béquer de 100 mL foi adicionado 0,0500 g da sílica lamelar coordenada com platina (IV) em meio etanólico sob agitação constante. Após completa dispersão da sílica no meio, foram adicionados gota a gota hidrato de hidrazina como agente redutor, até completa mudança de coloração, de amarelo para cinza. Após 8 h de agitação constante, o sólido resultante foi centrifugado e lavado 5 vezes com etanol para remoção do excesso de hidrazina. O produto final foi seco sob vácuo e caracterizado por espectroscopia na região do IV e análise elementar. 4.3.4 Síntese da sílica modificada Em um balão volumétrico de fundo redondo de 50 mL foi adicionado 1,0000 g da sílica lamelar com Pt metálica e 0,1021 g de 5-amino-1,3,4-tiadiazol-2-tiol em meio etanólico. Após 24 h de agitação constante, o sólido resultante foi centrifugado e lavado 5 vezes com etanol. Em seguida o produto final foi seco no rotaevaporador. 4.3.5 Preparação da pasta de grafite Em um vidro de relógio pesou-se 0,0701 g grafite; 0,0249 g nujol e 0,0052 g da sílica lamelar modificada. Em seguida, com o auxílio de um tubo de ensaio o material foi misturado até homogeneização da pasta. 4.3.6 Confecção do EQM Para a confecção do EQM empregou-se um fio com c.a. de 20 cm de comprimento e um tubo cilíndrico de vidro com 6 cm de comprimento, 2,5 mm de diâmetro interno e 6,5 mm de diâmetro externo (Figura 7-A). Na parte superior do corpo do eletrodo foi colocada a soda (Figura 7-B). Em seguida, as impurezas presentes na superfície do eletrodo foram removidas mediante sonicação por 5 minutos com etanol. Com a ajuda de um multímetro foi medida a condutividade entre a solda e o fio (Figura 7-C). Por último foi adicionada à pasta de grafite contendo o composto formado pela sílica lamelar modificada com Pt(s)e o ligante 5-amino-1,3,4tiadiazol-2-tiol ao suporte do eletrodo (Figura 7-D). 20 cm A 0,5 cm Pasta de grafite Soda Ferro de Soda B C Figura 7. Confecção do Eletrodo Químicamente Modificado (EQM). D 4.3.7 Avaliação do eletrodo quimicamente modificado Na Figura 8 é apresentado o sistema montado para a determinação do ácido fólico na sua forma ionizada. As amostras contendo o AF foram preparadas a partir das diluições das soluções concentradas de AF. A solução amostra foi injetada na célula eletroquímica com o auxílio de uma pipeta volumétrica, observando a variação do potencial entre cada injeção durante um intervalo de 2 minutos para estabilização da resposta potenciométrica. A resposta do equipamento é obtida pela variação do potencial entre o eletrodo de referência e o eletrodo trabalho que apresenta o ionóforo seletivo ao AF. Os dados obtidos foram coletados e tratados no programa computacional Excel®. A curva analítica foi construída relacionando o potencial lido e a atividade do analito. Figura 8. Sistema potenciométrico utilizado nas análises. 4.3.8 Estudo potenciométrico da solução de Na2CO3 utilizando o EQM para AF Utilizando o mesmo sistema potenciométrico ilustrado na figura 8, foram realizados testes utilizando o EQM com a finalidade de determinar seu comportamento em relação à solução de Na2CO3. Para isso foi preparada uma solução estoque de Na2CO3 de 1,0 mol L-1, de onde foram preparadas as soluções de referência de concentrações iguais a 10-3 e 10-4 mol L-1, sendo as três soluções utilizadas nas análises. O teste experimental foi realizado segundo o procedimento descrito no item 4.3.7. 4.3.9 Estudo potenciométrico da solução de AF desprotonado com Na2CO3 utilizando água como eletrólito suporte Para este estudo utilizou-se as soluções de AF de concentração iguais a 10-4, 10-3 e 10-2 mol L-1 preparadas a partir da solução estoque de AF 10-2 mol L-1 desprotonada com Na2CO3. O teste experimental foi realizado segundo o procedimento descrito no item 4.3.7. 4.3.10 Estudo potenciométrico do íon folato na solução de Na2CO3 1,0 e 0,1 mol L-1 e na solução tampão carbonato-bicarbonato 0,1 mol L-1 Para este estudo utilizou-se as soluções de AF de concentrações iguais a 10, 10-3 e 10-2 mol L-1, respectivamente preparadas a partir das soluções concentradas 4 de AF 10-2 mol L-1 em Na2CO3 1,0 e 0,1 mol L-1 e em solução tampão carbonatobicarbonato 0,1 mol L-1 respectivamente. O teste experimental foi realizado segundo o procedimento descrito no item 4.3.7. 4.3.11 Estudo da variação de pH das soluções de AF utilizando as soluções tampão fosfato de sódio e Tris-HCl Com a finalidade de selecionar a melhor faixa básica de pH e o melhor tampão para ser utilizado nas preparações das soluções de trabalho, o estudo foi realizado utilizando soluções de tampão fosfato e tampão Tris, ambas com diferentes faixas de pH variando-se entre 7,0 e 8,0. Para tanto, foram preparadas soluções trabalho de AF de concentração igual a 10-3 mol L-1 utilizando as soluções tampão citadas anteriormente. O teste experimental foi realizado segundo o procedimento descrito no item 4.3.7. 4.3.12 Estudo potenciométrico da solução de AF em tampão fosfato pH 7,2 0,1 mol L-1 Para este estudo utilizou-se as soluções de AF de concentrações iguais a 104 , 10-3, 10-2 mol L-1 preparadas a partir da solução estoque de AF 10-2 mol L-1 em tampão fosfato 0,1 mol L-1. O teste experimental foi realizado segundo o procedimento descrito no item 4.3.7. 4.3.13 Estudo potenciométrico da solução de AF em tampão Tris 0,1 mol L-1 pH 7,2 Para este estudo utilizou-se as soluções de AF de concentrações iguais a 10-4, 10-3, 10-2 mol L-1 preparadas a partir da solução estoque de AF 10-2 mol L-1 em tampão Tris 0,1 mol L-1. O teste experimental foi realizado segundo o procedimento descrito no item 4.3.7. 4.3.14 Estudo potenciométrico da solução de Tris utilizando o EQM para AF O estudo potenciométrico da solução de Tris com o EQM foi realizado com o intuito de avaliar o comportamento do eletrodo frente a outras espécies iônicas em solução diferentes do AF. O teste foi realizado utilizando soluções de Tris de concentração iguais 10-4, 10-3 e 10-2 mol L-1. O teste experimental foi realizado segundo o procedimento descrito no item 4.3.7. 4.3.15 Teste de interferentes pelo método das soluções misturadas com a concentração fixa do íon primário O teste de interferentes foi realizado com o intuito de verificar o comportamento do EQM na presença de outros íons. Para tanto foi utilizado o método das soluções misturadas, ao invés do método das soluções separadas, utilizando a concentração fixa do íon primário. Este método foi escolhido por ser o recomendado pela IUPAC (GUILBAULT et al, 1976) por apresentar maior proximidade com a amostra real, visto que, em uma amostra real o analito e os interferentes estarão presentes juntos na solução e não separados. Os interferentes utilizados foram o ácido ascórbico, ácido cítrico, KNO3, KCl, K2SO4, Na2HPO3 e o NaH2PO3, eles foram escolhidos por estarem presentes no rótulo de uma variedade de alimentos, sendo o coeficiente seletividade potenciométrico calculado segundo a equação de Nicolsky-Eisenman (GUILBAULT et al, 1976). O teste foi realizado utilizando uma solução de ácido fólico 10-3 mol L-1 em tampão carbonato-bicarbonato 0,1 mol L-1 pH 9,2 como íon primário e as soluções dos interferentes nas concentrações iguais a 10-4, 10-3 e 10-1 mol L-1 a partir de diluições das soluções estoque. O teste experimental foi realizado segundo o procedimento descrito no item 4.3.7. 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 Síntese da sílica lamelar contendo platina metálica A sílica produzida se apresentou na forma de um pó branco, com característica higroscópica. Os dados de análise elementar são mostrados na Tabela 6. Tabela 6. Dados de análise elementar, teóricos e experimental da sílica produzida. %C H% %N Teórico Experimental Teórico Experimental Teórico Experimental 19,70 19,68 6,05 4,47 6,07 4,50 De acordo com os dados apresentados, nota-se que não há diferença significativa entre os valores teórico e experimental. De modo, que pode-se inferir que a síntese realizada para a produção da sílica foi eficiente. Assim, é possível sugerir uma fórmula mínima para a sílica produzida, pois os erros da análise elementar foram menores que 0,2%. Na Figura 9 está apresentada à estrutura sugerida para a sílica lamelar sintetizada. HO O Si HO O Si HO OH O Si HO OH O - O Si O Si HO HO OH OH Si HO OH n OH + H3N 5 NH2 NH2 5 + H3N OH OH HO HO Si HO OH O Si O - HO HO Si O OH Si O OH HO HO Si O Si O n OH Figura 9. Estrutura mínima proposta da sílica lamelar sintetizada Para a caracterização da sílica empregou-se a espectroscopia na região do infravermelho. Neste caso, foi avaliada a presença dos grupos funcionais presentes na estrutura proposta. Na Figura 10 é apresentado o espectro na região entre 4000 e 500 cm-1 para a amostra de sílica produzida. -1 0,2 -1 0,4 -1 1080 cm - νSi-O-Si -1 1640 cm - νC-C 2920 cm - νCH2 %T 0,6 1430 cm - νC-N 0,8 0,0 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 -1 Frequência (cm-1) ) frequency (cm Figura 10. Espectro de infravermelho da sílica lamelar. A partir do espectro de infravermelho é possível observar a presença das bandas de absorção dos grupos siloxanos (Si-O-Si) em 1080 cm-1, C-N em 1430 cm1 e C-C em 1640 cm-1, sugerindo a formação do composto desejado. A sílica após modificação com o complexo hexacloroplatinato de potássio se apresentou na forma de um pó, de coloração amarela. Após as sucessivas lavagens com etanol, a sílica permaneceu com esta coloração, e não foi verificada a presença do complexo nos resíduos de lavagem. Com a adição da hidrazina a sílica modificada com o complexo, teve uma mudança considerável na coloração, passando de amarela para cinza. Os comprimentos de onda referente à ligação C-N dos espectros de infravermelho da sílica lamelar, da sílica com Hexacloroplatinato de potássio e da sílica com Pt metálica são apresentados na Tabela 7. Tabela 7. Dados de infravermelho coletados dos espectros das amostras de sílica sintetizadas. C-N (cm-1) Dados de infravermelho Compostos Sílica Lamelar Sílica com Hexacloroplatinato de potássio Sílica com Pt metálica 1430 1397 1420 A partir dos dados expostos na Tabela 7 pode-se observar deslocamentos da banda referente ao grupo C-N para menores frequências. No caso da sílica contendo o hexacloroplatinato de potássio este deslocamento é mais evidenciado, isto provavelmente devido à coordenação da platina ao sítio aminado. Na Figura 11 apresenta-se a estrutura proposta para a sílica modificada com o hexacloroplatinato de potássio. K+ Cl Cl Cl Pt4+ Cl Cl NH2 5 + OH OH OH Si HO Si O O- OH OH OH Si O H3N OH Si O OH OH Si O OH OH Si O OH n Figura 11. Estrutura proposta para a sílica lamelar modificada com o hexacloroplatinato de potássio. Na Figura 12 é apresentada à estrutura proposta da sílica lamelar modificada com a platina metálica. HO O O Si O Si HO HO HO OH O Si O OH - O Si OH Si HO HO Si HO OH OH n OH + H3N 5 NH2 NH2 5 Pt + H3N OH OH HO HO OH Si HO O - HO HO Si O Si O OH Si O OH HO HO Si O Si O n OH Figura 12. Estrutura proposta para a sílica lamelar modificada com platina. Na Figura 13 é apresentada à estrutura proposta da sílica lamelar modificada com a platina metálica e o ligante seletivo ao AF e aos íons folato. O ligante seletivo ao AF, o 5-amino-1,3,4-tiadiazol-2-tiol, se liga a platina através de uma ligação coordenada com a base de enxofre e interage com o analito em solução através da base nitrogenada. HO O Si HO O Si HO OH O Si HO OH O - O Si O Si HO HO OH OH Si HO OH n OH + H3N 5 N NH2 N NH2 H2 N 5 SH Pt S + H3N OH OH HO HO Si HO OH HO HO Si O O Si O - OH Si O OH HO HO Si O Si O n OH Figura 13. Estrutura proposta para a sílica lamelar modificada com platina e o ligante seletivo a AF. 5.2 Estudo preliminar do EQM para AF O resultado apresentado na Figura 14 refere-se ao teste preliminar da resposta do EQM para atividade do íon folato em solução. O estudo foi realizado utilizando soluções de trabalho do íon folato de concentrações iguais a 10-3 e 10-4 mol L-1 preparadas a partir da solução concentrada de 10-2 mol L-1 em meio aquoso, onde o AF foi desprotonado com Na2CO3, pois o íon folato é mais solúvel que o ácido fólico. O carbonato de sódio foi escolhido para desprotonar o AF por ser uma substância também encontrada nos alimentos. A Figura 14 apresenta a curva analítica entre o potencial e a possível atividade do analito. A partir do gráfico exposto é possível verificar uma sensibilidade de 29,51 mV dec-1 referente a uma faixa de concentração linear entre 3,531.10-6 e 1,350.10-3 mol L-1, estimando-se um limite de detecção igual a 2,953x10-6 mol L-1 e coeficiente de correlação linear (R2) de 0,993. Esta resposta é coerente para compostos bivalentes, o que não condiz com a solução formada pelo AF e o Na2CO3, que apresenta um pH em torno 12 garantindo que todo AF em solução se encontra na forma de íons folato tetravalentes. Sendo assim, a resposta Nernstiana esperada deveria ser igual a 14,80 mV dec-1. Este resultado pode ser explicado pela presença dos íons bivalentes CO32- em solução, que podem está atuando como interferentes na resposta potenciométrica. Outro fator, que também deve ser levado em consideração foi a não realização do controle da força iônica, que pode também ter contribuído para a variação da ddp. Outros testes serão realizados a fim de se comprovar a veracidade dos resultados obtidos. Y = -29,51x + 2,248 R2 = 0,993 150 140 E(mV) 130 120 110 100 90 -5,0 -4,5 -4,0 -3,5 -3,0 Log a (AF) Figura 14. Resposta analítica do potencial x possível atividade do analito. 5.3 Estudo potenciométrico da solução de Na2CO3 utilizando o EQM O resultado apresentado na Figura 15 refere-se ao estudo da atividade dos íons CO32- em solução, onde foram utilizadas soluções de Na2CO3, em meio aquoso, nas concentrações de 10-4, 10-3 e 1 mol L-1 respectivamente. A curva analítica apresentada na Figura 14 é um indício da resposta do EQM para a atividade dos íons CO32- em solução, corroborando com o resultado obtido no teste anterior que indicava atividade potenciométrica de espécies bivalentes em solução. Os resultados obtidos demonstraram que a curva analítica apresenta uma resposta linear ao logaritmo da atividade de CO32- no intervalo de concentração entre 5,806 10-5 e 1,122 10-01 mol L-1, com inclinação angular de -34,692 mV dec-1 e R2 igual a 0,9941. Assim é observado apresentado um comportamento acima da resposta Nerstiniana, cujo o valor esperado era de 29,58 mV dec-1. Testes futuros serão realizados a fim de se obter uma resposta mais conclusiva sobre a resposta do EQM para os íons CO3-2. 100 y = -34,69x - 62,06 2 R = 0,994 80 E (mV) 60 40 20 0 -20 -4,5 -4,0 -3,5 -3,0 -2,5 -2,0 -1,5 2-Log a (CO3 ) Figura 15. Resposta analítica do potencial x possível atividade dos íons CO32-. 5.4 Estudo potenciométrico da solução de ácido fólico em Na2CO3 e na solução tampão bicarbonato-carbonato Com o intuito de comprovar a resposta do EQM ao íon folato tetravalente foi realizado um teste potenciométrico com uma solução de AF preparada em Na2CO3 1 mol L-1 para garantir o controle da força iônica e manter a concentração dos íons CO32- constantes, eliminando assim um interferente. Acurva analítica apresentada na Figura 16 apresentou uma resposta Nerstiana esperada ao EQM para o íon AF igual a -15,23 mV dec-1, referente a uma faixa linear de 5,806 10-05 a 2,221 10-03 mol L-1 e coeficiente de correlação linear de (R2) igual a 0,9845. Como a concentração dos íons CO32- presentes na solução estava constante e em elevada concentração, sendo apenas a concentração do íon folato tetravalente variando no meio e em pequenas concentrações. Devido a este fato, pode-se inferir que o EQM esteja respondendo a atividade do íon folato em solução. Outros dois testes potenciométricos utilizando a mesma faixa linear, que o teste anterior, foram realizados para comprovar a atividade do íon folato tetravalente, modificando apenas a concentração do Na2CO3, para 0,1 mol L-1, e da solução tampão bicarbonato-carbonato pH 9,2 para 0,1 mol L-1. Os testes potenciométricos resultaram em uma resposta Nerstiana de -17,91 mV dec-1 e coeficiente de correlação linear (R2) igual a 0,954 para a leitura de AF na solução de Na2CO3 0,1 mol L-1 (Figura 17). Para o teste realizado na solução tampão bicarbonato-carbonato a resposta foi de -16,17 mV dec-1 e coeficiente de correlação linear (R2) igual a 0,947 (Figura 18). Com os dois últimos testes potenciométricos podemos comprovar a atividade do íon folato tetravalente ao EQM, pois em ambos os testes a única espécie química que apresentou a concentração variável em solução foi o íon folato tetravalente. 40 y = -15,23x - 39,77 R = 0,9845 35 E (mV) 30 25 20 15 10 -5,2 -5,0 -4,8 -4,6 -4,4 -4,2 -4,0 -3,8 -3,6 -3,4 Log a (AF) Figura 16. Resposta analítica da solução de ácido fólico em Na2CO3 1,0 mol L-1. 85 Y = -17,91x - 7,62 R = 0,954 80 75 E (mV) 70 65 60 55 50 45 -5,0 -4,5 -4,0 -3,5 -2 -Log a Af em CO3 0,1 mol L -3,0 -1 Figura 17. Resposta analítica da solução de ácido fólico em Na2CO3 0,1 mol L-1. 85 Y = -16,17x + 8,77 R = 0,947 80 E (mV) 75 70 65 60 55 -5,0 -4,8 -4,6 -4,4 -4,2 -4,0 -3,8 -3,6 -3,4 -3,2 -Log a (AF) Figura 18. Resposta analítica da solução de ácido fólico em tampão bicarbonato-carbonato 0,1 mol L-1 pH 9,2. 5.5 Estudo potenciométrico da variação de pH das soluções de AF utilizando os tampões fosfato e Tris, ambos de concentração igual a 0,1 mol L-1 O AF é uma substância que apresenta quatro pKa, podendo o íon folato ser encontrado na forma mono, bi, tri e tetravalentes dependendo do pH do meio. Até o momento só foram realizadas análises com os íons folato tetravalentes, e com o intuito de verificar a resposta do EQM para os íons folato em outros estados de oxidação, foram realizados testes potenciométricos com os íons folato nos estados de oxidação bi e trivalentes através de uma faixa de pH entre 7,0 e 8,0 utilizando a solução tampão fosfato e a solução tampão Tris. Para a realização do estudo utilizou-se soluções tampão de fosfato e Tris, ambas na concentração 0,1 mol L-1, variando-se o pH em 7,0; 7,3; 7,5; 7,7 e 8,0 para a preparação da solução de AF 10-3 mol L-1. Em seguida, foram utilizadas10 mL da cada uma das soluções de AF para as leituras potenciométricas. Os resultados, apresentados na Tabela 8, demonstraram que a maior ddp foi obtida quando foi utilizada solução tampão fosfato em pH igual a 7,3, onde neste pH há maior predominância dos íons folato trivalentes. De acordo com Younisa (YOUNISA, 2009) foi observada uma maior estabilidadedo AF em soluçãotampão fosfato pH 7,2 para estas espécies, corroborando assim com o resultado obtido. Neste contexto, selecionou-se o pH 7,3 para os subsequentes experimentos. Tabela 8. Estudo do pH para a solução tampão fosfato pH ddp (mV) entre o ddp (mV) entre o EMQ e Variação de ddp EMQ e o ER o ER na presença de AF 7,0 135 121 14 7,3 135 120 15 7,5 133 121 12 7,7 124 119 05 8,0 118 112 06 * EQM – Eletrodo Químicamente Modificado ER – Eletrodo de ReferênciaAF – Ácido fólico A leitura potenciométrica com a solução tampão Tris não pode ser realizada, pois o AF não foi solubilizado no mesmo. Estudos posteriores serão realizados para a solução sem a presença do HCl. Em relação aos íons folatos monovalentes, não foram realizadas análises, pois os mesmos são muito instáveis e de difícil solubilização. 5.6 Estudo potenciométrico da solução de Tris utilizando o EQM para AF O resultado apresentado na Figura 19 refere-se ao estudo potenciométrico da solução de Tris em meio aquoso variando-se a concentração do AF entre 1,368 10-4 e 4,445 10-3 mol L-1. Nesta Figura, observa-seuma provável resposta analítica do EQM a variação de pH(o controle da força iônica não foi realizado), pois houve uma diminuição na variação do potencial da solução, sendo o esperado um aumento, pois os íons Tris em solução aquosa apresentam carga negativa. Os dados obtidos não são suficientes para afirmar precisamente esta resposta. 120 Y = -76,66x - 178,2 2 R = 0,984 E(mV) 100 80 60 40 20 0 -4,0 -3,8 -3,6 -3,4 -3,2 -3,0 -2,8 -2,6 -2,4 - Log a (Tris) Figura 19. Resposta analítica do potencial x possível atividade dos íons 2amino-2-hidroximetil-propano-1,3-diol (Tris). 5.7 Estudo potenciométrico da solução de ácido fólico em tampão fosfato pH 7,2 0,1mol L-1 Para fins de comprovação do resultado do teste anterior, foi realizada uma leitura potenciométrica da solução de AF em tampão fosfato 0,1 mol L-1 pH 7,2. Na curva analítica apresentada na Figura 20 pode-se observar uma resposta Nerstiana esperada do EQM para os íons AF trivalentes de -21,44 mV dec-1, referente a uma faixa linear de 5,806x10-05 a 0,221x10-03 mol L-1 e coeficiente de correlação linear de (R2) igual a 0,9692. Após realização deste teste é possível inferir que o EQM responde Nerstianamente tanto para os íons folato na forma tri e tetravalente. 160 155 Y = -21,44x + 52,64 2 R = 0,913 150 E(mV) 145 140 135 130 125 120 -4,8 -4,6 -4,4 -4,2 -4,0 -3,8 -3,6 -3,4 -3,2 -3,0 -Log a (AF) Figura 20. Teste potenciométrico da solução de ácido fólico em tampão fosfato pH 7,2 e concentração igual a 0,1 mol L-1 5.8 Estudos de potenciais interferentes Com a finalidade de verificar o comportamento do EQM frente aos interferentes ácido ascórbico, ácido cítrico, KNO3, KCl, K2SO4, Na2HPO4 e NaH2PO4 foram realizados testes potenciométricos utilizando como íon primário a solução de AF 10-3 mol L-1 em solução tampão Na2CO3-NaHCO3 0,1 mol L-1. O resultado do teste de potenciais interferentes é apresentado na Tabela 9. Segundo (GUILBAULT et al, 1976), quando o Coeficiente de Seletividade Potenciométrico (CSP) for maior que 1 o EIS é mais seletivo para o íon interferente do que para o íon primário (íon folato tetravalente). Porém se o valor do CSP for menor que 1 o EIS é mais seletivo para o íon primário do que para o íon interferente. De acordo com os resultados nenhum dos ânions estudados apresentaram CSP superiores a 1 demonstrando maior seletividade do EIS ao íon folato. Segundo (KUBOTA et al, 2001), quando a carga do íon primário é distinta da carga do íon interferente os valores do CSP apresentam valores elevados que diferem dos valores obtidos experimentalmente, não podendo ser utilizados para fins práticos e, sim apenas, para verificar se o EIS é mais seletivo ao íon primário ou ao interferente. Tabela 9. Teste de interferentes Coeficiente de Seletividade Interferentes Potenciométrico 2- -19 Asc Cit 3,66x10 3+ - - -29 NO3 1,9031x10 - -25 Cl 4,66x10 2- -20 SO4 5,63x10 - H2PO4 2- HPO4 -24 1,246x10 -14 3,47x10 2- Asc : Íon ascorbato 3+ Cit : Íon citrato De acordo com a Tabele 9, o íon que apresenta a maior interferência é o íon HPO42-, porém nos testes experimentais o íon que apresentou maior interferência foi o Asc2-, por apresentar a maior faixa linear de concentração correspondente a 9,019x10-07 a 1,005x10-02 mol L-1. Para o íon Cit3+, não foi possível determinar o CSP, pois as duas retas não se interceptam (Figura 21), de modo que não é possível determinar o limite de detecção do íon que é usado no cálculo potenciométrico para a determinação do CSP. As curvas analíticas presentes nas Figuras de 21 a 27 apresentam as respostas potenciométricas para os interferentes citados acima com a resposta em mV dec-1 versus a atividade dos íons interferentes. A variação da concentração dos íons folato tetravalentes na solução era desprezível e, apenas a concentração dos íons interferentes variaram no meio, desta forma podemos inferir que a resposta do EQM era referente à atividade dos íons interferentes em solução. Na tabela 10 constam as faixas lineares de resposta em mol L-1, os coeficientes de correlação linear (R2) e os coeficientes angulares dos íons interferentes. 50 Y =Y-57,738x = -57,738x – -362,09 362,09 2 = 0,9795 = 0,9795 R2 R 0 E (mV) -50 -100 -150 -200 -7 -6 -5 -4 -3 -2 3+ - Log a Asc Figura 21. Teste de interferente da solução de ácido ascórbico na solução de ácido fólico 10-3 mol L-1 em tampão carbonato-bicarbonato 0,1 mol L-1 pH 9,2 24 YY == 1,595x 22,399 1,595x ++22,399 2 R2 = = 0,6826 R 0,6826 22 E (mV) 20 18 16 14 12 -6.0 -5.5 -5.0 -4.5 -4.0 -3.5 -3.0 -2.5 3+ Axis Title ) -X Log a (Cit Figura 22. Teste de interferente da solução de ácido cítrico na solução de ácido fólico 10-3 mol L-1 em tampão carbonato-bicarbonato 0,1 mol L-1 pH 9,2 28.0 = -1,6362x + 18,704 Y = Y-1,6362x + 18,704 2 R = 0,9595 R2 = 0,9595 27.5 E (mV) 27.0 26.5 26.0 25.5 25.0 -6.0 -5.5 -5.0 -4.5 -4.0 - - Log a NO3 Figura 23. Teste de interferente da solução de KNO3 na solução de ácido fólico 10-3 mol L-1 em tampão carbonato-bicarbonato 0,1 mol L-1 pH 9,2 26 = -11,365x - 29,215 Y = Y-11,365x – 29,215 25 2 R = 0,9999 R2 = 0,999 24 E (mV) 23 22 21 20 19 18 17 -4.8 -4.7 -4.6 -4.5 -4.4 -4.3 -4.2 -4.1 -4.0 - -Log a Cl Figura 24. Teste de interferente da solução de KCl na solução de ácido fólico 10-3 mol L-1 em tampão carbonato-bicarbonato 0,1 mol L-1 pH 9,2 28.5 -3,3103x ++ 7,3151 7,3151 Y Y= =-3,3103x 2 0,9989 R2R==0,9989 28.0 E (mV) 27.5 27.0 26.5 26.0 25.5 25.0 -6.4 -6.2 -6.0 -5.8 -5.6 -5.4 2- -Log a SO4 Figura 25. Teste de interferente da solução de K2SO4 na solução de ácido fólico 10-3 mol L-1 em tampão carbonato-bicarbonato 0,1 mol L-1 pH 9,2 26.0 = -3,7611x 7,9682 Y =Y-3,7611x + +7,9682 2 2 = 0,9425 R R = 0,9425 25.5 E (mV) 25.0 24.5 24.0 23.5 23.0 -4.8 -4.7 -4.6 -4.5 -4.4 -4.3 -4.2 -4.1 -4.0 2- -Log a HPO4 Figura 26. Teste de interferente da solução de Na2HPO4 na solução de ácido fólico 10-3 mol L-1 em tampão carbonato-bicarbonato 0,1 mol L-1 pH 9,2 49.5 -4,834x ++26,457 YY== -4,834x 26,457 2 R = 0,9645 R2 = 0,9645 49.0 E (mV) 48.5 48.0 47.5 47.0 46.5 46.0 -4.8 -4.7 -4.6 -4.5 -4.4 -4.3 -4.2 -4.1 -4.0 - -Log a H2PO4 Figura 27. Teste de interferente da solução de NaH2PO4 na solução de ácido fólico 10-3 mol L-1 em tampão carbonato-bicarbonato 0,1 mol L-1 pH 9,2 Tabela 10. Faixa linear de resposta, coeficiente de correlação linear (R2) e coeficiente angular dos íons interferentes Interferentes Faixa linear de resposta em mol L As 2- 9,019x10 3+ 3,531x10 Cit NO3 - 2- -06 a 3,841x10 HPO4 57,738 -03 0,7179 2,4839 -04 0,9595 1,6362 -04 0,9999 11,365 -05 0,9118 2,2611 -04 0,9645 4,834 -04 0,9425 3,7611 -05 a 2,604 x10 -06 a 5,806 x10 -05 a 2,604 x10 -05 a 2,604 x10 5,806 x10 2- 5,806 x10 angular 0,9795 a 4,030 x10 - H2PO4 Coeficiente -02 -06 1,633 x10 de correlação linear (R ) a 1,005x10 5,806 x10 Coeficiente 2 -07 5,929 x10 Cl SO4 -1 6. CONCLUSÕES Os resultados obtidos neste trabalho nos permitem concluir que a síntese da sílica lamelar, da sílica modificada com hexacloroplatinato de potássio e a redução da platina (IV) para platina metálica no interior da sílica pode ser comprovada através da determinação espectroscópica na região do IV e através da análise elementar, cujos resultados experimentais apresentaram valores semelhantes aos valores teóricos. A partir desses dados foi possível determinar uma estrutura dos materiais sintetizados. Para a sílica modificada com a platina metálica e contendo o ligante seletivo ao AF serão realizadas as análises de infravermelho e análise elementar para comprovar a sua síntese. O procedimento proposto para a construção do EQM para a determinação do ácido fólico é simples, de baixo custo e de fácil operação. O EQM foi baseado na interação entre o ácido fólico e o 5-amino-1,3,4-tiadiazol-2-tiol apresentando melhor resposta Nernstiana de -16,17 mV para o íon folato tetavalente, correspondente a uma faixa linear entre 5,806x10-05 a 0,221x10-03 mol L-1 com a utilização da solução tampão carbonato-bicarbonato 0,1 mol L-1 e pH 9,2. Para os testes realizados na determinação do coeficiente de seletividade potenciométrico comprovaram que para os interferentes citados na Tabela 9 o EQM é mais seletivo para o ácido fólico, possibilitando sua aplicação para a determinação do AF em amostras reais empregando detecção potenciométrica. 7. PERSPECTIVAS • Caracterização da sílica funcionalizada contendo o ligante 5-amino-1,3,4tiadiazol-2-tiol • Aplicação do EQM a amostras reais • Comparação com o método oficial 8. REFERÊNCIAS ABBAS, M. N.; ZAHRAN, E.; Novel solid-state cadimiumíon-selective electrodes base don its tetraiodo- and tetrabromo-íon pairs with cetylpyridinuim. 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