ANÁLISE DE CLORETOS DA ÁGUA DE ABASTECIMENTO DE UMA CIDADE
LOCALIZADA NO ESTADO DE PERNAMBUCO ATRAVÉS DO MÉTODO
VOLUMÉTRICO DE MOHR
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João Lopes da SILVA NETO , Maria Roberta de Oliveira PINTO
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Departamento de Química, Universidade Estadual da Paraíba-UEPB, Campus I, Campina Grande-PB. E-mail:
[email protected]; Telefone: (83)9639 2333.
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Departamento de Química, Universidade Estadual da Paraíba-UEPB, Campus I, Campina Grande-PB. E-mail:
[email protected]; Telefone: (83)3315-3356.
RESUMO
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O cloro, na forma de íon cloreto (Cl ), é um dos principais ânions inorgânicos em águas naturais e
residuais. Hoje, no Brasil, ele é largamente usado como o principal método para a desinfecção do
abastecimento de água, piscinas, lavanderia e branqueamento de roupas. O cloro é um produto
químico altamente tóxico e venenoso ao ser humano, utilizado para a eliminação de bactérias, vírus e
germes. Segundo o Ministério da Saúde, o teor máximo de cloreto permissível, em águas de
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abastecimento, é de 250 mg de Cℓ /L. Níveis acima do permitido podem colocar em risco a saúde de
quem desta água faz uso. Devido o longo período de estiagem e a seca que, em especial, o Nordeste
brasileiro enfrentou em 2012, muitas cidades sofreram com racionamento de água. Reservatórios não
utilizados há muitos anos e com uma água muito poluída foram alternativas para que a população não
ficasse completamente sem água. O presente trabalho tem por objetivo analisar quantificar a
presença de cloretos em uma amostra da água distribuída para consumo de uma determinada cidade
no estado do Pernambuco. A água analisada, utilizada pela população para diversos fins foi
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classificada como imprópria para consumo, devido à alta concentração de íons Cℓ .
PALAVRAS CHAVE: Química analítica; Água; Cloretos; Saneamento.
1 INTRODUÇÃO
Há cerca de 180 anos atrás, os cientistas enquanto pesquisavam a forma de
prevenção contra a febre tifoide no abastecimento de água, descobriram que o cloro
matava as bactérias e vírus. Por conter um altíssimo efeito corrosivo foi utilizado
como arma biológica terrivelmente eficiente e eficaz durante a Primeira Guerra
Mundial. Foi a primeira arma biológica conhecida e utilizada em larga escala. Na
forma de gás, o cloro é mais pesado que o ar, ficando próximo ao solo destruiu os
pulmões dos soldados na guerra.
Hoje, no Brasil, o cloro é largamente usado como o principal método para a
desinfecção do abastecimento de água, piscinas, lavanderia e branqueamento de
roupas. Os Países do Primeiro Mundo já abandonaram o cloro e estão eliminado o
flúor do abastecimento da água. Assim como o mercúrio, o cloro e flúor são dois
componentes acumulativos no organismo, que podem causar depressão e câncer.
O cloro é um produto químico altamente tóxico e venenoso ao ser humano,
utilizado para remoção de resíduos de graxa e óleos, fungos, mofos e lodos; ainda,
utilizado para a eliminação de bactérias, vírus e germes.
Segundo ministério da saúde, em sua Portaria nº 1.469 de 29 de dezembro
de 2000, o teor máximo de cloreto permissível, em águas de abastecimento, é de
250 mg de Cℓ-/L. Níveis acima do permitido na água ingerida pode ter efeito laxativo.
Um importante fator a ser considerado é a pele; o cloro destrói o equilíbrio
natural das bactérias benéficas da nossa pele que tem uma ecologia própria que
precisa ser preservada, a fim de manter a pele saudável e sua beleza associada.
“A maioria das pessoas nunca se deram conta da gravidade do uso do cloro e do flúor na água. Os
responsáveis pela Saúde e os de manter a qualidade da água asseguram que a água clorada é
completamente segura para o consumo humano. Mentira! Numerosos estudos científicos relatam que
a água clorada é um irritante da pele e pode ser associado a erupções como eczema, capaz de
destruir ácidos graxos poliinsaturados e vitamina E do corpo ao mesmo tempo gerando toxinas
capazes de danos dos radicais livres (oxidação). Isto pode explicar porque a suplementação da dieta
com ácidos graxos essenciais, como óleo de linhaça, óleo de prímula, óleo de borragem e
antioxidantes como a vitamina E, selênio e outros ajudam a tantos casos de eczema e pele seca. [...]
Infelizmente isto não é passado à população por lobby das grandes empresas para continuarem a
faturar”.
Dr. Zoltan P. Rona, Mestre em Clínica Nutricional e Bioquímica pela University of Bridgeport in
Connecticut – USA
A ação do cloro tem sido documentada por agravar a asma, rinite, sinusite
reações alérgicas no sistema respiratório, olhos, garganta; especialmente nas
crianças que fazem uso de piscinas com cloro e chuveiro na posição de quente por
produzir a solução aquosa de acido clorídrico. O chuveiro quente vaporiza o cloro da
água causando edemas nos pulmões e atacando a pele e cabelo; deixando os
cabelos secos e quebradiços e a pele escamosa, além de eritemas que provocam
coceiras. Longos banhos são um grave risco a saúde.
O cloro na água do banho é prontamente absorvido pela pele e por inalação
do vapor e spray. Em um banho de dez minutos, podemos absorver até 600% os
contaminantes mais do que na água da torneira. Isto devido o vapor quente da água
dilatar os poros da pele, facilitando a penetração dos mesmos.
“O banho com a água clorada resseca e provoca a irritação da pele e prejudica os pulmões, podendo
causar danos ao coração. Um problema sério no Brasil é que a sauna úmida utiliza a água clorada
para geração do vapor; aí temos o gás clorídrico dentro das câmaras de sauna. Recomenda-se que
se utilize sauna seca apenas no Brasil. Nos países desenvolvidos o cloro foi eliminado do processo de
abastecimento d’água há muito tempo e o flúor está em processo de eliminação há cinco anos. Alguns
Pneumologistas recomendam o uso do vapor d’água dos chuveiros elétricos para as crianças com
problemas respiratórios. Isto é grave.”
Dr. Lair Ribeiro, mestre em cardiologia pela PUC - RIO
A exposição regular ao cloro gasoso mesmo em níveis baixos como no banho
normal, reduz a capacidade de transferência de oxigênio dos pulmões, sendo fator
crítico para os atletas e pessoas propensas a insuficiência cardíaca.
O ano de 2012 foi marcado por uma seca não vista há muitos anos, em
especial na região Nordeste do Brasil. Em algumas cidades do Pernambuco, o
reservatório que abastecia toda a cidade secou em meio à seca e ausência de
chuvas. Reservatórios não utilizados há muitos anos e com uma água muito poluída
foram alternativas para que a população não ficasse completamente sem água. Há
alguns meses a população desta cidade tem-se reclamado da qualidade da água
recebida em suas residências. O sabor, além de “coceira” durante/após o banho são
os mais citados.
Essa pesquisa de cunho quantitativo pretende analisar a água, após passada
pela ETA (estação de Tratamento da Água), a qual vem sendo distribuída para a
população de uma determinada cidade no estado do Pernambuco, a fim de
quantificar a presença de íons cloreto presentes na mesma.
2 METODOLOGIA
O método utilizado para quantificação dos íons cloreto foi o de Mohr com
detecção visual do ponto de equivalência através do indicador cromato de potássio.
O método analítico se dá através de uma titulação de precipitação, a qual
utiliza Nitrato de Prata (AgNO3) como agente titulante.
O Nitrato de Prata é um composto químico de fórmula molecular AgNO3.
Comercialmente, costuma chamar-se também de "cáustico lunar”. Apresenta amplo
emprego na ciência analítica e na técnica (é um nitrato inorgânico primordial), na
indústria, na medicina entre outros.
Figura 1 – Nitrato de Prata
Fonte: Própria, 2012
O processo de amostragem da água analisada foi realizado com a coleta de
amostras a partir de residências e da própria Estação de Tratamento de Água da
cidade.
Na titulação de uma solução neutra ou de íons cloreto com solução padrão de
nitrato de prata, adicionou-se uma pequena quantidade de solução de cromato de
potássio que age como indicador. No final, quando a precipitação do cloreto for
completa, primeiro excesso de íons prata combina-se com os íons cromato
(indicador) formando um precipitado de cromato de prata, vermelho, fracamente
solúvel.
O procedimento analítico foi realizado em triplicata.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Sabendo-se da importância da determinação da quantidade de cloretos em
águas, em especial de consumo humano, o presente trabalho teve como objetivo a
quantificação de cloretos na amostra da água de abastecimento de uma
determinada cidade do estado do Pernambuco.
Durante o processo analítico para quantificação de cloretos presentes na
água, os volumes consumidos do agente titulante (Nitrato de Prata) com
concentração 0,05 Eq/L, para um volume de 20 mL da amostra analisada, estão
presentes na Tabela 1.
TABELA 1: Dados da titulação
Volume da alíquota
Volume consumido de AgNO3
20 mL
7,1
20 mL
7,2
20 mL
7,2
Fonte: própria, 2012
De acordo com os dados obtidos no processo analítico, foi quantificada uma
concentração igual a 637,2 mg/L de Cℓ-.
Os moradores da cidade que recebem esta água, em especial os que utilizam
desta água para tomar banho e consumo oral, têm reclamado quanto à alteração
muito perceptível no sabor da água, coceiras durante/após banhos, ressecamento
de pele e cabelos, entre outros. Tais reclamações devem-se principalmente à alta
concentração de cloretos presentes na água analisada.
Segundo o ministério da saúde, em sua Portaria nº 1.469 de 29 de dezembro
de 2000, o teor máximo de cloreto permissível, em águas de abastecimento, é de
250 mg/L de Cℓ-.
Sendo assim, a água analisada não está no padrão das leis nacionais, sendo
classificada como imprópria para consumo humano, colocando em risco a saúde da
população que dela faz uso.
4 CONCLUSÃO
A amostra de água analisada foi classificada como sendo imprópria para
consumo humano, devido à alta concentração de íons cloreto (Cℓ-). A água, utilizada
pela população para diversos fins, em especial para banhos e consumo oral, está
fora dos padrões permitidos pela Portaria nº 1.469 de 29 de dezembro de 2000, a
qual permite uma concentração de, até, 250 mg/L de Cℓ- para águas de consumo
particular e alimentação.
REFERÊNCIAS
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876p.
SKOOG, WEST, HOLLER, CROUCH. Fundamentos de Química Analítica.
Tradução da 8ª edição norte-americana. 1 ed. Thomson Learning, 2005.
VOGEL, Arthur Israel. [tradução por GIMENO, Antônio da] Química Analítica
Qualitativa. 5ª Ed. São Paulo: Editora Mestre Jou, 1981.
THEODORE, L. Brown; LEMAY, H. Eugene Jr.; BURSTEN, E. Bruce. Química: A
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SVS, 2000.
FUNASA. Manual prático de análise de água. Brasilia, 2006.
VOGEL, A.I. Análise Química Quantitativa. Editora Guanabara Koogan S.A., 1992.
Rio de Janeiro, RJ.
CLESCERI, L. S.; GREENBERGH, A. E.; TRUSSELL, R.R. (Editors). Standard
Methods: For Examination of Water and Wastewater, l7th. edition. Washington,
1989.
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