LEPTINA E GRELINA: O PAPEL NA PATOGÊNESE DA OBESIDADE. Amanda Bellodi Gerbasi¹ Pammela Lavrini¹ Ângela de Campos Trentin² RESUMO: A incidência mundial de obesidade dobrou nos últimos trinta anos e o aumento da prevalência do sobrepeso e da obesidade atribui-se, principalmente, às mudanças nos estilos de vida que incidem sobre a susceptibilidade ou predisposição genética para ser obeso. O objetivo deste trabalho é relacionar o papel da leptina e da grelina no controle do peso corporal; identificar o mecanismo de ação das mesmas e verificar as limitações existentes no tratamento da obesidade e abordar as perspectivas futuras do tratamento. Os métodos utilizados foram à revisão na literatura, utilizando, como instrumento de pesquisa, artigos, publicações científicas nacionais e internacionais, e as bases de dados Medline, Scielo, PubMed no que concerne à temática da relação entre os hormônios leptina, grelina e a obesidade. A leptina é um peptídeo que desempenha importante papel no controle da ingestão alimentar e no gasto energético, gerando maior gasto energético e menor ingestão alimentar. Além dos avanços no estudo da célula adiposa, um hormôrnio relacionado ao metabolismo foi descoberto, a grelina. A grelina é um peptídeo produzido nas células do estômago, e está diretamente envolvida no controle do balanço energético a curto prazo. Portanto, As recentes investigações envolvendo a leptina e a grelina, abrem novos campos de pesquisa para o controle da obesidade, principalmente nas áreas de nutrição e metabolismo. O aprofundamento dos conhecimentos sobre esses hormônios torna-se de grande relevância na manutenção e preservação da qualidade de vida da população, podendo proporcionar novas abordagens terapêuticas no tratamento da obesidade. Termos indexação: leptina, grelina, obesidade, metabolismo. ¹Alunas da Faculdade de Nutrição da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, SP, Brasil. ²Docente Orientador da Faculdade de Nutrição da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, SP, Brasil. 2 ABSTRACT: The worldwide incidence of obesity has doubled in the last thirty years, and the increasing prevalence of overweight and obesity is attributed to changes in lifestyles that affect the susceptibility or genetic predisposition to obesity. The objective in this work is to correlate the function of leptin and ghrelin in body weight control. Identify the mechanism of these hormones. Verifying the existing limitations in the obesity treatment and approach the future prospects of that. The methods used were literature review as a research tool, papers, national and international scientific journals and Medline, Scielo, PubMed databases regarding the topic of the relationship between the hormone leptin, ghrelin and obesity. Leptin is a peptide that plays an important role in controlling food intake and energy expenditure, generating higher energy expenditure and reduced food intake. In addition to advances in the study of adipose cell, a hormone related to metabolism has been recently discovered, the ghrelin. Ghrelin is a peptide produced in the stomach and is directly involved in the control of energy balance in the short term. Therefore, the recent investigations involving leptin and ghrelin, offer new research fields for controlling of obesity, especially in areas nutrition and metabolism areas. Hence, improving knowledge of these hormones becomes very important in maintaining and preserving the life's quality, and may provide new therapeutic approaches for obesity treatment. Indexing terms: Leptin; ghrelin; obesity; metabolism. INTRODUÇÃO De acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009 sobre Antropometria - Estado Nutricional de Crianças, Adolescentes e Adultos no Brasil a população brasileira está ficando mais gorda e em velocidade acelerada. O excesso de peso já atinge metade da população adulta; uma em cada três crianças com faixa etária de 5 a 9 anos de idade e um quinto dos adolescentes do país (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2010). Assim, a obesidade é considerada um importante problema de saúde pública nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, e para a OMS, uma epidemia global (BOUCHARD, 2000; DAMASO, 2003). A obesidade pode ser definida como o acúmulo excessivo de gordura corporal, fator que traz prejuízos à saúde, destacando-se as dificuldades respiratórias, problemas dermatológicos e distúrbios do aparelho locomotor, além de favorecer o 3 desenvolvimento de Diabetes Mellitus tipo II, dislipidemias, doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer (PINHEIRO; FREITAS; CORSO, 2004). Não é fácil identificar a etiologia da obesidade, uma vez que a mesma é resultado de uma complexa interação entre fatores comportamentais, culturais, genéticos, fisiológicos e psicológicos, ou seja, é caracterizada como uma doença multifatorial. Dessa forma, pode, ser classificada em dois contextos, um por fatores genéticos ou endócrinos e metabólicos, ou então, por influência de fatores externos, sejam eles de origem dietética, comportamental ou ambiental. Acredita-se que os fatores externos são mais relevantes na incidência de obesidade do que os fatores genéticos (NOBREGA, 1998; BOUCHARD, 2000; DAMASO, 2003). Entre os tratamentos para a obesidade, o clínico é fundamental, uma vez que tem como objetivo mudar o estilo de vida do indivíduo obeso, melhorar os seus hábitos alimentares e estimular a prática de atividade física. Não existem evidências que indiquem qual a composição mais adequada da dieta, no âmbito de promover uma maior perda de peso; porém, uma alimentação equilibrada promove mais saúde e bem-estar do que dietas altamente restritivas em algum tipo de nutriente, apesar de serem igualmente eficaz em promover perda de peso (DAMASO, 2003). Apesar de ser uma das doenças metabólicas mais antigas da humanidade, as opções farmacológicas para o tratamento da obesidade são limitadas e apresentam diversos efeitos colaterais. As descobertas relativamente recentes dos hormônios leptina e grelina têm estimulado a investigação e a descoberta de vários novos hormônios e outras substâncias relacionadas com a saciedade, obesidade e gasto energético (FLIER, 2007). Entender o mecanismo de ação do controle endócrino do balanço energético, seja através da regulação do apetite e saciedade ou mediante a regulação do gasto energético, pela maior ou menor propensão para a atividade física ou pela regulação do metabolismo basal, contribui para os avanços nos estudos relacionados à patogênese da obesidade e conseqüentemente no desenvolvimento de novos tratamentos e prevenções mais eficazes, perante o aumento epidêmico da obesidade e das conseqüências a ela associadas (NOBREGA, 1998). Nestes diversos mecanismos, complexos e ainda em fase inicial de estudo, a leptina e a grelina ocupam papéis centrais. 4 O interesse pelo tema surgiu devido à leptina e a grelina serem um hormônio, cujo papel é importante na regulação da ingestão alimentar, no consumo energético e no peso corporal. Considerando o fato de que a leptina é um marcador da adiposidade corporal, destacando-se como sinalizadora e moduladora do estado nutricional no indivíduo obeso e que a grelina diminui a oxidação das gorduras e aumenta a ingestão alimentar e a adiposidade, questionou-se qual a relação do hormônio leptina e da grelina no controle do peso corporal, sendo este o principal objetivo deste trabalho. Procurou-se também identificar o mecanismo de ação da leptina e da grelina, as limitações existentes no tratamento da obesidade e as perspectivas futuras do tratamento. OBJETIVOS Geral Relacionar o papel da leptina e da grelina no controle do peso corporal. Específico Identificar o mecanismo de ação da leptina e grelina; Verificar as limitações existentes no tratamento da obesidade e; Abordar as perspectivas futuras do tratamento. MÉTODOS Foi realizada uma revisão da literatura, utilizando, como instrumento de pesquisa, artigos, livros e publicações científicas nacionais e internacionais, no que concerne à temática da relação entre os hormônios leptina, grelina e a obesidade. A pesquisa foi realizada nas bases de dados Medline, Scielo, PubMed com os termos de indexação leptina, grelina, obesidade e metabolismo. REVISÃO DA LITERATURA Capítulo I. Regulação hormonal do comportamento alimentar. Regulação hormonal e hipotalâmica da gordura corporal e da ingestão de alimentos. 5 Segundo Constanzo (2004), uma breve interrupção do suprimento de glicose ao cérebro de uma pessoa pode levar à perda da consciência, lesões cerebrais sérias, e até mesmo à morte da mesma. Dessa maneira, complexos mecanismos regulatórios evoluíram para armazenar energia no corpo, de forma que ela esteja disponível quando necessária. Imediatamente após o consumo de uma refeição as reservas energéticas corporais são repostas e armazenadas na forma de glicogênio e triglicérides; as reservas de triglicérides são encontradas no tecido adiposo, gordura, e têm uma capacidade virtualmente ilimitada. Durante a condição de jejum entre as refeições, estas moléculas são quebradas para fornecer ao corpo um suprimento contínuo de combustível para o metabolismo celular. Um ajuste fino do balanço energético deve ocorrer para que as reservas sejam repostas na medida em que são gastas, uma vez que se a ingestão e o armazenamento de energia exceder a utilização, a quantidade de gordura corporal, aumenta, resultando em sobrepeso e eventualmente em obesidade. Porém, se a ingestão de energia consiste em não alcançar as demandas corporais, ocorre perda do tecido adiposo e conseqüentemente perda de peso (BERNE, 2004; CONSTANZO, 2004). Múltiplos mecanismos regulatórios agem a curto prazo ou a longo prazo para manter as reservas de gordura corporal ajustado a um dado ponto de equilíbrio. De acordo com os estudos realizados por Hetherington & Ranson (1940), de que pequenas lesões nos dois lados do hipotálamo do rato podem levar o enorme efeito sobre o comportamento alimentar, e conseqüentemente, sobre a adiposidade. As lesões bilaterais do hipotálamo lateral causam anorexia, ou seja, o apetite por alimento é diminuído drasticamente. Por outro lado, lesões bilaterais do hipotálamo ventromedial causam um aumento na ingestão de alimento, tornando-se o animal obeso. O acoplamento entre gordura e comportamento alimentar sugere a possibilidade de uma comunicação entre o tecido adiposo e o cérebro. A ingestão de alimentos é estimulada quando neurônios no hipotálamo detectam uma queda nas concentrações plasmáticas de uma substância liberada pelos adipócitos conhecida como hormônio leptina que aumenta com os estoques de gordura e age no cérebro para inibir a ingestão de alimentos e as reservas no tecido adiposo (LEHNINGER, 2002; BERNE, 2004). 6 Substâncias envolvidas no controle do apetite, ingestão alimentar e saciedade. Tabela 1. Mecanismos hipotalâmicos do apetite (SCHWARTZ, 2000). Controle do comportamento alimentar e do peso corporal. O controle da ingestão alimentar e do peso corporal é divido em dois sistemas: controle da ingestão alimentar em curto prazo, que determina o início e o término de uma refeição e controle do peso corporal em longo prazo, responsável pelo estoque de gordura corporal. A figura 1 demonstra estes dois sistemas de controle. Assim como a insulina, o hormônio leptina informa a adequação das reservas energéticas ao hipotálamo, os quais são importantes para o controle do peso corporal de longo prazo. Em relação ao controle da ingestão alimentar de curto prazo, além da CCK e do PYY, uma nova substância pertencente a este sistema tem sido estudada: a grelina, um estimulador do apetite (MARX, 2005). Logo após uma refeição, a distensão do estômago e a digestão dos alimentos estimulam o nervo vago e os nervos espinhais e promovem a liberação de CCK e PYY. Estas informações chegam ao núcleo do trato solitário no tronco cerebral 7 e ao hipotálamo, inibindo o NPY e a AGRP por via anabólica e determinando o fim da refeição (sistema de curto prazo). Por sua vez, o aumento dos níveis de leptina, que ocorre com o aumento da gordura corporal e nas situações de balanço energético positivo, estimula o POMC e o CART por via catabólica e conseqüentemente inibe os neurônios NPY/AGRP por via anabólica no hipotálamo. O α-MSH, derivado da POMC, age sobre o MC4R, levando à redução da ingestão alimentar (RODRIGUES, 1999; SCHWARTZ, 2000; MARX, 2005. Figura 1. Mecanismos hormonais do controle de peso corporal e ingestão alimentar (MARX, 2005). Aproximadamente duas horas antes de uma refeição, ocorre o aumento dos níveis da grelina, que funciona como um "iniciador de refeição". Os níveis de grelina também se elevam nas situações de balanço energético negativo, fazendo parte dos sistemas de curto e longo prazo de regulação do peso corporal. Este hormônio estimula os neurônios NPY/AGRP. Desta forma, a AGRP bloqueia a sinalização do MC4R através do sistema da melanocortina, promovendo o aumento da ingestão alimentar, adiposidade e consequentemente aumento do peso corporal. Com propriedades anabólicas, outros neurônios secundários no SNC são ativados e levando ao aumento da ingestão alimentar a longo prazo. O hipotálamo e o núcleo do trato solitário no tronco cerebral se interconectam sendo responsáveis pelo 8 controle da ingestão alimentar e do peso corporal (RODRIGUES, 1999; SCHWARTS, 2000; MARX, 2005). As características principais das mutações descritas na espécie humana dos genes envolvidos no controle neuroendócrino do peso corporal estão resumidas na tabela 1. Tabela 2. Síndromes monogênicas de obesidade em humanos (FAROOQI, 1998). Capítulo II. LEPTINA Características Em 1940 Kennedy propôs a existência de um mecanismo de regulação da gordura corporal por meio de um sinal produzido pelos adipócitos (SIMÓN & DEL BARRO, 2002). A leptina (do grego leptos = magro) é um hormônio peptídico formado por 167 aminoácidos, transcritos a partir do gene ob, que foi originalmente clonado em camundongos. Sua estrutura é semelhante às da citocinas, do tipo interleucina-2 (IL2), sendo produzida, no tecido adiposo branco, principalmente (ROMERO & ZANESCO, 2006). 9 Quando a leptina é injetada em camundongo ob-/ob que apresenta deficiência genética de leptina, o mesmo reduz o consumo de alimentos e aumenta o gasto energético. Porém, quando a leptina é injetado em camundongo db-/db-, que apresenta deficiência do receptor de leptina, não ocorre nenhuma perda de peso corporal ou diminuição do consumo energético. Seu pico de liberação ocorre durante a noite e às primeiras horas da manhã, com meia-vida plasmática de 30 minutos (CISTERNAS, 2002; LOPES et al., 2004; PARACCHINI, 2005). Apesar da leptina ser considerado um potente anorexígeno, que controla a ingestão alimentar e gasto energético, esse hormônio não pode ser considerado um regulador de curto prazo, pois, não promove alteração do total ingerido no decorrer de uma refeição. Sua resposta ao consumo de alimento tem seu pico somente algumas horas (4-7 horas) após o término da refeição (NIEUWENHUYS et al., 2008). Segundo Simón & Del Barro (2002), apesar dos resultados encontrados nos estudos realizados com animais em relação às perspectivas para o tratamento da obesidade, em humanos a concentração plasmática de leptina está relacionada apenas parcialmente ao tamanho da massa de tecido adiposo presente no corpo, uma vez que seus níveis plasmáticos são diferentes em indivíduos que possuem o mesmo índice de massa corporal (IMC). As concentrações de leptina são diferentes entre os sexos, nas mulheres são superiores a partir da puberdade e permanente após a maturação sexual. As explicações para este fato é a porcentagem de gordura corporal nas mulheres maiores e a ação inibitória do hormônio testosterona na secreção da leptina no sexo masculino. Em algumas patologias, como diabetes mellitus tipo 2, os níveis plasmáticos de leptina se apresentam elevados (BRANDS, 2000). O aumento da concentração de leptina ocorre também nas gestantes durante o trabalho de parto, chegando, inclusive, a se duplicar e uma redução deste hormônio após o parto, concomitante a um processo de dessensibilização dos receptores hipotalâmicos, o que se relaciona com a dificuldade para perda de peso no pós-parto (MOCKUS, 2001; NETO & PAREJA, 2006; GEORGE, 2008). Segundo Pisabarro et. al., (1999), a leptina é sintetizada no estômago, placenta, glândula mamária e músculo-esquelético. Um aspecto importante com relação à leptina é que sua produção é diferente entre os adipócitos. Sabe-se que o tecido adiposo subcutâneo tem maior produção e secreção de leptina, o que pode ser comprovado pelas determinações de leptina nos adipócitos de diferentes depósitos in 10 vitro e in vivo, enquanto a gordura intra-abdominal apresentou melhor associação com a presença de menor sensibilidade insulínica. Quanto à ingestão alimentar concentrações menores de leptina é obtido após horas de restrição alimentar ou jejum de 12 horas, enquanto uma hora após a ingestão alimentar as concentrações de leptina está aumentado. Mecanismos de ação da leptina. A propriedade inibidora do apetite deve-se ao mecanismo de sinalização da leptina no hipotálamo: os neurônios do núcleo arqueado, que é uma região do hipotálamo, apresentam receptores de leptina. A ligação da leptina ao seu receptor estimula a síntese de neuropeptídeos anorexigênicos como: POMC, a-MSH, CRH e CART que diminuem a ingestão de alimentos porque provocam a sensação de saciedade. Os neuropeptídeos anorexigênicos, por sua vez, inibem a síntese de NPY pelos neurônios neuropeptidérgicos do núcleo arqueado, que estimula a ingestão de alimentos (neuropeptídeo orexigênico) e inibe a termogênese (NIEUWENHUYS et al., 2008). Além disso, uma queda nas concentrações de leptina aumenta a produção de NPY no núcleo arqueado e MCH e orexina na área hipotalâmica lateral. Tais peptídeos orexigênicos atuam no encéfalo estimulando o comportamento alimentar e diminuindo o metabolismo. O sistema MCH está em uma posição estratégica para informar o córtex sobre as concentrações circulantes de leptina contribuindo significativamente na motivação da busca por comida ou “ataque à geladeira”. Por outro lado, a propriedade de aumentar o gasto de energia, deve-se ao fato da leptina estimular as ações da norepinefrina e a lipólise no tecido adiposo, levando à termogênese. Por estimulação do sistema nervoso simpático, a leptina causa aumento na liberação de norepinefrina que formam canais que permitem a entrada de prótons na matriz mitocondrial sem passar através do complexo ATP síntase, permitindo a oxidação contínua de ácidos graxos sem síntese de ATP, com dissipação de energia na forma de calor. Isto leva a um aumento no gasto de energia no tecido adiposo, com estímulo da lipólise (NIEUWENHUYS et al., 2008). 11 Figura 2. Mecanismos de ação da leptina (MARX, 2003). A leptina é produzida pelo tecido adiposo (proporcionalmente ao número e ao volume dos adipócitos) e em resposta a estímulos positivos tais como insulina e glicocorticóides ou após uma refeição. Agentes que aumentam AMPc intracelular e jejum diminui a produção de leptina. Um aumento nas concentrações plasmáticas de leptina sinaliza no hipotálamo um aumento de síntese dos neuropeptídeos anorexigênicos (POMC, a-MSH, CART e CRH) que por sua vez diminuem a síntese de NPY, levando a uma diminuição do apetite, um aumento do gasto de energia e redução do peso corporal. Leptina e Obesidade. Foi descoberta em 1950 a mutação do gene da leptina, em ratos ob/ob obesos, que demonstraram um disparate na mutação do códon 105 do rato original, resultando na ausência na produção de leptina. Esta mutação causa obesidade, extrema resistência à insulina, alimentação excessiva, infertilidade, diminuição da função das gônadas, hipercortisolismo e uma massa óssea duas a três vezes maiores que o animal selvagem. A condição normal é restabelecida com a administração de leptina. Em todos os mamíferos é preservada a estrutura do gene da leptina, ou seja, a leptina humana e a leptina de ratos compartilham 84% da seqüência idêntica. O gene ob é expresso somente no tecido adiposo, principalmente o branco, mas também no tecido adiposo marrom, em proporção ao tamanho e número dos adipócitos. A produção do recentemente clonado gene ob provoca uma acentuada redução do peso 12 corporal, da porcentagem de gordura corporal e a quantidade ingerida, seguida do aumento na energia consumida e reduzindo a concentração sérica de glicose e insulina em ratos obesos (CEDDIA et al., 1998; BORBA; KULAK; CASTRO, 2003; PARACCHINI; PEDOTTI; TAIOLI, 2005). A deficiência de leptina e defeitos no receptor da leptina, em humanos, são muito raros. A leptina sérica, em média, é usualmente elevada, na obesidade e é positivamente relacionada ao índice de massa corporal, porcentagem de gordura corporal e à massa gorda. Porém, vários laboratórios têm notado um aumento dos valores da leptina sérica em alguns níveis de gordura corporal. Alguns sujeitos obesos estão expostos, particularmente, a níveis superiores ou inferiores de leptina que estão de acordo com sua massa de gordura, sugerindo que outro mecanismo, e não a massa gorda, por si, regula a leptina sérica. Este ponto parte para a possibilidade que uma diferenciação na regulação da secreção da leptina, contribuindo para manter o peso corporal elevado em alguns sujeitos obesos (FRIED et al., 2000). Estima-se que a presença de altos níveis de leptina, no plasma, seriam indicativos de uma resistência a este hormônio, seja pela alteração da sua síntese e/ou secreção, por alterações no transporte cerebral, ou por anomalias nos receptores e ou posterior sinalização; é também sugerido que as taxas deste hormônio no líquor estariam deprimidas. Os mecanismos pelos quais o aumento de tecido adiposo é traduzido em aumento da concentração sérica de leptina, envolvem tanto o número de células adiposas quanto a indução do RNAm ob. Segundo Cisternas (2002); Romero & Zanesco (2006), indivíduos obesos apresentam um número maior de células adiposas, logo uma maior quantidade de RNAm ob, encontrada em seus adipócitos, do que em indivíduos eutróficos. Todavia, o tamanho do tecido adiposo não depende somente da concentração sérica de leptina, uma vez que a redução de 10% do peso corporal provoca uma diminuição de aproximadamente 53% de leptina plasmática, sugerindo além da adiposidade tecidual, outros fatores, estão envolvidos na regulação de sua produção. Os estudos envolvendo os níveis de leptina sérica, em relação às várias medidas de adipócitos, demonstraram que a obesidade não é caracterizada pela deficiência de leptina, mas pela hiperleptinemia, encontrada em pacientes obesos. A incapacidade da elevação dos níveis de leptina para alterar o estado de obesidade destas pessoas, pode ser relacionada com a resistência à leptina, uma incapacidade da leptina em entrar no fluido cérebro-espinhal, para alcançar as regiões hipotalâmicas 13 que regulam o apetite, ou pode simplesmente refletir a quantidade de tecido adiposo nessas pessoas. Indivíduos obesos apresentam elevados níveis plasmáticos de leptina, cerca de cinco vezes maiores do que aqueles encontrados em sujeitos magros (PARACCHINI & PEDOTTI, 2005; ROMERO & ZANESCO, 2006). Segundo Flier (2004); Romero & Zanesco (2006), a hiperleptinemia, encontrada em pessoas obesas, é atribuída a alterações no receptor de leptina ou a uma deficiência em seu sistema de transporte na barreira hemato-encefálica, denominado resistência à leptina. Existem dois mecanismos identificados. O primeiro pode envolver um defeito no transporte da leptina, através da barreira hematoencefálica, para sítios de ação dentro do SNC, visando regular o balanço energético. A existência de um transporte defeituoso é ressaltada pela potencial administração da leptina no cérebro em ratos, com dieta induzida para obesidade. A resistência à insulina pode permitir um balanço dos estoques energéticos negativos, culminando na obesidade. Outra hipótese é compatível com estudos em humanos demonstrando que, diferente dos ratos ob/ob, a obesidade não é um problema pela ausência de leptina, já que elevados níveis de leptina são encontrados em indivíduos obesos. Portanto, a obesidade pode ocorrer devido à interrupção no sinal da leptina nos seus sítios alvos, localizados central ou perifericamente (CEDDIA et al., 1998; MARX et. al., 2003). Na obesidade humana, estudos da relação liquórica/leptina sérica, sugerem que a resistência poderia resultar de um defeito de transporte da leptina ao SNC. Outra hipótese é que a mesma poderia ocorrer devido um defeito no pós-receptor, levando à falha na ativação dos mediadores neuroendócrinos, que são os reguladores do peso corporal. Postula-se que um acúmulo excessivo de leptina, a curto prazo, poderia levar a uma diminuição dos receptores centrais e a um reajuste do seu efeito inibitório sobre o apetite. Desta maneira, uma concentração supranormal de leptina seria necessária para o mesmo efeito inibitório sobre o apetite. Outra possibilidade é uma insuficiência do sistema de transporte da leptina para dentro do cérebro, pois pacientes obeso têm uma diminuição das concentrações liquóricas de leptina, quando comparadas às concentrações plasmáticas do hormônio (NEGRÃO & LICINIO, 2000; RODRIGUES; SUPLICY; RADOMINSKI, 2003). Steinberg et al. (2002) foram os primeiros a fornecer evidências de que a leptina aumenta a oxidação de ácidos graxos no músculo esquelético de indivíduos magros, o que já não ocorre em obesos, apontando para o desenvolvimento de 14 resistência à leptina no músculo esquelético de obesos. Na obesidade, o aumento dos níveis de leptina pode ocorrer devido à hiperinsulinemia crônica. Mais importante do que o papel antiobesidade, antes atribuído à leptina, é que este hormônio é responsável pelo fornecimento da informação ao cérebro de que o organismo está passando fome. Com a ausência da leptina, o cérebro tem a sensação de fome, apesar da obesidade. Deficiência da leptina leva à fome, supressão da energia consumida e inibe os componentes da reprodução, sendo que todos estes eventos ocorrem para adaptar-se à falta de alimento (FLIER, 2004). Têm sido verificados níveis aumentados de leptina, em crianças obesas. Alguns estudos avaliaram a relação da leptina com a sensibilidade à insulina e constataram que, independente da obesidade, da idade, do sexo, da relação circunferência cintura-quadril, houve associação inversa, isto é, quanto menor a sensibilidade à insulina, maior o nível de leptina (OLIVEIRA et al., 2004). Sudi et al. (2000), observaram que o determinante principal da variação dos níveis de leptina, em crianças e adolescentes obesos, é o IMC e não a insulina basal e o índice de resistência à insulina. Na etiologia da obesidade, a importância genética, também tem sido foco de pesquisa em todo o mundo. A identificação e a seqüência do gene ob, que codifica o peptídeo leptina, e a descoberta que o defeito, neste gene, parece ser a simples causa da obesidade em ratos ob/ob, tem gerado considerável interesse no estudo da genética da obesidade (PEREIRA; FRANCISCHI; LANCHA, 2003). Leptina Recombinante Ensaios clínicos com leptina recombinante fecharam um ciclo de investigações, que se tinham iniciado com modelos animais de obesidade, e chegaram até ao tratamento da obesidade em humanos. A leptina recombinante foi administrada com sucesso numa paciente obesa com deficiência deste hormônio, devido a uma mutação do gene ob (HUKSHORN & PLATENGA, 2003). Segundo Flier (2004); Chen et. al. (2006), espera-se que o paciente apresente redução do peso corpóreo com o tratamento da leptina recombinante, embora ainda faltem muitos estudos. Os níveis de leptina em pacientes obesos estão aumentados em proporção à gordura corporal; verifica-se uma escassa resposta do peso corporal à terapêutica com leptina recombinante definindo, assim, um estado de resistência à leptina. 15 Como já referido, existe, uma homologia entre o gene da leptina humana e o gene encontrado em ratos (PARACCHINI & PEDOTTI, 2005). Demonstrou-se que a leptina administrada em ratos ob/ob levava a uma perda de peso e reduzia a ingestão calórica. Uma pequena queda na produção de leptina seria percebida pelo sistema de regulação do peso corporal, com o aumento de massa gorda, de modo a restaurar os níveis de leptina num novo set point (BULLMORE et. al., 2007; FAROOGI et. al., 2007). Segundo Hukshorn & Platenga (2003), pessoas obesas com níveis relativamente baixos de leptina, com ou sem mutações, poderiam beneficiar-se do uso da leptina recombinante. Aplicações e perspectivas futuras. A identificação dos genes regulados pela leptina melhorou o conhecimento sobre como esta causa os seus efeitos a nível do peso e do apetite, e também pode abrir novos campos de investigação no que diz respeito à criação de novos fármacos que estimulem a perda de peso. O crescente conhecimento deste hormônio abre novas perspectivas no difícil e vasto campo terapêutico da obesidade. Quando se conseguir contornar o mecanismo de resistência a leptina, certamente que se irão criar novas armas terapêuticas mais eficazes no tratamento do paciente obeso. Atualmente estão a desenvolver protocolos clínicos de tratamento com administração de leptina recombinante a obesos humanos diabéticos (DM tipo 2), assim como ensaios clínicos com uma molécula de leptina de segunda geração que sugerem ser um melhor produto candidato do que a molécula nativa. Os estudos no âmbito dos efeitos da leptina na perda ponderal em seres humanos continuam em curso, mas os investigadores têm ainda muitos caminho a percorrer antes de compreender completamente como este hormônio afeta o sistema nervoso e outros tecidos do organismo. Além da sua aplicação no tratamento da obesidade, a leptina tem perspectivas de aplicação em outras áreas, como na prevenção da retinopatia diabética e do risco de trombose vascular, assim como nas alterações do sistema reprodutor, entre outras (GEORGE & BRAY, 2007). Capítulo III. GRELINA Características 16 Segundo Kojima (1999), a grelina é um novo hormônio gastrointestinal identificado no estômago do rato. O nome grelina origina-se da palavra ghre, que na linguagem Proto-Indo-Européia é correspondente, em inglês, à palavra grow, que significa crescimento Ghre (grow hormone release) descreve uma das principais funções desse peptídeo, responsável pelo aumento da secreção do hormônio do crescimento (GH). A grelina é composta de 28 aminoácidos com uma modificação octanóica no seu grupo hidroxil sobre a serina 3, que é essencial para o desempenho de sua função liberadora de GH. Ela é produzida predominantemente no estômago, e também no intestino, rins, placenta, hipófise e hipotálamo. Ela funciona como um "iniciador de refeição", seus níveis se elevam uma a duas horas antes de uma refeição, caindo logo após. A grelina parece estimular o apetite através da ativação dos neurônios NPY/AGRP no núcleo arqueado do hipotálamo. A produção excessiva de grelina pode levar à obesidade (RODRIGUES, 2003; ROMERO, 2006). Mecanismo de ação. Segundo Mota & Zanesco (2007), o hormônio grelina é um considerado um estimulador potente da libertação de GH nas células somatotróficas da hipófise e do hipotálamo, sendo o ligante endógeno para o receptor secretagogo de GH (GHS-R). Além da sua ação como libertadora de GH, a grelina possui outras importantes atividades, como mostra a figura 3 incluindo estimulação da secreção lactotrófica e corticotrófica, atividade orexígena acoplada ao controle do gasto energético; controle da secreção ácida (estimulação) e da motilidade gástrica, influência sobre a função endócrina pancreática e metabolismo da glicose e, ainda, ações cardiovasculares e efeitos antiproliferativos em células neoplásicas. 17 Figura 3. Ação da grelina (KOJIMA, 1999). Através de estudos realizados em modelos animais indicaram que este hormônio desempenha um importante papel na sinalização dos centros hipotalâmicos que regulam a ingestão alimentar e o balanço energético (NAKAZATO et al., 2001). Segundo Ukkola & Poykoo (2002), recentes estudos com ratos sugerem que a grelina, administrada perifericamente ou centralmente, reduz a oxidação das gorduras e aumenta a ingestão alimentar e a adiposidade. Assim, este hormônio demonstra estar envolvido no estímulo para iniciar uma refeição, como mostra a figura 4. Figura 4. Mecanismo ação da grelina “iniciador da refeição” (CUMMINGS, 2001). Sabe-se ainda que as mudanças agudas e crônicas no estado nutricional são influenciadas pelos níveis de grelina, que se encontram elevados nos estados de anorexia nervosa e reduzidos na obesidade (ROSICKA et. al., 2003). A grelina está diretamente envolvida na regulação a curto prazo do balanço energético. Em situações de jejum prolongado e em estados de hipoglicemia, os níveis circulantes de grelina encontram-se aumentados, enquanto que se encontram diminuídos após uma refeição ou administração intravenosa de glicose (LEIDY et. al., 2004). Segundo Salbe (2004), este fato foi confirmado em um estudo realizado com os índios Pima, no qual se verificou que a concentração plasmática 18 endógena de grelina durante o período de jejum estava elevada, mostrando uma relação inversa entre os níveis de grelina e a ingestão energética. Após a ingestão alimentar a libertação endógena de grelina encontra-se reduzida, retornando progressivamente aos valores basais próximos ao fim do período pós-prandial. Quanto à libertação deste hormônio em humanos, estudos prévios mostram que são os tipos de nutrientes contidos na refeição, e não o seu volume, os responsáveis pelo aumento ou diminuição pós-prandial dos níveis plasmáticos de grelina. Isto sugere que a contribuição da grelina na regulação pós-prandial da alimentação pode diferir, dependendo do macronutriente predominante no conteúdo alimentar ingerido (INUI et. al., 2004; MOTA & ZANESCO, 2007). Após refeições ricas em hidratos de carbono, a sua concentração plasmática encontra-se diminuída concomitantemente com a elevação da insulina plasmática. Por outro lado, foram encontrados níveis aumentados de grelina após refeições ricas em proteínas animais e lipídeos, associados aumento pequeno da insulina plasmática. Segundo Zhang et. al. (2005), a obestatina, um hormônio que também foi isolada do estômago do rato, também é codificada pelo gene da grelina, e opõe-se aos efeitos da grelina no que diz respeito à ingestão alimentar. O tratamento de ratos com obestatina suprime a ingestão de alimentos, inibe a contração a nível do jejuno e diminui o ganho de peso. Fatores que alteram as concentrações de Grelina. Segundo Holdstock (2003), a cirurgia bariátrica reduz a ingestão alimentar, acelera a saciedade e causa má-absorção de nutrientes da dieta levando ao balanço energético negativo. A cirurgia de bypass gástrico é freqüentemente usada como um tratamento de sucesso para a obesidade. A mesma, está associada a níveis extremamente suprimidos de grelina, o que, possivelmente, contribui para a diminuição do apetite, auxiliando na perda de peso dos pacientes submetidos a esse procedimento. A cirurgia causa marcadas mudanças no peso corporal nos pacientes portadores da obesidade mórbida, atua nos reguladores do metabolismo do tecido adiposo, mediante aumento nos níveis de grelina e diminuição dos níveis da insulina e leptina (FANDIÑO, 2004). Os pacientes submetidos a esta cirurgia apresentam diferentes padrões na concentração plasmática da grelina; não se verifica o aumento pré-prandial na 19 concentração sérica de grelina, assim como ocorre nos indivíduos sem cirurgia e a secreção cumulativa de grelina é bastante menor. Esta falta de resposta da grelina pode ser um dos mecanismos que contribui para o sucesso e balanço energético negativo observado após a cirurgia de bypass gástrico (ROMERO & ZANESCO, 2006). Em estudo com pacientes obesos pós-gastrectomia, Hidalgo et. al., (2002) observaram que os níveis de grelina diminuíram em torno de 65%, fato este que demonstra o estômago como local primário de produção da grelina. Segundo Cummings et. al. (2002), a síndrome de Prader-Willi é uma síndrome de obesidade congênita, caracterizada por hiperfagia severa, deficiência do hormônio de crescimento, hipogonadismo, dismorfia e alterações cognitivas. É na perda funcional de vários padrões de expressão de genes relativos ao cromossomo 15 que sua base genética é fundamentada. Enquanto a obesidade leva a uma diminuição dos níveis de grelina, a obesidade associada a esta síndrome acompanha-se de níveis elevados de grelina sérica, que não declinam após uma refeição. Nesta síndrome os níveis de grelina são similares àqueles que iriam estimular o apetite e aumentar a ingestão de alimentos em indivíduos que recebam infusões de grelina exógena; isto sugere que a secreção anormal de grelina pode resultar a alimentação excessiva observada no Síndrome de Prader-Willi. Aplicações e perspectivas futuras Considerando-se que a grelina estimula a ingestão de alimentos promovendo um balanço energético positivo, assim como um aumento de peso, necessita-se do desenvolvimento de antagonistas do receptor da grelina, que é uma das áreas de investigação da indústria farmacêutica. Assim, os antagonistas seriam capazes de bloquear os sinais que estimulam o apetite vindo do trato gastrointestinal para o cérebro e, portanto, atuem como tratamento para a obesidade. É de particular interesse determinar se intervenções que diminuam os níveis circulantes de grelina ou antagonistas da grelina será efetivo para o tratamento da hiperfagia e obesidade que foram observadas na síndrome de Prader-Willi. Segundo Rodger (2007), outro ponto importante é determinar se a administração da grelina, análogos ou agonistas da grelina terão utilidade para tratar condições como à anorexia, caquexia ou gastroparésia. 20 Segundo Cummings et. al. (2002), estudos recentes realizados por pesquisadores da Veteran Affairs Puget Sound, da Califórnia, e da Universidade de Washington, afirmam, independentemente, que descobriram uma solução nova que um dia poderia resultar a um novo fármaco para reduzir o apetite. Ambas as equipes de investigação encontraram uma enzima responsável pela adição de um ácido gordo à grelina. Sem esse ácido gordo a grelina pode não ter o mesmo efeito no apetite e na saciedade. Essa enzima foi denominada de Gastric O-Acyl Transferase (GOAT), a qual vinha sido estudada desde 1999, quando a grelina foi identificada. Porém, a descoberta desta enzima é só o começo de um longo processo na inovação do tratamento da obesidade. Entretanto, estão a ser testados centenas de compostos, no âmbito de encontrar a molécula que possa bloquear a referida enzima. É um processo que pode ser moroso. Estão a ser realizados estudos no âmbito de tentar desenvolver um inibidor da enzima. Uma das alternativas possíveis é tentar bloquear o hormônio com anticorpos ou, então, bloquear o receptor no cérebro que é responsável pelo sinal de saciedade. CONSIDERAÇÕES FINAIS A obesidade é confundida constantemente com desajustes comportamentais criticados, ignorando-se os fatores endógenos que possam estar causando esta morbidade. O número de pessoas obesas vem aumentando de forma crescentes mundialmente, decorrentes provavelmente de novos hábitos alimentares inerentes à modernização das sociedades, o que torna cada vez mais necessário a compreensão dos fatores que comprometem o controle do peso corporal. As recentes investigações envolvendo a descoberta da leptina e da grelina, abrem novos campos de pesquisa para o controle da obesidade, principalmente nas áreas de nutrição e metabolismo. Portanto, o aprofundamento dos conhecimentos sobre esses hormônios torna-se de grande relevância na manutenção e preservação da qualidade de vida da população, podendo proporcionar novas abordagens terapêuticas no tratamento da obesidade. Atualmente o ponto principal do tratamento da obesidade baseia-se em terapias comportamentais no sentido de modificação das atividades e hábitos alimentares, exercício para aumentar o gasto calórico e orientações nutricionais para diminuir o consumo de calorias e, particularmente, de gordura. Os tratamentos com agentes farmacológicos são considerados um adjunto a esta terapêutica básica. 21 Assim, faz-se necessário o incentivo às diversas linhas de pesquisa que visem à explicação e compreensão dos mecanismos fisiológicos e patológicos da ação da leptina, e conseqüentemente da grelina, para que no futuro possam surgir terapias efetivas e apropriadas, derivadas possivelmente de substâncias que regulem a fisiologia da economia metabólica no combate à obesidade, bem como os efeitos prejudiciais da hiperleptinemia. AGRADECIMENTOS Agradecemos à Prof. Ângela de Campos Trentin, orientadora do Trabalho de Conclusão do Curso, pela partilha de conhecimentos, orientações e sugestões. À Profª Drª Kátia Cristina Portero McLellan, pela sua disponibilidade e atenção dispendidas, sem reservas. Um especial agradecimento à Profª Drª Lilia Zago Ferreira dos Santos, convidada para participar da nossa Banca Examinadora, pela receptividade, disponibilidade e a atenção na contribuição do nosso trabalho. À Pontifícia Universidade Católica de Campinas, em especial à Faculdade de Nutrição e a todo o corpo docente, pela nossa formação acadêmica, que nos proporcionou as bases necessárias para o desenvolvimento deste trabalho, o nosso muito obrigado. Aos nossos pais poucas palavras, mas aquelas que são mais caras. Obrigado por vocês existirem. Obrigado por nos depositarem a confiança para todas as horas. 8. REFERÊNCIAS BASKIN, D. G.; FIGLEWICZ, L. D. Insulin and leptin: dual adiposity signals to the brain for the regulation of food intake and body weight. Brain Res.1999 v.848 n.2 p.114-123, 1999. BANKS, W. A.; LEBEL, C. R. Strategies for the delivery of leptin to the CNS. 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