O Ponto entrevista Thales Vinícius Santiago Bezerra, de Fortaleza (CE), aprovado no concurso de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil – 2012/3. Quando eu soube, não tive dúvida: a história do Thales é uma daquelas que precisam ser divulgadas, amplamente conhecidas, de tão bonita e dignificante! Aprovado no concurso de Analista Tributário da Receita Federal do Brasil (ATRFB) em 2006, Thales concedeu a si apenas um pequeno descanso e, já em 2007, reiniciava os seus estudos rumo a outros certames. Inicialmente, dedicou-se aos concursos do Tribunal de Contas da União e da Controladoria-Geral da União, sendo que, em 2008, quando se achava muito bem preparado para o concurso deste último órgão (CGU), pegou dengue quanto faltavam apenas duas semanas para o certame, e isso atrapalhou muito a sua reta final. Ainda em 2008, enquanto direcionava os seus estudos para o concurso do TCU, veio o maior obstáculo, desses que nunca imaginamos: descobriu que estava com câncer, e que sua maior batalha estava, então, apenas iniciando. De lá para cá, foram muitas as batalhas por ele enfrentadas (algumas cirurgias e procedimentos clínicos complicados) - inclusive frente ao diagnóstico, também de câncer, de sua esposa, em 2012 -, mas nenhum deles fez com que desistisse de seu projeto – e, assim, com todo o merecimento do mundo, foi aprovado no concurso de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil (AFRFB). Eu não discorrerei, aqui, sobre a minha admiração pelo Thales e sua invejável força/determinação rumo à concretização de um projeto. Isso é absolutamente desnecessário. Direi, apenas, o seguinte: eu me considero uma pessoa muito determinada, de muitas superações (perda dos pais muito cedo, muita pobreza na infância etc.) e, www.pontodosconcursos.com.br mesmo assim, depois de conhecer um pouco da história do Thales, tive aquela sensação do “quanto já fui pequeno”, do quanto já fiz um drama danado diante de situações que, quando comparadas àquelas vivenciadas pelo Thales, se mostram insignificantes, corriqueiras; ou, ainda: do quanto, às vezes, mesmo em plena saúde, fiquei reclamando da vida e querendo motivação para seguir em frente, em projetos comuns, do cotidiano... Bem, quando tomei conhecimento da história do Thales, solicitei a ele que nos concedesse uma entrevista, e fui prontamente atendido, neste momento em que aguarda a (tão merecida) nomeação para o cargo de AFRFB. Na longa entrevista a seguir, ele nos dá uma lição de determinação, de muita força na superação de obstáculos rumo à realização de um sonho... Vicente Paulo: Pelo que conversamos, sem dúvida, o seu maior obstáculo durante a preparação não foi a Contabilidade, o Direito Constitucional, nenhuma disciplina técnica do concurso. A maior batalha foi mesmo ter que enfrentar o câncer, não? Você pode nos contar como foi esse enfrentamento, e em que momento ele se deu? Thales: Os problemas começaram a aparecer a partir de maio de 2008, eu estava casado há quase um ano e morava em Floriano-PI, local onde exercia o cargo de Analista Tributário da Receita Federal do Brasil, quando comecei a sentir umas dores no final da coluna, no cóccix. No início, pensei que fosse algo simples, mas as dores não passavam, então resolvi ir a Fortaleza, minha cidade natal, para poder ser melhor acompanhado. Com os exames, foi detectado algo anormal no reto, então, por isso, os médicos resolveram retirar cirurgicamente. Essa, por si só, já foi uma notícia difícil de receber, pois sou portador da doença de Von Willebrand, uma doença hemorrágica semelhante à hemofilia, para ser submetido a qualquer procedimento cirúrgico tenho que receber aplicações intravenosas de uma substancia coagulante que é fornecida pelos hemocentros, essas aplicações devem ocorrer durante dez dias após a intervenção. Feita a cirurgia, em agosto de 2008, o material foi retirado e enviado para biopsia. Receber o diagnóstico de câncer sem dúvida foi o momento mais difícil. Fomos ao hospital eu, minha esposa (Cris) e, como não podia dirigir, por ainda estar em recuperação da cirurgia, pedi para meu pai nos levar. Entramos no consultório para falar com o médico apenas eu e minha esposa e, quando ele disse que era um câncer, minha esposa desabou a chorar sem parar, me vi na situação mais difícil da minha vida, ter que me controlar naquele instante para ter www.pontodosconcursos.com.br força e poder ajudar minha esposa, que precisava mais do que eu. De imediato, também fiquei muito preocupado com meu pai, tinha medo de como ele poderia reagir à notícia, então tirei o pouco de força que me restava e pedi ao médico para ir falar com meu pai e dizer para ele que estava tudo bem comigo e assim o médico fez. Chegando a casa, chamei minha mãe no quarto e contei tudo para ela, pedi para que não contasse para meu pai nem para meus irmãos, não queria vê-los sofrendo por mim. Neste momento, ouvi as sábias palavras da minha mãe: ela disse que eu já estava carregando um peso muito grande nas costas para ter que me preocupar com isso e que todos deveriam saber para também poderem me ajudar. Assim se deu o início da minha luta contra o câncer. Vicente Paulo: E para você, na sua própria cabeça, como foi o enfrentamento da notícia? O pensamento de ter que conviver, dali para frente, com o câncer não deve ter sido fácil... Thales: Realmente, conviver com o diagnóstico de câncer não é fácil. De início, me questionava muito (por que tinha que acontecer comigo?), por diversas vezes sonhei que estava curado e tive que encarar a realidade ao acordar e perceber que foi apenas um sonho, e, nesse momento, inevitavelmente também ocorria o pensamento da morte. Lembro que olhava para minha família reunida e pensava como eles iriam ficar quando eu partisse, pensava na minha esposa e o tamanho da tristeza que ela iria sentir, pensava também como eu seria lembrado. Felizmente essa fase durou pouco e logo eu estava entrando numa nova fase, a da aceitação - e, agora sim, eu conseguia ver o lado bom das coisas. Se eu tinha que ter um câncer, que bom que ele veio quando já tinha um emprego estável, que bom que já estava casado com uma pessoa espetacular, que bom que tinha família e amigos para me apoiar. É unanime ouvir das pessoas que tiveram câncer que elas mudaram após a doença, e comigo não foi diferente, passei a ter mais coragem para enfrentar os problemas, passei a ser mais tolerante com as pessoas e a respeitar as diferenças, enfim, acho que me tornei uma pessoa melhor. Vicente Paulo: Você me disse que foi obrigado, durante os estudos, a se submeter a algumas cirurgias e procedimentos hospitalares próprios. Como você conseguiu estudar durante a ansiedade de véspera, e os sofrimentos físicos do depois? Thales: Passei por quatro cirurgias. A primeira foi em agosto de 2008. Logo depois de me recuperar dessa cirurgia, comecei a estudar www.pontodosconcursos.com.br para o TCU, mas não fui muito longe, pois logo as dores voltaram a incomodar e tive que me operar novamente em dezembro do mesmo ano, bem próximo do natal. Nesse período, consegui minha remoção para Fortaleza, o que foi uma grande felicidade, pois o fato de estar lotado em uma cidade pequena e precisando de uma maior estrutura médica me incomodava muito. Após a recuperação da cirurgia, resolvi voltar a estudar para concurso, mas agora o foco era outro, queria passar para Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil. Apesar de ainda sentir muitas dores, consegui pegar uma boa sequência de estudos. Nesse período, fiz aplicações de botox por três vezes na região afetada para tentar diminuir as dores, costumo brincar com meus amigos que fiz mais aplicações de botox do que muitas artistas famosas (rs). Infelizmente, em agosto de 2009, um mês antes de ser publicado o edital de AFRFB, veio outra pancada: os médicos haviam detectado mais um tumor. Desta vez, não quiseram operar de imediato, levaram em consideração o fato da minha difícil recuperação devido ao Von Willeband, acharam melhor que eu fizesse alguns exames mais detalhados em São Paulo, e assim fizemos. Eu e minha esposa passamos alguns dias lá, e com os resultados dos exames, os médicos acharam melhor não intervir e aguardar a evolução do tumor. Mais uma vez ia por água abaixo o sonho de passar em um concurso melhor, cheguei a fazer a prova, mas não tinha mais chance. Comecei 2010 como terminei 2009, com muitas dores, por diversas vezes apresentei atestado médico no trabalho por não aguentar trabalhar - ainda bem que tenho ótimos colegas de trabalho, que sempre me apoiaram e compreenderam minhas limitações. Nessa época, eu e a Cris ainda não éramos casados no religioso, e resolvemos nos casar! Fizemos uma cerimônia simples, no dia 12/06 pela manhã (dia dos namorados), mas já no dia 14/06 passei por mais uma cirurgia, dessa vez, para tentar acabar com as dores. Costumo dizer que passamos nossa lua de mel no hospital, mas não me lamento por isso, qualquer lugar ao lado da Cris se torna um lugar especial. Em setembro de 2010, mais uma pancada: os médicos detectaram outro tumor. Agora eram dois, e tive que operar novamente. Como eles foram diagnosticados como malignos, iniciei tratamento quimioterápico através de comprimidos. Desse modo, iniciei 2011 me adaptando ao tratamento e às suas reações adversas, tive que www.pontodosconcursos.com.br aprender a conviver com crises de labirintites, enjoos e dores musculares. No segundo semestre, já mais adaptado com o tratamento, resolvi voltar a estudar para o concurso de AFRFB, mas, dessa vez, graças a Deus, o objetivo foi alcançado e, enfim, fui aprovado. Vicente Paulo: Quantas vezes você pensou, verdadeiramente, em desistir dos estudos? E o que fez para superar esses momentos? Thales: Essa é uma pergunta que não sei responder em um número exato, porque foram diversas veze (rs). O fato de estar na minha cidade pesou muito, mas a vontade de crescer profissionalmente sempre foi maior. Eu sabia que tinha capacidade, pois consegui passar para ATRFB com apenas cinco meses de estudo, mas sempre me faltava algo, chegava a me perguntar se era uma mensagem de Deus para eu parar de estudar. Mas, agora, sei que não, Ele estava na verdade esperando o momento certo. Vicente Paulo: E a sua família, como encarou essa sua jornada? Thales: Da melhor forma possível, nunca olharam para mim com o olhar de pena ou de derrota. Na verdade, o bom astral da minha família sempre foi um aliado na minha recuperação. Vicente Paulo: E a sua esposa, então, fico imaginando o quanto ela não deve lhe ter dado apoio... Thales: Sem duvida, ela foi e é a pessoa mais importante na minha vida, acho que ela sofreu mais do que eu, pois enquanto eu sentia uma dor física, ela sentia a dor da impotência por me ver naquela situação sem poder resolver o problema. Mas ela também é uma guerreira, conseguiu passar para o concurso de Analista do TCM-CE, no meio de toda turbulência. Enfim, ela conseguiu estudar e cuidar de mim ao mesmo tempo (fui para a cerimônia de posse dela, em outubro de 2010, com apenas 10 dias de operado). Vicente Paulo: Além de enfrentar todas as dificuldades com o câncer, você teve que ter forças para enfrentar a notícia de que sua esposa também havia sido diagnosticada com a mesma doença. Em que momento da sua preparação isso ocorreu? Como foi esse www.pontodosconcursos.com.br momento? Qual foi a estratégia de vocês para, juntos, enfrentarem tais dificuldades? Thales: Isso aconteceu em maio de 2012, faltando dois meses para a abertura do Edital de AFRFB. Eu estava em casa quando ela me ligou do trabalho, estava chorando muito, pois já havia conversado com o médico e ele disse que havia sido detectado um carcinoma papilífero na tireoide, um tipo de câncer. Lembro-me dela chegando a casa já com o rosto inchado de tanto chorar, me abraçando e perguntando: “e agora, o que vamos fazer?”. Nesse momento, senti as mesmas dores de impotência que ela tanto sentiu, ela se perguntava muito porque nós dois tínhamos que passar pelo mesmo problema, era o que mais pesava para ela. Então eu a acalmei dizendo que construímos nossa união em bases sólidas, e que juntos podemos superar qualquer problema - e assim foi, pois no mesmo mês ela fez a cirurgia e foi um sucesso. Vicente Paulo: Eu sei que esta pergunta é muito pessoal (não precisa responder, se preferir), mas acredito que todos quererão saber. Hoje, vocês dois estão bem de saúde? Estão superados os malefícios do câncer? Thales: Graças a Deus, a Cris está curada, e eu continuo fazendo a quimioterapia por comprimido, todo dia tomo um, ainda não sei até quando. No final do ano passado, perguntei ao meu oncologista se eu vou ficar curado com esse tratamento, ele riu pra mim e disse que o objetivo é esse. Se eu vou ficar curado acho que só o tempo irá dizer, e, até lá, vou vivendo seguindo a filosofia do Zeca Pagodinho, deixando a vida me levar... (rs) Vicente Paulo: No dia em que você fez a prova do concurso de AFRFB, você teve a impressão de que havia valido a pena todo o esforço, ou a sensação de superação só veio mesmo com a notícia da aprovação? Thales: Para mim, esse concurso foi complicado do início ao fim, a sensação de superação só veio mesmo com a notícia da aprovação. Quando fui fazer a prova, estava com umas das muitas crises de labirintites que tive em 2012 por conta do tratamento, e quem já teve sabe a dificuldade que é ler com uma crise dessas, pois além da tontura, dá também uma sensação de enjoo. Lembro que, no meio da prova aplicada no domingo pela manhã, pensei em desistir, pois estava muito ruim, cheguei a ir ao banheiro e chorar em frente ao www.pontodosconcursos.com.br espelho, pois achava que todo esforço tinha sido em vão, mas ainda bem que, depois de lavar o rosto várias vezes, voltei para sala e consegui terminar a prova. Vicente Paulo: Você comemorou muito? Chorou bastante? E sua esposa, como reagiu (deve ser difícil segurar a emoção num momento desses, de muita, muita superação mesmo)? Thales: Comemorei muito e chorei também, lembro que ouvi várias vezes, no volume máximo, o Tema da Vitória (vinheta da formula 1)! Sempre gostei dessa música, mas em 2011 falei para mim mesmo que só voltaria a escutá-la quando passasse no concurso. Que bom que deu certo, agora posso escutá-la quantas vezes quiser (rs). Quanto a Cris, sem dúvida ela comemorou e chorou muito mais do que eu, tenho certeza que vibrou mais com a minha conquista do que com a própria aprovação dela. Vicente Paulo: Para encerramos essa parte da entrevista, e partirmos para os assuntos técnicos, que mensagem você deixaria para um candidato que, durante a preparação, venha a enfrentar um grave obstáculo (problema de saúde, por exemplo)? O que você considera fundamental numa hora dessas? Thales: Considero fundamental ter coragem, acho que enfrentar qualquer problema é a melhor forma de resolvê-lo, mesmo que o problema seja físico, a resolução dele vai passar pela cabeça e é neste momento que escolhemos a forma de como ele será enfrentado. Acho que o tamanho do problema depende da proporção que damos a ele, temos que nos mostrar maiores que ele. Vicente Paulo: Durante a preparação, você exercia o cargo de Analista Tributário da Receita Federal. Como fez para aproveitar, ao máximo, as poucas horas disponíveis para os estudos? Thales: Como falei, comecei a estudar no segundo semestre de 2011, mas ainda não conseguia bom rendimento, por conta das dores musculares, estudava apenas duas horas por dia. No início de 2012, após iniciar tratamento com fisioterapeuta, já me sentia bem melhor, já conseguia estudar 4 horas por dia. Quando saiu a autorização para o concurso, tirei licença capacitação no trabalho e junto com os dois meses de férias que eu tinha acumulado (já guardando para o concurso) foi a conta certa até o dia da prova. Com a licença capacitação, passei a ter mais tempo livre pra estudar, pois fazia um curso de inglês três vezes na semana pela manhã e o restante era www.pontodosconcursos.com.br reservado para os estudos. Tinha mais tempo livre, mas as dores musculares, apesar de reduzidas, ainda existiam, então fiz um esquema de estudo onde parte do tempo estudava sentado no escritório e parte deitado na cama. Estudar na cama não é tão proveitoso quanto no escritório, mas, no meu caso, fez a diferença. Vicente Paulo: Você considera importante, para a aprovação em um grande concurso, o candidato ser muito organizado, uma espécie de “metódico”? Thales: Para mim, essa pergunta chega a ser engraçada, pois meus amigos dizem que sou metódico, até me chamam de Lineu da Grande Família! Brincadeiras à parte, acho que organização é fundamental, a disputa nos grandes concursos é muita acirrada, são muitos candidatos bons concorrendo ao mesmo tempo, acredito que a organização pode ser um diferencial. Vicente Paulo: E quanto à programação dos estudos, você possuía uma? Em caso positivo, ela era muito rígida? Você a levava a sério, diuturnamente? Thales: Na minha concepção, ser fiel a programação dos estudos é muito importante, acredito que seja mais proveitoso programar seis horas de estudo por dia e estudar as seis horas, do que programar dez e estudar oito. Sempre fui muito rígido com minha grade de estudos, chegava a ficar com o sentimento de culpa quando não conseguia cumpri-la. Vicente Paulo: Você consegue enumerar algumas orientações relevantes para a elaboração de uma programação de estudo? O que eu mais conheço na vida é “candidato perdido”, acho que orientações suas nesse sentido podem ser muito úteis... rs Thales: Costumava estudar de segunda a sábado, mas no sábado já era um ritmo mais lento. No domingo não estudava, mas tirava um tempo para organizar os estudos da próxima semana, momento em que separava materiais e adiantava a impressão de alguns arquivos. Neste dia também preenchia minha planilha de estudo, ela era meu “norte” da semana, nela estavam descritas as disciplinas que deveria estudar e o tempo de cada uma, e no final era computado o total de horas líquidas estudadas. Alguns candidatos podem até achar que é muito tempo perdido com planejamento, mas, no meu caso, foi fundamental para minha aprovação. www.pontodosconcursos.com.br Vicente Paulo: Morando em Fortaleza (CE), havia na sua programação um tempinho, pelo menos, para uma caminhada na praia (ou no calçadão da praia)? Thales: Como falei, ficava parte do final de semana livre, então dava sim tempo de ir à praia, adoro ficar na barraca e tomar água de coco enquanto descanso a vista olhando para o mar. Tem uma música do Nando Reis, cantor que gosto muito, que diz que “quando a gente fica em frente ao mar, a gente se sente melhor”, acho que ele tem razão. Vicente Paulo: Você é do tipo que elabora resumos próprios? Thales: Acho a elaboração de resumos uma ideia formidável. Quando estudava para a CGU, fiz diversos resumos que me ajudaram muito, mas, infelizmente, por conta das dores no corpo, não pude fazer o mesmo nessa última preparação, cheguei a começar, mas percebi que, no meu caso, analisando a relação de custo/benefício não ia valer a pena. Vicente Paulo: Vamos ao velho assunto, em que eu não me canso de bater! Você considera (pouco, muito ou muitíssimo) importante a resolução de questões de concursos anteriores? Thales: Resolver questões de concursos anteriores é muitissississimo importante, tenho certeza que o candidato que não faz isso fica para trás. Na preparação do concurso de AFRFB, comprei alguns livros só com questões ESAF, resolvi todas marcando aquelas que eu julgava mais importantes, e assim poderia revisá-las sem perder muito tempo. Vicente Paulo: Nos dias atuais, o segmento de concursos está muito especializado. Há livros e mais livros, cursos nos mais variados formatos (pacote, por disciplina isolada, de exercícios comentados etc.) e mídias, internet etc. Muitas vezes, o candidato que está iniciando os seus estudos fica perdido nessa selva! Que caminho você aconselharia ao novo candidato, àquele que está começando agora a estudar? Por onde começar, onde pegar orientações confiáveis, como escolher dentre tantas opções? Thales: Existem pessoas que só aprendem uma matéria se estiver em sala de aula, outras não. Por isso, acho importante o candidato se conhecer e saber qual a sua melhor forma de aprendizado. Para quem está iniciando, acho que os fóruns sobre concurso podem ajudar muito, pois neles as pessoas costumam trocar informações www.pontodosconcursos.com.br interessantes, sobre matérias e professores. Também recomendo formar parcerias de estudo para troca de conhecimentos. No meu caso, fiz uma parceria com meu amigo Bruno, Analista da Receita e também aprovado para o cargo de Auditor, ele estava bem mais preparado do que eu, seus conselhos me ajudaram muito na aprovação. Vicente Paulo: Você estudou por livros especializados em concursos, ou só por materiais fornecidos por professores? Fez algum cursinho presencial, ou só estudou pela internet? Thales: Não tenho bom rendimento em sala de aula, sempre fico disperso, até tentei fazer um, por disciplina, mas desisti antes de terminar. A base do meu estudo foi em cima de livros especializados para concursos e materiais em PDF, mas não gostava de estudar no computador, imprimia todos os materiais, acho mais fácil para fazer anotações. Vicente Paulo: Que mensagem você deixa para um candidato que esteja iniciando, agora, os estudos? Thales: Ter força de vontade e dedicação! No livro do Bernardinho, “Transformando Suor em Ouro”, ele diz que “Trabalho + Talento = Sucesso” e que não por acaso o trabalho vem antes do talento. Eu concordo com ele. Vicente Paulo: E para aquele que, embora estudando há muito tempo, especializou-se em “bater na trave” e não entrar, isto é, que ainda não foi aprovado no concurso sonhado? Como manter o ânimo mesmo quando se pensa que “estou andando para trás”? Thales: Estudar para concurso é também se preparar para eventuais fracassos, pois possivelmente eles virão. E esse é o momento para rever o planejamento, para tentar melhorá-lo, pois pequenos detalhes podem fazer a diferença. Acho que esse candidato deve lembrar-se daquele popular ditado que diz que a fila anda, e que se ele continuar firme no propósito, sua hora vai chegar. Vicente Paulo: Você não acha que essa sua história merece ser (mais detalhadamente) contada em um livro? Enfim, você já pensou em publicar um livro, no qual repasse a outros candidatos motivação e técnicas de estudo? Em caso positivo, saiba, desde já, que eu terei imensa satisfação e orgulho em lhe orientar – e até mesmo em viabilizar mais esse projeto... www.pontodosconcursos.com.br Thales: Escrever um livro sempre foi um sonho, meus amigos e principalmente a Cris dizem que devo fazer isso. A Cris sempre diz que devo partilhar minha história de vida, que eu posso ajudar muitas pessoas com minhas vivências. Estou muito lisonjeado pelo convite, principalmente vindo de você, que sempre admirei. Acho que podemos amadurecer essa ideia, será um enorme prazer. Vicente Paulo: Meu caro Thales! Sem demagogia, não tenha dúvida de que essa foi a entrevista que mais me emocionou em toda minha história de professor preparador para concursos. Os obstáculos por você vivenciados – e superados - durante a preparação, por si, já fazem de você um grande homem, um grande vencedor! E o modo otimista como você os enfrentou – e ainda os enfrenta - certamente será um “norte”, uma grande lição para milhares de candidatos por esse Brasil. Parabéns pela aprovação! Parabéns, também, à sua esposa, aos seus pais e aos demais familiares, que têm todas as razões do mundo para se orgulharem de terem o privilégio de conviverem com um vencedor como você... Thales: Obrigado pelas palavras, foi muito bom poder partilhar um pouco da minha história. Para quem tiver interesse em saber mais da minha história ou trocar informações, meu e-mail é [email protected], será um prazer. www.pontodosconcursos.com.br