HISTÓRIA DO TEMPO PRESENTE E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO: REFLEXÕES NECESSÁRIAS Lilian Ianke Leite [email protected] Eixo temático: História da educação Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo Este artigo tem como objetivo apresentar uma síntese das reflexões sobre os limites e as possibilidades da história do tempo presente nas pesquisas educacionais. A preocupação com essa temática justifica-se pela necessidade qualificar o recorte temporal privilegiado em minha pesquisa sobre conselho de classe (1950-1990). Apesar de já haver um número considerável de trabalhos que se preocupam com essa problemática, os recortes temporais nas pesquisas em história da educação ainda são justificados a partir de acontecimentos políticos, econômicos ou vinculam de forma direta a alterações da legislação educacional com as transformações das práticas escolares. Além disso, a quantidade de trabalhos em história da educação que privilegiam o tempo presente tem aumentado nos últimos anos, segundo pesquisas, principalmente a partir do conceito de documento propagado pela Nova História Cultural, tornando essa temática relevante. As questões que nortearam o percurso bibliográfico realizado foram: O que caracteriza a história do tempo presente? Que preocupações têm sido levantadas pelos historiadores sobre a história do tempo presente? Existe uma metodologia de pesquisa diferenciada para se tratar de recortes temporais mais recentes? Quais têm sido as formas de apropriação da história do tempo presente nas produções da história da educação e, mais especificamente, na linha de História e Historiografia da educação, no Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Paraná, onde curso doutorado? Palavras-chave: História. Tempo presente. Educação Introdução Este texto foi elaborado com o objetivo de explicitar as reflexões a respeito de pesquisas históricas sobre educação que se ocupam de recortes temporais mais recentes. Tais preocupações são particularmente relevantes pelo significado desta questão para as minhas pesquisas, que, em princípio tem um recorte temporal entre as décadas de 1950 e 1990. Período que corresponde à implantação oficial dos conselhos de classe (meu objeto de estudos) e a sua permanência até o uso mais intensivo de planilhas elaboradas em computador 611 para sistematização dos dados e a promulgação da nova lei de diretrizes e bases da educação nacional em 1996, abrangendo, portanto, um contexto recente da história da educação brasileira. O título dessa reflexão é um indicativo de que as minhas reflexões sobre o tema abordado são recentes e também pela quantidade limitada de publicações dedicadas especificamente a esse assunto. No entanto, o envolvimento com essa temática é necessária, principalmente quando se busca superar os recortes temporais de pesquisa em história da educação pautados em referências políticas, econômicas ou ainda vinculadas diretamente a alterações da legislação educacional. Deste modo, entendo que o debate a respeito da história do tempo presente têm sido relevante para subsidiar pesquisadores da história da educação interessados em avaliar as implicações de se optar por investigar historicamente períodos mais recentes da educação. Nesse texto, pretendo explicitar o breve percurso de leituras e reflexões realizadas sobre o tema, a partir dos seguintes questionamentos: o que caracteriza a história do tempo presente? Que preocupações têm sido levantadas pelos historiadores sobre a história do tempo presente? Existe uma metodologia de pesquisa diferenciada para se tratar de recortes temporais mais recentes? Quais têm sido as formas de apropriação da história do tempo presente nas produções da história da educação e, mais especificamente, na linha de História e Historiografia da educação, no Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Paraná, onde curso doutorado? Desenvolvimento Inicialmente, pode-se dizer que as discussões acadêmicas em torno da história do tempo presente são recentes e se apresentam como um campo fértil para o debate historiográfico e, em especial, no âmbito da Nova História Cultural. Debate esse que tem propiciado “a renovação das correntes da história e dos campos de pesquisa, multiplicando o universo temático e os objetos, bem como recortes inusitados do real, produzidos por questões renovadoras, a descoberta de documentação até então não-visualizada como aproveitável pela História, ou então a revisita de velhas fontes iluminadas por novas perguntas (PESAVENTO, 2005, p. 69). A evidência da importância dos debates sobre a história do tempo presente é a criação de instituições de pesquisa, voltadas para o tema na Europa. Dentre elas, destaca-se o Instituto 612 de História do Tempo Presente (IHTP), na França, em 1978, vinculada ao Conseil National de Recherches Scientifiques (CNRS), constituído de um conjunto de pesquisadores e publicações voltadas para a história francesa do pós-guerra; e o Institute of Contempororary British History, vinculado à University of London, responsável pela organização de conferências e seminários sobre a história britânica, privilegiando o período pós Segunda Guerra. No Brasil, só a partir da segunda metade da década de 1990 é que se iniciaram as discussões sobre a história do tempo presente em seminários, publicações, bem como a inserção deste domínio temporal aos currículos dos cursos de graduação e de pós-graduação em história. Em 1995, foi criado o Laboratório de Estudos do Tempo Presente do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ e iniciaram-se a organização de fóruns de discussão como os da Revista virtual Klepsidra. Dentre as publicações sobre o tema destaca-se o livro “Questões para a história do presente”, organizado por Agnes Chaveau e Philippe Tétard (1999) do qual participaram diversos historiadores que se dedicaram a pensar a história do tempo presente. Trabalho que teve como resultado o reconhecimento da importância dessa tendência historiográfica para atender às demandas da sociedade, diante da complexidade dos acontecimentos do tempo mais recente. Um segundo resultado, foi o reconhecimento da legitimidade das produções históricas que se ocupam deste tempo, uma vez que se utilizam dos mesmos métodos e fontes empregadas nas pesquisas sobre tempos mais distantes e que, de certa forma, respondem a uma demanda social pela posição dos historiadores diante dos acontecimentos do seu tempo. No entanto, o debate ainda está longe de chegar a consensos que delimitem com maior precisão e favoreçam o reconhecimento, ou mesmo alguns consensos quanto à legitimidade da história do tempo presente pelos historiadores. Exemplos dessa preocupação podem ser identificados nas palavras de Jacques Le Goff, quando da criação do IHTP, ao dizer que “a história do tempo presente é freqüentemente melhor feita por sociólogos, politólogos, alguns grandes jornalistas do que pelos historiadores (CHAVEAU & TÉTART, p. 11, 1999)”. Segundo Muller (2007), E. P. Thompson também adotou uma posição contrária aos estudos históricos sobre o tempo presente, afirmando que “ao historiador cabia trabalhar o passado; o presente seria pertinente aos estudos da sociologia.” Ou ainda, nas ressalvas que Eric Hobsbawn (1998) fez ao reconhecer que desde a sua adolescência até a atualidade acumulou opiniões e preconceitos sobre a época vivida. Posicionou-se como um contemporâneo dos acontecimentos do breve século XX, na posição de observador participante, recorrendo às 613 suas memórias e às opiniões que acumulou, mas não como um pesquisador. Com esses argumentos justificou porque evitou trabalhar sobre a era posterior a 1914, durante toda a sua carreira de historiador, embora não tenha deixado de escrever sobre ela de forma extracurricular, reafirmando que seus estudos sempre estiveram centrados no século XIX. Apesar desses posicionamentos cautelosos, as produções sobre a história do tempo presente têm se multiplicado. Cabe então indagar, o que justifica esta tendência? Segundo Henry Rousso (2001), “o surgimento da história do tempo presente corresponde às mudanças pelas quais as sociedades desenvolvidas vêm passando em relação à sua maneira de relacionar-se com o passado, tanto em termos nacionais como em termos gerais (...)” (ROUSSO, citado por MULLER, 2007, p. 19). Corroboram neste sentido, as observações de Agnes Chaveau e Philippe Tétart (1999, p. 16-17), ao fazerem referência ao “aumento e a aceleração dos meios de comunicação, a renovação progressiva da imprensa e da edição, a elevação do nível de estudo e a força dos engajamentos ideológicos, morais dos anos 50-60 (...)”. A demanda social é, no entendimento desses autores, um vetor central do aumento das produções históricas sobre o tempo presente. Referindo-se a essa demanda social exercida sobre os historiadores, devido à consciência altamente historicizada da sociedade contemporânea, François Bédarida (2002) destaca que este profissional não pode deixar de cumprir a sua função social, mas, sem perder de vista o posicionamento ético. Cabe a ele responder, com independência e com respeito ao ofício do historiador, aos apelos midiáticos motivados pelas demandas contemporâneas. Para tanto, deve procurar manter um distanciamento crítico do objeto de análise e zelar pelos rigores da investigação, reconhecendo a impossibilidade de ser neutro. “Pois nele existe apenas uma consciência e somente uma: sua consciência de historiador é a sua consciência de homem” (op. cit, 227). René Rémond (2002) ao refletir sobre a valorização da história do tempo presente pela sociedade contemporânea reconhece a necessidade de se debater os limites das análises históricas e, sobre a relatividade das conclusões a que chegam os historiadores, bem como quanto à exigência de verdade que recai sobre a responsabilidade dos pesquisadores da história. Outro ponto que merece destaque nesta reflexão é a diversidade de recortes temporais nas pesquisas que abordam o tempo presente. Conforme descreve Silva (2006) a extensão temporal é imensa e pode abarcar tanto trabalhos localizados na década de 1950 quanto em 614 2000. A essa diversidade temporal soma-se a variedade de temas como o fascismo, “os processos de colonização e descolonização, política internacional, autoritarismo, feminismo, transformações no mundo do trabalho, globalização, neoliberalismo, (...) acontecimentos de 11 de setembro de 2001, (...).” (op.cit. 259). A amplitude temática e temporal se coloca também como um grande desafio aos historiadores chamados a caracterizar o que se pode chamar de história do tempo presente. Alguns desses esforços apresentados a seguir, objetivam mapear alguns pontos-chaves dessa caracterização. Para Jean-Pierre Rioux (1999, p. 39): (...) não se trata nem do ‘período’ último de um recorte do passado para o uso escolar e universitário, nem de um conceito de substituição por tempos de crise da temporalidade nas nossas sociedades inválidas pelo efêmero, nem mesmo de um paradigma regulado no caos das ciências sociais. Uma história dita do presente participa de fato mais ou menos de todos estes vocábulos. René Rémond, diante da variedade imensa de assuntos tratados na história do tempo presente, reconhece que há apenas um princípio de unidade entre os temas que vão, por exemplo, desde a religião até a ciência: “(...) sua situação quanto à duração, sua inserção no tempo, sua proximidade em relação a nós (2002, p. 206)”. Conforme Pieter Lagrou (2001, p. 3) “(...) o tempo presente consistiria no que se poderia chamar de unidade temporal do sujeito e do objeto, daquele que estuda e aquilo que estuda. O historiador é contemporâneo dos acontecimentos que estuda em outro sentido que aquele de uma coabitação física com as testemunhas.” A caracterização da história do tempo presente apresentada por esses historiadores destaca a proximidade entre o sujeito e o objeto. E é justamente essa co-habitação um dos principais pontos de questionamento em relação à história do tempo presente. Ou seja, nessa situação, o historiador se encontra envolvido com o mesmo contexto do seu objeto de estudos e isso pode, na opinião de alguns historiadores, comprometer a qualidade da análise histórica e ampliar as possibilidades de expor as fragilidades da produção do conhecimento histórico. Nesse sentido, a provisoriedade da verdade histórica, bem como o peso da subjetividade em relação à objetividade histórica torna-se mais evidente. Sandra Jatay Pesavento (2005) identifica a história do tempo presente como um campo de investigação dentro da abordagem cultural da história, no qual os acontecimentos ainda estão se desenvolvendo, ou seja, como uma história inacabada. Para a autora, nessa 615 configuração, o historiador não cumpre o papel de reconstruir um processo já finalizado. O historiador contemporâneo do seu objeto de estudos é, no entendimento da autora, uma testemunha de algo que está em processo de desdobramento e no qual o fim ainda é desconhecido. Nessa condição adverte, o historiador corre o risco de envolver-se diretamente com o objeto e, em conseqüência disso, pode adotar posições que dificultem o distanciamento que deve manter dele, limitando e ou comprometendo as suas análises. Além disso, observa que as conclusões de um historiador que escreve sobre o seu tempo, precisam ser analisadas com muita cautela, uma vez que tratam de um processo histórico ainda em curso. Na contra-argumentação dessa proximidade entre sujeito e objeto, Agnès Chaveau e Philippe Tétart (1999, p. 31), defendem a posição de que isso não significa um obstáculo para a produção do conhecimento histórico, mas constitui-se numa nova relação entre o pesquisador e o seu campo de pesquisa, ao permitir uma aproximação física entre o historiador e seu tema. Situação privilegiada, segundo esses autores e que jamais poderá ser experimentada por “um medievalista ou um modernista. (...) [pois ele] deve recompor uma realidade que lhe escapa fisicamente.”. Para René Rémond (2002, p. 207), “não há diferença entre a atividade do historiador que estuda a Guerra do Peloponeso e a daquele que se interessa pela II Guerra Mundial; não há razão para estabelecer uma diferença e distinguir a história do tempo presente.” Soma-se a essa posição o historiador Roger Chartier (1988, p. 224) ao destacar as peculiaridades e as vantagens das quais pode usufruir um pesquisador do tempo presente em relação a um pesquisador de tempos mais remotos ao pronunciar que: (...) o historiador do tempo presente é contemporâneo de seu objeto e, portanto, partilha com aqueles cuja história ela narra as mesmas categorias essenciais, as mesmas referências fundamentais. Ele e, pois, o único que pode superar a descontinuidade fundamental que costuma existir entre o aparato intelectual, afetivo e psíquico do historiador e de homens e de mulheres que ele descreve. Ao contrário, o historiador dos tempos consumados, para historiador de tempo presente parece infinitamente menor a distância entre a compreensão que ele tem de si mesmo e dos atores sociais históricos, modestos ou ilustres, cujas maneiras de sentir e de pensar ele reconstrói. A proximidade do historiador como os sujeitos que compõem o seu cenário de investigação gerou também discussões sobre fontes históricas, que na perspectiva da História Cultural teve seu conceito ampliado, já que tudo pode servir como fonte ou documento para o historiador, desde que contribua para a construção de respostas para as suas indagações. Além 616 das fontes tradicionalmente aceitas, abriu-se a possibilidade para que se utilizassem outras fontes como “crônicas de jornal, os almanaques e revistas, os livros didáticos, os romances, as poesias, (...) os guias turísticos, (...), os livros de receitas, (...) os cartazes de propagandas, as pinturas, os filmes, (...), casas, prédios, monumentos, (...), brinquedos (...). (PESAVENTO, 2005, p. 98)” reconhecidas como vestígios do passado, e que só podem se tornar fontes na medida em que o historiador as utilize como pistas para a construção de suas análises sobre o passado. Como há a possibilidade de um contato direto ou indireto entre o historiador e as testemunhas de um determinado processo histórico que pretende investigar, cabe indagar, especialmente, qual o lugar que a fonte oral pode ocupar na história do tempo presente? Inicialmente, convém destacar que a história do tempo presente não é uma história feita somente a partir de relatos e de fontes orais (Lagrou, 2007). Mas, é necessário reconhecer que as fontes orais não se apresentam como apenas mais uma fonte na construção da história do tempo presente. Não sem resistências, principalmente daqueles que almejam delimitar os mesmos padrões de objetividade que imaginam existir nas fontes escritas, a fonte oral se constitui num importante documento para as análises históricas de um campo cronológico mais próximo. Se de um lado observa-se o alargamento do campo de pesquisa voltado para a história do tempo presente e que pode ser interpretado como um avanço das pesquisas para um tempo ainda pouco explorado pela produção historiográfica. De outro, revela as fragilidades do historiador diante do inacabado e, conseqüentemente, dos limites que essa condição impõe às suas conclusões, diante de acontecimentos que estão em movimento e que terão desdobramentos impossíveis de serem vislumbrados em suas análises. Pierre Nora (1984, p. 53) também expõe as suas preocupações quanto à proximidade entre o historiador e os sujeitos sociais. Adverte que a história do tempo presente pode ferir, pois “(...) se trabalha com carne viva, ela reage e sangra (...) porque rema quase fatalmente contra a corrente da imagem que uma sociedade tem necessidade de construir acerca de si mesma para sobreviver.” Isso o leva a pensar sobre quais seriam as reações dos sujeitos sociais diante das conclusões das análises produzidas pelo historiador sobre eles? Será que as suas auto-representações correspondem às representações que o historiador construiu sobre esses sujeitos? De que forma esses questionamentos interferem nos resultados da produção histórica? 617 Mais especificamente, pode-se pensar em que medida tais discussões têm repercutido nas pesquisas produzidas no campo da história e historiografia da educação. Segundo a análise de Vidal e Faria Filho (2005) a respeito da configuração atual das pesquisas na área da história da educação quanto aos tempos pesquisados, se entre os anos de 1974 a 1980, conforme Warde (1984), os recortes propostos pelos trabalhos eram independentes e exteriores aos objetos investigados, definidos, principalmente, em torno da dimensão política da história do Brasil. Por outro lado, nas pesquisas mais recentes, como as apresentadas no III Congresso Luso-brasileiro, percebem uma “clara libertação da delimitação relativamente à cronologia política” (VEIGA e PINTASSILGO citado por VIDAL e FARIA FILHO, 2005). Para Catani e Faria Filho (2002, p. 125) há um “painel diverso e multifacetado de tempos e de práticas historiográficas, no qual a inovação e a tradição de pesquisas no campo se fazem presentes.” Essa análise possibilita perceber o quanto tem sido relevante para a área que o pesquisador se ocupe em qualificar o “recorte” temporal, tendo em vista o objeto de estudos que pretende focar num determinado contexto de modo a favorecer a sua compreensão numa perspectiva histórica. Tendo como referência as reflexões aqui sistematizadas, finalizo este trabalho com um levantamento dos títulos, dos resumos de teses e dissertações e do período privilegiado nas pesquisas e disponíveis no site do PPGE/UFPR, mais especificamente nas produções da linha de história e historiografia da educação, do Programa de Pós-Graduação em educação da UFPR. Com esse levantamento, busquei identificar os recortes temporais privilegiados, bem como constatar se havia preocupação em explicitar nos títulos e/ou nos resumos das produções de recortes mais recentes a sua identificação com a história do tempo presente. Na tabela 1, a relação dos títulos de teses e dissertações, foi organizada em duas colunas, separando os títulos que apresentam identificação de recortes temporais e os que não apresentam esta informação, contemplando o período entre 1999 a 2007. TABELA 1: Relação dos títulos de dissertações e teses defendidas no PPGE-UFPR, na linha. de história e historiografia da educação 1999-2007 Títulos com identificação dos recortes temporais A constituição da Escola como um espaço de formação do colono junto aos projetos de colonização do norte matogrossense: Alta Floresta 1976 à 1996 O Ensino de História no Paraná na década de setenta: legislações e práticas Magistério e casamento: memória e formação no colégio de Títulos sem identificação dos recortes temporais As significações da docência na educação infantil: experiências de mulheres em Ijuí. Fontes históricas e pressupostos conceituais da concepção de escola de tempo integral no pensamento de Anísio Teixeira Guido Viaro: modernidade na arte e na educação 618 educação familiar do Paraná (1953 – 1986) O Espanhol como disciplina escolar no Paraná: 1942 – 1990 Palácio da instrução: representações sobre o Instituto de Educação do Paraná Professor Erasmo Pilotto (1940 – 1960) O saber e o livro: trajetórias históricas do Colégio Militar de Curitiba (1959 – 1988) _. (doutorado) A escrita da história e a formação das professoras normalistas nos manuais de história da educação Reinhard Maack: A trajetória intelectual de um alemão na academia paranaense Educação e prática médica capitalista: limites e possibilidades As campanhas de prevenção as doenças e sua ação educativa Sob o signo da reconstrução – os ideais da escola nova divulgados pelas crônicas de educação de Cecília Meireles Instituto Politécnico Estadual: O ensino profissionalizante entre práticas e representações Educação, Saúde e Trabalho no contexto do livro didático (Paraná, Séries Iniciais, 1996-1997) Formação em serviço para professores primários da rede pública estadual do Paraná: os modelos e as práticas de ensinar (1970-1989) Educação, Cultura e modernidade: o projeto formativo de Dario Vellozo (1906-1918) Laicato Católico: o papel dos intelectuais no processo de organização do projeto formativo da igreja católica no Paraná: 1926-1938 O lugar da escola primária como portadora de um projeto de A lógica da produtividade capitalista e suas nação: o caso do Paraná (1890-1922) manifestações na formação do enfermeiro O adolescente infrator e o sistema de ensino paranaense: a trajetória da escola para menores professor Queiroz Filho (1965-1992) Igreja Católica, Educação Feminina e Cultura Escolar em Ponta Grossa (Paraná): A Escola Normal de Sant’Ana (1947-1960) Inventando a Escola, Inventando a Nação: Discursos e práticas em torno da escolarização paranaense (1920-1928) Centro popular de cultura no Paraná (1959-1964): encontros e desencontros entre arte, educação e política A mulher professora na instrução pública de Curitiba (19031927): um estudo na perspectiva de gênero A constituição do processo de escolarização primária no município de Colombo - Paraná (1882-1912) A Escola de Belas Artes e Indústrias do Paraná: o projeto de ensino de arte e ofícios de Antonio Mariano de Lima – Curitiba, 1886-1902 FONTE: www. Educação.ufpr.br/lab_nucleo_e_centro/cdphe/linha_teses.htm http://www.ppgeufpr.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=54. Elaborado pela autora Como se pôde observar, num total de quarenta e seis trabalhos relacionados entre dissertações e teses disponíveis no site, trinta e cinco trabalhos, já trazem no título o recorte temporal privilegiado. Apenas onze teses e ou dissertações não explicitam no título o período investigado. Considerando-se que essa informação está presente em 99% dos resumos desses trabalhos, fica evidente a preocupação com este aspecto na quase totalidade das produções da linha de pesquisa analisada. Quanto ao recorte temporal privilegiado nas produções da linha, a tabela 2, facilita a visualização das informações. 619 TABELA 2: Recorte temporal de dissertações e teses da linha de história e historiografia da educação 1999- 2007 UFPR 1850 1900 1910 1920 1930 18891922 19061919 19101928 19261938 1930 18821969 19031927 19171932 1920 19301950 18821912 19061910 19201928 19291940 19201940 1920 18861902 18571882 18921950 18841917 18821924 Total 9 1940 1950 1960 1970 19531986 19691999 19421990 19591998 19651992 19361956 19401960 19591964 19331951 19311956 19311951 19301960 19471960 19431951 19421955 19401953 1980 1990 Indefi nido 1970 1996 2 trab. 19701989 19961997 19701996 19701980 1970 19301950 3 2 6 8 6 3 2 6 0 2 2 FONTE: www. Educação.ufpr.br/lab_nucleo_e_centro/cdphe/linha_teses.htm http://www.ppgeufpr.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=54. Elaborado pela autora. Tendo como referência a periodização por décadas, identifica-se uma variedade enorme de recortes temporais, que abrangem desde 1857 a 1997. Mesmo que haja o predomínio de recortes temporais entre o final do século XX até os anos de 1950, há trabalhos que abordam períodos mais recentes e poderiam ser considerados, conforme a caracterização discutida neste texto, como produções de história do tempo presente. No entanto, no conjunto dos resumos disponíveis lidos, não há nenhuma menção de que a pesquisa é uma produção de história do tempo presente. Esta análise, mesmo que superficial, foi realizada apenas nos resumos disponíveis e não nos textos completos das dissertações e teses, mas pode indicar que as discussões sobre a história do tempo presente não representam uma preocupação teórica que corresponda ao volume de trabalhos que se ocupam de recortes temporais mais recentes na linha de história e historiografia da educação. Considerações finais As reflexões aqui sistematizadas foram significativas para qualificar o recorte temporal da pesquisa que desenvolvo sobre conselho de classe escolar numa perspectiva 620 histórica. Ao compartilhar esse exercício teórico sobre o tempo presente e a história da educação espero ter contribuído para fomentar as discussões sobre o tema. Almejo ainda ter instigado aqueles que se propõem a abordar a educação numa perspectiva histórica, a avaliar os limites e as possibilidades que se colocam ao pesquisador voltado para recortes temporais mais próximos. REFERÊNCIAS BEDÁRIDA, F. Tempo presente e presença da história. In: FERREIRA, M. M. e AMADO J. (Org.) Usos e abusos da história oral. Rio de Janeiro: FGV, 1996. pp.219-229. BRUNI, J.C., MENNA BARRETO, L., MARQUES, N. (Organizadores). Decifrando o tempo presente. São Paulo: UNESP, 2007. CATANI, A. M.; FARIA FILHO, Luciano Mendes. 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